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PROJETO DE EXTENSÃO

(PLANEJAMENTO EM SAÚDE)

Professora: DOANY MOURA


Planejamento em Saúde
O que é Planejamento?

“É o conjunto de atividades interligadas e


complementares necessárias para atender a
determinados objetivos.” (TC/MT-2007)
O que é Planejamento?

Planejamento, (seg. dicionário Aurélio):


1.Ato ou efeito de planejar.
2.Trabalho de preparação para qualquer
empreendimento, segundo roteiro e métodos
determinados; planificação.
3.Elaboração, por etapas, com bases técnicas, de
planos e programas com objetivo definido.
O que é Planejamento?

Planejar, (seg. Tancredi e cols. – 1998):


“ ...é a arte de elaborar o plano de um processo
de mudança. Compreende um conjunto de
conhecimentos práticos e teóricos ordenados de
modo a possibilitar interagir com a realidade,
programar as estratégias e ações
necessárias...no sentido de tornar possível
alcançar os objetivos....”
Planejamento
Pré-requisitos

“O exercício de planejar pressupõe a busca de


situações diversas das inicialmente
detectadas e que possam ser construídas
mediante estratégias que avaliem os
interesses de sustentação ou de oposição a
esse processo de mudança.” (Manfredini,
2003)

Mudança
Estratégia
Planejamento Estratégico
 É um planejamento de longo prazo, podendo ser
definido como um dos instrumentos gerenciais
adequados aos processos de mudanças e
transformações.

Reflexões sobre
questões básicas:

 O que fazer?
 Quando fazer?
 Como fazer?
Planejamento Estratégico Situacional
PES
Carlos Matus (1989), ao formular uma crítica ao
Planejamento Tradicional (Normativo), conforma uma
outra maneira de planejar, o PES, no qual pode ser
identificados quatro momentos:

Explicativo: equivalente ao diagnóstico no


planej. tradicional. No qual são selecionados os
problemas e descartados outros.

Normativo: desenho ou proposta da nova


realidade, a fim de promover as mudanças
pretendidas (programação).
Planejamento Estratégico Situacional
PES
Estratégico: momento da construção da
viabilidade do plano, indicando os meios pelos
quais se julga possível atingir as metas. (rec.
político, econômico e capacidade organizativa e
institucional )

Tático-operacional: inclui a apreciação da


situação presente, pré-avaliação das decisões
possíveis e a avaliação da nova situação,
podendo corrigir falhas e reorientar o processo
de planejamento (execução / avaliação).
Genericamente, o Planejamento em Saúde propõe...
DIAGNÓSTICO PROGRAMAÇÃO

Momento explicativo Momento normativo


realidade social, política, ações e tarefas
econômica, epidemiológica eficiência, efetividade,
(descrição da população, eficácia
recursos, prioridades (parâmetros)

Momento estratégico
negociação política, Momento
interesses, conflitos tático-operacional
Acompanhamento e
? monitoramento

EXECUSSÃO/AVALIAÇÃO

Prof.Samuel Moyses
Planejamento Tradicional X PES

Quadro 1. Características gerais do planejamento tradicional e o PES

Planejamento tradicional PES


Determinista (predições certas) Indeterminista (predições incertas)
Objetivo (diagnóstico) Subjetivo (apreciação situacional)
Predições únicas Várias apostas em cenários
Plano por setores Plano por problemas
Certeza Incerteza e surpresas
Cálculo técnico Cálculo tecnopolítico
Os sujeitos são agentes Os sujeitos são atores
Sistema fechado (metas únicas) Sistema aberto (várias possibilidades)
Teoria do controle de um sistema Teoria da participação em um jogo

Fonte: o método PES – Carlos Matus


Planejamento Estratégico Situacional
PES

As concepções sobre o PES e a Co-Gestão (gestão


compartilhada) apontam para a necessidade de que, ao se
elaborar um plano de saúde (bucal), ocorra a
participação* do conjunto dos agentes sociais envolvidos
(trabalhadores, representantes dos usuários, etc.) e não
apenas da coordenação de saúde (bucal).

Além disso outros aspectos devem ser levados em


consideração...
Planejamento Estratégico Situacional
PES

 Princípios e diretrizes do SUS: ao se realizar um


Planejamento observar se estão sendo respeitados os
princípios de universalidade, integralidade,
participação social*.

 A saúde bucal no Plano Municipal de Saúde: um


plano de Saúde Bucal deve estar contido no plano
geral de saúde e deve organizar tanto a assistência
odontológica como a atenção à saúde bucal.
Planejamento Estratégico Situacional
PES

 Atenção à Saúde Bucal: ações de alcance coletivo a


fim de manter a saúde bucal.

 Assistência Odontológica: procedimentos clínico-


cirúrgicos.

 Acolhimento, responsabilização e humanização:


mudança de postura dos profissionais, escuta do
usuário.
Instâncias ou Fases do Planejamento
Correspondem aos 4 momentos sugeridos por Matus.

1 - Compreensão da realidade - diagnóstico situacional:


obtenção de informações quantitativas e qualitativas
a fim de compreender a realidade local.
 Informações gerais, epidemiologia, oferta de serviços,
opinião da população.
2 - Hierarquização dos problemas e definição de
diretrizes - objetivos: determinação de prioridades.
Momento em que a decisão deve ser tomada, apoiado
nas possibilidades de êxito.
Instâncias ou Fases do Planejamento

3 - Elaboração e execução da programação - execução:


estabelecer a melhor alternativa prática de trabalho.
Neste momento é necessário agir em relação aos nós
críticos.

4 - Acompanhamento e avaliação - monitorar e avaliar:


acompanhar de modo crítico.
Proceder correções qdo necessárias e avaliar se as
metas foram atingidas
“Metas são objetivos
quantificados transformados
em unidades mensuráveis
com valor e prazo.”
(TC/MT-2007)
Fundamentos de
planejamento/programação de
serviços de saúde
Planejamento: expressão social e institucional
de uma política;
Programação (ou planejamento operativo):
plano de trabalho de uma organização, para
ser cumprido ou executado em determinado
período de tempo, com descrição de meios,
responsáveis e produtos esperados
TANCREDI, FB; BARRIOS, SRL e FERREIRA, JHG. Planejamento em Saúde, volume 2
(Série Saúde & Cidadania). São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo. 1998. 82 p.
Prof.Samuel Moyses
Qual a orientação da política
que ancora o planejamento?
Condições de vida e situação de saúde de uma
população determinada?
Grupos e problemas epidemiológicos
prioritários?
Determinantes distais e fatores proximais que
podem ser modificados?
Acesso, demandas e necessidades?
Organização da oferta dos serviços de saúde?
Prof.Samuel Moyses
No setor da saúde ...
 ... o planejamento é o instrumento que
permite melhorar o desempenho, otimizar a
produção e elevar a eficácia e eficiência dos
sistemas no desenvolvimento das funções de
proteção, promoção, recuperação e
reabilitação da saúde.

TANCREDI, FB; BARRIOS, SRL e FERREIRA, JHG. Planejamento em


Saúde, volume 2 (Série Saúde & Cidadania). São Paulo: Faculdade
de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. 1998. 82 p

Prof.Samuel Moyses
Pressuposto

“O modelo explicativo do processo


saúde-doença determina o modo de
organização dos serviços de saúde”.

Prof.Samuel Moyses
Concepção de saúde
Concepção biológica Concepção do
processo saúde-doença

Caso Definido “a priori ”, por Identificado pelo processo bio-


classificação de normal e psico-social
patológico
Determinação Alterações orgânicas Resultante do modo de vida das
do caso fisio-patológicas pessoas

Expressão do Indivíduo doente Indivíduos que vivem, adoecem


caso e morrem segundo suas
inserções sociais
Coletivo Somatório de indivíduos Resultado da organização social
que forma classes e frações de
classes

Prof.Samuel Moyses
Organização dos serviços de saúde
Concepção Concepção do
biológica processo saúde-doença

Objeto de Indivíduo doente Indivíduos são expressões


trabalho singulares de coletivos com
riscos sociais desiguais
Divisão técnica de Especialização e Solução interdisciplinar
trabalho fragmentação e multiprofissional

Processo de trabalho Individual Coletivo e em equipe

Produto Cura de doentes Promoção de saúde em nível


populacional

Prof.Samuel Moyses
Racionalidades clínicas
Assistência biomédica APS
(hospitalar) (clínica ampliada)
10 a 50% dos problemas 80 a 90% dos problemas

É possível compromisso Necessário compromisso com


maior com o diagnóstico a terapêutica
Critério de eficácia: alta Critério de eficácia: qualidade
hospitalar de vida
Condições agudas Condições crônicas

Encontro momentâneo Seguimento no tempo

Resultado imediato Resultado a médio e longo


prazo

Prof.Samuel Moyses
Adaptado de CUNHA, GT, 2005
Racionalidades clínicas
Assistência biomédica APS
(hospitalar) (clínica ampliada)
Sujeito “in vitro” (isolado) Sujeito in vivo (em relação)

Relação autoritária, pouco Intervenção negociada com o


questionada (onipotência) sujeito (limites)

Doente preocupado em Sujeito preocupado em viver


sobreviver

Predomina intervenção no corpo Predomina intervenção


biopsicossocial
Difícil produzir dependência Fácil produzir dependência
(acesso dificultado) (acesso mais facilitado)

Difícil perceber efeitos Fácil perceber efeito


colaterais colaterais

Prof.Samuel Moyses
Construindo um novo olhar sobre a
ação planificadora
Conservação Transformação

prevalece o saber técnico prevalece o saber dialógico


com a comunidade
poder sobre a comunidade poder compartilhado

decisões centralizadas decisões negociadas

recursos vem de fora recursos também estão na


comunidade
dependência e/ou co-responsabilidade e
clientelismo cidadania

Prof.Samuel Moyses
Conceito ampliado de saúde

Complexidade do tema

Ações intersetoriais e
interdisciplinares

Quem é o responsável ?

Prof.Samuel Moyses
O planejamento não é...
 Um documento formal (plano), mas
processo de disputas e acordos
 Uma tarefa dos “planejadores”, mas
compromisso dos atores implicados com a
intervenção na realidade
 Uma mera declaração de intenções (mesmo
que boas intenções), mas ação intencional para
mudança
TANCREDI, FB; BARRIOS, SRL e FERREIRA, JHG. Planejamento em Saúde, volume 2
(Série Saúde & Cidadania). São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade
de São Paulo. 1998. 82 p.
O planejamento pode ser...
 Instrumento de gestão que promove o
desenvolvimento institucional
 Dispositivo potente para apoiar o
desenvolvimento e melhoria da prática de gestão
orgânica das organizações e dos sistemas
 Prática racional (e intuitiva) que envolve um
variado número de atores que protagonizam a
mudança social
TANCREDI, FB; BARRIOS, SRL e FERREIRA, JHG. Planejamento em Saúde, volume 2 (Série
Saúde &Cidadania). São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São
Paulo. 1998. 82 p.
Conclusão
“ A saúde bucal é parte integrante e inseparável da
saúde geral do indivíduo e está relacionada
diretamente com as condições de saneamento,
alimentação, moradia, trabalho, educação, renda,
transporte, lazer, liberdade, acesso e posse da
terra, serviços de saúde e informação” (Narvai –
2001)

É nesse contexto que o Planejamento em Saúde


Bucal nos serviços públicos deve ser desenvolvido,
buscando transformações no campo da saúde.
Exercício de Planejamento
Planejamento de Saúde Bucal da
Escola Municipal Álvaro Rocha – Rio Branco / AC

indicadores Escola A. Rio Banco Brasil Meta OMS Meta OMS


Rocha 2000 2010
CPOD aos 12 a 4,92 2,84 3,06 (MS/96) 3,0 1,0
CPOD aos 6 a 1,44 0,57 1,0 Zero
-
ceo aos 6 anos 4,60 3,15 1,0 Zero
-
Isentos de cárie 36% 27% 50% 90%
aos 6 a
-

Fonte: Coordenação Municipal de Odontologia / SENSA – Rio Branco / 2001.


Planejamento de Saúde Bucal da Escola
Municipal Álvaro Rocha – Rio Branco / AC

1ª fase - Diagnóstico Situacional:

2ª fase - Objetivo:

3ª fase - Execução:
Planejamento de Saúde Bucal da Escola
Municipal Álvaro Rocha – Rio Branco / AC

Cronograma

Atividade Meta Tempo Estratégia Respon- Mat. de Serviço Previsão


(ação) (quanti//) (quando) (como) sável consumo (apoio) orçamento

.
Planejamento de Saúde Bucal da Escola Municipal Álvaro
Rocha – Rio Branco / AC

4ª fase - Monitorar e avaliar:


 A programação foi cumprida? Se não, por quê?
 Qual foi o impacto da ação? Provocou alguma mudança? Surtiu algum
efeito?
 Avaliar indicadores como o CPOD, ceo e outros após dois anos. Um espaço
de tempo mais curto pode não ser suficiente para que ocorra alguma
mudança.

monitoramento
Atividade Resultado previsto Resultado obtido

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