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SELEÇÃO DE TEXTOS E EXERCÍCIOS

LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL - I

PROFESSORA:
MARIA LÚCIA COSTA ALEMÃO
MALU COSTA

DEPARTAMENTO DE SAÚDE

ALUNO:
CURSO:
UNIDADE:
TURMA:
SEMESTRE/ANO: 1º semestre, 2014

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PLANO DE ENSINO – 2014

DISCIPLINA: LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL I


POSIÇÃO NA GRADE DO CURSO: 1º SEMESTRE LETIVO
CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 40 HORAS / AULA

EMENTA: O curso explora os aspectos linguístico-gramático-discursivos, focando


especificamente o uso da língua, as estratégias de leitura, a articulação dos parágrafos
nos textos e os aspectos da coerência e da coesão, inserindo, ainda, temas políticos,
sociais e econômicos contemporâneos, aderentes à área específica da carreira.

OBJETIVOS: Desenvolver no aluno competências para o uso da língua escrita e


falada, as habilidades e estratégias de leitura e o uso de coerência e coesão nos textos
escritos.

METODOLOGIA DE ENSINO: Aulas expositivas, trabalhos individual e em grupo,


leitura e produção de textos diversos, atividades diversificadas, reescrita de textos dos
alunos.

SISTEMA DE AVALIAÇÃO:
Avaliação contínua, tendo como possíveis instrumentos: Produção textual; Análise de
textos; Reescrita de produção textual; realização de atividades diversas, avaliação única,
individual e escrita, tendo em vista conteúdos de leitura e de produção de texto.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO / CRONOGRAMA:


SEMANAS CONTEÚDO

1 APRESENTAÇÃO do conteúdo do semestre

2 LÍNGUA, LINGUAGEM e VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

3 TEXTOS VERBAIS e NÃO VERBAIS. Gramática de uso.


Produção textual. Interpretação de texto

4 VERBOS DE COMANDO. Interpretação de enunciados.


Gramática de uso. Produção textual. Interpretação de texto

5 COESÃO E COERÊNCIA. Gramática de uso. Produção textual.


Interpretação de texto

6 COESÃO E COERÊNCIA. Gramática de uso. Produção textual.


Interpretação de texto

7 OS CONECTIVOS COMO ELEMENTOS DE COESÃO E


COERÊNCIA TEXTUAIS. Gramática de uso. Produção textual.
Interpretação de texto

8 DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO. Gramática de uso. Produção

3
textual. Interpretação de texto

9 A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO E O TÓPICO FRASAL.


Gramática de uso. Produção textual. Interpretação de texto

10 A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO E O TÓPICO FRASAL.


Gramática de uso. Produção textual. Interpretação de texto

11 ESTRATÉGIAS DE LEITURA. Gramática de uso. Produção


textual. Interpretação de texto

12 AV1

13 A ARTICULAÇÃO ENTRE OS PARÁGRAFOS DO TEXTO.


Gramática de uso. Produção textual. Interpretação de texto.
Devolutiva da AV1

14 RESUMO. Gramática de uso. Produção textual. Interpretação de


texto

15 RESUMO. Gramática de uso. Produção textual. Interpretação de


texto

16 ESTRUTURA DE TEXTOS ACADÊMICOS

17 AV2

18 ANÁLISE DE TEXTOS ACADÊMICOS. Devolutiva da AV2

19 AV3

20 Devolutiva da AV3

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
BLIKSTEIN, Isidoro. Técnicas de comunicação escrita. 4. ed. São Paulo: Ática, 1987.
BOAVENTURA, Edivaldo. Como ordenar as ideias. 8. ed. São Paulo: Ática, 2002.
CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. 15. ed. São Paulo: Ática, 2002.
GARCIA, Othon Marques. Comunicação em prosa moderna. 14. ed. RJ: Fundação
Getúlio Vargas, 1988.
KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria & prática. Campinas: Pontes/Editora da
Unicamp, 1993.
KOCH, I. G. V. A interação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1997.
KOCH, I. V. e TRAVAGLIA, L. C. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1989.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo:
Cortez, 2001.
ROJO, R. H. (org.). A prática da Linguagem na sala de aula. SP: EDUC / Mercado das
Letras, 2000.
SOARES, M. B.; CAMPOS, E. N. Técnica de Redação. Rio de Janeiro: Editora ao
Livro Técnico, 1978.

4
VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. 11. ed. São Paulo: Ática, 2001.
FARACO, C. A.; TEZZA, C. Prática de texto para estudantes universitários.
Petrópolis: Vozes, 1992.
KLEIMAN, A. Leitura: ensino e pesquisa. Campinas: Pontes, 1987.
PÉCORA, Alcir. Problemas de redação. São Paulo: Martins Fontes, 1983.
SERAFINI, M. T. Como escrever textos. 10. ed. Coleção dirigida por Humberto Eco.
SP: Globo, 2000.
VALENTE, André. A linguagem nossa de cada dia. Petrópolis: Ed. Vozes, 1977.
VIANA, A. C. Roteiro de Redação: lendo e argumentando. 1. ed. São Paulo: Scipione,
1999.
VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção... SP: Martins
Fontes, 1998.

PARA CADA UNIDADE DESTE MATERIAL DE APOIO, RECOMENDAM-SE


LEITURAS COMPLEMENTARES.
ELAS SÃO ESSENCIAIS PARA QUE VOCÊ TENHA UM MELHOR DESEMPENHO
NAS AVALIAÇÕES.
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CONCEPÇÕES DE LÍNGUA E LINGUAGEM; DIVERSIDADE LINGUÍSTICA:


FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristovão. Prática de texto para estudantes universitários.
11 ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
O TEXTO ESCRITO E O TEXTO ORAL: CARACTERÍSTICAS:
FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristovão. Prática de texto para estudantes universitários.
11 ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
OS NOVOS GÊNEROS DA ATUALIDADE E SUAS ESPECIFICIDADES (BATE-
PAPOS ONLINE, FÓRUNS, BLOGS ETC.):
BRAGA, Denise B. A Constituição híbrida da escrita na internet: a linguagem nas salas de bate-
papo e na construção dos hipertextos. Revista Leitura: Teoria e Prática. Ano 18. Dez/1999, no.
34.
AS CONCEPÇÕES E ESTRATÉGIAS DE LEITURA:
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática,
2004.
______. Para entender o texto: leitura e redação. 16 ed. São Paulo: Ática, 2003.

A INTERTEXTUALIDADE:
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Para entender o texto: leitura e redação. 16 ed. São
Paulo: Ática, 2003.

OUTROS

SAVIOLI, Francisco Platão. Gramática em 44 lições com mais de 1700 exercícios. São Paulo:
Ática, 1985.
SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: Escrevendo com prática. São Paulo: Iglu, 1997.
TERRA, Ernani. Gramática prática. São Paulo: Scipione, 1993.
TUFANO, Douglas. Estudo de gramática. São Paulo: Moderna, 1990.

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SÁTIRA SOBRE AS REGRAS PARA REDAÇÃO (texto circulado na internet, também
postado no site: www.robertoavila.com.br)

30 DICAS PARA ESCREVER BEM

1. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.


2. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado.
Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.
3. Anule aliterações altamente abusivas.
4. não esqueça as maiúsculas no inicio das frases.
5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.
6. O uso de parêntesis (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça irado, falô?
9. Palavras de baixo calão, porra, podem transformar o seu texto numa merda.
10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.
11. Evite repetir a mesma palavra pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A
repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a
palavra se encontra repetida.
12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros não
tem ideias próprias".
13. Frases incompletas podem causar...
14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é,
basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma
ideia várias vezes.
15. Seja mais ou menos específico.
16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!
17. A voz passiva deve ser evitada.
18. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula especialmente será que ninguém
mais sabe utilizar o ponto de interrogação
19. Quem precisa de perguntas retóricas?
20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.
21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.
22. Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!"
23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
24. Não abuse das exclamações! Nunca! O seu texto fica horrível!
25. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão da ideia nelas
contida e, por conterem mais que uma ideia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo
acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de
forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo
da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.
27. Seja incisivo e coerente, ou não.
28. Não fique escrevendo no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar
causando ambiguidade - e esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda
estão acontecendo.
29. Outra barbaridade que tu deves evitar é usar muitas expressões que acabem por
denunciar a região onde tu moras, carajo!
30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá aguentar já que é
insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar.

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UNIDADE 1

LÍNGUA E LINGUAGEM

Pérolas
O maior matrimônio do país é a Educação.
Precisamos tirar as fendas dos olhos para enxergar com clareza o número de
famigerados que almenta.

O TUDO COMUNICAR

Em geral, o que se entende por “comunicar"?


Recebo uma comunicação telefônica. Passo ou recebo uma comunicação.
Estabeleço, corto ou perturbo comunicações. Fui bem-sucedido ou não em comunicar
minhas impressões, ideias ou sentimentos aos meus pais, ao meu parceiro, ao meu
vizinho, ao público.
Comunico-me também com o universo físico através dos meus sentidos. Assim,
vejo e escuto, aprendo a arte contemporânea, que me comunica arrepios de adesão ou
desgosto, aprecio a natureza, esse mar que vejo azul, esse lago tranquilo.
Posso ainda, em alguns casos, comunicar-me com Deus ou com algum princípio eterno
supraterrestre e chegar ao êxtase, em comunicação com o absoluto. Pelo menos penso
que isso possa ocorrer...
O amor promete comunicações de fusão, assim como as fortes pulsões de
ambição ou de poder. Uma manifestação pública pode pôr-me em estado de
comunicação emotiva: um encontro, o discurso de um líder; vibro juntamente com
milhares de outros indivíduos.
Em resumo, vivo em meio a comunicações múltiplas, que distingo umas das
outras de maneira implícita. Com efeito, sei bem, sem que seja preciso explicar-me a
cada vez, que a comunicação científica de um de meus colegas a um colóquio recente é
de tipo diverso da que recebo ou me é transmitida em minha secretária eletrônica, não
possuindo tampouco a mesma intensidade da que penso ter com um amigo. Um mundo
as separa; e, contudo, eu as reúno todas sob o termo genérico de “comunicação".
Lucien Sfez. Crítica da Comunicação, Loyola, disponível em: www.robertoavila.com..br

LINGUAGEM
Fonte: www.robertoavila.com..br
Linguagem é qualquer sistema de sinais, símbolos e recursos que o ser humano
utiliza para se comunicar, isto é, para transmitir suas ideias e seus sentimentos. De um
modo geral, a linguagem verbal é a mais usada. Ela se serve de palavras faladas ou
escritas para realizar a comunicação. A linguagem verbal não é a mesma para todos os
seres humanos. Cada povo tem seu próprio sistema vocabular e gramatical. Assim, a
mesma comunicação, "Eu te amo", é expressa de maneira diferente por vários grupos.

Inglês: I love you.


Francês: Je t'aime.
Alemão: Ich liebe dich.
Italiano: Io ti amo.

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Espanhol: Yo te amo.

No entanto, temos também a linguagem não verbal, que emprega outros sinais
(não a palavra) para que aconteça a comunicação. São os sinais de trânsito, a linguagem
gestual (gestos e expressões faciais), a linguagem dos surdos-mudos, a pintura, a
música, os ícones dos computadores, etc.

Na comunicação, podemos combinar alguns tipos de linguagem, como no caso


do teatro (palavras, gestos, cenários, trajes, luzes e máscaras) e do cinema (fotogramas,
palavras, música, cenários, movimento).

LÍNGUA E FALA
Fonte: www.robertoavila.com..br
Língua é o código verbal pertencente a determinado grupo de indivíduos, como
franceses, japoneses, uma tribo, um grupo de jovens, etc. A língua é uma instituição
social, produzida pela coletividade e para a coletividade.
Fala é a utilização individual e concreta que cada indivíduo faz da língua. Cada
pessoa que fala ou escreve tem seu jeito próprio, particular, característico de utilizar as
palavras, as expressões e a gramática para poder comunicar suas ideias, sentimentos e
experiências. Essa maneira própria de cada um falar ou escrever constitui, também, o
que chamamos de “estilo”.

EXERCITANDO
Fonte: www.robertoavila.com..br

1. Você percebeu que a linguagem é um sistema organizado (racional) de sinais, de


símbolos, para transmitir alguma ideia. Vemos abaixo duas manchetes de jornais, porém
com as palavras em desordem. Reorganize as palavras e reconstitua as manchetes
originais:

a. rodovia sem-terra em São Paulo Os bloqueiam


b. empresarial conquista Mulher espaço no setor

2. Qual a diferença entre língua e fala?

OS COMPONENTES DA COMUNICAÇÃO HUMANA


Fonte: www.robertoavila.com.br

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Nas diferentes situações de comunicação (verbal, visual, gestual), podem
aparecer os seguintes elementos:

O ato de fala é o uso concreto e particular que um indivíduo faz da língua. Na


fala, há a atuação conjunta dos seguintes elementos:
Emissor: aquele que diz algo a alguém;
Receptor: aquele que recebe a mensagem do emissor;
Mensagem: aquilo que o emissor transmite ao receptor;
Código: convenção social que permite ao receptor compreender a mensagem;
Canal: meio físico que conduz a mensagem ao receptor;
Referente: é o assunto da mensagem.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Fonte: www.robertoavila.com..br

A linguagem tem várias funções ou finalidades, conforme as intenções ou pontos


de vista do emissor. Leia com atenção os textos procurando perceber os objetivos do
emissor:

FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

Observe a definição de duas palavras de origem tupi:


Curitiba: o nome da capital do Paraná vem de curi (pinheiro) e tyba (muito, grande
quantidade). Curitiba, portanto, significa originariamente "lugar onde há muitos
pinheiros".

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Itaúna: é o nome de uma localidade do Rio de Janeiro. Itaúna se origina de ita: (pedra)
e una (preta). Itaúna, portanto, significa originariamente "pedra preta".
A função metalinguística usa o próprio código para defini-lo ou explicá-lo. No
caso, o código são as palavras “Curitiba” e “Itaúna”.
REFERENCIAL, COGNITIVA OU DENOTATIVA

No texto acima predomina a função referencial da linguagem, em que o emissor procura


transmitir a realidade de uma maneira clara, sem dupla interpretação. Trata-se de uma
linguagem objetiva, centrada no conteúdo transmitido.

FUNÇÃO EXPRESSIVA OU EMOTIVA

SAMBA EM PRELÚDIO
Eu sem você
Não tenho porquê
Porque sem você
Não sei nem chorar
Sou chama sem luz
Jardim sem luar
Luar sem amor
Amor sem se dar.
Vinícius de Moraes

No poema acima, temos a linguagem com função emotiva. Na linguagem


emotiva, o emissor procura expressar seu mundo emocional: estado de espírito,
sentimentos, opiniões. É uma linguagem predominantemente subjetiva em que o
emissor usa com frequência verbos e pronomes na primeira pessoa e geralmente recorre

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aos recursos expressivos do ponto de exclamação e das interjeições ou da própria falta
de pontuação.

FUNÇÃO APELATIVA OU CONATIVA

No anúncio acima, a linguagem utilizada emprega a função apelativa, porque procura


influenciar o leitor por meio de apelos. A linguagem apelativa, também chamada de
conativa, coloca a ênfase no receptor (ouvinte, interlocutor, leitor). Recorre-se ao
imperativo velado ou explícito com a intenção de persuadir, convencer, mandar, aconselhar,
sugerir, pedir, exortar, enfim, influenciar o comportamento de quem recebe a mensagem.

FUNÇÃO FÁTICA

Tem como objetivo estabelecer, prolongar ou interromper uma comunicação. O


canal, isto é, o suporte físico da comunicação fica em evidência. Na linguagem verbal, a
função fática se dá pelas repetições, convenções sociais, cacoetes, etc. Exemplos:

"Muito prazer", "Alô", "Como vai?", "Aí, tudo bem?"

- Oi! Você por aqui?


- É... E você? Tudo bem? - Tudo bem. E você?
- Tudo bem.

FUNÇÃO POÉTICA

Na função poética se colocam em evidência a mensagem e o modo como é


apresentada. O escritor procura despertar a atenção do leitor para a maneira como está

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sendo transmitida a mensagem, por meio de arranjos, escolha vocabular, rimas, ritmo,
metáforas, aliterações, recursos visuais, disposição do texto na página, etc. A função
poética pode ocorrer tanto em poemas como em textos em prosa.

A PRODUÇÃO DE TEXTOS - I

O TRABALHO DE REESCREVER
Fonte: Revista Língua, ano 7, no. 76, fev., 2012, www.revistalingua.com.br

Mudar o tom de um pedido de emprego para um registro mais formal requer alguns
cuidados

Uma forma de trabalhar os níveis de linguagem é reformular textos escritos num registro
inapropriado. Que efeito teria uma carta com pedido de emprego escrita assim?

Alô, gente boa,


Faz dois anos que descolei o canudo, mas até agora não choveu na minha horta. Já bati em tudo
que foi lugar, e o pessoal diz que só contrata gente calejada; o diabo é que para isso é preciso
uma primeira vez, não?
Como vi no jornal que sua empresa está abrindo vagas, resolvi lhe pedir uma chance. Umazinha
só. Garanto que não vai se arrepender, pois disposição é comigo mesmo. Não sou de pegar e
largar, quando engreno numa coisa vou até o fim.
Sem mais lorotas, pra não tomar seu precioso tempo, subscrevo estas mal traçadas.
C.F.S.

Adaptado a um registro menos informal, o texto tem bem mais chances de atingir sua
finalidade, portanto, reescreva a carta:

Senhor gerente,
_________________________________________________________________________
_____

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_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
________
_________________________________________________________________________
_____
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_______________
Sem mais, subscreve, atenciosamente,
C.F.S.

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UNIDADE 2

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA - FALA E ESCRITA

FALA
Fonte: www.robertoavila.com..br

Cada um de nós, ao falar ou escrever, serve-se de palavras que se encontram


dentro de um sistema (língua portuguesa) comum a todos os membros de uma mesma
comunidade linguística.
Por exemplo, se considerarmos A, B, C,.... como indivíduos que realizam um ato
concreto de comunicação linguística, podemos observar o seguinte esquema:

Fig. 1
Portanto, quando você fala (individual), utiliza um mesmo sistema que os seus
colegas (coletivo). Essa forma individual que cada um de nós possui ao falar constitui o
estilo.

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VARIAÇÕES GEOGRÁFICAS E SOCIAIS
O estilo sofre influências determinadas basicamente por dois fatores: geográfico
e social.

Fator geográfico
Embora todos falemos a língua portuguesa, no Rio, em São Paulo ou em Lisboa,
é claro que encontramos variações linguísticas determinadas pela localização
geográfica. Tais variações podem ser constatadas na pronúncia das palavras, na
preferência por algumas formas linguísticas ou no emprego de palavras com sentido
específico.

§ = língua (sistema)
A, B, C,... = variações linguísticas provocadas
pelo fator geográfico

Fig 2

Verificamos, portanto, que A, B, C,... constituem a particularidade expressiva


própria de uma região. Denomina-se “falar”. Exemplo: falares carioca, paulista,
nordestino, sulino, lisboeta, etc.

Fator social
Se tomarmos uma determinada região, por exemplo A (do esquema anterior),
observaremos variações linguísticas motivadas pelo fator social. A essas variações
denominamos níveis de fala.

A = língua (sistema)
1, 2, 3,... = diferentes níveis de fala

Fig. 3

Níveis de fala indicam as mudanças no uso da língua por parte de um falante,


conforme a situação social. Assim, numa conversa familiar (em casa, num clube, num bar,
na rua...) o nível de fala é diferente do de uma conversa cerimoniosa (um discurso, uma
entrevista, uma apresentação em público...). A língua escrita diverge também da língua
falada, assim como na literatura (poesia, conto, romance) há um nível de fala especial.
Dependendo do ambiente, do momento, enfim, da situação em que se realiza a
comunicação, o indivíduo pode empregar diferentes níveis de fala (coloquial, formal,
técnico, literário etc.).
Quanto maior for o domínio do indivíduo dos vários níveis de fala, maiores serão as
suas possibilidades de estabelecer uma comunicação linguística eficiente, pois estará
adequada à situação social dos ouvintes.

LÍNGUA PADRÃO: NORMAS GRAMATICAIS

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Ao falar e principalmente ao escrever, surge com frequência uma dúvida: Esta frase
está certa ou errada?
Nesse caso, deve-se entender por certo ou errado a adequação ou a inadequação de
uma forma linguística à língua-padrão, regida por leis baseadas principalmente em
escritores de renome, e ao conjunto de hábitos linguísticos vigentes numa determinada
classe social.
Há um livro que contém essas leis: gramática normativa. Chama-se normativa
porque dita as normas (regras) do uso correto da língua. O conceito de erro, nesse caso,
constitui a inadequação às formas linguísticas da língua-padrão.
(...)
Os linguistas e gramáticos costumam afirmar que o discurso se realiza de acordo
com dois padrões básicos: o da norma culta (formal) e o da norma popular ou coloquial
(informal). Cada um desses padrões é utilizado em função da situação e da forma de
relacionamento que envolve os comunicantes.

Estilo
Quando você escreve, seleciona as palavras da língua e as combina dentro de uma
determinada estrutura. Veja esta frase:

De súbito a paisagem se perturba.

Para compô-la, o autor realizou dois processos fundamentais:

1º processo – Seleção

A B C
De súbito a paisagem se perturba.
Subitamente o ambiente se agita.
De repente as pessoas perdem a tranquilidade.
Repentinamente os indivíduos se abalam.
Fig. 4

O autor selecionou algumas palavras dentre muitas que estavam à sua disposição
para transmitir a informação.

2º processo – Combinação

A De súbito a paisagem se perturba.


B A paisagem se perturba de súbito.
C De súbito se perturba a paisagem.
D A paisagem de súbito se perturba.
Fig. 5

O autor combinou as palavras numa determinada ordem, dentre as várias


possibilidades que a língua oferece. Cada um de nós, ao escrever ou falar, realiza, de forma
consciente ou inconsciente, a seleção e combinação das palavras, obtendo assim uma forma
particular de se comunicar.

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A maneira individual de seleção e combinação das palavras denomina-se “estilo”.
Você já possui um estilo. Pode, porém, aprimorá-lo, conhecendo os estilos dos bons
escritores da língua portuguesa. Esse constitui um dos objetivos da leitura e da produção de
textos.

Gíria
Chamamos de gíria o estilo de linguagem próprio de um grupo. Há vários tipos de
gíria: dos jovens, dos marginais, dos surfistas, etc. Leia o texto seguinte e observe o uso da
gíria no diálogo entre dois surfistas.

- E aí, brô! Como é que tu vai?


- Legal. Cara, ontem eu arrepiei na água. Altas ondas...
- Eu não. A praia tava crowd, só tinha esponjinha.
- Acho que tu tá pagando um sapo. Eu sempre disse que tu é o maior prego.
- Também, com aquela marola tava difícil pegar onda. Tinha rabeador pra caramba
atrapalhando as manobras...
- Comigo era um pessoal casca-grossa. Mas eu prefiro sair contigo para azarar. Surfe, você
ainda precisa aprender.
Veja Kid +, ano 1, n.o 3 (novembro/98)

Vocabulário: arrepiar: surfar bem / azarar: paquerar / brô: brother, amigo / casca-grossa:
radical / crowd: cheio de gente / esponjinha: turma que pratica bodyboarding / marola: mar com
ondas pequenas / pagar sapo: mentir / prego: quem não surfa legal / rabeador: cara que entra na
onda dos outros.

Em resumo
Fonte: Prof. Jorge L. Torresan, adaptado

Uma língua nunca é falada de maneira uniforme pelos seus usuários: ela está sujeita
a muitas variações. Repare que grupos da sociedade acabam se diferenciando pela forma
como se expressam: advogados, administradores, médicos, publicitários etc.; o português
que foi falado, por exemplo, no século passado é diferente do que falamos hoje; se
prestarmos a atenção para a forma como as pessoas de regiões do Brasil se expressam,
verificaremos muitas diferenças. No entanto, o principal é sabermos que temos a liberdade
para empregarmos a língua de formas diferenciadas desde que saibamos onde estamos,
com quem estamos e qual o nosso objetivo. Da mesma forma que você não vai à praia de
terno e gravata, numa reunião mais formal, por exemplo, você não usará a linguagem do
cotidiano, com gírias. Perceba, também, que não se fala como se escreve nem se escreve
como se fala. Daí que, de acordo com o contexto e o ambiente, deve-se ficar atento ao nível
da linguagem.

Testando:
Estou preocupado. (norma culta)
Tô preocupado. (língua popular)
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)
Como ficaria no limite da gíria (calão)?

Podemos identificar pelo menos cinco níveis de linguagem:


Culta ou padrão: observa-se a gramática correta da língua;
Popular ou coloquial: apresenta desvios gramaticais que não comprometem a
comunicação;

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Inculta ou vulgar: erros crassos da língua, comprometendo a comunicação;
Regional: são os diversos falares e dialetos próprios de cada região geográfica;
Grupal:
 técnica (das profissões, dos conhecimentos humanos etc.);
 gíria (dos jovens, das mulheres etc.). Calão é o limite da gíria.

EXERCÍCIOS
Fonte: professores de LPT/área da Saúde

1) Reescreva a fala do personagem de acordo com a norma culta:

______________________________________________________________________

2) Complete as lacunas de acordo com a linguagem solicitada abaixo:

Culta Popular
tênue fraco
ausentar-se _________________
repleto _________________
divergir _________________
tendência, pendor _________________
bofetada _________________
acompanhado _________________
_________________ mané

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_________________ conversa
_________________ fazer
_________________ pilantra

3) Coloque um “X” quanto à linguagem utilizada para cada função:

Função Linguagem
Culta Popular
 Aula universitária, conferências, sermões
 Conversa entre amigos ou em família
 Discursos políticos
 Programas culturais e noticiários de TV ou rádio
 Novelas de rádio e televisão
 Comunidades científicas
 Conversas e entrevistas com intelectuais a propósito de temas cien-
tíficos ou artísticos
 Irradiação de esportes
 Expressão de estados emocionais, confissões, anedotas, narrativas

4) Abaixo, temos a simulação de uma entrevista para a ocupação de um cargo numa


empresa, de autoria do prof. Jorge L. Torresan. É nítido nesta entrevista o uso de duas
variações linguísticas bem marcadas pelos interlocutores. A nossa atividade é assumir o
papel do entrevistado e tentar adequar o nível de linguagem ao da entrevistadora.

- Bom dia. Sente-se, por favor, preciso fazer algumas perguntas para o senhor a fim de
saber se está devidamente qualificado para a nossa empresa.
- Ah. Falô, na boa, tá calor hoje né?
- Qual o nome do Sr., por favor?
- José Carlos, mas o pessoal lá de casa e da rua me chama de Zé, eu acho que fazer
amigos é muito bom tanto é que um amigo me falou que vocês estão precisando de
gente aqui.
- Muito bem, Sr. José Carlos, temos uma vaga para o cargo de Assistente
Administrativo, mas precisamos que o candidato tenha domínio de algumas habilidades.
- Certo! É só perguntar. Vamos ver se eu posso ser útil.
- O Sr. possui algum conhecimento na área de informática? Nos dias de hoje ela é
imprescindível para qualquer profissional da área administrativa.
- Sim, eu manjo bastante de informática, você sabe, aqueles programas de sempre:
Windows, Word, Excel, esses baratos todos.
- O Sr. costuma acessar a internet? Conhece as principais ferramentas desse instrumento
de comunicação?

19
- Oh! Nossa! Eu costumo viajar bastante na internet, conheço muitos sites, já até montei
um grupo de discussão sobre o lance do Mercosul.
- Qual o grau de escolaridade do Sr.?
- Bem, eu estudei Administração Geral numa faculdade e agora tô pensando em me
especializar em Marketing e Comércio Exterior.
- O Sr. fala algum idioma: inglês, espanhol?
- Bem, fiz um cursinho de espanhol rápido por causa do barato do Mercosul, né. Inglês
só no the book is on the table.
- O Sr. é casado? Qual sua idade?
- Não, por enquanto tô fora... Só namoro mesmo! Tô com 25 anos. Hoje em dia tá meio
duro casar.
- Qual a sua experiência profissional? O Sr. já trabalhou numa empresa de grande porte
como esta?
- Ah! pra falar a verdade eu trabalhei sempre como boy em empresas pequenas, mas o
meu último trampo foi numa distribuidora de medicamentos – empresa grande.
- E quais eram as atividades do Sr. nessa empresa?
- Nossa! Eu fazia um pouco de tudo. Às vezes fazia umas coisas no departamento
pessoal, depois fui para o financeiro, passei uns meses também no CPD... rodei bastante
por lá.
– Muito bem, Sr. José Carlos, estou com os dados do Sr. aqui. Assim que tivermos uma
posição entramos em contato. Bom dia.
- Certo, bom dia, mas o trampo é meu?

5) Os exercícios abaixo têm a finalidade de revermos o nosso vocabulário tornando-o


mais formal: Fonte: apostila Prof. J. Torresan

* Substitua o verbo pôr destacado nas frases abaixo por outros com valor mais específico,
se preciso faça algumas alterações nas frases:
(A) Pôs os documentos na pasta.
(B) O gerente pôs o terno.
(C) Não ponha estas palavras no memorando.
(D) Devemos pôr um anúncio de emprego no jornal.
(E) O tesoureiro pôs o dinheiro no banco.
(F)
* Faça o mesmo com o verbo fazer nas frases abaixo:
(A) A recepcionista fez a sala para a reunião.
(B) No mês passado, minha irmã fez dez anos de trabalho na empresa.
(C) O diretor fez a secretária reescrever a carta toda.
(D) Alberto fez fama considerável entre os colegas.
(E) A prefeitura fez banheiros na praça.
(F)
* Faça o mesmo com a palavra “coisa” nas frases abaixo:
(A) Na pasta do médico, vão as coisas básicas para a cirurgia.
(B) A reunião foi adiada por uma série de coisas.
(C) Para alguma coisa tem de servir esse progresso.
(D) Na reunião houve uma briga: uma coisa desagradável.
(E) Preparar todos os relatórios não foi uma coisa fácil.
(F)
* Faça o mesmo com o verbo dar nas frases abaixo:
(A) O jornal deu uma notícia da prisão do juiz.

20
(B) A internet deu a notícia antes do jornal.
(C) Deu parecer favorável à compra do imóvel.
(D) Dou como perdido o talão de cheques.
(E) Deu um terreno por dois apartamentos.
6) Identifique os níveis de linguagem nas frases abaixo:
(A) Você me empresta teu avental?
(B) É melhor abafar o caso, senão vai ser pior.
(C) “– Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!”
(Um certo Capitão Rodrigo)
(D) Em época de Copa, todo mundo é verde-amarelo. O patriotismo fica à flor da pele, e
torcedores de todos os cantos do país param para ver a bola rolar.
(E) As plantas crescem e fornecem alimento para algumas espécies de animais. Essas
espécies servem de alimento para outros animais. Os restos são decompostos por bactérias e
retornam à terra em forma de sais minerais. Essa relação linear é chamada cadeia alimentar.
(F) A gente temos que fazer uma avaliação técnica do endereço ou do político?
(G) A combinação trata de problemas nos quais o que se quer é escolher elementos de um
conjunto, não importando sua ordem ou posição. A Matemática criou um instrumento para
estes tipos de contagens: os conjuntos.
(H) Você só fica aí de butuca na conversa dos outros, né?
(I) Se os histéricos baixarem um pouco o volume de sua gritaria, perceberemos que o aborto
é uma discussão pertinente ao Congresso Nacional, não à Presidência da República.
Portanto, é mais importante saber o que pensa sobre o aborto o Tiririca que a Dilma
Roussef, pois se um dia o tema entrar na pauta quem vai votá-lo são os deputados, que já
estão eleitos.
G. Nascimento, Primeira Página, 18/10/2010
(J) Observa-se na sua base uma curta fiada auxiliar das lamelas transversais oblíquas. Sob
estas diversas relações, assemelham-se às barbas da boca da baleia, mas diferem muito para
a extremidade do bico, porque se dirigem para a garganta ao invés de descer verticalmente.
Toda a cabeça do lavanco é incomparavelmente menos volumosa do que a do Balaenoptera
rostrata... Charles Darwin, A origem das espécies.
(K) “Olá! Estava a ler a revista sobre a entrada de Katty Perry em Anatomia de Grey, na
qual vocês diziam ser a última temporada. Shonda Rhimes (criadora da série) disse que
não terminará por aqui, podendo ter uma 9ª temporada. Só gostaria que ficasse
esclarecido, porque, como eu, talvez alguém tenha tido uma deceção com a notícia do
final desta grande série.” (Ana Silva, e-mail. In: Tv7dias, s.d., p. 94)

7) Os exercícios abaixo foram extraídos de: www.robertoavila.com.br

7A) A fala da personagem do texto a seguir está no nível coloquial. Passe-a para a
língua-padrão.
- Escuta aqui, meu irmão, tem pelo menos 100 moleques que passam todo o dia aí na
rua querendo pegar esse emprego que eu te dei. Então você já viu: tô te fazendo um
bruto dum favor. Não precisa ficar toda a vida me agradecendo... Mas também não
quero reclamação. Não tá contente pode dar o fora. E já. Tá?
Fonte: Lygia Bojunga Nunes, Tchau.

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7B) Apresentamos a seguir, alguns depoimentos de "meninas de rua" da cidade de
Goiânia, extraídos do livro Meninas de Rua: uma vida em movimento (Grácia M.
Fenelon et alii). Nestes depoimentos predomina um nível coloquial da fala. Compete a
você transcrever estes textos usando um nível de fala que esteja de acordo com a língua-
padrão:
- A Marta tem que ir pra casa da mãe dela, pra podê oiá a mãe dela, porque a mãe dela
só vive doente.
- Marina tem que ir pra Brasília atráis da mãe dela.
- Rosinha, a mãe dela morreu. Ela devi ficar em casa cuidando dos irmãos dela.
- Eliane barriguda, vai pra sua casa tratá do seu filho quando nascer. Têje muito cuidado
com ele.
- Óia aqui. Então nóis vai sábado. Nóis não vai segunda-feira não. Por causa que o João
Grandão falou que vai arrumá dinheiro pra nóis podê i sábado.
- Roberto, eu te amo. Não te esqueço. Queria que ocê sempre gostasse de mim, dá valor
ni mim, queu dava valor nocê. Porque você vai na cabeça de todo mundo, depois cê
acha ruim deu falá alguma coisa procê. Depois cê fica agarrando a Neusa, a Neusa te
agarrando por causa de esmalte, só procê tomá raiva de mim.

7C) (Fuvest) - A princesa Diana já passou por poucas e boas. Tipo quando seu ex-
marido Charles teve um love affair com lady Camille revelado para Deus e o mundo.
Folha de S. Paulo, 5/11/93.
No texto acima, há expressões que fogem ao padrão culto da língua escrita.
a) Identifique-as.
b) Reescreva-as conforme o padrão culto.

7D) Leia o texto abaixo e responda:

Sketchs
Dois homens tramando um assalto.
- Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou,
enche o cara de chumbo. Pra arejá.
- Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e pegá.
- Tá com o berro aí?
- Tá na mão.
Aparece um guarda.
- Ih, sujou. Disfarça, disfarça...
O guarda passa por eles.
- Discordo terminantemente. O imperativo categórico de Hegel chega a Marx diluído
pela fenomenologia de Feurbach.
- Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que dizer que Kierkegaard não passa de um Kant
com algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do século 18...
O guarda se afasta.
- O berro, tá recheado?
-Tá.
- Então vamlá!
Luis Fernando Veríssimo, O Estado de S. Paulo, 08/03/98.

a) As personagens do texto usam diferentes níveis de fala.

22
I) Identifique esses níveis.
II) Há alguma relação entre esses níveis de fala e a classe social?
b) Os dois homens mudam o nível de fala. Com que objetivo?
c) Qual pode ter sido a intenção de Luis Fernando Verissimo ao escrever esse texto?

A PRODUÇÃO DE TEXTOS - II
Fonte: Revista Língua, ano 7, no. 76, fev., 2012, www.revistalingua.com.br

Reescrever é um componente fundamental do processo da escrita. A razão disso é que


nenhum texto ganha forma da primeira vez em que as palavras são lançadas no papel.
Reescreve-se para chegar ao que se quer dizer. Com isso, desenvolve-se o senso crítico e se
aprende mais sobre as possibilidades da língua.
A reescrita é imprescindível no aprendizado da redação. Para Eliane Donaio Ruiz, o
professor deve incorporar ao ensino essa prática "absolutamente comum entre os escritores
(...), seja simultaneamente ao ato da escrita, seja posteriormente a ele" (de Como Corrigir
Redações na Escola, Editora Contexto, p. 24). Se ela não acontece, a correção se limita à
exposição dos problemas, sem que o aluno seja convocado a compreendê-los e os resolver.
Ligação
Na reescrita, contornou-se o problema ligando o sujeito ao predicado e transformando o
período em dois:

"O capitalismo moderno cria nas grandes cidades grandes regiões com muitos
marginalizados. Ele se caracteriza pela enorme concentração de renda e estimula a
globalização, pois é preciso estender o consumo a todo o mundo, senão o capital não se
multiplica".

Também devem ser refeitas as frases longas, ou "centopeicas". Nesse tipo de frase não há
propriamente falha de coesão; as ideias estão bem articuladas, mas a falta de pontos ou
pontos e vírgulas dificulta a captação da mensagem:

"Nossos políticos dedicam-se a criar escolas e mais escolas, abrir concursos para preencher
dezenas de vagas com professores vindos de cursos universitários às vezes ruins, às vezes
inadequados à matéria que vão lecionar e dão-se por satisfeitos, pois, para eles, ensino de
qualidade não é algo a ser pensado e elaborado, nem ao menos importado pronto do
exterior, mas é simplesmente um conceito vazio a ser usado em véspera de eleição".

A divisão do parágrafo em no mínimo três períodos daria um melhor ritmo ao texto e


facilitaria ao leitor relacionar suas partes. Reescreva, então, o trecho:
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GRAMÁTICA DE USO - I

1) Use mim ou eu, corrigindo MAIS algumas construções se estiverem erradas.

(A) Para ........, é muito difícil dizer não, mais vou tentar mudar este meu
comportamento, porque às vezes o não é necessário na vida!
(B) Para ...... terminar esse trabalho, precisarei de mas tempo, no entanto, não sei
aonde vou arrumá-lo.
(C) Houve desentendimentos entre......... e ele, pois mau cheguei na empresa, e ele já
foi despejando problemas.
(D) Curvou-se perante .......... com humildade, para isso ele tinha um porque.

USOS DA LÍNGUA – I
Fonte: professores de LPT/área da Saúde

USO CORRETO DE PALAVRAS E EXPRESSÕES


Leia atentamente o texto abaixo observando o que está em negrito. Escolha a opção correta
para dar continuação ao texto:

ACREDITE OU NÃO: VOCÊ FAZ A DIFERENÇA


Evaldo Costa, www.rh.com.br 02/02/2009

Não importa o que você faça, seja atendimento, vendas ou qualquer outra atividade,
certifique-se de que sua marca esteja encantando quem estiver do outro lado (por que/
porque/ por quê) atender é conquistar; a base do espetáculo é fazer as pessoas dizerem
"uau!". Se isso ocorrer, você atingiu a sua meta; se não, você perdeu uma grande chance de
fazer a diferença; então vá (de encontro a / ao encontro da) eficiência.
Eu estava em férias em um dos parques da Disney World. Como sempre acontece
nesses momentos, me distraí e perdi o mapa das atrações. (há / a) muito eu queria participar
do próximo show. Como não havia tempo o suficiente para retornar à loja e pegar um novo
mapa, perguntei a uma mocinha que fazia a limpeza do parque (onde / aonde) eu deveria ir.
Ela parou o que estava fazendo, encostou a vassoura e o equipamento coletor de lixos em
local seguro e com toda a delicadeza (deste/desse) mundo me indicou as coordenadas.
Ela assegurou-se de que eu chegaria mesmo em tempo (no / ao) local. Caminhou ao
meu lado por alguns metros e confirmou a direção que eu deveria seguir. Por alguns
instantes, ela deixou de ser uma agente de limpeza para se tornar a minha guia. Foi tão
atenciosa que me fez dizer "uaaau!". "Que pessoa maravilhosa", pensei comigo mesmo.
Lembro-me de tê-la perguntado sobre sua nacionalidade. Ao que com sorriso nos lábios ela
respondeu: "Sou da Disney e estou ao seu dispor". Precisa dizer algo mais?
Também não posso esquecer quando estava embarcando em um avião em Hong
Kong. Eu tinha trabalhado (mas / mais) de quinze horas por dia naquela semana e me sentia
exausto e louco para chegar (à / na) minha casa, tomar um banho e deitar na minha cama.
Ainda era madrugada quando entrei no avião. O voo estava lotado e, naturalmente, todos,
inclusive a tripulação, deviam estar cansados naquela madrugada chuvosa. Assim que a
aeronave decolou, eu, inadvertidamente, pressionei o botão de chamado de serviço de
bordo, pois eu estava meio (mau/mal).
Claro que os atendentes logo que perceberam aquele chamado deviam ter pensado
quem era o chato que não podia (estar esperando / esperar) o avião se estabilizar. Eu não

24
havia percebido que havia feito aquilo. Porém, logo veio uma bem-vestida, sorridente e bem
humorada comissária - parecia que ela estava em um parque da Disney, tamanha a sua
cordialidade. Aproximou-se e curvou suavemente as pernas evitando falar comigo na
vertical. Com voz amistosa completou: "O senhor deve estar precisando de algo, como
posso servi-lo?" Fiquei surpreso e disse que não – estava tudo bem, e que eu não
necessitava de nada. Ela então, discretamente, apagou o sinal de chamada e concluiu: "Não
se preocupe, essas coisas acontecem. Estou ali atrás e se precisar conte comigo".

25
UNIDADE 3

LINGUAGENS VERBAL, NÃO VERBAL E MISTA (VERBO-VISUAL)

As linguagens podem ser organizadas basicamente em três grupos: 1)


linguagem verbal que tem como unidade apenas a palavra; 2) linguagem não verbal
que emprega outros tipos de unidade como o gesto, o movimento, a imagem, as cores,
os contornos etc.; 3) linguagem mista que combina unidades da verbal e da não verbal.
Nas histórias em quadrinhos, por exemplo, a linguagem geralmente é mista, pois elas
contêm imagens e palavras.
Conforme Fiorin & Platão, “algumas formas de comunicação podem utilizar mais de
uma linguagem, como é o caso das histórias em quadrinhos com textos (temos, assim, um
cruzamento verbo-visual)”:

“O humor da tira de Luis Fernando Veríssimo está centrado no conflito entre dois
personagens: o pessimista Sombrio e o otimista Clarindo. No trabalho com a linguagem verbal,
o autor explora a força das antíteses e apresenta o conflito, no primeiro quadrinho, com a
palavra ‘adversário’”.

26
“No trabalho com a linguagem não verbal, o autor explorou graficamente o
conflito: Sombrio é totalmente negro e Clarindo é absolutamente branco (a
luminosidade de Clarindo é realçada pelos raios que circundam sua figura); até os
balõezinhos representam o conflito: um é arredondado; outro é quadrado.”
Observe agora alguns exemplos de linguagens verbal, não verbal e mista.
Classifique-as e analise-as:
(A)

(B)

(Fonte: www.chargeonline.com.br)

27
(C) (UFSM 2000) Considere o que se afirma sobre o papel da linguagem verbal e não
verbal na organização da história a seguir.

I. O desenho é autossuficiente. Mesmo sem os diálogos, entende-se que um homem foi


punido por ter chamado o outro de gordo.
II. As falas das personagens são autossuficientes. Mesmo sem os desenhos, entende-se
que um homem foi punido por acusar o outro de medroso.
III. O desenho e as falas são interdependentes. É pela fala do segundo quadrinho que se
entende que o homem foi punido principalmente por chamar o outro de "gordão".

Está (ão) correta(s)


(A) apenas I.
(B) apenas II.
(C) apenas III.
(D) apenas I e II.
(E) apenas I e III.

(D)

(E)

28
(F)

(G)

29
A PRODUÇÃO DE TEXTOS - III

A PARÁFRASE
Fonte: Revista Língua, ano 7, no. 76, fev., 2012, www.revistalingua.com.br
Transformar um soneto de Gregório de Matos em prosa ajuda a entender as características
da poesia
Entre as possíveis atividades de retextualização está a paráfrase, que consiste em "traduzir
na própria língua" determinado texto. Paráfrases de poemas são úteis para confrontar as
diferenças entre poesia e prosa; servem também para ampliar o vocabulário.
Leia o poema e reescreva-o em prosa.

(Pondo os olhos primeiramente na sua cidade, conhece que os mercadores são o primeiro
móvel da ruína, em que arde pelas mercadorias inúteis e enganosas)

Triste Bahia! oh quão dessemelhante


Estás, e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.

A ti tocou-te a máquina mercante,


Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado
Tanto negócio, e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente


Pelas drogas inúteis, que abelhuda

30
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh se quisera Deus que de repente


Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
Brichote = estrangeiro (pejorativo)

Leia como fica a paráfrase do poema de Gregório de Matos:

Triste Bahia, quão diferente estamos de nosso estado antigo. Hoje te vejo pobre e tu me
vês empenhado, mas já te vi rica e tu me viste abundante. O que te empobreceu foram
os navios comerciais que têm entrado em tua barra; o que me fez pobre foram os
negócios e os negociantes. Trocaste muito açúcar de alta qualidade pelas drogas inúteis
que, presunçosa (metida), aceitas do esperto estrangeiro. Quisera Deus que um dia
amanhecesses tão sensata, que o teu capote fosse de algodão.

Agora é a sua vez. Leia o poema abaixo e faça uma paráfrase dele, baseando-se na
sugestão acima.

“A uma ausência”, Antônio Barbosa Bacelar (Fênix Renascida):

Sinto-me, sem sentir, todo abrasado


No rigoroso fogo que me alenta;
O mal que me consome me sustenta;
O bem que me entretém me dá cuidado.

Ando sem me mover; falo calado;


O que mais perto vejo se me ausenta;
E o que estou sem ver mais me atormenta;
Alegro-me de ver-me atormentado.

Choro no mesmo ponto em que me rio;


No mor risco me arrima a confiança;
Do que menos se espera estou mais certo.

Mas se de confiado desconfio,


É porque entre os receios da mudança
Ando perdido em mim como em deserto.

Paráfrase:
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GRAMÁTICA DE USO - II

1) Preencha os espaços com por que, porque, porquê, por quê.


(A) .......... você pretende sair do país agora? Pense bem, ....... há uma crise lá
fora que está dificultando tudo.
(B) ........... é extremamente educado, todos o admiram. Esta é a receita do
sucesso dele.
(C) Você se julga melhor que os seus amigos, .............. ? Você deveria rever
esse seu comportamento.
(D) Americanos e russos estão se esforçando pela paz mundial ........... sabem
que numa guerra não há vencedores.
(E) As razões .......... me empenho tanto para alcançar meus objetivos, só eu
as conheço.

2) Indique as alternativas que preenchem corretamente as lacunas das orações:

(A) Você fez um (mal/mau) negócio, isso (porque/ por que) não pensou bem antes de
tomar uma decisão.
(B) Um jornal (mau/mal) fatalmente traz notícia má. Dizem que (a/há) tempos aquela
empresa jornalística desagrada a população.
(C) Ela tinha um comportamento (mau/mal); (onde/aonde) seu marido fosse só ouvia as
pessoas falarem (mal/mau) dela.
(D) Eles falaram bem de você na reunião, (mais/mas) tenha mais cautela nas próximas, o
(porque/ porquê) disso você saberá no momento certo.

32
UNIDADE 4

VERBOS DE COMANDO – INTERPRETAÇÃO DE ENUNCIADOS

Pérolas
Respostas sobre um tema clássico: "A TV forma, informa ou deforma"? :
A TV se estiver ligada pode formar uma série de imagens, já desligada não.
A TV deforma não só os sofás por motivo da pessoa ficar bastante tempo
intertida como também as vista.

OBSERVANDO OS ENUNCIADOS
Fonte: professores de LPT/área da Saúde

É muito comum ver pessoas dizerem que não foram bem em algum teste,
alguma prova ou que não entenderam bem o que se queria. Muitas das dificuldades
podem estar na falta de entendimento do que se pede nos enunciados. Neles, geralmente
há verbos de comando, ou seja, verbos no imperativo, pedindo, desejando, dando uma
ordem ou sugestão.
Eis uma pequena lista de alguns desses verbos, seu significado e procedimento
quando aparecerem:
Analise: separar as partes de um texto, observando-as para se entender o todo. Deve-se
produzir um texto próprio;
Cite, Destaque, Transcreva: extrair trechos ou exemplos do texto analisado.
Compare, Confronte: examinar as peculiaridades de duas ou mais ideias, fatos etc.
Deve-se produzir um texto próprio;
Desenvolva: você deve continuar a ideia lançada no exercício com suas próprias
palavras;
Explique, Justifique: tornar algo claro e coerente. Deve-se produzir um texto próprio;
Reescreva: escrever uma segunda vez, corrigindo o que for necessário;

Outros verbos que sempre aparecem e que se necessita atenção: depreender (perceber,
entender), inferir (concluir, deduzir), relacionar (fazer relação entre os dados
apresentados no texto; listar alguns itens), apreender (fixar; captar).

Neste caderno de textos e exercícios, você já encontrou vários verbos de


comando e encontrará muitos outros. Nos textos a seguir, proceda como se solicita nos
exercícios.

1) UNICAMP 1993 - A leitura literal do texto a seguir produz um efeito de humor.

As videolocadoras de São Carlos estão escondendo suas fitas de sexo explícito. A


decisão atende a uma portaria de dezembro de 91, do Juizado de Menores, que proíbe
que as casas de vídeo aluguem, exponham e vendam fitas pornográficas a menores de
18 anos. A portaria proíbe ainda os menores de 18 anos de irem a motéis e rodeios sem
a companhia ou autorização dos pais.
Folha Sudeste, 06/06/92

33
(A) Transcreva a passagem que produz efeito de humor e explique-a.
(B) Reescreva o trecho de forma a impedir tal interpretação.

2) QUEM SÃO OS MAIS POBRES?

A esmagadora maioria dos pobres é analfabeta e, portanto, não tem acesso às


informações e às ideias que poderiam ajudá-los a escapar da pobreza. Distinguem-se,
com frequência, em raça, tribo ou religião, dos grupos ricos dominantes. Apresentam
uma ligeira tendência a se constituir em mais mulheres que de homens, o que levou
alguns analistas a falarem de uma "feminização da pobreza".
A carga que recai sobre as mulheres multiplica-se incessantemente. Paga-se a
elas menos que aos homens, porém elas trabalham mais. São menos instruídas, mas lhes
cabe maior responsabilidade pela saúde das crianças. Nelas são colocadas as
expectativas de que deem à luz, criem e alimentem uma prole numerosa -
preferivelmente masculina - e, em consequência disso, crescem fracas e doentias na
medida em que seus corpos vão ficando fatigados pelos repetidos ciclos de gestação e
parto. São, com frequência, maltratadas e espancadas em seus próprios lares, mas
possuem poucos direitos legais e um número ainda menor de direitos de propriedade.
Para as mulheres pobres, como disse uma brasileira, "o único feriado... é quando você
está dormindo."
Numericamente falando, o grupo mais flagelado pela pobreza são as crianças. À
medida que a renda diminui, o tamanho da família aumenta. Em consequência disso,
talvez dois terços dos pobres do mundo que se acham em estado de pobreza absoluta
estejam abaixo da idade de 15 anos, e as perspectivas para esses jovens são ainda piores
que aquelas que se abrem para os seus pais.
Arruinados pela doença, pela falta de alimentação e de água limpa, um terço
dessas crianças morre antes de seu quinto aniversário. Muitos dos que sobrevivem
tornam-se fisicamente raquíticos e mentalmente lesados em decorrência da fome crônica
ocorrida durante a idade crítica de seis meses a dois anos.

(Alan Durning. In: Salve o planeta! Qualidade de vida -1990, Rio de Janeiro, Globo, 1990, p. 178)

(A) Determine o tema do texto


(B) Delimite o tema
(C) Aponte as distinções entre pobres e ricos, de acordo com o texto
(D) Relacione as consequências da “feminização” da pobreza
(E) Analise as consequências do flagelo da pobreza

3) PERSPECTIVA DE PROFISSIONAL GLOBAL ENSINA O JOVEM A “TER” E


NÃO A “SER”
Maria Bernadete Puto, www.rh.com.br, 24/11/2008

Nos dias atuais é comum encontrarmos manchetes como: “conheça as carreiras


do futuro”; “o ranking dos setores onde falta mão de obra qualificada no Brasil” ou as
profissões do futuro e assim por diante. Tais informações sobre as tendências do
mercado de trabalho tentam “nortear” ou “desnortear” o futuro do jovem profissional
para o caminho do “ter” e não do “ser”.

34
Uma das matérias que li numa revista de grande circulação mencionava que a
Tecnologia da Informação, Meio Ambiente e Responsabilidade Social estão em alta e
que “para se destacar neste novo cenário, é preciso batalhar para ser um profissional
global e, assim, atender às expectativas desse ambiente moderno e competitivo”. Ainda
dizia que um tiro certeiro para quem pensa grande é conhecer as chamadas profissões
do futuro - e investir nessas carreiras, que tendem a ser bastante valorizadas em médio
prazo.
E daí surge um questionamento: Em alta para quem? Por acaso quem fazia essa
análise de mercado era um especialista em Ensino Superior que oferecia cursos nessas
áreas, com a promessa de formar profissionais aptos a atuarem globalmente?
O reflexo dessas chamadas tem efeitos profundos, pois ao invés de auxiliar o
jovem a direcionar seu futuro para aquilo de que realmente ele gosta ou tem vocação,
ela acaba despertando interesse para as profissões que lhe propiciem mais vantagens
financeiras. Isso faz com que o jovem profissional acabe realizando muitas vezes
atividades que não ama, simplesmente em prol do “ter”. Quantos profissionais formados
como advogados, engenheiros, arquitetos, dentre outros, se formaram e não atuam na
área? Provavelmente escolheram a profissão errada e não conseguiram mudar o rumo da
sua carreira em tempo.
Outro efeito desse desencontro está atrelado à dificuldade que as organizações,
de modo geral, se deparam quando da contratação de profissional que, além de atender
aos requisitos de competência inerentes à função, esteja plenamente motivado. Um
exemplo é o resultado da péssima qualidade de serviços e de atendimentos com que, na
maioria das vezes, nos deparamos, seja lá em que segmento for.
Dia desses, lia outra reportagem sobre alto índice de evasão universitária. Esse é
outro aspecto que traz efeitos sociais perversos e, na maioria das vezes, está
correlacionado com as chamadas “carreiras do futuro”. Nesse contexto, o jovem,
precocemente e superficialmente escolhe sua profissão sem que ele conheça de fato sua
verdadeira atuação no mundo dessa carreira. Mais uma vez os jovens são massacrados
pelos interesses profissionalizantes, provocando, muitas vezes, os chamados
“profissionais infelizes” por não fazerem o que gostam, refletindo diretamente na sua
qualidade de vida.
O que deve ficar patente para o jovem é que para se ter carreira consistente, é
necessário que ele tenha aptidão e vocação. A vida nos coloca à disposição vários
caminhos. A diferença básica entre os profissionais está em como cada um decide
realizar sua caminhada. Alguns a torna desinteressada e repetitiva; outros caminham em
um ritmo considerado normal – dentro do padrão, já aqueles que dão sentido à sua vida,
“voam” com altivez e motivação interior, fazendo diferença não só no mundo do
trabalho como para as pessoas que estão à sua volta. É importante que o jovem perceba
que viver é muito mais que estar vivo.
Por todo esse contexto, sugiro aos jovens que não se deixem iludir pelas
chamadas profissões do futuro, sem primeiro descobrir o que realmente gostam. O
ranking das profissões pode ajudar, mas não deve ser fator decisivo de escolha. Para
iniciar, procure eliminar as áreas com as quais não se identifica – faça uma lista das suas
vocações. Conversar com pessoas que trabalham na área pode ajudar na decisão.
Procure conhecer o futuro da profissão, pois em quatro ou cinco anos podem ocorrer
mudanças.

35
Enfim, em qualquer que seja o segmento da nossa vida, devemos sempre ir ao
encontro do “ser”, com certeza aumentará a chance de autorrealização e como
consequência - de sucesso pessoal.

(A) Determine o tema do texto


(B) Aponte as carreiras do futuro usadas como exemplos
(C) Analise as consequências da má escolha da profissão.
(D) Relacione as soluções apresentadas pela articulista.
(E) Transcreva o trecho em que se resume a melhor solução dada pela autora.
(F) Qual o problema apontado pela autora com relação ao tema do texto?
(G) Qual a mensagem do texto?

A PRODUÇÃO DE TEXTOS - IV

GÊNEROS RETRABALHADOS
Fonte: Revista Língua, ano 7, no. 76, fev., 2012, www.revistalingua.com.br

Ao reescrever um poema de Manuel Bandeira em forma de notícia, ressaltam-se as


fronteiras entre os gêneros textuais

À transformação de poesia em prosa pode-se associar o trabalho com os gêneros.


Seguindo essa linha, uma outra possibilidade é transformar um poema numa notícia,
como se fez com o conhecido "Poema tirado de uma notícia de jornal", de Manuel
Bandeira:
João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro da Babilônia num
barracão
sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

Transforme o poema de Manuel Bandeira em uma notícia de jornal:


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______________________________________________________________________
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______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
__________
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______________________________________________________________________
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GRAMÁTICA DE USO – III

1) Elimine o que está sobrando:

(A) O gerente tem certeza absoluta do prazo estipulado.


(B) A taxa vigente no mercado, no momento, é igual à do mês passado.
(C) A data máxima para pagamento da mensalidade não pode passar além do
dia 30 do mês de janeiro.
(D) As visitas opcionais são de sua livre escolha.
(E) Os transportes públicos são alvo de vandalismo criminoso.

37
UNIDADE 5

COESÃO E COERÊNCIA – OS CONECTIVOS COMO ELEMENTOS


DE COESÃO E COERÊNCIA

COESÃO E COERÊNCIA
(Partes deste capítulo foram extraídos de SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: escrevendo com prática.
São Paulo: Iglu, 1997.)
O texto não é simplesmente um conjunto de palavras, pois, se o fosse, bastaria
agrupá-las de qualquer forma e teríamos um.
O ontem lanche menino comeu
Veja que neste caso não há um texto, há somente um grupo de palavras dispostos
em uma ordem qualquer. Mesmo que colocássemos estas palavras em uma ordem
gramatical correta: sujeito – verbo – complemento, precisaríamos, ainda, organizar o
nível semântico do texto, deixando-o inteligível.
O lanche comeu o menino ontem
O nível sintático está perfeito:
Sujeito = o lanche / Verbo = comeu / Complementos = o menino ontem
Mas o nível semântico apresenta problemas, pois não é possível que o lanche
coma o menino, pelo menos neste contexto. Caso a frase estivesse empregada num
sentido figurado e em outro contexto, isso seria possível: Pedrinho saiu da lanchonete
todo lambuzado de maionese, mostarda e catchup, o lanche era enorme, parecia que “o
lanche tinha comido o menino”.

38
A coesão e a coerência garantem ao texto uma unidade de significados encadeados.
Há, na língua, muitos recursos que garantem o mecanismo de coesão:

 por referência: Os pronomes, advérbios e os artigos são os elementos de coesão que


proporcionam a unidade do texto.
O Presidente foi a Portugal em visita. Em Portugal, o presidente recebeu várias
homenagens. ALTERANDO: O Presidente foi a Portugal. Lá, ele foi homenageado.

 Por elipse: Quando se omite um termo a fim de evitar sua repetição.


O Presidente foi a Portugal. Lá, foi homenageado.

 lexical: Quando são usadas palavras ou expressões sinônimas de algum termo


subsequente:
O Presidente foi a Portugal. Na Terra de Camões, foi homenageado por
intelectuais e escritores.

 por substituição: É usada para abreviar sentenças inteiras, substituindo-as por uma
expressão com significado equivalente.
O Presidente viajou para Portugal nesta semana, e o ministro dos Esportes o fez
também.

CONECTIVOS (CONJUNÇÕES)

 por oposição: Empregam-se alguns termos com valor de oposição (mas, contudo,
todavia, porém, entretanto, no entanto) para tornar o texto compreensível.
Estávamos todos aqui no momento do crime, porém não vimos o assassino.

 Por concessão ou contradição: São eles: embora , ainda que, se bem que, apesar de,
conquanto, mesmo que.
Embora estivéssemos aqui no momento do crime, não vimos o assassino.

 Por causa: São eles: porque, pois, como, já que, visto que, uma vez que.
Estávamos todos aqui no momento do crime e não vimos o assassino, uma vez que
nossa visão fora encoberta por uma névoa muito forte.

 por condição: são eles: caso, se, a menos que, contanto que.
Caso estivéssemos aqui no momento do crime, provavelmente teríamos visto o
assassino.

 por finalidade: São eles: para que, para, a fim de, com o objetivo de, com a finalidade
de, com intenção de.
Viemos aqui a fim de assistir ao concerto da orquestra municipal.

 por consequência: por isso, logo, portanto, então.


Os músicos tocaram muito bem, por isso mereceram aplausos.

CONECTIVOS (PREPOSIÇÕES)

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As preposições também exercem a função de coesão textual, unindo palavras e orações,
por exemplo. São elas: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para,
perante, por, sem, sob, sobre.

CONCORDÂNCIAS VERBAL E NOMINAL

Elas também são elementos de coesão. Na concordância verbal, o verbo deve concordar
com o sujeito; na, nominal, o adjetivo, o numeral, o pronome devem concordar com o
substantivo.

Ex.: Haviam cinco sofás amarelo na sala = Havia (ou Existiam) cinco sofás amarelos
na sala.

COERÊNCIA

É muito confusa a distinção entre coesão e coerência, aqui entenderemos como


coerência a ligação das partes do texto com o seu todo.
Ao elaborar o texto, temos de criar condições para que haja uma unidade de
coerência, dando ao texto mais fidelidade:

“Estava andando sozinho na rua, ouvi passos atrás de mim, assustado nem olhei,
saí correndo, era um homem alto, estranho, tinha em suas mãos uma arma...”

Se o narrador não olhou, como soube descrever a personagem?

A falta de coerência se dá normalmente:


Pela inverossimilhança, pela falta de concatenação e pela
argumentação falsa.

Observe outra situação:

“Estava voltando para casa, quando vi na calçada algo que parecia um saco de
lixo, cheguei mais perto para ver o que acontecia...”

Ocorre neste trecho uma incoerência, pois se era realmente um saco de lixo, com
certeza não iria acontecer coisa alguma.

Outro tipo de incoerência: Ao tentar elaborar uma história de suspense, o


narrador escolhe um título que já leva o leitor a concluir o final da história:

UM MILHÃO DE DÓLARES

“Estava voltando para casa, quando vi na calçada algo que parecia um saco de
lixo, ao me aproximar percebi que era um pacote com...”

O que será que havia dentro do pacote? Veja como o narrador acabou com a
história na escola infeliz do título.

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A incoerência está presente, também, em textos dissertativos que apresentam
defeitos de argumentação.

Em muitas redações observamos afirmações falsas e inconsistentes. Observe:

“No fundo nenhuma escola está realmente preocupada com a qualidade de ensino.
Estava assistindo ao debate na televisão dos candidatos ao governo de São Paulo. Um deles
citou o baixo nível da educação no Brasil, outro, a falta de educação... Eles mais se
acusavam moralmente do que mostravam suas propostas de governo. Em certo momento do
debate dois candidatos quase partem para a agressão física. Dessa forma, isso nos leva a
concluir que o homem não consegue conciliar ideias opostas. É por isso que o mundo vive
em guerras frequentemente.”

Note que nos dois primeiros exemplos as informações são amplas demais e sem
nenhum fundamento. Já no terceiro, a conclusão apresentada não tem ligação nenhuma com
o exemplo argumentado. Esses exemplos caracterizam a falta de coerência do texto.
Finalizando, tanto os mecanismos de coesão como os de coerência devem ser
empregados com cuidado, pois a unidade do texto depende praticamente da aplicação
correta desses mecanismos.

Exemplo de texto coerente, mas não coeso:

A PESCA
Affonso Romano de Sant’Anna
o anil
o anzol
o azul
o silêncio
o tempo
o peixe

a agulha
vertical
mergulha

a água
a linha
a espuma

o tempo
a âncora
o peixe...

Exemplo de texto coeso, mas não coerente:

Hoje pela manhã, acordei muito cedo, mas mesmo assim não tomei café devido à
minha fome, entretanto meu irmão não trouxe o livro que eu lhe pedi porque a minha mãe
não fez o café muito cedo hoje, sendo assim, acho que vou viajar no fim de semana com os
amigos da faculdade e tentar, na próxima semana, arrumar um emprego, pois sempre
acordo muito atrasado.

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EXERCÍCIOS
Fonte: professores de LPT/área da Saúde

1) Aponte as incoerências em cada um dos textos abaixo:


(A) O quarto espelha características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao
ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia
sinais disso: raquetes de tênis, prancha de surf, equipamento de alpinismo, skate, um
tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesinha, as obras completas de
um poeta inglês.

(B) A empresa fundada em 1903 nos EUA por Henry Ford operou uma revolução.
Antes de Ford, os automóveis eram feitos como se os seus moradores fossem artesãos,
sendo bastante caros e escassos. Ford implantou o conceito de linha de montagem: uma
esteira conduzia os componentes para vários operários, cada um especializado em
apenas um único processo. O tempo de produção caía de 12 horas para apenas uma hora
e meia: maior oferta, menor preço, uma grande procura e lucros extraordinários. Ford
enriqueceu e pôde erguer outras fábricas acreditando na produção artesanal.

(C) Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina de uma das
avenidas de São Paulo. Ele era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que
estavam os pacotinhos de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista,
que vinha em alta velocidade, perdeu a direção. O carro capotou e ficou de rodas para o
ar. O menino não pensou duas vezes. Correu para o carro e tirou de lá o motorista, que
era um homem corpulento. Carregou-o até a calçada, parou um carro e levou o homem
para o hospital. Assim salvou-lhe a vida.

2) Troque a conjunção em destaque por outra equivalente:

O fumo ajuda a queimar gorduras, mas os males que traz à saúde eliminam qualquer
tipo de benefício. A conjunção destacada pode ser substituída por:

(A) no entanto;
(B) porque;
(C) se;
(D) ou;
(E) pois.

3) Observe os períodos abaixo escolhendo os melhores operadores (conectivos) entre


parênteses para que eles fiquem coesos e coerentes:

(A) O Brasil é um país cuja economia precisa de mais atenção, ________ seu povo
trabalha muito e paga muitos impostos, ______________ merece uma vida com mais
segurança econômica. (pois, no entanto, sendo assim, embora)

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(B) __________ tudo dê certo, o gerente propôs aos colaboradores da empresa uma
redistribuição das tarefas ______________ uma oportunidade para ganhar gratificações
__________ não haja atrasos nas entregas dos materiais aos clientes. (porém, a fim de
que, enquanto, bem como, desse modo, desde que).
(C) _____________ a empresa crescia, os funcionários mais trabalhavam e poucos eram
reconhecidos. ______________ resolveram manifestar suas insatisfações, ___________
parece que nada foi feito! (entretanto, para que, à medida que, diante disto, pois).
(D) Os brasileiros, _________, quase todos eles, já não aguentam mais o ritmo de vida
acelerado. Os únicos que escapam desta loucura são os que vivem no interior, __________
a vida por lá ainda corre com um pouco mais de tranquilidade. (mas, isto é, uma vez que,
neste sentido).

4) Complete o texto abaixo usando as preposições adequadas (a, ante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre), acrescente o artigo
definido/indefinido quando necessário:

“O aspartame, um ...... adoçantes mais usados atualmente, foi descoberto ...... puro
acaso, ..... 1965, ...... laboratório dos Estados Unidos. O químico James Schlatter, .....
companhia Searle, estava pesquisando um remédio ..... úlcera, baseado..... mistura ......
quatro aminoácidos diferentes. Aminoácidos são os compostos .... carbono que formam as
proteínas. Schlatter estava aquecendo a mistura ..... frasco, quando algumas gotas
espirraram ..... fora. ....... dar importância ........ o fato, ele prosseguiu seu trabalho. Um
pouco mais tarde, ....... lamber o dedo ...... pegar uma folha ...... papel, percebeu um sabor
doce muito forte. Primeiro, achou que era um resto de açúcar ....... café ...... manhã. Depois,
percebeu que isso não podia ser verdade, pois havia lavado as mãos ...... chegar .......
laboratório. Deduziu, então, que a origem ........ sabor só podia ser o frasco usado .......
experiência. Como nenhuma ....... substâncias usadas era tóxica, Schlatter provou a mistura
e reconheceu o gosto que saboreara ...... dedo, momentos antes.”
5) Leia o texto a seguir e responda às questões propostas:

João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina, cuja frente
dava para leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até o horizonte,
uma planície de areia. Na noite em que completava 30 anos, João, sentado nos degraus
da escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol poente e observava como a sua
sombra ia diminuindo no caminho coberto de grama. De repente, viu um cavalo que
descia para a sua casa. As árvores e as folhagens não o permitiam ver distintamente;
entretanto observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto verificou que o
visitante era seu filho Guilherme, que há 20 anos tinha partido para alistar-se no

43
exército, e, em todo este tempo, não havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver seu pai,
desmontou imediatamente, correu até ele, lançando-se nos seus braços e começando a
chorar.

Fonte: CEREJA, R. W. e MAGALHÃES, T. C. Gramática reflexiva. São Paulo: Atual, 1999, p. 38

Além do domínio vocabular e sintático da língua, o texto também apresenta marcas de


coesão. Destaque do texto:
(A) dois exemplos de coesão, nos quais uma palavra retoma um termo já expresso;
(B) dois exemplos de marcadores temporais que dão ideia de sequência dos fatos;
(C) um conector (conectivo, conjunção) que estabeleça uma relação de oposição entre
duas ideias.
(D) Apesar de aparentemente bem redigido, o texto apresenta sérios problemas de
coerência, o que o torna inadequado. A fim de constatar os problemas de coerência do
texto, encontre pelo menos duas incoerências e explique-as.

6) Reescreva os trechos a seguir de forma a eliminar a incoerência:

(A) Fazendo sucesso com a sua nova clínica, a psicóloga Iracema Leite Ferreira Duarte,
localizada na rua Campo Grande, 159...
(B) Embarcou para São Paulo Maria Helena Arruda, onde ficará hospedada no luxuoso
hotel Maksoud Plaza.
(C) A oncocercose é uma doença típica de comunidades primitivas. Não foi desenvolvido
ainda nenhum medicamento ou tratamento que possibilite o restabelecimento da visão.
Após ser picado pelo mosquito, o parasita (agente da doença) cai na circulação sanguínea e
passa a provocar irritações oculares até a perda total da visão.
(F.S.P., 2/11/90)
(D) O presidente americano (...) produziu um espetáculo cinematográfico em novembro
passado na Arábia Saudita, onde comeu peru fantasiado de marine no mesmo bandejão
em que era servido aos soldados americanos.
(Veja, 9/1/91)

(E) Zélia Cardoso de Mello decidiu amanhã oficializar sua união com Chico Anysio.
(A Tarde, 16/9/94)

A PRODUÇÃO DE TEXTOS - V
Leia o texto abaixo e reescreva-o eliminando o gerundismo:
PARA VOCÊ ESTAR PASSANDO ADIANTE

Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortando e possa estar
deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar
espalhando essa praga terrível da comunicação moderna, o gerundismo.
Você pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou estar
enviando pela Internet. O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá estar
recebendo esta mensagem, de modo que ela possa estar lendo e, quem sabe, consiga até mesmo

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estar se dando conta da maneira como tudo o que ela costuma estar falando deve estar soando
nos ouvidos de quem precisa estar escutando.
(...)
Tudo começou a estar acontecendo quando alguém precisou estar traduzindo manuais
de atendimento por telemarketing. Daí a estar pensando que "We'll be sending it tomorrow"
possa estar tendo o mesmo significado que "Nós vamos estar mandando isso amanhã" acabou
por estar sendo só um passo.
Pouco a pouco a coisa deixou de estar acontecendo apenas no âmbito dos atendentes de
telemarketing para estar ganhando os escritórios. Todo mundo passou a estar marcando
reuniões, a estar considerando pedidos e a estar retornando ligações.
(...)
A primeira pessoa que inventou de estar falando "Eu vou tá pensando no seu caso" sem
querer acabou por estar escancarando uma porta para essa infelicidade linguística estar se
instalando nas ruas e estar entrando em nossas vidas.
(...)
A única solução vai estar sendo submeter o gerundismo à mesma campanha de
desmoralização à qual precisaram estar sendo expostos seus coleguinhas contagiosos, como o "a
nível de", o "enquanto", o "pra se ter uma ideia" e outros menos votados.
A nível de linguagem, enquanto pessoa, o que você acha de tá insistindo em tá falando
desse jeito?
Autor anônimo, divulgado na internet (trecho)
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GRAMÁTICA DE USO - IV

1) Preencha os espaços em branco com as palavras adequadas entre parênteses:


(A) Fomos à loja de ............... e lá compramos tudo o que precisávamos para
fazer o reparo do carro. (assessórios/acessórios)
(B) A ............... das cláusulas do contrato deve ser feita mediante a ............... de
todos os contratantes. (ratificação/retificação)
(C) A ............... do jornal reservada para o esporte foi cancelada por falta de
espaço no jornal. (seção/sessão/cessão)
(D) A reunião anterior do departamento não foi proveitosa, mas na ...............
todos ficaram de reclamar dos baixos salários. (seção/sessão)

CONCORDÂNCIA NOMINAL
CIPRO NETO, Pasquale, Português passo a passo.
2) Complete as frases seguintes com a forma apropriada do termo entre parênteses.
(A) Ela perdeu os óculos __________(escuro)
(B) Gostaria de visitar todos os países ____________(latino-americano)

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(C) Ele não sabe identificar as diferenças entre as culturas ______________(latino-
americano)
(D) ______postura e comportamento são ________________(seu / deplorável)
(E) Tenho ____________cadelas e cachorro. (robusto)

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UNIDADE 6

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Fonte: professores de LPT/área da Saúde

Denotação: quando empregamos as palavras com seu sentido comum, do dicionário.

Palavra com significação restrita;


Palavra com sentido comum de dicionário;
Palavra utilizada de modo objetivo;
Linguagem exata e precisa.

Conotação: quando empregamos palavras com sentido figurado, diferente daquilo que
lhe é próprio.

Palavra com significação ampla;


Palavra cujos sentidos extrapolam o sentido comum;
Palavra usada de modo artístico;
Linguagem rica e expressiva.

Leia o texto abaixo e pense nos sentidos que uma palavra pode adquirir conforme o
contexto:

DUPLOS
Estávamos reunidos outro dia, eu e um grupo de amigos, quando um deles
voltou à mesa e dissemos “senta aí”, uma sonora gargalhada se seguiu e ele disse que
não era do tipo que sentava, há, há, há.
Se você, caro leitor, não se apercebeu do engraçado da situação, faça um esforço
e dê asas a sua imaginação mais rasteira e obcecada por questões sexuais, para
compreender o novo duplo sentido da palavra sentar.

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Confesso que fui uma das que riu, mas ao mesmo tempo percebi que, em breve,
não teremos mais um só verbo que não tenha duplo sentido.
Gostaria de convidá-los a uma breve averiguação: comecemos por “dar”. Este
verbo, há muito, perdeu sua inocência. Desde Carmem Miranda que temos que esperar
até o final da canção “Eu dei” para sabermos que o que ela deu foi o coração.
“Ficar” recentemente foi incorporado ao vocabulário jovem como sinônimo de
contatos sexuais iniciais. “Fiquei com o Luisinho” significa que ele te deu uns
“amassos”.
Sou do tempo do “amassar”, outro verbo que há décadas indica mais que bater o
carro ou fazer pão. Há alguns grupos que se utilizam do “fazer”: “Pois é, fiz o Carlos”,
quer dizer que o Carlos “atendeu”, lá se vão mais dois.
“Agasalhar” pode pegar mal em algumas rodinhas. Cuidado também com o
“afogar”. Outro dia, deixando um estacionamento automatizado percebi que estava
escrito: “Insira seu cartão aqui”. Insira? Meu Deus! O que será que foi feito do
“introduza” ou ainda do “enfie”?
Agora imaginem se estivesse escrito “meta seu cartão aqui”. O português estaria
correto, mas provavelmente alguém se sentiria ofendido o bastante para processar o
estabelecimento.
(Marisa Orth, Jornal Agora, 18.03.01)

Observe como a articulista brinca com alguns verbos com sentidos ambíguos.
Que nível semântico foi empregado: denotativo ou conotativo? Justifique.

POLISSEMIA

É a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vários significados.


(poli = "muitos", semos = "significado"). Leia e observe atentamente o significado da
palavra grifada em cada uma das frases:

1. O menino tropeçou numa pedra.


2. Comprou apenas uma pedra de sabão.
3. Dormiu como uma pedra.
4. Esta menina tem um coração de pedra.
5. Esse rapaz é uma pedra.

Você constatou que uma mesma palavra assume, dependendo do contexto da frase
em que é empregada, sentidos diferentes.

Pedra
1. "rocha" 2. "pedaço" 3. "profundamente" 4. "insensível" 5. "estúpido"
Fig. 6

Você pode constatar que o verdadeiro sentido de uma palavra depende do contexto
linguístico em que é empregada. A palavra isoladamente não possui nenhum significado
preciso. Vejamos, por exemplo, a palavra "cabeça". Qual o sentido que essa palavra possui?
É evidente que ela tem um sentido principal -"parte superior do corpo". Mas será que essa
palavra possui apenas esse sentido? Observe as frases seguintes:

48
1. A cabeça é a parte superior do corpo.
2. Toda a gente o louva: é uma grande cabeça.
3. Sabia de cabeça todos os versos do poema.
4. Ele vinha à cabeça de todos os concorrentes.
5. Essa vila é a cabeça da comarca.
6. Pagaram dez tostões por cabeça.
7. Feriu-se na cabeça do dedo.
8. O cabeça da conspiração foi aprisionado.
9. Isso não tem pés nem cabeça.
10. Deu-lhe na cabeça fazer versos.
11. Cada cabeça, cada sentença.
12. Então perdeu por completo a cabeça.

Frases extraídas de Estilística da Língua Portuguesa, de M. Rodrigues Lapa, disponível em


www.robertoavila.com.br

A IMPORTÂNCIA DAS FIGURAS DE LINGUAGEM


Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/5536/a-importancia-das-
figuras-de-linguagem

A importância em reconhecer figuras de linguagem está no fato de que tal


conhecimento, além de auxiliar a compreender melhor os textos literários, deixa-nos
mais sensíveis à beleza da linguagem e ao significado simbólico das palavras e dos
textos.
Definição: Figuras de linguagem são certos recursos não convencionais que o falante ou
escritor cria para dar maior expressividade à sua mensagem.

1) PLEONASMO
Na oração: “Ela cantou uma canção linda!”, houve o emprego de um termo
desnecessário,
pois quem canta, só pode cantar uma canção. Na famosa frase: “Vi com meus próprios
olhos.”, também ocorre o mesmo. PLEONASMO É A REPETIÇÃO DE IDEIAS

2) ANACOLUTO
É A FALTA DE NEXO QUE EXISTE ENTRE O INÍCIO E O FIM DE UMA FRASE:
Dois gatinhos miando no muro, conversávamos sobre como é complicada a vida dos
animais.
Novas espécies de tubarão no Japão, pensava em como é misteriosa a natureza.

3) METÁFORA – COMPARAÇÃO
1-Aquele homem é um leão. Estamos comparando um homem com um leão, pois esse
homem é forte e corajoso como um leão.
2-A vida vem em ondas como o mar. Aqui também existe uma comparação, só que
desta vez é usado o conectivo comparativo: como.
O exemplo 1 é uma metáfora e o exemplo 2 é uma comparação.
METÁFORA: SEM O CONECTIVO COMPARATIVO. COMPARAÇÃO: COM O
CONECTIVO (COMO, TAL COMO, ASSIM COMO)

4) METONÍMIA

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AQUI TAMBÉM EXISTE A COMPARAÇÃO, SÓ QUE DESTA VEZ ELA É MAIS
OBJETIVA.
Ele gosta de ler Agatha Christie. Ele comeu uma caixa de chocolate. (Ele comeu o que
estava dentro da caixa) A velhice deve ser respeitada. Pão para quem tem fome. (“Pão”
no lugar de “alimento”) Não tinha teto em que se abrigasse.(“Teto” em lugar de “casa”)

5) PERÍFRASE - ANTONOMÁSIA
A Cidade Maravilhosa recebe muitos turistas durante o carnaval. O Rei das Selvas está
bravo.
A Dama do Suspense escreveu livros ótimos. O Mestre do Suspense dirigiu grandes
clássicos do cinema.
Nos exemplos acima notamos que usamos expressões especiais para falar de alguém ou
de algum lugar. Defina a quem/quê as expressões se referem:

Cidade Maravilhosa:
Rei das Selvas:
A Dama do Suspense:
O Mestre do Suspense:
QUANDO USAMOS ESSE RECURSO ESTAMOS EMPREGANDO A PERÍFRASE
OU ANTONOMÁSIA. PERÍFRASE, QUANDO SE TRATAR DE LUGARES OU
ANIMAIS. ANTONOMÁSIA, QUANDO FOREM PESSOAS.

6) CATACRESE
A CATACRESE É O EMPREGO IMPRÓPRIO DE UMA PALAVRA OU
EXPRESSÃO POR ESQUECIMENTO OU IGNORÂNCIA DO SEU REAL
SENTIDO.
Sentou-se no braço da poltrona para descansar. A asa da xícara quebrou-se. O pé da
mesa estava quebrado. Vou colocar um fio de azeite na sopa.

7) ANTÍTESE
EMPREGO DE TERMOS COM SENTIDOS OPOSTOS.
Ela se preocupa tanto com o passado que esquece o presente. A guerra não leva a nada,
devemos buscar a paz.

8) EUFEMISMO
Aquele rapaz não é legal, ele subtraiu dinheiro. Acho que não fui feliz nos exames.
O INTUITO DESSAS ORAÇÕES FOI ABRANDAR A MENSAGEM, OU SEJA, SER
MAIS EDUCADO.
No exemplo 1 o verbo “roubar” foi substituído por uma expressão mais leve. O mesmo
ocorre co o exemplo 2 , “reprovado “ também foi substituído por uma expressão mais
leve.

9) IRONIA
Que homem lindo! (quando se trata, na verdade, de um homem feio.) Como você
escreve bem, meu vizinho de cinco anos teria feito uma redação melhor! Que bolsa
barata, custou só mil reais!

10) HIPÉRBOLE

50
É O EXAGERO NA AFIRMAÇÃO.
Já lhe disse isso um milhão de vezes. Quando o filme começou, voei para casa.

11) PROSOPOPEIA
ATRIBUIÇÃO DE QUALIDADES E SENTIMENTOS HUMANOS A SERES
IRRACIONAIS E INANIMADOS.
A formiga disse para a cigarra: “Cantou... agora dança!”

EXERCÍCIOS
Fonte: professores de LPT/área da Saúde

1) Leia as frases a seguir e indique com D, se o sentido for denotativo, e com C, se for
conotativo:
(A) “Amaram o amor urgente”. ( )
(B) “O homem com quem casara era um homem verdadeiro” ( )
(C) “Daquela cidade / Distante do mar” ( )
(D) “... tomar cuidado na hora perigosa da tarde” ( )
(E) “Que uma andava tonta / Grávida de lua” ( )
(F) “Saía então para fazer compras ou levar objetos para consertar” ( )
(G) Pedro joga bola todos os domingos. ( )
(H) Diz-se que Pedro é uma bola. ( )
(I) “Nosso caso é uma porta entreaberta.” ( )
(J) O funcionário deixou a porta entreaberta. ( )
(K) O comandante deu um grito de alerta. ( )

2) Dê a significação que as palavras abaixo assumem quando empregadas para designar


atributos humanos:

1. leão 2. rato 3. coruja 4. cobra 5. avião


6. víbora 7. toupeira 8. bruxa 9. Gavião

3) Uma das palavras ditas pelo amigo do Beto fez com que este a entendesse
denotativamente. Qual é a palavra?

4) Diga se é metáfora ou comparação:


Ele é um anjo. Ela uma flor. A chuva cai como lágrimas. A mocidade é como uma flor.

A PRODUÇÃO DE TEXTOS - VI

51
A) Responda se o trecho abaixo é um texto e justifique.

“Maria foi à feira e, desiludida com o plano econômico, discutiu com o primo, e
divorciou-se do carteiro.”
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_______________
B) Reescreva as pérolas corrigindo-as:
O bem star dos abtantes endependente de roça, religião, sexo e vegetarianos, está
preocudan-do-nos.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
__________

É preciso melhorar as indiferenças sociais e promover o saneamento de muitas


pessoas.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
__________

GRAMÁTICA DE USO - V
1) Preencha as lacunas com um dos termos entre parênteses:
(A) O ..................................... no final do dia estava
insuportável. (tráfego - tráfico)
(B) Não costumo .......................................as leis. (infligir -
infringir)
(C) Após o bombardeio, o navio atingido.............................
(emergiu - imergiu)
(D) Vários....................................japoneses chegaram a São
Paulo nas primeiras décadas do século. (emigrantes - imigrantes)
(E) Não há.......................................de raças naquele país.
(discriminação - descriminação)

52
UNIDADE 7

A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO E O TÓPICO FRASAL. A


ARTICULAÇÃO ENTRE OS PARÁGRAFOS DO TEXTO

Pérolas
Pode-se notar que o homem só conseguiu ir para diferentes lugares do mundo
a partir dos primatas, que desenvolveram a roda, tendo como consequência a
possibilidade de conhecer culturas variadas.

PARAGRAFAÇÃO
Fonte: www.luciavasconcelos.com.br

Além dos estudos estruturais de paragrafação, vale a pena entender os aspectos


conteudísticos que influenciam a divisão dos parágrafos de uma dissertação. Na verdade,
não há nenhuma regra específica que defina quantos parágrafos deve ter um texto
dissertativo nem quantas linhas deve ter cada parágrafo. Por exemplo, em um texto que
tenha entre 25 e 30 linhas, não são necessários muitos parágrafos: seis é o suficiente. Vamos
entender o motivo disso.
A palavra “parágrafo” vem do grego paragraphós (para = paralelo / contra; graphos
= grafia, escrita). Significa uma unidade de texto escrito geralmente assinalada pela
mudança de linha e pelo recolhido e cuja função é a de indicar serem as frases nela contidas
o desenvolvimento de uma ideia, estando mais intimamente relacionadas entre si do que
com as demais frases do texto. Assim, a divisão dos parágrafos deve obedecer à fluência das
ideias do texto.
Como vimos, o parágrafo introdutório de uma redação cumpre a função
fundamental de indicar o percurso analítico escolhido pelo autor para tratar do tema
abordado. Visto que a função do primeiro parágrafo é simplesmente informar o tema e o
aspecto pelo qual este será abordado, não é necessário que seja longo – cinco linhas ou
menos são suficientes para esse papel.
O mesmo pode ser dito do parágrafo de conclusão. Visto que este deve ser um
reforço da tese sustentada ao longo da análise, poucas linhas são necessárias para amarrar as
ideias principais e fechar o texto. Se oito ou dez linhas forem gastas com introdução e
conclusão, isso significa que sobrarão cerca de vinte linhas para o desenvolvimento, que é a
parte mais substancial da redação.
Os parágrafos de desenvolvimento devem se dividir, conforme já mencionado, de
acordo com as ideias neles apresentadas. Cada ideia que contribui para a tese, juntamente
com o argumento e o raciocínio que ele inclui, deve constituir um parágrafo diferente do
texto. Em uma dissertação que tenha entre trinta e quarenta linhas, não há possibilidade de
incluir muitos argumentos. Então, é preciso ser objetivo e selecionar aqueles que melhor
contribuem para o desenvolvimento do tema. A decisão quanto ao número de parágrafos e
quantas linhas cada um deles ocupará dependerá das escolhas do autor na construção do
processo argumentativo.
As principais características do parágrafo dissertativo são: existência de uma ideia-
núcleo aliada a ideias secundárias e evidência de um processo completo de raciocínio,
embora curto. O núcleo de cada parágrafo recebe o nome de tópico frasal, expressão de
denomina a frase que será desenvolvida e explicitada por meio de frases de
desenvolvimento e de conclusão.

53
Assim, cada parágrafo é como um pequeno texto, com ideia principal,
desenvolvimento e conclusão.
As palavras-chave
São aquelas palavras próprias de um texto, isto é, as palavras principais relacionadas
a um tema. Ao se ler um texto, pode-se selecionar essas palavras grifando-as, facilitando,
dessa forma, sua interpretação. Antes de redigir um texto, você também pode selecionar
várias palavras relacionadas ao tema sobre o qual você está redigindo.
As ideias-chave
Às vezes, encontramos dificuldade em relacionar as palavras-chave de um texto que
estamos lendo. Uma boa solução para ajudar a entender o texto é sublinhar as ideias
principais de cada parágrafo. Antes de escrever um texto, você também pode planejá-lo
elencando as ideias que você vai usar.

EXERCÍCIOS
Fonte: www.robertoavila.com.br

1 – Leia os tópicos frasais abaixo com atenção. Depois, marque a letra correspondente
ao desenvolvimento de cada um:

(A) – Estão abertas as inscrições para vários vestibulares do país.


(B) – Atingida a marca de um milhão de carros nas ruas, a frota do Distrito Federal se
multiplica em velocidade geométrica e o transporte público continua promessa a ser
cumprida no Dia de São Nunca.
(C) – Vários fatores respondem pelas tragédias dos últimos anos nos rios da Região norte.
(D) – Depois de fiscalizar cursos de direito e pedagogia, o Ministério da Educação se dispõe
a atacar a medicina.

( ) O tráfego intenso e a falta de sinalização ao longo dos leitos aliam-se ao descaso


decorrente de falhas flagrantes na fiscalização. Batidas de barcos e número excessivo de
passageiros a bordo são ocorrências corriqueiras. A certeza da impunidade é tal que homens
e mulheres pegam o transporte no meio do rio, com a embarcação em movimento. Sobram
portos clandestinos. Bagagem espalhada pelo chão dificulta o acesso às saídas de
emergência (quando existem). E a população que precisa ir e vir corre sério risco ao exercer
o direito assegurado pela Constituição.
( ) Com isso, volta à tona o debate sobre o vestibular como a principal forma de ingresso na
universidade, e não são apenas os cansados estudantes do ensino médio ou de cursinhos que
acham o teste forma injusta de seleção. Especialistas propõem alternativas.
( ) No Exame Nacional do Desempenho de Estudantes (Enade), 17 faculdades receberam
nota vermelha. Do máximo de cinco pontos, tiraram um e dois, abaixo do mínimo admitido
– três. Entre as reprovadas figuram quatro instituições federais. As restantes são
particulares.
( ) Como é norma no país, o caos chegou antes das providências. Espera-se que não tenha
vindo para ficar. Quase 250 novos autos entram em circulação todos os dias. Há menos de
uma década tínhamos 585 mil, hoje estamos perto do dobro. Algo precisa ser feito já.

2 – Sublinhe os tópicos frasais dos seguintes parágrafos:

54
(A) – Anualmente, as cheias dos rios assolam as populações mais pobres de estados
brasileiros. Ruas cobertas de lama, móveis perdidos e até mortes são registradas nas
primeiras semanas de cada ano. Mesmo com a história se repetindo, governantes não
conseguem evitar desgraças como a que tomou conta, neste ano, de diversas cidades
catarinenses.
(B) – Atenção, chocólatras e loucos por dieta: se comer muito chocolate faz mal, deixar de
comê-lo também não é atitude saudável. Depois de seguir alimentação e reações físicas de
cem pessoas, cientistas concluíram: a ingestão diária de 50 gramas de chocolate amargo
evita o desenvolvimento de doenças.

3 – Leia o desenvolvimento dos parágrafos e a seguir escolha o tópico frasal adequado.

(A) ______. Um deles: furto nos sinais de trânsito. Outro: embaraço à livre circulação
de pessoas pelos muros de mercadorias armados pelos camelôs. Mais um: extorsão
mediante ameaça declarada ou tácita praticada pelos flanelinhas. Em dias de jogo no
Maracanã, chegam a cobrar R$ 10 ou R$ 20. O último, mas não menos importante: a
cidade, loteada pelo crime organizado, também é vítima do mapeamento de suas ruas e
esquinas feito pelo pequeno delinquente.

( ) Na cidade, há pequenos delitos para todos os gostos.


( ) Não se pode mais andar sossegado pelas ruas do Rio.

(B) ______. Agora é a vez da plantação de 500 mil hectares de eucaliptos para
abastecimento de três grandes indústrias de celulose. A ação preocupa ambientalistas,
que temem mudanças climáticas. Eles defendem a retomada da pecuária tradicional e
clamam pela criação de áreas de proteção para resguardar pelo menos 10% do ambiente
nativo. Hoje, de acordo com o IBGE, só 2,7% do bioma está protegido por unidades de
conservação federal.

( ) Desacreditados por alunos que temem não se encaixar no mercado de trabalho, as


universidades da região Sul querem mudar os currículos.
( ) Desgastado pelas frentes agrícolas que semearam arroz nos anos 1970 e, logo depois,
pela soja, o cenário do pampa vai mudar.

4 – Crie um tópico frasal do seguinte parágrafo.


______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
____. Nos países desenvolvidos, a população já preencheu outras necessidades de consumo,
seja pelo poder aquisitivo mais alto, seja porque envelhece. Além disso, pressões
trabalhistas, com exigências de redução de jornada, deixam mais tempo livre para o
divertimento. Abre-se, assim, um grande campo a explorar para um dos principais ramos de
serviço, o turismo. (...) Paralelamente ao avanço do turismo, o setor hoteleiro tem registrado
altos índices de expansão, apesar das dificuldades recentes. Grandes cadeias internacionais
chegam principalmente para atender executivos de fora, uma vez que já há uma superoferta
de hotéis em cidades como São Paulo.
Fonte: Gazeta Mercantil, 13 de setembro de 2002 - com adaptações

5 – Desenvolva um parágrafo coerente partindo do seguinte tópico frasal.

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(A) A insegurança nas grandes cidades tem aumentado dramaticamente.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_________________________

6) Identifique as palavras-chave nos textos abaixo:


Fonte: professores de LPT/área da Saúde

Texto 1
FUMANTES PASSIVOS

Muito se tem ouvido sobre os males causados pelo fumo. São inúmeras doenças
que podem surgir no nosso organismo em decorrência da soma de cigarros consumidos
ao longo dos anos de nossa vida. Mas e quem não é um fumante ativo? Seria ele
obrigado a respirar a droga eliminada por outros em lugares públicos?
Os fumantes passivos, ou seja, aqueles que sem poder de escolha aspiram a
fumaça de fumantes declarados, como já está muito bem comprovado, estão à mercê
dos mesmos males que acometem os ativos. Pesquisas têm mostrado que algumas
pessoas não fumantes numa família de fumantes adquiriram câncer nos pulmões devido
à convivência frequente com a fumaça de cigarros que circulava pela casa.
É evidente que em lugares públicos as pessoas têm o direito e a liberdade de
fazer o que querem. Num local público, por exemplo, podemos falar mais alto, usar
roupas mais ousadas, andar de forma extravagante entre outras atividades, sem que
sejamos punidos por isso. No entanto, em se tratando da fumaça de cigarros a situação
muda, pois estamos lidando com a saúde do outro e não com qualquer outro fato banal.
Neste caso, seremos responsáveis por um problema sério que poderá se desencadear no
outro, ou seja, o público não é tão público assim.
(...)
Dessa forma, o que se condena não é o fumante ativo, mas os males que o
cigarro causa e principalmente o fato de que os não fumantes não devem ter o direito de
escolher se querem ou não respirar a fumaça de outras pessoas.

Fonte desconhecida: Adaptado de Nair S. Feld e Jorge L. Torresan (apostila)


Texto 2

VANTAGENS E RISCOS DA NANOTECNOLOGIA AO MEIO AMBIENTE

A manipulação da matéria na escala nanométrica, num bilionésimo de metro,


tem produzido efeitos positivos na área ambiental. As resinas magnéticas têm a
capacidade de remover metais de um meio aquoso, o que pode ser utilizado no
tratamento de efluentes. As nanopartículas são capazes de remover contaminantes onde

56
não há eficácia de outros processos químicos. Há quem defenda a nanotecnologia como
a garantia de que o mundo atingirá, enfim, o desenvolvimento sustentável. Entretanto,
ao mesmo tempo que as vantagens dessa tecnologia são nítidas para o meio ambiente,
alguns especialistas começam a atentar para o impacto dos nanomateriais na saúde do
ser humano e na natureza. Tornando-se, assim, necessário o estudo contínuo desse novo
processo.
Adaptado de http://www.mct.gov.br/html/template/frameSet.php?
urlFrame=http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano01.htm&objMct=No%20Brasil

Texto 3
Nas últimas décadas, em todo o mundo, as doenças cardiovasculares passaram a
ser a principal causa de morbimortalidade. Dentre estas, destaca-se a Insuficiência
Cardíaca Congestiva (ICC), que é uma das patologias que mais cresce. Apesar de todos
os avanços do último século nesta área, a ICC é a única doença do sistema circulatório
cuja incidência insiste em aumentar. Dessa forma assume proporções de uma futura
pandemia, com graves implicações socioeconômicas.
A ICC é o estado fisiopatológico no qual o coração é incapaz de bombear sangue
numa frequência proporcional às necessidades metabólicas dos tecidos ou pode fazê-lo
apenas com alta pressão de enchimento. De um modo mais amplo, pode-se dizer que
ICC ocorre quando qualquer disfunção cardíaca, provocada por lesão miocárdica ou
sobrecarga hemodinâmica, seja aguda ou crônica, gera diminuição do débito cardíaco.
Por consequência, gera aumento das pressões de enchimento dos ventrículos e
alterações na perfusão tissular periférica.
O aumento da atividade simpática cardíaca e dos níveis plasmáticos elevados de
noradrenalina são respostas que ocorrem precocemente nos pacientes com ICC. Podem
ser detectados mesmo na disfunção ventricular esquerda assintomática e elevam-se
adicionalmente à medida que a síndrome se agrava. Paralelamente, ocorre depleção de
catecolaminas miocárdicas, pó motivo de efeitos na síntese e captação de noradrenalina.
(...)
Fonte: www.scielo.br/pdf/abc/v94n6 (adaptado)

7) Identifique as ideias-chave nos textos abaixo:

Texto 1

Um ponto importante para viver com sabedoria está em encontrar a proporção certa
entre a atenção que dedicamos ao presente e a que dedicamos ao futuro, para que um não
estrague o outro. Muitos vivem por demais no presente: os levianos; outros, por demais no
futuro: os medrosos e cheios de cuidado. É difícil alguém manter nisso a medida justa.
Aqueles que, ansiando e esperando, vivem só no futuro, olhando sempre para a frente e
correndo sempre apressados ao encontro das coisas vindouras, como se só elas trouxessem a
verdadeira felicidade, e que deixam enquanto isso escoar-se o presente, despercebido, sem
gozá-lo, são, apesar do seu ar grave, comparáveis àqueles burros da Itália, cujo passo é
acelerado por terem pendurado, num bastão preso à sua cabeça, um molho de feno, que
portanto sempre veem bem à sua frente e esperam sempre alcançar. Ludibriam-se,
sacrificando toda existência, ao viver sempre só ad ínterim1- até que um dia morrem.
Em vez, portanto, de estarmos sempre e exclusivamente entretidos com os projetos e
as preocupações com o futuro, ou de entregarmo-nos à nostalgia do passado, não
1
No intervalo.

57
deveríamos nunca nos esquecer de que só o presente é real e só ele é certo; enquanto o
futuro quase sempre sai diferente do que pensamos; e também o passado foi diferente do
que hoje parece ter sido; e de tal forma que ambos têm menos significado do que parece. Só
o presente é real e verdadeiro: ele é o tempo de fato preenchido, só nele está a nossa
existência. Por isso, deveríamos dar-lhe sempre uma boa acolhida, desfrutando
conscientemente cada hora livre de adversidades imediatas, ou de dores; isto é, não turvá-lo
com caras aborrecidas sobre esperanças frustradas no passado ou com preocupações com o
futuro. Por que é tolice afastar de si uma boa hora presente, ou estragá-la,
voluntariosamente, por desgosto com o que virá. Para desfrutar o presente e, portanto, a
vida toda, devemos sempre nos lembrar de que hoje só vem uma vez, e nunca mais. Mas
nós imaginamos que ele volte amanhã; amanhã, entretanto, é outro dia, que também só vem
uma vez. Nós nos esquecemos de que cada dia é uma parte integrante e, portanto,
insubstituível da vida. Igualmente, apreciaríamos e gozaríamos o presente se, nos dias bons
e saudáveis, tivéssemos sempre a consciência de como, nas horas de doença ou de tristeza,
cada momento que passou sem dor nem privações nos parece na lembrança como algo
infinitamente invejável, como um paraíso perdido, como um amigo que não soubemos
reconhecer. Mas vamos vivendo os nossos belos dias, sem percebê-los: só quando vêm os
dias ruins é que desejamos que eles retornem. De cara aborrecida, deixamos passar mil
horas serenas e agradáveis, sem gozá-las, para depois, nos momentos turvos, suspirar por
elas em vão. Em vez disso, deveríamos honrar cada momento aceitável do presente, mesmo
o cotidiano, que agora deixamos transcorrer tão indiferentes e que talvez até empurramos
impacientes, sempre lembrados de que, neste exato instante, ele se precipita naquela
apoteose do passado, em que, daqui por diante, banhado pela luz do que é perene, fica
guardado pela memória, para aparecer - quando um dia esta levantar a cortina,
especialmente numa hora amarga, como um objeto da nossa mais íntima saudade.

SCHOPENHAUER, Arthur. Aforismos para a sabedoria na vida. trad. A. Pavel e F. Achcar

Texto 2
O CAMPEÃO DA DESIGUALDADE

Trazendo de seu processo histórico contradições profundas e alimentando,


atualmente, os grandes desníveis sociais, o Brasil tem recebido, em primeiro lugar, o
prêmio da desigualdade.
Violência urbana, analfabetismo, exploração de crianças, miséria, falência da saúde
pública e do ensino compõem um triste quadro. Um lamentável quadro presente em todos os
discursos políticos. Alguns com propostas mirabolantes para a salvação da pátria; outros,
tímidos. Mas sobre todos pairam dúvidas quanto ao pragmatismo das soluções ou quanto à
sinceridade dos proponentes.
Enquanto as soluções não saem do papel ou da fala mansa dos políticos, o monstro
da desigualdade vai se agigantando: o Brasil tem um parque industrial que vem se
modernizando, mas possui mais de 10 milhões de analfabetos funcionais; está entre as 10
primeiras economias mundiais, mas 32 milhões de brasileiros vivem em estado de miséria
absoluta.
O país viável, que almeja um futuro brilhante, deve, com urgência urgentíssima,
estancar esse processo de desníveis gritantes e criar soluções eficazes para combater a crise
generalizada, pois a uma nação doente, miserável e semianalfabeta não compete a tão
sonhada modernidade.

58
Fonte: apud VUNESP-95-Folha de São Paulo, editorial, s.d.(adaptação)

A PRODUÇÃO DE TEXTOS - VII

AULA DE DESENHO
Nizar Qabbani

Meu filho põe sua caixa de pintura à minha frente.


Pede que eu desenhe um pássaro.
Ponho o pincel no pote de cor cinza
e pinto um quadrado com fechaduras e grades.
Seus olhos se enchem de surpresa:
“...Mas isso é uma prisão, papai.
Não sabes desenhar um pássaro?”
E lhe digo: - “Filho, me perdoe.
Esqueci a forma dos pássaros”.

Meu filho põe então o caderno de desenho à minha frente.


E pede que desenhe uma espiga de trigo.
Tomo um lápis.
E desenho uma arma.

Meu filho ri de minha ignorância, perguntando:


“Papai, não sabes a diferença entre uma espiga de trigo e uma arma?”
e digo:
“Filho, uma vez usei a forma da espiga de trigo,
a forma do pão,
a forma da rosa.
Mas nestes tempos duros
as árvores da floresta se juntaram
aos homens da milícia
e a rosa agora veste uniformes escuros.”

“Neste tempo de espigas de trigo armadas,


de pássaros armados,
de cultura armada,
não se pode comprar o pão
sem encontrar uma arma em seu interior.”

“Não se pode colher uma rosa do campo


sem que seus espinhos nos arranhe a cara.
Não se pode comprar um livro
que não vá explodir entre nossas mãos”.

Meu filho se senta na borda da minha cama


e pede que eu recite um poema.
Uma lágrima cai de meus olhos na almofada.

59
Ele a toma, surpreendido, dizendo:
“Mas esta é uma lágrima, papai, não é um poema!”
E lhe digo:
“Quando cresceres, meu filho,
e quando aprenderes o ‘diwan’ da poesia árabe,
descobrirás que palavra e lágrima são irmãs gêmeas
e que o poema árabe não é mais do que uma lágrima
chorada por dedos que escrevem”.

Meu filho toma seus pincéis,


a caixa de tinta da minha frente
e pede que eu desenhe uma pátria.

O pincel treme em minhas mãos


e eu me afundo, chorando...

Nizar Qabbani (1923-1998). Escritor sírio, poeta do amor e da política, morreu aos 75
anos em Londres, Inglaterra. Sua obra erótica quebrou as tradições literárias do Oriente
Médio.
Disponível em: http://almanaque.folha.uol.com.br/leituras_06jan03.shtml. Acesso em 10.fev.06 .

PRODUÇÃO DE TEXTOS

Releia o poema “Aula de desenho” e transforme-a num texto EM PROSA, em 3ª pessoa


do singular:
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GRAMÁTICA DE USO - VI

Preencha as lacunas com um dos termos entre parênteses:

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1. Alguns modelos.................................serão vendidos. (recreados – recriados)
2. A bandeira de São Paulo tem...................pretas. (listas – listras)
3. Para passar, precisava ..............................mais das lições. (apreender –aprender)
4. O réu..............................suas culpas. (expiará – espiará)
5. Encontrei uma carteira com .........................de cem dólares. (cédulas – sédulas)

Sédulo= zelozo

61
UNIDADE 8

ESTRATÉGIAS DE LEITURA

INTERPRETANDO TEXTOS

Fonte: Adaptado de CEREJA, W. R. et alii. Interpretação de Textos. Construindo competências e


habilidades em leitura. São Paulo: Atual, 2009.

Não se ensina a interpretar textos; deve ser um hábito que se adquire pela
leitura de qualquer texto – verbal ou não verbal; sem isso, é praticamente impossível
entender qualquer coisa em sua profundidade.
Mas, o que é ler? Não é somente correr os olhos pelas palavras e pelas linhas de
um quadro ou pelos sons agudos ou graves de uma música orquestrada. Ler é
compreender como o texto está montado, isto é, dissecar as várias partes de um texto,
desde as palavras, as frases, os parágrafos. É questionar, é dialogar com o texto – fazer
perguntas sobre os porquês de aquilo estar como está.
Algumas técnicas: ler uma vez para conhecer o tema; uma segunda vez para
compreender, grifando as palavras-chave e ideias-chave. Procurar no dicionário as
palavras desconhecidas para entender o texto e aumentar o conhecimento. Isso permite a
interpretação do texto.

62
No entanto, alguns procedimentos devem ser verificados quanto à compreensão
e interpretação de textos. Observem-se alguns deles:

- observar as informações – internas e externas – fornecidas pelo texto;


- analisar os componentes ou elementos fundamentais do texto, examinando “as
relações que eles têm entre si e evidenciar de que modo essas relações são responsáveis
pela construção do sentido do texto”;
- comparar duas ou mais coisas, para se identificar as semelhanças, as diferenças ou as
relações entre elas;
- relacionar dois ou mais textos, estabelecendo conexões e analogias (comparações);
- levantar hipóteses – deve-se tentar salientar o que está implícito no texto, não
deixando de lado também aquilo que está explícito;
- contextualizar – observar as relações do texto com o momento histórico, a situação
sociopolítica e cultural da qual se comenta ou se analisa certo texto.
- inferir, deduzir, concluir – baseando-se em determinados dados fornecidos pelo
texto, chegar a uma conclusão;

Não se deve esquecer ainda que há uma pequena diferença entre “compreensão”
e “interpretação” de textos. Observe:

Compreensão: coletar os dados daquilo que está realmente escrito, explícito –


observar suas partes;
Interpretação: o que se infere (conclui) do que está escrito. É analisar as
entrelinhas, as possibilidades, o que está implícito.

EXERCÍCIOS
Fonte: professores de LPT/área da Saúde
1) AMBIGUIDADE
-Morrer de fome x morrer faminto
-Ao norte do Brasil, haverá chuva intensa e muito calor no período
-O cadáver do índio Galdino foi encontrado perto de um banco
-Pedro foi à casa de João em seu carro
-Soube do assalto lá no escritório

2) PRESSUPOSTOS
Informação não expressa no texto que deve ser aceita pelo leitor
As universidades pararam de pesquisar por falta de verbas
As universidades não pararam de pesquisar por falta de verbas

3) INFERÊNCIAS
Relação não explícita entre 2 enunciados e deles se chega a uma conclusão.
Exemplo: Apesar das severas leis brasileiras contra manifestações de preconceito, ele
continua ocorrendo de forma velada.
Inferências possíveis:
1. Há preconceito no Brasil;
2. Há leis brasileiras que punem manifestações de preconceito;
3. As leis não são suficientes para acabar com o preconceito velado;
4. Para eliminar totalmente o preconceito, devem-se criar maneiras de punir também o
preconceito velado (inferência possível, mas não necessária).

63
4) É inexplicável como será o país que se pretende construir, no qual se quer viver, se
uma parte expressiva da população se cerca, e constrói muros cada vez mais altos para
se defender de uma outra categoria que se considera ameaçadora.

5) Ninguém é tão ignorante que não possa ensinar algo a alguém.

6) Leia a música abaixo e responda às questões de interpretação:

SAMPA
Caetano Veloso
Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João
é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
5 da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee


a tua mais completa tradução
alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João
10 Quando te encarei frente a frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi de mau gosto o mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não era antes quando não somos mutantes

15 E foste um difícil começo afasto o que não conheço


e quem vem de outro sonho feliz de cidade
aprende depressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas nas vilas favelas
20 da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
tuas oficinas de florestas teus deuses da chuva

Panaméricas de Áfricas utópicas túmulo do samba


25 mais possível novo quilombo de Zumbi
e os novos baianos passeiam na tua garoa
e os novos baianos te podem curtir numa boa.

A. Sampa refere-se à cidade de São Paulo. O texto relaciona lugares de São Paulo, bem
como poetas, músicos e movimentos culturais da época em que foi escrito. Veja se
consegue identificá-los.

B. A mitologia grega apresenta o mito de Narciso. Conta a narrativa mítica que Narciso,
rapaz dotado de grande beleza, um dia, ao curvar-se sobre as águas cristalinas de uma
fonte, para matar a sede, viu sua imagem refletida no espelho d’água e apaixonou-se por

64
ela. Suas tentativas frustradas de aproximar-se dessa bela imagem levaram-no ao
desespero e à morte. Transformou-se então na flor que tem o seu nome. Freud, ao
estudar esse mito, considera-o uma explicação da existência de personalidades que só
amam a própria imagem.

a) Indique uma passagem do texto que faz referência ao mito de Narciso.


b) Que tipo de relação Sampa estabelece com o mito de Narciso?

C. É um clichê muito difundido a afirmação de que São Paulo, ao contrário do Rio,


nunca produziu samba. Indique a passagem do texto em que se faz alusão a isso.

D. O quilombo de Palmares, um dos maiores redutos de escravos foragidos do Brasil


colonial, estava organizado como um verdadeiro Estado, sob a chefia de Ganga-Zumba.
Quando começaram as lutas para destruir o quilombo, os negros, liderados por Zumbi,
resistiram aguerridamente. Que significa a passagem “mais possível novo quilombo de
zumbi”?

E. Há no texto uma referência a uma particularidade climática de São Paulo, que serviu
durante muito tempo de designativo da cidade. Qual é ela?

7) Leia o conto a seguir e responda às questões A e B de interpretação.

NINGUÉM
VILELA, Luiz. Tremor de terra. 4. ed. São Paulo: Ática, 1977, p. 93.

A rua estava fria. Era sábado ao anoitecer mas eu estava chegando e não saindo.
Passei no bar e comprei um maço de cigarros. Vinte cigarros. Eram os vinte amigos que iam
passar a noite comigo.
A porta se fechou como uma despedida para a rua. Mas a porta sempre se fechava
assim. Ela se fechou com um som abafado e rouco. Mas era sempre assim que ela se
fechava. Um som que parecia o adeus de um condenado. Mas a porta simplesmente se
fechara e ela sempre se fechava assim. Todos os dias ela se fechava assim.
Acender o fogo, esquentar o arroz, fritar um ovo. A gordura estala e espirra ferindo
minhas mãos. A comida estava boa. Estava realmente boa, embora tenha ficado quase a
metade no prato. Havia uma casquinha de ovo e pensei em pedir-me desculpas por isso.
Sorri com esse pensamento. Acho que sorri. Devo ter sorrido. Era só uma casquinha.
Busquei no silêncio da copa algum inseto mas eles já haviam todos adormecido para
a manhã de domingo. Então eu falei em voz alta. Precisava ouvir alguma coisa e falei em
voz alta. Foi só uma frase banal. Se houvesse alguém perto diria que eu estava ficando
doido. Eu sorriria. Mas não havia ninguém. Eu podia dizer o que quisesse. Não havia
ninguém para me ouvir. Eu podia rolar no chão, ficar nu, arrancar os cabelos, gemer, chorar,
soluçar, perder a fala, não havia ninguém para me ver. Ninguém para me ouvir. Não havia
ninguém. Eu podia até morrer.
De manhã o padeiro me perguntou se estava tudo bem. Eu sorri e disse que estava.
Na rua o vizinho me perguntou se estava tudo certo. Eu disse que sim e sorri. Veio a tarde e
meu primo me perguntou se estava tudo em paz e eu sorri dizendo que estava. Depois uma
conhecida me perguntou se estava tudo azul e eu sorri e disse que sim, estava, tudo azul.

A) Vocabulário

65
Fonte: BENEMANN, J. M. & CADORE, L. A., Estudo dirigido de Português. SP: Ática, 1986

1) Dê os sinônimos das palavras destacadas à esquerda, relacionando as colunas:

(1) “A porta se fechou... ” ( ) cerrou-se


(2) “A gordura estala... ” ( ) trivial
(3) “... ferindo minhas mãos.” ( ) machucando
(4) “Foi só uma frase banal.” ( ) crepita

2) Forme adjetivos dos substantivos do texto. Siga o modelo:


(A) noite: noturno
(B) dia:___________________________________
(C) som:__________________________________
(D) fogo:_________________________________
(E) gordura:_______________________________
(F) ovo:__________________________________
(G) patrão:________________________________
(H) tarde:_________________________________

3) As palavras abaixo foram tiradas do texto, crie novos termos observando as classes
gramaticais:

Substantivos Adjetivos Verbos


__________ frio ___________
Abafamento __________ ___________
__________ silencioso ___________
__________ ___________ acertar

B) Interpretação

1) “A rua estava fria”. Com essa frase curta, o narrador sugere, desde o início (mais de
uma alternativa):

(A) ( ) bom ambiente físico


(B) ( ) ambiente físico adverso
(C) ( ) correlação do exterior com o interior
(D) ( ) oposição entre o exterior e o interior

2) No segundo parágrafo, o narrador chega a repetir sete vezes o verbo “fechar-se”,


ligado a “porta”. Essa reiteração deve-se:

(A) ( ) à pobreza vocabular do autor

66
(B) ( ) à ênfase dada ao que a porta fechada simboliza: solidão, falta de
comunicação
(C) ( ) ao prazer que a personagem tinha em fechar a porta
3) Transcreva a parte do texto, em que, de maneira gradativa, o narrador reforça a
mensagem contida no título do conto:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_______________
4) Quais as pessoas que fazem perguntas ao narrador-personagem de manhã e de tarde?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
__________

5) Que se pode depreender no final do texto, diante das mesmas respostas às mesmas
perguntas?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
____________________

6) Quanto à linguagem, podemos afirmar que o texto é predominantemente:


(A) ( ) objetivo, porque representa fatos e retrata a realidade comprovada pela
ciência
(B) ( ) subjetivo, porque representa sentimentos do narrador e expressa o assunto
sob uma perspectiva individual
(C) ( ) objetivo-subjetivo, porque o narrador não optou por nenhuma função
predominante da linguagem
7) O tema trabalhado no conto é:
(A) individualismo
(B) solidão
(C) incerteza
(D) tristeza
(E) amizade

A PRODUÇÃO DE TEXTOS - VIII


PARA RELAXAR... COM A LÍNGUA PORTUGUESA: A BELA LÍNGUA DE
CAMÕES...
Vocês sabem a diferença entre o tratamento por tu e por você?
Talvez sim, mas vejam abaixo um pequeno exemplo, que ilustra bem a diferença:
O Diretor Geral de um Banco estava preocupado com um jovem e brilhante diretor,
que depois de ter trabalhado durante algum tempo com ele, sem parar nem para almoçar,
começou a ausentar-se ao meio-dia. Então o Diretor Geral do Banco chamou um detetive e
disse-lhe:

67
- Siga o Dr. Mendes durante uma semana, durante a hora do almoço.
O detetive, após cumprir o que lhe tinha sido pedido, voltou e informou:
- O Dr. Mendes sai normalmente ao meio-dia, pega o seu carro, vai à sua casa
almoçar, faz amor com a sua mulher, fuma um dos seus excelentes cubanos e regressa ao
trabalho.
Responde o Diretor Geral:
- Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso.
O detetive, pergunta-lhe:
- Desculpe, o senhor não entendeu. Posso tratá-lo por tu?
- Sim, claro, respondeu o Diretor surpreendido!
- Então, vou repetir: o Dr. Mendes sai normalmente ao meio-dia, pega o teu carro,
vai à tua casa almoçar, faz amor com a tua mulher, fuma um dos teus excelentes cubanos e
regressa ao trabalho.
A língua portuguesa é mesmo fascinante!

GRAMÁTICA DE USO - VIII


A VÍRGULA
Observe a importância da vírgula
Um homem rico, sentindo-se morrer, pediu papel e pena, e assim escreveu:

DEIXO MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO JAMAIS SERÁ
PAGA A CONTA DO ALFAIATE NADA AOS POBRES

Não teve tempo de pontuar e morreu. A quem deixava a sua riqueza? Eram quatro
concorrentes. O sobrinho veio voando e, numa cópia do bilhete do tio falecido, fez as
seguintes pontuações:

DEIXO MEUS BENS À MINHA IRMÃ? NÃO! A MEU SOBRINHO. JAMAIS SERÁ
PAGA A CONTA DO ALFAIATE. NADA AOS POBRES.

A partir daqui, tente pontuar de acordo com o interesse de cada personagem.

EXERCÍCIOS
1) Observe o anúncio abaixo e analise o uso da vírgula: há mudança de sentido
eliminando-a?
A vírgula pode ser uma pausa. Ou não.
Não, espere.
Não espere.
A vírgula pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso, só ele resolve.
Ela pode forçar o que você não quer.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.
Pode acusar a pessoa errada.
Esse, juiz, é corrupto.

68
Esse juiz é corrupto.
A vírgula pode mudar uma opinião.
Não quero ler.
Não, quero ler.
UMA VÍRGULA MUDA TUDO. ABI: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA.
100 ANOS LUTANDO PARA QUE NINGUÉM MUDE NEM UMA VÍRGULA DA SUA
INFORMAÇÃO. Anúncio publicado na revista Veja, 9 abr.
2008
2) Há duas maneiras de se entender a frase abaixo conforme se coloca a vírgula. Teste:

Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro a sua procura.

69
UNIDADE 9

RESUMO – I (TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO)

Pérolas
O homem tem a capacidade infinita de evoluir, mas não sabe utilizá-la de
forma segura e promíscua.
A falta de consideração para com a natureza ocorre devido a falta de
maturidade da cabeça e dos pensamentos humanos.

RESUMO

Resumo é a apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto em


sequência de frases articuladas. (...) O tema principal vem na primeira frase. Use a
terceira pessoa do singular, com verbo na voz ativa, de preferência em frases
afirmativas. (...) Num resumo, é necessário decidir o que é fundamental e o que é
acessório. É a procura da ideia principal.(...) Como o resumo é uma operação de
síntese, pressupõe uma análise que decompõe o texto, possibilitando agrupar os
elementos semelhantes e distinguir os que são diferentes.
Fonte: NADÓLSKIS, H. Comunicação Redacional Atualizada. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

Geralmente, o tamanho do resumo será 20% do texto original.


Passos a seguir num resumo:

1. ler o texto para se inteirar do tema e procurar palavras desconhecidas,


grifando-as;
2. reler e sublinhar as ideias-chave
3. esquematizar (colocar as ideias em tópicos)
4. resumir.

Exemplo:

Aprender a escrever é, em grande parte, se não principalmente, aprender a pensar,


aprender a encontrar ideias e a concatená-las, pois, assim como não é possível dar o que não
se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou ou não aprovisionou. Quando nós,
professores, nos limitamos a dar aos nossos alunos temas para redação sem lhes sugerirmos
roteiros ou rumos para fontes de ideias, sem, por assim dizer, lhes “fertilizarmos” a mente, o
resultado é quase sempre desanimador: um aglomerado de frases desconexas, mal redigidas,
mal estruturadas, um acúmulo de palavras que se atropelam sem sentido e sem propósito;
frases em que procuram fundir ideias que não tinham ou que foram mal pensadas ou mal
digeridas. Não podiam dar o que não tinham, mesmo que dispusessem de palavras-palavras,
quer dizer, palavras de dicionário, e de noções razoáveis sobre a estrutura da frase. É que
palavras não criam ideias; estas, se existem, é que, forçosamente, acabam corporificando-se
naquelas, desde que se aprenda como associá-las e concatená-las, fundindo-as em moldes
frasais adequados. Quando o estudante tem algo a dizer, porque pensou, e pensou com
clareza, sua expressão é geralmente satisfatória.

70
GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 6 ed. Rio de Janeiro: Getúlio Vargas, 1977, p. 275
Sublinhado:
Aprender a escrever é, em grande parte, se não principalmente, aprender a
pensar, aprender a encontrar ideias e a concatená-las, pois, assim como não é possível
dar o que não se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou ou não
aprovisionou. Quando nós, professores, nos limitamos a dar aos nossos alunos temas
para redação sem lhes sugerirmos roteiros ou rumos para fontes de ideias, sem, por
assim dizer, lhes “fertilizarmos” a mente, o resultado é quase sempre desanimador: um
aglomerado de frases desconexas, mal redigidas, mal estruturadas, um acúmulo de
palavras que se atropelam sem sentido e sem propósito; frases em que procuram fundir
ideias que não tinham ou que foram mal pensadas ou mal digeridas. Não podiam dar o
que não tinham, mesmo que dispusessem de palavras-palavras, quer dizer, palavras de
dicionário, e de noções razoáveis sobre a estrutura da frase. É que palavras não criam
ideias; estas, se existem, é que, forçosamente, acabam corporificando-se naquelas, desde
que se aprenda como associá-las e concatená-las, fundindo-as em moldes frasais
adequados. Quando o estudante tem algo a dizer, porque pensou, e pensou com clareza,
sua expressão é geralmente satisfatória.

Esquema (tópicos principais do texto):


Aprender a escrever = aprender a pensar
Não se transmite o que não se criou ou guardou
Temas sem roteiro = mau resultado
Não bastam palavras e conhecimentos gramaticais
Se pensar com clareza, a expressão é satisfatória

Resumo:
Aprender a escrever é aprender a pensar, encontrar ideias e ligá-las. Só se pode
transmitir o que a mente criou ou guardou. Se o professor dá o tema e não sugere
roteiros, o resultado é desanimador, mesmo que o aluno tenha as palavras e
conhecimentos gramaticais. Se pensar com clareza, a expressão será satisfatória.

EXERCÍCIO

1) Leia e releia o texto a seguir. Sublinhe, esquematize e resuma-o.

Pode-se distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião ou por
tudo o que se queira. Mas eles próprios começam a se diferenciar dos animais tão logo
começam a produzir seus meios de vida, passo este que é condicionado por sua
organização corporal. Produzindo seus meios de vida, os homens produzem,
indiretamente, sua própria vida material.
O modo pelo qual os homens produzem seus meios de vida depende, antes de
tudo, da natureza dos meios de vida já encontrados e que têm de reproduzir. Não se
deve considerar tal modo de produção de um único ponto de vista, a saber: a reprodução
da existência física dos indivíduos. Trata-se, muito mais, de uma determinada forma de
atividade dos indivíduos, determinada forma de manifestar sua vida, determinado modo
de vida dos mesmos (sic). Tal como os indivíduos manifestam sua vida, assim são eles.

71
O que eles são coincide com sua produção, tanto com o que produzem como com o
modo como produzem.
O que os indivíduos são, portanto, depende das condições materiais de sua
produção.
MARX, K. In: ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Temas de Filosofia. São Paulo:
Moderna, 1992, p. 37)

72
UNIDADE 10

ESTRUTURA DE TEXTOS ACADÊMICOS

ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

1. Capa
É a cobertura externa de material flexível (brochura) ou rígido (capa dura).

Obs.: A Associação Brasileira de Normas Técnicas não determina a disposição destes


dados na folha. Esta distribuição deve ser definida pelo professor ou pela Instituição,
para uniformização de seus trabalhos acadêmicos.

NOME COMPLETO DO(S) ALUNO(S)


(Tamanho 14, negrito, maiúsculo, centralizado e digitado rente à margem superior)

TÍTULO: Subtítulo
(Tamanho 16, negrito, maiúsculo, centralizado, espaço entre as linhas: simples, subtítulo
com maiúsculas/minúsculas)

(um espaço
simples)

Curso, Disciplina, Professor(a), Série,


Turno

(Uma linha após o título/subtítulo, margem direita; espaço simples; letras


maiúsculas/minúsculas; em negrito; fonte Times New Roman ou Arial; tamanho 12, recuo de
7cm)

UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

73
SÃO PAULO – 2013
(Tamanho 14, negrito, maiúsculo, centralizado e digitado rente à margem
inferior)

2. Folha de Rosto
Folha de rosto apenas para trabalhos de conclusão de curso ou trabalhos mais extensos. Para
outros trabalhos mais frequentes, basta a capa simples. Geralmente, o professor da disciplina ou
orientador determina o tipo de capa, folha de rosto e sumário.

NOME COMPLETO DO(S) ALUNO(S)


(Tamanho 14, negrito, maiúsculo, centralizado e digitado rente à margem superior)

TÍTULO: Subtítulo
(Tamanho 16, negrito, maiúsculo, centralizado, espaço entre as linhas: simples, subtítulo
com maiúsculas/minúsculas)

(um espaço
simples)

Trabalho para compor a segunda nota de


avaliação
da disciplina de xxxxxxxxxxxxxxx, do
Curso
xxxxxxxxxxxxxx, da Universidade Nove
de Ju-
lho – UNINOVE.

Prof. xxxxxxxxxxxxxxxxx

(Tamanho 12, normal, justificado, espaço simples entre linhas, recuo


de 7cm.)

74
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

SÃO PAULO – 2013


(Tamanho 14, negrito, maiúsculo, centralizado e digitado rente à margem
inferior)

75
3. Sumário
Enumeração das principais divisões (capítulos, seções, artigos, etc.) de um documento na
mesma ordem em que a matéria nele se sucede; visa a facilitar a visão do conjunto da obra e
localização de suas partes, e, para tanto, deve aparecer no início do relatório e indicar para
cada parte a paginação. Somente os capítulos do texto (da introdução às referências) recebem
numeração progressiva, que não deve ultrapassar 6 (seis) algarismos em cada subseção;
devem obedecer única margem e estar escrito rigorosamente de acordo com o texto.

Obs.: não confundir com índice, que é uma lista alfabética de assuntos, palavras ou
nomes.

SUMÁRIO

RESUMO.................................................................ii
ABSTRACT...........................................................iii
1 INTRODUÇÃO....................................................1
2 REVISÃO DA LITERATURA...........................2
2.1 DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL..................4
2.1.1 Análise Foliar...................................................5
ANEXOS................................................................40
(...)

Obs.: Sumário apenas para trabalhos de conclusão de curso ou trabalhos mais extensos. Para
outros trabalhos mais frequentes, basta a capa simples. Geralmente, o professor da disciplina ou
orientador determina o tipo de capa, folha de rosto e sumário.

ELEMENTOS TEXTUAIS

(Texto adaptado/extraído de JARDILINO, José Rubens, ROSSI, Gisele, SANTOS, Gérson Tenório.
Orientações metodológicas para elaboração de trabalhos acadêmicos. São Paulo: Gion, 2000)

Esta é a parte em que o trabalho é apresentado e desenvolvido. Os elementos textuais


são compostos por: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Título

O título deve estar estritamente ligado ao objeto do trabalho e já indica o tema


analisado/estudado. O título, além de ser um atrativo, deve dar pistas sobre a
interpretação da mensagem a ser desenvolvida ou que foi concluída.
Um bom título sempre tem uma parte geral (amplo e chamativo, alusivo ao tema) e uma
parte específica ou técnica (ou seja, subtítulo, espécie de desenvolvimento do tema).

Introdução

Apresenta-se o tema de forma clara e coesa. Não deve haver análises extensas, é uma
forma de o leitor se inteirar do assunto pesquisado, estudado, analisado, interpretado.
Deve-se fazer uma breve antecipação do que cada capítulo tratará, quando for trabalhos
extensos.
A introdução deve conter:
- apresentação do tema;
- breve revisão histórica do tema;
- o assunto tratado em cada capítulo, quando for o caso;
- justificativas: qual a importância do tema e as contribuições do estudo do
tema, ou seja, a relevância social e científica desse estudo.

Desenvolvimento
É o núcleo central do trabalho. Não há uma regra geral para a divisão do
desenvolvimento, depende da orientação do professor e da exigência do trabalho, além
de sua extensão. Deve-se obedecer, sempre, os princípios lógicos e psicológicos –
coesão e coerência, por exemplo. Deve-se partir do conhecido para o desconhecido, do
mais simples para o mais complexo, do que é consenso geral par ao que é polêmico, dos
pontos mais evidentes para os mais obscuros.

Considerações finais
É a conclusão, a síntese dos argumentos mais importantes apresentados no
desenvolvimento, é a apresentação dos resultados e a retomada das contribuições
proporcionadas pelo estudo do tema – e que foram também apontadas na introdução.
Características: brevidade – recupera-se a idéia central e os resultados; concisão –
expressões precisas, claras e objetivas; consistência – os argumentos apresentados
demonstrarão se a hipótese do trabalho foi confirmada ou negada.

O CORPO DO TRABALHO – ALGUMAS NORMAS ELEMENTARES

A importância das citações


Citação é a menção no texto de uma informação extraída de um documento ou um canal
de informação, com o objetivo de inserir a pesquisa na temática pertinente, dar crédito à
pesquisa além de fornecer o embasamento para argumentação da própria pesquisa. Dois
sistemas de citação de autores podem ser utilizados no trabalhos científicos: o sistema
numérico ou o sistema alfabético (autor e data).

Citação Direta
Citação direta curta (com menos de 5 linhas) - Deve ser feita na continuação do texto,
entre aspas, com o mesmo tipo e tamanho de letra utilizados no parágrafo de texto no
qual está inserida
Ex.: Maria Ortiz, moradora da Ladeira do Pelourinho, em Salvador, (...) de sua janela
jogou água fervendo nos invasores holandeses, incentivando os homens a continuarem a
luta. Detalhe pitoresco é que na hora do almoço, enquanto os maridos comiam, as
mulheres lutavam em seu lugar. Este fato levou os europeus a acreditarem que "o baiano
ao meio dia vira mulher" (MOTT, 1988: 13).

Obs.: MOTT: autor que faz a citação; 1988: o ano de publicação da obra deste autor na
bibliografia; 13: refere-se ao número da página onde se encontra o texto de Mott. A frase entre
aspas é texto de Mott, autor que foi citado.

77
Citação direta longa (com cinco linhas ou mais) - As margens são recuadas à direita,
em espaço um (1). A segunda linha e as demais são alinhadas sob a primeira letra do
texto da própria citação. No texto citado deve ser utilizado entrelinhamento e letra
menor. Deve-se deixar uma linha em branco entre a citação e os parágrafos anterior e
posterior.

Ex.: Além disso, a qualidade do ensino fornecido era duvidosa, uma vez que as
mulheres que o ministravam não estavam preparadas para exercer tal função.

"A maior dificuldade de aplicação da lei de 1827 residiu no


provimento das cadeiras das escolas femininas. Não obstante
sobressaírem as mulheres no ensino das prendas domésticas, as poucas
que se apresentavam para reger uma classe dominavam tão mal aquilo
que deveriam ensinar que não logravam êxito em transmitir seus
exíguos conhecimentos. Se os próprios homens, aos quais o acesso à
instrução era muito mais fácil, se revelavam incapazes de ministrar o
ensino de primeiras letras, lastimável era o nível do ensino nas escolas
femininas, cujas mestras estiveram sempre mais ou menos
marginalizadas do saber" (Saffioti, 1976:193).

Obs.: O nome do autor citado (no exemplo, Saffioti) pode vir em minúsculas ou maiúsculas.

Citação indireta- É a citação que sofre uma interpretação por parte do autor.
Ex.: Ainda com relação à questão da inventividade, são incontestáveis dois princípios que
norteiam o entendimento do processo inventivo: a tradição não tem poder determinante sobre
aqueles poetas de talento individual, que a tomam como ponto de partida (Dronke, 1981:36), e o
reconhecimento dessa individualidade dar-se-á pelo conhecimento do contexto em que uma
peça inovadora foi criada (idem, ibidem, p. 37)

Obs.: idem significa o mesmo autor citado anteriormente e ibidem, que a citação indireta
está no mesmo livro citado anteriormente.

Entrelinhamento
Com relação ao entrelinhamento, é utilizada a partir desta seção a seguinte
denominação:
a) entrelinhamento normal: para parágrafo do texto (1,5).
b) entrelinhamento menor: para citações longas, notas de rodapé, quadros, tabelas,
ilustrações, referências e resumos.
Para formatação do entrelinhamento no editor de texto Word, procede-se da seguinte
forma:
a) no menu Formatar, seleciona-se Parágrafo; o Word exibe uma janela, na qual
deve-se selecionar Recuos e espaçamento; na seção referente ao espaçamento deve-
se então escolher (na caixa entre linhas) a opção 1,5 linha ou exatamente 24
pontos;
b) no menor entrelinhamento proceda da mesma forma e em vez de 1,5 marque
simples ou exatamente 14 pontos.
c) O texto deve ser digitado com 70 toques por linha e 33 linhas por lauda, ocupando apenas o
anverso da folha.

Tipo e Tamanho de Letra


78
Times New Roman 12 ou Arial para digitação de títulos de seções e parágrafos, que será
doravante denominada letra normal;
Times New Roman 10 (ou 7, conforme instruções do editor/orientador) ou Arial para
digitação de citações longas, notas de rodapé, tabelas, quadros e ilustrações, que será
doravante denominada letra menor.

Obs.: Na digitação de palavras estrangeiras e de nomes científicos usar o escrito no


modulo itálico.

Numeração de página
A numeração de páginas será em algarismos arábicos quando o trabalho apresentar
poucos elementos textuais. Nesse caso, todas as folhas, a partir da folha de rosto,
devem ser contadas sequencialmente, mas não numeradas. A numeração é colocada a
partir da primeira folha da parte textual (introdução), em algarismos arábicos, no
canto superior direito da folha, a 2cm da borda superior. Ou seja, a numeração não
aparece na capa nem na folha de rosto e nem mesmo no sumário. Dependendo do
editor/professor, poderá ser na margem inferior, centralizada.

Tamanho do papel: A4 (210 x 297mm)

Referências Bibliográficas

(Fonte: SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 21. ed. rev. e ampliada. São
Paulo: Cortez, 2000. p. 115)

É um conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que


permitem sua identificação individual. Não podem constar da lista de referências
trabalhos não citados no texto. As referências devem ser ordenadas de acordo com o
sistema de normas da ABNT ou VANCOUVER.

Na UNINOVE, o departamento de Saúde adota o sistema VANCOUVER. Para


obtê-lo, acesse o Google e obtenha o MANUAL DE NORMALIZAÇÃO DE
TRABALHOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS DE ACORDO COM A NORMA
VANCOUVER: REFERÊNCIAS E CITAÇÕES – PUC/PR

Obs.: Quando um dos dados bibliográficos não é identificável no documento, ele pode
ser substituído pelas seguintes abreviações:

s.l. = sem local de publicação;


s.d. = sem data;
s.n.t. = sem notas tipográficas, quando faltam todos os elementos”.;
s.n. = sem nome da editora.

79
APÊNDICE
A PRODUÇÃO DE TEXTOS
Fonte: professores de LPT/área da Saúde

OS DEFEITOS NA PRODUÇÃO DE TEXTOS

Ao escrever, deve-se evitar o que possa prejudicar a compreensão do texto. Os defeitos


mais comuns que aparecem nas redações são: ambiguidade, cacofonia, eco, obscuridade,
pleonasmo e prolixidade.

1. Ambiguidade
Ambiguidade (ou anfibologia) significa “duplicidade de sentido.” Uma frase com duplo
sentido é imprecisa, o que atenta contra a clareza, uma vez que pode levar o leitor a atribuir-lhe
um sentido diferente daquele que o autor procurou lhe dar. Ocorre geralmente por má pontuação
ou mau emprego de palavras ou expressões. Alguns exemplos de frases ambíguas:
João ficou com Mariana em sua casa.
Alice saiu com sua irmã.

Nesses exemplos, a ambiguidade decorre do fato de o possessivo sua poder estar se


referindo a mais de um elemento. Portanto, deve-se tomar muito cuidado no emprego desse
pronome possessivo. A ambiguidade pode ser evitada com a substituição por dele(s) ou dela(s).
Observe alguns outros exemplos:
Matou o tigre o caçador. Pela quebra da ordem direta da oração, não se sabe qual é o
sujeito e qual é o objeto. Quem matou quem? O tigre matou o caçador ou o caçador matou o
tigre?
Visitamos o teatro do vilarejo, que foi fundado no século XVIII. Nessa construção
temos dois antecedentes que podem ser retomados pelo pronome relativo que. O que foi
fundado no século XVIII: o teatro ou o vilarejo? Nem sempre, porém, a ambiguidade é um
defeito. A linguagem literária, sobretudo a da poesia, explora muito a ambiguidade como
recurso expressivo. Textos humorísticos ou irônicos se valem também da ambiguidade para
alcançar o humor. Portanto, só se deve considerar a ambiguidade um defeito quando ela atenta
contra a clareza.

Jogo de Sentido
Quais as palavras que “estão na palavra” de acordo com o sentido dado a cada uma
delas?
Exemplo: Abreviatura – ato de abrir um carro da polícia. Abrir + viatura
1- Açucareiro – revendedor de açúcar que vende acima da tabela.
2- Alopatia – dar um telefonema para a tia.
3- Amador – o mesmo que masoquista
4- Armarinho – vento proveniente do mar.
5- Aspirado – carta de baralho completamente maluca.

2. Cacofonia
Cacofonia (ou cacófato) consiste num som desagradável obtido pela união das sílabas
finais de uma palavra com as iniciais de uma outra.
Você notou a boca dela?
Receberam cinco reais por cada peça.
Estas ideias, como as concebo, são irrealizáveis.

Ambiguidade de segmentação
80
Deu uma surra na mulher que a deixou bastante machucada. Bateu com as mãos e com a pá
nela.
Tico mia na cama
Eles morreram, e eu fiquei como herdeiro.
Miss Java, Miss Japão, Miss Gana, Miss Garça, Miss Malta, Miss Angra, Miss Barra.

3. Eco
O eco consiste na utilização de palavras terminadas pelo mesmo som.

A decisão da eleição não causou comoção na população.


O aluno repetente mente alegremente.

4. Obscuridade
Obscuridade significa “falta de clareza”. Vários motivos podem determinar a
obscuridade de um texto: períodos excessivamente longos, linguagem rebuscada, má pontuação,
ausência de coesão, falta de coerência etc. Um exemplo:
Encontrar a mesma ideia vertida em expressões antigas mais claras, expressiva e
elegantemente tem-me acontecido inúmeras vezes na minha prática longa, aturada e contínua do
escrever depois de considerar necessária e insuprível uma locução nova por muito tempo.
Ex.: O planejamento estratégico, que é um instrumento valioso para a gestão da empresa
pública, e esta, uma alavanca indispensável ao desenvolvimento econômico-social, deve
periodicamente passar por um processo de revisão, que o atualiza perante as velozes mudanças
do mundo moderno.

5. Pleonasmo
Pleonasmo (ou redundância) consiste na repetição desnecessária de um conceito. Nas
frases:
Eles convivem junto há mais de dez anos.
A brisa matinal da manhã enchia-o de alegria.
Ele teve uma hemorragia de sangue.

Temos pleonasmo, uma vez que no verbo conviver já está contido o conceito de juntos
(conviver é viver com outrem); portanto, a palavra juntos é redundante, nada acrescentando ao
enunciado. Da mesma forma, brisa matinal só pode ocorrer de manhã; hemorragia, em
linguagem denotativa, só pode ser de sangue.
Assim como a ambiguidade, nem sempre o pleonasmo constituirá um defeito de
redação. A linguagem literária e, atualmente, a linguagem publicitária usam o pleonasmo com
fins estilísticos, procurando conferir originalidade às mensagens. Nesse caso, o pleonasmo não
deve ser considerado um defeito, mas uma qualidade, como nos exemplos seguintes:

E rir meu riso e derramar meu pranto... (Vinícius de Moraes)


A mim, ensinou-me tudo. (Fernando Pessoa)

6. Prolixidade
Ser prolixo é utilizar mais palavras do que o necessário para exprimir uma ideia. É
alongar-se, é não ir direto ao assunto, é “encher linguiça”. Prolixidade é o antônimo de
concisão.
Um texto prolixo é, em consequência, um texto enfadonho. Sempre que uma pessoa
prolonga em demasia o discurso, os ouvintes tendem a não prestar mais atenção ao que ela está
dizendo. O uso de expressões que só servem para prolongar o discurso, como “por outro lado”,
“na minha modesta opinião”, “eu acho que”, tendem a não acrescentar nada à mensagem,
tornando o texto prolixo. Além dos defeitos apontados, deve-se evitar também frases feitas e

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chavões, como “inflação galopante”, “vitória esmagadora”, “caixinha de surpresas”, “caloroso
abraço”, “silêncio sepulcral”, “nos píncaros da glória” etc., pois empobrecem o texto.

Ex.: A partir desta década, o número cada vez maior e, por isso mesmo, mais alarmante de
desempregados, problema que aflige principalmente os países em desenvolvimento, tem
alarmado as autoridades governamentais, guardiãs perenes do bem-estar social, principalmente
pelas consequências adversas que tal fato gera na sociedade, desde o aumento da mortalidade
infantil por desnutrição aguda até o crescimento da violência urbana que aterroriza a família,
esteio e célula mater da sociedade.

A QUALIDADE NA PRODUÇÃO DE TEXTOS

Em um texto, apresentam-se ideias. Para que essas ideias sejam compreendidas, o texto
deve possuir algumas qualidades, como correção, clareza, concisão e elegância.

1. Correção
Uma boa redação deve utilizar uma linguagem que esteja de acordo com as normas
gramaticais vigentes. Não importa aqui discutir se essas normas representam um uso que se
sobrepôs aos demais; no caso, o uso de uma determinada classe social.
Para efeito de exames, o texto deverá sujeitar-se a essas normas, pois os desvios da
linguagem padrão serão considerados erros e implicarão a diminuição da nota. Por isso, ao
escrever, deve-se procurar utilizar uma linguagem gramaticalmente correta, isto é, de acordo
com as regras estabelecidas pela gramática normativa.
Apontamos, a seguir, alguns desvios da norma culta que comumente aparecem nos
textos.
Grafia: em caso de dúvida sobre como escrever uma palavra, deve-se substituí-la por
outra cuja grafia também seja conhecida. A língua portuguesa é muito rica em
sinônimos. Não se deve esquecer também de verificar a acentuação das palavras. Uma
revisão das regras de acentuação pode ajudar a evitar erros desse tipo.
Flexão de palavras: tomar cuidado com a formação do plural de algumas palavras,
sobretudo as compostas (primeiro-ministro, abaixo-assinado, luso-brasileiro etc.). Novo
acordo: ultrassom, automedicação, micro-ondas etc.
Concordância: verbo e sujeito deverão concordar, e os nomes devem concordar entre
si. Quando o sujeito vem depois do verbo ou distante dele, são comuns erros de
concordância verbal. Assim, deve-se optar por períodos curtos, em ordem direta.
Regência: deve-se estar atento à regência de verbos e nomes, sobretudo em relação
àqueles que exigem a preposição “a”, a fim de que não se erre o emprego do acento que
indica a crase. Aspirar (a), assistir (a), certeza de que etc.
Colocação de pronomes: observar a colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te,
se, lhe, lhes, nos, o, a, os, as). Na linguagem formal, não é costume iniciar frases com
esses pronomes.

2. Clareza
Ser claro significa ser inteligível, ser facilmente compreendido. Escrever bem não
significa escrever difícil. Há uma crença de que pessoas que escrevem com estilo rebuscado
e com palavras difíceis de serem compreendidas escrevem bem. Nada mais falso. Ao redigir,
deve-se procurar expor as ideias de modo que sejam facilmente compreendidas pelo leitor.
Para tanto, é melhor evitar períodos longos e vocabulário rebuscado.

3. Concisão

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Em um texto, ao exprimir uma ideia, podem-se usar mais palavras do que o necessário.
Se isso ocorrer, o texto será prolixo. Se, ao contrário, forem utilizadas menos palavras do que o
necessário, o texto será obscuro, isto é, pouco claro. Caso utilize-se o número estritamente
necessário de palavras para exprimir uma ideia, o texto será conciso.
A prolixidade e a obscuridade são defeitos de redação; a concisão é uma qualidade.
Portanto, ao elaborar uma redação, deve-se expor a ideia com precisão, evitando dar voltas em
torno do assunto ou utilizar palavras desnecessárias.

4. Elegância
Elegância é harmonia, simplicidade, exposição bem ordenada. Escreve-se para alguém; por isso,
deve-se produzir um texto que seja agradável ao leitor. A elegância tem de começar pela
apresentação do texto, com letra legível, sem borrões e rasuras. O fundamental é que o estilo
seja elegante, e para isso devem-se observar as qualidades já apontadas: clareza, correção e
concisão.

ENCADEAMENTO LÓGICO DAS IDEIAS

Os textos podem apresentar problemas que interferem no encadeamento lógico das


ideias se estas forem vagas ou inadequadamente relacionadas. Exemplificando estes problemas,
temos:

1. Digressão (trechos que se desviam da referência tematizada):

A televisão nos traz informações preciosas, minha avó gosta de ver novela, que
nos colocam em contato com o mundo.

A referência tematizada é informações televisivas, portanto a avó gostar de novela não


tem nada a ver.

2. Redundância (uso repetitivo de termos anteriormente expressos, desnecessariamente):


Os casais, hoje em dia, enfrentam muitos problemas, pois, hoje, os casais estão
desajustados e isso traz problemas para a família que sofre com estes
problemas.

Num texto tão curto, há tantas repetições de palavras, desnecessariamente. Poderia ter
sido escrito assim:

Os casais, hoje em dia, enfrentam muitos problemas, decorrentes de


desajustamentos, que fazem a família sofrer.

3. Inadequação (comentários inadequados):

Quando completamos dezoito anos muitas situações mudam nossa vida e


quando não sabemos resolver pedimos conselhos para nossos genitores.

O texto supõe que os leitores conhecem as situações, e isso nem sempre acontece, pois
nem todos têm dezoito anos, obrigatoriamente, e as gerações passadas enfrentaram situações
diferentes. Parece-nos, também, que o termo “resolver” não está empregado adequadamente em
relação ao termo situação, já que esta é enfrentada e não resolvida.

4. Contradição:

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Os brancos se consideram uma raça superior ao negro que é considerado inferior e
por isso marginalizado devido ao racismo. (...) Hoje muitos brancos casam com
negros extinguindo a pureza da raça.

A contradição está em que os brancos marginalizam os negros e, mesmo assim, há


muitos casamentos entre eles.

5. Lacuna:
Pedro recebeu um envelope escuro e envelhecido, quando leu ficou transtornado com a
revelação...

O texto não explicita se Pedro leu o envelope ou o que ele continha e nem revela se o
conteúdo era uma carta, um documento, um aviso de cobrança, uma intimação etc. Fica faltando
informação para o leitor.

6. Deslocamento:
Passamos o dia inteiro pensando, enquanto minhas irmãs ajudavam minha mãe
arrumar as malas e eu ajudava meu pai regular o carro, na viagem que iríamos fazer
no dia seguinte.

Ficaria mais claro e adequado se fosse escrito assim:


“Passamos o dia inteiro pensando na viagem que iríamos fazer no dia seguinte,
enquanto...”

NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA


Fontes: TUFANO, Douglas Guia prático da nova ortografia. Disponível em:
http://mail.mailig.ig.com.br/mail/?
ui=2&ik=4fea903c1f&view=att&th=11ee0bee069ed725&attid=0.1&disp=vah&realattid=0.1&zw);
TABELAS Objetivo, Acentuação Gráfica, Centro Educacional Objetivo; BAPTISTA, José Roberto. O x
da questão: o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. São Paulo: Arte-Livros, 2009;
Assembleia Legislativa de Minas Gerais:
http://www2.almg.gov.br/hotsites/acordoortografico/exercicios.html

E duas novas regras do Acordo Ortográfico: ‘mocreia’ perdeu o acento, mas


continua feia. E jamais trema em cima da linguiça. Jamais! E véia não tem mais
acento? E pra dar uma injeção na veia da véia? Injeção na veia da veia. E Dança do
Créu tem acento? Tem que ter! Porque o fundamental no funk é ter acento!
Zé Simão, Folha de S. Paulo, 1/2/2009

Objetivos
- unificar a escrita do Português;
- simplificar as suas regras ortográficas;
- aumentar o prestígio internacional da língua.

Datas
1990 – assinatura do Acordo pelos oito países membros;
2009 – vigência não obrigatória;
2010-2012 – adaptação dos livros didáticos;
2013 – vigência plena e geral do Acordo. (ESTENDIDA PARA 2016)

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Países envolvidos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor Leste
Observe-se que todos são países em que o Português é a língua oficial.

Abrangência: - Brasil: 0,5% das palavras / - Demais países: 1,6%

ALTERAÇÕES

ALFABETO
Reincorporação das letras K, W, Y

ACENTUAÇÃO
1. Cai o trema nas palavras portuguesas:
Linguiça, cinquenta, tranquilo

2. Cai o acento nos ditongos abertos EI e OI, somente nas paroxítonas


Ideia, assembleia, Coreia, apoie
Joia, apoia, heroico

3. Cai o acento nos ditongos OO(s) e EEM:


Voo, perdoo, enjoo
Creem, leem, veem (verbo ver)

4. Caem os acentos diferenciais:


Não se usa mais o acento que diferenciava os pares:
pára/para: Ele para o carro no estacionamento para não ser multado
péla(s)/ pela(s): Chuta a pela aí, meu! Ana Maria pela de calor quando anda pela rua.
pêlo(s)/pelo(s), Esse gato tem pelos brancos. / Aquele anda pelos caminhos da droga
pólo(s)/polo(s): Ele foi ao polo Norte. / Ele gosta de jogar polo.
pêra/pera: Comi uma pera deliciosa.

5. I e U tônicos depois de ditongo nas paroxítonas


Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de
um ditongo. Ex.: baiuca, Bocaiuva, boiuno (bovino), cauila (avarento).

EXERCÍCIOS
Fonte: professores de LPT/área da Saúde

1. Complete as lacunas com as letras corretas:

Ne_____ton _____ant _____ilômetro _____agner _____ilo____att

Zuri_____e _____ashington Muni___e ____u____ait

2. Identifique a alternativa em que um dos vocábulos, segundo o Acordo Ortográfico, recebeu


indevidamente acento gráfico:

(A) céu – réu – véu;


(B) chapéu – ilhéu – incréu;
(C) anéis – fiéis – réis;
(D) mói – herói – jóia;
(E) anzóis – faróis – lençóis.

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MUDANÇAS NAS REGRAS DE ACENTUAÇÃO – Outras mudanças incluídas no Novo
Acordo – Acentuação de verbos:

6. U tônico de arguir (argumentar) e redarguir (replicar)


Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas rizotônicas (quando o acento está na
raiz da palavra) do presente do indicativo e do subjuntivo:
Eu arguo Que eu argua
Tu arguis Que tu arguas
Ele argui Que ele argua
Eles arguem Que eles arguam

7. –guar, –quar, –quir


Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar,
averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas
pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também
do imperativo. Veja:

(A) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Exemplos:
verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.

(B) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas. Exemplos (a
vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.

Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

MUDANÇAS NO USO DO HÍFEN

Resumo - Emprego do hífen com prefixos - Regra básica


Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-homem.

Outros casos
1. Prefixo terminado em vogal:
• Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
• Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo.
• Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom.
• Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas.

2. Prefixo terminado em consoante:


• Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário.
• Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico.
• Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.

OUTRAS ESPECIFICIDADES
1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub- região, sub-
raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano,
subumanidade.
2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e
vogal: circum-navegação, pan-americano etc.
3. O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se
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inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.
4. Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-almirante etc.
5. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen: ex-
aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-
europeu.

PALAVRAS COMPOSTAS, LOCUÇÕES E ENCADEAMENTOS VOCABULARES

1. Entre palavras que formam nova unidade de sentido, mantendo estrutura e acentuação: alto-
falante, água-de-colônia, arco-íris, conta-gotas, decreto-lei, guarda-chuva, para-lama, obra-
prima, pão-duro, surdo-mudo.

2. Palavras que designam espécies botânicas e zoológicas: abóbora-menina, andorinha-do-mar,


batata-inglesa, couve-flor, feijão-verde, fava-de-santo-inácio, formiga-branca.

3. Derivados de nomes próprios: passo-fundense, sul-rio-grandense, sul-africano.

4. Palavras compostas de dois ou mais adjetivos: histórico-geográfico, azul-escuro, azul-


marinho.

5. Combinações substantivas (segundo elemento= tipo, forma, finalidade): turma-piloto, escola-


modelo, diretor-presidente, hospital-escola, primeiro-ministro.
6. Encadeamentos vocabulares ou combinações históricas e topônimos: ponte Rio-Niterói,
tratado Brasil-Angola, eixo São Paulo-Rio de Janeiro.

7. Com sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-
açu.

8. Bem / Mal: com hífen, quando o 2º elemento começar por vogal ou h: bem-educado, bem-
humorado, mal-educado, mal-humorado.

Atenção:
Com hífen quando o elemento seguinte tem vida autônoma: bem-criado, bem-falante.

Sem hífen quando a pronúncia de m em BEM for de n: bendizer, bendito.


Nem sempre o contrário de palavras com BEM seguidas de hífen usam-no quando o advérbio
for MAL: bem-falante / malfalante, bem-criado / malcriado, bem-nascido / malnascido, bem-
visto / malvisto

Obs.: benfeitor, benfazejo, benfeito, benquerença.

Observações

Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como
girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, aguardente, madrepérola
etc.

Separadas: cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, sala de jantar etc.
Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-
dará, à queima-roupa

EXERCÍCIOS
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1) Identifique a opção em que todas as palavras compostas estão grafadas de acordo com as
novas regras:
(A) anti-higiênico – antiinflamatório – antiácido – antioxidante – anti-colonial –
antirradiação – antissocial;
(B) anti-higiênico – anti-inflamatório – antiácido – antioxidante – anticolonial –
antiradiação – anti-social;
(C) anti-higiênico – anti-inflamatório – antiácido – antioxidante – anticolonial –
antirradiação – antissocial;
(D) anti-higiênico – anti-inflamatório – anti-ácido – anti-oxidante – anticolonial –
antirradiação – antissocial;
(E) anti-higiênico – anti-inflamatório – anti-ácido – anti-oxidante – anti-colonial –
antirradiação – antissocial.

2) (TJ-GO) Assinale a alternativa em que o hífen foi usado corretamente, conforme o Novo
Acordo:
(A) Ele fez sua auto-crítica ontem.
(B) Ela é muito mal-educada.
(C) Ele tomou um belo ponta-pé.
(D) Fui ao super-mercado, mas não entrei.
(E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões.

3) (CEF) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente:


(A) autocrítica, contramestre, extra-oficial
(B) infra-assinado, infra-vermelho, infra-som
(C) semi-círculo, semi-humano, semi-internato
(D) supervida, superelegante, supermoda
(E) sobre-saia, mini-saia, superssaia

4) Reescreva as palavras abaixo com ou sem hífen, de acordo com as novas normas:

(A) vira + volta___________________________________


(B) guarda + roupa________________________________
(C) para + quedista________________________________
(D) manda + chuva________________________________
(E) para + choque_________________________________

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