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BASES FÍSICAS DA FONAÇÃO

Considerações sobre a
produção dos sons da fala
Trato Vocal - constituição
 Cilindro de 17cm de
comprimento e 4cm de
diâmetro:
 Conjunto de cavidades e
estruturas que participam
diretamente da produção
sonora;
 Limite inferior: região glótica;
 Limite superior: lábios e/ou
narinas.
Trato Vocal - constituição
Produção dos sons da fala

 Dois tipos de fonte sonora:

 Fonte glótica;

 Fontes friccionais.
Fonte glótica
 Produz o som básico
gerado na laringe pela
vibração das pregas
vocais.

 Principal fonte de que


dispomos, fornecendo a
“matéria prima” para a
produção da fala.
Fontes friccionais
 Origem: diversas
contrições ao longo do
trato vocal, modificando o
som glótico.

 O ar é essencial para a
produção da voz, sendo o
combustível energético da
fonação.
Etapas para a produção dos
sons de fala
 Inspiração  laringe abaixa-se
e as pregas vocais (ppvv) são
abduzidas em posição máxima.

 Expiração  laringe eleva-se e


os músculos adutores
aproximam as ppvv.
Funções primárias da laringe
 Proteção:
 A função principal da laringe não é produzir a
voz, mas sim permitir a passagem do ar
durante a respiração e proteger os pulmões
durante o processo de deglutição.

 Vantagem mecânica:
 O fechamento laríngeo também possibilita
ganho de força (exemplo: erguer um peso).
Respiração X Deglutição
Respiração X Deglutição
 Quando o indivíduo está
debilitado ou com problemas
neurológicos, o fechamento
da laringe ocorre com menor
pressão, podendo haver
desvio de alimentos para os
pulmões  aspiração.
 Aspiração: pode provocar
infecção pulmonar e até
mesmo a morte.
Fonação: Teorias
 Van den Berg (1958):

 Fonação resultante do equilíbrio entre as forças


físicas aerodinâmicas da respiração e das forças
mioelásticas da laringe.

 Teoria diretamente vinculada ao princípio de


Bernoulli (matemático suíço, 1700-1782):
Efeito Bernoulli
 “A velocidade do fluxo de um gás ou
fluido através de um tubo é inversamente
proporcional à sua pressão nas paredes
do tubo (a velocidade é máxima e a
pressão mínima no ponto de maior
constrição do tubo)”.
 Aplicações na decolagem de aviões, na
criação da sucção necessária para os
pulverizadores, entre outros.
 Exemplo: ao tomar rapidamente um
refrigerante com canudo, suas paredes se
acoplam pelo processo de sucção.
Efeito Bernoulli aplicado à
produção da voz
 O fluxo de ar acelera-se à medida
que passa pela glote, com a
simultânea redução da pressão
entre as pregas vocais.

 Para que este efeito ocorra, é


necessário que a musculatura
intrínseca da laringe tenha
aproximado consideravelmente as
pregas vocais na linha média.
Efeito Bernoulli aplicado à
produção vocal
 Quando as ppvv fecham a
passagem de ar, a pressão
subglótica começa a aumentar
até que seja suficiente para
separar as ppvv – predomínio
das forças aerodinâmicas.

 O ar subglótico ao escapar
causa redução da pressão e a
força mioelástica das ppvv,
junto ao efeito de Bernoulli,
aproxima-as novamente.
Frequência fundamental da
voz

 Relaciona-se ao número de vibrações que


as pregas vocais realizam durante um
segundo;

 Quanto maior a velocidade dos ciclos


vibratórios, mais alta a frequência do som
emitido e mais aguda a qualidade vocal.
Frequência fundamental da
voz
 Os limites extremos da voz humana são cerca de
60 e 550 Hz para o homem e 110 e 1300 Hz para
a mulher.
Imagine a incompatibilidade auditiva que deve
existir entre um casal cujo homem fala na base
dos 60 Hz e a mulher na base dos 1300 Hz!

 Nota: Nos EUA há casos de divórcios baseados


em incompatibilidade auditiva.
Avaliação indireta e direta das
pregas vocais
Avaliação direta das pregas
vocais
Avaliação direta das pregas
vocais
Avaliação direta das pregas
vocais
Frequência fundamental da
voz
 Depende de vários
fatores, tais como:
 Comprimento das ppvv;
 Espessura das mesmas e
 Caixa de ressonância
(variável segundo as
dimensões do trato
vocal do indivíduo).
Vozes femininas e masculinas
Ressonância vocal
 Amplificação de certas frequências e
amortecimento de outras, dependendo das
características individuais;

 Permite infinitos tipos de qualidade vocal;

 Frequências naturais de amplificação  500,


1.500 e 2.500 Hz.

 Espectro resultante  interação dos fatores de


massa e rigidez.
Vibração das Pregas Vocais:
 Determina a frequência fundamental (f0), que é, portanto,
a frequência glótica (fg) da emissão e, por definição, a
frequência da onda complexa (F0) e a frequência do
primeiro harmônico (f1).

 Exemplo: Sujeito do sexo feminino com frequência


fundamental de 210 Hz: este valor indica que essa é a
frequência da onda complexa, a frequência glótica e a
frequência do primeiro harmônico (f0 = F0 = fg = f1). O
segundo harmônico tem o valor de 420 Hz, o terceiro
630Hz, o quarto 840 Hz e assim por diante.
Frequência fundamental e
harmônicos
Frequência fundamental e
harmônicos: som glótico

 Som glótico: possui fraca


intensidade, sendo
composto pela frequência
fundamental da onda
sonora e seus
harmônicos, que
decrescem numa razão de
12 dB por oitava.
Representação da fonte
glótica
 O espectro da fonte glótica consiste em uma série
de linhas, cada uma representando uma onda
senoidal, igualmente espalhadas entre si por um
múltiplo inteiro da frequência fundamental da
onda complexa; tais componentes do som são
chamados de harmônicos.

 O registro da frequência dos harmônicos pelas


suas intensidades vem da passagem da relação
tempo x amplitude para a relação frequência x
amplitude.
Espectro da fonte glótica
Espectro da fonte glótica: série de
linhas representando cada senoide
Fonte glótica: sons periódicos
(ou quase) como as vogais
 Os sons glóticos apresentam uma
certa variabilidade ciclo a ciclo,
isto é, pequenas variações na
frequência fundamental.

 Ondas quase periódicas na


emissão humana
X
 Emissão artificial realmente
periódica.
Fontes friccionais: sons
aperiódicos como as consoantes
 Fontes básicas para a produção das consoantes: fontes
friccionais.

 As consoantes diferem das vogais por apresentarem uma


constrição acentuada no trato vocal, com pelo menos uma
área bem definida de redução no tubo de ressonância.

 Nas fontes friccionais de sons aperiódicos, o espectro é o


de um ruído que inclui uma gama de frequências, sem a
resolução de continuidade, não existem harmônicos
espaçados como o da fonte glótica.
Espectro da fonte glótica
Pistas acústicas da vogais
 Vogais: definidas pela amplificação inserida na energia
glótica.

 As faixas de frequências amplificadas variam de acordo


com a vogal emitida, representando grupos de harmônicos
que recebem o nome de formantes.

 Os formantes são em número variável, dependendo da


vogal, das características anato-funcionais do indivíduo e
do treino vocal que este possui.
Vozes com treinamento de canto
lírico produzem mais harmônicos
Pistas acústicas da vogais
 Os formantes recebem a designação de F1, F2,
F3 ... Fn, de acordo com os valores das
frequências do espectro.

 Os valores dos formantes representam


frequências naturais de ressonância do trato vocal
na posição articulatória específica da vogal
emitida e são expressos em Hz, por um número
que é geralmente a média das frequências que
este contém.
Pistas acústicas da vogais
 Os três primeiros
formantes são os mais
importantes, suficientes
para fornecer a
identidade da vogal.

 F1 e F2: qualidade de
uma vogal em termos
acústicos e sua
identidade auditiva.
Pistas acústicas da vogais

 Grau de abertura da vogal:


relação direta com a frequência
do F1.

 Grau de anteriorização da vogal:


relação direta com a frequência
do F2.

 F1  deslocamento da língua no
plano vertical; F2  horizontal.
Pistas acústicas da vogais
Pistas acústicas da vogais
Pistas acústicas da vogais
 /a/ oral, central, baixa, aberta.
 /ε/ oral, anterior, média, aberta,
não arredondada.
 /e/ oral, anterior, média,
fechada, não arredondada.
 /i/ oral, anterior, alta, fechada,
não arredondada.
 /Ә/ oral, posterior, média,
aberta, arredondada.
 /o/ oral, posterior, média,
fechada, arredondada.
 /u/ oral, posterior, alta, fechada,
arredondada.
Produção das vogais nasais
 A produção de vogais nasais
apresenta uma configuração
mais complexa do que a das
orais, pelo acoplamento de um
sistema de ressonância,
gerando espectro mais amplo.

 SP: produção de vogais nasais


 RS: vogais apenas nasalisadas.
Fontes Friccionais: consoantes
 Constrição acentuada
no trato vocal com pelo
menos uma região bem
nítida de redução da
área do tubo de
ressonância;

 Sons aperiódicos 
espectro de um ruído
Pistas acústicas das
consoantes
 Descrição das consoantes  especifica-se a região e a
maneira como o som é articulado, respectivamente a zona
(ou ponto) e o modo de articulação.

 Quanto ao ponto e modo, respectivamente, as consoantes


podem ser:

 bilabiais /p,b,m/; labiodentais /f,v/; alveolares


/t,d,n,l,r,s,z/; palatais /,Ʒ,/ ou velares /k,g,/;

 oclusivas /p,b,t,d,k,g,m,n,/; fricativas /f,v,s,z,,Ʒ/ ou


líquidas /l,,r,R/.
Pistas acústicas das
consoantes
Pistas acústicas das
consoantes
 Consoantes surdas 
uso somente da fonte
friccional  VOT (“voice
onset-time”) = positivo

 Consoantes sonoras 
uso da fonte friccional +
fonte glótica  VOT =
zero ou negativo
Distribuição dos sons de fala
(português brasileiro)
Energia X Inteligibilidade da
fala
Produção de palavras
Atuação fonoaudiológica:
canto
Orquestra, Fala e Canto
Classificação das vozes: canto
Identificação da qualidade
vocal: perícia

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