Você está na página 1de 40

0461.

CENOGRAFIA E COMPOSIÇÃO

Técnico/a de Vitrinismo
Origem da cenografia

• Grécia Antiga (século X a. C. aproximadamente);

• Ligada ao teatro, frequentemente realizado ao ar livre, com o


apoio de tendas dos soldados de campanha, fachadas e
palácios e templos;

• Imagens visuais que acompanham a representação, sendo


considerara a arte de adornar e decorar o palco.
• Cenografia era simplificada pelas unidades de ação...
– Tempo e lugar da tragédia grega, que se remetia aos traçados de
fachadas e templos, sendo comum a realização de
representações em praças associadas à celebração ou adoração
religiosa.
• Cenografia estava associada ao teatro ou à representação
pictórica num espaço tridimensional;

• Invenção do desenho em perspetiva marcou o início de um


novo estilo, onde a representação do real era a expressão de
uma época;

• Século XXI – Remete para outros espaços não convencionais,


integra outras formas de arte e tecnologia.
Teatro de Dionísio, Atenas, 330 a. C
Cenografia na atualidade

• Conceito de evento;

• Entendido como condutor de dinamização cultural,


considerando todos os elementos organizados num espaço
cénico, que contribuem para a criação de uma atmosfera
dramática.
Criar um espaço cenográfico é criar uma
narrativa, que introduz uma história a um
público específico, refletindo uma ideia e não
apenas uma decoração.
(Forte, 2017)
Objetivos da cenografia

• Responder a uma questão espacial num projeto que existe numa


determinada localização física;
• Fortalecer as ideias que se pretende transmitir no projeto, podendo
este ser um espetáculo, um filme, uma exposição, entre ouras
possibilidades.

Carácter dinâmico e flexível, os limites dependem do local a que


se destina, público e experiência que pretende transmitir.
Elementos que compõem o espaço cénico

• Sua conceção tem a arquitetura como ponto de partida, pois


tem como intuito oferecer um local físico ao espaço
cenográfico;

• Esboços, proporções, aberturas, luz, materialidade e


pequenos detalhes que ligam os elementos constituintes ao
processo de planeamento e concretização da instalação.
Cenografia em Portugal

• No caso português, a cenografia era praticada em condições


precárias e de habitual anonimato (até parte considerável do século
XX);

• Augusto Ricardo refere esse anonimato como injusto, uma vez que
foi quebrado por alguns nomes extraordinários na sua técnica,
talento e popularidade.
• Como solução, afirma que os cenógrafos deveriam assinar os
seus trabalhos de forma visível, como viria a acontecer no
teatro da revista:

– Maria Adelaide de Lima Cruz;


– Pinto de Campos.
• Na ausência de material iconográfico restam as memórias de
alguns fazedores e apreciadores do teatro e o relato da crítica
como forma de recuperação da memória do espetáculo;

Figuras como Carlos Porto, Mário Sério ou Urbano Tavares


Rodrigues.
• Dimensão visual do espetáculo era mais comum em alguns

géneros mais rentáveis, que compensava a falta de qualidade do


texto – teatro da revista ou das mágicas;

• Ruptura com as práticas instituídas ou o carácter de novidade:

– “Um drama no fundo do mar” (1883) - Teatro Nacional Dona


Maria II, cenografia de Luigi Manini – mereceu a referência de 3 nºs
diferentes d´Occidente (n.º 157, n.º 159, n.º 167);

– N.º 167: Qualidade impressionante do trabalho de Manini e do

maquinista Caprara.
• No final do século XIX, existem algumas referências à primeira
geração de cenógrafos em Portugal:
– “Grandes pintores de quadros não saberiam executar uma
simples scena com perfeição” (Bastos, 1908);

Definição de cenógrafo como um pintor especializado que


deveria dominar várias disciplinas, como o desenho, a pintura,
a escultura, a arquitetura e a perspetiva.
• No período finissecular, a cenografia era essencialmente
decorativa e bidimensional:
– Telões,
– Panos de fundo,
– Rompimentos,
– Bastidores,
– Praticáveis,
– Lados
– Faldrões.
• Manini chegou a Lisboa em 1879 (arquiteto, cenógrafo, pintor
e fotógrafo amador) - cenógrafo do Real Teatro de São Carlos;

• Colaborou com figuras do teatro declamado, ópera dos


portugueses e cenários para teatro ligeiro como a revista Sal e
Pimenta (1894) no teatro da trindade.
Século XX
• Tentativas de afastamento do realismo cénico;
• Teatro da Natureza – Augusto Pina;
• Teatro Novo – António Ferro.
Modernismo
• Movimentos culturais, escolas e estilos das artes e do design
na 1.ª metade do século xx;
• Busca pela novidade nas formas e a insubordinação contra as
autoridades instituídas;
• O movimento modernista baseou-se na ideia de que as
formas tradicionais das artes plásticas, literatura, design,
organização social e vida quotidiana estavam ultrapassadas.
Modernismo

• Termo utilizado a partir de meados do século XIX


para se referir a inovações de vários tipos;
• Segundo Peter Burge:
– “Fascínio pela heresia” – ruturas formais que
provocaram inovações e foram tomadas por
revolucionárias;
– “Exploração do eu”...
Augusto Pina (1872 – 1938)
• Formado na Escola de Belas Artes de Lisboa e com estudos
complementares em Paris (Academia Julien);
• Decorador, cenógrafo de teatro, ilustrador de jornais e
revistas.
António Ferro (1895-1956)
• Teatro Novo - António Ferro tomou forma, em 1925, no foyer
do Palácio Tivoli, em Lisboa;
• Apresentou 2 peças escolhidas por Ferro do repertório de
sucesso parisiense
– Knock ou Vitória da Medicina de Jules Romains;
– Uma Verdade para Cada Um de Luigi Pirandello.
- Joaquim de Oliveira no papel de doutor Knock ou a Vitória da
Medicina, de Jules Romains;

- Peça estreou em Lisboa, 1925, com António Ferro a


inaugurar o Teatro Novo.
Século XX:

• O cenógrafo transformou-se no arquiteto do espaço


cénico;
• Criador de uma encenação plástica; construída com
matéria das palavras.
Primeiras 3 décadas do século XX

• Importantes inovações no Teatro de Revista – Introdução do


modernismo visual censuradas pelo Estado Novo...
• Esforço de renovação do género Teatro ABC (catedral do
teatro de revista) pela equipa do Sérgio d´Azevedo e pela
fundação Ádoque em 1970;
• Teatro Experimental – produção teórica de
autores e fazedores de Teatro, como Redondo
Júnior e António Pedro;
• Teatro Experimental do Porto – Companhia
que estabeleceu a figura do encenador em
Portugal e tornou a cenografia um importante
instrumento de significação no espetáculo.
TEP
• Companhia profissional do Círculo de Cultura Teatral/Teatro
Experimental Porto;
• A mais antiga companhia teatral portuguesa (1º espetáculo
em 1953);
• Com António Pedro (1953-1961) iniciou uma revolução
estética no nosso Teatro, prolongada pelos continuadores
desta obra e introduziu o conceito de encenação moderna no
nosso País.
• 1956 - o TEP inaugurou com “MACBETH”, de Shakespeare, o Teatro de
Algibeira, depois de Bolso e, depois, António Pedro, sua sede e espaço
teatral até 1980.
• 1978 - foi co-fundador com a Seiva Trupe, do FITEI.

• 1994 - um incêndio destruiu a Sala-Estúdio do TEP,

• Após o incendio passou pela Casa das Artes, Teatro Sá da Bandeira e o


Clube dos Fenianos Portuenses) até fevereiro de 1999;
• Por não encontrar alternativa no Porto, propôs à Câmara Municipal de Vila
Nova de Gaia a sua transferência para este concelho, em 1999;
• Em Vila Nova de Gaia estreou (de julho de 1999 a Dezembro de 2012) 52
novos espetáculos, efetuou dezanove reposições, realizou ações de
formação e outros atos paralelos.
Teatro Experimental do Porto - O grande tratado da encenação
no âmbito da Trilogia da juventude
Evolução da cenografia
A cenografia em Portugal acompanhou a tendência do resto
da Europa:
Século XIX era essencialmente bidimensional, obtida
através da pintura

Século XX - cenógrafo tornou-se autor de ambientes


completos que traduziam plasticamente uma síntese
dramatúrgica.
• Primeira cadeira de cenografia surgiu, em Portugal, em 1914,
quando Augusto Pina foi nomeado professor de Cenografia e
Decoração Teatral do Conservatório;

• Em 1998 João Ribeiro Mendes apresenta o cenógrafo como


“organizador do espaço” e “autor teatral”;

• A cenografia passa a ser vista como arte de síntese e como a


materialização plástica da dramaturgia e ao cenógrafo uma
espécie de dramaturgista visual.
“A cenografia existe desde que existe o espetáculo teatral na Grécia
Antiga, mas em cada época teve um significado diferente,
dependendo da proposta do espetáculo teatral. O teatro é, como
toda a arte, intimamente relacionado com o meio social onde surge,
e será definido conforme o pensamento de cada época. Assim o
teatro e cenografia da Grécia Antiga são diferentes dos de Roma da
Idade Média, do Renascimento e do Barroco.”

in MANTOVANI, Anna (1989)


Referências Bibliográficas
• Azevedo, E. (2022). Percursos da cenografia portuguesa
(1870-1974).
• Casanova, M (2019). A influência da formação na cenografia.
• Forte, J. (2017). Cenografia “Uma trança de muitos fios”.
• http://doportoenaoso.blogspot.com/2021/11/labirintos-da-m
emoria-1.html
• https://www.dgartes.gov.pt/pt/entidade/1070
• https://pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo

Você também pode gostar