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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - CCSA


DEPARTAMENTO DE FINANÇAS E CONTABILIDADE – DFC
CURSO DE CIÊNCIAS ATUARIAIS
ESTÁGIO I

Unidade 2

Regimes Financeiros

Prof. Herick Cidarta G. de Oliveira


Regimes Financeiros
• Os regimes financeiros determinam a forma adotada para o
financiamento dos benefícios, ou seja, como serão
quantificadas as contribuições necessárias face aos fluxos de
pagamento de benefícios e demais despesas previstos para o
plano.
• O dimensionamento das reservas matemáticas é função do
regime adotado.
• Repartição Simples
• Capitalização – Existem diversas formas de distribuição
do custo do benefício ao longo dos anos de serviço do
participante, sua forma define o método de custeio.
• Repartição de Capitais de Cobertura
Repartição Simples
• Há bem mais de um século, o Estadista Otto Von Bismarck instituiu na
Alemanha um sistema previdenciário de repartição (pay-as-you-go ou
PAYGO), financiado pelo governo, para diminuir a pobreza da população
idosa.

• Os ativos pagam as aposentadorias dos assistidos. Ou seja, as


contribuições de hoje são os recursos utilizados para pagar os benefícios
de hoje.
Repartição Simples
• Não há constituição de reservas matemáticas para fazer frente aos
compromissos calculados sob esse regime

• Colaboração intergeracional

• Bom para populações jovens


Repartição Simples
TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS
CONTRIBUINTES

$
APOSENTADOS / BENEFICIÁRIOS
Repartição Simples
Vamos pensando nisso....
Repartição de Capital de Cobertura
• Regime em que as contribuições estabelecidas no plano de
custeio, em um determinado exercício, sejam suficientes
para a constituição das reservas matemáticas dos
benefícios iniciados por eventos que ocorram nesse mesmo
exercício.
Repartição de Capital de Cobertura
• Arrecada-se apenas o necessário e suficiente para formação
de reserva garantidora do cumprimento dos benefícios
futuros que se iniciam neste período. Ou seja, há
constituição de reservas matemáticas apenas para os
benefícios concedidos.

• Método muito utilizado para as aposentadorias por


invalidez e pensão por morte (benefícios não-programáveis)
Capitalização
• Consiste na contribuição necessária capaz de honrar os
pagamentos de benefícios que se fará no futuro.

• Pressupões o financiamento gradual do custo dos


benefícios futuros durante a vida laboral do
participante.

• Formação de reservas individuais,


Capitalização
• Aplicação das contribuições nos mercados financeiros,
de capitais e imobiliários a fim de adicionar valor à
reserva que se está constituindo.

• A capitalização é dividida em duas fases distintas: a


primeira denominada "fase contributiva" e a segunda
"fase do benefício".
Capitalização

• É obrigatória a utilização desse regime para o


financiamento dos benefícios que sejam programados e
continuados, sendo facultativo para os demais
benefícios.
Capitalização
Na prática
• EFPC (RESOLUÇÃO CGPC Nº 30/2018)

– CAPITALIZAÇÃO  obrigatório para o financiamento dos


benefícios que sejam programados e continuados, e facultativo
para os demais, na forma de renda ou pagamento único.

– REPARTIÇÃO DE COBERTURA  benefícios pagáveis por


invalidez, por morte, por doença ou reclusão, cuja concessão
seja estruturada na forma de renda.

– REPARTIÇÃO SIMPLES  para benefícios pagáveis por invalidez,


por morte, por doença ou por reclusão, todos na forma de
pagamento único.
Exemplo da FUNPRESP
REGIMES FINANCEIROS
CUSTO NORMAL
 A Definição de Custo Normal de Planos de Benefícios:

 Corresponde a uma quantia ou percentual incidente sobre uma base


(normalmente os salários dos participantes dos planos) financeira
contributiva, capaz de acumular ao final de um determinado período,
um montante suficiente a fazer frente aos compromissos econômicos
contratados junto ao plano (os benefícios).

 Cada Regime Financeiro tem seu próprio modelo de formação de


Custo Normal.

 A definição do Custo Normal passa por definir uma necessidade de


recursos (com visão prospectiva ou orçamentária) e uma base
contributiva estável (normalmente representada pelo conjunto dos
salários ou disponibilidades econômicas.
REGIMES FINANCEIROS E MÉTODOS
ATUARIAIS

 Repartição Simples
 Não gera Reserva Matemática de qualquer tipo
 Repartição de Capitais de Cobertura
 Gera apenas Reserva de Benefícios Concedidos (RMBC)
 Capitalização
 Gera Reservas de Benefícios Concedidos (RMBC) e a Conceder (RMBaC)
 Métodos Atuariais de Financiamento

 CUT – Crédito Unitário Tradicional


 CUP – Crédito Unitário Projetado
 IEN – Idade à Entrada Normal
 IAN – Idade Atingida Normal
 PNI – Prêmio Nivelado Individual
 AGG – Agregado etc.
CUSTEIO POR REGIMES FINANCEIROS
 O Custeio por Repartição Simples
 Característica: não gera provisões matemáticas (reservas
matemáticas) qualquer forma de benefício, tendo seu custeio
baseado em valores orçamentários.

 O Custo Normal é calculado de forma a gerar o valor suficiente para


cobrir os encargos orçamentários na proporção em que são
assumidos pelo RGPS. O Custo Normal considera o que determina o
parágrafo único do art. 194 da CF, que estabelece valores oriundos
dos empregados, das empresas de disponibilidades de outras fontes.

 O custeio não tem caráter atuarial, ao passo que o benefício


considera o Fator Previdenciário, que considera valores biométricos.

 Tende a apresentar custo desequilibrado ao longo dos anos.


CUSTEIO POR REGIMES FINANCEIROS
 Custeio por Repartição Simples:
 Considere:
 1.000 participantes ativos com salários de $760,00
 200 participantes assistidos com benefícios de $380,00
 Se Custo Administrativo = 15%

 Qual o Custo Normal? Quais os valores de Despesas Administrativas?


CUSTEIO POR REGIMES FINANCEIROS
 O Custeio por Repartição de Capitais de Cobertura

 Característica: gera provisão matemática (reserva matemática)


apenas relativa a benefícios concedidos. As demais provisões não são
constituídas.

 O Custo Normal é calculado de forma a gerar o valor suficiente para


cobrir os encargos atuariais relativos aos benefícios em curso de
inicialização, constituindo-se a cada ano provisões matemáticas
relativas aos participantes que entram em benefício.

 Tem caráter atuarial e como tal pressupõe cobertura integral para os


compromissos assumidos pelo plano de benefícios.

 Tende a ter menor custo inicial e maior custo final.


CUSTEIO POR REGIMES FINANCEIROS
 Custeio por Repartição de Capitais de Cobertura:
 Considere:
 1.000 participantes ativos com salários de $760,00
 10 participantes em Risco Iminente aos 55 anos (= 12,0020243), com
benefícios de $380,00
 Se Custo Administrativo = 15%
 Qual o Custo Normal? Quais os valores de Despesas Administrativas?
CUSTEIO POR REGIMES FINANCEIROS
 O Custeio por Capitalização

 Característica: gera provisões matemáticas (reservas matemáticas)


para todos os benefícios (concedidos, a conceder e a constituir),
tornando mais estável o Custo Normal do plano de benefícios.

 O Custo Normal é calculado de forma a gerar o valor suficiente para


cobrir os encargos atuariais na proporção em que são assumidos pelo
plano de benefícios. O Custo Normal deve considerar a formação de
estoque de capitais (provisão matemática) e o fluxo de pagamentos
correntes com benefícios que se iniciam a cada ano.

 Tem caráter atuarial e como tal pressupõe cobertura integral para os


compromissos assumidos pelo plano de benefícios.

 Tende a apresentar custo equilibrado ao longo dos anos.


CUSTEIO POR REGIMES FINANCEIROS
CUSTEIO POR REGIMES FINANCEIROS
 Custeio por Capitalização:
 Considere:
 1.000 participantes ativos com salários de $760,00
 Ativo Líquido do plano estimado em R$30 MM
 Encargos Atuariais (Custo do Plano) estimado em $50 MM
 Folha Futura Atuarial estimada em $100 MM:
 Custo do Risco de 1.976.000,00
 Se Custo Administrativo = 15%
 Qual o Custo Normal? Quais os valores de Despesas Administrativas?
RELAÇÕES ENTRE CUSTOS NORMAIS
 Relações entre Custos Normais
 Os Métodos de Repartição (Simples de Capitais de Cobertura) se
apresentam como mais onerosos, ao passo que os Métodos Capitalizados
apresentam, de modo geral, bom nível de estabilidade.
 O Financiamento Completo não tem Custo Normal devido à onerosidade
inicial.

100% 100%

Repartição
80% 81% Métodos Capitalizados
Simples

60% Repartição de
Capitais de 53%
Cobertura
Crédito 43% 43% 43% 43%
40% Unitário Idade de Prêmio Agregado Idade 34%
Entrada Nivelado Atingida Financiamento
20% Normal Individual Normal Fundação Completo
Inicial

0% 0%

Os custos calculados referem-se a um grupo específico com características particulares, onde se considerou um grupo de participantes
em curso de recebimento de renda, gerando onerosidade para os métodos de Repartição Simples e Repartição de Capitais de
Cobertura. Os resultados obtidos poderão variar segundo as características de outros grupos.
RELAÇÕES ENTRE CUSTOS NORMAIS
Os sistemas de Previdência Social, sejam eles privados ou público, não
objetivam remunerar seus associados ao nível dos salários que seus
participantes recebiam enquanto ativos.

A defasagem entre o salário do participante em atividade e o benefício na


vida pós laboral tende a ser mais acentuada a medida que os salários
crescem.

Essa defasagem costuma ficar entre 70 e 75%, admitindo-se uma redução


de custeio privado da ordem de 25 a 30% no período pós laboral.
Na Previdência Complementar, por meio do Decreto 94.648, de 14.07.87, ficou
determinado que o ente público (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista
e fundações sob supervisão ministerial) contribuiriam com até 7% da folha salarial dos
empregados ativos.
RELAÇÕES ENTRE CUSTOS NORMAIS
Métodos de Aferição de Reserva
Matemática
Métodos de Aferição de Reserva Matemática
 Método Retrospectivo – Considera o passado econômico-
financeiro do participante com capitalização atuarial:
x 1
1
RM x   CN h 
T  x h
x h h  v
p
h 0

 Método Prospectivo – Desconsidera o passado ao objetivar as


necessidades futuras:

RM x  VABFx  VACFx
rx
RM x  sx  1  is   g  r  x pxT   v r  x  a
m  s  T 
r  s x  a x:r 1 x  CN
%
                         
VABFx VACFx

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