Você está na página 1de 43

Cap.

10 – Câmbio e Créditos Documentários


Prof. Dr. José Renato Kitahara

Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial


Disciplina: Negócios Internacionais

Prof. Dr. José Renato Kitahara


0/07/2023

VASCONCELLOS, Marco Antônio S.; LIMA, Miguel; SILBER, Simão (organizadores) et al.
Manual de Economia e Negócios Internacionais. São Paulo: Ed. Saraiva. 1ª Ed., 2011
2/43
Objetivos: Cap. 10 – Câmbio e Créditos
Documentários
1. Conhecer o documento Pro Forma Invoice e seu papel nos
negócios internacionais.
2. Conhecer o Contrato de Câmbio e suas etapas processuais.
3. Conhecer a opção Pagamento Antecipado (Advanced
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Payment).
4. Conhecer os instrumentos de pagamento e seus fluxos de
processamento: i) Cobrança Documentária; ii) Crédito
Documentário.
5. Conhecer as diversas modalidade e peculiaridades na
disponibilidade de Cartas de Crédito.
6. Conhecer alternativas financeiras associadas ao Contrato
de Câmbio.
7. Conhecer a influência dos Contratos Comerciais na relação
com os bancos contratados no processo de pagamento.
3/43

Introdução
• Como exportar com segurança comercial e financeira?
• Existem Importadores no mercado internacional que
aproveitam qualquer pretexto para não saldar seus
compromissos ou forçar concessão de descontos.
• O sucesso da compra e venda externa vai depender
Prof. Dr. José Renato Kitahara

essencialmente da forma de pagamento combinada.


• Pagamento Antecipado, Cobrança Documentária e Crédito
Documentário (Carta de Crédito) são as alternativas desse
capítulo.
• Dica: Dominar a UCP nº 500 (Uniform Customs and
Practice for Documentary Credits) da Câmara de Comércio
Internacional (CCI) e as normas do Banco Central.
4/43

Pro Forma Invoice


• Pro Forma Invoice é produzida nos contatos preliminares entre o
Exportador e o Importador formalizando as negociações iniciais.
• As partes definem a forma de pagamento pela qual a operação
irá se desenvolver antes e depois do embarque das mercadorias.
• Não significa o fechamento do negócio, pois esse documento é a
formalização das negociações iniciais entre o Exportador e o
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Importador.
• Deve conter:
– As condições de venda internacional – sale terms.
– As condições de pagamento internacional – payment terms.
• As condições seguem as denominações da INCOTERMS
definidas pela CCI – Câmara de Comércio Internacional.
• As práticas de pagamento podem acarretar riscos ao Exportador
(no caso de cobranças documentárias) ou ao Importador
(pagamento antecipado) ou para ambos (créditos documentários)
(as alternativas serão apresentadas a seguir).
5/43

Contrato de Câmbio
• Definição: é um instrumento firmado entre vendedor e o
comprador de moedas estrangeiras, no qual se
mencionam as características das operações de câmbio
e as condições sob as quais elas se realizam.
Prof. Dr. José Renato Kitahara

• Deve conter os seguintes elementos essenciais:


– O comprador da moeda estrangeira.
– O vendedor da moeda estrangeira.
– A taxa cambial a ser praticada.
– O objeto, isso é, a moeda estrangeira ou título que a
represente.

• No Contrato de Câmbio não existe promessa de venda.


É venda firme.
6/43
Contrato de Câmbio:
Etapas do Processo de Exportação (1/2)
• Fechamento do Contrato de Câmbio: é a formalidade
documental realizada entre o Exportador e o banqueiro
onde as informações essenciais são determinadas.

• Liquidação do Contrato de Câmbio: por ocasião da


Prof. Dr. José Renato Kitahara

entrada de divisas, quando o banco negociador dará por


encerrado o processo. O Banco Central determina que o
tempo de espera para a chegada das divisas é de 30
dias após o embarque das mercadorias no caso à vista.

• Prorrogação: acontece quando o Importador no exterior


não pagou ou está com saque vencido em um caso de
exportação à prazo.
7/43
Contrato de Câmbio:
Etapas do Processo de Exportação (2/2)
• Baixa do Contrato de Câmbio: após ter sido prorrogado e as
divisas não chegarem, o banqueiro brasileiro prefere dar baixa
contábil, aguardando que o Exportador consiga resolver a
questão com o Importador.
• Se as divisas vierem, o contrato será liquidado, mas se as
Prof. Dr. José Renato Kitahara

dificuldades com o Importador permanecerem, o Banco Central


obrigará o Exportador a seguir a via judicial contra o Importador
até resolver a pendência.
• Cancelamento do Contrato de Câmbio: Ocorrerá em 2 condições:
– Antes do embarque das mercadorias: o Contrato de Câmbio
pode ser cancelado a qualquer momento, por consenso entre
o Exportador e o banco negociador.
– Depois do embarque: o contrato pode ser cancelado com
autorização do Banco Central, uma vez que o Exportador é
responsável pela entrada das divisas correspondentes à
mercadoria embarcada.
8/43

Exemplos de Etapas do CB em Exportação


Fechamento Liquidação
1 do CB do CB

Fechamento Cancelamento
2
do CB do CB
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Fechamento Prorrogação Liquidação


3
do CB do CB do CB

Fechamento Prorrogação Cancelamento


4
do CB do CB do CB

Fechamento Prorrogação Baixa Liquidação


5
do CB do CB do CB do CB

Fechamento Prorrogação Baixa Cancelamento


6
do CB do CB do CB do CB
9/43
Pagamento Antecipado
(Advanced Payment) (1/2)
• Pouco praticado pelo risco financeiro para o Importador.
• Porém é muito usado entre empresas do mesmo grupo, filial,
matriz ou empresas que já possuam um grau de confiança
comercial suficiente.
• O Exportador, no caso brasileiro, providencia um Contrato de
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Câmbio em um banco autorizado antes do embarque das


mercadorias, recebendo o contravalor em Reais, pela taxa de
câmbio do dia desse recebimento do pagamento do Importador.
• Com as mercadorias prontas para o embarque, o Exportador
providencia a emissão do Registro de Exportação (RE) no
Siscomex, onde declara que o pagamento foi antecipado.
• Depois do embarque, o Exportador pode remeter os
documentos comerciais originais diretamente ao Importador e
as cópias ao banco brasileiro, que liquidará o Contrato de
Câmbio, dando por encerrada a operação.
10/43
Pagamento Antecipado
(Advanced Payment) (2/2)
• Para diminuir o risco para o Importador, ele pode pedir uma
garantia bancária internacional (Refundment Bond) a ser
providenciada pelo Exportador, por via bancária tendo o
Importador como beneficiário.
• O banco emitente naturalmente irá exigir garantias locais do
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Exportador, equivalentes ao valor do compromisso assumido.


• Habitualmente 110% do valor a ser adiantado.
• Com essa garantia, o Importador remete as divisas e aguarda as
mercadorias.
• Como o Refundment Bond tem data de vencimento, será
executada pelo Importador no banco que a emitiu, caso as
mercadorias não tenham sido embarcadas até a data estipulada.
• O banco emitente é obrigado a devolver, em nome do
Exportador, o valor de 110% do valor adiantado pelo Importador.
11/43

Cobrança Documentária - Definição


• Cobrança Documentária: Sight Draft ou Cash Against Documents
(CAD) (pagamento à vista) ou Time Draft se a operação for a
prazo até 180 dias contados da data de embarque.
• Normalmente pedido pelo Importador durante a negociação. Ela
favorece operacionalmente o comprador e tem a vantagem de
substituir o uso da Carta de Crédito (Crédito Documentário).
Prof. Dr. José Renato Kitahara

• A Câmara de Comércio Internacional (CCI) regulamentou esse


sistema na URC – Uniform Rules for Collection nº 522 (com 26
artigos) onde detalha esse processo.
• Partes envolvidas:
– Exportador (chamado de Principal na URC nº 522).
– Banco Remetente (Remitting Bank).
– Banco Cobrador ( Collecting Bank).
– Banco Apresentador (Presenting Bank).
– Importador (Drawee).
12/43

Cobrança Documentária – Esquema


Cobrança Documentária Notifica e chama p/ pagar
Entrega Docs da exportação
3
Docs da exportação 3
2
Principal 1 3
Informa Drawee
Remitting Collecting Presenting
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Bank Bank Bank


$ $ (cobra Importador em
6 5 nome do Collecting Bank)
4
$
País do Exportador País do Importador

Se Importador não pagar, Collecting Bank devolve os documentos recebidos ao Exportador. Bancos não garantem o pgto.

• Principal: Exportador • Presenting Bank: Banco Apresentador


• Remitting Bank: Banco Remetente • Drawee: Importador
• Collecting Bank: Banco Cobrador
Importador fornece uma garantia de cobrança documentária (Performance Bond) de 20% do valor da mercadoria para
cobrir custos de retorno da mercadoria nos contratos de pagamento à vista.
Brasil implantou Seguro de Crédito à Exportação (SCE). No caso de problemas de pagamento, o seguro cobre 85% do
valor da exportação nas operações de cobrança à prazo (ver valores atualizados do SCE e FGE no site www.bndes.gov.br).
13/43

Cobrança Documentária – Processo (1/3)


• Banco Remetente (Remitting Bank) é o brasileiro para o qual o
Exportador (Principal) entrega os documentos internacionais
originais que serão enviados ao Banco Cobrador (Collecting
Bank).
• Banco Cobrador (Collecting Bank) notifica o Importador (Drawee)
sobre a chegada dos documentos originais e convoca para efetuar
Prof. Dr. José Renato Kitahara

o pagamento (cobrança à vista). Na cobrança à prazo, o


Importador (Drawee) assina o aceite no saque (draft) e os
documentos são liberados para desembaraço na alfândega no
país do Importador.
• Os bancos não oferecem qualquer garantia financeira da
operação.
• Se não houver o pagamento, o Banco Cobrador (Collecting Bank)
devolve os documentos originais ao Banco Remetente (Remitting
Bank) na situação de “Recusados por falta de pagamento” e o
Banco Central será informado.
• Com os documentos em mãos, o Importador (Drawee) retira as
mercadorias na alfândega e, no vencimento, quita o valor cambial.
14/43

Cobrança Documentária – Processo (2/3)


• O Banco Central notifica o Exportador (Principal) que proceda ao
retorno da mercadoria para o Brasil (repatriamento) se o Importador
não pagar.
• No caso de cobrança à prazo não honrada pelo Importador (Drawee),
o Exportador (Principal) pode autorizar, por meio do banco, o protesto
do saque na praça do Importador, de acordo com o processo local.
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Se não for quitado, o banco informa o Banco Remetente (Remitting


Bank), o Banco Central e o Exportador (Principal). O Banco Central
notificará o Exportador (Principal) que em vista da inadimplência,
proceda à cobrança judicial falimentar contra o Importador (Drawee)
(se for acima de US$5.000). Todas as despesas bancárias de
protesto, de falência, honorários bancários no Brasil e exterior serão
por conta do Exportador (Principal). A operação fica pendente até que
o Exportador (Principal) apresente documentos ao Banco Central que
provem a falência do Importador (Drawee).
• Diante desse panorama de risco, o Exportador prefere exigir uma
Carta de Crédito ao cliente ou não exportar.
15/43

Cobrança Documentária – Processo (3/3)

• Se o Importador (Drawee) não quiser aceitar o procedimento


com Carta de Crédito, o Exportador (Principal) pode exigir uma
garantia de cobrança documentária (Performance Bond) que
funciona como um seguro que, se o Importador (Drawee) não
quitar a dívida em um caso de cobrança à vista, o banco
emitente dessa garantia (Performance Bond) deverá pagar ao
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Exportador o equivalente a 20% do valor da mercadoria, que é


verba suficiente para providenciar o retorno das mercadorias ao
país de origem.

• O Brasil implantou o Seguro de Crédito à Exportação (SCE)


como alternativa para reduzir os riscos ao Exportador nas
vendas à prazo. No caso de problemas de pagamento, o seguro
cobre 85% do valor da exportação nas operações de cobrança à
prazo. (ver valores atualizados do SCE e FGE-Fundo de
Garantia à Exportação no site www.bndes.gov.br).
16/43
Cobrança Documentária Limpa:
Clean Collection
• O Exportador remete os documentos originais diretamente ao
Importador e coloca as cópias desses documentos em cobrança
bancária.
• O Importador, de posse dos documentos originais, retira as
mercadorias na alfândega e posteriormente paga o valor do saque
no banco cobrador.
Prof. Dr. José Renato Kitahara

• Essa modalidade é considerada à vista e de grande risco


financeiro para o Exportador.
• É usada em casos de remessa de mercadoria por via aérea e tem
urgência em desembaraçar a carga no aeroporto.
• Para evitar a inadimplência do Importador nessa modalidade, o
Exportador pode, normalmente, preencher o conhecimento de
embarque consignado ao banco cobrador.
• Nesse caso, o Importador é obrigado a passar pelo banco
cobrador para solicitar o endosso no conhecimento de embarque
e o banco endossará contra o pagamento do valor da fatura,
dando segurança ao Exportador.
17/43

Crédito Documentário ou
Carta de Crédito: Documentary Credit
ou Letter of Credit (Carta de Crédito) – L/C
Prof. Dr. José Renato Kitahara

• Forma de pagamento por meio de uma Carta de Crédito


Internacional.

• Modalidade de pagamento mais praticada nos negócios


internacionais, pois os bancos intervenientes oferecem
garantias financeiras firmes ao Exportador.
18/43
Crédito Bancário ou Carta de Crédito
Esquema
Crédito Documentário
País do Importador
País do Exportador 3 2
2 2
Carta de Crédito Reimbursing
Carta de 4 Advising Issuing
Bank
Crédito Bank Bank
(caixa do Issuing Bank)
1
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Beneficiary 2 2
Negotiating 6
Documentos Bank Applicant
5 da exportação 1
(Confirming Bank é avalista do
Confirming
(se a Carta de Crédito for “Restricted” é o próprio Issuing Bank e paga o
Bank
Advising bank que recebe os documentos do Exportador em caso de problema
Exportador, à pedido do Importador). no pgto.)
(se for Unrestricted o Negotiating Bank é escolha Fora do país do Importador
do Exportador).

• Applicant: Importador • Confirming bank: Banco Confirmador


• Issuing Bank: Banco Emitente da CC. • Reimbursing Bank: Banco Reembolsador
• Advising Bank: Banco Avisador • Beneficiary: Exportador
• Negotiating Bank: Banco Negociador

O Exportador (Beneficiary) insere na fatura pro-forma, como forma de pagamento, a cláusula: “letter of credit, irrevocable and
confirmed, first class bank”, acrescentando se ela é à vista ou à prazo. A irrevocabilidade protege o Exportador, pois impede que
o Importador (Applicant) ou o Banco Emitente (Issuing Bank) cancelem o documento por iniciativa própria.
19/43
Crédito Bancário ou Carta de Crédito
Procedimento (1/4)
• Fechado o negócio na fase da fatura pro-forma, o Importador
(Applicant) abre uma Carta de Crédito no banco de sua
preferência, o Banco Emitente (Issuing Bank), remete o documento
usando os serviços de um banco do país do Exportador
(Beneficiary), o Banco Avisador (Advising Bank) que vai verificar a
autenticidade da mensagem e em seguida entregar a Carta de
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Crédito ao Exportador (Beneficiary).


• O Banco Emitente (Issuing Bank) fornece as garantias de
pagamento do valor do crédito ao Exportador (Beneficiary), desde
que ele cumpra e respeite rigorosamente todas as exigências
inseridas no texto do documento.
• O Exportador (Beneficiary) insere na fatura pro-forma, como forma
de pagamento, a seguinte cláusula: “letter of credit, irrevocable and
confirmed, first class bank”, acrescentando se ela é à vista ou à
prazo. A irrevocabilidade protege o Exportador, pois impede que o
Importador (Applicant) ou o Banco Emitente (Issuing Bank)
cancelem o documento por iniciativa própria.
20/43
Crédito Bancário ou Carta de Crédito
Procedimento (2/4)
• Quanto à confirmação, o Exportador (Beneficiary) pode exigir a
participação de mais de um banco, o chamado Banco
Confirmador (Confirming Bank), que age como avalista do Banco
Emitente (Issuing Bank), caso ele não possa honrar as garantias
da Carta de Crédito por motivos políticos-extraordinários que
Prof. Dr. José Renato Kitahara

ocorrem no seu país.


• O Banco Confirmador (Confirming Bank), além de ser considerado
de primeira linha, terá de estar localizado em um país de
economia forte e estável e fora do país do Banco Emitente
(Issuing Bank).
• O embarque das mercadorias somente poderá ser feito se a
empresa considerar que tem condições de cumprir as exigências
do documento.
• Alterações para adequar podem ser tratadas envolvendo o
Importador e os outros bancos envolvidos. Entendimentos
paralelos ou diretos entre Exportador (Beneficiary) e Importador
(Applicant) serão ignorados pelos bancos.
21/43
Crédito Bancário ou Carta de Crédito
Procedimento (3/4)
• Pode haver exigências de documentos adicionais como
declarações das transportadoras, vistos consulares ou qualquer
outro tipo de documento que o Importador faça questão que seja
apresentado.
• Tais documentos representam o valor da Carta de Crédito e
Prof. Dr. José Renato Kitahara

devem ser encaminhados a um banco, que é o Banco


Negociador (Negotiating Bank) para que sejam conferidos com
as exigências do crédito documentário.
• Se a Carta de Crédito for “Restricted”, o Banco Negociador
(Negotiating Bank) deve ser obrigatoriamente o Banco Avisador
(Advising Bank) que entregou a Carta de Crédito ao Exportador.
• Se for “Unrestricted”, o Banco Negociador (Negotiating Bank)
poderá ser qualquer banco brasileiro da escolha do Exportador.
• O Banco Reembolsador (Reimbursing Bank) garante o
pagamento caso o Banco Emitente (Issuing Bank) não tenha
porte para o pagamento da carta de crédito.
22/43
Crédito Bancário ou Carta de Crédito
Procedimento (4/4)
• Da conferência documental, o banco negociador emite um parecer
definitivo podendo ser uma das situações:
– Atende as exigências da Carta de Crédito. Nesse caso, o Banco
Negociador envia ao Banco Emitente e esse faz o pagamento da
fatura comercial. Com as divisas no Brasil, o banco negociador
liquida o Contrato de Câmbio e entrega o contravalor em Reais ao
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Exportador, dando por encerrada a operação.


– Documentos do Exportador não atende às exigências da Carta de
Crédito: o Banco Negociador informa a situação ao Banco
Emitente, o pagamento é suspenso e o Importador é chamado
para dar a sua opinião. Podem ocorrer 3 alternativas:
1. O Importador pode aceitar as condições e ordenar ao banco
emitente a acolhê-los e pagar a fatura.
2. O Importador pode recusar os documentos errados e ordena
que o banco emitente suspenda definitivamente o
pagamento. Nessa situação radical, o Exportador deverá
trazer as mercadorias de volta para o Brasil.
3. O Importador aceita os documentos errados desde que, em
compensação, o Exportador conceda um desconto na fatura.
23/43

Convênio de Créditos Recíprocos (CCR)


• Convênio gerenciado pelos bancos centrais latino-americanos
(países membros da Aladi - Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e
Venezuela (exceto Cuba) e República Dominicana, no total de
doze participantes) que amparam financeiramente as Cartas de
Crédito de exportação e importação emitidas dentro da América
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Latina.
• Para isso, precisa constar no texto do Crédito Documentário
uma cláusula especial que mencione expressamente que a
Carta de Crédito está amparada pelo CCR.
• O reembolso entre os bancos centrais é feito em moeda
escritural e a cada 3 meses os representantes dos bancos
centrais se encontram em Lima-Peru para zerar as posições de
débito e crédito.
• Com CCR não precisa de Confirming Bank, o que reduz o custo
bancário de abertura.
24/43

Cartas de Crédito Especiais (1/5)


• Carta de Crédito Rotativa (Revolving Letter of Credit).
– É praticada quando o Importador possui programação de
compra para um ano. Assim, no lugar de uma Carta de
Crédito mensal, o Importador solicita a emissão de uma
única carta cujos valores e quantidades de mercadorias
renovam-se a cada período.

– Tipos de Carta de Crédito Rotativa:


Prof. Dr. José Renato Kitahara

• Cumulativa: as quantidades e valores acumulam-se para o


período seguinte, caso o Exportador tenha deixado de
embarcar uma das parcelas.
• Não cumulativa: o valor e quantidade não utilizados no período
são cancelados.

• Com restabelecimento automático: indica que os valores pagos


ficam renovados automaticamente para o período seguinte, até
completar o valor total do crédito documentário.
• Sem restabelecimento automático: o valor pago somente
poderá ser utilizado pelo Exportador, no período seguinte,
desde que haja autorização expressa do Importador por meio
de uma emenda pelo banco.
25/43

Cartas de Crédito Especiais (2/5)


• Carta de Crédito Back to Back:
– Não é uma Carta de Crédito.
– É uma operação de financiamento em favor do Exportador que
deseja levantar capital de giro antes do embarque das
mercadorias.
– Não é usado no Brasil porque o Exportador dispõe do ACC
Prof. Dr. José Renato Kitahara

(Adiantamento de Contrato de Câmbio) ou ACE (Adiantamento


de Cambiais Entregues) (descritos adiante).
– Em outros países, o Exportador, de posse de uma Carta de
Crédito Irrevogável, procura um banco para abrir uma Carta de
Crédito local de valor inferior, dando como lastro e garantia a
Carta de Crédito Internacional.
– Com essa Carta de Crédito local, o Exportador compra matéria-
prima para produzir a mercadoria a ser exportada.
– Após o embarque das mercadorias, o Crédito Documentário será
negociado normalmente e a diferença de valor entre uma e outra
representa o lucro da operação para o Banco.
26/43

Cartas de Crédito Especiais (3/5)

• Standby Letter of Credit:


– Funciona como um aval bancário.
– Usado em países que não permitem que os bancos
emitam Cartas de Garantia (exemplo USA e Canadá)
Prof. Dr. José Renato Kitahara

onde são as Seguradoras ou companhias de aval que


oferecem esse serviço financeiro.
– Ela é um instrumento de garantia ou Carta de
Garantia.
– Enquanto na Carta de Crédito convencional o banco
emitente assegura o pagamento ao Exportador desde
que ele respeite as exigências, na Standby LC o
banco emitente garante o pagamento ao beneficiário,
caso haja falha por parte do devedor principal.
27/43

Cartas de Crédito Especiais (4/5)

• Red Clause (Cláusula Vermelha):

– Cláusula especial no texto do Crédito Documentário


onde o Importador autoriza o Exportador a sacar
Prof. Dr. José Renato Kitahara

determinado percentual do valor da carta de crédito


antes do embarque.

– Funciona como sinal de pagamento.

– O risco é inteiramente do Importador e os bancos


apenas cumprem as suas ordens.
28/43

Cartas de Crédito Especiais (5/5)


• Green Clause (Cláusula Verde):
– Cláusula especial no texto do crédito documentário onde o
Importador permite que o Exportador entregue as
mercadorias no armazém da companhia transportadora e, a
partir desse instante, cessam as responsabilidades do
vendedor.
Prof. Dr. José Renato Kitahara

– O Exportador receberá um Forwarder Certificate Received


(FCR) no lugar do conhecimento de embarque.
– Com o FCR em mãos e os outros documentos
internacionais, o Exportador poderá concretizar a operação
no banco negociador da Carta de Crédito.
– A FCR atesta que a mercadoria foi recebida para embarque,
portanto, diferente de um conhecimento de embarque que
declara “embarcada a bordo”.
29/43
Considerações Finais
Riscos da Carta de Crédito
• O grau de dificuldade varia de acordo com o país do Importador.
• Créditos documentários do Oriente Médio são de alto risco, pois
demandam documentos de natureza político-religiosas nem
sempre possíveis de serem cumpridas ou que oneram o
Exportador.
Prof. Dr. José Renato Kitahara

• Exemplo de requisitos adicionais: vistoria prévia das mercadorias


ou dos vistos consulares.
• O texto do banco emitente confuso e dúbio pode ter a finalidade,
muitas vezes, de induzir o Exportador a cometer discrepâncias
para o Importador pleitear descontos.
• Cartas de Crédito vindas de países da América do Sul possuem
grau médio de dificuldade, semelhante às da América Central.
• Cartas de Crédito dos Estados Unidos, Canadá e União Europeia
são de pouca dificuldade, mas dependem da vontade do
Importador e do seu banqueiro.
• “Carta de Crédito não se interpreta. Cumpre-se!”
30/43

Conclusão

• O Crédito Documentário é um sistema de pagamento


seguro do ponto de vista financeiro, porém o seu
sucesso depende unicamente da capacidade que o
profissional ou empresa exportadora possa ter para
Prof. Dr. José Renato Kitahara

poder cumprir todas as exigências inseridas no texto da


Carta de Crédito.

• A normas cambiais do Banco Central são dinâmicas e


estão continuamente sendo alteradas.
31/43

Mercado Cambial Brasileiro

• A única moeda autorizada a circular no Brasil em todas


as transações internas é o Real.

• Então, qualquer entrada ou saída de moedas


Prof. Dr. José Renato Kitahara

estrangeiras deverá passar obrigatoriamente por um


Contrato de Câmbio e a conversão se dará pela taxa
cambial vigente no momento da opção (efetivação do
câmbio).

• A Resolução nº 3266 trata das regras e procedimentos


cambiais de exportação.
32/43
Adiantamento de Contrato de Câmbio
(ACC)
• É um financiamento pré-embarque. O Exportador pode levantar
capital de giro em um banco (valor total ou parcial).
• O adiantamento é todo feito em R$ e a conversão é feita pela
taxa de câmbio corrente do dia da contratação do ACC. Esse
adiantamento não tem alteração do câmbio, blindando o
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Exportador de possíveis variações cambiais até a entrega do


produto.
• O Exportador prefere valer-se do ACC para obter financiamento,
porque assume uma obrigação na moeda que vai receber pela
exportação, propiciando-lhe um hedge cambial.
• Custo = variação cambial + deságio sobre o dólar até a
liquidação do Contrato de Câmbio.
• O Exportador mantém a responsabilidade no caso da
inadimplência do Importador (mediante garantias ao banco do
ACC)
33/43
Adiantamento de Cambiais Entregues
(ACE)
• É um financiamento pós-embarque que pode ser contratado
em até 180 dias após o embarque das mercadorias em
exportações à prazo.
• Funciona como se fosse um desconto de duplicata a prazo no
mercado interno. Assim o Exportador levanta capital de giro.
Prof. Dr. José Renato Kitahara

• O adiantamento é todo feito em R$ e a conversão é feita pela


taxa de câmbio corrente do dia da contratação do ACE. Esse
adiantamento não tem alteração do câmbio, blindando o
Exportador de possíveis variações cambiais até a entrega do
produto (hedge cambial).
• Custo = variação cambial + deságio sobre o dólar até a
liquidação do Contrato de Câmbio.
• O Exportador mantém a responsabilidade no caso da
inadimplência do Importador (mediante garantias ao banco do
ACE).
34/43

Câmbio Travado

• Operação prevista para Exportadores com liquidez financeira e


que não precisam de levantar capital de giro.
• O Exportador negocia normalmente a documentação de
exportação e fecha o Contrato de Câmbio sem solicitar
Prof. Dr. José Renato Kitahara

adiantamento em Reais.
• A moeda será entregue ao Exportador na liquidação do
contrato e para compensar a perda da variação cambial, o
banco dá um prêmio ao Exportador.
• Não tem sido muito usada depois da estabilização da moeda,
porque a taxa cambial permanece dentro da banda fixada pelo
Banco Central e porque o Exportador prefere fazer um ACC ou
ACE e aplicar no mercado financeiro que atualmente rende
mais que a variação cambial (comentário referente ao período
de estabilidade cambial do Plano Real até jan/1999).
35/43

Contratos Comerciais

• Durante as negociações preliminares ou no fechamento


da Pro Forma Invoice, o Exportador e o Importador
podem formalizar um contrato, independentemente da
forma de pagamento que estiverem pactuando, seja
Prof. Dr. José Renato Kitahara

cobrança documentária ou carta de crédito.

• Nas duas modalidades os bancos intervenientes estão


totalmente isentos de qualquer responsabilidade legal ou
das consequências dos contratos comerciais.

• Arbitragem comercial é um mecanismo extrajudicial de


solução de controvérsias (Convenção de Nova York -
reconhecimento e execução de sentenças arbitrais
estrangeiras).
36/43

Contratos Comerciais: Irrevogabilidade

• É condição bancária que favorece o Exportador


principalmente nas operações com Créditos
Documentários porque o Importador não pode desistir
do acordo.
Prof. Dr. José Renato Kitahara

• O Importador fica em desvantagem porque a


irrevogabilidade não o protege, uma vez que o
Exportador, mesmo com a Carta de Crédito em mãos,
pode desistir de embarcar as mercadorias.
37/43

Contratos Comerciais: Mercadoria

• O Importador pode exigir nas Cartas de Crédito um


certificado de inspeção na fábrica do Exportador, um
serviço realizado por empresas independentes e de
reconhecido prestígio internacional.
Prof. Dr. José Renato Kitahara

• Assim mitiga (diminui) o risco de embarcar mercadorias


divergentes.
38/43
Contratos Comerciais:
Validade dos Documentos
• Os bancos intervenientes estão isentos da responsabilidade
quanto à validade dos documentos apresentados pelo
Exportador.
• Os bancos intervenientes também não têm responsabilidade
quanto à suficiência, exatidão, autenticidade, conteúdo ou
Prof. Dr. José Renato Kitahara

efeito legal dos documentos apresentados pelo Exportador.


• Os bancos são isentos da responsabilidade sobre atraso e/ou
perda em trânsito de qualquer mensagem, cartas ou
documentos, mutilação ou outros erros decorrentes da
transmissão de qualquer telecomunicação.
• A única forma do Importador se precaver sobre a falsidade
documental é exigir, seja na Carta de Crédito ou na
Cobrança, a intervenção de uma empresa independente no
país do Exportador para que faça o exame dos documentos
(e as vezes até da mercadoria), adicionando, ainda, o visto
consular a fim de dar autenticidade a esses papéis.
39/43
Contratos Comerciais:
Tolerâncias, quantidade e valor
• No momento do embarque, o Exportador pode ter necessidade de
colocar a bordo um pouco mais ou a menos de mercadorias e,
consequentemente, faturar o valor correspondente ao que foi
embarcado.
• Essa tolerância é permitida quando a quantidade de mercadoria é
Prof. Dr. José Renato Kitahara

medida em m3, m2, tonelada ou a granel, não sendo aceita


quando se trata de unidades ou peças de quantidade extra.
• Nos Créditos Documentários a tolerância (chamada ABOUT) é de
10% a mais ou a menos. No caso de embarque parcial, a
tolerância é de 5% a mais ou a menos. Se não tiver tolerância
“about” e os embarques parciais estiverem proibidos, acima do
limite de 5% não é possível faturar a quantidade maior.
• Nas Cobranças Documentárias não se estipula qualquer tipo de
tolerância de quantidade de mercadoria uma vez que os bancos
não examinam o conteúdo dos documentos e os apresentam ao
Importador da forma como foram apresentados pelo Exportador.
40/43
Contratos Comerciais:
Prazo de embarque das mercadorias
• Nas Cobranças Documentárias não tem prazo limite. É
definido no pro-forma-invoice.

• Nos Créditos Documentários existe um prazo


Prof. Dr. José Renato Kitahara

mencionado explicitamente no texto da Carta de Crédito


como parte das exigências ao Exportador.

• A data é a data do conhecimento de embarque.

• A discrepância poderá anular as garantias bancárias do


Issuing Bank.
41/43
Contratos Comerciais:
Prazo de negociação documental

• Nas Cobranças Documentárias não tem prazo limite. É


definido no pro-forma-invoice.
Prof. Dr. José Renato Kitahara

• Nos Créditos Documentários existe um prazo


mencionado explicitamente no texto da Carta de Crédito
como parte das exigências ao Exportador.

• A data é a data do conhecimento de embarque.


42/43
Contratos Comerciais:
Embarques Parciais
• O Exportador pode enviar as mercadorias aos poucos
como ele decidir fazer (quantidade, data e com o valor
correspondente), mas dentro do prazo de validade de
embarques, estabelecido no texto do Crédito
Prof. Dr. José Renato Kitahara

Documentário e cada embarque parcial corresponde a


um processo independente.

• Se o embarque parcial é proibido e o prazo de


embarque é curto, é porque o Importador precisa das
mercadorias com urgência.
43/43

Embarques Parcelados

• A definição da data de embarque, quantidade de


mercadorias e valor de cada parcela é do Importador
que coloca a exigência formalmente no texto da Carta
de Crédito ou informalmente no Contrato Mercantil da
Cobrança Bancária.
Prof. Dr. José Renato Kitahara

• Se o embarque foi parcelado, o Exportador não pode


fazer o embarque total.

• Se alguma das parcelas não foi cumprida,


automaticamente as parcelas vindouras estarão
canceladas anulando as garantias bancárias do Crédito
Documentário.

Você também pode gostar