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REVISÃO FUVEST LITERATURA 3o 25-11
REVISÃO FUVEST LITERATURA 3o 25-11
1 - Estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde participou do grupo que introduziu o Realismo em
Portugal, intitulado “Escola de Coimbra”
2 - Trabalhou por muito tempo com jornalismo e diplomacia, passando grande parte da sua vida longe do
seu país de origem;
3 - Maior escritor realista português;
4 - A obra de Eça de Queirós pode ser dividida em três fases:
1ª fase: entre 1866 e 1867
O autor escreveu muitos artigos e crônicas em que elementos românticos estavam presentes, como
a maneira como ele usa os adjetivos
2ª fase
Marcado pela ironia, este foi o período em que Eça fez duras críticas a sociedade portuguesa com o
objetivo de ajudar de alguma maneira na sua reforma e, por isso, pode ser chamado de realista.
Nesta fase, publicou dois importantes livros, “Os Maias” e “Primo Basílio”.
3ª fase
O que antes era pessimista na prosa do autor português passa a terares de esperança. Neste
momento, em que ele já amadureceu bem seu estilo, ele passa a reconhecer as virtudes dos valores
da sociedade portuguesa, como fica claro no livro “A cidade e as serras”. A ironia, no entanto, não é
abandonada, mas ganha tom mais amigável.
5 - A obra A Cidade e as Serras foi publicada um ano após a morte de seu autor, em 1901. Eça de Queirós
Tradicionalmente, a Fuvest exige dos seus candidatos
conhecimentos sobre os princípios dos movimentos literários
contemplados nas obras que exige.
1 - O livro A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, faz parte
do Realismo português e, por isso, apresenta:
1.1 Análise do autor sobre os fatos contemporâneos, o que dá
ao leitor noções precisas do tempo.
1.2 Eça de Queirós apresenta uma visão crítica e objetiva da
sociedade, característica que ele mesmo trouxe para a prosa.
1.3 Há o uso do sarcasmo para relatar os comportamentos de
suas personagens. No caso do livro, isso fica bastante claro
no relato dos acontecimentos na cidade, retratado como
um cenário de frivolidades e caricaturas.
2 - Há referência a um gênero típico da poesia: o bucolismo,
afinal sua personagem principal percebe, por meio
do convívio com a natureza, quesabedoria está muito
A seguir, você descobrirá informações importantes do estilo de Eça de Queirós que
transparecem na obra A Cidade e as Serras:
1 - A obra “A Cidade e as Serras” está dividida em duas partes:
1ª parte: Jacinto em Paris
Seguindo o estilo característico da segunda fase de sua obra, Eça tem um olhar
malicioso sobre a vida de seu protagonista, usando asátira e personagens
caricatos como ferramentas para criticar a “civilização”.
2ª parte: Jacinto em Tormes
Deixando a ironia de lado, o autor passa a demonstrar simpatia e afeto pela tradição
portuguesa, contrariando o que fora visto em suas produções anteriores e
demonstrando um amadurecimento artístico. Nesta parte do livro, então, ele se permite
fazer longas descrições que revelam sua confiança em relação ao passado de Portugal e
às virtudes daquela época.
2 - Além disso, o texto tem um quê de ensaio, dado a relevância da discussão suscitada a
partir do relato de José Fernandes, o narrador-personagem.
3 - Diferentemente dos autores românticos, Eça fugiu do estilo clássico e da até então
tradicional retórica. Por isso, simplificou a sintaxe, inovou o uso da linguagem,
usando neologismos, por exemplo, e deu à frase umamusicalidade.
4 - Na obra há ainda a presença de adjetivos descritivos irônicos e, em algumas situações,
oxímoros, isto é, colocar lado a lado dois termos que se contradizem, como no
caso “Mas, menino, que horrivelmente bem-falante”.
As intenções de um autor ao criar uma história muitas vezes pode ser
observada na caracterização das suas personagens, sobretudo as
protagonistas.
1 - A oposição entre cidade e campo é o principal tópico de Eça de
Queirós neste livro, sobretudo no que diz respeito aos valores
tradicionais do povo português e a noção de progresso, associada
aos outros países europeus. Por isso, na obra “A Cidade e as
Serras”, há dois grandes núcleos:
Habitantes da cidade
Pessoas com desvios de caráter, a exemplo da falsidade e do
interesse pela vida alheia. De maneira, são retratados como
hipócritas;
Habitantes do campo
Embora tenham desconfiado das intenções da personagem
principal quando chegou a Tormes, sempre trataram Jacinto com
respeito e honestidade.
2 - Atenção às seguintes personagens:
José Fernandes
O antigo amigo do protagonista é quem narra esta história. Inicia seu relato falando sobre
a história da família de Jacinto e de como eles se mudaram para a França, informações que
ele julga relevante para o leitor. Encontra Jacinto em Paris e convive com ele durante
muito tempo. Envolve-se com uma prostituta e sofre quando esta o deixa. Nesse meio
tempo, também tentou convencer seu amigo a deixar a cidade, mas a princípio não surte
efeitos. Depois da temporada em Tormes, ele retorna a Paris e se frustra com os costumes
de seus habitantes. Decide voltar para a propriedade rural de seu amigo, onde o encontra
ao redor de uma família feliz.
Jacinto
Apelidado pelos colegas de faculdade de “Príncipe da Grã-Ventura”, o protagonista é um
homem rico, bonito e saudável. No começo do livro, acredita que a cidade é sinônimo de
progresso e que a felicidade está associada à ciência e tecnologia. Por isso, num período
de 7 anos, passa acumular uma variedade de aparelhos e livros, com funções meramente
decorativas ou então sem sentido. No entanto, contrariando o que ele imaginava, tantos
apetrechos apenas o deixavam desanimado. Percebendo o tédio que sentia, Jacinto decide
ir para Tormes, onde sua família tem uma propriedade rural. Ele tenta levar todos os seus
aparelhos para lá, porque via Portugal como um país atrasado, mas de nada adianta, afinal
sua bagagem se perde no caminho. Embora tenha se decepcionado no primeiro momento,
o protagonista muda de opinião e passa a se sentir mais disposto no campo. Além disso,
cria consciência social e começa a ajudar as pessoas mais simples, dando melhores
condições estruturais e maiores salários. Por fim, casa-se com Joaninha, torna- se pai e
Grilo
O criado de Jacinto pensava que seu patrão sofria por causa
dos excessos. Sofreu uma pequena queimadura, certa vez,
num acidente doméstico que virou notícia no principal jornal
parisiense.
Madame Oriol
Membro da alta sociedade francesa, ela foi por um tempo
amante de Jacinto em Paris. Ela também é fã dos avanços
tecnológicos e as utilizava para se manter bonita.
Madame Colombe
Prostituta com quem Zé Fernandes se encontrava porque não
aguentava as frivolidades do número 202 da Avenida Campos
Elísios, residência de Jacinto, de modo que se deixou envolver
pelos seus instintos durante este período da história.
Joaninha
A prima de Zé Fernandes é bela e simples camponesa com
quem Jacinto se casa, ao final do livro.
1 - “Por ser uma obra que se divide em dois grandes blocos, como o próprio título sugere, é
importante que o aluno perceba o quanto o protagonista representa um dilema que, de certa
forma, nos persegue até hoje: até que ponto o acesso ao conhecimento científico e às
tecnologias nos torna mais felizes? Jacinto exalta a cidade e despreza o campo, que ele
considera atrasado. Mas, aos poucos, percebe que há umafelicidade mais genuína na vida
simples do campo.”
2 - “A FUVEST já exigiu conhecimentos sobre o Miguelismo – contexto histórico bem particular de
Portugal em que há a imposição do irmão mais novo de Pedro, Dom Miguel, que passou a
exercer um governo despótico e tirânico –, já que o protagonista é suspeito de ter essa prática
em determinado momento. É um detalhe muito específico que, se o aluno não assistiu uma
aula ou não estava preparado, ele não vai conseguir entender muito bem como isso aparece no
livro. O Sebastianismo, visão mística daquele rei português desaparecido no século XVI, é outro
detalhe que já foi cobrado em exames anteriores.”
3 - “Como a personagem principal, ao final, se torna uma espécie deparadigma, Eça de Queirós
oferece uma solução para o atraso e a decadência de Portugal, que no século XVI era uma das
grandes potências, mas que no século XIX já era um país periférico na Europa. O autor, nesse
livro, assume uma postura um tanto conservadora, resgatando valores tradicionais, como
valorizar a terra e o camponês, para consequentemente resgatar a riqueza de Portugal. Então há
umotimismo que difere esta obra de Eça das demais, em que há críticas negativas e
pessimistas.”
4 - “Jacinto se torna até um modelo a ser seguido pelos fazendeiros, isto é, de investir no
camponês e na terra e não apenas explorá-los indiscriminadamente. Então aí está uma crítica
velada ao capitalismo descontrolado. Já foi exigido uma relação com o socialismo utópico,
porque Eça não acaba completamente com as relações de classe, masminimiza a distância e o
Memórias póstumas de Brás Cubas
Machado de Assis
Nascimento: 21 de junho de 1839, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Faleceu: 29 de setembro de 1908, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
1 - Por conta própria, expandiu sua bagagem cultural,
principalmente literária
2 - Teve longa carreira no jornalismo, trabalhando como
tipógrafo aprendiz aos 16 anos e, mais tarde, escreveu para as
publicações A Marmota, Correio Mercantil e Diário do Rio de
Janeiro. Participou também da Revista Brasileira com
animações
3 - Nestes periódicos, entrou em contato com grandes nomes da
literatura, sobretudo do Romantismo, como Casimiro de
Abreu e Manuel Antônio de Almeida
4 - Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras,
além de ter sido o primeiro a assumir sua presidência
5 - A obra de Machado de Assis pode ser dividida em duas fases:
Convencional
As produções de Machado neste período apresentam alguns tipos
convencionais da prosa romântica, como o sentimentalismo,
embora sem o exagero que era costume na época. No entanto,
elementos que se tornariam tradicionais dos textos do escritor já
aparecem, a exemplo da observação psicológica, e há a ausência de
elementos do Romantismo, como o maniqueísmo.
Realista
Inaugurada pela obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, este
período na vida do autor é marcado por textos com humor
reflexivo,economia vocabular e pessimismo. Já maduro, o autor
aperfeiçoou seu estilo e, por isso, foi nessa fase que ganhou fama.
6 - Em 1880, a Revista Brasileira publicou em formato de folhetim a
história que daria início ao Realismo brasileiro: “Memórias
Póstumas de Brás Cubas”. Um ano depois, os 160 capítulos foram
unificados num livro.
Há quem diga que o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de
Machado de Assis não se encaixa completamente na estética literária
que mais tarde predominaria na literatura nacional durante a segunda
metade do século XIX. E, de fato, é possível notar a influência de
movimentos anteriores a este na prosa machadiana.
1 - A obra de Machado de Assis “Memórias Póstumas de Brás Cubas”,
como integrante doRealismo brasileiro, apresenta atitude
crítica diante da sociedade daquele período, estilo
conciso predominante em toda a narrativa e temas contemporâneos.
Porém, nota-se influências de outros movimentos literários. São eles:
Classicismo
As produções realizadas durante o século XV inspirou o escritor brasileiro
a não exagerar no lirismo e na carga emocional das suas narrativas.
Impressionismo
Contemporâneo ao realismo, este movimento emprestou para a prosa de
Machado alguns recursos, como o relato incerto do passado através
das memórias.
2 - Há algumas proximidades também deste livro às sátiras
menipeias, gênero criado por um antigo filósofo grego cuja
estrutura se assemelha aos romances caracterizado
pela crítica à mentalidade coletiva. Algumas delas são:
2.1 Liberdade em relação à verossimilhança
Perceptível em “Brás Cubas”, afinal o protagonista está morto,
mas ainda assim conta sua história;
2.2 Mistura de diferentes gêneros
Nesta obra, Machado não se limita a narrativa convencional.
Inova ao fazer brincadeiras gráficas, a exemplo do capítulo
intitulado “O velho diálogo de Adão e Eva”, e ainda escreve um
epitáfio;
3 - Embora “Brás Cubas” tenha sido publicado 34 anos antes do
início do Modernismo e o autor falecido há 14, Machado
pareceu prever algumas de suas características, como o uso da
metalinguagem e obras que permitem muitas interpretações
por não terem uma conclusão definida, necessariamente.
Além do fato da narração de Memórias Póstumas de Brás Cubas ser
feita por um defunto-autor, a estrutura e a linguagem através da
qual Machado de Assisconcebeu a obra também são bastante
interessantes, afinal revelam os fundamentos para as análises sobre o
período em que viveu o autor e ainda demonstram as características
do seu estilo.
1 - O narrador é onisciente, mas, por vezes, é também consciente-
participante. Trata-se ainda de um defunto-autor.
2 - A concisão e a correção gramatical são marcas da obra machadiana
que são perceptíveis neste romance.
3 - A metalinguagem está presente no relato de Brás Cubas, que
intercala os episódios de sua história com comentários sobre o
próprio ato de escrever.
4 - Estas interrupções também são utilizadas para refletir sobre
determinado acontecimento ou ainda fazer digressões sobre
diferentes tópicos que Brás relaciona com seu relato, de modo que a
narrativa não segue uma ordem cronológica.
5 - Seu texto é pessimista e niilista, demonstrando a descrença do autor
com relação aos valores vigentes na época.
6 - A ironia e o humor são recursos muito empregados
neste livro e noutras obras da segunda fase de produção
de Machado.
7 - São poucas as descrições e apontamentos sobre
a paisagem são muito raros, afinal o foco do escritor é
o interior das personagens.
8 - Os detalhes são utilizados pelo autor para apontar
a composição do psicológico das personagens. Deste
modo, o autor apenas insere fatos exteriores à
reflexão do protagonista para desvendar profundamente
a mente dele.
9 - Para construir sua narrativa, Machado faz uso de
arquétipos, isto é, algo que já está presente no
inconsciente coletivo, bastante comum no período
clássico.
Para discutir a sociedade na qual vivia, Machado de Assis apresenta ao
leitor a história de Brás Cubas, homem cuja vida foi marcada por
decepções e fracassos, utilizando-se de um tom pessimista,
predominante nestas memórias póstumas.
1 - As apreensões da humanidade, as contradições da sociedade e
ocinismo são os temas retratados nesta obra machadiana.
2 - Ele opta por se dedicar a assuntos que não se limitam geograficamente
ao Brasil ou então que dizem respeito apenas a sua época. São,
portanto,temas universais, como a oposição entre a essência e a
aparência ou ainda o ciúmes.
3 - Contudo, não deixa de denunciar as injustiças sociais e seus meios
utilizados para que estas continuem presentes no Brasil.
4 - A identidade também é discutida nas produções machadianas,
abordando questões relativas à personalidade e os limites da razão.
5 - É ainda perceptível na sua prosa a espiritualidade do homem, que
aparece como impotente frente à ânsia de ser perfeito.
6 - Em outras palavras, Machado revela a complexidade do ser
Machado de Assis foi um autor que explorou muito o lado psicológico de suas
personagens, tradicionalmente homens e mulheres complexos que serviam
como uma espécie de espelho para discutir temas universais presentes na
sociedade brasileira.
Atenção às seguintes personagens:
Brás Cubas
Autor de sua biografia póstuma, este homem rico e solteirão analisa sua
experiência de vida do além, atendo-se principalmente aos seus fracassos,
como sua última tentativa de sucesso: o emplasto, remédio que curaria tudo.
Por narrar sua própria história, ele é o responsável pela caracterização das
demais personagens. Embora fale sobre sua vida, indiretamente, ele examina
com ceticismo a existência do ser humano.
Marcela
Prostituta por quem Brás se apaixonou aos 17 anos. O protagonista dava para
ela muitos presentes e, por isso, Machado a descreveu como “amiga de
rapazes e de dinheiro”. Por causa dela, o jovem quase pôs fim ao dinheiro da
família.
Eugênia
Moça com quem a personagem principal tem um breve romance. Contudo, ele
Virgília
Filha de um político de renome, ela foi o grande amor da vida de Brás, mesmo que o
relacionamento dos dois tenha sido arranjado pelo pai do protagonista para fazê-lo seguir
carreira política. Ainda que ela tenha preferido se casar com Lobo Neves, a relação entre ela
e o criador do emplasto não acabou por completo, já que eles se tornaram amantes. Ela
chega a ficar grávida de Brás, mas o bebê morre antes de nascer. O romance só se encerra
quando o marido dela é eleito presidente de uma província e ela se vê obrigada a se mudar.
Nhã Loló
Moça de 19 anos com quem Brás se casaria se a pretendente escolhida pela irmã do
protagonista, Sabina, não tivesse falecido por causa da febre amarela
Dona Plácida
A antiga agregada de Virgília é uma mulher religiosa que, no livro, é uma representante da
classe média. Ela mora na casa onde Brás e sua amante se encontram, sendo assim a
encarregada de protegê-los.
Quincas Borba
O amigo de infância de Brás é o criador da filosofia do humanitismo, a qual Brás se afilia.
Aparece no livro como pobre louco, mas nem sempre foi assim, como se percebe no livro
realista cujo título leva seu nome.
Prudêncio
Escravo da época em que Brás era criança e quem o protagonista via como amigo. Ele,
quando finalmente recebe sua alforria, decide se vingar dos abusos que sofreu comprando
um escravo e punindo-o igualmente. É, portanto, uma representação para criticar o sistema
escravista, ainda vigente no ano da publicação deste romance.
1 - “‘Brás Cubas’ tem um diferencial que lembra até
a literatura fantástica: não se encaixar totalmente na
verossimilhança, já que a personagem está morta e faz
toda sua narrativa do além. Contudo, suasobservações
são muito realistas, muito verossímeis com aquilo que a
gente vê no dia a dia.”
2 - “O que Brás pensa – e essa é a visão do Machado – é
uma visão muito niilista, quer dizer, uma visão
que despreza os valores humanos. Não porque acredita
que os valores não sejam importantes, mas porque há
essa discrepância entre aquilo que se defende como
valor e aquilo que se efetivamente pratica. Por isso, o
livro é muito pessimista e crítico. Nega que somos
capazes de fazermos uma coisa boa porque achamos
que é bom mesmo. Quando a gente faz, é por
conveniência e não por uma convicção.”
Aluísio Azevedo
O Cortiço
Nascimento: 14 de abril de 1857, São Luís, Maranhão
Faleceu: 21 de janeiro de 1913, La Plata, Argentina
1 - Filho de professores, Aluísio Azevedo nasceu numa das famílias mais cultas do Maranhão.
2 - Irmão do teatrólogo Artur Azevedo.
3 - Diferentemente de José de Alencar, Aluísio Azevedo posicionava-secontra o sistema
escravista. Seu livro “O Mulato” foi destaque na época por falar sobre racismo, tema pouco
comum durante o Romantismo.
4 - Considerava que a República traria progresso ao país, enquanto o clero e a escravidão
simbolizavam, para ele, a decadência.
5 - Foi caixeiro, comerciante, gerente de hotel, professor de gramática e até mesmo de
desenho.
6 - Mais tarde, Aluísio Azevedo tentou ser diplomata e foi nomeado vice-cônsul na Espanha e
no Japão.
7 - Membro da Academia Brasileira de Belas Artes, o escritor chamou atenção pelas
suas caricaturas e cenários para o teatro.
8 - "O Mequetrefe" e "O Fígaro" publicaram alguns dos desenhos de Aluísio Azevedo.
9 - Aluísio Azevedo fazia nos jornais muitas críticas. Ele escreveu também peças de teatro,
romances e folhetins.
10 - Dois anos depois da abolição da escravidão, Aluísio Azevedo publicou a obra "O Cortiço".
Neste período, as habitações populares homônimas a obra eram uma das preocupações no
Movimento literário e estética
1 - A obra se insere num movimento
chamado Naturalismo e, portanto, tem como
características: comportamentos muito
influenciados pela natureza, além de tratar sobre
temas como os vícios humanos e a
misériapresentes no cotidiano das pessoas.
2 - Influência das novas ideias que surgiram após
a Revolução Industrial, como o Cientificismo, mas
principalmente o Determinismo, isto é, a teoria
de que o caráter das pessoas decorre do meio em
que vivem, assim como do momento histórico e
dos aspectos biológicos.
Linguagem e estrutura
1 - O narrador, em tom neutro, explica o motivo para que
as personagens tenham atitudes mal vistas pela
sociedade se valendo de justificativas embasadas na
ciência.
2 - Presença do zoomorfismo, retratando suas
personagens através da aproximação entre os humanos
e os comportamentos animais.
3 -Não segue uma cronologia exata, afinal as personagens
se lembram de fatos anteriores à história, dando ao
leitor uma explicação para seus atos.
4 - Suas descrições do ambiente e das personagens –
através do relato de seus hábitos e ambições – eram
marcadas pelo uso de elementos auditivos, olfativos e
visuais, evidenciando o relato fiel que o autor fez da
Temas
1 - Contrariando o costume romântico de tratar sobre questões amorosas, o
autor fala neste livro a respeito das falhas morais da burguesia, como a
ambição descontrolada.
2 - A saúde pública é outro tópico retratado na obra, principalmente nas
habitações populares, os cortiços, que não tinham condições adequadas
dehigiene e eram um reflexo do grande fluxo de imigração
européia eêxodo rural.
3 - A miscigenação de culturas, por sua vez, é tratada no livro pela relação
entre Rita Baiana e o português Jerônimo, uma versão das personagens de
Alencar Iracema e Martim, sem a idealização característica do romantismo.
4 - O proletariado é também um dos focos, uma vez que Aluísio Azevedo
discute as relações de trabalho.
5 - A discriminação aos negros que o autor assistiu no Maranhão e no Rio de
Janeiro também é tratada através da relação entre Bertoleza e João Romão,
por exemplo.
6 - Em outras palavras, Aluísio Azevedo apresenta ao leitor umasociedade
corrompida pelo dinheiro e, portanto, repleta de desigualdades, em que as
pessoas inocentes assistem a vitória dos desonestos.
Personagens
1 - Moradores de cortiços do Rio de Janeiro que lutavam
para sobreviver.
2 - O autor realizou um intenso trabalho de observação da
população carioca, sobretudo dos habitantes
portugueses, para construir suas personagens.
3 - Personagens femininas, geralmente, não têm grandes
feitos ou êxito na construção de suas famílias, afinal a
sociedade burguesa não dava chances para que elas
participassem ativamente de suas atividades, limitando-
as a leitura de romances, a exemplo de Estela.
4 - Comerciantes e ambiciosos, isto é, João Romão e
Miranda, representam a aristocracia.
5 - Atenção às seguintes personagens:
João Romão
Português cuja maior ambição é enriquecer. Trabalhou muito quando jovem e, por isso,
recebeu do antigo patrão sua taverna quando este decidiu deixar o Rio de Janeiro.
Economizando ainda mais do que antes, ele acabou tornando-se dono da pedreira e do
cortiço, cenário do livro. Assim como faz com Jerônimo e seus demais funcionários, ele
explora Bertoleza, com quem ainda tem um caso amoroso. Contudo, opta por se casar com
Zulmira, visando sua ascensão social e maiores ganhos financeiros. Deste modo, ele é a
representação do capitalista explorador.
Bertoleza
Escrava que trabalha muito na quitanda ao lado da taverna de João Romão. Ainda que ela
pagasse uma quantia grande para poder usar o estabelecimento, ela inicia o livro com quase
todo o dinheiro necessário para pagar sua alforria. No entanto, ela é enganada pelo
português que a explora e de quem é amante. - Miranda: estabelece com João Romão uma
relação antagônica. Casado com Estela, vive uma relacionamento infeliz, que mantém por
temer perder sua posição social e suas regalias de burguês. Mora num sobrado ao lado do
cortiço.
Estela
Casada com o português Miranda há 13 anos, ela vive infeliz. Por isso, tinha relacionamentos
extraconjugais. Seu marido já descobrira, mas preferiu manter o casamento de fachada a
perder seus privilégios.
Firmo
Este capoeira por muito tempo foi companheiro de Rita Baiana. No entanto, o mulato que
simboliza a malandragem no livro coloca-se contra Jerônimo quando descobre seu
Rita Baiana
Esta personagem, conhecida pelo seu jeito provocante, chama a atenção nas festas do
cortiço e pode ser considerada a representação da mulher brasileira.
Jerônimo
Este português chegou ao Brasil com sua família, demonstrando muita disciplina no
trabalho. No entanto, passa por uma transformação gradual ao longo da história,
abrasileirando-se. Ele é um exemplo claro do determinismo nas personagens, já que o
ambiente o influenciou a abandonar seus princípios e a matar até mesmo um homem
em nome do seu amor pela amante.
Piedade
Mulher portuguesa com cerca de trinta anos. Casada com Jerônimo, ela mantém seu
saudosismo com relação ao país e seus hábitos europeus, mas, ao assistir as mudanças
de comportamento de seu marido, sucumbe ao alcoolismo.
Pombinha
Jovem que, por ser uma das poucas pessoas alfabetizadas do cortiço, escreve cartas a
pedido dos vizinhos e lê o jornal sempre que pedem. Noiva do João da Costa, ela espera
apenas a primeira menstruação para se casar. Quando ela finalmente ovula, após um
breve romance com a prostituta Léoni, que sempre a visitava no cortiço, ela se casa,
mas o relacionamento não dura muito tempo. Logo ela se separa e segue o exemplo
desta mulher que sempre a tratou bem, ou seja, torna-se prostituta e passa a cuidar da
filha de Jerônimo e Piedade.
O Cortiço
É quase uma personagem. É ele quem dá unidade a todo o livro e aponta um traço
1 - “A obra faz parte do mesmo contexto histórico de ‘Memórias
Póstumas de Brás Cubas e, por isso, suas estéticas – o Naturalismo e
oRealismo – são irmãs. Contudo, se os realistas, como Machado, se
interessavam mais pela análise psicológica, principalmente
doindivíduo, os naturalistas, como Aluísio, se interessavam mais
pelocoletivo e pelo aspecto mais fisiológico. Enquanto os realistas
preferem retratar mais as camadas mais privilegiadas da sociedade –
Brás, por exemplo, é um rico de berço –, os naturalistas preferem
mais o aspecto social de pessoas menos privilegiadas, expondo
a miséria e a opressãopelas quais elas passam.”
2 - “Há uma visão quase canônica a respeito das ciências da época, já
que as personagens estão ali quase como cobaias para comprovar a
validade do determinismo. Então esse livro tem todo esse ar de tese
acadêmica, de literariamente provar algumas filosofias e teorias
daquele período.”
3 - “O João Romão, por sua vez, é como se fosse uma maneira do autor
de comprovar o capitalismo selvagem e até certo darwinismo
social do homem, que é capaz de fazer qualquer coisa para ascender
Jorge Amado Capitães da areia
Nascimento: 10 de agosto de 1912, Itabuna, Bahia
Faleceu: 6 de agosto de 2001, Salvador, Bahia
1 - Em 1932, tornou-se militante comunista, fato que o levou a prisão algumas vezes ao longo
desta década. Foi durante este período que publicou “Capitães da Areia” e outros romances,
como “Mar Morto”.
2 - Foi eleito deputado federal do Partido Comunista Brasileiro, em 1945, e foi responsável pela
lei que permite a liberdade do culto religioso.
3 - Exilou-se em 1948, quando seu partido passou a ser considerado ilegal.
4 - Seus livros chegaram a ser proibidos nos Estados Unidos, durante parte das décadas de 1940
e 1950, período em que vigorava o macarthismo.
5 - Abandonou o PCB quando se tornou público o que Stálin estava fazendo na União Soviética,
embora tenha confessado que já tinha conhecimento deste fato há dois anos.
6 - Após a morte do seu amigo Graciliano Ramos, assumiu a presidência da Associação
Brasileira de Escritores.
7 - Entrou na Academia Brasileira de Letras, em 1961.
8 - É um dos escritores brasileiros mais publicados no mundo e, por isso, sua obra foi traduzida
para cerca de 50 idiomas.
9 - Descrevia-se como “apenas um baiano romântico e sensual”.
10 - A primeira edição deste romance saiu durante a ditadura de Vargas e, dada a proximidade
do autor às ideias socialistas, foi apreendida e alguns de seus exemplares, queimados. Em
Movimento artístico
1 - Este livro está inserido no contexto da Segunda
Geração do Modernismo brasileiro, sendo classificado,
mais especificamente, no gênero neorrealista
regionalista.
1.1 Embora o estilo varie bastante entre os autores deste
movimento, a análise das estruturas sociais está
sempre presente nas suas obras.
1.2 A maioria dos escritores era simpática à ideologia
marxista, como Graciliano Ramos e Rachel de Queirós.
1.3 Uso de marcas da oralidade na escrita, herança dos
primeiros modernistas.
2 - Sua prosa mistura influências do Romantismo e
Realismo, movimentos tradicionalmente vistos como
contrastantes.
Linguagem e estrutura
1 - O narrador é onisciente e se simpatiza com o grupo de
menores abandonados. No seu relato, predomina o discurso
indireto livre.
2 - O estilo coloquial está presente na linguagem, mas também
na estrutura sintática das frases, uma vez que o autor
escreve usando orações coordenadas, por exemplo.
3 - O ritmo da narrativa é semelhante ao do contador de
histórias: natural e descontraído. Neste ponto, Jorge Amado
e Graciliano Ramos apresentam diferenças, uma vez que o
último preza pela precisão semântica, por exemplo.
4 - A segunda e a terceira pessoa aparecem misturadas nas
frases.
5 - Nos diálogos, além de usar o registro popular, Jorge Amado
utiliza palavras chulas.
6 - A obra está dividido em 3 partes:
I. Sob a lua num velho trapiche abandonado
Apresentação dos membros dos Capitães da Areia e descrição dos espaços físicos, como o
trapiche em que vivem, e da sociedade na qual estão inseridos por meio de alguns fatos
II. A noite da grande paz dos teus olhos
Uma menina passa a integrar pela primeira vez o grupo dos meninos de rua, fato
explorado nessa parte. Além de se tornar noiva e esposa de Pedro Bala, Dora ainda é
vista como mãe e irmã pelos demais garotos
III. Canção da Bahia, canção da liberdade
Alguns meninos abandonam o trapiche, como Volta Seca. Outras personagens, antes
marginalizadas, desenvolvem consciência política e alinham-se, cada qual a sua
maneira, ao socialismo, mudança de comportamento comum na prosa de Jorge Amado
7 - Antes delas, o autor introduz o tema dos menores abandonados através de uma série
de cartas publicadas no Jornal da Tarde de Salvador. Sob o título “Cartas à redação”,
reuniu-se a notícia de um dos roubos realizados pelos Capitães da Areia e cartas que
denunciavam alguns problemas institucionais referentes à delinquência, como as
condições de tratamento das crianças e jovens nos reformatórios. Em seguida, o diretor
do reformatório, também em carta, convida algum dos jornalistas a visitar a instituição
e observar pelos próprios olhos como as acusações eram falsas. Com data e horário
marcado, o redator pode observar a “eficiência” do reformatório e, por isso,
reproduziu nas páginas do jornal a versão oficial.
Temas
1 - Antes mesmo da década de 1960, Jorge Amado já tratava
da sexualidade, um dos motivos para ser considerado um autor
polêmico.
2 - Os menores abandonados e a ineficácia de instituições como o
orfanato e o reformatório são os grandes temas no livro. O autor
demonstrou, assim, o pouco interesse da grande maioria dos
cidadãos de reintegrar esses jovens à sociedade.
3 - Jorge Amado tratou com lirismo a vida daqueles que viviam às
margens da sociedade, traço marcante em toda sua obra.
Colocando as personagens mais humildes como boas, já que seus
crimes são consequência dos problemas sociais, e as
representantes da burguesia como ruins, pode-se identificar
uma visão maniqueísta neste livro.
4 - Diferentemente de “Vidas Secas”, os conflitos dos internos das
personagens que vivem no trapiche são pouco explorados
criticamente.
Personagens
1- Meninos de rua que dormem num armazém abandonado e que sobrevivem a
partir da venda de objetos roubados;
2 - Embora demonstrem maturidade, cada um da sua maneira, eles não passam de
crianças, como fica claro no episódio do carrossel;
3 - Em Capitães da Areia, de Jorge Amado, há dois tipos de personagens:
I - Planas
Representados nos Capitães de Areia por Volta Seca e Gato, estas personagens
apresentam uma característica predominante (o constante ódio e a malandragem,
respectivamente) e comportam-se da mesma maneira do começo ao fim do livro
II - Redondas
Estas personagens são mais profundas e surpreendem o leitor por adquirirem,
gradativamente, uma nova visão de mundo. Dois exemplos são Pedro Bala e
Pirulito.
4 - Atenção às seguintes personagens:
Pedro Bala
Desde os cinco anos, o líder dos Capitães da Areia vaga pelas ruas de Salvador, já
que seu pai morreu durante uma greve sindical e ele nunca soube nada sobre sua
mãe. Dono de uma cicatriz no rosto, consequência de uma briga com o antigo
chefe dos meninos, o jovem loiro passa por um processo de conscientização
política e torna-se, ao final do romance, líder de um movimento de esquerda.
Dora
Adolescente doce e bonita que, junto do irmão, Zé Fuinha, integra o bando de cem
meninos que vive no trapiche. Por ser a única menina, ela dará aos jovens o afeto
que não tiveram da família, exercendo o papel de mãe, irmã e até mesmo esposa.
Ela é a razão para que Pedro Bala comece a pensar política e socialmente,
sobretudo depois de ela morrer por causa de uma febre.
Professor
Desde que roubou seu primeiro livro, ele começou a nutrir uma paixão pela
literatura e, por isso, não tinha coragem de vender as obras que furtava. Além de
ler para os meninos e ser reconhecido pelo seu talento no desenho, era ele quem
planejava os roubos. Ao final, viaja para o Rio de Janeiro e torna não apenas seu
nome famoso, mas também a história dos meninos de rua de Salvador.
Gato
O malandro do grupo vivia em meio às prostitutas da cidade e se apaixonou por
uma delas, Dalva. Costumava participar dos planos mais complicados.
Sem-Pernas
Menino coxo que usava sua deficiência para ganhar a confiança de famílias ricas e,
assim, facilitar a entrada dos Capitães da Areia às casas e, consequentemente, o
roubo. Numa dessas situações, o garoto é muito bem tratado por um casal que
perdeu o filho e, por isso, fica em dúvida: permanece na casa, ganhando afeto,
mas traindo seus amigos ou ajuda no assalto e desaponta os únicos adultos que
cuidaram dele. Opta por continuar com os meninos do trapiche.
Pirulito
O único do grupo que era realmente fiel à religião, ouvindo os
conselhos do Padre José Pedro. Segue essa vocação até mesmo no
final do romance, já que se torna sacerdote.
João Grande
No grupo desde os nove anos, este menino era bom e fiel a Pedro
Bala, ainda que tivesse uma força física impressionante. Por isso, é
o protetor dos mais novos.
Volta-Seca
Este menino tinha pelas autoridades grande desprezo. O ódio que o
jovem nordestino tinha na adolescência deu origem ao seu desejo
de se tornar cangaceiro. Este fato se consuma e ele passa a integrar
o grupo do Lampião.
Boa-Vida
Outra personagem marcada pela malandragem, que se sente a
vontade para fazer sacrifícios pelos amigos.
Padre José Pedro
Um dos poucos adultos que tenta ajudar os Capitães da Areia.
“Além da exclusão social das crianças, há também
a exploração dos trabalhadores, principalmente das docas,
referência às areias onde os meninos vivem. Ao fazer estas
denúncias, Jorge Amado praticamente sugere, ao final, que
talvez a única maneira de acabar com isso seja fazendo
uma revolução comunista. É a mensagem que ele deixa,
tanto que o livro é muito centrado no líder dos Capitães da
Areia que de líder de um bando de marginais acaba se
tornando um líder revolucionário. Essa carga social que o
autor imprime ao texto é um dos elementos que mais se
destaca e que os vestibulares costumam exigir”.
Vidas secas
Graciliano Ramos
Nascimento: 27 de outubro de 1892, Quebrangulo, Alagoas
Faleceu: 20 de março de 1953, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro