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ISLAMISMO

A Arábia antes de Maomé

A Arábia ou Península Arábica é uma região desértica do Oriente Médio banhada pelo mar Vermelho e
pelas águas do oceano Índico. Do ponto de vista histórico, esta região ficou bastante conhecida como
berço de uma das mais importantes religiões do mundo, o islamismo. Surgida no século VII, esta
religião estabeleceu mudanças significativas nas configurações políticas, econômicas e culturais de
todo o mundo árabe. Antes do Islã, a Península Arábica esteve basicamente dividida entre
as regiões litorânea e desértica. Os desertos da Arábia eram ocupados por uma série de tribos
vagantes, que tinham seus integrantes conhecidos como beduínos. Os beduínos não apresentavam
unidade política, eram politeístas e sobreviviam das atividades de pastoreio organizadas nos oásis que
encontravam no interior da Arábia. Sob o aspecto religioso,
prestavam adoração a objetos sagrados, forças da natureza e acreditavam na intervenção de espíritos
maus. Para que pudessem promover as suas crenças e rituais, os beduínos se dirigiam até as cidades
litorâneas que abrigavam vários de seus símbolos e objetos sagrados. Com o passar do tempo, esse
deslocamento regular firmou uma significativa atividade comercial.
Ao se dirigirem até o litoral, os beduínos aproveitavam da oportunidade para
realizarem negócios com os comerciantes das cidades sagradas. Dessa forma, a economia da
Península Arábica era fortemente influenciada pelo calendário que determinava as festividades
dedicadas aos vários deuses árabes. Já nessa época, as cidades de Meca e Yatreb se destacavam
como grandes centros comerciais e religiosos.

O Nascimento de Maomé

Messiânico profeta árabe nascido em Meca, na atual Arábia Saudita e na época, era um importante e
próspero centro comercial e religioso, cujo nome próprio é derivado do verbo hâmada e que significa
digno de louvor, fundador da religião muçulmana e do império árabe. Pertencia ao clã dos Hashim, de
Banu Hashim, um dos ramos da tribo dos coraixitas (Qoreish, Quraish ou Qoraish), guardiã da Caaba,
templo nacional do povo árabe que abrigava os ídolos de todas as tribos da península e os deuses da
religião de todos os chefes de caravana que ali passavam, mais de 360 deuses.
Órfão muito cedo, foi criado primeiramente pelo avô paterno, Abd al-Mutalib, e mais tarde pelo tio, Abu
Talib, coletor de impostos e mercador, que o iniciou nas artes do comércio. Preocupado com a idéia de
restabelecer a religião monoteísta de Abraão, Ibrahim em árabe, teve na religião sua área de interesse
privilegiado, tornando-se um político talentoso, chefe militar e legislador. Aos 25 anos, já com a
reputação de comerciante honesto e bem-sucedido, casou-se com a rica viúva Cadidja, 15 anos mais
velha do que ele. O matrimônio durou até a morte de Cadidja (617), num castelo pertencente a Abu
Talib, que morreria dois anos após, onde o profeta estava refugiado. Segundo a tradição, aos 40 anos
recebeu a missão de pregar as revelações trazidas de Deus pelo arcanjo Gabriel. As revelações teriam
se repetido durante toda a vida do profeta e logo começaram a ser registradas por escrito e com elas
compôs o Alcorão ou Corão (Al no árabe equivale ao nosso artigo o). Seu monoteísmo chocava-se com
as crenças tradicionais das tribos semitas e foi obrigado a fugir para Iatribe (622), atual Medina ou
Madinat an Nabi, isto é, Cidade do Profeta, onde as tribos árabes viviam em permanente tensão entre
si e com os judeus. Estabeleceu a paz entre as tribos árabes e com as comunidades judaicas e
começou uma luta contra Meca pelo controle das rotas comerciais.
Conquistou Meca (630) e, de volta
a Medina, morreu dois anos depois, sem haver nomeado um sucessor, porém deixando uma
comunidade espiritualmente unida e politicamente organizada em torno aos preceitos do Corão, cuja
edição definitiva seria publicada alguns anos após (650). A nova religião foi chamada islamismo ou Islã,
que significa submissão à vontade divina, e seus adeptos, muçulmanos, os que se submeteram.

Ascensão e queda do império islâmico.


Entre os séculos VII e VIII, o Império Islâmico alcançou sua maior extensão territorial, abarcando terras
desde a Ásia Central até a Península Ibérica, passando pelo norte da África. Essa rápida ascensão
pode ser explicada pela unidade conseguida entre os árabes realizada pelo advento do islamismo e de
sua adoção como religião. A origem do império está na Península
Arábica, região desértica ocupada pelos árabes, que se dedicavam principalmente ao comércio, seja
através das caravanas de beduínos no deserto ou nas cidades próximas ao litoral, como Iatreb e Meca.
Foi nesta última que nasceu Maomé, membro da tribo dos coraixitas, por volta de 570, e onde ele
iniciou a difusão da crença em um deus único, Alá. Os árabes eram politeístas, adorando animais e
plantas.
A cidade de Meca era um centro religioso por abrigar o templo onde se encontrava a pedra negra, um
possível meteorito tido como sagrado, que ficava guardado na Caaba, junto a várias imagens dos
demais deuses. Maomé afirmava que durante mais de vinte anos, em suas meditações, estivera em
presença do anjo Gabriel, que em suas mensagens dizia a ele existir apenas um Deus, condenando a
adoração dos demais deuses árabes. Dizia ainda que Maomé era mais um dos profetas de Deus, como
Moisés e Jesus, e deveria difundir pelo mundo a verdade divina repassada nas mensagens. Maomé
iniciou suas pregações em Meca, conseguindo adeptos principalmente entre a população pobre. Os
ricos membros da tribo dos coraixitas viam a pregação monoteísta como uma ameaça ao seu poder
econômico e religioso, já que a economia girava principalmente em torno da peregrinação à cidade
para visitas à Caaba, e as pregações monoteístas poderiam expulsar os visitantes. A perseguição a
Maomé e seus seguidores se intensificou, obrigando-os a fugir para Iatreb, cidade ao norte de Meca,
em 622. O episódio ficou conhecido como Hégira e marcou o início do calendário islâmico. Em Iatreb
(depois denominada Medina, cidade do profeta), Maomé conseguiu converter a população e formar um
exército para conquistar Meca em 630. Maomé morreu em 632, mas neste período de dez anos entre a
Hégira e sua morte ele conseguiu unificar as tribos árabes e convertê-las ao islamismo, em boa parte
devido ao jihad, o esforço a favor de Deus, subjugando militarmente os recalcitrantes.
Até a sua morte Maomé havia conquistado toda a Península Arábica, e os quatro califas que o
sucederam expandiram o território do império para a Pérsia, Mesopotâmia, Palestina, Síria e Egito. Os
califas eram os “sucessores do Profeta de Deus”. Porém, havia o problema da sucessão, surgindo o
debate se seriam os membros da tribo coraixita ou os descendentes diretos de Maomé que o
sucederiam. O primeiro califa acabou sendo o sogro de Maomé, Abu-Béquer. O Império Islâmico era
um Estado teocrático, com o califa exercendo as funções de chefe religioso e chefe de Estado. Apesar
de empreenderem uma guerra pela difusão da nova religião, os árabes foram tolerantes com cristãos e
judeus nos territórios conquistados, pois eram considerados os “Povos do Livro”, indicando uma
herança religiosa comum.
O quarto califa, Ali, genro de Maomé, foi derrubado pelos membros da tribo dos Omíadas, ligados ao
califa Otman, iniciando uma nova dinastia. No período dos Omíadas, entre 661 e 750, o Império
Islâmico conheceu sua maior extensão territorial, somando territórios na Índia, Ásia Central, norte da
África e Península Ibérica, sendo contidos pelos francos em 732, na Batalha de Poitiers, passando
ainda a capital para Damasco. Foi neste período que houve a principal divisão entre os muçulmanos,
resultando nossunitas e xiitas, unindo divergências sucessórias às questões religiosas. Os sunitas
adotavam os preceitos da Suna, livro dos ditos e feitos de Maomé, e do Corão, além de acreditarem
que a eleição dos chefes deveria ser livre. Os xiitas, pelo contrário, assumiam a ligação apenas ao
Corão e apontavam a necessidade de uma liderança centralizadora.
Em 750,
os abássidas derrubaram a dinastia omíada, transformaram Bagdá em capital do Império e iniciaram
um processo de desagregação com a instituição dos emirados, que eram califados independentes, tais
como Córdoba e Cairo. Posteriormente, a partir do século XIII, o império foi sendo também conquistado
pelos turcos, povos originários da Ásia Central, um processo que iria se estender até o início do século
XX, mas mantendo o islamismo como religião. Na Península Ibérica, os muçulmanos foram derrotados
pelos cristãos durante as Guerras de Reconquista, que tiveram fim no século XV. A extensão do
Império, a ligação entre Ocidente e Oriente e a assimilação de hábitos culturais e conhecimentos
produzidos pelos povos conquistados proporcionou aos muçulmanos a produção de um importante
patrimônio cultural, incluindo filosofia, medicina, matemática, arquitetura etc., que até os dias atuais se
faz presente.

Fonte:
www.universalistas.com.br/2010/09/maome-vida-e-obra.html
http://www.mundoislamico.com/mohammad2.htm
• Península arábica
A Arábia
Antes de Maomé: Depois de Maomé:
• Politeísmo. • Monoteísmo (Alá).
• Idolatria. • Não aceita a adoração de
• Dividida em várias tribos imagens.
comandadas por pessoas • Unidade política.
diferentes. • Unidade religiosa.
• Falta de unidade política. • A formação de uma única
• Falta de unidade religiosa. religião com princípios que
atuavam sobre toda a
população deu um forte
sentido de unidade
• Beduínos
• Mesquitas muçulmanas
Aspectos da religião islâmica:
• Monoteísmo
• Influências do Judaísmo e Cristianismo.
• Livro sagrado : Alcorão
• Cidade sagrada: Meca
• Não utilização de imagens
• Crença na vida após a morte
Obrigações do muçulmano:

• Orar cinco vezes ao dia.


• Doar esmolas.
• Praticar o jejum no mês sagrado do Ramadã.
• Praticar o Jihad ( guerra santa) .
• O Álcorão proíbe o consumo de carne de porco,
bebidas alcóolicas, jogos de azar e homicídios.
• O Islamismo permite a poligamia, a escravidão e
o butim (pilhagem) nas guerras de expansão da
religião.
• O Alcorão: código de moral, de justiça e de normas sociais para os muçulmanos.
• Expansão árabe
Causas da expansão:

• Crescimento demográfico
• Procura por terras férteis
• Estímulos religiosos (jihad)
• Interesse na pilhagem e saque dos povos
vencidos.
• Fragilidade dos impérios persa e bizantino
• Importante: Os muçulmanos eram tolerantes
com os povos conquistados respeitando os seus
hábitos, costumes e preceitos religiosos.
• Mesquita de Córdoba, Espanha. A presença do Islã na Ibéria.
• Mesquita de Córdoba, fachada externa
Influência cultural dos muçulmanos:
• Filosofia e ciência: Os filósofos se dedicavam a todos os ramos do
conhecimento como a matemática, química, astronomia e medicina.
• Difundiram a cultura grega.
• Matemática: Inventaram o arco e a tangente, desenvolveram
equações de segundo grau. Introduziram no ocidente os algarismos
arábicos.
• Astronomia e geografia: Fizeram cálculos de latitude e longitude,
fundaram observatórios astronômicos e aperfeiçoaram
instrumentos como o astrolábio e a bússola.
• Literatura: As mil e uma noites e Rubayat. Poesias que abordavam a
natureza, a valorização da nobreza, o amor sensual e os
conhecimentos científicos.

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