Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Gordon Craig e
Adolphe Appia
A V I R A D A D O S É C U L O X I X PA R A X X N A S A RT E S
CÊNICAS
André Antoine (Limoges, 31 de janeiro de 1858 — Le Pouliguen
André , 19 de outubro de 1943) foi um ator, autor, diretor de teatro,
Antoine cineasta e crítico francês, considerado o inventor da moderna
mise en scène na França e um dos pais do naturalismo no cinema.
André Antoine era um auxiliar de escritório na empresa
Paris Gas Utility e trabalhou no Archer Theatre, onde
pediu para produzir a dramatização de uma novela de
Émile Zola. O grupo amador se recusou, então ele
decidiu criar seu próprio teatro para realizar sua visão do
Biografia desenvolvimento adequado das artes dramáticas.
As performances do Théâtre Libre foram muitas vezes densas em implicações sociais e psicológicas. As
produções rejeitavam o estilo formal de atuação que prevalecia naquele tempo. Apesar de serem defensores
do naturalismo, eles ainda eram adeptos de algumas ideias de "atuação para a audiência".
Em 1894, Antoine abriu mão de dirigir seu próprio teatro devido à falência, e
tornou-se conectado com o Gymnase, e dois anos depois, com o teatro Odéon, do
qual foi diretor entre 1906 e 1914 quando, fortemente endividado, deixou o
Odéon e voltou-se ao cinema. Entre 1915 and 1922 dirigiu inúmeros filmes sobre
auspícios da Société cinématographique des auteurs et gens de lettres de
Pierre Decourcelle, adaptando obras dramáticas como La Terre, Les Frères corses
e Quatre-vingt-treize. Ele aplicou os principios do naturalismo no cinema, dando
importância aos cenários, elementos naturais que determinam o comportamento
dos protagonistas, e utilizando-se de atores não-profissionais que não eram
amarrados às velhas formas do teatro. Para Jean Tulard, sua reputação literária e
seu envolvimento em "dar aos filmes um sentido de nobreza" influenciaram
diversos realizadores como Louis Mercanton, Capellans Hervil, etc, tornando-o
"o verdadeiro pai do neorealismo".
Depois de instalar-se no Royal Theatre de Croydon e associar-se ao compositor Martin Shaw, ampliou seu campo de interesses e
dirigiu (1900) a montagem da ópera Dido and Aeneas, de Henry Purcell. Transferiu-se para a Itália em busca de inovações e
fundou uma escola de arte dramática em Florença (1913). Posteriormente, realizou vários trabalhos como diretor de teatro em
capitais, como Moscou, Copenhague e Berlim. Publicou diversas obras teóricas, entre as quais On the Art of the Theatre (1911),
onde expôs uma nova concepção de arte cênica. Passou a residir em Vence, França (1931), cidade onde morreu."
O também desenhista e gravurista, muito conhecido por seus trabalhos artísticos e teorias,
defendia a união entre todas a técnicas envolvidas numa encenação (cenário, música, luz,
atores, figurinos, texto), estas a serem desenvolvidas pelo encenador numa unidade
conceitual.
Para Craig, o teatro deveria estar em movimento, através das revelações filosóficas, poéticas
e místicas, e ser apontado como arte visual, por influenciar profundamente o espírito da
plateia através das imagens e gestos simbólicos.
Relevância Foi um grande combatente da iluminação de ribalta, até então, muito utilizada nos palcos
entre os séculos XIX e XX. Defendia a criação de atmosferas e efeitos de grandes
para o teatro plasticidades simbólicas. Suas teorias proporcionaram uma grande liberdade ao desenho da
cena contemporânea, mesmo com algumas impossíveis de serem executadas.
“Quando aí estiverem de novo reunidos, nascerá uma arte tão elevada, tão universalmente
admirada que se descobrirá nela uma nova religião. Uma religião que não fará sermões, mas
revelações; que não nos apresentará imagens definidas como as criadas pelo pintor ou pelo
escultor, mas nos desvendará o pensamento, silenciosamente, pelo gesto, por sucessivas
visões. ” Trecho do livro Da Arte do Teatro, escrito por ele entre 1904 e 1910.
Com a iluminação que se notabilizaria, sendo ela um dos mais decisivos legados de Gordon Craig.
Sua principal inspiração nessa área se originou das obras do pintor e educador bávaro Hubert von
Herkomer (1849-1914). Este artista converteu uma antiga capela em um teatro – que integrava a
estrutura da escola de artes The Herkomer School - onde criou obras dramáticas, com ênfase no
tratamento da luz e da sombra. Também, trouxe inovações técnicas para a iluminação, instalada
nos bastidores e projetada no palco com sidelighting.
Gordon Craig assistiu a uma dessas peças, testemunhando o uso de gazes medicinais leves e
iluminação elétrica na criação de recursos cenográficos – o que já era significativamente
inovador em um período marcado pelo uso de lamparinas a óleo para a iluminação dos espaços
Técnica cênicos. Imediatamente, Craig decidiu experimentar a utilização desses materiais (gazes leves) e
luzes laterais com cores diferentes em suas produções, sendo que a iluminação complementar
àquela das laterais viria da parte superior do proscênio e direcionadas para o palco – o que não
era ainda realizado por ninguém até então. Também, Craig rejeitou o uso de ribaltas, pois
considerava um recurso de exagerada artificialidade.
Na sua relevante obra, visualiza-se a manifestação da sua sensibilidade nos elementos cenográficos e no cuidado com a
iluminação, que transpassa e recorta os elementos em cena, além da expressão dos sentimentos e do imaginário. Deixou, além de
dez livros seminais, diversos desenhos, xilogravuras, sketches e maquetes, de modo a demonstrarem suas ideias e projetos.
Após um período profícuo de produções, textos e livros, Gordon Craig mudou-se para a França em 1931, onde passou a maior
parte de sua vida. Mesmo após um período de trabalhos em Moscou em 1935, voltou para fixar sua residência na França, mesmo
em circunstâncias difíceis. Foi inclusive preso pelas forças de ocupação alemãs, em 1942, período esse que estimulou a elaboração
de um livro de memórias, publicado em 1957. Morreu em Vence, França, na região Provence-Alpes-Côte d'Azur no ano de 1966,
aos 94 anos.
Evidencia-se na obra de Gordon Craig a capacidade de invenção, reinvenção, criatividade, inovação e avanços conceituais, sendo
possivelmente o primeiro Lighting Designer “universal”, cujas ideias sobre direção de palco e design eram consideradas de
importância internacional, mesmo que ele nunca tivesse muita oportunidade de colocar suas teorias em prática, pelas limitações
técnicas e tecnológicas do período em que viveu mais intensivamente a sua obra.
Appia foi um dos primeiros teóricos a pensar a cenografia de
dentro do teatro, ou da arte dramática, como dizia ele. Os seus
estudos partiram primeiramente do trabalho do ator, mais
especificamente dos movimentos dos corpos dos atores e de
Adolphe como eles se relacionavam com o espaço e a cenografia teatral.
Sua teoria não foi proposta a partir de conhecimentos puramente
Appia estéticos sobre a plasticidade da cena. Appia estava interessado
primeiramente na organicidade da cena, a partir da compreensão
do espaço como um lugar tridimensional, capaz de se relacionar
com o corpo do ator que também era tridimensional e se
movimentava por toda a extensão compreendida pela cena.
Teorias
O princípio central que sustenta grande parte do trabalho de Appia é que a unidade artística é a função primária do diretor e do designer. Appia sustentava que a
pintura cenográfica bidimensional e a dinâmica performática que ela criava eram a principal causa da desunião da produção em seu tempo. Ele defendeu três
elementos como fundamentais para a criação de uma mise-en-scène unificada e eficaz:
-cenário perpendicular;
Appia viu a luz, o espaço e o corpo humano como mercadorias maleáveis que deveriam ser integradas para criar uma mise-en-scène unificada. Ele defendia a
sincronicidade de som, luz e movimento em suas produções de óperas de Wagner e tentava integrar o corpo de atores com os ritmos e humores da música. Em
última análise, no entanto, Appia considerou a luz como o elemento primário que fundiu todos os aspectos de uma produção e ele consistentemente tentou unificar
elementos musicais e de movimento do texto e pontuar para os aspectos mais místicos e simbólicos da luz. Ele muitas vezes tentou fazer com que atores, cantores e
dançarinos começassem com um gesto ou movimento simbólico forte e terminassem com outra pose ou gesto simbólico forte. Em suas produções, a luz estava
sempre mudando, manipulada de momento a momento, de ação a ação. Em última análise, Appia procurou unificar o movimento do palco e o uso do espaço, o
ritmo do palco e a mise-en-scène.
Appia foi um dos primeiros designers a entender o potencial da iluminação de palco para fazer mais do que meramente iluminar atores e cenários pintados. Suas
idéias sobre a encenação do "drama palavra-tom", juntamente com suas próprias encenações de Tristão und Isolda (Milão, 1923) e partes do Anel (Basilea, 1924-
1925) influenciaram encenações posteriores, especialmente as da segunda metade do século XX.
Para Appia e para suas produções, a mise-en-scène e a totalidade ou unidade da experiência da performance era primordial e ele acreditava que esses elementos
impulsionavam o movimento e iniciavam a ação mais do que qualquer outra coisa (Johnston, 1972). Os projetos e teorias de Appia inspiraram muitos outros
criadores de teatro, como Edward Gordon Craig, Jacques Copeau e Wieland Wagner.