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UNINASSAU

Grupo Ser Educacional

DIREITO ADMINISTRATIVO II

AULA 2
LICITAÇÃO: PROCEDIMENTO; ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO

Amanda Coutinho
amandacoutinho770@gmail.com
PROCEDIMENTO LICITATÓRIO
• A Lei 8.666/93 não fez uma enumeração didática das fases
ou etapas do procedimento licitatório, mas tratou cada uma
delas detalhadamente. (Proced. Formal)

• Nem todas as modalidades de licitação apresentam todas as


fases. A concorrência é a mais complexa das modalidades de
licitação - todas as etapas são bem definidas. Nas
modalidades tomada de preço e convite, não há uma fase
separada só para habilitação dos interessados. No concurso e
leilão a habilitação é extremamente simplificada. No pregão,
há uma etapa de habilitação, mas ela é posterior ao
julgamento da proposta e, por isso, não alcança todos os
licitantes.
• Visão geral das etapas (2 grandes fases) do
procedimento ordinário da concorrência.

• O procedimento inicia dentro do órgão ou


entidade que realizará a licitação. É a
denominada FASE INTERNA, descrita no art.
38: “O procedimento da licitação será iniciado
com abertura de processo administrativo,
devidamente autuado, protocolado e
numerado, contendo a autorização respectiva,
a indicação sucinta do seu objeto e do recurso
próprio para a despesa...
• A fase interna tem início com a abertura do
procedimento, caracterização da necessidade
de contratar, definição precisa do objeto a ser
contratado, reserva de recursos orçamentários,
dentre outros. A Lei prescreve, por exemplo, a
necessidade, nas contratações de obras e
serviços, de “projeto básico aprovado pela
autoridade competente”, a existência de
“orçamento detalhado” em planilhas, a
“previsão de recursos orçamentários” e,
quando o caso, a contemplação no “plano
plurianual” (art. 7º, I, II, III, e § 2º, IV).
As minutas dos editais de licitação, bem como as
dos contratos, acordos, convênios ou ajustes
devem ser previamente examinadas e aprovadas
por assessoria jurídica da Administração.

• Análise jurídica do edital e do contrato: O prévio


exame das minutas é de extrema importância ,
pois permite um controle preventivo da
legalidade, evitando relações contratuais ilegais,
equivocadas ou prejudiciais ao interesse púb.
• ATENÇÃO: A ausência de parecer jurídico não
acarreta a anulação do procedimento. Esse
parecer é de natureza opinativa e não vinculante.
• A FASE EXTERNA, por sua vez, se inicia a partir
do momento em que se torna pública a
licitação. Embora a Lei não enumere as etapas
da fase externa da licitação, a doutrina ensina
serem elas as seguintes:

 Abertura (Edital ou Carta-Convite – Audiência


Púb.)
 Habilitação
 Classificação (Julgamento)
 Homologação
 Adjudicação
• Art. 43 (resumo da fase externa): A licitação será processada e
julgada com observância dos seguintes procedimentos:

(Publicação do edital ou envio da carta-convite – abertura da fase


externa)

I - abertura dos envelopes contendo a documentação relativa à


habilitação dos concorrentes, e sua apreciação;

II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes inabilitados,


contendo as respectivas propostas, desde que não tenha havido
recurso ou após sua denegação;

III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos concorrentes


habilitados, desde que transcorrido o prazo sem interposição de
recurso, ou tenha havido desistência expressa, ou após o julgamento
dos recursos interpostos;
IV - verificação da conformidade de cada proposta com os
requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços
correntes no mercado ou fixados por órgão oficial
competente, ou ainda com os constantes do sistema de
registro de preços, os quais deverão ser devidamente
registrados na ata de julgamento, promovendo-se a
desclassificação das propostas desconformes ou
incompatíveis;

V - julgamento e classificação das propostas de acordo


com os critérios de avaliação constantes do edital;

VI - deliberação da autoridade competente quanto à


homologação e adjudicação do objeto da licitação.
• Além desses atos, nas concorrências de valor
especialmente elevado (acima de R$
150.000.000,00 (cento e cinquenta milhões de
reais), há uma exigência anterior à própria
publicação do edital, a audiência pública.

* AUDIÊNCIA PÚBLICA

• A fim de ampliar o acesso a informações, a Lei, em


seu Art. 39, estabelece a obrigatoriedade de
realização de uma audiência pública prévia à
publicação do edital nas licitações de valores mais
elevados.
• Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma
licitação ou para um conjunto de licitações
simultâneas ou sucessivas for superior a 100
(cem) vezes o limite previsto no art. 23, inciso I, alínea
"c" desta Lei, o processo licitatório será iniciado,
obrigatoriamente, com uma audiência pública
concedida pela autoridade responsável com
antecedência mínima de 15 (quinze) dias úteis da
data prevista para a publicação do edital, e divulgada,
com a antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis de
sua realização, pelos mesmos meios previstos para a
publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito a
todas as informações pertinentes e a se manifestar
todos os interessados. (CONCURSO AUDITOR DO
ESTADO DE RORAIMA, 2010)
Consideram-se licitações simultâneas aquelas
com objetos similares e com realização prevista
para intervalos não superiores a 30 dias e
licitações sucessivas aquelas em que, também
com objetos similares, o edital subsequente tenha
uma data anterior a 120 dias após o término do
contrato resultante da licitação antecedente.

• Na audiência pública os interessados terão


acesso a todas as informações pertinentes ao
objeto da licitação e terão oportunidade de se
manifestarem a respeito.
1. EDITAL (PUBLICAÇÃO DO INSTRUMENTO
CONVOCATÓRIO)

• O edital é o instrumento por meio do qual a Adm


torna pública a realização de uma licitação. É o meio
utilizado para todas as modalidades de licitação,
exceto a modalidade convite (carta-convite). A
intenção de licitar é divulgada pela publicação de
aviso com o resumo do edital, nos termos do Art. 21.

• ATENÇÃO: No convite basta que a unidade adm fixe,


em local apropriado, cópia do instrumento
convocatório.
Como esse assunto foi cobrado em concurso?
Procurador da Paraíba (CESPE/2008): “O edital é o
meio pelo qual a Adm torna púb a realização de uma
licitação. A modalidade de licitação que não utiliza o
edital como meio de tornar pública a licitação é o: d)
convite”.

• Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais


das concorrências, das tomadas de preços, dos
concursos e dos leilões, embora realizados no local
da repartição interessada, deverão ser publicados
com antecedência, no mínimo, por uma vez:
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por
órgão ou entidade da Administração Pública Federal e, ainda,
quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente com
recursos federais ou garantidas por instituições federais;
II - no Diário Oficial do Estado, ou do DF quando se tratar,
respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade da
Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do DF;
III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se
houver, em jornal de circulação no Município ou na região onde
será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado ou
alugado o bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto
da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar a
área de competição

§ 1o O aviso publicado conterá a indicação do local em que os


interessados poderão ler e obter o texto integral do edital e todas
as informações sobre a licitação.
• Quanto à modalidade pregão de licitação,
determina a Lei 10.520/2002 (Art. 4º), a
divulgação por meio de aviso publicado em diário
oficial do respectivo ente federado ou, não
existindo, em jornal de circulação local. Faculta,
ainda, a divulgação do aviso por meio eletrônicos,
e, conforme o vulto da licitação, em jornal de
grande circulação.

• O edital é lei interna da licitação. Ele deve fixar as


condições de realização da licitação e vincula a
Adm e os proponentes. O Art. 40 elenca
elementos obrigatórios constantes do edital.
• Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de
ordem em série anual, o nome da repartição
interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de
execução e o tipo da licitação, a menção de que será
regida por esta Lei, o local, dia e hora para
recebimento da documentação e proposta, bem como
para início da abertura dos envelopes, e indicará,
obrigatoriamente, o seguinte:

I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;


II - prazo e condições para assinatura do contrato ou
retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64
desta Lei, para execução do contrato e para entrega do
objeto da licitação;
III - sanções para o caso de inadimplemento;
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto
básico;
V - se há projeto executivo disponível na data da publicação
do edital de licitação e o local onde possa ser examinado e
adquirido;
VI - condições para participação na licitação, em
conformidade com os arts. 27 a 31 daLei, e forma de
apresentação das propostas;
VII - critério para julgamento, com disposições claras e
parâmetros objetivos;
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de
comunicação à distância em que serão fornecidos elementos,
informações e esclarecimentos relativos à licitação e às
condições para atendimento das obrigações necessárias ao
IX - condições equivalentes de pagamento entre empresas
brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações
internacionais;
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global,
conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos e
vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos
ou faixas de variação em relação a preços de referência,
ressalvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 48;
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação
efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices
específicos ou setoriais, desde a data prevista para
apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa
proposta se referir, até a data do adimplemento de cada
parcela;
XIII - limites para pagamento de instalação e mobilização para
execução de obras ou serviços que serão obrigatoriamente
previstos em separado das demais parcelas, etapas ou tarefas;
XIV - condições de pagamento, prevendo:
a) prazo de pagamento não superior a 30 dias, contado a
partir da data final do período de adimplemento de cada
parcela;
b) cronograma de desembolso máximo por período, em
conformidade com a disponibilidade de recursos financeiros;
c) critério de atualização financeira dos valores a serem
pagos, desde a data final do período de adimplemento de cada
parcela até a data do efetivo pagamento;
d) compensações financeiras e penalizações, por
eventuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de
pagamentos;
XV - instruções e normas para os recursos previstos
nesta Lei;
XVI - condições de recebimento do objeto da
licitação;
XVII - outras indicações específicas ou peculiares da
licitação.

§ 1o O original do edital deverá ser datado,


rubricado em todas as folhas e assinado pela
autoridade que o expedir, permanecendo no
processo de licitação, e dele extraindo-se cópias
integrais ou resumidas, para sua divulgação e
fornecimento aos interessados.
§ 2o Constituem anexos do edital, dele fazendo
parte integrante:
I - o projeto básico e/ou executivo, com todas
as suas partes, desenhos, especificações e
outros complementos;
II - orçamento estimado em planilhas de
quantitativos e preços unitários;
III - a minuta do contrato a ser firmado entre a
Administração e o licitante vencedor;
IV - as especificações complementares e as
normas de execução pertinentes à licitação.
• Embora a lei proíba a fixação de preços mínimos, ela determina
que sejam desclassificadas as propostas com “preços
manifestamente inexequíveis” > “aqueles que não venham a ter
demonstrada sua viabilidade através de documentação que
comprove que os custos dos insumos são coerentes com os de
mercado e que os coeficientes de produtividade são compatíveis
com a execução do objeto do contrato, condições estas
necessariamente especificadas no ato convocatório da licitação”.

• ATENÇÃO: A vedação do preço mínimo só vale para os preços a


serem pagos pela Adm, relativos a bens, direitos e serviços
oferecidos pelos licitantes. É diferente na situação inversa.
Quando a Adm aliena bens ou direitos a fixação de preço
mínimo de venda é obrigatória. Ex. alienação de bens mediante
leilão. Objetivo: garantia de não prejuízo do patrimônio púb. –
Pric. da indisponibilidade do interesse público.
* ANTECEDÊNCIA MÍNIMA DO EDITAL

• Os prováveis interessados em licitar necessitam de um prazo


que permita a elaboração de suas propostas, o estudo e a
análise das condições da licitação, um tempo mínimo para que
se preparem para participar da disputa. Os prazos mínimos
variam conforme a modalidade da licitação, sendo maiores
para as mais complexas e menores para as de menor vulto.
• Os prazos estabelecidos na Lei são prazos mínimos, nada
obstando que a Adm adote lapsos temporais maiores sempre
que entenda serem estes necessários ou convenientes, no
intuito de aumentar a competitividade do procedimento.
• Disciplina: Art. 21 e, no caso de pregão, Art. 4º da Lei
10.520/2002 (*Apenas os prazos relativos às modalidades
convite e pregão são contados em dias úteis).
• A partir da última publicação do edital resumido ou da
expedição do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do
edital ou do convite e respectivos anexos (prevalecendo a
data que ocorrer mais tarde), o prazo mínimo para o
recebimento das propostas ou a realização do evento será de:

- 45 dias para:
Concurso;
Concorrência, quando o contrato a ser celebrado
contemplar o regime de empreitada integral ou quando a
licitação for do tipo melhor técnica ou técnica e preço.

- 30 dias para:
Concorrência, nos casos não especificados acima;
Tomada de preços, quando a licitação for do tipo melhor
técnica ou técnica e preço.
- 15 dias para:
Tomada de preços, nos casos não
especificados acima;
Leilão.

- 5 dias ÚTEIS para Convite.

- 8 dias ÚTEIS para Pregão, contados a partir


da publicação do aviso.
• Qualquer modificação no edital exige divulgação pela
mesma forma que se teu o texto original, reabrindo-se o
prazo inicialmente estabelecido para apresentação das
propostas, exceto quando, inquestionavelmente, a
alteração não afetar a formulação das propostas.

* IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA DO EDITAL

• Já vimos que a Adm encontra-se vinculada às condições do


edital (o edital é a lei da licitação, vinculando a seus
termos não só a Adm, mas também os participantes do
certame). A Lei 8.666 prevê a impugnação adm no edital
de licitação sempre que este seja discriminatório ou
omisso em pontos essenciais ou, ainda, presente qualquer
irregularidade relevante. A impugnação pode ser feita por
• Art. 41. A Administração não pode descumprir
as normas e condições do edital, ao qual se
acha estritamente vinculada.

§ 1o Qualquer cidadão é parte legítima para


impugnar edital de licitação por irregularidade na
aplicação desta Lei, devendo protocolar o pedido
até 5 (cinco) dias úteis antes da data fixada para
a abertura dos envelopes de habilitação,
devendo a Administração julgar e responder à
impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem
prejuízo da faculdade prevista no § 1o do art. 113.
• Já quanto aos licitantes:

§ 2o Decairá do direito de impugnar os termos do edital de


licitação perante a administração o licitante que não o fizer
até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos
envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos
envelopes com as propostas em convite, tomada de preços
ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou
irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que
tal comunicação não terá efeito de recurso.

§ 3o A impugnação feita tempestivamente pelo licitante


não o impedirá de participar do processo licitatório até o
trânsito em julgado da decisão a ela pertinente.
• ATENÇÃO: Os prazos citados acima se referem à
impugnação administrativa, ou seja, perante a
própria Adm. O controle judicial não se sujeita a
eles.

• Além da possiblidade de impugnação do edital,


qualquer licitante, contratado ou pessoa física
ou jurídica, poderá representar ao TC ou aos
órgãos integrantes do sistema de controle
interno contra irregularidades na aplicação da
Lei, para fins de controle das despesas
decorrentes dos contratos – Art. 113.
* CARTA-CONVITE

• A carta-convite é o instrumento convocatório


utilizado para chamar os interessados a participar da
licitação quando adotada a modalidade convite. A
carta-convite é enviada diretamente aos interessados
e não precisa ser publicada, devendo, entretanto, ser
fixada cópia em local apropriado (Art. 22, §3º).
Aplicam-se à carta-convite, no que for cabível, as
disposições relativas ao edital, especialmente quanto
à identificação do objeto da licitação, critério de
julgamento e demais condições cujo conhecimento
seja indispensável.
* COMISSÃO DE LICITAÇÃO

• As etapas de habilitação dos licitantes e julgamento das


propostas são efetivadas por uma comissão de licitação ou
comissão julgadora. Os órgãos ou entidades da Adm
poderão possuir comissões permanentes ou constituir
comissões especiais. As comissões serão integradas por,
no mínimo, 3 membros, sendo pelo menos 2 deles
servidores qualificados pertencentes aos quadros
permanentes dos órgãos da Adm responsáveis pela
licitação (Art. 51).

§ 1o No caso de convite, a Comissão de licitação,


excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e
em face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser
§ 2o A Comissão para julgamento dos pedidos de inscrição em
registro cadastral, sua alteração ou cancelamento, será
integrada por profissionais legalmente habilitados no caso de
obras, serviços ou aquisição de equipamentos.

§ 3o Os membros das Comissões de licitação responderão


solidariamente por todos os atos praticados pela Comissão,
salvo se posição individual divergente estiver devidamente
fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que
tiver sido tomada a decisão.

§ 4o A investidura dos membros das Comissões permanentes


não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução da
totalidade de seus membros para a mesma comissão no
período subsequente.
§ 5o No caso de concurso, o julgamento será feito por uma
comissão especial integrada por pessoas de reputação ilibada e
reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores
públicos ou não.

2. HABILITAÇÃO DOS LICITANTES

• A fase de habilitação destina-se à verificação da


documentação e de requisitos pessoais dos licitantes. É
etapa relacionada às qualidades pessoais dos interessados
em licitar. A habilitação não é discricionária; é vinculada.
Como regra, ocorre previamente à análise das propostas.
Quando a habilitação é prévia, o licitante inabilitado é
excluído do procedimento e a proposta que havia formulado
nem chega a ser conhecida.
• A habilitação tem por finalidade garantir que o licitante, na
hipótese de ser o vencedor do certame, tenha condições
técnicas, financeiras e idoneidade para adequadamente
cumprir o contrato objeto da licitação.

• Se nenhum interessado for habilitado, haverá a licitação


fracassada (difere da licitação deserta, hipótese em que
nenhum interessado comparece), que pode ensejar a
contratação direta. Antes, porém, deverá a Administração
conceder prazo para os interessados reapresentarem suas
documentações, suprindo as falhas.

• A fim de garantir maior competitividade possível, a Lei


proíbe qualquer exigência supérflua ou desnecessária.
Exigências dessa ordem indicariam direcionamento da
licitação para favorecer determinadas empresas.
• Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-
á dos interessados, exclusivamente,
documentação relativa a:

I - habilitação jurídica;
II - qualificação técnica;
III - qualificação econômico-financeira;
IV – regularidade fiscal e trabalhista;
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art.
7º da CF (proibição de trabalho noturno, perigoso
ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos).
• A documentação para habilitação poderá ser
dispensada, no todo ou em parte, nos casos
de convite, concurso, fornecimento de bens
para pronta entrega e leilão.

• A documentação exigida para habilitação ou


qualificação está enumerada nos Arts. 28 a 31.

• A documentação relativa à habilitação


jurídica, conforme o caso, consistirá em (Art.
28):
I - cédula de identidade;
II - registro comercial, no caso de empresa individual;
III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor,
devidamente registrado, em se tratando de sociedades
comerciais, e, no caso de sociedades por ações,
acompanhado de documentos de eleição de seus
administradores;
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades
civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício;
V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou
sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de
registro ou autorização para funcionamento expedido pelo
órgão competente, quando a atividade assim o exigir.
• A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista
(2011), conforme o caso, consistirá em (Art. 29):

I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no


Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou
municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante,
pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto
contratual;
III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e
Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente,
na forma da lei;
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação
regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por
lei.
V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça
• A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a
(Art. 30):

I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;


II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos
com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do
aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis
para a realização do objeto da licitação, bem como da
qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se
responsabilizará pelos trabalhos;
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu
os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimento
de todas as informações e das condições locais para o
cumprimento das obrigações objeto da licitação;
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial,
• A documentação relativa à qualificação econômico-
financeira limitar-se-á a (Art. 31):

I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do


último exercício social, já exigíveis e apresentados na
forma da lei, que comprovem a boa situação financeira
da empresa, vedada a sua substituição por balancetes
ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por
índices oficiais quando encerrado há mais de 3
(três) meses da data de apresentação da proposta;
II - certidão negativa de falência ou concordata
expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica,
ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da
pessoa física;
Os documentos exigidos, para fins de habilitação, estão relacionados a:

• Habilitação jurídica

• Qualificação técnica

• Qualificação econômico-financeira

• Regularidade fiscal e trabalhista

• Cumprimento da proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores


de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salva na condição de
aprendiz, a partir dos 14 anos.
• ATENÇÃO: Os documentação de que tratam
os arts. 28 a 31 poderá ser dispensada, nos
termos de regulamento, no todo ou em parte,
para a contratação de produto para pesquisa
e desenvolvimento, desde que para pronta
entrega ou até o valor previsto na alínea
“a” do inciso II do caput do art. 23 (R$
176.000,00 ).
• A inabilitação implica a exclusão do interessado
do procedimento licitatório. O Art. 41 §4º
estabelece que “a inabilitação do licitante importa
a preclusão do seu direito de participar das fases
subsequentes”. Por este motivo, o recurso contra a
inabilitação tem efeito suspensivo (Art. 109, §2º).

• Ultrapassada a fase de habilitação dos


concorrentes e abertas as propostas, não cabe
desclassificá-las por motivo relacionada à
habilitação, salvo em razão de fatos
supervenientes ou só conhecidos após o
julgamento (Art. 43 § 5º).
• Após a fase de habilitação, o licitante não poderá mais
desistir da proposta apresentada, salvo por motivo justo
decorrente de fato superveniente e aceito pela
comissão (Art. 43 §6º).

• ATENÇÃO: É importante registrar que a LC 123/2006 (ME


e EPP) estabeleceu regras especiais relativas à exigência
de regularidade fiscal e trabalhista, somente exigida
para efeito de assinatura do contrato. Isso significa que
mesmo que uma ME ou EPP tenha débitos tributáveis,
situação irregular, ela poderá participar da licitação.
Somente no caso de ser vitoriosa no certame é que a ME
ou EPP vencedora terá que regularizar sua situação
fiscal.
• Art. 43. As microempresas e as empresas de pequeno porte, por
ocasião da participação em certames licitatórios, deverão apresentar
toda a documentação exigida para efeito de comprovação de
regularidade fiscal e trabalhista, mesmo que esta apresente alguma
restrição.

§ 1o Havendo alguma restrição na comprovação


da regularidade fiscal e trabalhista, será assegurado o prazo de cinco dias ú
teis,
cujo termo inicial corresponderá ao momento em que o proponente for
declarado vencedor do certame, prorrogável por igual período, a critério da
administração pública, para regularização da
documentação, para pagamento ou parcelamento do débito e para
emissão de eventuais certidões negativas ou positivas com efeito de
certidão negativa.
§ 2o A não-regularização da documentação, no prazo previsto no § 1o deste
artigo, implicará decadência do direito à contratação, sem prejuízo das
sanções previstas no art. 81 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, sendo
facultado à Administração convocar os licitantes remanescentes, na ordem
* REGISTROS CADASTRAIS

• Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da


Administração Pública que realizem frequentemente
licitações manterão registros cadastrais para efeito de
habilitação, na forma regulamentar, válidos por, no
máximo, um ano.

§ 1o O registro cadastral deverá ser amplamente divulgado


e deverá estar permanentemente aberto aos interessados,
obrigando-se a unidade por ele responsável a proceder, no
mínimo anualmente, através da imprensa oficial e de jornal
diário, a chamamento público para a atualização dos
registros existentes e para o ingresso de novos interessados.
§ 2o É facultado às unidades administrativas utilizarem-se
de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da
Administração Pública.

• Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou


atualização deste, a qualquer tempo, o interessado
fornecerá os elementos necessários à satisfação das
exigências do art. 27.

• A vantagem para o interessado é que ele não precisa


providenciar toda essa documentação, muitas vezes em
um prazo curto, antes de cada licitação de que deseje
participar. Em vez disso, basta apresentar o “certificado
de inscrição” no registro, documento apto a substituir
• A vantagem para a Adm é manter controle sempre
atualizado sobre os seus potenciais contratados,
possibilitando o registo da atuação destes em
contratações anteriores, quando ao cumprimento
das obrigações assumidas, além de tornar mais
célere o procedimento licitatório.

• Art. 36. Os inscritos serão classificados por


categorias, tendo-se em vista sua especialização,
subdivididas em grupos, segundo a qualificação
técnica e econômica avaliada pelos elementos
constantes da documentação relacionada nos arts.
30 e 31.
§ 1o Aos inscritos será fornecido certificado, renovável
sempre que atualizarem o registro.
§ 2o A atuação do licitante no cumprimento de obrigações
assumidas será anotada no respectivo registro cadastral.
• Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado,
suspenso ou cancelado o registro do inscrito que deixar
de satisfazer as exigências do art. 27, ou as
estabelecidas para classificação cadastral.
• Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro
cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as
propostas serão processadas e julgadas por comissão
permanente ou especial de, no mínimo, 3
(três) membros, sendo pelo menos 2 (dois) deles
servidores qualificados pertencentes aos quadros
permanentes dos órgãos da Administração responsáveis
• Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da
aplicação da Lei nº 8.666 cabem:
I – recurso no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da
intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:
a) habilitação ou inabilitação do licitante; (Suspensivo)
b) julgamento das propostas; (Suspensivo)
c) anulação ou revogação da licitação;
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro
cadastral, sua alteração ou cancelamento; (SEM EFEITO
SUSPENSIVO)
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do
art. 79;
f) aplicação das penas de advertência, suspensão
temporária ou de multa”
• Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a
inscrição de qualquer interessado nos registros
cadastrais ou promover indevidamente a alteração,
suspensão ou cancelamento de registro do inscrito:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.

3. CLASSIFICAÇÃO / JULGAMENTO DAS PROPOSTAS

O julgamento das propostas consiste no confronto das


ofertas, classificação das propostas e determinação do
vencedor, ao qual deverá ser adjudicado o objeto da
licitação. Deverá sempre ser observado o critério de
julgamento estabelecido no edital, critério este que se
relaciona ao conceito de tipo de licitação. O julgamento,
• A etapa de julgamento, a rigor, pode ser dividida
em duas subfases.

1ª A Adm verifica a conformidade de cada proposta


com os requisitos do edital, tais como as
especificações técnicas e a compatibilidade com os
preços correntes no mercado. As propostas
desconformes ou incompatíveis serão
desclassificadas (eliminadas).

2ª As propostas não desclassificadas, isto é, as que


atenderem às condições exigidas no edital, serão
classificadas, postas em ordem, conforme os
• Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão
levará em consideração os critérios objetivos
definidos no edital ou convite, os quais não devem
contrariar as normas e princípios estabelecidos por
esta Lei.
§ 1o É vedada a utilização de qualquer elemento,
critério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou
reservado que possa ainda que indiretamente elidir o
princípio da igualdade entre os licitantes.
§ 2o Não se considerará qualquer oferta de vantagem
não prevista no edital ou no convite, inclusive
financiamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem
preço ou vantagem baseada nas ofertas dos demais
licitantes.
§ 3o Não se admitirá proposta que apresente preços global
ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero,
incompatíveis com os preços dos insumos e salários de
mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o
ato convocatório da licitação não tenha estabelecido
limites mínimos, exceto quando se referirem a materiais e
instalações de propriedade do próprio licitante, para os
quais ele renuncie a parcela ou à totalidade da
remuneração.

• Por fim, quando todos os licitantes forem inabilitados ou


todas as propostas forem desclassificadas (licitação
fracassada), a Adm poderá fixar aos licitantes prazo de 8
dias úteis para apresentação de nova documentação ou
de outras propostas, facultada, no caso de convite, a
redução desse prazo para 3 dias úteis (Art. 48 §3º).
4. HOMOLOGAÇÃO E ADJUDICAÇÃO AO VENCEDOR

• O Art. 43, VI, determina que, após o julgamento pela comissão,


esta remeta o processo à autoridade competente para que ela
homologue o procedimento e adjudique o objeto da licitação ao
vencedor. O trabalho da comissão termina com a divulgação do
resultado do julgamento; depois disso, o processo passa à
autoridade competente para as providencias citadas.
• Na etapa de homologação é exercido o controle de legalidade do
procedimento licitatório. Verificando irregularidade no
julgamento, ou em qualquer fase anterior, a autoridade
competente não homologará o procedimento, devolvendo o
processo à comissão para que sejam repetidos os atos
irregulares, com correção das falhas apontadas, se isso for
possível. Caso não seja possível, deverá ser anulado o
procedimento, se não integralmente, pelo menos a partir do ato
ilegal.
• No pregão, a adjudicação é feita pelo
pregoeiro, exceto em caso de pendência de
recursos. Já nas demais modalidades, a
homologação e a adjudicação são
concentradas na autoridade competente pela
autorização do certame.

• No pregão, ao contrário das demais


modalidades de licitação, a adjudicação do
objeto da licitação ao vencedor antecede à
homologação do procedimento.
ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO
• A anulação de um ato administrativo aplica-se aos casos em que se
verifica alguma ilegalidade ou ilegitimidade. A anulação de um ato do
Poder Executivo pode pelo próprio Poder Executivo, mediante
provocação ou de ofício, ou pelo Poder Judiciário, quando provocado. O
ato que tenha a sua nulidade declarada perde a eficácia desde a origem
(ex tunc), não podendo dele decorrer efeitos válidos, mantendo-se
apenas os efeitos já produzidos perante terceiros de boa-fé que possam
ser prejudicados pela invalidação do ato.

• A revogação retira do mundo jurídico um ato válido que se tornou


inoportuno ou inconveniente ao interesse público, conforme critério
discricionário da adm. A revogação de um ato do Poder Executivo
somente pode ser feita pelo próprio poder executivo. Como o ato não
apresentava qualquer vício, a revogação somente produz efeitos
prospectivos (ex nunc). Ou seja, o ato produz efeitos regularmente até a
data de sua revogação.
• O Art. 38, IX, determina que o despacho de anulação ou
revogação da licitação seja fundamentado
circunstancialmente.

• Em seu Art. 49, a lei assevera que a autoridade competente


para a aprovação do procedimento deverá anulá-lo por
ilegalidade de ofício ou por provocação de terceiros, mediante
parecer escrito e devidamente fundamentado. A nulidade do
procedimento licitatório induz à nulidade do contrato.

• ATENÇÃO: A anulação do procedimento licitatório por motivo


de ilegalidade não gera obrigação de indenizar (ART. 49 §1º).
Entretanto, a nulidade do contrato não exonera a Adm do
dever de indenizar o contratado pelo que este houver
executado até a data em que ela for declarada e por outros
prejuízos regularmente comprovados, contanto que a causa
de nulidade não lhe seja imputado (ao contratado),
• A revogação de uma licitação sofre restrições em
relação à regra geral aplicável aos atos adm. A revogação
de uma licitação somente é possível em duas hipóteses:

a) Art 49: por motivo de interesse público decorrente de


fato superveniente devidamente comprovado, pertinente
e suficiente para justificar tal conduta, mediante parecer
escrito e devidamente fundamentado.

b) Art. 64 §2º: a critério da administração, quando o


adjudicatário, tendo sido por ela convocado, no prazo e
condições estabelecidos no edital, para assinar o termo de
contrato ou aceitar ou retirar o instrumento equivalente,
recusar-se a fazê-lo, ou simplesmente não comparecer.
• Em qualquer caso, o despacho da revogação deverá ser
fundamentado circunstancialmente.
• Diversamente do que ocorre com a anulação, que pode
ser total ou parcial, não é possível a revogação de um ato
do procedimento licitatório.
• Depois de assinado o contrato, não se pode mais revogar
a licitação. Já a anulação pode ser feita mesmo depois de
assinado o contrato e, como visto, a nulidade da licitação
implica a nulidade do contrato dela decorrente.
• Em todas as hipóteses e desfazimento da licitação
(anulação ou revogação) são assegurados o contraditório
e a ampla defesa (Art. 49 §3º).
• Cabe recurso administrativo, no prazo de 5 dias úteis a
contar da intimação do ato, nos casos de anulação ou
revogação da licitação (Art. 109, I, “c”).

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