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- Graduado em Letras-Italiano
- Mestre e doutor em Letras Neolatinas (Italiano)
- Doutor em Língua Portuguesa
- Professor há quase 15 anos
- Preparação para concursos, vestibulares e pós-graduação
- CEDERJ
- Instituto Federal Fluminense
- UERJ
- Liceu
@jeff_evaristo
- Produção de textos
- Ensino de produção de textos
- Orientação de escrita
- Formação de professores
- O perfil do Liceu
- O perfil esperado dos alunos
Há, ainda, vários manuais de estilo de diferentes jornais. Por fim, cito também o manual de
estilo do Senado federal.
Sobre o “estilo”
(...) O médico perguntou-lhe, Nunca lhe tinha acontecido antes, quero dizer, o
mesmo de agora, ou parecido, Nunca, senhor doutor, eu nem sequer uso óculos, E
diz-me que foi de repente, Sim, senhor doutor, Como uma luz que se apaga, Mais
como uma luz que se acende, Nestes últimos dias tinha sentido alguma diferença na
vista, Não, senhor doutor, Há, ou houve, algum caso de cegueira na sua família, Nos
parentes que conheci ou de quem ouvi falar, nenhum, Sofre de diabetes, Não,
senhor doutor, De sífilis, Não, senhor doutor, De hipertensão arterial ou intracraniana,
Da intracraniana não sei, do mais sei que não sofro, lá na empresa fazem-nos
inspecções, Deu alguma pancada violenta na cabeça, hoje ou ontem, Não, senhor
doutor, Quantos anos tem, Trinta e oito, Bom, vamos lá então observar esses olhos.
O cego abriu-os muito, como para facilitar o exame, mas o médico tomou-o por um
braço e foi instalá-lo por trás de um aparelho que alguém com imaginação poderia
ver como um novo modelo de confessionário, em que os olhos tivessem substituído
as palavras, com o confessor a olhar directamente para dentro da alma do pecador,
Apoie aqui o queixo, recomendou, mantenha os olhos abertos, não se mexa. A
mulher aproximou-se do marido, pôs-lhe a mão no ombro, disse, Verás como tudo se
irá resolver.
Sobre o “estilo”
Sobre o “estilo”
Sobre o “estilo”
Sobre o “estilo”
Sobre o “estilo”
Sobre o “estilo”
Estilística do som
Estilística do som
Vamos tomar como exemplo a narrativa de um jogo de futebol. A velocidade de
fala do narrador, seu tom de voz e o prolongamento das vogais e consoantes
são ferramentas fundamentais para a reconstrução, por parte de quem ouve,
das emoções atreladas aos lances do jogo.
Estilística do som
Foi o que aconteceu, por exemplo, com a conhecida narração do jogo da Copa
do Mundo de 2014, em que o Brasil perdeu para a Alemanha por 7 x 1.
A cada gol que narrava, Galvão Bueno diminuía a intensidade e o tom de voz
da palavra gol, numa associação entre o enunciado e o sentimento de
frustração, incredulidade e tristeza diante do resultado que se apresentava.
Estilística do som
Estilística do som
A construção em é fundamental para a associação com o barulho de uma
metralhadora efetuando disparos.
Estilística do som
A rima é outra das manifestações da estilística do som que é muito produtiva.
E as estrelas lá do céu
Eu vou buscar
Beijos com sabor de mel
Eu vou te dar
E pra nossa união
Eternizar
Peço ao pai em oração
Abençoar
Estilística do som
Inúmeras figuras de linguagem associam-se aos sons e produzem efeitos
estilísticos bastante produtivo. Não vamos aqui fazer uma listagem exaustiva
dessas figuras, mas quero ainda demonstrar algumas manifestações sobre o
tema.
https://www.maioresemelhores.com/trocadilhos-mais-bobos-e-engracados/
Estilística do som
Nas redes sociais, é possível encontrar diferentes construções com base na
paronomásia:
Estilística do som
Bem, nem sempre o uso é blasé...
Estilística do som
Por fim, a estilística do som não se manifesta apenas nos exemplos ligados à
rima ou figuras de linguagem. Há vários outros exemplos, como o da
aproximação sonora de estruturas repetidas, por exemplo.
Nosso problema linguístico não é a regência desse ou daquele verbo; não é esta ou aquela
concordância verbal; não são as regras de colocação dos pronomes oblíquos.
Nosso problema linguístico são 5 milhões de jovens entre 15 e 17 anos que estão fora da
escola. Nosso problema são os elevados índices de evasão escolar. Nosso problema é
termos ainda algo em torno de 12% de analfabetos na população adulta. Nosso problema é o
tamanho do analfabetismo funcional, isto é, a quantidade daqueles que, embora frequentem
ou tenham frequentado a escola, não conseguem ler e entender um texto medianamente
complexo.
Os estudos sugerem que apenas 25% da população adulta brasileira, perto de 30 milhões de
pessoas, conseguem ler e entender um texto medianamente complexo.
FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira. São Paulo: Parábola, 2008.p. 71-72.
Estilística do som
Estilística do som
Estilística do som
Estilística do som
Estilística lexical
No campo do léxico, também, a estilística encontra uma camada altamente
produtiva para seus fins, podendo realizar construções com teor de
expressividade elevado.
Há, naturalmente, como articular uma estilística do som com uma lexical,
ampliando as possibilidades expressivas.
Estilística lexical
Literariamente, um exemplo bastante discutido é o da construção neologística
de Graciliano Ramos, que em seu “Vidas Secas” leva a um ápice a
potencialidade morfológica da língua portuguesa a partir do constante recurso
de modificar, recriar, ressignificar e inventar palavras novas na língua.
https://medium.com/@
webysther/gloss%C3%A1rio-vidas-secas-de-gracilianoramos-6f5e0ad22019
Seus livros não seriam o que foram, certamente, sem esse recurso. Não por
que não possuíssem características meritórias em si mesmos, mas porque a
capacidade inventiva da língua foi a marca principal de seu estilo, de sua
estilística.
Estilística lexical
O poeta brasileiro Zé da luz, nascido no início do século XX, possui um poema
chamado “Ai se sesse”. Na época, disseram para ele que para contar histórias de
amor seria necessário que ele utilizasse a norma culta da língua, porque histórias
de amor só poderiam ser contadas assim: com rigor normativo-gramatical. Como
resposta, Zé da luz escreveu seu poema “Ai se Sesse”
https://www.youtube.com/watch?v=aSpCkGeiTec
Estilística lexical
Ainda sobre a aproximação entre estilística fônica e lexical, temos o Sintaxe à
vontade, do Teatro Mágico
Estilística lexical
Como adiantado, assim como podemos considerar aqui haver um exemplo de
estilística da palavra, podemos considerar haver também um exemplo de estilística
do som. As duas camadas da língua agem simultaneamente para a construção dos
sentidos.
Estilística lexical
Ou como Zeca baleiro, em Telegrama
Eu 'tava triste tristinho Hoje eu acordei com uma vontade danada
Mais sem graça que a top model magrela na passarela De mandar flores ao delegado
Eu 'tava só sozinho De bater na porta do vizinho e desejar bom dia
Mais solitário que um paulistano De beijar o português da padaria
Que um canastrão na hora que cai o pano
'Tava mais bobo que banda de rock Mama, ô mama, ô mama
Que um palhaço do circo Vostok Quero ser seu, quero ser seu, quero ser seu, quero ser seu papa
...
Mas ontem eu recebi um telegrama Mama, ô mama, ô mama
Era você de Aracaju ou do Alabama Me dê a mão, vamos sair pra ver o Sol (quero ser seu, quero ser seu)
Dizendo nego, sinta-se feliz
Porque no mundo tem alguém que diz
Que muito te ama
Que tanto te ama
Que muito, muito te ama
Que tanto te ama
Estilística lexical
Ou, ainda, casos em que a aproximação das palavras a partir de seus radicais
comuns (ou de som aproximado) cria efeitos expressivos interessantes:
Estilística lexical
Às vezes, a estilística vira meme
Estilística lexical
Ou empreendedorismo
Estilística lexical
Haja empreendedorismo
Estilística lexical
Só que às vezes ele passa dos limites
Estilística lexical
Esse caso mais moderno com lojas de comida usando o sufixo “eria” parece ser,
inclusive, uma interferência do espanhol, língua em que muitas das palavras já
termina naturalmente com esse tipo de sufixo.
Estilística lexical
Essa questão do uso de palavras em outros idiomas também é um caso
interessante para se pensar em questões sobre estilística.
Estilística lexical
E, para variar, isso transcende a questão de “ensino de língua portuguesa” –
inclusive com pitadas de humor..
Estilística lexical
Sabe o rolê x rolé e a questão da identificação? Então...
https://www.instagram.com/reel/CmNn-l8u2oT/?igshid=Zjc2ZTc4Nzk=
E se o exemplo fosse
Hoje em dia, a tua mente interpreta/encena ou mente?
Somente/apenas ria, só sorria
Não são construções com nenhum tipo de problema gramatical, embora sejam
construídas a partir de outra sintaxe e do uso de outras palavras.
Seria possível manter a ideia inicial, mas a expressividade sonora, também marcada
pela figura de linguagem, estaria perdida.
Em ocorrência análoga, sua reescritura com alternância da organização estrutural das frases faria
com que a rima e a repetição da desinência -sse descaracterizasse o poema. A perda de
expressividade, também aqui, seria visível.
Aí os críticos de Zé da luz poderiam até estar certos, embora fatalmente errados. Viram a maluquice?
Do mesmo modo, imaginemos que suas frases, relativamente de tamanho igual, deixassem de estar
assim distribuídas e passassem a, hipoteticamente, uma ter dezessete palavras, outra três, outra
doze, outra quinze, outra duas...
A diferença do poema seria tamanha que, possivelmente, ele deixaria de ser um poema e seria
apenas uma junção de palavras em diferentes linhas.
Todo o hino nacional é repleto de anástrofes, sendo essa, talvez, sua principal marca estilística.
Alguém poderia pensar, com certa razão, que a estilística estaria reservada às construções
artísticas e/ou literárias da língua, tanto pelo nome da área de estudos quanto pelos exemplos
prototípicos que são comuns à área (os meus, inclusive, em certa medida).
A noção, todavia, está equivocada, como temos visto até aqui com os variados exemplos
utilizados. Vamos agora a Hollywood.
Nos filmes, o mestre Yoda, um dos jedis mais poderosos, sábios e antigos, tem todas as suas
falas marcadas pela anástrofe.
https://www.youtube.com/watch?v=LKnlv97Uzn8
As falas do mestre Yoda servem, também, para lhe conferir um ar de inteligência, como o jedi
sábio que instrui os outros jedis. Como se vê, uma aplicação estilística utilizada na construção
de um personagem fílmico.
Vejamos agora este outro exemplo, retirado da Folha de São Paulo e comentado por
Henriques:
Há dezenas de dissertações e teses que foram realizadas usando apenas as capas desse
jornal como corpus de pesquisa. Eu mesmo tenho um artigo em que comento questões de
semântica a partir do Meia Hora.
Vamos ao jornal?
https://www.instagram.com/reel/Cksio4gDjGC/?igshid=YmMyMTA2M2Y=
https://www.instagram.com/reel/CuP-Oz6xW8y/?igshid=OGIzYTJhMTRmYQ==
Aqui, importam as relações de sentido expressas no todo do texto, considerando sua condição
de produção, seu contexto e suas relações intra e intertextuais.
Justamente por isso, são chamadas de figuras de pensamento, porque suas relações
estilísticas e expressivas não são manifestas fundamentalmente nas três camadas já
discutidas, mas em um plano mais elevado, por assim dizer.
Na estilística do enunciado, há variadas ocorrências que podem ser discutidas, como aquelas
relacionadas ao foco narrativo de um texto literário, as nuances de sentido – ou, por vezes, as
verdadeiras mudanças de sentido – entre a voz ativa e a voz passiva ou as diferenças entre o
discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre.
Caso Machado tivesse escrito seu mesmo livro, com um personagem defunto tendo suas
aventuras narradas em terceira pessoa – um narrador-observador, por exemplo –, parte
significativa da obra literária estaria comprometida.
Todos eles, a seu modo, constroem sua expressividade estilística com base no enunciado
como um todo – ainda que esse enunciado se expresse em uma sintaxe específica, valendo-se
de um léxico próprio que, por sua vez, possui uma camada sonora particular.
Imaginemos uma situação possível considerando alguns dos jornais de maior circulação no Rio
de Janeiro envolvendo a morte de um assaltante. As possíveis manchetes dos jornais seriam:
Em (1), a chamada tende a ser mais sóbria, utilizar vocabulário técnico e pretender-se neutra,
apenas apresentando o fato em questão.
Em (2), a chamada já opta pelo uso da palavra ladrão, numa aproximação parcial com o
público, acostumado às situações de violência da cidade, ao mesmo tempo em que admite o
uso de troca de tiros, uso mais coloquial que tiroteio.
Seu público, oriundo das camadas mais populares da sociedade, está acostumado ao uso da
gíria vacilão para designar alguém que comete crimes, assim como compreende o que significa
rodar na mão da PM.
1) O Globo
https://12ft.io/proxy?&
q=https%3A%2F%2Foglobo.globo.com%2Fsaude%2Fmedicina%2Fnoticia%2F2022%2F11%2
Fisabel-do-volei-entenda-o-que-e-a-sindrome-que-provocou-a-morte-da-atleta.ghtml
2) Extra
https://
extra.globo.com/esporte/isabel-salgado-entenda-quadro-de-pneumonia-que-evoluiu-para-sara-c
ausa-da-morte-da-ex-atleta-25610465.html
3) Meia Hora
https://
www.meiahora.com.br/esportes/2022/11/6524501-corpo-de-isabel-comeca-a-ser-velado-em-ce
miterio-do-caju.html#foto=1
2023 Princípios estilísticos e técnicas de aperfeiçoamento do texto
Liceu Literário Português
São esses contextos e condições que, superiores ao nível do som, da palavra ou da sintaxe,
vão construir os sentidos e significados.
São eles, ainda, que vão construir o que chamamos de estilística discursiva.
____*____*____
Nilce Sant’Anna vai dizer ainda que um dos elementos mais importantes para o estudo da
estilística da enunciação é o da intertextualidade.
“Ao nos referirmos a outros locutores e a seus enunciados, podemos usar os procedimentos
disfarçados de reprodução de vozes, opiniões, sentidos que pairam no imaginário da sociedade
(é o que se chama Polifonia)”.
2) em segundo lugar, observamos que essas diferentes camadas, embora particulares, não são
estanques nem impenetráveis umas pelas outras: é possível observar um mesmo caso
valendo-se de diferentes níveis da estilística simultaneamente, de modo a potencializar as
construções;
3) por fim, em terceiro lugar, vimos que, na prática, qualquer domínio de uso da linguagem
pode manifestar traços estilísticos: apresentamos exemplos que cobrem a literatura, a música,
o cinema, o jornalismo, as redes sociais ou mesmo o hino nacional.
Por fim, naturalmente, os exemplos que usei cobrem parcela ínfima da multiplicidade de usos
da língua e das muitas manifestações expressivas da linguagem humana.
Enfim, aqui vou tentar falar do que penso que seja mais importante para
nosso curso.
Essas orações podem ou não estar ligadas por um conectivo (em grego,
syndeto: laço, união, ligação), que aqui não será o ponto principal de
observação. Se possuem o conectivo, serão chamadas de sindéticas;
se não o possuem, de assindéticas.
- Pedro chegará
- Quando [Pedro] puder
- Desde que seja cedo
• Othon M. Garcia vai chamar atenção para alguns casos do que chama
de falsa coordenação e subordinação psicológica a partir de três
exemplos:
3) Não fui à festa do seu aniversário: não posso saber quem estava lá.
• Coordenada
• O Brasil é um país gigante (+), mas o padrão de vida do povo é muito baixo (+)
• Subordinada
• Embora o Brasil seja um país gigante (+), o padrão de vida do povo é muito
baixo (-).
O São Francisco, que banha vários estados e deságua no Atlântico, é o rio da unidade
nacional.
O São Francisco, que banha vários estados e é o rio da unidade nacional, deságua no
Atlântico.
O São Francisco, que é o rio da unidade nacional e deságua no Atlântico, banha vários
estados.
O São Francisco, que banha vários estados e deságua no Atlântico, é o rio da unidade
nacional.
O São Francisco, que banha vários estados e é o rio da unidade nacional, deságua no
Atlântico.
O São Francisco, que é o rio da unidade nacional e deságua no Atlântico, banha vários
estados.
• Muitas vezes, entretanto, a ideia mais importante está – ou parece estar – numa oração
subordinada, especialmente quando ela for substantiva ou adjetiva.
• Aqui, há duas orações que se completam mutuamente. Não se pode dizer que a ideia
mais importante — a de definir o Arpoador — esteja apenas na subordinada substantiva:
está em ambas.
• É aquele lugar, dentro da Guanabara e fora do mundo, aonde não vamos quase nunca,
e onde desejaríamos (obscuramente) viver.
• Ninguém dirá que qualquer das duas orações iniciadas por (a)onde encerra a ideia mais
importante do período, que está, realmente, na principal.
• Aqui também pode parecer que o mais importante é querer dar ao namoro moldura
atlântica. Na verdade, essa oração adjetiva constitui simples adjunto de “os namorados”,
objeto direto de “há”. Corresponde a um adjetivo:
• há os namorados desejosos de dar moldura...
• Ainda assim, o fato mais importante, o fato que se quer comunicar, que desencadeia os
demais, é mesmo
• a existência de namorados no Arpoador; querer ou não dar moldura atlântica ao namoro
é dele consequência.
• Dito isso, fica evidente que a escolha da oração principal e a forma como as outras
orações vão ser subordinadas é fundamental para a eficácia da comunicação.
• Admitamos que o fato considerado mais importante seja a chegada de Vieira, escolha
natural, evidentemente. A versão do período poderia ser a seguinte:
• a) Vieira, que não contava ainda oito anos de idade, chegou em 1615 ao Brasil, para
onde teve de acompanhar a família, matriculando-se logo no colégio dos jesuítas.
• O fato de não contar ainda oito anos de idade relaciona-se ao sujeito — Vieira —, de que
é atributo, assumindo, assim, uma função adjetiva. Separada por vírgula em virtude de
ser um atributo não indispensável à identificação de Vieira (explicativa), que, como nome
próprio, já está suficientemente definido, é inconfundível.
• A terceira oração — “para onde teve de acompanhar a família” —, também adjetiva, tem
sentido locativo, que lhe vem da locução “para onde”. A simples coordenação entre
“chegou ao Brasil” e “teve de acompanhar a família” seria desaconselhável por se
tratarem de ideias de valor diferente, já que a segunda é uma decorrência da primeira.
• estaria atenuada a ideia de subsequência que relaciona os dois fatos. Mas por que se
adotou a forma reduzida?
• Como o sentido dessa oração é temporal, a articulação por meio de conectivos exigiria
uma conjunção que indicasse tempo posterior (depois que, logo que). Mas, nesse caso,
subordinada passaria a ser a ideia que deveria estar na oração principal: “depois que
chegou ao Brasil, Vieira matriculou-se no colégio dos jesuítas” —, o que equivaleria a
alterar o propósito inicial de atribuir maior relevância à ideia de chegar ao Brasil.
• b) Vieira, que não contava ainda oito anos de idade, chegou ao Brasil, em 1615, quando
se matriculou no colégio dos jesuítas, para onde teve de acompanhar a família.
• Pospondo “para onde” a “colégio dos jesuítas”, também referente a lugar, seria estabelecida uma
nova relação, não prevista: o colégio seria o lugar para onde Vieira teve de acompanhar a família.
• Outra construção poderia ser igualmente tentada, usando-se um conectivo conglomerado “depois do
que”. Mas ainda assim a relação de dependência seria inadequada:
• c) Vieira, que não contava ainda oito anos de idade, chegou em 1615 ao Brasil, para onde teve de
acompanhar a família, depois do que se matriculou no colégio dos jesuítas.
• O antecedente natural da oração de “depois do que” não é “acompanhar a família” e sim “chegou ao
Brasil”, razão por que conviria aproximar tanto quanto possível os dois enunciados; mas aproximá-
los seria desencadear outra dissociação, já que nos veríamos forçados a pospor a “colégio dos
jesuítas” a oração adjetiva de “para onde”. O resultado seria igualmente inaceitável, como está na
versão b.
Clareza
Uma das boas características de um texto é que ele seja claro, transparente,
que comunique o que precisa e deixe acesso fácil às suas informações.
Ele precisa ser não como uma noite de inverno, mas como uma manhã de
primavera.
Para isso, não vai bastar, por exemplo, não haver palavras com ortografia
errada, regências e concordâncias corretas. Há uma série de fatores
simultâneos que vão ser relevantes aqui.
Clareza
1) Domine o assunto e o gênero em questão
Pode parecer simples, mas muitas das vezes não dominamos exatamente o tipo
de texto que vamos escrever ou o assunto sobre o qual vamos falar.
Quem nunca leu um texto que causou estranhamento logo de cara? Quem
nunca leu um texto em que, na segunda linha, já sabia que o autor não
dominava o assunto que expunha?
https://www.linkedin.com/pulse/como-dominar-qualquer-assunto-em-4-passos-m%C3%A9todo-alves-do
s-santos/?
trk=pulse-article_more-articles_related-content-card&originalSubdomain=pt
Clareza
2) Saiba para quem está escrevendo
Cada público leitor vai obrigar que o texto esteja moldado de uma maneira
diferente, atendendo às especificidades desses leitores.
Clareza
3) Garanta que seu leitor domine seu assunto
Vejamos este exemplo retirado de uma revista local do interior de São Paulo.
https://www.revide.com.br/blog/elaine-assolini/os-alunos-percebem-quando-o-pro
fessor-prepara-aula
/
Clareza
4) Tome muito cuidado com a pontuação; prefira trechos curtos
Clareza
5) Sempre que possível, opte pela ordem direta
A ordem direta das frases assim o é por uma questão bem simples: ela permite
a compreensão de maneira mais imediata, mais “natural”.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/hino.htm
Clareza
6) Evite gírias e outros elementos vulgares
A não ser que seu objetivo seja EXPLICITAMENTE esse, gírias e outros
elementos do vulgo devem ser evitados ao máximo.
Seu uso não apenas deixa o texto pouco claro, mas faz com que ele tenha
aceitabilidade menor por parte do leitor; faz, também, que ele tenha menor
comunicabilidade.
https://www.letras.mus.br/racionais-mcs/64916/
Lembram-se da Tati?
https://www.dailymotion.com/video/x2rwyr6
Clareza
6) Evite siglas e abreviaturas
Naturalmente, usar siglas e abreviaturas é uma forma de, por exemplo, não
repetir a todo tempo os mesmos referentes. Porem, a parcimônia precisa estar
sempre presente.
Clareza
6) Evite siglas e abreviaturas
Naturalmente, usar siglas e abreviaturas é uma forma de, por exemplo, não
repetir a todo tempo os mesmos referentes. Porem, a parcimônia precisa estar
sempre presente.
Concisão
Concisão é uma característica que diz que os textos precisam ser sucintos,
objetivos e breves.