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Estudo das formulações cosméticas de uso capilar

Farmacêutico Renan Diniz Ferreira


CRF MG 29.412

Mestrando em Ciências Morfofuncionais - Universidade Federal de São João del Rei - UFSJ​
Especialista em Farmácia Hospitalar - FAMEESP
Especialista Qualidade de Vida nas Organizações - Instituto Federal do Sudeste de Minas - Campus São João
del Rei
Funções dos pelos
Os diferentes papéis dos cabelos

Quimioterápicos atuam na célula
tumoral, que tem alto índice
germinativo.


As células do folículo piloso
também tem um alto índice de
proliferação celular.


Além do cabelo podem cair
outros pelos do corpo, como
cílios e sobrancelhas.
Tipos de Cabelos
Cabelos apresentam diferentes características, de acordo com o grupo étnico ao qual a
pessoa pertence e da genética de cada um. As variações raciais e individuais irão
determinar o padrão de crescimento e também forma e textura.


Cabelos lisos são típicos de etnias mongólicas, orientais, esquimós e indígenas.

Cabelos ondulados são típicos dos caucasianos, mas podem ser encontrados em
diversas etnias.

Cabelos crespos, comuns na etnia negra, possuem formato elíptico e achatado
helicoidal, o que lhe confere aspecto encaracolado.
Anatomia funcional do folículo piloso

O folículo que gera a haste a pele humana contém aproximadamente 5 milhões
de folículos pilosos, com cerca de 100.000 folículos presentes no couro
cabeludo.

Este número pode variar conforme a cor dos cabelos.

A maioria dos pelos se encontra em locais visíveis, com conotação psicossocial
importante.

Embora os três tipos principais de folículos pilosos (lanugo, vellus e terminal)
tenham diferenças na sua estrutura e pigmentação, eles seguem os mesmos
princípios de formação.
Ciclo Capilar

FASE ANÁGENA

 Na fase anágena, o cabelo está crescendo ativamente, e materiais


são depositados em sua haste pelas células da papila folicular.
 A duração desta fase é determinada geneticamente e varia
dependendo do sítio anatômico estudado.
 Há pessoas que podem ter os cabelos bem compridos porque têm
uma fase anágena de longa duração.
 Entretanto, os indivíduos que possuem uma fase anágena curta não
conseguem que seus cabelos atinjam um comprimento longo. Apesar
de a cultura popular ensinar diversas fórmulas e simpatias para fazer
os cabelos ficarem mais longos, o comprimento máximo do cabelo de
cada indivíduo é geneticamente determinado e não sofre influência
de suplementação vitamínica ou tratamentos tópicos.

FASE CATÁGENA

 Fase do repouso.
 O cabelo diminui até 1/3 do tamanho.
 O bulbo capilar desaparece.
 Durante a fase catágena, a papila folicular encolhe e sai, do saco
epitelial, o cabelo em “clava”.
 Os melanócitos também cessam o conteúdo de melanina.
 Menos de 1% dos cabelos está nesta fase de involução, que pode
durar entre 2 e 3 semanas.

FASE TELÓGENA

 O cabelo fica em fase telógena por 3 meses, e aproximadamente 10-


15% dos fios de cabelo estão em repouso, refletindo uma queda de
100-120 fios por dia normalmente.
 O fio se desprende da papila dérmica.
 O fio caíra ou ficará preso na parede do folículo até outro pelo
crescer e tomar lugar do pelo antigo.
Composição da haste capilar

A haste capilar é uma estrutura essencialmente lipoproteica e sem vida.


O cabelo terminal é composto por três camadas: cutícula, córtex e
medula.

- A parte mais externa é a cutícula que se constitui de células mortas


achatadas, sobrepostas umas às outras como telhas de um telhado. Tais
células são denominadas escamas.
- Mais internamente, vem o córtex que constitui a área de maior massa
da fibra capilar. As células do córtex contêm no seu interior estruturas
alongadas denominadas macro e microfibrilas de queratina.
- A medula é a camada mais profunda do fio de cabelo e suas funções
são direcionar o crescimento de novos fios de cabelo e auxiliar na
termorregulação.
Estrutura molecular dos cabelos

O cabelo é assim uma fibra natural, elástica e muito resistente.

Grande parte destas propriedades é determinada pela queratina, que como
já foi referido é o principal composto presente nos fios de cabelo.

Cabelos são mais maleáveis e elásticos do que as unhas porque têm
menor quantidade de pontes dissulfeto presentes na queratina, sendo
estas as principais responsáveis pela sua forma helicoidal rígida.

A queratina, com sua conformação espacial típica e suas ligações
químicas, é a principal responsável pela rigidez, força e insolubilidade da
fibra.
Pigmentação natural dos cabelos

A queratina é incolor.

A cor dos cabelos do couro cabeludo é dada pela melanina do córtex e da medula.

O cabelo cinzento ou branco resulta da diminuição da produção de melanina pelos
melanócitos, e é a manifestação mais clássica do envelhecimento


Existem dois tipos de melanina que irão determinar a cor natural dos cabelos:
cinza, loiro, castanho, vermelho e preto, dependendo da quantidade e a taxa de:
- eumelanina (marrom e preta)
- feomelanina (amarela e vermelha).
Pigmentação artificial dos cabelos

Ocorre por meio de soluções alcalinas (pH 9 a 10) à base de amônia que penetram
através da cutícula.

Podem escurecer ou clarear os fios sendo mais eficazes para os fios grisalhos ou
brancos.

O pigmento é permanente não sendo removido jamais por lavagens.

A raiz deve ser tingida a cada 4 ou 6 semanas.

A utilização de uma nova coloração sobre o cabelo já tingido pode danificar os fios.

A coloração permanente resulta de uma reação de oxidação entre paraminofenóis,
metaminofenóis, fenilenodiaminas e peróxido de hidrogênio.

Caso o cabelo seja muito escuro e se queira atingir um tom muito mais claro, é
necessária uma despigmentação prévia.

A diferença entre a coloração com tintura
permanente ou semipermanente
(tonalizante) está somente na presença
de amônia na primeira

A amônia atua elevando o pH do fio, o
que provoca seu intumescimento.

Com isso, o produto consegue penetrar
profundamente através da cutícula,
podendo chegar ao córtex.

Popularmente credita-se à amônia algum
grau de toxicidade ao fio, fato que não é
verdadeiro, pois a amônia não é tóxica,
apenas aumenta a penetração de
substâncias que são comuns aos dois
tipos de tingimento.

Descoloração (luzes, mechas)

- Refere-se à remoção parcial ou total da melanina natural do cabelo.


- O cabelo ruivo é mais difícil de despigmentar do que o castanho.
- O método mais comum envolve o uso de peróxido de hidrogênio a 12% em base alcalina (amônia).
- Inicialmente, os grânulos de melanina são dissolvidos, e o fio tende à cor marrom avermelhado.
- Em seguida, existe uma etapa de descoloração mais lenta. O mecanismo de ação não é totalmente
explicado, porém acredita-se que a primeira fase envolva a destruição de diferentes ligações químicas que
mantêm as partículas dos pigmentos, enquanto que a segunda etapa parece envolver a ruptura da
estrutura polimérica da melanina.
- Longos períodos de permanência como 1 a 2 horas podem danificar intensamente os fios.
- O processo também destrói algumas pontes dissulfeto da queratina, o que leva a um enfraquecimento do
fio.
- Também ocorre dano à cutícula, o que faz com que os cabelos fiquem porosos.
Alisamentos de Cabelo

O alisamento dos cabelos teve seu auge registrado em meados do ano 1900 com a
técnica para alisamento de cabelos afroétnicos que utilizava vaselina sólida e pente de
metal quente a uma temperatura entre 150 e 260°C denominada hot comb.

Ao longo dos anos subsequentes, foram desenvolvidas substâncias químicas que
possibilitaram alisar ou enrolar os cabelos de forma permanente e mais segura.

No final do século XX se observava a procura por cabelos extremamente lisos.

Atualmente, observa-se uma tendência à busca pelos cabelos que melhor lhe agrada,
sendo que o cachos estão sendo aceitos pelas mulheres e homens cacheados.

Produtos para esse tipo de cabelo tem ganhado destaque.
Alisamentos

Fazer leitura de material


suplementar enviado pelo
professor.
Cuidados com a haste capilar

Shampoos


Atualmente, o objetivo dos xampus não é somente a remoção de sebo, suor, restos
celulares, íons, ácidos graxos dos produtos de cabelo, partículas metálicas oxidadas e
impurezas do couro cabeludo, mas também de ajudar na estética dos cabelos.

Hoje, um xampu pode ter mais de trinta ingredientes em sua fórmula, pois, além dos
surfactantes, que são os agentes limpadores, existem os agentes condicionantes para
minimizar a agressão ao fio.

Esses agentes podem ser lipídios, ácidos carboxílicos, agentes catiônicos e silicones
(dimeticona, amodimeticona).
Shampoos - Tensoativos

O principal elemento de um xampu é o surfactante (tensoativo) ou o detergente, que
se constitui de uma molécula com uma porção apolar ou hidrófoba, a qual se liga aos
lipídios do sebo e a outras impurezas, e uma porção polar ou hidrófila, que se liga à
água, permitindo a remoção e o enxágue do material desejado.

Há quatro categorias básicas de surfactantes: aniônico, catiônico, não iônico e
anfotérioco.

Cada um desses grupos tem diferentes qualidades de limpeza do couro cabeludo e
condicionamento dos fios.

Tipicamente, muitos surfactantes são combinados em uma mesma fórmula para
alcançar o resultado desejado.

Os surfactantes aniônicos, como o lauril sulfato de sódio e de amônio, laureto sulfato
de amônio e alfa-olefin sulfonato, são os mais utilizados comercialmente.

São excelentes para remover o sebo do couro cabeludo. Porém, não são bem aceitos
pelos consumidores, devido ao resultado não estético com fios opacos, pouco
maleáveis e difíceis de pentear.

Para que se mantenha o poder limpador do xampu, mas se minimize a retirada
do sebo natural dos fios, muitas fórmulas adicionam outros surfactantes ditos
secundários como os não iônicos.

Os surfactantes catiônicos são utilizados em xampus para cabelos secos ou
quimicamente tratados devido a seu poder limitado de remover o sebo e por
manter os cabelos macios e maleáveis.

O surfactante catiônico mais comum é o cloreto de cetil-trimetil amônio, o qual
forma íons carregados positivamente quando em solução aquosa e apresenta
propriedades de limpeza e poder espumante mais fraco do que os tensoativos
aniônicos.

Já os detergentes não iônicos são utilizados em combinação com os aniônicos
como limpadores secundários, uma vez que apresentam pequena capacidade
de limpar o couro cabeludo. Têm como objetivo suavizar o surfactante
aniônico. Alguns exemplos são PEG-80 laurato de sorbitano e
cocoanfocarboxiglicerinato.

A última categoria de surfactante é
constituída por detergentes anfotéricos,
que são substâncias que apresentam
tanto o polo negativo quanto o positivo.
Isso faz com que eles se comportem
como detergente catiônico em pH baixo e
como aniônico em altos valores de pH.

São exemplos cocodietanolamina,
betaínas, cocoamidopropilbetaína e
cocoanfoacetato.

Esse tipo de surfactante é usado em
xampus para bebês, uma vez que não
irrita os olhos e também é indicado para
cabelos finos.
Estabilizadores de espuma

Uma das características mais importantes de um champô, do ponto de vista do consumidor, é a
sua capacidade de fazer espuma, ainda que isto não represente a capacidade de limpeza do
produto.

Assim, para a produção de uma espuma abundante, cremosa, e estável, é necessária a
incorporação de compostos estabilizadores, tais como as aminas gordas e os óxidos de amina
(tensioativos não iônicos).

Espessantes e opacificantes


Estes compostos alteram as propriedades físicas e óticas dos champôs, sem aumentar a sua
capacidade de limpeza.

Os espessantes aumentam a viscosidade, que muitos consumidores consideram tornar o
champô melhor, e facilitam a sua aplicação, enquanto os opacificantes, são adicionados para
alterar as propriedades óticas, conferindo perlescência ao champô.
Agentes quelantes

Os agentes quelantes ainda que não participem na limpeza do cabelo são essenciais, pois
sequestram os íons de cálcio e magnésio presentes na água, prevenindo a formação de sais
insolúveis que se depositam no cabelo.

Agentes condicionadores

Muitos champôs têm na sua formulação agentes condicionadores, cuja função é a mesma dos
condicionadores completos usados separadamente.

Ativos

As substâncias cosméticas ativas são adicionadas aos champôs para o tratamento ou controlo
de problemas que afetam o couro cabeludo, tais como caspa, seborreia, psoríase ou queda de
cabelo.
Cuidados com a haste capilar

Condicionadores


São substâncias que visam desembaraçar, facilitar o penteado, reduzir a agressão dos
efeitos físicos e químicos aos quais os cabelos são submetidos diariamente, como o
simples ato de pentear, mantendo o aspecto cosmético do fio, sua maciez e diminuindo
o aspecto esvoaçado (efeito antifrizz).

Os condicionadores compõem-se de óleos vegetais e minerais, ceras, álcool de cadeia
longa, substâncias catiônicas (carregadas positivamente), triglicerídeos, ésteres,
silicones e ácidos graxos.

A intenção é a ligação dessas substâncias nos pontos agredidos na cutícula e no
córtex.

Atualmente, o agente mais utilizado como
condicionador é o silicone.

Os silicones como ciclopentasiloxane, dimeticonol,
dimeticona e amodimeticona têm efeito filme e
protegem o fio das altas temperaturas do secador e
da prancha, pois difundem o calor ao longo da fibra.

Também refletem a luz, o que aumenta o brilho.

Os silicones auxiliam a achatar os queratinócitos
anucleados da cutícula, o que faz com que as
escamas não desprendam umas das outras e ajuda
a manter os cabelos desembaraçados.

Recentemente, o cuidado com o fio incluiu a
utilização de filtros solares.
Manifestações no couro cabeludo
Seborréia
Caspa
Dermatite Seborréica
Psoríase

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