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Tema 3 aula 9

Materiais betuminosos (ALCATRÃO)

Eng: Mucambe
GENERALIDADES

O alcatrão é um produto betuminoso semi-sólido ou líquido, resultante da


pirogenação de materiais orgânicos.

Os alcatrões são produzidos pela destilação destrutiva dos carvões de


pedra ou Hulha, Madeira, Turfa, ou outros materiais orgânicos. O
alcatrão deve ser qualificado consoante a sua origem: Hulha / Turfa /
Madeira / etc.
Principais características e processos de ensaio dos
materiais betuminosos
Já se fez referencia que os asfaltos apresentam variedades de tipos e
graus normalizados

Colheitas de amostras
Antes de se definirem as características principais dos materiais
betuminosos correctamente utilizados em trabalhos sobretudo de
pavimentação definem-se as regras gerais a observar na colheita das
amostras dos materiais betuminosos líquidos, sólidos e semi-sólidos.
Princípios gerais
 As mãos do operador devem estar perfeitamente limpas:
 Os recipientes isentos de pó, água, dissolventes, resíduos de soldadura, ferragem
ou outros indícios de corrosão.
 Os recipientes para recolha de amostras não podem deteriorar-se durante o
manuseamento e transporte e devem ser feitos de material que não altere o
conteúdo.
 Para a colheita de amostras de sólidos e semi-sólidos os recipientes devem ter
boca larga.
 Depois da colheita os recipientes devem ser fechados hermeticamente e
marcados.
 A colheita de amostras deve ser feita preferencialmente quando o material estiver
em movimento, isto é a carregar ou descarregar ou em escoamento.
 Quando os materiais têm que ser aquecidos, deverão ser apenas o suficiente para
atingir a temperatura de aplicação.
O objeto de uma amostra é submetê-la a ensaios laboratoriais para
se determinar se determinado produto cumpre com as exigências
das especificações, assim temos os seguintes ensaios mais
importantes:

Ensaio de Penetração
A penetração é uma medida da dureza ou consistência relativa
dos betumes asfálticos. Os betumes asfálticos classificam-se
segundo a sua dureza ou consistência através da penetração em
vários graus.
Essa propriedade é das mais importantes, e foi por muito utilizada para a
classificação de diversos betuminosos.
Um betuminoso muito duro, provavelmente terá pouca ductilidade e pode
trincar sob baixas temperaturas. Se for de baixa dureza, provavelmente,
escorrerá em clima quente. Essa característica é decisiva na fabricação ou
uso de materiais betuminosos para impermeabilização.

A determinação da dureza é normalizada pela NBR 6576, e representa a


medida ou índice de penetração em décimos de mm, de uma agulha padrão
(diâmetro de 1 a 1,2 mm), aplicada durante 5 segundos, sobre uma amostra
padronizada a 25º C. O resultado do ensaio, geralmente, é citado como um
número sem a unidade correspondente (décimos de mm).
Ensaio de viscosidade

Chama-se viscosidade a resistência oposta por um fluído a deformação


sob a acção de uma força. É propriedade de interesse a fabricação e
aplicação dos materiais betuminosos.
Um dos métodos de avaliação é o ensaio feito pelo Viscosímetro Saybolt -
Furol e normalizado pelo MB-51,7/71. A viscosidade representa o tempo
em segundos que 60 cm3 de uma amostra leva para passar através de um
orifício padrão, devendo-se indicar a temperatura de ensaio.
O resultado do ensaio é uma medida de tempo em s e é, em geral,
acompanhado da sigla SSF- p. exemplo 30 SSF, o que significa 30s no
Saybolt - Furol.
A finalidade deste ensaio é de determinar o estado de fluidez dos asfaltos,
as temperaturas que se empregam durante a aplicação.

Temos na prática dois tipos de viscosidade

A viscosidade Saybolt furol é


recomendada para os produtos de
petróleo que tenham viscosidade
maior do que 1.000 segundos de
Saybolt universal. (ex., óleos,
combustíveis).
Ensaio de Ductibilidade

É uma propriedade relacionada a capacidade de deformação sem fissuras. O ensaio


é normalizado pela NBR 6293, em que um corpo - de prova, em forma de “gravata
borboleta”, é tencionado de forma padronizada (5cm/s), medindo-se quantos
centímetros se estende antes de romper.
Este ensaio é realizado em um banho aquoso, com densidade próxima a do material a
ser ensaiado, visando a manutenção do nível do fio, que progressivamente, vai se
formando na região central do corpo de prova tencionado.
A ductilidade de um material betuminoso é medida pelo alongamento até a rotura que
um provete desse material suporta quando estirado a velocidade e temperatura
especificada.
Para a realização deste ensaio temos que ter um aparelho de nome Ductilímetro
A ductilidade é uma característica dos betumes asfálticos importante em muitas aplicações.
O betume asfáltico dúctil tem normalmente melhores propriedades aglomerantes (de ligação) do que aqueles que
falta esta propriedade
Ponto de amolecimento
É uma temperatura de referência para preparo ou utilização dos betuminosos. Em
geral, se situa na faixa de 36º C a 62º C e acompanha a progressão da dureza.

O ensaio é normalizado pela NBR 6560, método do anel e bola. A amostra de


betuminoso é fundida e moldada em um anel padronizado e vazado. Sobre a
amostra de betume moldada no anel, uma bola de aço padronizada é assentada, e o
conjunto é aquecido até que a bola desça de nível e atinja uma placa de referência,
pela deformação do betuminoso contido no anel.

O ponto de amolecimento de um betume asfáltico pelo método do anel e bola é


determinado pela temperatura a que um provete, submetido a um aquecimento
progressivo e sujeito ao peso de uma dada esfera de aço, adquire uma consistência
tal que se escoa através de um anel metálico especificado e atinge uma determinada
deformação
Ponto de Fulgor
É importante para o manuseio dos Materiais betuminosos, porque logo acima do
ponto de fulgor há o ponto de combustão e, portanto, o perigo do material inflamar.
No ponto de fulgor, os gases desprendidos do material e adjacentes a superfície se
inflamam, mesmo que seja temporariamente.

O método de medida do ponto de fulgor é normalizado pela NBR 11341 (método de


Cleveland), e se resume em passar uma chama sobre uma amostra padrão, em
intervalo de tempo definido, até haver lampejos provocados pela inflamação dos
vapores liberados pela amostra.
É importante saber-se esse ponto, uma vez que no manuseio do materiais bituminosos
há o perigo do material inflamar.
O ensaio característico é o de método Cleveland.
Massa específica
A massa específica dos betuminosos serve para avaliar a sua uniformidade e o
teor de impurezas. Para asfaltos e alcatrões varia entre 900 a 1400 kg/m, mas a
maioria fica entre 1000 e 1100 kg/m.
A massa específica dos betuminosos líquidos e semi-sólidos pode ser determinada
pela NBR 6296. Para os sólidos pode ser determinada pelo processo da balança
hidrostática.
Betume total
Medida muito usada em betuminosos para pavimentação, inclusive para
recomposição do traço de pavimentos. A solubilidade da amostra original em
bissulfeto ou tetracloreto de carbono (menos tóxico), dá a quantidade de betume
total existente no material.
Através deste ensaio, também é possível fazer uma identificação da composição do
betume.
Destilação
Método empregado para qualificar a quantidade e os tipos de resíduos contidos
em betuminosos, assim como a rapidez relativa com que esses resíduos são obtidos.
O resíduo da destilação pode ainda ser qualificado quanto a dureza, ductilidade e
solubilidade em dissulfeto ou tetracórdio de carbono, o que serve também para
estimar as propriedades dos betuminosos após a perda de voláteis e a sua oxidação
natural em serviço.
A porção do resíduo final da destilação, que é insolúvel, tanto em CCI, como em CS,
fornece o teor de carga mineral existente no betume, sendo mais um parâmetro
industrial da sua qualidade.
Resumo
As principais propriedades tecnológicas dos materiais betuminosos de interesse para
a construção civil são:
Dureza – é uma das propriedades mais importantes para a classificação do Materiais
Betuminosos. Se mede por ensaio da penetração.
Se um material é muito duro, terá pouca ductilidade e pode abrir fissuras sob baixas
temperaturas.
Se um material é de pouca dureza escorrerá em clima quente.
Viscosidade – é a resistência oposta pelo fluido betuminoso à formação sob acção de
uma força.
O ensaio padrão é de viscosímetro Saybolt Furol.
Aplicações dos materiais asfálticos na construção

Os CAP (cimentos asfálticos) são usados como material aglomerante em betões


asfálticos e como matéria-prima dos mais diversos produtos para
impermeabilização e pavimentação como a impregnação (macadame) ou
espalhamento.
Necessitam de aquecimento, para liquefazerem e permitirem operações de mistura
(betão asfáltico).
Actualmente, os CAP mais usados em impermeabilização são os CAP com dureza
85-100, 50-60 e 30-40, todos com ponto de amolecimento na faixa de 40-50º C.

Asfaltos diluídos (AD) ou soluções asfálticas. São ligantes asfálticos tratados com
solventes orgânicos de petróleo que podem ser aplicados com pequeno aquecimento
(60ºC a 100ºC) ou a frio. São menos viscosos, o que facilita o emprego, mas têm
menor poder aglomerante, se empregam em pavimentação para rêgo de imprimais e
em pavimentos construídos por penetração invertida
Asfaltos modificados
Pela terminologia de betuminosos para pavimentação, asfalto modificado é o
material resultante da adição de determinadas substâncias, por exemplo: polímeros,
aos CAP e seus derivados (emulsões, soluções, etc).
Cabe salientar que pela terminologia de materiais para impermeabilização, asfalto
modificado é aquele devidamente processado, de modo a se obter determinadas
propriedades. Por esse conceito, se enquadram todos os tipos de asfaltos anteriores,
mas a tendência é de reservar este termo aos asfaltos modificados com polímeros.
Em impermeabilização, as misturas com elastómero são empregadas tanto para a
fabricação de mantas de impermeabilização ou para a execução de membranas
“in situ” como também para a produção de mástiques.
Membranas asfálticas. São sistemas impermeabilizantes, moldados “in situ”,
com ou sem armadura e que têm o asfalto como material impermeabilizante
básico. As membranas asfálticas, tanto podem ser feitas com asfaltos oxidados,
soluções ou emulsões asfálticas, sendo as duas últimas mais utilizadas, pela
facilidade de aplicação.
Mantas asfálticas
São produtos à base de asfalto modificados com ou sem armadura (véu
ou tecido de reforço), impermeáveis, fabricados em rolos, obtidos por
calandragem, extensão ou outros processos, destinados à
impermeabilização.
Podem ser aplicadas de forma aderido ou não ao substrato (conforme a
natureza das movimentações previstas para a obra e características da
manta).
Hoje, as mantas possuem armaduras diversas (véu de fibra de vidro,
polietileno, lâmina metálicas, filme de polietileno externo, para evitar
pegajosidade da manta enrolada) e acabamentos especiais para
protecção solar (escamas de ardósia ou lâmina de alumínio, em locais
não transitáveis), bem como resistência elevada para resistirem à
penetração de raízes de árvores e outras solicitações desfavoráveis.
As mantas podem ser classificadas:
a) Quanto ao acabamento superficial: superfície granular, metálica ou anti-aderente.
As duas primeiras podem ser expostas às intempéries, enquanto a terceira deve
ser protegida (apenas contém filme de polietileno);
b) Quanto à forma de aplicação no substrato: totalmente aderidas, parcialmente
aderidas, não aderidas;
c) Quanto à resistência mecânica
Feltros betumados ou asfálticos. São produtos constituídos por fibras ou fios
naturais (celulose, algodão) ou sintéticos sem fiação ou tecelagem, impregnados
de betuminosos e usados como armadura ou protecção em impermeabilização. Os
feltros asfálticos não devem apresentar desagregação, pontos sem saturação,
bordas fissuradas, excesso de saturante na superfície, etc.
Os feltros são, principalmente, utilizados como material de reforço em
membranas asfálticas e também como elemento para libertar a movimentação de
lajes de cobertura sobre paredes de alvenarias, por efeito térmico com o objectivo
de reduzir fissuras das paredes por cisalhamento

Alcatrões. Os alcatrões encontram emprego em misturas com outros polímeros ou


fibras, para uso como mástique (material de calafetação) ou material de
enchimento de juntas em saneamento, com excelente resistência agentes
agressivos. São ainda usados em formulações com outros materiais.
E muito mais

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