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Direito Marítimo e Aéreo

• Conceito de Direito Marítimo – Complexo de regras jurídicas


que regulam o comércio marítimo e a navegação pelo mar.
• Abrangência
– Tráfico marítimo.
– Tráfego marítimo.
– O tráfico marítimo se concretiza através do tráfego marítimo.
• Em decorrência dos fenômenos que são o tráfego e o tráfico
marítimos e sua tendência de unificação, a maioria dos países
recepciona em seus ordenamentos jurídicos as regras
internacionais.
Direito Marítimo e Aéreo
• Normas do tráfego marítimo internacional visam regulamentar a jurisdição e
a soberania dos Estados, a segurança da navegação e a salvaguarda da
vida humana, do navio e da carga.
Ex. Dir Internacional Público Marítimo – Relativo ao Tráfego – CNUDM,
RIPEAM, SOLAS.

• Normas do tráfico internacional – Direito Internacional Privado Marítimo –


Visam solucionar conflitos relativos à aplicação e leis e jurisdição de
Estados distintos.
Ex. Dir. Internacional Privado Marítimo – Relativo ao Tráfico – Convenção
de Bruxelas sobre Abalroamento e Assistëncia Marítima. Regras de York e
Antuérpia.
Direito Marítimo e Aéreo
• Âmbito interno:
– Internamente, as regras do tráfego marítimo é
regulado pelas regras de Direito Marítimo Público.
– O Direito privado marítimo interno visa
regulamentar as relações jurídicas decorrentes da
exploração mercantil da navegação. – (armação,
seguros, fretamento etc..)
Direito Marítimo e Aéreo
• Autonomia dos Direitos Marítimo e Aéreo.
– Itália – unificação do sistema – Codice della Navigazione.
– Argentina – apenas a tendência de unificação = Ley de la
Navegación 20.094.
– Brasil
• Direito marítimo - 2ª parte do Código Comercial (1850)
• Direito aéreo – Código Brasileiro de Aeronáutica. Navegação e
transportes aéreos.
• Tendência de unificação no Brasil.
• Revogado metade do Código Comercial, permanecendo a parte do
Direito Marítimo interno.
Direito Marítimo e Aéreo
• Navio
– A CNUDM não define navio ou embarcação.
– Embarcações (gênero) são construções destinadas ao
tráfego marítimo, fluvial ou lacustre, dotados ou não de
propulsão própria.
– Navio (espécie) – embarcação de grande porte destinada ao
transporte de pessoas ou mercadorias por vias navegáveis,
marítimas, fluviais ou lacustres.
– Conclui-se que os elementos flutuabilidade e navegabilidade
são intrínsecos ao conceito.
Direito Marítimo e Aéreo
• Flutuabilidade
– Impõe-se que o navio deve ser um corpo flutuante
capaz de suportar em seu interior pessoas ou
coisas.
• Navegabilidade
– Capacidade de trasladar sobre a água de um ponto
ao outro.
Direito Marítimo e Aéreo
• Navegabilidades.
– Navegabilidade técnica ou Navegabilidade absoluta
• Projeto, estrutura, equipamentos e condição do navio estejam aptos
a exercer com eficiência e segurança a expedição marítima.
Pressupõe a flutuabilidade.

– Navegabilidade funcional (relativa)


• O navio deve ter capacidade e estar adequado para transportar a
carga

– Navegabilidade operativa (relativa)


• Disponha de toda a documentação necessária e de tripulação apta.
Direito Marítimo e Aéreo
• Jurisprudëncia inglesa
– Ciampa vs. British India – danos sofridos pela carga de
limões pelo não cumprimento da obrigação de
navegabilidade funcional – obrigação de fumigar o navio e a
carga.
– Clifford vs. Haunter – navegabilidade operativa – falta de
qualificação pessoal.
– The Derby – Os documento exigidos não são apenas os da
bandeira do navio, mas também do porto.
Direito Marítimo e Aéreo
• Natureza jurídica do Navio – Bem móvel – em que pese trazer
algumas características de bem imóvel – Ex. hipoteca naval,
registro e transferência de propriedade.
O mesmo se pode dizer de aviões de grande valor.
Res conexa – É um todo indivisível.
Apenas se considera um navio quando este está pronto para
navegar e perde essa qualidade depois que perder esse
atributo – Ex. Navio em construção ou náufragado.
Perda dos requisitos de flutuabilidade e navegabilidade.
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• Estrutura física –
– Casco – hull (– membra navis – membros do navio)
• Quilha
• Costado (ship’s side)
Desprovidos de acessórios indispensáveis às condições de
navegabilidade.

– Acessórios (instrumenta navis – instrumentos do navio).


• Abrange uma série de itens necessários à navegação.
Ex. mastros, velas, botes, âncoras, máquinas, radares, etc..
Diferente concepção do Código Civil onde o acessório sempre
pressupõe uma coisa principal.
Direito Marítimo e Aéreo
• Estrutura física –
Direito Marítimo e Aéreo
• Tipos de Navios e sua Classificação
– Diversidade de critérios de classificação de índole jurídica.
• Públicos ou privados.
• São normalmente classificados conforme sua utilização.

• Navios de Estado ou Públicos.


– São navios a serviço do poder público.
Navios-escola, navios-hospital, navios de fiscalização e outros não comerciais
São inembargáveis e são dotados de imunidade de jurisdição..
– Navios de Guerra.
– CNUDM art. 29 – Qualquer navio pertencente às forças armadas de um Estado,
que ostente sinais exteriores próprios de navios de guerra da sua nacionalidade.
• Destroyers, fragatas, corvetas, varredores de minas e porta aviões.
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• Navios privados ou mercantes.
– Considera-se embarcação mercante toda construção
utilizada como meio de transporte por água e destinada à
indústria da navegação, quaisquer que sejam suas
características e lugar de tráfego.
– Classificação comercial –
• Navio cargueiro
• Navio de passageiros
• Navio misto.
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• NAVIOS CARGUEIROS
Direito Marítimo e Aéreo
• Divisão dos navios cargueiros. (99% da frota mundial).
Dividem-se quanto à –
a) finalidade.
b) Projeto.
c) Equipamento próprio para içamento de cargas
d) Sistema que são carregados.
e) Percurso
f) Serviço prestado.
Dentre outros
Direito Marítimo e Aéreo
• Navios cargueiros quanto à finalidade.
a) Navios de comércio ou mercantes
b) Navios de lazer ou recreio
c) Navios de serviços especiais – (nem cargas nem
passageiros.
d) Navios de apoio portuário.
Direito Marítimo e Aéreo
• Navios cargueiros quanto à finalidade.
a) Navios de comércio ou mercantes
Direito Marítimo e Aéreo
• Navios cargueiros quanto à finalidade.
b)Navios de lazer ou recreio
Direito Marítimo e Aéreo
• Navios cargueiros quanto à finalidade.
c) Navios de serviços especiais – (nem cargas nem
passageiros.
Direito Marítimo e Aéreo
• Navios cargueiros quanto à finalidade.

d) de apoio portuário.
Direito Marítimo e Aéreo
• Navios cargueiros quanto ao projeto de
construção.
– Navios cargueiros convencionais ou de carga
geral – porões e decks.
Direito Marítimo e Aéreo
• Navios cargueiros quanto ao projeto de
construção.
– Navio multicarga – multipurpose ship - projetado
para o transporte de cargas soltas e contêineres
Direito Marítimo e Aéreo
– Navio porta-conteiner amplos porões projetados
exclusivamente para o transporte de contêineres.
20 (TEU – twenty equivalent unit) e 40 pés(FEU
forty equivalent unit).
Direito Marítimo e Aéreo
• Navios cargueiros quanto ao projeto de
construção. (cont)
– Navios frigoríficos –
Direito Marítimo e Aéreo
• Navios cargueiros especializados em carga
líquida a granel. Navios tanque – Tanker.
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• Navios cargueiros especializados em carga
gases
liquefeitos.
• GLP ou GNL
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• Navios cargueiros especializados em
transporte de grãos – graneleiros.
Direito Marítimo e Aéreo
• Navios cargueiros quanto ao sistema de
carregamento
– Navios roll on and roll off _ ro-ro
Direito Marítimo e Aéreo
• Navios cargueiros quanto ao sistema próprio
para içamento de cargas.
– Self-loading ship.

• Quanto ao tipo de operação.


– Liners - De linha (regulares e com rota fixa).
– Tramp trade – Não regulares.
– Private trade – Navios de empresas que
transportam suas próprias cargas.
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• Classificação quanto à bandeira.
– Navio nacional – De bandeira nacional e
registrado no Brasil
– Navio estrangeiro -.
– Navio apátrida.
Direito Marítimo e Aéreo
• Classificação quanto ao tipo de navegação.
– Longo curso.
– Cabotagem
– Apoio marítimo.
– Para navegação costeira
Direito Marítimo e Aéreo
• Conceito de aeronave.
– Art. 106. Considera-se aeronave todo aparelho
manobrável em vôo, que possa sustentar-se e
circular no espaço aéreo, mediante reações
aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou
coisas.
Direito Marítimo e Aéreo
• Classificação das aeronaves.
• Art. 107. As aeronaves classificam-se em civis e militares.
– § 1º Consideram-se militares as integrantes das Forças Armadas,
inclusive as requisitadas na forma da lei, para missões militares
(artigo 3º, I).
– § 2º As aeronaves civis compreendem as aeronaves públicas e as
aeronaves privadas.
– § 3º As aeronaves públicas são as destinadas ao serviço do Poder
Público, inclusive as requisitadas na forma da lei; todas as demais são
aeronaves privadas.
– § 4º As aeronaves a serviço de entidades da Administração Indireta
Federal, Estadual ou Municipal são consideradas, para os efeitos
deste Código, aeronaves privadas (artigo 3º, II).
– § 5º Salvo disposição em contrário, os preceitos deste Código não se
aplicam às aeronaves militares, reguladas por legislação especial
(artigo 14, § 6º).
Direito Marítimo e Aéreo
• Nacionalidade e aeronavegabilidade das aeronaves.
• Art. 108. A aeronave é considerada da nacionalidade do Estado em que
esteja matriculada.
• Art. 114. Nenhuma aeronave poderá ser autorizada para o vôo sem a
prévia expedição do correspondente certificado de aeronavegabilidade
que só será válido durante o prazo estipulado e enquanto observadas as
condições obrigatórias nele mencionadas (artigos 20 e 68, § 2º).
• § 1º São estabelecidos em regulamento os requisitos, condições e provas
necessários à obtenção ou renovação do certificado, assim como o prazo
de vigência e casos de suspensão ou cassação.
• § 2º Poderão ser convalidados os certificados estrangeiros de
aeronavegabilidade que atendam aos requisitos previstos no
regulamento de que trata o parágrafo anterior, e às condições aceitas
internacionalmente.
Direito Marítimo e Aéreo
• Modos de aquisição de propriedade de navios.
– Modo originário. Construção.
– Requer mão de obra especializada – Estaleiros.
– Depende de prévia aprovação do projeto pela Diretoria de
Portos e Costas.
– Finalizada a construção, é realizada uma vistoria que
verificará condições d e navegabilidade e arqueação, que
serão observados no registro do navio.
Direito Marítimo e Aéreo
– Construção por economia.
• Construtor = Dono
• A mesma pessoa compra os materiais, contrata mão de
obra e fiscaliza o procedimento. Dificilmente ocorre.
• O estaleiro constrói por sua conta e risco e, após, o
vende. O contrato será o da Compra e Venda.

– Construção por empreitada


• Contrato no qual o estaleiro construtor (empreiteiro) é
contratado para construir o navio e entregá-lo pronto e
acabado, mediante o pagamento do preço.
Direito Marítimo e Aéreo
• Modos derivados.
– Pressupõe a existência de um proprietário
anterior.
• Meios translativos comuns. Direito Civil
• Meios translativos do Direito Marítimo.

– Compra e venda. Arts. 481 a 532 do Código Civil


• É permitida a venda do navio pelo comandante em
casos de inavegabilidade do navio legalmente provada.
Cod.Com art. 531.
Direito Marítimo e Aéreo
• Permuta ou troca; doação e dação em pagamento.
– Na permuta ou troca operam-se, simultaneamente, duas vendas,
servindo as coisas trocadas de preço e compensação recíprocas.
– Art. 533. do Código Civil diz aplicar-se os dispositivos da Compra e
Venda, exceto:
• Cada um dos contratantes pagará por metade das despesas com o
instrumento de troca.
• É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e
descendentes, sem consentimento de outros descendentes.

• Doação – Contrato em que uma pessoa, por liberalidade,


transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de
outra que os aceita. (art. 358 Código Civil)
Direito Marítimo e Aéreo
• Prescrição aquisitiva: Usucapião.
– Configura modo de aquisição de propriedade pela
posse continuada durante certo período de tempo
estabelecido em lei.
– Não se admite a aquisição de propriedade por
salvamento ou ocupação de navio em estado de
abandono no direito brasileiro.(art. 169, inc. II)
– Admite-se o usucapião extraordinário (cinco anos,
independente de justo título e boa fé).
Direito Marítimo e Aéreo
• Modos de aquisição próprios do Direito
Marítimo.
– Salvamento
– Presa (Bélica, captura, piratesca).
– Confisco
– Abandono
• Liberatório
• Sub-rogatório.
Direito Marítimo e Aéreo
• Aquisição de navio por salvamento.
– Apreensão de navio abandonado em decorrência
de acidente marítimo.
– Não amparado pelo direito brasileiro.
– Nessa hipótese, o salvador terá direito a
indenização após entrega do navio a autoridade
competente.
– Exceção: usucapião extraordinário.
Direito Marítimo e Aéreo
• Aquisição de Navio por presa, ocupação ou tomada.
Significa, em termos gerais a tomada da coisa de seu dono.
Espécies:
– Presa bélica - Occupatio bellica – Instituto de Direito Internacional
público, que configura o apresamento do navio em alto mar ou em
águas territoriais do país em estado de guerra.
Verifica-se nas seguintes hipóteses:
• Navio aprisionado pelo inimigo e que passa a ser deste.
• Navio neutro aprisionado por tentar infringir as regras de neutralidade
violando bloqueio.
- Days of grace – período de tolerância antes do aprisionamento.
Direito Marítimo e Aéreo
– Confisco – Instituição de direito público interno
admitido no Direito Brasileiro.
• Meio de apreensão do navio para pagamento de dívida
ou infração das leis administrativas.
• Apreensão de instrumentos utilizados no tráfico de
drogas ilícitas.
Direito Marítimo e Aéreo
– Abandono
Pressupõe ato intencional do proprietário.
• Abandono sub-rogatório
– Consiste no abandono da propriedade do navio à seguradora para fins de
recebimento da indenização total.
• Abandono liberatório
Abandono do navio a credores e consigna a limitação de responsabilidade
dos proprietários de navios.
– Exoneração do devedor proprietário do navio por prejuízos causados a
terceiros.
– Transferência da propriedade do navio e fretes a vencer.
Há polêmica quanto a configurar-se ou não um modo translativo de
propriedade.

Direito Marítimo e Aéreo


• Responsabilidade dos proprietários de navios.
– Responsabilidade direta (ação ou omissão) e indireta (atos
praticados por mandatários ou representantes).
– Armação  propriedade
– Armação = Gestão Comercial (GC) e Gestão Náutica
(GN); responsabilidade objetiva no âmbito civil e
administrativo perante os atos praticados pelo
comandante.
– Comandante = responsabilidade subjetiva sobre a gestão
náutica (GN) perante o Armador.

Direito Marítimo e Aéreo


• Limitação de responsabilidade dos proprietários de
navio.
– Sistema Inglês – Responsabilidade pessoal
limitada.
– Sistemas não pessoais:
• Sistema germânico – limita a responsabilidade ao valor
do navio e do frete
• Sistema latino – exerce-se pelo abandono liberatório.

Direito Marítimo e Aéreo


• Limitação de responsabilidade dos proprietários de navio.
– Convenção Internacional para Unificação de Certas Regras Relativas
à Limitação da Responsabilidade dos Proprietários de Embarcações
Marítimas.
Bruxelas, 1924 e 1957.
• Necessidade de legislação uniforme.
• A de 1924 Procurou conciliar os sistemas pessoal limitada e não pessoal
(sistemas latino e germânico)
– Limitação pelo valor do navio e do frete ou
– Outro valor em ouro.
• Não atingiu o propósito de unificar a questão concernente à
responsabilidade dos proprietários de navio.

Direito Marítimo e Aéreo


– Convenção Internacional para Unificação de Certas Regras Relativas
à Limitação da Responsabilidade dos Proprietários de Embarcações
Marítimas.
Bruxelas, 1924 e 1957. (cont.)
• A de 1957 revoga o sistema de limitação optativa e estabelece
responsabilidade limitada a valor determinado (art. 3º).
• O proprietário pode limitar sua responsabilidade em certos casos, a menos
que tenha dado causa. Art. 3º. Ex. casos de morte ou lesões corporais de
pessoas transportadas ou perdas e danos de bens a bordo.
• Sua responsabilidade pode derivar de sua condição de proprietário ou
possuidor do navio.
• Os valores foram considerados muito baixos ensejando a convocação de
uma nova conferência pela IMO.

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• Convenção Internacional sobre a Limitação das
Indenizações Relativas às Reclamações Marítimas
(Convention on Limitation of Liability for Maritime
Claims – LLCM 76)
– Visou substituir as congêneres de 1924 e 1957.
– Estipula limites especificados para dois tipos de
reclamações (claims):
• As que dizem respeito à perda de vidas ou aos danos pessoais; e
• As relativas à propriedade, tais como danos a navio, instalações
ou propriedade portuária.

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• Convenção Internacional sobre a Limitação das
Indenizações Relativas às Reclamações Marítimas
(Convention on Limitation of Liability for Maritime
Claims – LLCM 76)
– Estabelece certos casos em que se pode invocar a
limitação de responsabilidade do proprietário. (ex. morte e
lesões, atraso na carga etc.)
– Estabelece casos excludentes da limitação (ex.
decorrentes de assistência ou salvamento, prejuízos
causados pela poluição por hidrocarbonetos ou nuclear.)

Direito Marítimo e Aéreo


• Responsabilidade do proprietário do navio pelas avarias a
carga transportada.
– Transportador – quem se obriga pelo contrato a fazer um transporte
de determinada mercadoria de um porto para outro.
– O contrato de transporte marítimo é um contrato formal que tem o bill
of lading (conhecimento de carga) como seu instrumento
representativo e recibo de recebimento da carga a bordo.
– Na utilização do navio poderá ocorrer uma sucessão de relações
contratuais.
– O proprietário poderá ser, ainda, o seu armador e transportador
cumulando três figuras jurídicas distintas.

Direito Marítimo e Aéreo


• Responsabilidade do proprietário do navio pelas
avarias a carga transportada.
– O Transportador executor nem sempre é a mesma figura
do transportador contratante.
– Deve ser verificado nos contratos e nos conhecimentos de
embarque a responsabilidade pelo transporte.
– Se não indicar com precisão o transportador é admissível
a responsabilidade do proprietário do navio.

Direito Marítimo e Aéreo


• Sistema de limitação de responsabilidade do proprietário no
Direito brasileiro.
– Adota a concepção do sistema latino de limitação de
responsabilidade.
– Abandono Liberatório - A responsabilidade cessa pelo abandono do
navio e fretes vencidos e a vencer na respectiva viagem.
– O Brasil não é signatário da LLMC, que prevê maior proteção da frota.
– O Brasil é um país “transportado” e não “transportador” em longo
curso, interessando a proteção da carga e não da frota.

Direito Marítimo e Aéreo


• Seguro obrigatório de embarcações brasileiras.
– Toda embarcação sujeita à inscrição e/ou registro nas
capitanias dos portos e órgãos subsidiados estão
obrigados a contratar o “seguro obrigatório de danos
pessoais causados por embarcações ou por suas cargas”
(DPEM).
– Deve ser renovado anualmente.

Direito Marítimo e Aéreo


• Armador
– Proprietário é a pessoa física ou jurídica, em nome de
quem a propriedade é inscrita na autoridade marítima.
(noção estática)

– Armação – Ato de armar o navio, provendo-o de todos os


meios para empreender uma expedição marítima e sua
exploração comercial.
Inclui a tarefa de colocá-lo em estado de navegabilidade.
– Armador - empresário da navegação marítima.

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• Categorias de Armador.
– Armador-Proprietário – Shipowner ou Ship-owner.
– Armador-Gerente – Managing owner ou ship’s husband
• Gerente do navio pertencente a uma Parceria marítima ou sociedade de
navios, que representa em juízo ou for a dele os interesses da sociedade.
• A sociedade deve obedecer a uma das formas previstas no Código Civil.
• Nestes casos a figura do armador recai sobre o gerente.
• A escolha do Armador-gerente pode coincidir com um dos
proprietários/compartes (managing-owner) ou terceira pessoa contratada,
(ship’s husband).

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• Categorias de Armador.
– Co-Armadores – Exercida pelos co-proprietários.
– Armador-locatário – Quando o navio é objeto de locação.
– Armador-Arrendatário – Quando o navio é objeto de
leasing (arrendamento mercantil).
Arrendador = proprietário
Arrendatário = Armador.

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• Categorias de Armador.
– Armador-Afretador e Armador-Fretador
• Fretamento – é o contrato no qual uma das partes (fretador) disponibiliza o
navio ou parte dele para fins de navegação marítima à outra parte
contratante (afretador) mediante retribuição pecuniária, denominada frete.
• Tem como objetivo propiciar aos empresários da navegação obter no
mercado navios apropriados aos seus propósitos comerciais
• Os contratos de fretamento marítimo abrangem três tipos:
1. Bareboat Charter Party – BCP
2. Voyage Charter Party – VCP
3. Time Charter Party - TCP

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• Categorias de Armador.
– Armador no subfretamento
• O Afretador pode subfretar o Navio para transporte de cargas de
terceiros.
• Necessidade de identificar o armador, que será quem detém a
Gestão Náutica (GN) do navio.
• No fretamento a casco nu BCP é possível o subfrete por BC, VCP
ou TCP. (mais usual o subfretamento por VCP ou TCP).
• No caso de subfretamento de BC por outro BCP, transfere-se a
qualidade de armador.

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• Categorias de Armador.
– Armador-Transportador – Carrier owner
• Carrier – parte contratada pelo embarcador, para transportar
determinada mercadoria por navio, de um porto ao outro.
• Não importa se o transporte é realizado pelo próprio contratado ou
por interposta pessoa.
• O transportador executor é pessoa distinta do transportador
contratante, que pode ser o proprietário, fretador ou armador do
navio, que efetua de fato, a totalidade ou parte do transporte.

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• Categorias de Armador.
• Armador-Estado – Exploração da atividade mercantil
pelo Estado.
• Armador-Operador ou Armador Virtual
NVOCC – Non Vessel Operating Common Carrier
Apesar do título, não é considerado um armador. É
apenas um operador de navios. Administra contratos de
fretamento de navios

Direito Marítimo e Aéreo


• Categorias de Armador.
– Registro de Armador – obrigatório ainda que seja exercida pelo
proprietário.
Apenas deferido a empresas, pessoas ou entidades que operem de
maneira habitual, embarcação com finalidade lucrativa.

– Responsabilidade do Armador.
• Vem sendo reconhecida a responsabilidade objetiva ou do risco
profissional.
Responsabilidade do Armador pelos atos do comandante.
Objetiva pela gestão comercial e pessoal do Comandante pela
gestão náutica.

Direito Marítimo e Aéreo


• Comandante e imediato.
Comandante:
– Figura de destaque na Indústria da Navegação.
– Autoridade Máxima do Navio.
– Funções de Direito Público e Privado.
– Funções de Direito Privado - Gestão comercial
Preposto legal do Armador e representante do dono da
carga.

Direito Marítimo e Aéreo


• Comandante e imediato.
– Exemplos de atos de gestão comercial do Comandante:
– Assinar todas as vias do conhecimento de embarque;
– Ser depositário da carga: Obrigado ao seu bom condicionamento e
conservação;
– Vender a carga para reparo ou provisão da embarcação.
– Requerer depósito judicial;
– Vender o navio em caso de inavegabilidade legalmente comprovada.
– Representar o Armador;
– Contrair dívidas em nome do Armador;

Direito Marítimo e Aéreo


• Comandante e imediato.
– O Comandante, como preposto do Armador e
representante do dono da carga, cabe à ele a vistoria do
navio visando a segurança da embarcação, carga e
tripulação.
– Navegabilidade do navio – Decisão do comandante sobre
negar-se a empreender a expedição marítima.

Direito Marítimo e Aéreo


• Comandante e imediato.
– Funções de Direito Privado - Gestão náutica ou administrativa.
Compreende as funções técnicas – relativas à expedição marítima e funções
disciplinares.
Exemplos de competências do comandante na gestão administrativa:
– Cumprir e fazer cumprir procedimentos relativos à segurança humana e para
preservação do meio ambiente.
– Manter disciplina à bordo.
– Assumir pessoalmente a direção da embarcação sempre que necessário ou em
caso de emergência.
– Socorrer outra embarcação, sem risco sério para a sua própria, à equipagem e
passageiros.
– Permanecer à bordo durante toda a expedição.
– Certificar-se se estão a bordo todos os tripulantes, prontos para seguir viagem.

Direito Marítimo e Aéreo


• Comandante e imediato.
– Funções de Direito Público do Comandante.
O Comandante também exerce algumas funções de direito público –
Representante do Estado à bordo.
Exemplos de atos de autoridade pública do comandante:
• Proceder à lavratura, em viagem, de termos de nascimento e óbito
ocorridos à bordo.
• Efetuar inventário dos bens de pessoas que falecerem à bordo.
• Realizar casamentos e aprovar testamentos in extremis.
• Exercer poder de polícia.
• Instaurar inquérito.
• Impor penas disciplinares aos indivíduos (tripulantes e passageiros) por
indisciplina ou desídia nos serviços. Ordenar detenção ou desembarque.

Direito Marítimo e Aéreo


Direito Marítimo e Aéreo


• Comandante e imediato.
– Vedações ao comandante:
• Alterar portos e escalas sem motivo justificado.
• Abandonar a embarcação, por maior que seja o perigo, com
exceção de naufrágio e após certificar ser o último a fazê-lo.
• Receber carga de terceiro com embarcação fretada por inteiro.
• Transportar carga própria.
• Alterar o porto de descarga.
• Fazer ajustes públicos ou secretos com os carregadores que se
revertam em seu benefício particular.

Direito Marítimo e Aéreo


Direito Marítimo e Aéreo


• Comandante e imediato.
– Responsabilidades do comandante.
• Tribunal Marítimo: Responsabilidade subjetiva, pessoal do
comandante, fundada em culpa no sentido lato sensu.
• Responde por todas as perdas e danos que, por sua culpa,
sobrevierem ao navio ou à carga.
• Depositário da carga – responsabilidade pela correta acomodação
dentro da embarcação. Do ato do recebimento ao ato da entrega.

Direito Marítimo e Aéreo


• Comandante e imediato.
– Responsabilidade do comandante por atos da tripulação.
• Tribunal Marítimo: Responsabilidade pessoal, subjetiva no que
tange à responsabilidade do comandante por atos da equipagem.
Ação ou omissão.

– Responsabilidade do comandante por acidentes advindos


de sugestão do prático. Só se restar evidente o erro do
prático e possível percepção pelo comandante.

Direito Marítimo e Aéreo


• Comandante e imediato.
– Responsabilidade do armador pelos atos do comandante.
• Responsabilidade objetiva pelos atos do comandante na gestão
comercial.
• Gestão náutica – responsabilidade pessoal do comandante.

Direito Marítimo e Aéreo


• Comandante e imediato.
Imediato
– Substituto legal do comandante em faltas e impedimentos.
– Segunda autoridade à bordo.
– Exemplos de funções:
• Conduzir e coordenar o programa de adestramento de bordo;
• Inspecionar diariamente os locais designados para estivamento das
cargas inflamáveis, explosivas ou corrosivas.
• Prestar a devida cooperação em tudo quanto se relacionar com serviço de
bordo.
• Não permitir a permanência, na embarcação, de pessoas estranhas ao
serviço de bordo.

Direito Marítimo e Aéreo


• Tripulação
– Tripulação ou equipagem – conjunto de pessoas
empregadas a serviço do navio e embarcadas mediante
contrato.
– Categoria dos Aquaviários.
– Está subordinada ao comandante e é obrigada a obedecer
e cumprir as suas ordens em tudo quanto for relativo ao
serviço do navio.

Direito Marítimo e Aéreo


• Tripulação
– Divide-se em quatro seções:
• Seção de convés; Responsável pela atividade da navegação.
• Seção de máquinas; Responsável pela operação e pela
manuntenção das máquinas do navio;
• Seção de Câmaras; Serviço de limpeza, cozinha e arrumação
geral.
• Seção de Saúde; Responsável pelos parâmetros de higiene e
saúde à bordo;

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