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A Dimensão Trágica em - Frei Luís de Sousa
A Dimensão Trágica em - Frei Luís de Sousa
Luís de Sousa
«A tragédia grega vai preparando o espetador para o desenlace trágico fornecendo-lhe, através de
«presságios», sinais que indiciam o desfecho terrível, que preveem a fatalidade inultrapassável.
Na história de Frei Luís de Sousa […] há toda a simplicidade de uma fábula trágica antiga.»
O que é a tragédia?
Cultivada na Grécia Antiga, a tragédia é um género literário, escrita em verso em tom solene,
cujo fim é suscitar o terror e a piedade.
Almeida Garrett escreveu o drama Frei Luís de Sousa como se fosse uma «tragédia», dotando-o da simplicidade característica das
tragédias da Antiguidade Clássica e obedecendo às regras de concentração:
A ação desenrola-se em pouco mais de uma semana, destacando-se a sexta-feira (duas) como dia
trágico.
Neste desenrolar da ação, existem datas e períodos de tempo carregados de simbolismo, nomeadamente o
número de sete e seus múltiplos (14, 21): sete anos se passam entre a morte de D. João de Portugal e o
casamento Manuel de Sousa Coutinho, 21 anos entre a Batalha da Alcácer-Quibir e o regresso do primeiro
marido de D. Madalena.
O espaço
As personagens
Estas personagens estão relacionadas entre si, porque são uma família,
ou muito próximas do núcleo familiar (Telmo).
Indícios trágicos
«[…] é o da ilha encoberta onde está el-rei D. Sebastião, que não morreu e que há de vir,
um dia de névoa muito cerrada… Que ele não morreu; não é assim, minha mãe?» (Cena
III, Ato I)
A dimensão trágica
Indícios trágicos
A mudança para o palácio de D. João de Portugal, que sugere aproximação a um tempo passado
que se não deseja:
«[…] mas tu não sabes a violência, o constrangimento de alma, o terror com que eu penso em
ter de entrar naquela casa. Parece-me que é voltar ao poder dele, que é tirar-me dos teus
braços, que o vou encontrar ali…» (Cena VIII, Ato I)
Indícios trágicos
A situação dos condes de Vimioso, que indicia o final do drama no que diz respeito ao
casal:
«Verem-se com a mortalha já vestida e ... vivos, sãos ... depois de tantos anos de amor.» (Cena
VIII, Ato II)
A dimensão trágica
Elementos da tragédia
Incêndio do palácio.
«[…] estou pronta a obedecer-te sempre, cegamente, em tudo. Mas, oh! esposo da minha
alma…» (Cena VIII, Ato I)
«Estava ali um brandão aceso, encostado a uma dessas cadeiras que tinham posto no meio da casa;
dava todo o clarão da luz naquele retrato… […] Oh meu Deus!... ficou tão perdida de susto, ou não
sei de quê […]» (Cena I, Ato II)
A dimensão trágica
Elementos da tragédia
«Oh! que amor, que felicidade… que desgraça a minha!» (Cena I, Ato I)
Telmo Pais sente-se dividido entre o amor por Maria e o que ainda tem por D.
João de Portugal:
«É que o amor desta outra filha, desta última filha, é maior, e venceu… venceu,
apagou o outro. Perdoe-me, Deus, se é pecado. Mas que pecado há de haver com
aquele anjo?» (Cena IV, Ato III)
A dimensão trágica
Elementos da tragédia
«Desgraçada filha, que ficas órfã!... órfã de pai e de mãe… (pausa)… e de família e de
nome, que tudo perdeste hoje…» (Cena I, Ato III)
A dimensão trágica
Elementos da tragédia
O incêndio do palácio serviu para encaminhar as personagens para o seu destino final:
«[…] como é esta vida miserável que um sopro pode apagar em menos tempo ainda!» (Cena XI,
Ato I)
A dimensão trágica
Elementos da tragédia
Pathos (sofrimento):
«Peço-te vida, meu Deus (ajoelha e põe as mãos), peço-te vida, vida, vida… vida para ela,
vida para a minha filha!... saúde, vida para a minha querida filha!...» (Cena I, Ato III)
A dimensão trágica
Elementos da tragédia
Pathos (sofrimento):
«Levai o velho que já não presta para nada, levai-o, por quem sois!» (Cena IV,
Ato III)
«Eu faço por estar alegre, e queria vê-los contentes a eles… mas não sei já que diga […].»
(Cena IX, Ato II)
Maria de Noronha sofre por causa da doença, dos presságios e do fim da família:
«Minha mãe, meu pai, cobri-me bem estas faces, que morro de vergonha… (esconde o rosto no
seio da mãe) morro, morro… de vergonha…» (Cena XII, Ato III)
A dimensão trágica
Elementos da tragédia
Clímax (auge):
«Agora acabo: sofrei, que ele também sofreu muito. – Aqui estão as suas palavras: «Ide a D.
Madalena de Vilhena, e dizei-lhe que um homem que muito bem lhe quis… aqui está vivo… por
seu mal!... e daqui não pôde sair nem mandar-lhe novas suas de há vinte anos que o trouxeram
cativo».» (Cena XIV, Ato II)
A dimensão trágica
Elementos da tragédia
Anagnorisis (reconhecimento):
Elementos da tragédia
Consolide
A dimensão trágica
O tempo da ação (sexta-feira, fim da tarde, noite) e o afunilamento do espaço adensam o fatalismo e
A prenunciam o dia aziago, tornando-se elementos trágicos.
Solução
A dimensão trágica
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D Hybris 4 sofrimento