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APLICAÇÃO DE POLÍMEROS
NA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
2ª Edição
Rio de Janeiro
Edição de Elizabete Fernandes Lucas
2015
Elizabete Fernandes Lucas é Professora Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com
ingresso em 1994. É graduada em Engenharia Química pela UERJ (1986) e possui Mestrado (1990) e
Doutorado (1994) em Ciência e Tecnologia de Polímeros pelo IMA/UFRJ. Publicou mais de 100
artigos em periódicos especializados, 2 livros, 1 dicionário e 1 vocabulário de termos de petróleo em
4 idiomas. Solicitou pedido de depósito de 4 patentes. Coordenou mais de 30 projetos em parceria
com empresas. Proferiu palestras em instituições acadêmicas e empresas, nacionais e internacionais.
Organizou eventos nacionais e internacionais. Orientou 36 dissertações de mestrado e 22 teses de
doutorado. Recebeu o Prêmio União Latina de Tradução Científica e Técnica (2003) e The Paul J.
Flory Polymer Research Prize (2009), concedido pelo The Scientific Committee and the Prize
Committee of the World Forum on Advanced Materials, pelo trabalho pioneiro em Ciência de
Polímeros Aplicada à Indústria de Petróleo.
Luciana Spinelli Ferreira é Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde
2011. É graduada em Engenharia Química pela UERJ (1998) e possui Mestrado (2001) e Doutorado
(2005) em Ciência e Tecnologia de Polímeros pelo IMA/UFRJ. Publicou cerca de 30 artigos em
periódicos especializados. Solicitou pedido de depósito de 1 patente. Participou de diversos projetos
com empresas. Iniciando sua vida acadêmica como professora na UFRJ já orientou 8 alunos de
mestrado e 2 alunos de doutorado, atuando em aditivos poliméricos aplicados a produção de petróleo.
Atuando na implantação do Sistema de Gestão Integrado do Laboratório de Macromoléculas e
Colóides na Indústria de Petróleo (LMCP), foi responsável pela obtenção da certificação ISO
9001:2008.
Carlos Nagib Khalil é Químico de Petróleo e Consultor Senior da PETROBRAS desde 1980. É
graduado em Química Tecnológica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1976) e possui
Mestrado em Química Orgânica e Ciência de Polímeros pelo IQ/UFRJ (1980) e Especialização em
Química de Petróleo pela Halliburton School-USA (1982). Publicou dezenas de Relatórios Técnicos
sobre a aplicação de polímeros nas atividades de produção de petróleo. É autor e inventor de 39
patentes na área de química e petróleo, tendo sido agraciado diversas vezes com o Prêmio Inventor da
Petrobras. Tem co-orientado diversos alunos de mestrado da UFRJ. Foi Professor de Química Geral
na UFRJ e membro do Conselho Regional de Química (CRQ-III) e do Conselho Externo da Empresa
Brasileira de Pesquisas Agropecuária (EMBRAPA).
ISBN: 978-85-917970-1-1
Página
Introdução 1
Engenharia de Produção 2
Reologia de fluidos 7
Perfuração/cimentação 11
Completação 18
Estimulação ácida 20
Fraturamento hidráulico 21
Deposição de parafinas 28
Estabilização de asfaltenos 31
Hidrato de gás 40
Resumo 51
Referências 54
Vale ressaltar que não será abordada a aplicação dos polímeros nas operações de E&P como materiais
de engenharia, por exemplo, para fabricação de flowline e riser de produção. A produção desses
materiais envolve as técnicas de processamento de polímeros, tais como, extrusão, injeção,
termoformação, sendo que, em muitos casos, faz-se necessário abordar o processamento em sua
especificidade, como por exemplo, os processos de co-extrusão para produção de alguns tipos de
dutos.
Os polímeros ocupam um importante papel por diversas razões, algumas das quais são citadas a
seguir.
(ii) A solução de determinados problemas pode ser encontrada com o uso de polímeros ou de
químicos de baixa massa molar. Entretanto, muitas vezes, os polímeros apresentam a
eficiência desejada com uma mais baixa concentração que aquela requerida pelo produto
químico de baixa massa molar. Além disso, estruturas químicas de baixa massa molar,
altamente tóxicas e voláteis apresentam baixos graus de toxicidade e inflamabilidade quando
polimerizadas (por exemplo, estireno e poliestireno), destacando os polímeros como
preferíveis também com relação à segurança e saúde ocupacional.
(iii) Propriedades específicas não encontradas em produtos químicos de baixa massa molar
podem ser ajustadas através das proporções entre comonômeros nas moléculas de
copolímeros. Por exemplo, a estabilização de argilo minerais em fluidos de perfuração pode
ser alcançada com o uso de um copolímero de acrilamida e acrilato de sódio apresentando
proporções específicas, o que não é obtido com o uso de um dos homopolímeros
isoladamente.
Engenharia de produção
Para se alcançar plenamente a etapa de produção de petróleo a partir da descoberta de uma jazida
petrolífera é necessário realizar uma extensa sequência de processos que constituem a chamada
“Engenharia de Petróleo”. No momento inicial de um campo de petróleo, faz-se a prospecção do
reservatório e então, com base em estudos específicos, faz-se a escolha da locação do poço pioneiro
(32-33).
Friza-se aqui, e de forma antecipada, que praticamente todas as etapas da "construção" de um poço de
petróleo, envolvem o uso de diversos fluidos específicos e nestes estão presentes diversos aditivos
químicos, notadamente os de natureza polimérica. Tais aditivos conferem propriedades adequadas às
peculiaridades de cada etapa construtiva.
Depois do poço pioneiro são perfurados outros poços, produtores e injetores. A partir desta fase, a
vida produtiva de um poço de petróleo dependerá fortemente dos objetivos e metas estabelecidas para
as etapas seguintes do campo de petróleo. Por exemplo, a malha de poços do campo, terrestre
(onshore) ou marítimo (offshore), poderá ser estrategicamente preenchida com poços produtores de
petróleo, poços com completação múltiplas, poços injetores de água e poços produtores de gás para
aplicação em gás lift.
A Tabela 1 exemplifica valores de parâmetros de solubilidade para diversos compostos, os quais são,
em geral, expressos em (cal/cm3)1/2, em MPa1/2 ou em (J/cm3)1/2.
Observa-se que compostos menos polares apresentam parâmetros de solubilidade mais baixos,
enquanto que os mais polares apresentam valores mais elevados. Este guia é bastante útil para prever
a solubilidade entre compostos, como define a Equação 2, que mostra que a entalpia de mistura (HM)
é pequena para misturas com parâmetros de solubilidade semelhantes, indicando compatibilidade.
Deste modo, em se desejando que o aditivo seja solúvel no meio, deve-se buscar moléculas com
parâmetros de solubilidade semelhantes ao do meio. Caso contrário, o aditivo deverá ter um
parâmetro de solubilidade suficientemente diferente ao do meio de dispersão.
Apesar de muito útil, o parâmetro de solubilidade não é infalível. Dois exemplos de exceções são
apresentados a seguir. O poliestireno (2 = 19,1 MPa1/2) é solúvel em butanona (1 = 19,1 MPa1/2) e
em dimetilformamida (1 = 24.8 MPa1/2), mas não é solúvel em acetona (1 = 20.1 MPa1/2). A
poliacrilonitrila (2 = 26.2 MPa1/2) se dissolve tanto em dimetilformamida (1 = 24.8 MPa1/2) quanto
em malodinitrila (1 = 30.9 MPa1/2), mas não se dissolve na mistura destes dois solventes (44).
Devido a grande importância da predição de solubilização entre moléculas, C. Hansen (45) apresentou
uma nova abordagem para o parâmetro de solubilidade e definiu que a solubilização depende
fortemente dos tipos de interações que existem entre as moléculas de um mesmo composto. Neste
estudo, foram consideradas as contribuições de três forças de interação: ligação de hidrogênio (H),
dipolo-dipolo (P) dipolo-dipolo induzido (D), sendo que o parâmetro de solubilidade resultante é
calculado pela Equação 3. A Tabela 3 apresenta os valores dos parâmetros de solubilidade de Hansen
para alguns compostos e os parâmetros resultantes do cálculo da Equação 3 (45).
Para que um polímero possa ser solubilizado ou disperso em um meio solvente, é necessário que sua
arquitetura molecular seja linear ou ramificada. Polímeros reticulados (reversível/ ou
permanentemente) não são capazes de se solubilizar em um meio solvente. Entretanto, se
apresentarem boa interação com o solvente irão inchar, sendo o grau de inchamento função do grau de
interação (41). Fluidos de polímeros reticulados formam géis que são muito úteis, por exemplo,
fraturamento hidráulico e no controle de mobilidade de água.
Reologia de fluidos
Assim como os aspectos de solubilidade de moléculas, os fundamentos da reologia são uma base de
conhecimento necessária quando o assunto é aplicação de polímeros na produção de petróleo, uma
vez que, em muitas das operações que serão apresentadas nos tópicos subsequentes, o polímero fará
parte da formulação de um fluido, o qual precisa apresentar características de escoamento específicas.
De um modo geral e notadamente nas operações de perfuração e cimentação, os fluidos devem
apresentam viscosidades relativamente elevadas quando submetidos à baixa taxa de cisalhamento e
Deste modo, é comum alguns termos específicos de reologia ser utilizados quando o assunto é
produção de petróleo, no sentido de caracterizar os fluidos em função de seu escoamento e das
variáveis de podem afetar seu comportamento, tais como, o tempo, a temperatura, a pressão e a taxa
de cisalhamento. Alguns desses termos básicos serão apresentados neste item.
O termo reologia significa o estudo do escoamento. Embora a reologia seja aplicada a sólidos e
líquidos, no âmbito deste tópico serão abordados somente os conceitos mais fundamentais da reologia
de líquidos. A Tabela 4 apresenta a classificação geral dos fluidos, destacados em negritos os termos
que serão mais utilizados nos tópicos subsequentes (48).
Newtoniano
De Bingham
Independente do tempo
Dilatante
Pseudoplástico
Não-newtoniano Tixotrópico
Dependente do tempo
Reopético
Viscoelástico
Os líquidos ou fluidos são classificados como newtonianos (ou ideais) e não-newtonianos, sendo que
os não-newtonianos apresentam subclassificações.
O comportamento dos fluidos de Bingham, também denominados fluidos plásticos, descrevem uma
reta em gráfico de tensão de cisalhamento () versus taxa de cisalhamento ( ), assim como os fluidos
newtonianos, entretanto essa reta não começa na origem, mas em um determinado valor de tensão de
cisalhamento denominado ponto de escoamento (o). A equação – o = descreve esse
comportamento. Como mencionado anteriormente, dentre os comportamentos de fluidos descritos até
então, o pseudoplástico é o mais útil para a maioria das operações na indústria do petróleo (48-49).
Para condições pré-estabelecidas de, por exemplo, temperatura, pressão, taxa de cisalhamento e
tempo de ensaio, a viscosidade dos fluidos depende basicamente da concentração, da massa molar e
da arquitetura do polímero, bem como de suas características de interação com o meio solvente. A
interação do polímero com o solvente, por sua vez, depende basicamente das características químicas
do polímero e do solvente, e da temperatura (41,52-53). Cada um desses fatores isoladamente,
mantendo-se todos os demais constantes, afeta a viscosidade como descrito a seguir.
Massa molar: O aumento da massa molar do polímero leva a um aumento da viscosidade, o que
significa que polímeros de massas molares mais elevadas requerem uma concentração mais baixa
para produzir um fluido de mesma viscosidade que aquele produzido com o mesmo polímero de
massa molar mais baixa.
Arquitetura do polímero: Polímeros lineares tendem a exibir uma viscosidade mais elevada do
que a cadeia, de mesma composição química e massa molar, com arquitetura ramificada. Isto
porque o comprimento da cadeia ramificada é potencialmente menor.
Perfuração / Cimentação
As etapas de perfuração e cimentação serão abordadas ao mesmo tempo, pois, na prática, são
realizadas de modo intercalado, como mencionado anteriormente. A operação de perfuração de um
poço tem como objetivo final conectar a zona da formação rochosa contendo o petróleo às instalações
localizadas na superfície terrestre. A perfuração é realizada com o uso de brocas e um fluido
denominado fluido de perfuração. Esse fluido circulante tem como funções principais lubrificar e
resfriar a broca, transportar os cascalhos gerados, equilibrar as pressões exercidas pela formação
rochosa (de modo a evitar o influxo de fluidos indesejáveis e a instabilidade das paredes do poço) e
controlar a penetração de filtrado na rocha durante a perfuração. Para tanto, são adicionados aditivos
com propriedades específicas. De acordo com a constituição da fase contínua, os fluidos de
perfuração podem ser classificados em fluidos à base de água, fluidos não-aquosos (fluidos à base de
óleo diesel/óleo mineral e fluidos sintéticos) e fluidos a base de gás (sob a forma de espuma). O tipo
de fluido a ser empregado depende, basicamente, das características da formação geológica e da
geometria do poço. Uma vez que, ao longo da perfuração, passa-se por zonas rochosas com
propriedades distintas, em geral, faz-se necessária a troca do tipo de fluido durante a perfuração de
A cada passo ou etapa da perfuração, quando se alcança uma determinada profundidade, o poço é
submetido a um processo de cimentação, que, principalmente, promove a substituição do fluido de
perfuração por um fluido quimicamente compatível e, posteriormente, pela pasta de cimento. Esse
processo é chamado de cimentação primária. O cimento provê suporte mecânico para a coluna de
revestimento e previne o colapso das tubulações devido à pressão da formação (57-58). A esse fluido
são adicionados diferentes aditivos que agem modificando o comportamento da pasta de cimento para
que haja sucesso no deslocamento de fluidos e no isolamento das paredes do poço (35).
Nos fluidos de perfuração, os polímeros encontram aplicação como espessantes, redutores de atrito,
controladores de filtrado e inibidores de inchamento de argila. Na pasta de cimento, além de serem
aplicados como controladores de filtrado e redutores de atrito também são usados como retardadores
de pega e dispersantes.
Biopolímero Viscosificante
Barita Adensante
Paraformaldeído Biocida
Os polímeros vêm sendo utilizados como agentes viscosificantes em fluidos de perfuração pelo fato
de serem moléculas de cadeia longa que, quando em contato com solvente, apresentam interações
líquido-polímero que provocam uma expansão do novelo polimérico. O grau de expansão do novelo
depende do grau de interação do polímero com o solvente, ou seja, da semelhança entre seus
parâmetros de solubilidade, o que reflete diretamente nas características viscosas do fluido. Fatores
como pH e salinidade são importantes para a definição dos sistemas poliméricos adequados e
condições de uso de cada tipo de fluido. Poliacrilamidas parcialmente hidrolisadas, goma xantana,
goma guar, lignosulfonatos, hidroxipropilguar e carboximetilcelulose (CMC) são usadas em fluidos
aquosos. Copolímeros de etileno e propileno, elastômeros e poli(alfa-olefinas) são usados em fluidos
não-aquosos. Fluidos espumados podem ser formulados com os mesmos polímeros citados
anteriormente, a depender da base utilizada (aquosa ou não-aquosa), além do tensoativo para obtenção
da espuma, que pode ser à base de poli(óxido de etileno-b-óxido de propileno) (3,5,13,18,59-60).
Ensaios de viscosidade e densidade podem ser citados como os principais para avaliar as
características do fluido antes e após processo de envelhecimento em estufa rotativa. Uma série de
ensaios físico-químicos para fluidos de perfuração é recomendada por normas API (American
Petroleum Institute) (61-62).
A perda de carga é um fenômeno natural que ocorre durante a movimentação de fluidos em dutos, por
exemplo, em transporte de óleo cru e em operações de perfuração de poços (63-66). De modo geral, o
percurso realizado por cada partícula de um fluido é afetado pelo atrito com o duto, pela viscosidade e
pela velocidade de escoamento. Durante o escoamento, uma força é exercida sobre a superfície na
direção do movimento, a qual é chamada de força de arraste. O arraste friccional leva a dissipação de
Os polímeros vêm sendo usados como aditivos para reduzir a resistência ao fluxo e minimizar o efeito
da perda de carga em fluxos turbulentos. O fenômeno da redução de perda de carga durante o
transporte de fluidos, também conhecida como redução de arraste, é atribuído à adição de pequenas
quantidades de polímero de alta massa molar, que exige um menor gradiente de energia (ou de
pressão) para produzir um mesmo fluxo turbulento do que o sistema sem aditivo polimérico (67). No
entanto, a explicação para esse fenômeno ainda vem sendo estudada. Alguns estudos mostraram que a
eficiência dos polímeros está relacionada a estruturas lineares flexíveis com alta massa molar, que se
alinham na direção do fluxo, reduzindo, então, a perda de carga (64,68-69).
As principais moléculas de polímeros estudadas para uso em fluidos de perfuração são poli(óxido de
etileno), poliacrilamida e seus copolímeros, para fluidos de base aquosa e poliisobutileno, poliestireno
e poliolefinas, para fluidos de base oleosa, dependente então de sua solubilidade no meio (1,18,70-
72).
A avaliação da redução de arraste é realizada pelo monitoramento das pressões em um loop de longa
extensão. Em bancada de laboratório é possível avaliar a redução de arraste por meio da utilização de
viscosímetro capilar associado a informações de parâmetros reológicos dos fluidos. Normalmente o
teste é realizado em ampla faixa de velocidade de escoamento, pela variação da pressão de
alimentação, o que permite avaliar a perda de carga em ampla faixa de número de Reynolds (Re)
(Figure 1). As informações de vazão e perda de carga (DP) associadas a informações obtidas a partir
de regressões de curvas de viscosidade dinâmica aparente em função da taxa de cisalhamento
possibilita obter valores de perda de carga pelo comprimento da tubulação (L), nos respectivos
números de Reynolds. Os parâmetros adquiridos dos ensaios reológicos são o índice de consistência
do fluido (K), que indica o grau de resistência do fluido sob escoamento, e o índice de fluxo (n), que
indica fisicamente o afastamento do fluido do modelo Newtoniano. O percentual de redução de
arraste (%DR) é, então, calculado segundo a Equação 4 (18,73).
Durante a perfuração de poços de petróleo, é comum ocorrer a filtração do fluido de perfuração para
dentro da formação rochosa. Aditivos são utilizados na formulação dos fluidos com o objetivo de:
prevenir a entrada de filtrado na formação rochosa; minimizar o crescimento do reboco (filter cake),
provocado por outros aditivos; estabilizar arenitos de formações inconsolidadas; minimizar danos à
formação produtora. As principais características do reboco formado estão relacionadas à baixa
permeabilidade, de modo a evitar justamente a perda de fluido para a formação rochosa, e pequena
espessura, de modo a evitar torque e arraste elevados, problemas de limpeza de poço, prisão de broca,
interferência na adesão entre a pasta de cimento e a formação rochosa, entre outros (74-77).
Polímeros, tensoativos, sais e argilas são os aditivos mais utilizados na formulação de fluidos de
perfuração com o propósito de controlar a penetração de filtrado. Os polímeros empregados para esta
finalidade formam partículas coloidais em suspensão e incluem: amido, amido modificado,
carboximetilcelulose (CMC), hidroetilcelulose (HEC), poliacrilatos e poliacrilamidas (1,2,3,75,77-
78). Outros sistemas também podem ser usados como controladores de filtrado tais como partículas
sólidas e espumas (aphrons) (1,17,60,79). Dentre as partículas sólidas podem ser citadas as argilas,
que são utilizadas em associação com os lignossulfonatos para otimizar seu desempenho, e partículas
esféricas à base de estireno, metacrilato de metila e seus copolímeros com acetato de vinila. O
mecanismo de ação dos aphrons está relacionado à expansão de suas microbolhas quando da
penetração na formação rochosa, devido ao diferencial de pressão. Essa expansão resulta no bloqueio
Lucas, Ferreira e Khalil – Aplicação de polímeros na produção de petróleo Página 15
da entrada de fluido para a formação rochosa, com a vantagem de não formar reboco. Para a produção
dos aprhons são usados polímeros viscosificantes, tal como a goma xantana, e tensoativos para a
formação das microbolhas, tais como copolímeros de poli(óxido de etileno) e poli(óxido de propileno)
(80).
Um dos ensaios de bancada para avaliação de aditivos controladores de filtrado utiliza um filtro
prensa HPHT e um papel de filtro específico para este tipo de teste. A uma temperatura e pressão pré-
estabelecidas é monitorada a vazão de fluido em função do tempo. A porcentagem de redução de
filtrado pode ser obtida pela relação entre a vazão dos fluidos sem e com aditivo. Em alguns casos, o
papel de filtro pode ser substituído por um disco de cerâmica com porosidade média semelhante
àquela da formação rochosa alvo (Figure 2). Ensaios de circulação cruzada também são realizados. É
importante ressaltar que a seleção do aditivo deve ser baseada não só no resultados do ensaio de
desempenho, como também na avaliação de dano á formação que o aditivo pode causar (18,60).
Para contornar esse efeito, diversos aditivos são adicionados como sais de cloreto de potássio e
cloreto de sódio em elevadas concentrações a fim de retardar a hidratação e, por consequência, o
inchamento, associados a sais de amido terciários ou polímeros, que auxiliam os sais com a sua
propriedade viscosificante. Os cátions desses sais são intercalados entre as camadas de argila,
evitando sua hidratação. Os polieletrólitos são polímeros que vem sendo utilizados, pois são
dissociáveis, fornecendo cátions que podem intercalar-se nas argilas, assim como, polímeros como,
poliacrilamida catiônica, polioxialquilenoaminas, entre outros (83-84).
A avaliação da inibição de inchamento de argila (esmectita, por exemplo) pode ser realizada
utilizando o procedimento denominado Tempo de Sucção em Capilar (Capilarity Suction Time -
CST). Neste experimento, uma suspensão aquosa de argila é submetida ao CST. O aditivo é testado
em diferentes concentrações. O objetivo é identificar a concentração mínima (CM) na qual a inibição
de inchamento de argila é atingida.
Muitos tipos de cimento podem ser utilizados na etapa de cimentação. Exemplos deles são:
pozzolana, cimento Portland e de aluminato de cálcio, podendo ser modificados pela adição de
argilas, formando gel de cimento (85). Como já foi dito anteriormente, a pasta de cimento apresenta
em sua constituição, certos aditivos como, aditivos controladores de perda de filtrado, retardadores de
pega de cimento, dispersantes, redutores de fricção entre outros (57). Como alguns desses tipos de
aditivos já são usados nos fluidos de perfuração e foram bastante detalhados em tópicos anteriores,
falaremos agora dos aditivos dispersantes e retardadores de pega de cimento.
Dispersantes são muito usados em pastas de cimento porque reduzem a viscosidade aparente da pasta
para permitir seu bombeio com menor fricção e potência hidráulica e também às vezes com
características de fluxo turbulento, que auxilia para uma remoção mais eficiente dos fluidos de
perfuração. Sais como NaCl são usados com esse intuito, pois auxiliam principalmente no selamento
de seções salinas encontradas em formações subterrâneas. Certos ácidos orgânicos, como ácido cítrico
e glucônico, e polímeros sulfonados, como as ligninas sulfonadas, também são usados como
dispersantes (86).
Completação
Outro exemplo de aplicação de aditivo químico é a prevenção à formação de emulsão durante a etapa
de completação do poço. A presença de tensoativos anfifílicos do tipo copolímeros em bloco
constituídos de óxido de etileno e óxido de propileno favorece a prevenção de formação de emulsão
água em óleo (A/O). Porém em concentrações de tensoativo acima do limite estimado pode ocorrer
uma inversão de fase e então formar uma emulsão do tipo óleo em água (O/A). Um terceiro caso seria
a contenção de perda de filtrado em fluidos aquosos fortemente salinos através da adição de agentes
viscosificantes derivados da fibra de celulose. As fibras de celulose originalmente não são solúveis
em água, no entanto, após ser submetida à reação de etoxilação, formam-se segmentos altamente
hidrofílicos conferindo assim solubilidade plena em fluidos aquosos e promovendo uma
viscosificação intensa, o que contribui para a redução da perda de filtrado para o meio poroso. Nesta
classe de agentes viscosificantes estão a hidroxietilcelulose (HEC); a carboximetilcelulose (CMC) e a
carboximetilhidroxietilcelulose (CMHEC). As tolerâncias de cada polímero à salinidade, temperatura
e pH do meio aquoso são diferenciadas em função da conformação em que as moléculas se
apresentam em solução (77).
Estimulação ácida
A complexação do ferro trivalente solubilizado pelo ácido conta com a ação de compostos
multifuncionais, já a liberação de gás sulfídrico é minimizada com a adição de compostos de caráter
ligeiramente oxidante. A cinética de reação entre um ácido mineral e a formação rochosa durante uma
Fraturamento hidráulico
Gel base água - Para se alcançar os objetivos do tratamento são usados fluidos de comportamento
tixotrópico altamente gelificados, sendo empregados notadamente os polímeros naturais e os naturais
modificados, como os polissacarídeos alcoxilados. Nesta classe incluem-se a goma guar (GG), a
hidroxipropilguar (HPG) a goma xantana (GX) e, alternativamente, a goma de algaroba (GA). Tais
materiais em solução aquosa diluída (1 %p/v) se reticulam na presença de espécies iônicas
polivalentes. A reticulação química de sítios ativos do polímero deve ocorrer progressivamente em
Gel base óleo - A depender da natureza mineral da formação produtora a ser submetido ao
faturamento hidráulico, deve-se alterar a base do fluido de faturamento. Para formações produtoras
contendo, em seus interstícios, argilominerais incháveis em contato com meio aquoso, recomenda-se
o emprego de gel de faturamento base óleo, tais como querosene e/ou diesel. Neste caso o agente
gelificante deve ter solubilidade plena em meio apolar, tais como os polímeros formados in situ a
partir da reação entre ésteres alquídicos e sais de metais polivalentes. Empregam-se comumente
soluções saturadas de sais de alumínio (Al3+) e de Zircônio (Zr4+) como agente de reticulação,
Os fluidos empregados nas operações de fraturamento hidráulico de formação produtora são avaliados
segundo normas rigorosas de controle da qualidade, sobretudo in loco nas instalações avançadas no
campo. Os principais ensaios realizados são: (i) densidade e viscosidade aparente do pré-gel, que
acompanha o processo de hidratação do polímero reticulável presente da formulação; (ii) tempo de
reticulação, que indica o tempo requerido para a completa reticulação do polímero após a adição do
agente ativador do pré-gel, levando à formação de um fluido com propriedades tixotrópicas; (iii)
tempo de quebra do gel (Figure 6), que indica o tempo requerido para que o fluido, após submetido à
temperatura da formação rochosa, tenha suas ligações de reticulação rompidas, levando à formação de
um fluido com comportamento newtoniano; (iv) teor de resíduo, que determina o potencial dano à
formação.
Estima-se que somente cerca de 40% do petróleo contido na formação rochosa podem efetivamente
ser extraídos. Ainda assim, a fim de atingir percentuais de recuperação de petróleo próximos a esse,
faz-se necessário o uso de algumas técnicas. Algumas destas foram mencionadas anteriormente, tais
como as operações de estimulação de produção (acidificação e fraturamento hidráulico). Técnicas
visando o restabelecimento da pressão lidam com injeção de gás, principalmente o gás carbônico, e de
vapor d’água. A operação de injeção de fluidos aquosos, em poços construídos especificamente para
essa finalidade (poços injetores), tem como objetivo deslocar o petróleo da formação rochosa em
direção ao poço produtor. O tipo de técnica a ser usada visando o aumento de produção depende de
alguns fatores, tais como, tipo de petróleo, tipo de formação rochosa e vida produtiva do poço. No
caso da injeção de fluidos aquosos, sabe-se que a eficiência de varrido do petróleo é maior para
fluidos com viscosidade semelhante a do petróleo. A água, ou o fluido aquoso de mais baixa
viscosidade que o petróleo, tende a criar caminhos preferenciais na formação rochosa em zonas de
maior permeabilidade, deixando parte do petróleo imobilizado na rocha e produzindo uma grande
quantidade de água. A presença de soluto tende a aumentar a viscosidade do solvente e os polímeros
são particularmente úteis no aumento de viscosidade de sistemas fluidos, pois sua elevada massa
molar acarreta aumentos substanciais da viscosidade do meio. A massa molar de um polímero usado
em operações de EOR varia em uma faixa de 5 a 19 milhões g/mol (14,33,98-103).
Dentre os polímeros usados e/ou investigados para esta operação podem ser citados os biopolímeros,
principalmente a goma xantana, e polímeros sintéticos hidrossolúveis, principalmente a
poliacrilamida parcialmente hidrolisada. Os biopolímeros (goma xantana, celulose e seus derivados,
goma guar, goma de algaroba, amidos modificados, escleroglucana e dextrana) apresentam como
vantagem a baixa susceptibilidade a sais e como desvantagens a elevada biodegradabilidade e o alto
custo. Dentre os polímeros sintéticos, a poliacrilamida parcialmente hidrolisada (em torno de 25-35%
de grau de hidrólise) é a que tem sido mais utilizada em campos de petróleo, por apresentar elevado
poder espessante e custo relativamente mais baixo (98,101,103,106). Polímeros de elevada massa
molar tendem a promover aumentos de viscosidade mais acentuados com menor concentração que
aqueles de mais baixa massa molar, o que se traduz em um ganho econômico para o processo. A
Na busca por moléculas com características tanto espessantes quanto tensoativas foram sintetizados
copolímeros de acrilamida e monômeros sulfonados, por exemplo, o copolímero de N-N-
dimetilacrilamida e ácido 2-acrilamida-2-metilpropanossulfônico (AMPS), e outros copolímeros
semelhantes vêm sendo sintetizados, por exemplo, com ácido sulfônico terc-butila, ácido sulfônico
terc-butil acrilamida, sulfonamidas de alila e dialila cânfora, cloreto de dialil dimetil amônio e N-alil-
4-metilbenzenossulfonamida (111-115).
Apesar das extensivas pesquisas com diversos tipos de estruturas e composições de polímeros e
copolímeros, poucos materiais têm sido testados em campos de produção além da poliacrilamida e da
goma xantana.
Acredita-se que o polímero também possa atuar no reservatório por meio de adsorção na formação
rochosa e de retenção mecânica nas gargantas dos poros da rocha. Este fenômeno apresenta como
vantagem o tamponamento, pelo polímero, de zonas mais permeáveis, evitando a perda de fluido para
essas zonas (120-122). Entretanto, a principal contribuição do polímero, como mencionado
anteriormente, é o aumento da viscosidade do fluido e, por isso, a transferência de moléculas de
polímeros para a formação rochosa afeta a concentração do fluido e sua viscosidade, configurando
uma grande desvantagem. Uma vez que o sucesso da operação está principalmente relacionado à
viscosidade do fluido aquoso, o desempenho reológico é a principal forma de avaliação preliminar do
fluido polimérico (14,100,108,123).
Uma vez atendido os critérios reológicos, os fluidos poliméricos devem ser avaliados em relação à
permeação em meio poroso. A avaliação dos fluidos em laboratório, que reproduzam as condições de
campo, não é tarefa das mais simples devido, principalmente, aos volumes de fluido requerido e às
características da rocha reservatório. Entretanto, são realizados ensaios em meio poroso com o
monitoramento da pressão e da concentração do polímero no fluido de saída. Este ensaio fornece
informações a respeito da interação rocha-fluido. Os parâmetros obtidos desses ensaios podem ser
utilizados em simuladores matemáticos para prever, de modo aproximado, as características e
volumes do fluido a ser injetado em um campo produtor de petróleo (109-110,131-133).
O petróleo é constituído por uma complexa mistura de compostos, dentre eles as parafinas lineares e
as ramificadas, também denominadas isoparafinas, de massas molares variadas. As parafinas
apresentam pontos de fusão (p.f.) variados em função de sua arquitetura e massa molar, como
exemplificado na Tabela 6 (33,134-135). Quanto maior for a massa molar maior será o ponto de
fusão, destacando que as parafinas lineares fundem a temperaturas mais elevadas do que as
ramificadas de mesmo número de átomos de carbono: p.f. do n-pentano = – 130 ºC e p.f. do
isopentano = – 160 ºC.
n-Tridecano CH3(CH2)11CH3 -6
n-Hexadecano CH3(CH2)14CH3 18
n-Icosano CH3(CH2)18CH3 36
n-Tetracontano CH3(CH2)38CH3 81
Dentre os métodos preventivos estão aqueles que atuam na modificação dos cristais de parafinas,
evitando a aglomeração dos mesmos e a formação dos depósitos. Nesta linha de ação estão incluídos
o revestimento de dutos com material anti-aderente, o método eletromagnético, que age modificando
os cristais, e a injeção de aditivos químicos, denominados inibidores de deposição orgânica (142-
144).
Diversos polímeros têm sido utilizados e/ou propostos na literatura para inibição de deposição de
parafinas. Dentre estes, podem ser citados: o poli(etileno-co-acetato de vinila) (EVA), tendo sido
verificado que as moléculas mais eficientes possuem teor de acetato de vinila em torno de 30 % em
massa (145-147); EVA modificado com cadeias hidrocarbônicas longas pendentes (148-150);
copolímeros de (met)acrilatos de cadeia hidrocarbônica longa, sendo sido utilizados monômeros com
grupamentos pendentes C18, C16 e outros (11,24); poliamidas de ácidos lineares ou ramificados;
copolímeros de alfa-olefinas e anidrido maleico; copolímeros de etileno e acrilonitrila; copolímeros
de alquil maleimida/alfa-olefina; polímeros graftizados de isobutileno e alquil maleimida;
polietilenoimina (3); polímeros à base de éster fosfórico contendo cadeias hidrocarbônicas longas
(151-152); dendrímeros (153). A ação dos inibidores pode ser afetada pelos asfaltenos e ácidos
naftênicos presentes no petróleo (154). Em geral, as moléculas que apresentam ação inibidora de
deposição de parafinas possuem cadeias hidrocarbônicas lineares, as quais são capazes de interagir
com as parafinas, e grupamentos polares do tipo éster, acetato e fosfato, capazes de impedir a
agregação dos cristais formados com a presença do inibidor.
Vale ressaltar que, apesar da vasta gama de moléculas disponíveis, pesquisas continuam em
andamento no sentido de desenvolver novas moléculas. Isto se deve, não só pela busca por produtos
economicamente mais viáveis, como também ao fato de um mesmo aditivo não apresentar o mesmo
O dedo frio é outro procedimento que permite avaliar a deposição de parafinas. Neste ensaio, o
petróleo é mantido aquecido, mas em contato com uma superfície metálica fria (em temperatura
semelhante àquela experimentada pelo petróleo na tubulação). Em função do tempo, ocorre a
deposição das parafinas, que podem ser quantificadas e caracterizadas, se desejado. O desempenho de
aditivos químicos também pode ser avaliado por este ensaio, desejando-se uma redução de quantidade
de parafina depositada na superfície fria (145-146).
Estabilização de asfaltenos
Os asfaltenos são uma classe de moléculas definida em função de sua solubilidade: moléculas
solúveis em solventes aromáticos, do tipo benzeno e tolueno, e insolúveis em solventes
hidrocarbônicos, tais como n-pentano, n-hexano e n-heptano. Esta solubilidade está associada às suas
estruturas químicas que, acredita-se, são constituídas de anéis aromáticos condensados, cadeias
hidrocarbônicas, grupamentos funcionais, heteroátomos e metais. Um resultado de análise elementar
típico de asfaltenos apresenta 87% de carbono, 9% de hidrogênio, 1.7% de nitrogênio. Dentre os
elementos presentes em menor quantidade, o enxofre figura como um dos principais (1,160-163).
Deste modo, os asfaltenos também são definidos como a classe de moléculas do petróleo de apresenta
maior polaridade e maior massa molar.
De certo modo, o comportamento de fases dos asfaltenos no petróleo pode ser avaliado com base nos
fundamentos da físico-química de polímeros em solução, e os conceitos de parâmetro de solubilidade
são de grande relevância para o entendimento e predição desse fenômeno (43,172-174).
A formação de borras devido à precipitação dos asfaltenos pode ocorrer nos poros da formação
rochosa produtora, no poço de produção, nas linhas de escoamento, em válvulas, tanques de
armazenamento e também nas linhas dos processos de refino. Os depósitos de asfaltenos são,
portanto, indesejáveis, porque causam a queda da produção de petróleo, a danificação de
equipamentos, a redução do volume útil de estocagem dos tanques e o envenenamento de
catalisadores de refino (175). Os asfaltenos também são tidos como um dos componentes
responsáveis pela estabilização das emulsões de água em óleo durante a produção do petróleo. Esse
comportamento está relacionado à natureza de sua estrutura química, constituída por porções apolares
e grupamentos polares, como mencionado acima, os asfaltenos apresentam uma característica
anfifílica, tendendo a migrar para a interface das emulsões água-óleo geradas pelo cisalhamento
imposto aos fluidos durante o escoamento (15,176-177). Além disso, a elevada viscosidade do
petróleo é atribuída, por alguns autores, à presença dos asfaltenos, embora esse ponto de vista ainda
seja controverso (47).
A estabilização dos asfaltenos pode ser controlada por meio de parâmetros de engenharia, tais como
taxa de produção e variação de pressão. Entretanto, a injeção de inibidores químicos tem se mostrado
muito eficiente para restaurar a produtividade de um poço. As moléculas capazes de atuar como
estabilizantes de asfaltenos possuem característica anfifílica (178-181). Acredita-se que a porção
Lucas, Ferreira e Khalil – Aplicação de polímeros na produção de petróleo Página 32
polar dessas moléculas interaja com as moléculas de asfaltenos e a porção apolar seja responsável
pela interação com os demais componentes do petróleo, estabilizando os asfaltenos no petróleo. Deste
modo, muitas das moléculas que agem como estabilizantes de asfaltenos são tensoativos de massa
molar relativamente baixa, tais como nonilfenol, ácido dodecilbenzenossulfônico e ácido decahidro-1-
naftalenopentanóico. Entretanto, algumas moléculas de polímero de massa molar controlada também
apresentam ação estabilizante, como, por exemplo, éster fosfórico de alquilfeniletoxilado, 4-
alquilfenil etoxilado, resina de alquilfenol formaldeído, copolímero de alqueno-anidrido maleico,
metacrilato de alquilfenila e o policardanol de massa molar relativamente baixa obtido por
polimerização de adição do cardanol (3,40,163,180-181). O cardanol é uma das moléculas que
constituem o líquido da casca da castanha de caju (CNSL) e possui um fenol com uma cadeia
hidrocarbônica longa contendo insaturações. A polimerização por adição ocorre através da abertura da
dupla ligação da cadeia hidrocarbônica (181-182).
A desestabilização dos asfaltenos pode ser provocada pela adição de n-alcanos de baixa massa molar
ao petróleo, como mencionado anteriormente, pentano, hexano, heptano e outros. Entretanto, alguns
polímeros também induzem a floculação dos asfaltenos. Dentre as moléculas que apresentam esta
ação podem ser citados o poliestireno sulfonado, o policardanol de massa molar relativamente elevada
obtido por polimerização de adição e o policardanol obtido por polimerização de condensação com
formaldeído. No caso do poliestireno sulfonado, a ação floculante está associada ao teor de
grupamentos sulfônicos na cadeia e à concentração de polímero usada em relação ao teor de
asfaltenos presentes no sistema (16).
Mais recentemente, outro tipo de ensaio usando a espectrometria de NIR tem sido realizado.
Acreditando-se que alguns aditivos não sejam capazes de retardar a formação do agregado pela ação
do solvente floculante, mas seja capaz de reduzir o tamanho dos agregados ou retardar sua formação,
contribuindo mesmo assim para a inibição da formação dos depósitos sólidos, tem sido adotado um
procedimento de adição de excesso de solvente floculante e observação da variação da absorbância
em função do tempo. A formação dos agregados é monitorada pela variação da absorbância. Ensaios
de microscopia de força atômica mostram que alguns aditivos que não são capazes de deslocar o onset
de precipitação de asfaltenos para valores mais elevados, podem sim provocar a formação de
agregados de tamanhos significativamente menores (185-186).
Ensaio semelhante ao de onset de precipitação utilizando NIR também pode ser realizado por
microscopia óptica (OM). Neste procedimento, uma pequena alíquota do sistema é observada a cada
adição de um volume predefinido de solvente floculante, por exemplo, 2 mL. O onset de precipitação
será determinado em função do volume de floculante (mL) necessário para que sejam observados os
agregados de asfaltenos, em relação a 1 grama de petróleo (169).
Os naftenatos são formados a partir da interação dos ácidos carboxílicos dissociados, presentes no
petróleo, com os íons metálicos dissolvidos na água, ocorrendo, portanto na interface água-óleo. Essa
Alguns estudos têm verificado a influência dos ácidos naftênicos nos processos de precipitação de
asfaltenos e de parafinas (154,166-173).
Os ácidos ARN são moléculas alifáticas com quatro ramificações, cada uma das quais possuindo um
grupo carboxílico terminal. A cadeia alifática contém de 4 a 8 anéis de ciclopentano. A massa molar
do isômero mais abundante, com 6 anéis, é 1230 g/mol (188).
A formação dos naftenatos pode ser evitada por meio de: (i) adição de ácidos (por exemplo, ácido
acético) para redução do pH e consequente deslocamento do equilíbrio de dissociação do ácido para a
forma protonada; (ii) adição de produtos químicos que sejam capazes de complexar com os cátions,
os quais não ficarão disponíveis para interagir com os ácidos naftênicos dissociados; (iii) adição de
polímeros, também denominados inibidores de baixa dosagem. A desvantagem de (i) e (ii) reside
basicamente nos grandes volumes de produtos químicos necessários para uma ação eficiente, além da
corrosão provocada no caso (i) (3,188,196). Acredita-se que os polímeros inibidores de naftenato
devem exibir propriedades tensoativas que provoquem seu alinhamento na interface óleo-água,
evitando-se assim interações entre os ácidos orgânicos que estão na fase óleo com os cátions da fase
A seguir, são apresentadas as estruturas de polímeros utilizadas e/ou propostas como inibidores de
naftenatos: (i) compostos de poli(óxido de etileno) ligado ao nonilfenol, com massas molares
variando entre 2000 e 4000 g/mol (199); (ii) compostos com grupamentos fosforados com a fórmula
geral X2O3PCHYCZ2PO2XR, na qual X pode ser um hidrogênio, um metal multivalente, amônia ou
uma base orgânica; R é uma cadeia polimérica de um ácido carboxílico ou sulfônico; e Z e Y são
grupamentos de ácido fosfórico, sulfúrico ou carboxílico - a concentração de uso proposta para estas
estruturas está entre 0,01 e 100.000 ppm (197); (iii) mono e diésteres de fosfatos, contendo cadeias
laterais de algum tipo de policarboxilato (de etileno, de propileno, de butileno ou misturas destes),
podendo ser utilizados em misturas com desemulsificantes solubilizados em solventes orgânicos (200-
201); (iv) compostos lineares contendo grupamentos do tipo ácido carboxílico ou acrílico, como, por
exemplo, policarboxilados com massas molares entre 1000 e 8000 g/mol (202); (v) compostos
contendo três grupos hidrofóbicos com substituições independentes, constituídas por cadeias
alcoxiladas, que estão ligados entre eles através de algum dos seguintes grupos N, P=O, CR (R é H ou
grupos alquila C1-C4) (203); (vi) copolímeros, com massas molares na faixa de 700 – 20000 g/mol,
nos quais um dos monômeros é o ácido 2-acrilamido-2-metilpropanossulfônico e o outro pode ser um
ácido acrílico, um éster acrílico (C1-C18), monômeros vinílicos etoxilados (EOn, n= 1-15) (204), entre
outros.
A produção de petróleo, sempre que associada à produção de água e gás, gera diversos problemas
operacionais responsáveis por danos à formação e perda de produtividade do poço em diferentes
operações da indústria de petróleo, incluindo perfuração, produção, faturamento hidráulico e
intervenções. Um dos graves problemas ocorridos que levam ao baixo desempenho de alguns poços é
o entupimento de poros de rochas, tubulações e equipamentos de topo, provocado pelas incrustações
minerais. Outras condições de produção de petróleo que também geram problemas de incrustação
mineral são: a utilização de mecanismos de recuperação secundária, visando aumentar produtividade
do poço, pelo controle de mobilidade de óleo utilizando a injeção de água e soluções de tensoativos; e
o grande uso de inibidores termodinâmicos de hidratos orgânicos como metanol, em operações de
campos offshore de águas ultraprofundas (3,207-211).
Os tipos mais comuns e mais frequentes de incrustação mineral são carbonatos de cálcio e sulfatos de
cálcio, estrôncio e bário. No entanto, outros minerais podem ser encontrados. A Tabela 7 lista as
principais incrustações, fórmulas químicas e o nome do mineral de acordo com a ASTM (American
Standard Test Method) (2,3,212-214).
A deposição de incrustações inorgânicas ocorre por diversos motivos específicos que identifica a
formação de cada tipo de incrustação, como: variações de pH, temperatura e pressão, mistura de
águas incompatíveis e supersaturação (215).
Como nas águas de formação de campos de petróleo estão presentes normalmente íons bicarbonatos e
íons cálcio, a precipitação de carbonato de cálcio é a mais frequente e depende do equilíbrio
termodinâmico entre o íon bicarbonato e o dióxido de carbono, quando da redução da pressão ou
aumento de temperatura (Equação 5) (216-217).
A incrustação de carbonato de cálcio pode ocorrer tão logo se inicie a produção de água da formação,
ou seja, assim que a pressão do fluido cai abaixo do ponto de bolha do dióxido de carbono e que este
comece a sair de solução, sob a forma de gás. Este problema é reforçado com o aumento do pH,
devido à liberação do CO2, que reduz ainda mais a solubilidade do CaCO3 (3,211).
As incrustações de carbonato de cálcio são provenientes de: (i) mudanças nas condições físicas e
físico-químicas decorrentes da produção de petróleo; (ii) outras operações da indústria de petróleo; e
(iii) composição do petróleo. Por outro lado, as incrustações minerais de sulfatos, ocorrem,
principalmente, quando dois tipos de águas incompatíveis são misturados no reservatório ou em
regiões próximas a boca do poço (água de injeção e água de formação) (211). A água do mar (água
injetada) possui altas concentrações de sulfato (SO42-) e baixas concentrações de bário (Ba2+) e
Sulfato de cálcio é a incrustação de sulfato mais fácil de lidar por ser levemente mais solúvel em
água. Já a incrustação de sulfato de bário é um dos sais mais insolúveis. É formado pela reação entre
os íons do metal bário e sulfato aquosos, como mostra a Equação 6.
Outros íons também podem coprecipitar com o bário formando incrustações de sulfato mistas
(3,211,219-221).
Uma variedade de aditivos químicos está disponível para prevenção de incrustação, cada um com
diferentes propriedades físicas e químicas. Isso, em parte, é fruto da grande variação de condições
químicas e físicas exibidas em poços de petróleo, sendo que diferentes fatores devem ser considerados
quando da seleção desses inibidores para uso em campo, especialmente a sua compatibilidade
química com a elevada salinidade das águas de formação (225). São usados em concentrações baixas
(em torno de 50 ppm) e o mecanismo de ação desses inibidores é, em geral, a redução da velocidade
do processo de nucleação e crescimento do cristal incrustante (226).
A maioria dos inibidores de incrustação apresenta grupamentos carboxila, acrilamida, ácido fosfônico
e ácido sulfônico (227-228). Os mais comuns são os polifosfonatos, poli(fosfino carboxilatos),
poliacrilatos e poli(vinil sulfonato) e copolímeros (227,229-230). Diferentes outros inibidores vêm
sendo estudados como, por exemplo, copolímero de ácido maleico com ácido acrílico e copolímero de
ácido maleico com acrilamida (214). Quadripolímeros, contendo grupamentos carboxila, acrilamida,
ácido fosfônico e ácido sulfônico, tem mostrado boas propriedades de inibição de incrustação tanto
para carbonatos quanto para sulfatos (228). Deve-se ressaltar que todos esses inibidores tem melhor
ou pior desempenho de acordo com o tipo de salmoura a ser tratada e das condições de temperatura,
pressão, pH, dentre outras.
A avaliação do desempenho dos inibidores normalmente é feita por meio de testes estáticos,
utilizando método gravimétrico de medição, titulação complexométrica e outras técnicas de medição
Hidratos de gás
Durante a produção de petróleo, existem diversas situações nas quais se encontram todas as condições
para a formação de hidratos de gás, quais sejam: presença de água, presença de gases, pressões
elevadas e ampla faixa de temperatura. As pressões são originárias das profundidades dos poços e dos
sistemas de bombeio dos fluidos e petróleo em geral. Temperaturas mais baixas são particularmente
encontradas em linhas e dutos de produção offshore. Os gases são provenientes da composição do
petróleo. E, a água pode ser proveniente da água de formação, da água de injeção, de emulsões e de
fluidos aquosos em geral (perfuração, completação, fraturamento hidráulico etc.). Infelizmente, uma
vez formado, o hidrato de gás não se desfaz rapidamente. Deste modo, a prevenção da formação do
hidrato de gás é a alternativa mais segura para garantir o escoamento dos fluidos (242).
A partir do gráfico da Figura 11, observa-se que é possível prevenir a formação de hidratos de gás
através do controle da temperatura e pressão do sistema. Entretanto, na prática, as pressões requeridas
Os inibidores termodinâmicos (TIs) são moléculas de baixa massa molar (sais inorgânicos e alcoóis),
usadas em grandes quantidades, que são capazes de deslocar a curva de equilíbrio de fases no sentido
de desfavorecer a formação de hidratos. O principal inconveniente desta classe de inibidores é a
possível ocorrência de precipitados (247-248).
Os inibidores cinéticos (KHIs) são polímeros solúveis em água, usados em baixas concentrações
(geralmente, de 0,01% a 0,5%) e capazes de retardar o início da nucleação e diminuir a taxa de
crescimento de cristais de hidratos (249,251-257).
Para acompanhamento da formação de hidratos pode-se utilizar uma célula pressurizada (autoclaves,
rocking cells, pipe wheels) na qual possam ser aplicadas altas pressões e baixas temperaturas. Um dos
ensaios realizados monitora o tempo de indução da formação do hidrato sobre condições de pressão e
temperatura pré-estabelecidas. A eficiência do inibidor é atestada pelo aumento do tempo de indução.
A técnica de calorimetria de varredura diferencial (DSC), especialmente a microDSC com pressão,
também pode ser utilizada para monitorar o início da cristalização, sob resfriamento a uma pressão
constante, em sistemas contendo uma mistura de gases, por exemplo, metano + etano, e fluido
aquoso. O início da formação dos cristais de hidratos é observado pelo pico exotérmico de
cristalização (260-262).
A presença de água no petróleo apresenta como desvantagens: o aumento do volume de fluido a ser
bombeado; o aumento da viscosidade do óleo, dificultando o bombeamento; a corrosão dos
equipamentos; o envenenamento de catalisadores de refino. Deste modo, o processo de
desemulsificação é fundamental, sendo aplicado assim que o petróleo chega à superfície. O
envelhecimento da emulsão dificulta sobremaneira o processo de desemulsificação (269-270). Em
exploração offshore, o processamento primário do petróleo é realizado ainda na plataforma e se
constitui da utilização de um conjunto de equipamentos (por exemplo, separadores e hidrociclones)
(271). Outras tecnologias vêm sendo estudadas, como o uso de radiação de micro-ondas (272-274).
Alguns projetos de engenharia vêm sendo desenvolvidos visando promover a separação água-óleo na
produção offshore logo após a cabeça do poço, no fundo do mar. Deste modo, o petróleo já escoaria
pelo riser livre da água (275).
Deste modo, a seleção do tensoativo é muito importante de modo a promover a maior eficiência do
processo de separação água-petróleo. Os aditivos desemulsificantes podem ser do tipo: copolímeros
lineares em bloco de óxido de etileno e óxido de propileno; copolímeros ramificados em bloco de
óxido de etileno e óxido de propileno; resinas fenol-formaldeído etoxiladas; copolímeros de
polioxialquileno e polissiloxano; poliaminas polioxialquiladas; poliuretanos modificados
(3,15,176,281-283). Formulações com misturas de mais de uma molécula também são usadas, sendo
sugeridas como mais eficientes (284). A massa molar desses polímeros é relativamente baixa, ficando
em torno de 5000 g/mol. Vale destacar que, em sua maioria, os tensoativos usados para
desemulsificação são do tipo não-iônico. Os tensoativos iônicos são aqueles cujo grupamento polar é
aniônico ou catiônico, enquanto que o segmento apolar é uma cadeia hidrocarbônica relativamente
longa. Os tensoativos do tipo poli(óxido de etileno-b-óxido de propileno) possuem caráter anfifílico
porque o segmento de poli(óxido de etileno) é hidrofílico enquanto que o segmento de poli(óxido de
propileno) é hidrofóbico. Tensoativos não-iônicos são particularmente uteis na indústria do petróleo
por serem menos susceptíveis à salinidade da água co-produzida e à incompatibilidade química com
outros compostos (232,285-291).
A avaliação de emulsões de água em petróleo pode ser realizada por meio de ensaios de teor de água
(com titulação com reagente de Karl Fischer), tamanho e distribuição de tamanho das gotas de água
(com analisador master sizer) e estabilidade (com procedimento de bottle test). O bottle test é um
ensaio relativamente simples que não requer equipamentos muito sofisticados. O petróleo é colocado
em um recipiente cônico graduado e deixado em temperatura controlada. O volume de água separada
é lido na graduação do recipiente ao longo de tempo. Ensaios de laboratório para avaliação de
desempenho de desemulsificantes são realizados com emulsões de água em petróleo morto recém-
preparadas. A mistura das fases é realizada com agitação mecânica por cisalhamento e vertida em
recipiente de vidro cônico graduado. Após a adição do desemulsificante, o sistema é misturado
manualmente e acondicionado em banho termostatizado sob temperatura controlada. A leitura do
volume de água separada é realizada ao longo do tempo. Os resultados são expressos em gráficos de
percentual de água separada em função do tempo (Figura 12) (15,176,233).
A indústria de petróleo produz uma quantidade significativa de água contaminada com petróleo. Essa
água advém da própria formação rochosa, denominada água de formação, e também da água injetada
durante o processo de recuperação avançada de petróleo (EOR). Em campos maduros, a injeção de
água é muito intensa e, consequentemente, a quantidade de água oleosa produzida é
significativamente maior. Essa água produzida pode ser reaproveitada ou descartada no mar
(produção offshore) ou em aquíferos (produção onshore). Vale ressaltar que os processos de refino do
petróleo também geram uma grande quantidade de água que requer tratamento. Em todos os casos,
faz-se necessário um tratamento para redução dos teores de óleo presentes na água. Dois processos
distintos que utilizam polímeros podem ser aplicados no tratamento da água oleosa: floculação e
adsorção.
O tipo de polímero e a concentração mais eficientes para cada sistema podem ser determinados por
meios de ensaios de Jar Test. O equipamento consiste de jarros graduados com agitação mecânica.
Após um período de tempo pré-determinado, o sistema é deixado em repouso. O resultado pode ser
observado visualmente ou, para mais precisão, obtido através da determinação de teor total de óleos e
graxas (TOG) (290). Uma ferramenta útil de monitoramento de processos de coagulação, flotação ou
decantação é o analisador de dispersão fotométrica (PDA) (232,303,305).
Além do óleo propriamente dito, outros compostos relativamente solúveis em água e altamente
tóxicos, mesmo em concentrações relativamente baixas, estão presentes na água produzida. Como
exemplos podem ser citados os BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno), os PAH’s
(hidrocarbonetos poliaromáticos) e fenóis. Águas contaminadas especificamente por um destes tipos
de contaminantes requer tratamento específico. Neste caso, as resinas poliméricas apresentam-se
novamente com vantagem, uma vez que podem sofrer modificações químicas para obtenção de
estruturas com características mais adsorventes de cada um destes tipos de compostos (27,28,316-
317,319-321).
No processo em fluxo contínuo, uma coluna é preenchida pela resina adsorvente. A água contaminada
previamente analisada é eluída pela coluna. Alíquotas de água eluída são analisadas ao longo do
tempo. Neste ensaio podem ser variados: o tipo e concentração de contaminante na água; o tipo de
resina; as dimensões da coluna; a vazão de eluição da água. Gráficos de teor de contaminante em
função do volume de água eluida, construídos com os resultados, fornecem a eficiência da coluna e o
ponto de saturação da resina (Figura 14).
Tanto nos ensaios de floculação quanto nos ensaios de adsorção, pode ser usada uma água oriunda da
indústria de petróleo (por exemplo, água de produção e água de refinaria) ou uma água dita sintética,
Outro tipo de material que vem sendo avaliado para tratamento de água são nanocompósitos de argila
e polímeros do tipo poliionenos (329-330).
Agente divergente - A fim de alcançar a zona da formação rochosa desejada para um determinado
tipo de tratamento, fluidos divergentes podem ser utilizados de modo a preencher uma zona de não
interesse de maior permeabilidade. Deste modo, o fluido de tratamento pode ser direcionado
diretamente à zona de interesse. Estes fluidos devem apresentar comportamento pseudoplástico, isto
é, viscosidade relativamente baixa sob altas taxas de cisalhamento (durante bombeio e escoamento) e
elevadas viscosidades sob baixa taxa de cisalhamento (sob repouso dentro da formação rochosa de
maior permeabilidade). A composição destes fluidos aquosos pode ser à base de tensoativos iônicos
ou polímeros. Dentre os sistemas poliméricos podem ser citados os géis de poliacrilamida ou
poli(ácido acrílico) reticulados com metais, e sistemas reticulados de fenol/formaldeído (333-335).
Anti espumante - Durante a produção de petróleo pode ocorrer a formação de espuma em separadores
gravitacionais trifásicos gás/óleo/água, devido à constante agitação e cisalhamento do óleo. A
presença de espuma reduz a eficiência de separação das fases, acarretando arraste de líquido pelo gás
natural e paradas não programadas de equipamentos na planta de processamento de petróleo (336). A
formação de espuma é favorecida em petróleos mais viscosos e com maior teor de tensoativos
naturais em sua composição (222). Os agentes anti-espumantes mais comumente utilizados
industrialmente são constituídos por uma mistura de óleo de silicone insolúvel no meio e partícula
sólida, que pode ser sílica ou um polímero (337). Entretanto, pelo fato de acarretarem a desativação
precoce de catalisadores nos processos de refino (338), aditivos à base de silicone poliéter (poli(óxido
de etileneo) - PEO e poli(óxido de propileno) - PPO) vêm sendo estudados (339).
A utilização de produtos multifuncionais ou produtos combo tem se mostrado como uma alternativa
atraente para solução de problemas de origens distintas durante a produção de petróleo. Tais produtos
podem ser constituídos por uma mistura de moléculas, cada qual com uma função específica, ou por
uma única molécula multifuncional capaz de atuar na solução de mais de um problema (184).
No entanto critérios especiais são estabelecidos para a seleção e uso de solventes orgânicos e de
compostos coadjuvantes na elaboração de formulações químicas. A presença de solventes de natureza
aromática, tais como os BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos), e de solventes halogenados
e fenólicos tem sido fortemente rejeitada nas instalações de produção de petróleo, notadamente nas
Resumidamente, para uma avaliação econômica confiável continua valendo a correlação entre custo e
benefício, respectivamente da aquisição comercial e do resultado de aplicação do produto. Em geral,
costuma-se gerar um valor monetário por volume de petróleo envolvido na dosagem química do
aditivo, por exemplo, US$ / barril, ou seja, a expressão indica quantos dólares, ou centavos de
dólares, oneraram a produção de um barril de petróleo por uso de um dado aditivo químico. Os
valores obtidos desta forma permitem uma melhor avaliação comercial de um grupo de aditivos
destinados a uma mesma finalidade.
Resumo
A Tabela 8 resume as operações de exploração e produção na quais os polímeros são utilizados.
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