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REVISÃO

Viagens na minha terra


Almeida Garrett
Nasceu: 4 de fevereiro de 1799, Porto, Portugal
Faleceu: 9 de dezembro de 1854, Lisboa, Portugal
1 - Estilo influenciado pelo arcadismo.
2 - A publicação de seu livro “Camões”, em 1825, marcou o início do Romantismo
português.
3 - Garret se viu em meio à vontade de trazer o progresso e modernizar
Portugal como faziam os países vizinhos e o apego às tradições culturais
lusitanas, que estavam ameaçadas pela mentalidade transformadora.
4 - Participou bastante do cenário político de seu país, sobretudo durante a guerra
civil portuguesa, conflito entre constitucionalistas e absolutistas.
5 - Crítico de seu tempo, Garrett frustrou-se quando percebeu que a vitória dos
liberais não resgatou a glória de Portugal, como ele imaginava.
6 - Fez algumas viagens que, mais tarde, inpirariam a obra Viagens na minha terra,
não apenas dentro de Portugal, mas também durante seu exílio na Inglaterra e na
França, onde aprimorou seu estilo romântico. Publicada em folhetins entre 1845 e
1846 na Revista Universal Lisbonense, este texto foi editado em forma de livro
Principais características do movimento ao qual a obra Viagens na
Minha Terra, de Almeida Garrett pertence:

1 – A obra Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, está inserida


no contexto do Romantismo português de modo que o livro é
marcado pelo caráter emocional da narrativa. São presentes,
predominantemente, dois tipos de emoção:
1.1 Observação afetuosa: as descrições das paisagens com que Garret
se deparou ao longo da sua viagem são um exemplo desta emoção,
assim como a maneira como ele faz comentários sobre seus autores
preferidos;
1.2 Ceticismo cultural: por vezes, o autor é pessimista e usa o humor
para criticar o momento ao qual seu país passava e a postura de
muitos portugueses diante dos últimos acontecimentos.
2 – Como os autores românticos, a construção de suas frases estava de
acordo com os padrões populares daquela época, mas Garrett não
deixava de lado a linguagem correta e sucinta que se usava no
passado.
Almeida Garrett, como crítico de seu tempo e participante ativo do cenário político
português, soube usar da escolha das palavras e da construção das sentenças de suas
obras para demonstrar ao leitor seu ponto de vista. Sabendo disso, estão reunidos aqui
alguns apontamentos a respeito à linguagem e estrutura desenvolvidos por ele no
livro Viagens na Minha Terra. Confira-os a seguir:
1 - O autor apresenta um estilo digressivo, isto é, interrompe sua narrativa para fazer
comentários sobre fatos que acha relevante. Nesses momentos, ele fala sobre aspectos
relativos a muitas áreas, como economia, política, literatura, arquitetura, filosofia e
costumes da época.
2 - Suas opiniões, no entanto, não são colocadas como absolutas. Na verdade, elas são
expostas como possibilidade de raciocínio, dando espaço para o leitor tirar suas próprias
conclusões.
3 - Garrett assume-se narrador quando decide contar sobre sua viagem a Santarém e, por
isso, a narrativa ganha um quê de depoimento, repleto de observações históricas.
4 - Ao falar sobre a viagem, usando a primeira pessoa do singular, a narrativa tem toques
de humor, principalmente em tom crítico.
5 - Quando o autor se debruça sobre o romance de Carlos e Joaninha ou começa a falar
sobre aguerra, sua escrita ganha ares mais dramáticos e ele passa a adotar a terceira
pessoa.
6 - O pessimismo de Garrett pode ser relacionado àquele presente nas obras de Machado
de Assis, com a diferença de que o autor lusitano dirige esse sentimento a questões
relativas exclusivamente a Portugal, enquanto o brasileiro coloca-o direcionado a temas
O enredo do livro, muitas vezes, serve como uma plataforma para os autores
discutirem temas relevantes da sua época. Estes, por sua vez, são recorrentes nas
questões de literatura do maior vestibular do País.
1 - São relatadas três histórias, simultaneamente:
1.1 A viagem de Lisboa a Santarém: como um diário de viagem, o autor registra o
que chamou sua atenção durante esta jornada, seja a péssima limonada que
tomou em Azambuja ou a recordação do poema épico de Camões ao chegar a
Cartaxo. Através deste relato, indiretamente, o autor fala sobre como os fatos
exteriores afetam seus pensamentos íntimos e despertam sua memória.
1.2 Romance de Carlos e Joaninha: já em Santarém, esta história chega ao autor
como um relato de um homem que o acompanhava em sua viagem. Garrett
observava uma janela e, por isso, seu companheiro começa a contar o que
aconteceu com a moça que ali vivia. Os fatos deste romance são contados em
meio a muitas digressões do autor.
1.3 História de Portugal: a guerra civil portuguesa é também discutida na obra, que
antagonizou durante quatro anos os opositores do regime absolutista e aqueles
que apoiavam o D. Miguel (o irmão de D. Pedro I, imperador do Brasil, assumiu o
trono após se casar com D. Maria II, sua sobrinha, para quem Pedro abdicou em
favor). É importante notar que oMiguelismo também está presente no livro “A
cidade e as serras”, de Eça de Queirós.
2 - Os frades e os burgueses também são alvo de discussão no
livro. Embora fossem vistos de maneira negativa numa análise
embasada nos valores modernos, os religiosos eram, para
Garrett, melhores que os barões, representantes da
vulgaridade da burguesia. Estes tipos são retratados através
das personagens Frei Dinis e Carlos, respectivamente, que
estão sempre em oposição.
3 - Há muitas alegorias na personagem Carlos. Por exemplo, a
dúvida entre Georgina e Joaninha é a representação do
conflito vivido pelos portugueses e pelo próprio autor de ter
que escolher entre a modernidade, simbolizada pela
Inglaterra, e a tradição.
4 - Todos os acontecimentos narrados no livro são resgates da
memória de Garrett, uma vez que eles já haviam terminado
quando “Viagens na minha terra” foi publicado, mas
combinado com umpouco da imaginação do autor.
A seguir, conheça a história e a personalidade das personagens mais importantes
da obra Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett e compreenda melhor o
enredo criado por este autor português:
Carlos
O neto de Dona Francisca, em 1830, foi para a Inglaterra depois de uma séria
discussão com o frade. As divergências entre essas duas personagens eram
grandes, afinal Carlos acreditava nas ideias liberais, enquanto Frei Dinis era
bastante conservador. Ao voltar para Portugal, depois de viver uma história de
amor com Georgina, Carlos se apaixona por sua prima, Joaninha, mas pede que
a jovem guarde o relacionamento em segredo. Depois de ser ferido na guerra e
ver-se diante da escolha entre as duas mulheres que ama e da revelação sobre
o seu pai, ele vai embora, deixando uma carta para Joaninha em que justifica
seus atos, e torna-se barão. Em resumo, é a personagem psicologicamente
mais complexa da trama, além de ser um pouco inspirada no próprio autor, a
exemplo do ideal de lutar pela pátria.
Joaninha
“Não era bela, talvez nem galante sequer no sentido popular e expressivo que
a palavra tem em português, mas era o tipo de gentileza, o ideal da
espiritualidade”. Foi assim que Garrett descreveu a jovem de 16 anos que se
apaixonou pelo primo, Carlos. Típica heroína romântica, ela cuidou de sua avó
a vida toda. Ao final, o autor descobriu que ela enlouqueceu depois que seu
Frei Dinis
Antes de ir para o mosteiro de São Francisco e doar seus pertences a Dona
Francisca, Dinis de Ataíde fora um militar. Decidiu deixar esta vida para trás quando
foi encurralado por dois homens e, tentando se defender, os matou. O que ele não
sabia era que se tratavam do pai de Joaninha e do marido da mãe de Carlos, que
estava revoltado com a descoberta de que ela e Dinis tinham um caso. O frade é,
portanto, pai de Carlos e esta história é o grande mistério familiar que permeia
toda a trama.
Dona Francisca
A avó de Joaninha (mãe de seu pai) e de Carlos (mãe de sua mãe), esta senhora
ficou cega após chorar muito, tanto pela partida do seu neto quanto pelo
assassinato que envolveu o frade.
Georgina
Namorada inglesa de Carlos, ela vai ao seu encontro no momento em que ele é
ferido e levado para o mosteiro, onde a revelação sobre sua relação com o frade é
feita. Irmã de outras duas mulheres por quem o jovem português se apaixonou,
ela se tornou a escolhida de Carlos depois que sua irmã mais velha foi prometida
para outro homem e a irmã do meio morreu. Conversando com o frade, ela
descobre o romance entre Carlos e Joaninha e passa a acreditar que o português
não a quer mais. Garrett descobre por meio de um relato do próprio frade que
Georgina retornou para a Inglaterra e tornou-se abadessa de um convento.
1 - “A cada lugar pelo qual passa, o autor escreve a respeito de
uma reminiscência ou reflexão sobre o momento político de seu
país ou faz alguma referência histórica ou literária. Então há no
livro muitas intertextualidades, como com ‘Os Lusíadas’ e ‘Dom
Quixote’. Por isso, essa leitura acaba exigindo um conhecimento mais
detalhado da época e até do passado histórico de Portugal. Então, é
preciso ter paciência ler, inclusive, as notas de rodapé.”
2 - “As personagens que protagonizam essa história que o autor
intercala no texto representam tipos sociais de Portugal. Carlos,
claramente, representa a figura do liberal decadente que traiu seus
princípios, enquanto Joaninha representa de certa forma o povo:
ingênuo, manipulado e depois descartado.”
3 - “Garrett não está contando uma história convencional, com
começo, meio, clímax e fim, que é o que as pessoas normalmente
esperam de um romance tipo narrativa. Então isso pode causar uma
certa confusão nos alunos, mas é importante lembrar que nós
fazemos isso constantemente quando estamos num bate-papo
informal. Dificilmente contamos sequencialmente tudo o que
aconteceu.”
Memórias de um sargento de milícias
A seguir, você poderá conferir aspectos importantes da vida de Manuel
Antônio de Almeida, autor muito bem familiarizado com a cultura
popular brasileira do século XIX, que influenciaram de alguma maneira
seu livro Memórias de um Sargento de Milícias. Bons estudos!

Manuel Antônio de Almeida


Nasceu: 17 de novembro de 1831, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Faleceu: Novembro de 1861, Macaé, Rio de Janeiro
1 - Filho de portugueses humildes, como o protagonista Leonardo.
2 - Participou da primeira sociedade carnavalesca do Rio de Janeiro.
3 - Estudou desenho na Academia Brasileira de Belas Artes e formou-se em
Medicina.
4 - Trabalhou como revisor e redator em jornais, além de ter traduzido
folhetins.
5 - Tentou entrar na política para ter maior estabilidade financeira, mas
morreu antes do início das consultas eleitorais.
A seguir, entenda em quais condições a obra foi
publicada e estabeleça relações com o período
histórico em questão:
1 – O autor se baseou nas memórias de um sargento
de milícias chamado Antônio César Ramos
2 – Originalmente, foi publicada no Correio
Mercantil como um folhetim, entre junho de 1852
e julho de 1853, sem ter o autor identificado
3 – Em 1854 e 1855, seus capítulos foram reunidos
em dois volumes e passaram a ser assinados sob
o pseudônimo de Um Brasileiro
4 – Apenas em 1863, após a morte de Manual
Antônio de Almeida, o livro passou a ser assinado
Entenda a seguir por que Memórias de um Sargento de Milícias,
de Manuel Antônio de Almeida, apresenta mais diferenças do
que semelhanças com relação ao movimento do qual faz parte:
1 – Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de
Almeida, é uma obra doRomantismo brasileiro, embora se
distancie de características marcantes do movimento como:
1.1 Maniqueísmo: o conflito entre o bem e o mal costumava ser
bastante marcada nas obras românticas, mas esta obra foge à
regra, afinal o protagonista não é herói, nem vilão: é um anti-
herói. Nenhum dos outros personagens é também
genuinamente bom ou ruim, todos têm algum desvio de
caráter
1.2 Idealização amorosa: esta característica não aparece neste
livro e isso fica claro quando o narrador descreve Luisinha, par
romântico de Leonardo, como desgraciosa. Portanto, o autor
opta pelo uso do humor em vez de usar uma adjetivação
A linguagem e a estrutura do livro apontam muitas informações
sobre como o autor enxergava e criticava a sociedade na qual
vivia e ainda revelam quais são as características marcantes de
seu estilo. Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel
Antônio de Almeida dá atenção a estes aspectos da obra
adotada pela Fuvest deste ano:
1 – Semelhante a uma novela porque apresenta uma sequência
cronológica de episódios nos quais prevalece a ação
2 – Narrado em terceira pessoa e, por isso, cabe ao bem-humorado
(e por vezes irônico) narrador fazer as poucas reflexões que
aparecem ao longo da história
3 – Enquanto o narrador faz uso da norma culta, os diálogos são
marcados pela oralidade
4 – A neutralidade e o tom informal do narrador são próximos da
linguagem usada nas crônicas jornalísticas, sobretudo nos
momentos em que ele chama a atenção do leitor para algum
Os tópicos discutidos pelo autor através do
enredo de seu livro são também importantes
se você quer se preparar para a Fuvest.
• 1 – Malandragem e o famoso “jeitinho
brasileiro”
• 2 – Costumes cariocas da época, como as
festas populares e a religiosidade
• 3 – Visão carnavalizadora da sociedade, afinal
o autor aponta os desvios de instituições,
como o clero, o governo e a família
Compreender o enredo do livro e as personagens é uma tarefa que faz parte
da rotina de estudos dos vestibulandos interessados em ingressar na USP
no ano que vem. Confira a seguir a quais características das protagonistas
e coadjuvantes você deve prestar atenção:
1 – Retrato da classe média carioca
2 – São anônimas, identificadas geralmente pela sua profissão
3 – Todas as personagens, como Leonardo, oscilam entre a ordem e
a desordem
4 – A classe trabalhadora (escravos) e os grandes proprietários não aparecem
na obra
5 – Atenção às seguintes personagens:
Leonardo Pataca
O meirinho era um português que costumava vender roupas e que decide
viajar para o Brasil. Ainda no navio, conhece Maria das Hortaliças e deste
relacionamento nasce Leonardo. Contudo, este romance não dura muito
tempo e ele acaba se casando com Chiquinha.
Maria das Hortaliças
Leonardo - O protagonista, considerado a personificação do malandro carioca, foi desde pequeno
travesso e, por isso, difere do tradicional herói das obras românticas. “Filho de um beliscão e uma
piscadela”, esta personagem foi criada pelos padrinhos, já que os pais não suportavam suas
traquinagens. Apenas ao final do livro ele se assenta na profissão de sargento de milícias e casa-se
com Luisinha.
Barbeiro - Também chamado de compadre, é o padrinho de Leonardo e o responsável por sua
criação. Embora seja uma personagem aparentemente honesta, ele roubou uma herança do
comandante de um navio que, posteriormente, é deixada para Leonardo.
Comadre - A madrinha de Leonardo defende-o a todo custo, como quando tenta indispor José
Manuel e Dona Maria para impedi-lo de casar com Luisinha, moça por quem seu afilhado se
interessava. A parteira é ingênua e bastante religiosa, mas fica atenta às fofocas das beatas.
Major Vidigal - Esta personagem, responsável por impor a lei durante toda história, é de fato uma
figura histórica. O militar persegue Leonardo para condená-lo por seus crimes (e vingar-se da
humilhação pública que passou quando Leonardo escapou a caminho da prisão), mas integra-o ao
final à milícia.
Dona Maria - Dedicada à religião, era uma senhora rica e gorda que adorava uma disputa judicial.
Sem filhos, é ela quem fica com a guarda de Luisinha depois da morte de seus pais.
Luisinha - A sobrinha de Dona Maria é vista como desengonçada e sem charme e, por isso, foge dos
padrões da caracterização do par romântico deste período. A órfã se casa com José Manuel por
causa da vontade de sua tia, mas, depois de ficar viúva, casa-se com o protagonista.
Vidinha - Cantora de modinhas com cerca de 20 anos por quem Leonardo se apaixona certa vez e
com quem vive durante um tempo numa casa com outros jovens.
José Manuel - Calculista, esta personagem aproxima-se de Luisinha apenas por causa da herança
• 1 – “Muitas vezes, a FUVEST aborda a temática da
malandragem comparando este livro com outras obras.
Então, é possível ter uma questão tratando de como essa
característica do protagonista – que não se interessava
por estudo bem por trabalho – pode ser encontrada
também no Brás Cubas, malandro embora da elite, e
no ‘O Cortiço’, na personalidade de Firmo”

• 2 – “Ainda é possível uma comparação entre a


malandragem do Leonardo e ‘Capitães da Areia’, em que
algumas personagens são notoriamente malandras, como
o Gato e o Boa-Vida”
José de Alencar Til
Nascimento: 1º de maio de 1829, Fortaleza, Ceará
Faleceu: 12 de dezembro de 1877, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
1 - Nas reuniões de família, o adolescente José de Alencar adorava ler livros românticos para entreter
seus parentes.
2 - Nesta mesma etapa de sua vida, viajou pelo interior do país, indo do Ceará à Bahia. Esta experiência
o inspirou a criar as paisagens de alguns de seus romances, como “Iracema”, “O Guarani” e “Til”.
3 - Dividia a literatura brasileira em:
3.1 Lendas sobre o início do Brasil, com temática indígena: “Iracema”
3.2 Fatos referentes à História do país: “O Guarani”
3.3 Realidade nacional contemporânea: “Til”
4 - Pode-se identificar três tipos de autor no Alencar, de acordo com o público a quem se destinava suas
obras
4.1 Moças: casos de amor
4.2 Moços: relatos de heroísmo
4.3 Adultos: foco nas análises psicológicas e crítica a questões latentes da sociedade
5 - Formou-se em Direito. Trabalhou como jornalista em publicações como Correio Mercantil eDiário do
Rio de Janeiro, além de inaugurar no Brasil o gênero crônica jornalística.
6 - Escreveu também peças de teatro, a exemplo de “As asas de um anjo” que, por tratar de prostituição,
um tema polêmico na época, foi proibida de ser encenada. Por isso, não produziu muitos textos
nesta área.
7 - Como seu pai, seguiu carreira política. Foi eleito deputado pelo Partido Conservador e se opôs a
abolição da escravidão, porque acreditava que esta acabaria sem a necessidade de uma intervenção
Para ajudá-lo a investigar o contexto histórico no qual a
obra Til, de José de Alencar está inserida, aqui há algumas
informações sobre como este livro foi lançado
originalmente. Confira-as a seguir e prepare-se para a Fuvest
2016:
1 - Escrito enquanto o autor tentava se recuperar da
tuberculose.
2 - Entre novembro de 1871 e março de 1872, esta história foi
publicada como folhetim no jornalA República.
3 - Mais tarde, tornou-se um livro dividido em quatro volumes.
4 - Foi um sucesso entre o público, de modo que o autor
recebeu uma quantia surpreendente pelos direitos autorais
da primeira edição.
5 - A crítica também o viu com bons olhos por causa das
temáticas abordadas pelo autor decaráter ufanista.
A Fuvest costuma exigir dos vestibulandos conhecimentos não apenas sobre o
enredo das nove obras obrigatórias, mas também sobre as estéticas literárias
das quais fazem parte. Confira a seguir as principais características do
movimento literário do livro de José de Alencar,Til:
1 - “Til”, de José de Alencar, é uma obra que se encaixa nos padrões convencionais
do Romantismo, porque apresenta:
1.1 Estrutura original de folhetim, que preza por prender a atenção do leitor
1.2 Idealização de alguns elementos da narrativa, como é o caso da protagonista
1.3 História de amor e o reconhecimento dos sentimentos que as personagens
sentem
2 - Os conflitos sociais narrados por Alencar recebem uma abordagem
distinta daqueles presentes nos movimentos realista e naturalista:
2.1 O autor romântico encara estas situações como etapas que os heróis precisam
passar paraatingir a libertação
2.2 Os escritores que o sucederam fariam uso de um ponto de vista pessimista
3 - Utiliza elementos da tragédia grega, como o uso de superstições e
presságios na narrativa einfortúnios de algumas personagens.
4 - Repetição de elementos, formando um ciclo, presente nos momentos em que
Berta visitava Zana e esta última recriava os eventos que a deixaram louca.
Dentre os aspectos que devem ser atentados estão a estrutura e a linguagem utilizadas no livro, afinal estas
revelam dados sobre como o autor analisava os acontecimentos contemporâneos a ele, além de
esclarecer qual é o seu estilo.
1 - Constrói um enredo complicado, repleto de perigos e ações surpreendentes. Ao final, no entanto, tudo
encontra estabilidade e explicação, embora não seja muito cotidiana.
2 - O folhetim podia ser dividido em duas partes:
2.1 Episódios complicados que prendem o público
2.2 Desvendar dos fatos da parte anterior através de revelações surpreendentes
3 - A narrativa não segue a ordem cronológica, porque os acontecimentos referentes ao presente da
história precisam do passado para encontrar esclarecimento.
4 - Há interrupções e retomadas de fatos anteriores para chamar atenção do leitor.
5 - Sofreu muitas críticas por empregar uma linguagem que se aproximava da fala dos brasileiros.
Costumava usar, portanto, expressões como “sinhá” e “sô”.
6 - O autor usava adjetivação carregada e dava atenção à pontuação, sobretudo às vírgulas, para dar
o ritmo de conversa comum entre os brasileiros.
7 - Fugia um pouco das regras gramaticais vigentes na época porque tentava construir umaidentidade
nacional.
8 - Alencar faz uso de intertextualidades, como a referência a obra “A Letra Escarlate” de Nathaniel
Hawthorne, quando Besita se vê abandonada, tanto ela quanto a protagonista do autor americano
foram condenadas pela sociedade e tiveram filhas que consideravam muito importantes em suas vidas.
9 - Alencar usava de artifícios com os quais o público já estava familiarizado por integrarem oimaginário
popular.
10 - Apresenta as personagens explorando tanto seus aspectos mais íntimos, quantodescrevendo as ações
e os objetos associados a elas, inspiração que o autor procurou em Balzac e Shakespeare,
respectivamente.
Não entendeu muito bem o que José de Alencar queria discutir por meio
da história de Til? Então confira estes apontamentos sobre os temas
trabalhados na obra e continue se preparando para a Fuvest 2016.
1 - Regionalismo como uma maneira do autor se afastar do progresso
social associado à corrupção presente nas cidades, fato que o
frustrava. Esta é uma maneira de retratar os valores tradicionais do
país ecomportamentos sociais que se mantinham intactos no interior
eanalisá-los criticamente. Por isso, o autor tende a valorizar a
naturezae o nacionalismo.
2 - A idealização é balanceada com a exposição de uma realidade crua,
demonstrando que o “bem” não é predominante.
3 - No livro, a economia também é assunto. Alencar a aborda, por
exemplo, quando o dinheiro é o empecilho para a união de Miguel e
Linda.
4 - A escravidão é parte integrante da trama. O autor insere-os na
história para demonstrar que o estilo de vida destes trabalhadores era
parecido e até melhor que dos operários estrangeiros. São nestes
momentos que o autor expõe sua opinião sobre o tema.
Dentre os conhecimentos cobrados pelas questões de literatura da Fuvest estão a história e
personalidade das personagens principais.
1 - Retrato da divisão social existente nas cidades e na região rural no século XIX, ou seja, de um
lado os grandes proprietários e do outro, os escravos e as pessoas mais pobres
2 - Atenção às seguintes personagens:
Berta
A protagonista do livro é, simultaneamente, menina e mulher, por mesclar a caridade com a
sensualidade. Filha de um romance extraconjugal entre Luís Galvão e Besita, a personagem,
também conhecida como Til e Inhá, é a típica heroína romântica e influencia o comportamento
das demais personagens, como a regeneração de Jão Fera através do trabalho.
Jão Fera
Também conhecido com Bugre, apaixonou-se por Besita, mãe de Berta. Depois da morte da
mulher que tanto amou, ele passou a proteger a protagonista, criando dentro do romance a
oposição arquetípica da Bela e da Fera, por ser sempre muito revoltado. O jagunço, no entanto,
pode ser encaixado no perfil do bom selvagem e sua vida na criminalidade é retratada como
fruto das condições marginais em que vive.
Luís Galvão
O proprietário de terras se envolveu com Besita na juventude e teve uma filha, fato que sua
esposa, dona Ermelinda, desconhece. Sua jovialidade e beleza são as razões para que a maioria
das pessoas se simpatize com ele.
Dona Ermelinda
A esposa de Luís Galvão é filha de um capitalista e a razão para que seu marido tenha algum
poder. Não segue os costumes do interior paulista por ter sido educada aos moldes europeus e
Afonso - Filho do casal a quem pertence a Fazenda das Palmas, ele é galante assim como seu pai. Chega
inclusive a se interessar por sua meia-irmã, Berta, sem saber do seu grau de parentesco.
Linda - A irmã de Afonso recebe a mesma educação que sua mãe, mas, diferentemente dela, não deixa sua
posição social impedir seu relacionamento com pessoas de outras camadas sociais, como Berta e
Miguel.
Brás - Sobrinho de Luís Galvão, este órfão representa na obra o desequilíbrio social, afinal não consegue
aprender os modos ensinados por D. Ermelinda devido aos seus ataques epiléticos e sua debilidade
mental. Odiava a todos com exceção de Berta, a quem apelidou de Til, que tinha paciência para ensiná-
lo o abecedário, por exemplo.
Nhá Tudinha - Mãe biológica de Miguel e adotiva de Berta, essa viúva assistiu sua família perder grande
parte dos seus bens devido a uma má colheita.
Miguel - O irmão de criação de Berta, a quem chama de Inhá, estuda bastante para ascender socialmente.
Inicialmente, era apaixonado pela protagonista, mas ela o convence a amar Linda, mulher com quem
ele se casa.
Gonçalo Suçuarana - Jagunço conhecido como Pinta que inveja Jão Fera e tenta a todo instante ter fama
semelhante a ele, mas ninguém o leva muito a sério. Jão Fera o mata no final.
Besita - Moça humilde que engravidou de Luís Galvão, mas que foi assassinada por seu marido, Ribeiro. Jão
Fera também a adorava.
Ribeiro - Depois de casar com Besita, este homem partiu e ficou muito tempo afastado de casa. Ao
retornar, encontrou sua mulher com uma filha e, revoltado, a matou. Também conhecido como
Barroso, ele ainda jurou se vingar da protagonista e de seu verdadeiro pai.
Zana -
Senhora que enlouqueceu depois de assistir sua patroa, Besita, ser assassinada pelo marido.
Bacorinho -
Animal que, por vezes, intermédia a relação entre homens e que, como Baleia de “Vidas Secas”, passa
1 - “Há no livro um núcleo de conspirações e crimes principalmente
centrado na personagem João Fera, em que uma série
de elementos violentos é explicitada de maneira muito crua. Há
também certa animalização das personagens, fazendo um retrato
da violência tanto física quanto verbal. Isso acaba destoando este
romance do Romantismo convencional na obra do Alencar.”
2 - “Este é um livro diferenciado, até um pouco exótico para o padrão
da época, já que osprincipais romances eram mais urbanos, se
passavam mais nas cidades, como ‘Memórias de um sargento de
milícias’, que é um romance típico dos costumes da época. No
entanto, Alencar também tratou dos jeitos que as pessoas do
interior falavam e se vestiam, seus comportamentos usuais, suas
festas. Então é um livro que tem a peculiaridade de retratar os
costumes do interior.”
3 - “Assim como o ‘Vidas Secas’, ‘Til’ se passa numa região rural. Mas,
no caso desta última obra, o cenário é o interior de São Paulo, no
chamado Oeste Paulista, durante o início da cultura do café.”
Eça de Queirós
A cidade e as serras
Nascimento: 25 de novembro de 1845, Praça do Almada
Faleceu: 16 de agosto de 1900, Neuilly-sur-Seine, França

1 - Estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde participou do grupo que introduziu o Realismo em
Portugal, intitulado “Escola de Coimbra”
2 - Trabalhou por muito tempo com jornalismo e diplomacia, passando grande parte da sua vida longe do
seu país de origem;
3 - Maior escritor realista português;
4 - A obra de Eça de Queirós pode ser dividida em três fases:
1ª fase: entre 1866 e 1867
O autor escreveu muitos artigos e crônicas em que elementos românticos estavam presentes, como
a maneira como ele usa os adjetivos
2ª fase
Marcado pela ironia, este foi o período em que Eça fez duras críticas a sociedade portuguesa com o
objetivo de ajudar de alguma maneira na sua reforma e, por isso, pode ser chamado de realista.
Nesta fase, publicou dois importantes livros, “Os Maias” e “Primo Basílio”.
3ª fase
O que antes era pessimista na prosa do autor português passa a terares de esperança. Neste
momento, em que ele já amadureceu bem seu estilo, ele passa a reconhecer as virtudes dos valores
da sociedade portuguesa, como fica claro no livro “A cidade e as serras”. A ironia, no entanto, não é
abandonada, mas ganha tom mais amigável.
5 - A obra A Cidade e as Serras foi publicada um ano após a morte de seu autor, em 1901. Eça de Queirós
Tradicionalmente, a Fuvest exige dos seus candidatos
conhecimentos sobre os princípios dos movimentos literários
contemplados nas obras que exige.
1 - O livro A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, faz parte
do Realismo português e, por isso, apresenta:
1.1 Análise do autor sobre os fatos contemporâneos, o que dá
ao leitor noções precisas do tempo.
1.2 Eça de Queirós apresenta uma visão crítica e objetiva da
sociedade, característica que ele mesmo trouxe para a prosa.
1.3 Há o uso do sarcasmo para relatar os comportamentos de
suas personagens. No caso do livro, isso fica bastante claro
no relato dos acontecimentos na cidade, retratado como
um cenário de frivolidades e caricaturas.
2 - Há referência a um gênero típico da poesia: o bucolismo,
afinal sua personagem principal percebe, por meio
do convívio com a natureza, quesabedoria está muito
A seguir, você descobrirá informações importantes do estilo de Eça de Queirós que
transparecem na obra A Cidade e as Serras:
1 - A obra “A Cidade e as Serras” está dividida em duas partes:
1ª parte: Jacinto em Paris
Seguindo o estilo característico da segunda fase de sua obra, Eça tem um olhar
malicioso sobre a vida de seu protagonista, usando asátira e personagens
caricatos como ferramentas para criticar a “civilização”.
2ª parte: Jacinto em Tormes
Deixando a ironia de lado, o autor passa a demonstrar simpatia e afeto pela tradição
portuguesa, contrariando o que fora visto em suas produções anteriores e
demonstrando um amadurecimento artístico. Nesta parte do livro, então, ele se permite
fazer longas descrições que revelam sua confiança em relação ao passado de Portugal e
às virtudes daquela época.
2 - Além disso, o texto tem um quê de ensaio, dado a relevância da discussão suscitada a
partir do relato de José Fernandes, o narrador-personagem.
3 - Diferentemente dos autores românticos, Eça fugiu do estilo clássico e da até então
tradicional retórica. Por isso, simplificou a sintaxe, inovou o uso da linguagem,
usando neologismos, por exemplo, e deu à frase umamusicalidade.
4 - Na obra há ainda a presença de adjetivos descritivos irônicos e, em algumas situações,
oxímoros, isto é, colocar lado a lado dois termos que se contradizem, como no
caso “Mas, menino, que horrivelmente bem-falante”.
As intenções de um autor ao criar uma história muitas vezes pode ser
observada na caracterização das suas personagens, sobretudo as
protagonistas.
1 - A oposição entre cidade e campo é o principal tópico de Eça de
Queirós neste livro, sobretudo no que diz respeito aos valores
tradicionais do povo português e a noção de progresso, associada
aos outros países europeus. Por isso, na obra “A Cidade e as
Serras”, há dois grandes núcleos:
Habitantes da cidade
Pessoas com desvios de caráter, a exemplo da falsidade e do
interesse pela vida alheia. De maneira, são retratados como
hipócritas;
Habitantes do campo
Embora tenham desconfiado das intenções da personagem
principal quando chegou a Tormes, sempre trataram Jacinto com
respeito e honestidade.
2 - Atenção às seguintes personagens:
José Fernandes
O antigo amigo do protagonista é quem narra esta história. Inicia seu relato falando sobre
a história da família de Jacinto e de como eles se mudaram para a França, informações que
ele julga relevante para o leitor. Encontra Jacinto em Paris e convive com ele durante
muito tempo. Envolve-se com uma prostituta e sofre quando esta o deixa. Nesse meio
tempo, também tentou convencer seu amigo a deixar a cidade, mas a princípio não surte
efeitos. Depois da temporada em Tormes, ele retorna a Paris e se frustra com os costumes
de seus habitantes. Decide voltar para a propriedade rural de seu amigo, onde o encontra
ao redor de uma família feliz.
Jacinto
Apelidado pelos colegas de faculdade de “Príncipe da Grã-Ventura”, o protagonista é um
homem rico, bonito e saudável. No começo do livro, acredita que a cidade é sinônimo de
progresso e que a felicidade está associada à ciência e tecnologia. Por isso, num período
de 7 anos, passa acumular uma variedade de aparelhos e livros, com funções meramente
decorativas ou então sem sentido. No entanto, contrariando o que ele imaginava, tantos
apetrechos apenas o deixavam desanimado. Percebendo o tédio que sentia, Jacinto decide
ir para Tormes, onde sua família tem uma propriedade rural. Ele tenta levar todos os seus
aparelhos para lá, porque via Portugal como um país atrasado, mas de nada adianta, afinal
sua bagagem se perde no caminho. Embora tenha se decepcionado no primeiro momento,
o protagonista muda de opinião e passa a se sentir mais disposto no campo. Além disso,
cria consciência social e começa a ajudar as pessoas mais simples, dando melhores
condições estruturais e maiores salários. Por fim, casa-se com Joaninha, torna- se pai e
Grilo
O criado de Jacinto pensava que seu patrão sofria por causa
dos excessos. Sofreu uma pequena queimadura, certa vez,
num acidente doméstico que virou notícia no principal jornal
parisiense.
Madame Oriol
Membro da alta sociedade francesa, ela foi por um tempo
amante de Jacinto em Paris. Ela também é fã dos avanços
tecnológicos e as utilizava para se manter bonita.
Madame Colombe
Prostituta com quem Zé Fernandes se encontrava porque não
aguentava as frivolidades do número 202 da Avenida Campos
Elísios, residência de Jacinto, de modo que se deixou envolver
pelos seus instintos durante este período da história.
Joaninha
A prima de Zé Fernandes é bela e simples camponesa com
quem Jacinto se casa, ao final do livro.
1 - “Por ser uma obra que se divide em dois grandes blocos, como o próprio título sugere, é
importante que o aluno perceba o quanto o protagonista representa um dilema que, de certa
forma, nos persegue até hoje: até que ponto o acesso ao conhecimento científico e às
tecnologias nos torna mais felizes? Jacinto exalta a cidade e despreza o campo, que ele
considera atrasado. Mas, aos poucos, percebe que há umafelicidade mais genuína na vida
simples do campo.”
2 - “A FUVEST já exigiu conhecimentos sobre o Miguelismo – contexto histórico bem particular de
Portugal em que há a imposição do irmão mais novo de Pedro, Dom Miguel, que passou a
exercer um governo despótico e tirânico –, já que o protagonista é suspeito de ter essa prática
em determinado momento. É um detalhe muito específico que, se o aluno não assistiu uma
aula ou não estava preparado, ele não vai conseguir entender muito bem como isso aparece no
livro. O Sebastianismo, visão mística daquele rei português desaparecido no século XVI, é outro
detalhe que já foi cobrado em exames anteriores.”
3 - “Como a personagem principal, ao final, se torna uma espécie deparadigma, Eça de Queirós
oferece uma solução para o atraso e a decadência de Portugal, que no século XVI era uma das
grandes potências, mas que no século XIX já era um país periférico na Europa. O autor, nesse
livro, assume uma postura um tanto conservadora, resgatando valores tradicionais, como
valorizar a terra e o camponês, para consequentemente resgatar a riqueza de Portugal. Então há
umotimismo que difere esta obra de Eça das demais, em que há críticas negativas e
pessimistas.”
4 - “Jacinto se torna até um modelo a ser seguido pelos fazendeiros, isto é, de investir no
camponês e na terra e não apenas explorá-los indiscriminadamente. Então aí está uma crítica
velada ao capitalismo descontrolado. Já foi exigido uma relação com o socialismo utópico,
porque Eça não acaba completamente com as relações de classe, masminimiza a distância e o
Memórias póstumas de Brás Cubas
Machado de Assis
Nascimento: 21 de junho de 1839, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Faleceu: 29 de setembro de 1908, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
1 - Por conta própria, expandiu sua bagagem cultural,
principalmente literária
2 - Teve longa carreira no jornalismo, trabalhando como
tipógrafo aprendiz aos 16 anos e, mais tarde, escreveu para as
publicações A Marmota, Correio Mercantil e Diário do Rio de
Janeiro. Participou também da Revista Brasileira com
animações
3 - Nestes periódicos, entrou em contato com grandes nomes da
literatura, sobretudo do Romantismo, como Casimiro de
Abreu e Manuel Antônio de Almeida
4 - Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras,
além de ter sido o primeiro a assumir sua presidência
5 - A obra de Machado de Assis pode ser dividida em duas fases:
Convencional
As produções de Machado neste período apresentam alguns tipos
convencionais da prosa romântica, como o sentimentalismo,
embora sem o exagero que era costume na época. No entanto,
elementos que se tornariam tradicionais dos textos do escritor já
aparecem, a exemplo da observação psicológica, e há a ausência de
elementos do Romantismo, como o maniqueísmo.
Realista
Inaugurada pela obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, este
período na vida do autor é marcado por textos com humor
reflexivo,economia vocabular e pessimismo. Já maduro, o autor
aperfeiçoou seu estilo e, por isso, foi nessa fase que ganhou fama.
6 - Em 1880, a Revista Brasileira publicou em formato de folhetim a
história que daria início ao Realismo brasileiro: “Memórias
Póstumas de Brás Cubas”. Um ano depois, os 160 capítulos foram
unificados num livro.
Há quem diga que o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de
Machado de Assis não se encaixa completamente na estética literária
que mais tarde predominaria na literatura nacional durante a segunda
metade do século XIX. E, de fato, é possível notar a influência de
movimentos anteriores a este na prosa machadiana.
1 - A obra de Machado de Assis “Memórias Póstumas de Brás Cubas”,
como integrante doRealismo brasileiro, apresenta atitude
crítica diante da sociedade daquele período, estilo
conciso predominante em toda a narrativa e temas contemporâneos.
Porém, nota-se influências de outros movimentos literários. São eles:
Classicismo
As produções realizadas durante o século XV inspirou o escritor brasileiro
a não exagerar no lirismo e na carga emocional das suas narrativas.
Impressionismo
Contemporâneo ao realismo, este movimento emprestou para a prosa de
Machado alguns recursos, como o relato incerto do passado através
das memórias.
2 - Há algumas proximidades também deste livro às sátiras
menipeias, gênero criado por um antigo filósofo grego cuja
estrutura se assemelha aos romances caracterizado
pela crítica à mentalidade coletiva. Algumas delas são:
2.1 Liberdade em relação à verossimilhança
Perceptível em “Brás Cubas”, afinal o protagonista está morto,
mas ainda assim conta sua história;
2.2 Mistura de diferentes gêneros
Nesta obra, Machado não se limita a narrativa convencional.
Inova ao fazer brincadeiras gráficas, a exemplo do capítulo
intitulado “O velho diálogo de Adão e Eva”, e ainda escreve um
epitáfio;
3 - Embora “Brás Cubas” tenha sido publicado 34 anos antes do
início do Modernismo e o autor falecido há 14, Machado
pareceu prever algumas de suas características, como o uso da
metalinguagem e obras que permitem muitas interpretações
por não terem uma conclusão definida, necessariamente.
Além do fato da narração de Memórias Póstumas de Brás Cubas ser
feita por um defunto-autor, a estrutura e a linguagem através da
qual Machado de Assisconcebeu a obra também são bastante
interessantes, afinal revelam os fundamentos para as análises sobre o
período em que viveu o autor e ainda demonstram as características
do seu estilo.
1 - O narrador é onisciente, mas, por vezes, é também consciente-
participante. Trata-se ainda de um defunto-autor.
2 - A concisão e a correção gramatical são marcas da obra machadiana
que são perceptíveis neste romance.
3 - A metalinguagem está presente no relato de Brás Cubas, que
intercala os episódios de sua história com comentários sobre o
próprio ato de escrever.
4 - Estas interrupções também são utilizadas para refletir sobre
determinado acontecimento ou ainda fazer digressões sobre
diferentes tópicos que Brás relaciona com seu relato, de modo que a
narrativa não segue uma ordem cronológica.
5 - Seu texto é pessimista e niilista, demonstrando a descrença do autor
com relação aos valores vigentes na época.
6 - A ironia e o humor são recursos muito empregados
neste livro e noutras obras da segunda fase de produção
de Machado.
7 - São poucas as descrições e apontamentos sobre
a paisagem são muito raros, afinal o foco do escritor é
o interior das personagens.
8 - Os detalhes são utilizados pelo autor para apontar
a composição do psicológico das personagens. Deste
modo, o autor apenas insere fatos exteriores à
reflexão do protagonista para desvendar profundamente
a mente dele.
9 - Para construir sua narrativa, Machado faz uso de
arquétipos, isto é, algo que já está presente no
inconsciente coletivo, bastante comum no período
clássico.
Para discutir a sociedade na qual vivia, Machado de Assis apresenta ao
leitor a história de Brás Cubas, homem cuja vida foi marcada por
decepções e fracassos, utilizando-se de um tom pessimista,
predominante nestas memórias póstumas.
1 - As apreensões da humanidade, as contradições da sociedade e
ocinismo são os temas retratados nesta obra machadiana.
2 - Ele opta por se dedicar a assuntos que não se limitam geograficamente
ao Brasil ou então que dizem respeito apenas a sua época. São,
portanto,temas universais, como a oposição entre a essência e a
aparência ou ainda o ciúmes.
3 - Contudo, não deixa de denunciar as injustiças sociais e seus meios
utilizados para que estas continuem presentes no Brasil.
4 - A identidade também é discutida nas produções machadianas,
abordando questões relativas à personalidade e os limites da razão.
5 - É ainda perceptível na sua prosa a espiritualidade do homem, que
aparece como impotente frente à ânsia de ser perfeito.
6 - Em outras palavras, Machado revela a complexidade do ser
Machado de Assis foi um autor que explorou muito o lado psicológico de suas
personagens, tradicionalmente homens e mulheres complexos que serviam
como uma espécie de espelho para discutir temas universais presentes na
sociedade brasileira.
Atenção às seguintes personagens:
Brás Cubas
Autor de sua biografia póstuma, este homem rico e solteirão analisa sua
experiência de vida do além, atendo-se principalmente aos seus fracassos,
como sua última tentativa de sucesso: o emplasto, remédio que curaria tudo.
Por narrar sua própria história, ele é o responsável pela caracterização das
demais personagens. Embora fale sobre sua vida, indiretamente, ele examina
com ceticismo a existência do ser humano.
Marcela
Prostituta por quem Brás se apaixonou aos 17 anos. O protagonista dava para
ela muitos presentes e, por isso, Machado a descreveu como “amiga de
rapazes e de dinheiro”. Por causa dela, o jovem quase pôs fim ao dinheiro da
família.
Eugênia
Moça com quem a personagem principal tem um breve romance. Contudo, ele
Virgília
Filha de um político de renome, ela foi o grande amor da vida de Brás, mesmo que o
relacionamento dos dois tenha sido arranjado pelo pai do protagonista para fazê-lo seguir
carreira política. Ainda que ela tenha preferido se casar com Lobo Neves, a relação entre ela
e o criador do emplasto não acabou por completo, já que eles se tornaram amantes. Ela
chega a ficar grávida de Brás, mas o bebê morre antes de nascer. O romance só se encerra
quando o marido dela é eleito presidente de uma província e ela se vê obrigada a se mudar.
Nhã Loló
Moça de 19 anos com quem Brás se casaria se a pretendente escolhida pela irmã do
protagonista, Sabina, não tivesse falecido por causa da febre amarela
Dona Plácida
A antiga agregada de Virgília é uma mulher religiosa que, no livro, é uma representante da
classe média. Ela mora na casa onde Brás e sua amante se encontram, sendo assim a
encarregada de protegê-los.
Quincas Borba
O amigo de infância de Brás é o criador da filosofia do humanitismo, a qual Brás se afilia.
Aparece no livro como pobre louco, mas nem sempre foi assim, como se percebe no livro
realista cujo título leva seu nome.
Prudêncio
Escravo da época em que Brás era criança e quem o protagonista via como amigo. Ele,
quando finalmente recebe sua alforria, decide se vingar dos abusos que sofreu comprando
um escravo e punindo-o igualmente. É, portanto, uma representação para criticar o sistema
escravista, ainda vigente no ano da publicação deste romance.
1 - “‘Brás Cubas’ tem um diferencial que lembra até
a literatura fantástica: não se encaixar totalmente na
verossimilhança, já que a personagem está morta e faz
toda sua narrativa do além. Contudo, suasobservações
são muito realistas, muito verossímeis com aquilo que a
gente vê no dia a dia.”
2 - “O que Brás pensa – e essa é a visão do Machado – é
uma visão muito niilista, quer dizer, uma visão
que despreza os valores humanos. Não porque acredita
que os valores não sejam importantes, mas porque há
essa discrepância entre aquilo que se defende como
valor e aquilo que se efetivamente pratica. Por isso, o
livro é muito pessimista e crítico. Nega que somos
capazes de fazermos uma coisa boa porque achamos
que é bom mesmo. Quando a gente faz, é por
conveniência e não por uma convicção.”
Aluísio Azevedo
O Cortiço
Nascimento: 14 de abril de 1857, São Luís, Maranhão
Faleceu: 21 de janeiro de 1913, La Plata, Argentina
1 - Filho de professores, Aluísio Azevedo nasceu numa das famílias mais cultas do Maranhão.
2 - Irmão do teatrólogo Artur Azevedo.
3 - Diferentemente de José de Alencar, Aluísio Azevedo posicionava-secontra o sistema
escravista. Seu livro “O Mulato” foi destaque na época por falar sobre racismo, tema pouco
comum durante o Romantismo.
4 - Considerava que a República traria progresso ao país, enquanto o clero e a escravidão
simbolizavam, para ele, a decadência.
5 - Foi caixeiro, comerciante, gerente de hotel, professor de gramática e até mesmo de
desenho.
6 - Mais tarde, Aluísio Azevedo tentou ser diplomata e foi nomeado vice-cônsul na Espanha e
no Japão.
7 - Membro da Academia Brasileira de Belas Artes, o escritor chamou atenção pelas
suas caricaturas e cenários para o teatro.
8 - "O Mequetrefe" e "O Fígaro" publicaram alguns dos desenhos de Aluísio Azevedo.
9 - Aluísio Azevedo fazia nos jornais muitas críticas. Ele escreveu também peças de teatro,
romances e folhetins.
10 - Dois anos depois da abolição da escravidão, Aluísio Azevedo publicou a obra "O Cortiço".
Neste período, as habitações populares homônimas a obra eram uma das preocupações no
Movimento literário e estética
1 - A obra se insere num movimento
chamado Naturalismo e, portanto, tem como
características: comportamentos muito
influenciados pela natureza, além de tratar sobre
temas como os vícios humanos e a
misériapresentes no cotidiano das pessoas.
2 - Influência das novas ideias que surgiram após
a Revolução Industrial, como o Cientificismo, mas
principalmente o Determinismo, isto é, a teoria
de que o caráter das pessoas decorre do meio em
que vivem, assim como do momento histórico e
dos aspectos biológicos.
Linguagem e estrutura
1 - O narrador, em tom neutro, explica o motivo para que
as personagens tenham atitudes mal vistas pela
sociedade se valendo de justificativas embasadas na
ciência.
2 - Presença do zoomorfismo, retratando suas
personagens através da aproximação entre os humanos
e os comportamentos animais.
3 -Não segue uma cronologia exata, afinal as personagens
se lembram de fatos anteriores à história, dando ao
leitor uma explicação para seus atos.
4 - Suas descrições do ambiente e das personagens –
através do relato de seus hábitos e ambições – eram
marcadas pelo uso de elementos auditivos, olfativos e
visuais, evidenciando o relato fiel que o autor fez da
Temas
1 - Contrariando o costume romântico de tratar sobre questões amorosas, o
autor fala neste livro a respeito das falhas morais da burguesia, como a
ambição descontrolada.
2 - A saúde pública é outro tópico retratado na obra, principalmente nas
habitações populares, os cortiços, que não tinham condições adequadas
dehigiene e eram um reflexo do grande fluxo de imigração
européia eêxodo rural.
3 - A miscigenação de culturas, por sua vez, é tratada no livro pela relação
entre Rita Baiana e o português Jerônimo, uma versão das personagens de
Alencar Iracema e Martim, sem a idealização característica do romantismo.
4 - O proletariado é também um dos focos, uma vez que Aluísio Azevedo
discute as relações de trabalho.
5 - A discriminação aos negros que o autor assistiu no Maranhão e no Rio de
Janeiro também é tratada através da relação entre Bertoleza e João Romão,
por exemplo.
6 - Em outras palavras, Aluísio Azevedo apresenta ao leitor umasociedade
corrompida pelo dinheiro e, portanto, repleta de desigualdades, em que as
pessoas inocentes assistem a vitória dos desonestos.
Personagens
1 - Moradores de cortiços do Rio de Janeiro que lutavam
para sobreviver.
2 - O autor realizou um intenso trabalho de observação da
população carioca, sobretudo dos habitantes
portugueses, para construir suas personagens.
3 - Personagens femininas, geralmente, não têm grandes
feitos ou êxito na construção de suas famílias, afinal a
sociedade burguesa não dava chances para que elas
participassem ativamente de suas atividades, limitando-
as a leitura de romances, a exemplo de Estela.
4 - Comerciantes e ambiciosos, isto é, João Romão e
Miranda, representam a aristocracia.
5 - Atenção às seguintes personagens:
João Romão
Português cuja maior ambição é enriquecer. Trabalhou muito quando jovem e, por isso,
recebeu do antigo patrão sua taverna quando este decidiu deixar o Rio de Janeiro.
Economizando ainda mais do que antes, ele acabou tornando-se dono da pedreira e do
cortiço, cenário do livro. Assim como faz com Jerônimo e seus demais funcionários, ele
explora Bertoleza, com quem ainda tem um caso amoroso. Contudo, opta por se casar com
Zulmira, visando sua ascensão social e maiores ganhos financeiros. Deste modo, ele é a
representação do capitalista explorador.
Bertoleza
Escrava que trabalha muito na quitanda ao lado da taverna de João Romão. Ainda que ela
pagasse uma quantia grande para poder usar o estabelecimento, ela inicia o livro com quase
todo o dinheiro necessário para pagar sua alforria. No entanto, ela é enganada pelo
português que a explora e de quem é amante. - Miranda: estabelece com João Romão uma
relação antagônica. Casado com Estela, vive uma relacionamento infeliz, que mantém por
temer perder sua posição social e suas regalias de burguês. Mora num sobrado ao lado do
cortiço.
Estela
Casada com o português Miranda há 13 anos, ela vive infeliz. Por isso, tinha relacionamentos
extraconjugais. Seu marido já descobrira, mas preferiu manter o casamento de fachada a
perder seus privilégios.
Firmo
Este capoeira por muito tempo foi companheiro de Rita Baiana. No entanto, o mulato que
simboliza a malandragem no livro coloca-se contra Jerônimo quando descobre seu
Rita Baiana
Esta personagem, conhecida pelo seu jeito provocante, chama a atenção nas festas do
cortiço e pode ser considerada a representação da mulher brasileira.
Jerônimo
Este português chegou ao Brasil com sua família, demonstrando muita disciplina no
trabalho. No entanto, passa por uma transformação gradual ao longo da história,
abrasileirando-se. Ele é um exemplo claro do determinismo nas personagens, já que o
ambiente o influenciou a abandonar seus princípios e a matar até mesmo um homem
em nome do seu amor pela amante.
Piedade
Mulher portuguesa com cerca de trinta anos. Casada com Jerônimo, ela mantém seu
saudosismo com relação ao país e seus hábitos europeus, mas, ao assistir as mudanças
de comportamento de seu marido, sucumbe ao alcoolismo.
Pombinha
Jovem que, por ser uma das poucas pessoas alfabetizadas do cortiço, escreve cartas a
pedido dos vizinhos e lê o jornal sempre que pedem. Noiva do João da Costa, ela espera
apenas a primeira menstruação para se casar. Quando ela finalmente ovula, após um
breve romance com a prostituta Léoni, que sempre a visitava no cortiço, ela se casa,
mas o relacionamento não dura muito tempo. Logo ela se separa e segue o exemplo
desta mulher que sempre a tratou bem, ou seja, torna-se prostituta e passa a cuidar da
filha de Jerônimo e Piedade.
O Cortiço
É quase uma personagem. É ele quem dá unidade a todo o livro e aponta um traço
1 - “A obra faz parte do mesmo contexto histórico de ‘Memórias
Póstumas de Brás Cubas e, por isso, suas estéticas – o Naturalismo e
oRealismo – são irmãs. Contudo, se os realistas, como Machado, se
interessavam mais pela análise psicológica, principalmente
doindivíduo, os naturalistas, como Aluísio, se interessavam mais
pelocoletivo e pelo aspecto mais fisiológico. Enquanto os realistas
preferem retratar mais as camadas mais privilegiadas da sociedade –
Brás, por exemplo, é um rico de berço –, os naturalistas preferem
mais o aspecto social de pessoas menos privilegiadas, expondo
a miséria e a opressãopelas quais elas passam.”
2 - “Há uma visão quase canônica a respeito das ciências da época, já
que as personagens estão ali quase como cobaias para comprovar a
validade do determinismo. Então esse livro tem todo esse ar de tese
acadêmica, de literariamente provar algumas filosofias e teorias
daquele período.”
3 - “O João Romão, por sua vez, é como se fosse uma maneira do autor
de comprovar o capitalismo selvagem e até certo darwinismo
social do homem, que é capaz de fazer qualquer coisa para ascender
Jorge Amado Capitães da areia
Nascimento: 10 de agosto de 1912, Itabuna, Bahia
Faleceu: 6 de agosto de 2001, Salvador, Bahia
1 - Em 1932, tornou-se militante comunista, fato que o levou a prisão algumas vezes ao longo
desta década. Foi durante este período que publicou “Capitães da Areia” e outros romances,
como “Mar Morto”.
2 - Foi eleito deputado federal do Partido Comunista Brasileiro, em 1945, e foi responsável pela
lei que permite a liberdade do culto religioso.
3 - Exilou-se em 1948, quando seu partido passou a ser considerado ilegal.
4 - Seus livros chegaram a ser proibidos nos Estados Unidos, durante parte das décadas de 1940
e 1950, período em que vigorava o macarthismo.
5 - Abandonou o PCB quando se tornou público o que Stálin estava fazendo na União Soviética,
embora tenha confessado que já tinha conhecimento deste fato há dois anos.
6 - Após a morte do seu amigo Graciliano Ramos, assumiu a presidência da Associação
Brasileira de Escritores.
7 - Entrou na Academia Brasileira de Letras, em 1961.
8 - É um dos escritores brasileiros mais publicados no mundo e, por isso, sua obra foi traduzida
para cerca de 50 idiomas.
9 - Descrevia-se como “apenas um baiano romântico e sensual”.
10 - A primeira edição deste romance saiu durante a ditadura de Vargas e, dada a proximidade
do autor às ideias socialistas, foi apreendida e alguns de seus exemplares, queimados. Em
Movimento artístico
1 - Este livro está inserido no contexto da Segunda
Geração do Modernismo brasileiro, sendo classificado,
mais especificamente, no gênero neorrealista
regionalista.
1.1 Embora o estilo varie bastante entre os autores deste
movimento, a análise das estruturas sociais está
sempre presente nas suas obras.
1.2 A maioria dos escritores era simpática à ideologia
marxista, como Graciliano Ramos e Rachel de Queirós.
1.3 Uso de marcas da oralidade na escrita, herança dos
primeiros modernistas.
2 - Sua prosa mistura influências do Romantismo e
Realismo, movimentos tradicionalmente vistos como
contrastantes.
Linguagem e estrutura
1 - O narrador é onisciente e se simpatiza com o grupo de
menores abandonados. No seu relato, predomina o discurso
indireto livre.
2 - O estilo coloquial está presente na linguagem, mas também
na estrutura sintática das frases, uma vez que o autor
escreve usando orações coordenadas, por exemplo.
3 - O ritmo da narrativa é semelhante ao do contador de
histórias: natural e descontraído. Neste ponto, Jorge Amado
e Graciliano Ramos apresentam diferenças, uma vez que o
último preza pela precisão semântica, por exemplo.
4 - A segunda e a terceira pessoa aparecem misturadas nas
frases.
5 - Nos diálogos, além de usar o registro popular, Jorge Amado
utiliza palavras chulas.
6 - A obra está dividido em 3 partes:
I. Sob a lua num velho trapiche abandonado
Apresentação dos membros dos Capitães da Areia e descrição dos espaços físicos, como o
trapiche em que vivem, e da sociedade na qual estão inseridos por meio de alguns fatos
II. A noite da grande paz dos teus olhos
Uma menina passa a integrar pela primeira vez o grupo dos meninos de rua, fato
explorado nessa parte. Além de se tornar noiva e esposa de Pedro Bala, Dora ainda é
vista como mãe e irmã pelos demais garotos
III. Canção da Bahia, canção da liberdade
Alguns meninos abandonam o trapiche, como Volta Seca. Outras personagens, antes
marginalizadas, desenvolvem consciência política e alinham-se, cada qual a sua
maneira, ao socialismo, mudança de comportamento comum na prosa de Jorge Amado
7 - Antes delas, o autor introduz o tema dos menores abandonados através de uma série
de cartas publicadas no Jornal da Tarde de Salvador. Sob o título “Cartas à redação”,
reuniu-se a notícia de um dos roubos realizados pelos Capitães da Areia e cartas que
denunciavam alguns problemas institucionais referentes à delinquência, como as
condições de tratamento das crianças e jovens nos reformatórios. Em seguida, o diretor
do reformatório, também em carta, convida algum dos jornalistas a visitar a instituição
e observar pelos próprios olhos como as acusações eram falsas. Com data e horário
marcado, o redator pode observar a “eficiência” do reformatório e, por isso,
reproduziu nas páginas do jornal a versão oficial.
Temas
1 - Antes mesmo da década de 1960, Jorge Amado já tratava
da sexualidade, um dos motivos para ser considerado um autor
polêmico.
2 - Os menores abandonados e a ineficácia de instituições como o
orfanato e o reformatório são os grandes temas no livro. O autor
demonstrou, assim, o pouco interesse da grande maioria dos
cidadãos de reintegrar esses jovens à sociedade.
3 - Jorge Amado tratou com lirismo a vida daqueles que viviam às
margens da sociedade, traço marcante em toda sua obra.
Colocando as personagens mais humildes como boas, já que seus
crimes são consequência dos problemas sociais, e as
representantes da burguesia como ruins, pode-se identificar
uma visão maniqueísta neste livro.
4 - Diferentemente de “Vidas Secas”, os conflitos dos internos das
personagens que vivem no trapiche são pouco explorados
criticamente.
Personagens
1- Meninos de rua que dormem num armazém abandonado e que sobrevivem a
partir da venda de objetos roubados;
2 - Embora demonstrem maturidade, cada um da sua maneira, eles não passam de
crianças, como fica claro no episódio do carrossel;
3 - Em Capitães da Areia, de Jorge Amado, há dois tipos de personagens:
I - Planas
Representados nos Capitães de Areia por Volta Seca e Gato, estas personagens
apresentam uma característica predominante (o constante ódio e a malandragem,
respectivamente) e comportam-se da mesma maneira do começo ao fim do livro
II - Redondas
Estas personagens são mais profundas e surpreendem o leitor por adquirirem,
gradativamente, uma nova visão de mundo. Dois exemplos são Pedro Bala e
Pirulito.
4 - Atenção às seguintes personagens:
Pedro Bala
Desde os cinco anos, o líder dos Capitães da Areia vaga pelas ruas de Salvador, já
que seu pai morreu durante uma greve sindical e ele nunca soube nada sobre sua
mãe. Dono de uma cicatriz no rosto, consequência de uma briga com o antigo
chefe dos meninos, o jovem loiro passa por um processo de conscientização
política e torna-se, ao final do romance, líder de um movimento de esquerda.
Dora
Adolescente doce e bonita que, junto do irmão, Zé Fuinha, integra o bando de cem
meninos que vive no trapiche. Por ser a única menina, ela dará aos jovens o afeto
que não tiveram da família, exercendo o papel de mãe, irmã e até mesmo esposa.
Ela é a razão para que Pedro Bala comece a pensar política e socialmente,
sobretudo depois de ela morrer por causa de uma febre.
Professor
Desde que roubou seu primeiro livro, ele começou a nutrir uma paixão pela
literatura e, por isso, não tinha coragem de vender as obras que furtava. Além de
ler para os meninos e ser reconhecido pelo seu talento no desenho, era ele quem
planejava os roubos. Ao final, viaja para o Rio de Janeiro e torna não apenas seu
nome famoso, mas também a história dos meninos de rua de Salvador.
Gato
O malandro do grupo vivia em meio às prostitutas da cidade e se apaixonou por
uma delas, Dalva. Costumava participar dos planos mais complicados.
Sem-Pernas
Menino coxo que usava sua deficiência para ganhar a confiança de famílias ricas e,
assim, facilitar a entrada dos Capitães da Areia às casas e, consequentemente, o
roubo. Numa dessas situações, o garoto é muito bem tratado por um casal que
perdeu o filho e, por isso, fica em dúvida: permanece na casa, ganhando afeto,
mas traindo seus amigos ou ajuda no assalto e desaponta os únicos adultos que
cuidaram dele. Opta por continuar com os meninos do trapiche.
Pirulito
O único do grupo que era realmente fiel à religião, ouvindo os
conselhos do Padre José Pedro. Segue essa vocação até mesmo no
final do romance, já que se torna sacerdote.
João Grande
No grupo desde os nove anos, este menino era bom e fiel a Pedro
Bala, ainda que tivesse uma força física impressionante. Por isso, é
o protetor dos mais novos.
Volta-Seca
Este menino tinha pelas autoridades grande desprezo. O ódio que o
jovem nordestino tinha na adolescência deu origem ao seu desejo
de se tornar cangaceiro. Este fato se consuma e ele passa a integrar
o grupo do Lampião.
Boa-Vida
Outra personagem marcada pela malandragem, que se sente a
vontade para fazer sacrifícios pelos amigos.
Padre José Pedro
Um dos poucos adultos que tenta ajudar os Capitães da Areia.
“Além da exclusão social das crianças, há também
a exploração dos trabalhadores, principalmente das docas,
referência às areias onde os meninos vivem. Ao fazer estas
denúncias, Jorge Amado praticamente sugere, ao final, que
talvez a única maneira de acabar com isso seja fazendo
uma revolução comunista. É a mensagem que ele deixa,
tanto que o livro é muito centrado no líder dos Capitães da
Areia que de líder de um bando de marginais acaba se
tornando um líder revolucionário. Essa carga social que o
autor imprime ao texto é um dos elementos que mais se
destaca e que os vestibulares costumam exigir”.
Vidas secas
Graciliano Ramos
Nascimento: 27 de outubro de 1892, Quebrangulo, Alagoas
Faleceu: 20 de março de 1953, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

1 - Trabalhou em jornais, no comércio e foi até eleito prefeito de


Palmeira dos Índios.

2 - Em Maceió, em meados da década de 1930, foi preso por


ser comunista.

3 - Morou no Rio de Janeiro durante bastante tempo, mas a paisagem


do Nordeste, onde nasceu, foi escolhida como cenário para suas obras.

4 - O quarto romance do escritor, "Vidas Secas", foi publicado em


1938, em meio ao contexto da ditadura varguista e das tensões que
dariam origem à Segunda Guerra Mundial
Movimento literário
1 - A obra encaixa-se na Segunda Geração Modernista. Como “Capitães da
Areia”, é um romance do chamado realismo socialista, gênero bastante
explorado na década de 1930. Contudo, este livro destoa de algumas
obras deste mesmo período:
1.1 Embora seja um romance regionalista, o autor não usa a adjetivação em
excesso para caracterizar a natureza. Ele prefere adotar uma linguagem
seca e limitada, como o próprio cenário do livro. Há, portanto,
uma adequação imitativa;
1.2 Não tem caráter panfletário, isto é, ainda que Graciliano fosse adepto
das ideias socialistas, ele não as defendeu explicitamente no livro.
Diferentemente de Jorge Amado, ele deixa maior espaço para este tipo de
interpretação;
2 - No entanto, segue algumas tendências deste movimento literário, como:
2.1 Uso de expressões típicas, como “fuzuê” e “surra de facão”, para dar
a noção geográfica, essencial a todo romance de caráter regionalista;
2.2 A presença da ironia social, ainda que as personagens se mostrem mais
fortes que o leitor por viver em condições que ele provavelmente não
suportaria;
Estrutura e linguagem
1 - O narrador é onisciente, mas só mostra para o leitor os pensamentos dos retirantes
quando estes estão relacionados a aspectos práticos da vida destes.
2 - Expressa-se usando a terceira pessoa e o discurso indireto-livre, pois as personagens
não conseguem se comunicar por si só e o narrador não tem a intenção de chamar a
atenção para outra existência que não seja a dos retirantes.
3 - Os capítulos, devido à semelhança com contos, podem ser lidos sem seguir uma
ordem, afinal eles têm pouca sequência narrativa.
4 - Não há uma história como se costuma ver nos romances tradicionais. O heroísmo das
personagens está no constante enfrentar das dificuldades impostas pelo meio árido,
no instintoque os mantém vivos.
5 - O autor escreve como se estivesse gravando um filme: faz várias tomadas de uma
mesma cena e expõe minimamente o interior das personagens.
6 - No entanto, quando vai tratar da Baleia, Graciliano se aproxima mais da literatura
narrativa, falando com mais doçura sobre o que se passa na cabeça do animal. Assim,
ele enfatiza ahumanização da cadela.
7 - A linguagem é escolhida de tal maneira que ela, por si só, já caracteriza as condições
em que vivem as personagens: A) Uniformidade: ao usar períodos curtos e
coordenados, cria-se a sensação de que a narrativa é homogênea a todo instante,
assim como demonstra a aridez do cenário e B) Perigo.
8 - Por vezes, esta regularidade é interrompida pela descrição dos gestos e percepções
Temas
1 - O romance se debruça sobre a situação social brasileira no sertão
nordestino ao relatar quais são as condições de vida de uma família de
retirante que sofre com a constante seca e osabusos de poder dos
latifundiárisos.
2 - Por causa deste cenário e da quase que completa ausência de
mediações sociais, as personagens não tem nenhuma característica
exclusiva.
3 - Ao final, uma saída para deixar este ciclo vivido pelas personagens é
revelada: ir para as cidades mais ao sul – esta vontade de Fabiano de
se afastar da seca expressa a realidade de muitos brasileiros, que
saíram do Nordeste em busca de melhores condições de vida. No
entanto, esse fato apenas reforça a continuidade do drama da família,
afinal o livro começa e termina com uma mudança.
4 - É possível comparar Graciliano à Machado de Assis com relação à
interioridade das personagens na trama. Embora no primeiro ela seja
mais discreta, ela faz parte do livro para demonstrar como o
capitalismo afeta a alma das personagens. Já no segundo, a intenção
Personagens
1 - Família de retirantes que enfrenta a dura seca do nordeste brasileiro.
2 - As dificuldades desta vida causam a falta de comunicação entre essas personagens, um dos indícios
da animalização dos humanos. Pode-se notar este fato quando Fabiano tenta entreter a família com
uma história, mas não consegue se expressar direito e, consequentemente, ninguém o entende.
3 - Os filhos do casal Fabiano e Sinhá Vitória não têm nome, pois representam os efeitos de apenas
sobreviver e não propriamente viver. Ou seja, a quase ausência de particularidades que tornam as
pessoas humanas.
4 - Assim como os bichos, sua noção de tempo é vaga.
5 - Assemelha-se à obra machadiana quando coloca Sinhá Vitória num plano psicológico diferente de
Fabiano.
6 - Atenção às seguintes personagens:
Fabiano
Embora não concorde com as contas do patrão, este homem pouco instruído se cala por se
preocupar com o futuro da família. Para superar essa frustração, no entanto, ele bebe. Entre os
membros da família, é o que se sente mais próximo da natureza e, por isso, sente-se inferior quando
está rodeado de habitantes da cidade. Ainda assim tem orgulho de conseguir sobreviver aos desafios
da seca.
Sinhá Vitória
A esposa de Fabiano vem de um meio social melhor que o marido e, por isso, tenta preveni-lo das
trapaças do patrão. Além de saber fazer contas, ela é retratada como a pessoa mais próxima da
cultura por sonhar com uma cama com tiras de couro, enquanto o marido mal tem ambições.
Menino mais novo
Um dos filhos do casal de retirantes, ele quer fazer algo notável para chamar a atenção dos seus
parentes, principalmente por admirar seu pai. De certa forma, percebe-se aí que ele ainda não
Menino mais velho
Interessado em saber mais sobre as palavras, esta criança sente-se
mais próximo de sua mãe. Entretanto, ao questioná-la sobre a
palavra inferno e não obter uma resposta muito esclarecedora, ela
dá um peteleco nele e o menino se frustra. Neste episódio, observa-
se não apenas a inadaptação cultural das personagens, como a
ironia do autor, afinal elas já estavam vivendo o inferno.
Baleia
O animal de estimação da família é a mais humana das
personagens, até pela maneira como o autor retrata seus
pensamentos.
Soldado amarelo
Esta personagem representa a autoridade local, que é capaz de
prender Fabiano apenas porque sua posição permite discriminá-lo.
Contudo, Graciliano mostra a superioridade de seu herói que,
mesmo com a oportunidade de se vingar, prefere ajudar o homem.
Ou seja, Fabiano tira forças de si mesmo, enquanto o soldado é
protegido pelas instituições sociais.
1 - “A obra Vidas Secas está inserida no mesmo contexto que ‘Sentimento do Mundo’ e ‘Capitães da Areia’, isto é, o Estado
Novo. A diferença está no fato de que os livros de Drummond e de Jorge Amado têm o aspecto ideológico mais
evidente, embora não explicitado.”
2 - “Em ‘Vidas Secas’, ele é um pouco mais indireto. Graciliano Ramos expõe para nós, que estamos distantes do sertão, a
penúria de uma família de retirantes, hostilizada tanto pelo meio e pelos próprios homens, a exemplo do abuso de
autoridade que aparece na prisão de Fabiano, semelhante ao que o governo era denunciado de fazer. Então, ele não
critica o governo explicitamente, mas deixa subentendido que aquilo acontece também por causa da omissão e dos
abusos cometidos pelo poder público. Além disso, elas também são exploradas pelos latifundiários, os
coronéis daquela região.”
3 - “O livro se destaca nesse aspecto social da realidade sertaneja de maneira documental, expondo, com máximo
de verossimilhança, distanciamento e imparcialidade, a situação precária dessas pessoas. Aí está a relação com ‘O
Cortiço’: as pessoas que vivem tão abaixo das condições dignas de vivência, que elas parecem mais animais do que
seres humanos.”
4 - “Rubem Braga chamou esta obra de ‘romance desmontável’, uma vez que entre um capítulo e outro não existe uma
continuidade, digamos assim. Há fragmentos da vida dessas pessoas, mas não uma sequência de eventos que vai
sendo encadeada, como nos romances tradicionais. Então, isso é interessante no livro, porque a vida delas não tem
uma sequência: ‘não sei se vou ter onde viver amanhã ou se vou ter o que comer, onde morar, onde trabalhar’. Tudo
vira uma incógnita, é viver o agora, comer o que tiver e amanhã, sei lá.”
5 - “O título ‘Vidas Secas’ tem uma multiplicidade de sentidos. Quer dizer, não é a secura apenas espacial e do corpo, mas
também é uma secura intelectual, emocional e psicológica, afinal eles quase não têm uma noção de tempo. E, para
seguir esse aspecto de secura que aparece no enredo ideologicamente, o estilo do livro também é bastante seco:
os adjetivos são muito escassos e as orações são muito curtas. Então tudo isso acaba contribuindo para aumentar
ainda mais o drama.”
6 - “As personagens quase não falam, o léxico delas é bastante limitado, uma vez que não tiveram acesso à escola e à
informação e ainda por viverem isoladas, sem muito convívio social. Então, a parte que eu considero mais charmosa do
livro – e a que o crítico literário Antônio Cândido chamou a atenção – é como o autor empresta um pouco da sua
própria humanidade para estas pessoas, devolvendo o que elas perderam: a capacidade de se expressar.”
7 - “O autor também faz isso chegar até nós, porque não basta ajudar as personagens a dizer alguma coisa. É interessante
que o que é dito chegue a para que tenhamos uma consciência do que está acontecendo lá e nos mobilizemos de
Sentimento do mundo
Carlos Drummond de Andrade
Nascimento: 31 de outubro de 1902, Itabira, Minas Gerais
Faleceu: 17 de agosto de 1987, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
1 - Aos 16 anos, já era reconhecido na escola pelo seu talento com as palavras
2 - Em 1924, conheceu alguns artistas importantes do Modernismo brasileiro,
como Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral
3 - Formou-se em Farmácia, mas não chegou a exercer a profissão
4 - Fundou A Revista com alguns amigos para disseminar o Modernismo no país
5 - Trabalhou como chefe de gabinete do Ministro da Educação
6 - Escreveu poesia, livros infantis, contos e crônicas
7 - A obra do Drummond pode ser dividida em três fases:
1ª fase: Eu maior que o mundo, marcada pela ironia
2ª fase: Eu menor que o mundo, identificada pelo caráter social da poesia
3ª fase: Eu igual ao mundo, que aborda questões metafísicas
8 - Seu terceiro livro de poemas, Sentimento do Mundo , foi publicado em 1940,
embora alguns dos 28 textos tenham começado a ser escritos a partir de 1935,
ou seja, em tempos de guerra.
Movimento literário
1 - A obra “Sentimento do Mundo”, de Carlos Drummond
de Andrade, tem uma clara influência modernista. O
autor se utiliza de suas memórias para construir seus
poemas e, por isso, percebe-se neles um tom pessoal,
principalmente quando ele trata do universo rural. Os
principais temas do escritor são referentes a questões
sociais. Não segue obrigatoriamente a norma culta.
Permite-se usar uma linguagem mais informal.
2 - No entanto, há novidades com relação aos escritores
da geração de 1922-1930. São elas:
2.1 Mesmo que Drummond tivesse uma postura marxista,
seus poemas não têm caráter panfletário
2.2 Entre os versos e as estrofes não há mais cortes
Estrutura e linguagem
1 - Presença de versos livres, isto é, sem restrições métricas.
2 - Eu lírico se omite um pouco para falar sobre o outro,
quem considera tão importante quanto a si mesmo.
3 - Há uma valorização da cultura popular expressa através
da linguagem coloquial, influência de alguns modernistas
da primeira geração, como Manuel Bandeira.
4 - Drummond utilizou tanto imagens simples quanto
referências de teor surrealista.
5 - O humor e a descontração presentes nas primeiras obras
são substituídos pela ironia, como se percebe no poema
“Os inocentes do Leblon”.
6 - Os poemas passam a ter um tom amargo e pessimista,
além de apresentarem um olhar crítico e político da
realidade.
Sentimento do Mundo
1. Mostra como o poeta enxerga o mundo
2. Considera-se impotente diante da realidade e incapaz de entendê-la por completo
3. Pessimista com relação ao futuro
Confidência do Itabirano
1. Faz referência à origem do autor e, por isso, tem um tom meio saudoso, embora seja também
negativo
2. Presença de antíteses, como a oposição entre amar e sofrer
3. Dor do poeta não tem causa apenas na saudade, mas também na constatação de que o país se
esquecia de cidades interioranas como Itabira
4. Relaciona a alienação vista no poema anterior ao isolamento geográfico do município
Poema da Necessidade
1. Expõe ao leitor suas necessidades como uma tentativa de atendê-las
2. Uso de anáforas, neste caso a estrutura “é preciso”, dando a noção de um cotidiano desvairado
3. Contrapõe as necessidades básicas do ser humano e aquelas impostas pela sociedade,
evidenciando a obrigação do homem de seguir padrões de comportamento
O Operário no Mar
1. Não segue a linguagem poética material, ou seja, não é estruturado em versos, de modo que pode
ser considerada uma crônica poética
2. Aponta o posicionamento de Drummond quanto ao socialismo, ainda que haja um distanciamento
entre o operário e o poeta
3. Embora seja de São Pedro, o trabalhador é um representante universal
4. As imagens criadas pelo poeta têm base no Surrealismo
Canção do Berço
1. Posiciona-se ironicamente diante da realidade, contrapondo os valores modernos às relações humanas
2. Neste contexto, o poeta afirma que o destino está definido e que o mundo pouco importa já que o cenário naquele
momento valorizava apenas o consumo
3. Portanto, ele não acredita nos sentimentos dos homens, pois os vê mecanizando até mesmo isso
Bolero de Ravel
1. Referência à obra do compositor francês Maurice Ravel
2. O ritmo invariável da música aparece no poema na noção de ciclo, já que os homens nunca conseguem realizar
seus desejos, mas permanecem por eles presos
La Possession du Monde
1. Referência a Georges Duhamel, que deixou suas teorias para trás e optou por ficar com uma fruta curiosa – como
aparece no próprio poema
2. Por isso, a personagem não acredita na ciência, de modo que o escritor retrata os avanços tecnológicos como
exageros
Mãos Dadas
1. Trata da relação entre o mundo e o compromisso do poeta com a escrita
2. O eu lírico declara-se ciente da realidade, além de dizer que ela é sua matéria-prima
3. Mostra-se também solidário àqueles que permanecem em silêncio, renunciando suas questões mais íntimas e
focando no que é coletivo
Dentaduras Duplas
1. Drummond discorre sobre o envelhecimento, questionando-se a respeito da vida sem analisá-la de modo
individualista, mas universal
2. Há neste poema uma influência surrealista, além da presença da bem-humorada ironia do poeta
Elegia 1938
1. Como sugeria o termo “elegia” para os gregos, o poema tem tom de lamentação. O ano, por sua vez, refere-se ao
início da guerra. Logo, o autor novamente trata deste mundo caduco
1 - “O trecho selecionado para a questão do vestibular terá como tema algo
relacionado com abiografia do autor ou o contexto da época, que é muito forte
da poesia dele nessa fase social. Há certos poemas, como Confidência do
Itabirano, que falam mais da sua formação pessoal, sua história, sua origem e
de como isso moldou sua personalidade. Então essa é a característica mais
memorialista, embora sua obra universalize bastante”.
2 - “Drummond, em muitos de seus poemas a exemplo do próprio ‘Sentimento do
Mundo’ e do‘Mãos Dadas’, fala sobre esse contexto histórico em que o poeta
não tem mais o direito sequer de se alienar, de falar de temáticas mais
tradicionais da lírica e que fogem muito da realidade. O autor abre mão da
perspectiva muito particular do eu lírico. Ele diz que não quer mais cantar essa
poesia caduca e decadente, que não quer mais ficar mergulhado em
sentimentos individuais e de certa forma egoístas. Então, é uma poesia em
que o eu se apequena e observa a grandeza do mundo, o que a gente chama
de ‘o eu menor que o mundo’ nessa fase”.
3 - “O mundo passava por inúmeros problemas políticos, sociais, guerras e ele tem
vontade de suprir isso. Mas como ele vai fazer isso tendo apenas duas
mãos? Então aí está a necessidade de dar as mãos, de nos unirmos. Como nos
unimos se somos tão excessivamente individualistas, alienados e, inclusive,
coisificados? Quer dizer, somos mais objeto da sociedade do que de fato seres
4 - “Ao mesmo tempo em que ele levou tempo para se conscientizar
através dos versos, ele tem aesperança, embora muito tênue e
frágil, de conscientizar as pessoas com seus versos também.
Então há essa reflexão constante no livro, essa solidarização com
o trabalhador e com os habitantes do morro. A alienação de que
fala não atinge só essas pessoas mais humildes, mas a própria
classe média mais intelectualizada que deveria assumir as
responsabilidades de mudar as coisas, mas também não faz isso.
Isso é marcante em dois poemas: de um lado o ‘Privilégio do
Mar’, em que aqueles que vivem nos prédios olham lá do alto
sem saber exatamente os problemas que estão no mundo do
lado de fora. Do outro, as pessoas da periferia que são mais
racionais, como ele mostra no poema ‘Morro da Babilônia’.
Então como fazer com que essa classe média, formadora de
opinião, tenha consciência destes problemas sociais e ajude
a criar uma sociedade mais justa para essas pessoas exploradas,
esses operários oprimidos e até mesmo para possíveis
pensadores que são perseguidos numa época de intensa censura
BOA PROVA!!!!!!!!!

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