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Com 25 anos de idade, Maomé se casou com Khadidja, e agora ele tava
com a vida feita porque ela era muito rica. Ele rejeitou todas as lendas árabes
que contavam acerca dos deuses, e buscava uma explicação mais profunda.
Essa angústia cessou quando ele julgou estar recebendo revelações da própria
fonte divina. Ele acreditou ter visões de um ser de luz, que vinha em sua
presença. Ele identificou esse ser como sendo o arcanjo Gabriel e saia ainda
mais convicto que estava recebendo uma revelação divina acerca de uma
religião monoteísta especial. E Khadidja o encorajou a seguir nessa missão, o
que faz dela a primeira mulher muçulmana. Com a conversão de sua esposa,
Maomé se dispos a pregar, a seus parentes e amigos mais próximos, que
formaram seu primeiro grupo de discípulos.
Maomé tentou justificar sua religião falando que também era Abraâmica,
porque os árabes também eram descendentes de Ismael, o filho primogênito
de Abraão. Maomé transformou a Kaaba no lugar de culto a Alá, e ele disse
que ela foi edificada por Abraão. Ele juntou um exército com centenas de
discíplos seus e partiu pra cima de Meca com tudo. Ele venceu a batalha de
Badr em 624, mas perdeu a batalha de Uude em 625. Foi cercado sem
sucesso em Medina e aos poucos foi ficando muito popular em todos os lados.
O povo humilde de Meca sentia um certo rancor pelos Coraixitas, vistos como
exploradores, e com isso o Islã ganhou muitos adeptos. A sua aprovação
popular era tanta que sem desferir um só golpe, Maomé entrou vitorioso em
Meca em 629. Três anos depois retornou a Meca numa peregrinação à Kaaba,
e voltou à Medina onde morreu em 632.
Enquanto isso, Yazdegerd III decide enviar um exército para Uballa, para
reforçar suas defesas. Quando Karinz chega perto de Uballa, ele encontra o
resto do exército de Hormozd, e foi informado da Batalha das Correntes. Ao
mesmo tempo, uma força liderada por Al-Muthanna apareceu, provavelmente
enviada por Khalid para arrebatar o que sobrou do exército. Karinz decidiu
sacrificar Uballa, e manter sua posição para evitar que Khalid atravessasse o
rio Tigre ou marchasse para o oeste para a cidade mais importante da região,
Al-Hira. Al-Muthanna avisou Khalid que uma nova força estava se movendo
para o sul, e Khalid enviou um pequeno grupo para tomar Uballa. A batalha do
rio aconteceu na terceira semana de abril, onde os sassânidas estavam com
algo em torno de 25.000 a 50.000 soldados, enquanto Khalid tinha algo em
torno de 18.000. A batalha começou com Karinz chamando Khalid para um
duelo, mas um espadachim árabe que foi ao duelo e foi capaz de derrotar
Karinz. Então Qubaz e Anushgan foram para a frente e exigiram outro duelo.
Os líderes muçulmanos Asim e Uday correram para eles, e os dois líderes
sassânidas foram mortos. Então Khalid ordenou um ataque com tudo às tropas
inimigas, mas apesar de todos os líderes sassânidas terem morrido, as tropas
resistiram. Mas quando os sassânidas empurraram os árabes para trás, seu
exército se desorganizou e Khalid conseguiu criar alguns buracos na formação
do inimigo. A retaguarda do exército sassânida tentou recuar, enquanto a frente
continou a lutar, mas sem suporte logo foram massacrados. Mas os árabes
conseguiram alcançar os que recuaram e a batalha recomeçou perto do rio.
Não sabemos exatamante o que aconteceu agora, mas a maioria das fontes
nos mostram que muitos foram mortos, outros afogados no rio, e alguns
conseguiram atravessar o rio. No final da batalha, o exército do xá perdeu algo
em torno de 15.000 a 30.000 soldados, enquanto as perdas de Khalid foram na
casa das centenas.
Khalid estava pronto para atacar Ctesifonte, mas ele recebeu uma carta
do califa Abu Bakr, ordenando que ele parasse seus ataques aos sassânidas e
virasse as atenções à Síria para atacar os bizantinos. Ao longo de 633, os
muçulmanos já tinham enviado forças para atacar a Palestina, nas áreas ao
redor do mar da Galiléia, o rio Jordão e o mar Morto, mas para atacar os
centros urbanos precisavam de mais reforços. Em 634, o general muçulmano
escolheu a rota mais perigosa através de um deserto sírio sem água e Khalid
ordenou que 20 camelos fossem obrigados a beber grandes quantidade de
água para que pudessem ser usados como armazem temporário. Os camelos
foram abatidos ao longo da jornada quando a comida era necessária, e a água
era colhida dos camelos. Após 5 longos dias de caminhada por essa paisagem
desolada, 9000 soldados muçulmanos apareceram e rapidamente inflingiram
uma pequena derrota nos gassânidas em Marj Rahit, enquanto eles
celebravam a Páscoa. Então ele marchou para o sul, para a cidade de Bostra,
quando seus reforços chegaram e ele conseguiu tomar a cidade em julho de
634. Então o imperador Heráclio enviou seu irmão Theodore e um general
armênio chamado Wardan, a 25 milhas a sudeste de Jerusalém, onde ele
reuniu um grande exército. Então ocorre a batalha de Ajnadayn, onde 10.000
bizantinos enfrentaram 15.000 muçulmanos. Antes do começo da batalha, um
bispo cristão tentou negociar a retirada dos muçulmanos, mas o general
respondeu mostrando a escolha tradicional: se converta ao islã, pague o jizya,
ou morra em batalha. Então começa a chuva de flechas dos dois lados, mas
um guerreiro muçulmano chamado Dirar, caminhou direto para as flechas,
gritando um grito de guerra. Após a enxurrada acabar, Dirar e sua comitiva se
encontraram com seus companheiros bizantinos, e disseram que os
muçulmanos melhoraram no combate, matando muitos generais romanos de
elite e dois generais. Então o exército Rashidun atacou, e foi um jogo duro com
poucas manobras que durou até o anoitecer. No outro dia, Wardan tentou atrair
Khalid para uma armadilha oferecendo negociações, mas o plano deu errado e
ele foi morto por Dirar. Depois de um longo combate corpo a corpo, que exauriu
os dois lados, Khalid empregou seus 4000 soldados de reserva no centro, e
quebrou a formação bizantina. Após isso, os bizantinos fugiram. As tropas
fugiram para o norte e entraram em outras cidades bizantinas, que ficaram
lotadas de refugiados.
Heráclio mandou Harbees com 8000 homens para defender Emesa dos
ataques de Khalid e Abu Ubaidah. Por semanas e até meses, o cerco se
resumiu em saraivadas de flechas, porque Emesa era uma cidade muito bem
fortificada. Em março de 636 o inverno acabou, e ficou claro que os árabes
estavam planejando matar os cidadãos da cidade de fome. Harbees marchou
com muitos soldados para fora da cidade e até que conseguiu aniquilar parte
das forças muçulmanas no sul, mas foi forçado a voltar pra cidade. Depois ele
tenta outra vez sair da cidade e atacar os muçulmanos, mas desta vez ele é
cercado e acaba morrendo, junto com boa parte de seu exército. A cidade caiu
e Heráclio estava em Antióquia, mas já estava velho e com um edema. Então
ele divide seu exército em 5 generais que lançam um ataque para Emesa. Os
árabes então recuam para o sul, e os bizantinos recuperam Damasco. A partir
de julho de 636, os dois se encontram e ocorre e a famosa batalha de
Yarmouk, que começou em 15 de agosto. Os campeões dos dois lados
insistiram por algumas hora num duelo. Os bizantinos avançam, mas são
forçados a recuar e assim acaba o primeiro dia de batalha. Após 6 dias de
batalha, os bizantinos vão acabar perdendo, com cerca de metade do exército
sendo morto, enquanto apenas um quinto do exército muçulmano foi morto.
Então Saad manda seu sobrinho Hashim bin Utba com 12.000 soldados
para reduzir o exército persa. A fim de evitar reforço e retirada, Saad também
despachou 5000 homens para lidar com o governador persa Intaq em Mosul.
Depois de várias tentativas de tomar aquela cidade de assalto, espiões
muçulmanos conseguiram assegurar a deserção de vários árabes cristãos em
uma traição que levou à queda de Mosul. Na força principal indo para Jalula em
março de 637, Hashim trouxe consigo o feroz Qaqa ibn Amr. Consciente que a
situação só pioraria com o tempo, Hashim ordenou várias tentativas de invadir
a vala fortificada. Os persas conseguiram repelir esses ataques com os
arqueiros. Após isso, os persas substituiram os obstáculos de madeira por
obstáculos de ferro, mais eficientes. Os muçulmanos cessaram a ofensiva por
um tempo e isso deu a Mihran uma oportunidade única. Utilizando o constante
fluxo de reforços que vinha em sua direção, ele começou a lançar surtidas
contra as posições de Hashim, inflingindo perdas e ganhando confiança. Mas
ninguém conseguiu vencer as linhas inimigas e os persas voltaram para a
cidade. Então Hashim pediu reforços de Ctesifonte, e Saad enviou 600 de
infantaria e 400 de cavalaria. Depois, mais 500 reforços de cavalaria chegaram,
incluindo muitos chefes tribais árabes competentes que lutaram contra o
califado na Guerra de Apostasia. Os persas, reforçados por tropas do xá,
decidiram atacar antes que os muçulmanos tivessem ainda mais reforços.
Sob o comando de Mihran, a batalha de Jalula começou pra valer com
um ataque sassânida em larga escala ao longo de toda a frente, e a carga teve
um impacto devastador. Os muçulmanos resistiram com toda a sua força, e a
batalha foi ficando brutal à medida que as flechas iam acabando e eles se
matavam na facada. Uma unidade de Hashim fugiu e Qaqa voltou e restaurou
a ordem. O calor quase insuportável do deserto e os combates brutais levaram
os persas a deixar a ofensiva e ambos os lados se separassem. Depois de um
breve descanço, Mihran planejava continuar pressionando, mas Hashim tinha
outros planos. Hashim ordenou que suas tropas atacassem por toda a frente,
estragando o ataque de Mihran e iniciando outro confronto extenuante, que
durou mais de uma hora sem nenhum momento decisivo. No entanto, pouco
antes do pôr do Sol, o vento aumentou e uma tempestade de areia veio do sul,
fenômeno que afetou mais os persas do que os acostumados nômades do
deserto. Hashim então sinalizou para Qaqa ibn Amr embarcar em uma
manobra que eles haviam preparado de antemão. Enquanto Hashim mantinha
Mihran ocupado no centro, Qaqa dava a volta e mantinha suas tropas numa
área protegida para impedir que fossem vistos. Após algumas tropas
sassânidas desnortearem mas manterem a posição, Qaqa atacou com tudo de
trás. As forças muçulmanas continuaram atacando as forças cercadas, mas
ainda resistentes de Mihran durante todo o dia. Ao pôr do Sol, tudo
desmoronou e os persas foram derrotados, apenas parem serem cortados
pelas tropas de Qaqa enquanto fugiam. Até metade do exército persa pereceu
em Jalula, enquanto o restante, incluindo a guarnição da cidade, fugiu em
direção de Hulwan, e a própria cidade de Jalula caiu em dezembro de 637.
Pouco depois, Qaqa cavalgou em busca do inimigo e os derrotou, primeiro em
Khaniqeen, antes de cercar e capturar Hulwan em janeiro de 638. O imperador
Yazdegerd III recuou para além do Zagros.
Amr então manda uma carta para o califa Omar, perguntando se ele
podia continuar suas conquistas, e o califa nega. Depois, Amr voltou para
Fustat onde permaneceu lá, administrando silenciosamente seus domínios no
Egito e lidando com sussurros de uma futura rebelião.
As coisas na Pérsia estavam voltando a esquentar, e o exército de Saad
estava ansioso para perseguir Yazdegerd III pelas montanhas. Mas o califa
Omar não permite que ele continue sua expansão e então Saad busca um
lugar onde possa criar uma guarnição árabe permanente, e funda uma colônia
que se tornaria a cidade de Al-Kufa. Mais a sudeste, outra força árabe de 800
homens lideradas por Utba bin Ghazwan, começou a procurar uma base
própria, e criou o que se tornaria a moderna Basra. Mas os persas
continuariam a resistir, liderados por Hormuzan, chefe de uma das mais
importantes famílias da Pérsia. Durante a retirada de Qadissiyah, Hormuzan se
separou da coluna principal com seu recrutamento pessoal de sobreviventes e
marchou de volta para suas propriedades no Khuzistão. Com poucas chances
de resistir à uma invasão muçulmana, Hormuzan decide atacar em 638,
lançando ataques rápidos na área de Maysan. À medida que esses ataques
aumentavam com frequência, Hormuzan estabeleceu duas bases adicionais a
oeste perto de Manazir. Utba foi incapaz de lidar com os ataques persas com
seus 800 homens e então pede ajuda a Saad. Em resposta, Saad enviou Nu
´man bin Muqarrin, com alguns milhares de homens. A força combinada de
Utba e Nu´man lançou uma campanha relâmpago que derrotou Hormuzan em
suas bases avançadas e empurrou a fronteira do califado para leste até o rio
Karun.
O novo governador de Basra, Abu Musa, pediu ajuda para o califa Omar,
que respondeu que ele deve tomar Ahwaz e parar os ataques de Hormuzan.
Isso fez com que Abu Musa enviasse suas forças para o rio Karun e
enfrentasse Hormuzan na batalha de Ahwaz em 639. Confiante, Hormuzan
deixa o exército árabe cruzar a ponte no rio para enfrentá-los em uma batalha
campal. Só que o exército muçulmano derrotou com alguma dificuldade as
forças de Hormuzan, que fugiu para Ram Hormuz. Os árabes o perseguiram e
forçou ele a recuar ainda mais para o leste, e Hormuzan teve que negociar a
paz com os muçulmanos reconhecendo que Ahwaz era deles agora.
Saad foi substituído como governador em Kufa por Ammar bin Yasir, que
enviou tropas a Abu Musa para subjulgar a ameaça persa. Musa lançou suas
forças contra as de Hormuzan em Ram Hormuz em 640, derrotou ele numa
batalha rápida e capturou a maior parte do leste do Khuzistão. Hormuzan
recuou para o norte até o ponto de concentração sassânida em Shushtar, uma
cidade murada altamente fortificada. Musa teve 1000 novos guerreiros
enviados de Kufa. Com esses guerreiros adicionais, Musa tomou Shushtar e
Hormuzan foi levado como cativo até Medina, seguida pela cidade de Susa.
Voltando para Basra, Musa enviou um subordinado para capturar a guarnição
final do Khuzistão, que foi Junde Shapor, que o sucedeu no final de 641. Após
a queda do Khuzistão, Yazdegerd III enviou ordens urgentes para todas as
suas províncias restantes para reunir tropas e enviá-las para Nahavand. Na
virada de 642, um exército de 60.000 homens se reuniu nessa cidade. Um
general sassânida chamado Mardanshah foi nomeado para liderar o exército.
Em 645, Amr fez um lobby com Otomão para remover seu colega do
Alto Egito. Otomão recusou e Amr falou que não retornaria ao Egito até que
Abdullah ibn Abi Sarh fosse removido. Em resposta a essa ameaça, Otomão
nomeou Abdullah como governador de todo o Egito. Os súditos bizantinos não
estavam nem um pouco satisfeito com o julgo de Amr, mas a tentativa de
Abdullah de aumentar a renda das províncias foi ainda mais impopular. Um
grupo de bizantinos enviou mensagens ao novo imperador Constante II,
falando dos horrores do julgo muçulmano e da jizya, mas ainda falaram que
Abdullah tinha deixado a defesa do reino do Nilo cair em um estado lamentável,
e Alexandria estava guarnecida por apenas 1000 homens e podia ser
facilmente retomada. Constante II então começou secretamente a acumular
uma frota de 300 navios e milhares de soldados, sob o comando do eunuco
Manuel. Quando a frota bizantina desembarcou em Alexandria, a população
simultaneamente se revoltou contra os árabes, e a maior parte da guarnição
árabe foi morta. No entanto, enquanto os bizantinos devastavam regiões perto
de Alexandria, alguns muçulmanos que conseguiram escapar fugiram para
Fustat e informaram o governador. Abdullah não teve nem chance de reagir e
Amr foi colocado de volta no comando do Egito. Então Amr volta ao Egito em
Fustat e junta muitas tropas, enquanto Manuel está descendo o rio em direção
a ele.
Otomão também criou uma controvérsoa religiosa por criar uma versão
unificada e oficial do Alcorão. Além disso, a natureza ad hoc pela qual as
revelações do Profeta foram registradas e transmitidas por seus companheiros
mais próximos, significa que muitos livros do Alcorão tinham pequenas
variações no texto de um para o outro. Então Otomão fez com que uma reunião
de estudiosos religiosos determinasse o relato canônico das palavras do
Profeta, reunindo e queimando o máximo possível de variantes do Alcorão. O
Alcorão de Otomão permanece inalterado até hoje. No entanto, muitos não
concordaram com essa queima dos outros livros com variações, e começou a
estourar rebeliões.
Quando Ali partiu de Medina no final de maio de 657 com seus exércitos
atrás dele para depor Mu´awiya, ele teria uma luta mais dura do que esperava.
Antes que os dois exércitos se encontrassem em batalha, uma série de
perseguições e escaramuças de cavalaria ocorreram em Harran e Raqqa,
colocando Malik al-Ashtar contra Abd al-Rahman ibn Khalid, filho do
inesquecível Khalid. A primeira luta verdadeira aconteceria em Siffin, às
margens do rio Eufrates. Quando o exército de Ali chegou em 5 de junho de
657, eles encontraram a cavalaria síria impedindo-os de chegar na única área
de água acessível por quilômetros. Isso foi contra o conselho de Amr, e provou
ser um erro por parte de Mu´awiya. A tentativa imprudente de Mu´awiya de
negar água a seus inimigos no calor do deserto, perdeu qualquer simpatia que
ele ou suas forças pudessem ter desfrutado nas fileiras de Ali. Al-Tabari coloca
o exército de Ali como sendo de 70.000 homens, mas provavelmente ele tinha
de 20.000 a 30.000 homens, com o exército de Mu´awiya sendo um pouco
maior. A batalha de Siffin foi uma das maiores e mais impactantes da história
islâmica e teve várias fases nas próximas semanas.
Após guerrear com as tropas sírias que estavam guardando a água, Ali
conseguiu vencê-las, mas nos próximos dois dias, os dois exércitos fizeram
negociações fracassadas. Além disso, teve uma semana de incursões diárias e
duelos pessoais que duraram até 18 de junho. Em 19 de junho teve outro
cessar-fogo, com a duração de mais de um mês. Finalmente em 26 de junho,
os dois exércitos começam a batalha pra valer, que duraria três dias e três
noite ininterruptas. No segundo dia, Mu´awiya quase derrotou Ali, com Habib
ibn Maslama liderando um ataque massivo que levou a ala direita de Ali a fugir,
e empurrou com força contra seu centro, até que reforços liderados por Malik
al-Ashtar detivessem o avanço sírio. Abd´Allah ibn Budayl, que estava no
comando da direita de Ali, tentou aproveitar a vantagem momentânea levando
sua cavalaria até a tenda de Mu´awiya, apenas para ser cercado e morto pelas
tropas de elite de Mu´awiya. No terceiro dia, Mu´awiya redobrou seus esforços
para quebrar a ala direita de Ali, enviando seus aliados himiaritas contra ela,
sob o comando de Ubayd´Allah ibn Umar, o filho desgraçado do califa Omar,
cujo nome havia sido manchado por um crime de honra ilegal, mas cuja
ascendência fez dele muito útil para Mu´awiya. No entanto, a ala direita de Ali
se manteve firme, matando Ubayd´Allah e o chefe Dhul-Kala do Himyar, e
inflingindo baixas terríveis.
Depois dessa guerra civil é que começa a divisão entre sunitas e xiitas.
Os apoiadores mais próximos de Ali negaram a legimidade de Mu´awiya e seus
sucessores, elevando Ali e sua linhagem familiar ao papel de imãs de
inspiração divina. Conhecido como Partido de Ali ou Shi´at Ali seu movimento
permanece forte até hoje, conhecido como islamismo xiita (shi´at), agora
dividido em seitas próprias. Os seguidores de Mu´awiya são os sunitas, os
seguidores da Sunnah, as tradições e exemplos derivados do Profeta.
Além disso, não teria mais eleições para os califas como aconteceu com
os quatro primeiros. Agora teria elementos de sucessão dinástica, e o poder
ficaria com a dinastia Omíada até seu fim em 750.
Califado Omíada (661-750)
Em 668, Constante II foi atingido pela cabeça com um balde e morto por
um de seus servos, enquanto tomava banho. Mais rebeliões surgiram na
Sicília, com os conspiradores de seu assassinato aclamando o general
Mezezius como imperador, em oposição a Constantino IV. Constantino
convocou tropas em apuros do norte da África e Itália, pondo fim à rebelião na
Sicília após sete meses e encerrando seu breve apogeu como capital do
império. No entanto, a convocação de soldados do norte da África deixou as
forças bizantinas em Cartago muito menos capazes de resistir à pressão dos
árabes. Em 668 e 669 houve novos ataques relâmpagos árabes no norte da
África perto de Cartago, onde eles capturaram milhares de prisioneiros nos
territórios bizantinos. De 670 a 671, os muçulmanos também fizeram
conquistas menores ao leste do antigo Império Sassânida. Em 670, Muhallab
ibn Abi Sufra conquistou Cabul e assumiu pelo menos o controle nominal de
todo o Khurasan, uma das regiões anteriormente sob controle persa que tinha
ficado fora do domínio árabe. Apesar da forte resistência das tribos das colinas
turcas que quase viram uma força cercada e exterminada durante seu retorno a
Cabul, ele também penetrou com sucesso no Passo Khyber para iniciar as
primeiras conquistas do interior do atual Paquistão. As incursões muçulmanas
no subcontinente indiano se limitaram às planícies costeiras que eram mais
fáceis de atravessar.
Khurasan foi abalada por uma luta de três vias pelo domínio da província
pelo governador omíada Nasr ibn Sayyar, o candidato iemenita ao cargo de
governador, Jadi al-Kirmani e al-Kharit ibn Surayj, que lançou inúmeras
rebeliões malsucedidas contra o govereno omíada na província. No Egito, os
comandantes do exército desafiaram Marwan II e instalaram seu próprio
governador. Em Kufa, houve mais uma revolta contra o domínio omíada. Não
tinha melhor hora do que esta.
Abu Muslim foi enviado a Khurasan pela família abássida para lançar a
rebelião lá. Em julho de 747, Abu Muslim proclamou uma rebelião em Khurasan
pelo “Livro de Alá e a sunnah do Profeta” e enviou subordinados para informar
do movimento clandestino na província que a bandeira negra abássida havia se
levantado em revolta. O historiador Farouk Omar, afirma que no começo Abu
Muslim tinha apenas de 3000 a 4000 homens. Mas logo os números
aumentariam, com milhares de escravos abandonando seus senhores para se
juntar à causa de Abu Muslim. Ele manipulou magistralmente a discórdia tribal
dentro do exército omíada entre os árabes sírios e iemenitas, e conseguiu o
apoio desse último.
Então o príncipe Abd al-Rahman foi para o oeste o mais rápido possível,
mas quando passou no reino berbere, viveu lá por um tempo no reino de sua
mãe. Eles passaram de tribo por tribo, com algumas acolhendo ele, outras
olhando com suspeita. No entanto, o governador de Ifriqiya mudou de ideia e
resolveu mandar caçar o príncipe. Enquanto o príncipe estava sendo abrigado
pelo chefe berbere Abu Qarrah Wanesus, soldados chegaram na aldeia e
começaram a vascular o acampamento. Diz-se que a esposa do chefe berbere,
Tekfah, escondeu o príncipe dentro das dobras de seu vestido, até que o
perigo passasse. Por causa desse ato, Abd al-Rahman nunca esqueceria os
berberes durante seus dias posteriores mais prósperos.
Em 754, ele chegou perto de Ceuta, onde a tribo Nafza da sua mãe
estava localizada. O príncipe finalmente se sentiu em paz, longe do alcance do
governador. Ao longo da jornada, Badr e Salem permaneceram sempre fiéis a
ele. Desde a década de 730, a Espanha muçulmana estava envolvida em uma
guerra civil impulsionada por uma fusão complexa de rixas tribais árabe-
berberes e inter-árabes. O príncipe viu a oportunidade, e em junho de 754, Abd
al-Rahman despachou Badr para a Espanha. Badr colocou antenas e testou
aliados, enquanto angariava apoio e espalhava a notícia de que os grandes
omíadas estavam prestes a retornar. Badr enviou um navio para buscar Abd al-
Rahman, e em 14 de agosto de 755, o príncipe fugitivo desembarcou em
Almuñécar, na costa de Andaluzia. Na sua chegada, seus apoiadores saíram
para encontrá-lo, supostamente oferecendo a ele vinho e mulheres. Enquanto
Abd al-Rahman estava reunindo as suas tropas, o governador Yusuf e seu
capitão-chefe Sumail, estavam debatendo como detê-lo. O governador decidiu
seduzir Abd al-Rahman oferecendo sua filha para casar com ele, o que foi
rapidamente negado.
Um dos filósofos islâmicos mais famosos foi Abu Ali Huceine ibne
Abdala ibne Sina, também chamado de Avicena (980-1037), que foi um grande
filósofo no campo da metafísica. A metafísica é um campo da filosofia que
busca compreender os fundamentos da realidade, o estudo do ser, suas
propriedades, e sua própria existência. Um debate entre Platão e Aristóteles
era sobre a natureza das formas. A forma, ou essência de uma coisa, é o que
torna algo distinto em si mesmo. Um triângulo é um triângulo porque tem três
lados. Platão acreditava que tudo, mesmo os abstratos, existem no Mundo das
Ideias, onde há um exemplo perfeito de uma coisa, e o que vemos nada mais é
do que uma sombra dessa coisa. Aristóteles rejeitou essa ideia, acreditando
que a imagem de uma coisa existe neste mundo e que todos os seres são uma
combinação de matéria e forma. Avicena queria casar essas ideias ao
pesquisar a alma, bom como provar sua existência. Ele fez isso com um
experimento mental do “homem flutuante”: ele imagina um homem caindo
livremente no ar. Com a incapacidade de ver outras coisas em referência a si
mesmo. Uma pessoa ainda poderá ser capaz de sentir sua presença e
consciência. E Avicena acreditava que essa era a evidência para a existência
da alma, uma coisa interior, imaterial, tem propriedades externas (material e
imagem), mas é de outro nível, tentando combinar os dois conceitos. Essa
ideia é muito semelhante ao ponto de partida de Descartes, com a sua famosa
frase “Penso, logo existo.”.
Os detalhes dos confrontos iniciais não são claros, mas sabemos que o
primeiro conflito foi no Vale de Ferghana em 715, mas apesar da ajuda
tibetana, os muçulmanos foram derrotados. A mesma coisa aconteceu dois
anos depois quando os chineses enviaram um exército de mercenários Karluk
que derrotaram os árabes e os tibetanos. Os chineses aproveitam dos abalos
causados pela Revolução Abássida para tentar ganhar a disputa pela Ásia
Central. Em 747, o comandante chinês local Gao Xiangxi iniciou uma
campanha contra a cidade de Gilgit no Tibete, e foi vitorioso. Ele foi nomeado
governador da região e forçou muitos pequenos reinos a se tornarem cidadãos
da cidade. Os estados locais de Fergana e Tashkent ficaram apreensivos
durante este período. O primeiro pediu ajuda aos chineses em 750 e Gao
atacou e capturou Tashkent na primavera do mesmo ano. Os príncipes de
Tashkent não tiveram escolha a não ser se aliar aos árabes. A força
muçulmana local liderada por Ziyad ibn Said deixou Samarcanda e iniciou uma
marcha ao longo do rio Talas, e Gao estava lentamente recuando para se unir
aos seus aliados Karluk. Os dois exércitos finalmente se encontraram na
segunda metade de 751, na fronteira moderna do Cazaquistão e Quirguistão.
Outros contam que os dois não ousaram se atacar por quatro dias,
enquanto um terceiro exército chegou, composto de uma força menor de Karluk
que permaneceu do outro lado do rio Talas, e não se juntou a nenhum dos
lados. Mas na manhã do quinto dia, esses Karluk cruzaram o rio e atacam o
exército chinês pelo flanco esquerdo e as forças islâmicas entram na batalha
pela frente com tudo, destroçando os chineses sem perder quase ninguém.
Não se sabe se os Karkuk e os árabes planejaram isso, mas em qualquer caso
o exército chinês foi destroçado e apenas alguns milhares de soldados perto de
Gao conseguiram escapar.
(Fronteiras em 1140)
(Conquista de Jerusalém pelos Cruzados, por Émile Signol, no Palácio de
Versalhes)
A maioria das pessoas que iam para as Cruzadas eram francos, porque
a França era a maior potência da Idade Média. Quando você fosse falar com
uma autoridade oficial dos reinos cruzados, geralmente você iria falar em
francês, mas quando fosse falar com pessoas comum, geralmente você usaria
o grego, ou o árabe, e outros dialetos locais.
De acordo com um relato de Ibn Jubair, por volta de 1170, no seu livro
que em tradução literal seria “Viagens no Egito, Palestina e Síria”: “Todos que
são novos imigrantes das terras francas tem caráter mais rude do que aqueles
que se aclimataram e se mantiveram associados com os muçulmanos”.
É claro que não podemos falar que esses dois casos eram a regra para
como os muçulmanos eram tratados, mas mostra que houve considerável
respeito e vários casos onde os muçulmanos foram tratados com justiça.
Os cânones 13 e 14 puniam o sexo entre um homem cristão e uma
mulher escrava muçulmana, com castração e expulsão. O cânone 15 proibe o
sexo consentido entre uma mulher cristã e um homem muçulmano. Não havia
nada na lei proibindo o sexo consensual entre homens cristãos e mulheres
muçulmanas livres. Também não havia nada falando de casamento entre
pessoas de diferentes denominações cristãs, nem de um cristão e uma judia,
ou qualquer outra combinação. Após 1187, os reinos cruzados vão ficar mais
na defensiva e na esfera dos reinos católicos da Europa.
No século XIII surge outra força poderosa, só que desta vez no Extremo
Oriente, os mongóis. Os planaltos da Mongólia eram ocupados por cinco tribos
poderosas: os Keraites, Mongóis, Naimans, Merquites e os Tártaros. Essas
cinco tribos brigavam toda hora entre si, e a dinastia Jin da China estava muito
feliz com isso. A dinastia Jin e os tártaros atacavam, matavam, conquistavam,
destruíam, saqueavam, até que surge a figura de Temudjin, filho de um rico
chefe mongol. Temudjin queria ser os reis dos mongóis, mas eles já tinham um
rei, Kurtait. Então Temudjin une todas as tribos da Mongólia e em 1206 forma o
Império Mongol, assumindo o nome de Gengis Khan.
Gengis Khan criou o código de leis, proibiu a venda de mulheres,
reprimia brigas internas e roubo. A religião deles era o Tengriismo, uma forma
de paganismo, mas você podia fazer parte de outra religião de boa. Os pobres
e o clero não pagavam impostos. Foi como líder militar que ele mais brilhou,
desenvolvendo um novo exército, com corpos de 10, 100, 1000 e 10.000
soldados, comandados por homens de confiança de Khan. Esses corpos eram
conhecidas como as temíveis hordas mongóis. Com guerreiros montados a
cavalo, Khan começa sua marcha em direção à sua maior glória, os rus de
Kiev. Com seu exército implacável ele parte para o oeste e inicia a invasão
mongol da Rússia de Kiev em 1223. No entanto, Gengis Khan morre em 1227,
e seu neto seria responsável pela conquista final da Rússia, Batu Khan, que
leva os mongóis a serem o único povo da história a derrotar os russos em
pleno inverno. Ele desintegra todos os principados russos da Rússia de Kiev, e
subjulga os povos eslavos até o final do século XV.
Após essa grande conquista ele foi invadir a Polônia, Hungria, República
Theca, Aústria, Croácia, e Bulgária. No entanto, a Polônia, a Hungria e a
Bulgária conseguem pará-los e não são dominados. A Europa inteira tinha 70
milhões de habitantes e o Império Mongol sozinho tinha 100 milhões. De todas
as ordens militares religiosas, apenas os templários enviaram reforços contra
os mongóis na batalha de Mohi no reino da Hungria em 1241, e na batalha de
Legnica entre uma força armada de poloneses e alemães em 1241. Os
cavaleiros lutavam com espadas e escudos e os mongóis com cavalos e arcos.
O grande Khan Ogedei avança para a Europa com toda a sua força, mas algo
surpreendente acontece: ele acaba morrendo do nada em 1241 e sem seu
líder, os mongóis acabam abandonando a Europa.
Com a morte de Ogedei, sua esposa Toregene assume o poder e se
torna a mulher mais poderosa do mundo. Mas o novo imperador seria seu filho,
Guyuk Khan, mas que reinou só dois anos de 1246 a 1248 até morrer doente.
Um conselho de aristocratas chamado Kurultai se reúnem e escolhem o novo
imperador, Mongke Khan, neto de Gengis Khan, filho de Tului e não de Ogedei.
Então ocorre um conflito interno entre o filho de Ogedei e Mongke Khan, com
Mongke vencendo. Mongke era um grande Khan, e seguia as leis, não era um
bêbado, era tolerante com as religiões estrangeiras, tinha templos budistas,
mesquitas, e Igrejas. A capital Karakorum era adornada com arquitetura
europeia, chinesa e persa. Ele confiou sua administração aos muçulmanos e
empreendeu uma série de reformas econômicas. Com as finanças em dia era
hora de atacar, desta vez o sul da China e o Oriente Médio.
Em 1258, os mongóis conquistam e saqueiam Bagdá, a maior cidade
islâmica, sob o comando de Hulagu, irmão de Mongke. Esse saque leva o
sistema islâmico à beira do colapso, e 80.000 pessoas são massacradas, além
do centro de poder mudar de Bagdá para o Cairo. Depois ele ataca a Síria e
destrói completamente o califado Abássida. Depois foi a vez de Damasco e
Alepo. Eles só foram parados pelo poderoso sultanato mameluco a caminho do
Egito. Em 1260, os mongóis derrotam os mamelucos na batalha de Ain Jalud.
(saques mongóis na Síria e Palestina em 1260)
Para piorar, no sul da China, os mongóis tiveram contato com doenças e
o grande Khan Mongke morre em batalha, levando o Império ao caos. Mas ele
tinha um irmão, o salvador do Império, Kublai Khan. Kublai queria a China, mas
os mongóis queriam Kublai, que os ignorou. Então o irmão de Kublai, Ariq Boke
se torna o novo Khan. Então começa a guerra civil Toluid entre os dois irmãos
e Kublai vence e se torna o novo Grande Khan. Mas Kublai ainda queria a
China, e ele conquista a China, destrói a dinastia Jin, e cria a dinastia Yuan em
1271.
A rota da Seda volta a funcionar, o mercado volta a funcionar e a Europa
e a Ásia ficam felizez. Mas quando Kublai morre em 1294, os mongóis perdem
seu líder e o Império é dividido entre quatro canatos: o Canato da Horda
Dourada, a Dinastia Yuan, Ilcanato e o Canato da Chagatai. A dinastia Ming
briga com os mongóis da China, os mongóis se separam e acaba a Pax
Mongólica.
Gengis Khan foi um dos líderes mais cruéis e sanguinários da história,
matando cerca de 40 milhões de pessoas em suas campanhas na Eurásia.
Para comemorar suas vitórias sobre os russos, os mongóis colocaram dezenas
deles deitados no chão, colocaram um portão em cima e fizeram um banquete
em cima do portão, esmagando todos. Em algumas batalhas os mongóis
colocavam manequins montados nos cavalos para parecer que eles tinham
mais soldados do que realmente tinham. Aqueles que resistissem aos mongóis
tinham um tratamento extremamente violento e selvagem, como o príncipe
muçulmano de Mayyafaraqin que quando capturado foi obrigado a comer a
própria carne. O sistema de irrigação de Bagdá foi completamente destruído, e
o entorno da cidade se tornou um deserto. Por incrível que pareça os cristãos
de Bagdá vão ser poupados, porque a mãe de Hulagu era cristã, e sua esposa
favorita era cristã.
Em 1260, Beomundo VI de Antióquia tenta fazer um acordo com os
mongóis, onde ele tenta persuadir outros governantes francos da Terra Santa a
se aliarem aos mongóis contra os islâmicos. Os mongóis dobram o território do
principado de Antióquia por causa desse acordo. Os mongóis repetidamente
oferecem Jerusalém como incentivo, e há negociações com o papa e o rei da
França. Em 1268, os mamelucos capturam Antióquia, marcando o fim do
principado.
O fim da Horda Dourada só iria ocorrer em 1502, após a Rússia
unificada começar a se expandir para o leste. A dinastia Yuan mongólica na
China cairia em 1368. E o último canato, o Canato de Chagatai só irá cair em
1687.
Maomé II ordenou que seus navios fossem movidos por terra perto da
colônia genovesa de Pera. Então os navios foram colocados atrás da corrente
no Chifre de Ouro no dia 28. Constantino XI enviou seus navios de fogo grego
para se livrar rapidamente dessa ameaça, mas os defensores perderam essa
batalha. A partir de agora, Constantino XI teve que manter pelo menos parte de
suas forças no muro norte e isso enfraqueceu suas defesas na muralha
teodosiana. Alguns canhões bizantinos foram movidos para a área, mas eles
falharam em defender os navios aliados que tiveram que retornar aos portos e
sua tripulação se juntou à defesa. No dia 6 de maio, os canhões otomanos
conseguiram destruir os portões de São Romano e durante a noite, suas forças
quase violaram as defesas da área, mas Giustiniani chegou e afastou os
atacantes. No dia 11 de maio, o portão Caligariano foi danificado e os
otomanos se moveram em direção ao palácio Blachernae, mas o próprio
Constantino XI foi capaz de empurrá-los de volta. O sultão comandou um
ataque total no dia 29 de maio, com um bombardeio massivo, seguido por um
ataque leve de infantaria, mas apesar da desvantagem numérica, eles não
conseguiram tirar as muralhas de Giustiniani. A artilharia de Maomé II destruiu
parte dos portões perto dos portões de São Romano e 3000 janízaros foram
mandados para atacar essa posição. Os bizantinos foram capazes de se
defender mais uma vez, mas os janízaros tomaram uma das torres e
hastearam a bandeira otomana. Nesse ponto, Giustiniani foi gravemente ferido
levado das ameias. Esse foi um grande golpe para a moral dos defensores, e
quando algumas centenas de janízaros entraram na cidade perto dos portões
de São Romano, as defesas bizantinas caíram.
Hunyadi estava ansioso para perseguir seu inimigo, mas logo se iniciou
uma epidemia em seu acampamento e milhares morreram inclusive ele próprio.
No entanto, essa vitória fez com que eles retardassem o avanço muçulmano na
Europa por décadas. No entanto, os otomanos destruíram o Despotado da
Sérvia em 1457, e o rei da Bósnia foi forçado a pagar tributo. Em 1460, Maomé
II anexa o Principado da Moréia, um estado remanescente bizantino. O Império
de Trebizonda no nordeste da Turquia foi o próximo, e o imperador David
Comneno se rendeu quase imediatamente assim que Trebizonda foi sitiada em
1461.
Maomé II percebeu que teria que fazer o trabalho ele mesmo, e um ano
depois, ele marchou para a Moldávia com mais de 100.000 soldados, e seus
aliados do canato da Crimeia marcharam do leste e invadiram a Bessarábia.
Maomé tomou o importante castelo de Akkerman no Mar Negro, dando-lhes o
controle de todo o litoral da Moldávia. Stefan sabia que enfrentar Maomé II em
campo aberto seria suicídio, então ele continuou usando as táticas de guerra
de atrito e terra arrasada. No entanto, Maomé II não repetiu os erros de
Suleiman e marchou lentamente, e eventualmente o exército de 30.000
homens de Stefan teve que enfrentar o enorme exército otomano em Valea
Alba em 26 de julho de 1476. Não sabemos muitos detalhes dessa batalha,
mas sabemos que os moldavos aproveitaram do calor do verão para impedir o
avanço dos otomanos. A floresta onde os moldavos encontraram seus
oponentes foi incendiada e as tropas otomanas sofreram baixas, além dos
danos dos canhões e armas de fogo moldavas. No entanto, os otomanos os
superaram e em breve as barricadas de madeira feita pelos moldavos já era.
Stefan percebeu que esse seria um ponto importante da batalha e
desencadeou sua cavalaria forte de 4000 homens nas unidades do sultão.
Infelizmente para ele, essas forças foram empurradas para trás quando a
cavalaria otomana fez um contra-ataque e foi bem-sucedida. No entanto, esse
sucesso durou pouco, visto que Stefan escondeu 1000 cavaleiros na floresta e
eles atacaram a cavalaria otomana. Maomé II percebeu que ele teria que ir
com força total e sua presença fez com que os janízaros conseguissem destruir
os moldavos e perseguissem as tropas moldavas pela floresta densa. E no final
deste dia, começou uma era escura para a história da Romênia e Moldávia. No
entanto, isso não significaria a anexação da Moldávia pelos otomanos ainda.
Stefan recuou para a fronteira com a Polônia, recrutou um novo exército,
enquanto os otomanos falharam em tomar os castelos de Suceava e Neamt.
Eles começaram a sofrer de fome e surtos de peste, e também foram
perseguidos pela resistência local. E quando o comandante da Transilvânia,
Estêvão V começou a formar um novo exército com a ajuda de Vlad III, Maomé
II decide se retirar da Moldávia em agosto. No entanto, o príncipe moldavo fez
uma oferta de paz e começou a pagar tributo novamente.
Maomé II não tinha nomeado alguem para ser seu sucessor, então seus
filhos Bajazeto e Jin foram até a capital para tomar o trono. O primeiro foi mais
rápido e foi declarado sultão Bajazeto II em 21 de maio. Jin capturou cidades
na Anatólia e derrotou Bajazeto com suas forças em 28 de maio. Jin ofereceu
para os dois governarem o Império, mas Bajazeto se recusou e moveu suas
forças para derrotar seu irmão em Yenisehir. Jin fugiu para o Egito dos
Mamelucos e depois para os cavaleiros hospitalários de Rodes, e depois na
corte do Papa Inocêncio VIII que estava disposto a usar o príncipe otomano
como moeda de troca.
O sultão otomano estava doente e declarou seu filho mais velho Ahmed
como herdeiro em 1511. Seu filho mais novo, Selim, se revoltou e tomou
Constantinopla em abril de 1512. Selim matou Bajazeto II e Ahmed e se tornou
o novo sultão, como Selim I. Selim usava a religião contra Ismail e declarou
que os xiitas eram hereges, e os dois governantes escreveram várias cartas
trocando insultos. Em 1512, Selim ordena a execução de mais de 40.000 xiitas
na Anatólia, e também enviou uma mensagem a família Shabani para preparar
outra invasão do reino Safávida.
Ismail foi forçado a enviar partes de suas tropas para o leste, e em 1514,
Selim começa sua campanha contra Ismail. Os otomanos tinham cerca de
70.000 soldados e Ismail tinha cerca de 50.000. Inicialmente Ismail usou táticas
de terra arrasada, mas quando os exércitos estavam se movendo para o
interior do Irã, e perto da capital Tabriz, Ismail precisou tomar uma posição em
agosto. Ismail decide fazer isso no Vale de Chaldiran, onde ambos tiveram
pesadas baixas, mas Selim acabou vencendo. Em setembro, Selim entra em
Tabriz, mas suas tropas estavam à beira de um motim, e ele teve que voltar.
Os otomanos assumiram o controle da Anatólia oriental, partes do Cáucaso e
do Iraque.
Mustafa Pasha defendia que eles tinham que atacar primeiro Mdina, que
estava menos defendida, porque é para lá que os civis fugiram, e tomando o
forte, iria acabar com a moral dos cristãos. No entanto, Piali Pasha defendia
que eles tinham que tomar o Forte São Elmo, que era crucial para a vitória. No
final, eles decidiram atacar o Forte São Elmo, e La Valette despachou 150
cavaleiros para ajudar os defensores lá. Encorajados pelo movimento lento da
artilharia otomana, alguns cavaleiros saíram do Forte e envolveram o comboio
em uma escaramuça, mas ambos os lados sofreram perdas e o avanço
otomano não foi parado. Em 24 de maio, os escavadores otomanos
estabeleceram trincheiras a meros 600 passos das muralhas de São Elmo.
Assim, o bombardeio começou. Os canhões otomanos conseguiram danificar
as muralhas, deixando seus defensores presos dentro do Forte,
impossibilitanto um contra-ataque. La Valette observava tudo e ordenou que
sua artilharia disparassem através do porto contra o canhão otomano. Isso teve
um efeito devastador, causando caos entre as fileiras turcas, levanto até uma
pedra acertar Piali Pasha, que o deixou inconsciente e seus homens pensaram
que ele tinha morrido.
A Cidade Velha era ainda mais difícil de tomar, bem defendida e difícil
de abordar. A Cidade Nova os otomanos podiam vir de dois lados, por duas
pontes. Agora eles só podiam vir de uma ponte. No entanto, Sesuvar tinha
pouca paciência para uma estratégia mais elaborada, simplesmente fazendo
ofensivas diretas. Após dez dias, a Cidade Velha também caiu, em 19 de
agosto. Com apenas a Cidadela sobrando e os homens de Zrinski diminuindo,
o doente Solimão ofereceu condições favoráveis de rendição na esperança de
evitar mais tempo perdido. Se Zrinski entregasse a Cidadela, ele seria feito
senhor de toda a Croácia, como um vassalo dos otomanos. No entanto, após
esperar por reforços austríacos que nunca chegaram, Zrisnki se recusa e
decide lutar até a morte.
O primeiro encontro entre os dois reis foi uma vitória decisiva para Imam.
Reforçado por armas de fogo otomanas e possivelmente até um contigente de
tropa otomanas, Imam inflingiu pesadas baixas ao maior exército etíope antes
de expulsá-lo do campo pantanoso na batalha de Shimbra Kure. Após isso,
Iman marchou para o norte e acabou com o poder etíope nas regiões
majoritariamente muçulmanas de Shewa e Amhara. O general etíope Wasan
Sagad, encarregado de proteger as províncias do sul e leste após a retirada de
Lebna Dengel, foi morto em batalha em Monte Busat em 1531. Durante a
segunda batalha entre Lebna Dengel e Imam em Ambassel em 1533, perto do
rio Bashilo, Lebna Dengel quase foi capturado por vitorioso Imam. No final de
1533, apenas as terras altas centrais fortificadas permaneceram etíopes.
Nas áreas mais cristãs, a resistência foi mais dura contra o avanço de
Imam. Axum representou um grande prêmio para Imam, sendo a sede do
primeiro grande império etíope. No entanto, aqui, alguns convertidos cristãos
turcos forneceram aos defensores etíopes suas próprias armas de fogo.
Embora Axum caísse junto com toda a região de Tigray depois de um cerco
difícil, com Imam destruindo a Igreja de Maria de Sião como punição por sua
forte resistência, eles impediram seu avanço até 1533. Após a queda do
complexo real de Amba Geshen, Lebna Dengel passou o resto da vida como
um fugitivo dentro de seu próprio reino, muito semelhantes aos anos finais do
Império Sassânida. A fome devastou as terras altas, cortou os tributos das
colheitas, e sujeitos a ataques frequentes.
Mas nem tudo estava perdido para o reino salomônico, porque logo
chegariam um novo player na jogada: os portugueses. Em 1535, com seus
próprios exércitos em fuga, o imperador etíope vencido enviou um pedido de
socorro ao rei de Portugal, Dom João III. A ajuda portuguesa não chegaria
durante sua vida, mas seu pedido salvou o reino. Pouco depois da ascenção
de seu filho Galawdewos, 400 mosqueteiros portugueses, junto com muitos
artesãos e armeiros, chegaram no porto de Massawa em fevereiro de 1541,
onde pequenos contigentes de guerreiros etíopes se juntaram a eles. Sebla
Wangel, mãe do novo rei, serviu como guia enquanto marchavam na
esperança de unir suas forças às forças de seu filho. Avançando para a região
de Tigray, eles venceram várias batalhas decisivas, apesar do número muito
superior das guarnições adalitas. O próprio Imam for ferido durante uma
derrota total em Jarte, levando ao cronista Miguel de Castanhoso, a declarar
que com cem cavalos para perseguir, toda a ameaça de Adal poderia ter
acabado.
O harém era chefiado pela mãe do sultão, que decidia quais mulheres
do harém estavam prontas para entreter seu filho. Um sultão pode ter um
relacionamento com quatro mulheres de uma vez, que seriam chamadas de
Kadin, e as mulheres favoritas do sultão eram chamadas de Iqbal. A fim de
limitar o poder potencial das mulheres, as mulheres do harém foram
autorizadas a dar à luz apenas a um filho do sultão. Depois que os filhos
homens do sultão atingiam a idade adulta eles eram enviados para atuar como
governadores das províncias junto com suas mães para aprender o ofício da
governança, além de possivelmente minimizar o poder das mães se intrometer
em política. Lá, os herdeiros em potencial do trono otomano seriam criados por
suas mães, que muitas vezes exerciam muita influência nos seus filhos. Os
sultões tinham pouco contato com seus filhos, pois moravam longe da capital.
Outra figura proeminente foi Nurbanu Sultan, esposa de Selim II, onde
as fontes divergem sob sua origem judia, veneziana ou grega. Ela foi enviada
para Konya, para o harém de Selim II. Nurbanu era conhecida por sua beleza e
inteligência, e logo se tornou a favorita de Selim II e lhe deu três filhos,
incluindo o futuro sultão Murade III. Assim que Selim II se tornou sultão, ela se
mudou com ele para Constantinopla. O reinado de Selim II foi curto, durante
somente de 1566 a 1574, e Nurbanu fez de tudo para que seu filho se tornasse
o novo sultão, e deu certo, com Murade III assumindo o trono. Durante seu
governo, o poder de Nurbanu só aumentou e sua influência política só podia
ser comparada ao experiente grão-vizir Sokollu Mehmed Pasha. Durante seu
reinado, Murade III transferiou o harém para o palácio de Topkapi, um
movimento que só aumentou a influência do harém na governança da Sublime
Porta. Nurbanu também correspondia com a rainha da França, Catarina de
Médici, além de ser uma defensora das boas relações com Veneza. Ela
também lutava contra a influência da única concubina de Murade III em seu
governo inicial, a albanesa Safiye Sultan, que se tonrou Haseki Sultan após ter
um filho. Nurbane estava insatisfeita com o fato de que Murade III permaneceu
dedicado a Safiye e tinha apenas um herdeiro e basicamente o forçou a ter
relações sexuais com outras mulheres no harém na tentativa de diminuir a
influência de Safiye Sultan. Este último se tornou influente apenas após a
morte de Murade III em 1595 e a ascenção de seu filho Maomé III, o Justo.
Como sua antecessora, Safiye Sultan era muito poderosa, e tinha muita
influência sobre seu filho. Durante seu mandado como Valide Sultan, ela teve
um alto grau de poder sobre as finanças e assuntos políticos otomanos, pois
Maomé III daria quase todo o poder para sua mãe em momentos de suas
viagens e campanhas. Safiye Sultan pressionou ativamente por boas relações
com Veneza, além de ser conhecida por ter correspondência com a rainha
inglesa Elizabeth I, que lhe deu uma carruagem de presente, que Safiye Sultan
costumava usar em suas viagens dentro de Constantinopla, algo inédito para o
Império Otomano. O período de governo de Safiye é lembrado pela
instabilidade, já que vários grão-vizires foram apontados e removidos
frequentemente após alguns meses do início de sua carreira. Sua influência era
altamente impopular entre a classe militar otomana. Quando em 1603, o neto
dela, Ahmed I, chegou ao poder, ela foi banida para o Palácio Antigo e
removida da sede do poder para sempre.
Entre 1618 e 1648 a Europa foi acometida pela terrível Guerra dos Trinta
Anos, um dos conflitos mais destrutivos da história, deixando um saldo de
8.000.000 de mortos, principalmente na Europa Central.
Após essa guerra, a Europa central ficou tão fraca que era a hora
perfeita dos otomanos atacarem, mas não tão cedo. No conturbado Sultanato
das Mulheres, o Império se expandiu permanentemente apenas para o interior
da Líbia em 1630, e outras invasões foram feitas em territórios Safávida, mas
que logo foram repelidas. Então o Império Otomano entrou num período
conhecido como Era Köprülü (1656-1703) durante o qual o controle efetivo do
império era exercido por uma sequência de grão-vizires da família Köprülü.
O termo Iluminismo foi criado por Franco Venturi, na década de 30. Ele
era um italiano, que descontente em ver o fascismo surgindo em todo o mundo
de formas diferentes (Franquismo, Getulismo, Peronismo, Rooseveltismo,etc),
começa a olhar para o passado com uma certa saudade dos tempos da
Revolução Francesa. É um instinto natural do homem, que quando se sente
descontente com a época que vive, sempre relembra dos "velhos tempos" e
dos "bons tempos" do passado. Então os acadêmicos passam a olhar para o
século XVIII.
https://www.youtube.com/watch?v=ClcbdD-
YUU8&list=PLaBYW76inbX6rwW39kRuJ-DvG4hE7vEFC&index=35 Como os
mongóis perderam a Rússia
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