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LITERATURA

SIMBOLISMO
SIMBOLISMO
Cárcere das almas Ismália
Ismália
Cruz e Sousa Alphonsus deGuimaraens
Alphonsus de Guimarães

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Quando Ismália


Quando Ismália enlouqueceu,
enlouqueceu,
Soluçando nas trevas, entre as grades Pôs-se na torre a sonhar...
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma
Viu umalua luanono
céu,
céu,
Do calabouço olhando imensidades, Viu outra lua no mar.
Mares, estrelas, tardes, natureza. Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Tudo se veste de uma igual grandeza No sonho toda
Banhou-se em que se perdeu,
em luar...
Queria subir ao céu,
Banhou-se toda em luar...
Quando a alma entre grilhões as liberdades Queria descer ao mar...
Sonha e, sonhando, as imortalidades Queria subir ao céu,
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. Queria descerseu,
E, no desvario ao mar...
Na torre pôs-se a cantar...
Estava
E, perto do céu,
no desvario seu,
Ó almas presas, mudas e fechadas Estava longe do mar...
Nas prisões colossais e abandonadas, Na torre pôs-se a cantar...
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Estava
E como perto
um anjodopendeu
céu,
Estava longe
As asas para do mar...
voar...
Queria a lua do
E como um anjo céu,pendeu
Nesses silêncios solitários, graves, Queria a lua do mar...
que chaveiro do Céu possui as chaves As asas para voar...
para abrir-vos as portas do Mistério?! Queria a lua
As asas que do céu,
Deus lhe deu
Queria
Ruflarama de
luapar
doemmar...
par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao ma
ESCOLAS LITERÁRIAS DO SÉCULO
XIX
REALISM0
SIMBOLISMO
PARNASIANISMO

ROMANTISMO

SIMBOLISMO
SÍMBOLO

Resgate das relações entre a Natureza e a Graça, entre o mundo


visível e o mundo das essências, que reaparecem em forma de
analogias sensoriais e espirituais.

“Sugerir, eis o sonho. É o uso perfeito desse mistério que


constitui o símbolo: evocar um objeto para mostrar o estado
d’alma ou escolher um objeto e fazê-lo emanar um estado d’alma
mediante uma série de de decifrações”
Mallarmé
SIMBOLISMO
ORIGEM
Competição econômica e militar
Neocolonialismo
Prenúncios do Grande Conflito
Avanço do movimento operário
Reação às explicações “positivistas” da ciência
Questionamento dos sistemas “racionais” e “liberais” da sociedade
Recusa aos valores ideológicos e existenciais da burguesia –
ANTIBURGUÊS
Manifesto Simbolista (1886) – Jean Moréas
Charles Baudelaire – As flores do mal
Cruz e Sousa – Missal e Broquéis
Predominantemente no Sul do Brasil – Estética marginal no Brasil
Contradição da recepção entre Europa e Brasil
JUSTIFICATIVA

Desconfiança da realidade
Negação do cientificismo e do materialismo
Busca o “além do real”, o desconhecido
Apreender a realidade sem o auxilio da razão, através dos sentidos
Vincular as partes do Todo universal, que confere a cada parte o seu
verdadeiro sentido;
Oposição da coisa e do fato sobre o sujeito;
Aspiração de integrar a poesia na vida cósmica;
Apreensão dos valores transcendentais: o Bem, o Mal, o Sagrado;
Tocar com a sonda da poesia a Natureza, Deus, Absurdo ou Nada;
Recusa a limitar a arte ao objeto, à técnica, a seu aspecto;
ALÉM DO VISÍVEL...

SÍMBOLO X CONCRETO
SUGESTÃO X AFIRMAÇÃO
MISTÉRIO X CIÊNCIA
LITERATURA X REALIDADE
ARTE X VIDA
SUJEITO X OBJETO
Correspondências

A Natureza é um templo onde vivos pilares


Deixam às vezes sair confusas palavras;
O Homem atravessa florestas de símbolos
Que o observam com olhares familiares.

Como longos ecos de longe se confundem


Dentro de tenebrosa e profunda unidade
Tão vasta como a noite e a claridade,
Os perfumes, as cores, os sons se correspondem.

Perfumes de frescor tal a carne de infantes,


Suaves iguais oboés e verdes iguais os prados,
- E outros, corrompidos, ricos e triunfantes,

Possuindo a expansão de coisas infindas,


Tal qual âmbar, almíscar, benjoim, incenso,
Que cantam o êxtase do espírito e dos sentidos.
Charles Baudelaire
FLORBELA ESPANCA
Outonal Eu

Caem as folhas mortas sobre o lago; Eu sou a que no mundo anda perdida,
Na penumbra outonal, não sei quem tece Eu sou a que na vida não tem norte,
As rendas do silêncio… Olha, anoitece! Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
- Brumas longínquas do País do Vago… Sou a crucificada ... a dolorida ...

Veludos a ondear… Mistério mago… Sombra de névoa ténue e esvaecida,


Encantamento… A hora que não esquece, E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
A luz que a pouco e pouco desfalece,
Alma de luto sempre incompreendida! ...
Que lança em mim a bênção dum afago…
Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Outono dos crepúsculos doirados, Sou a que chamam triste sem o ser ...
De púrpuras, damascos e brocados! Sou a que chora sem saber porquê ...
- Vestes a terra inteira de esplendor!
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Outono das tardinhas silenciosas, Alguém que veio ao mundo pra me ver
Das magníficas noites voluptuosas E que nunca na vida me encontrou!
Em que eu soluço a delirar de amor…
“Os parnasianos tomam o objeto em sua integridade e mostram-nos.
Por isso carecem de mistério. (...) Sugerir, eis o sonho. É o uso
perfeito desse mistério que constitui o símbolo: evocar um objeto para
expressar um estado de alma através de uma série de decifrações.”
Mallarmé

“O decadentismo não se trata apenas do desencanto perante o


quotidiano, perante a fealdade do interesse mundano e a bruteza de
uma sociedade industrializada, mas, sobretudo do desgosto íntimo
face à opacidade de um universo material e mecânico, fechado em si
mesmo, e da angústia mortífera do sem-sentido da vida, a que
iniludivelmente conduzira o pensamento positivista e cientista.
PEREIRA, José Carlos Seabra.
O SÍMBOLO
TEMÁTICAS E CARACTERÍSTICAS
• Sugestão;
• Intuição, introspecção;
• Concepção mística do mundo;
• Alienação social;
• Falta de clareza, imprecisão;
• Subjetivismo profundo;
• Ilogismo, irracional;
• Sensorialismo;
• Transcendência;
• Sublimação – transfiguração (essências);
• Cor branca;
• Esoterismo, satanismo e goticismo;
• Morte;
• Alucinações e loucura;
• Dor;
• Crepúsculo.
CARACTERÍSTICAS NO ESTILO

• Sinestesia
• Musicalidade
• Aliterações, assonância e paronomásias
• Maiúsculas alegorizantes
• Reticências
• Emprego da “Forma parnasiana”
• Hermetismo
• Vocabulário ligado ao místico e ao litúrgico
“Nasce a manhã, a luz tem cheiro...
Ei-la que assoma Pelo ar sutil ...
Tem cheiro a luz , a manhã nasce ...
Oh sonora audição colorida do aroma!”
Alphonsus de Guimaraens

Quando os sons dos violões vão soluçando,


Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.
[...]
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
[...]
Que encantos acres nos vadios rotos
Quando em toscos violões, por lentas horas,
Vibram, com a graça virgem dos garotos,
Um concerto de lágrimas sonoras!
Cruz e Sousa

És a origem do Mal, és a nervosa


Serpente tentadora e tenebrosa,
Tenebrosa serpente de cabelos!...
Cruz e Sousa

“Eu que passo, penso e peço” Cruz e Sousa

“Sou um mulato nato no sentido lato


Mulato e democrático do litoral” Cruz e Sousa
“Nada há que me domine e que me vença
Quando a minh'alma mudamente acorda...
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.

Sou como um Réu de celestial Sentença,


Condenado do Amor, que se recorda
Do Amor e sempre no Silêncio borda
D'estrelas todo o céu em que erra e pensa.

Claros, meus olhos tornam-se mais claros


E tudo vejo dos encantos raros
E de outra mais serenas madrugadas!

todas as vozes que procuro e chamo


Ouço-as dentro de mim, porque eu as amo
Na minh'alma volteando arrebatadas!” Cruz e Sousa

“Para as estrelas de cristais gelados


As ânsias e os desejos vão subindo” Cruz e Sousa

“Antes de qualquer coisa, música


E, para isso, prefere o ímpar
Mais vago e mais solúvel no ar,
Sem nada que pese ou pouse” Paul Verlaine
Ele me conduz, alquebrado e ofegante,
Já dos olhos de Deus, afinal, tão distante,
Às planícies do Tédio, infindas e desertas
E lança-me ao olhar imerso em confusão
Trajes imundos e feridas entreabertas
- o aparato sangrento e atroz da destruição” Baudelaire

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras


De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras Cruz e Sousa
Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza


Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas


Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,


que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!

CRUZ E SOUSA, J.

(ENEM) Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no


poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são

A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.


B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.
C) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais.
D) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.
E) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas
do cotidiano.
CRUZ E SOUSA – O CISNE NEGRO

• (1861 – 1898)

• Infância
• Preconceito
• Tragédias familiares
PRINCIPAIS POEMAS

Antífona O assinalado

Tu és o louco da imortal loucura,


Ó Formas alvas, brancas, Formas claras O louco da loucura mais suprema.
A Terra é sempre a tua negra algema,
De luares, de neves, de neblinas! Prende-te nela a extrema Desventura.
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma Desventura extrema
Faz que tu’alma suplicando gema
Formas do Amor, constelarmante puras, E rebente em estrelas de ternura.
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras Tu és o Poeta, o grande Assinalado
E dolências de lírios e de rosas ... Que povoas o mundo despovoado,
De belezas eternas, pouco a pouco…
(...)
Na Natureza prodigiosa e rica
Toda a audácia dos nervos justifica
Os teus espasmos imortais de louco!
ALPHONSUS GUIMARÃES

TEMAS
• A morte da amada
• Religiosidade
• Transcendência
• Musicalidade
• Melancolia
CATEDRAL

Entre brumas, ao longe, surge a aurora,


O hialino orvalho aos poucos se evapora,

Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca de sol.

E o sino canta em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

O astro glorioso segue a eterna estrada.


Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a benção de Jesus.

E o sino clama em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!“
[...]
Estão, entre as principais características do Simbolismo:

A. Presença de elementos da cultura greco-latina; cultivo de formas clássicas,


como o soneto; uso de uma linguagem simples com vocabulário comum;
desprezo pela vida urbana e gosto pela paisagem campestre.
B. Linguagem vaga, fluida e imprecisa, com abundante emprego de substantivos
abstratos e adjetivos; aproximação ou cruzamento de campos sensoriais
diferentes, procedimento denominado sinestesia; presença do misticismo e da
religiosidade.
C. Expressão das contradições e do conflito espiritual do homem; uso de figuras de
linguagem, sugestões de cor e som e de imagens fortes com a finalidade de
traduzir o sentido trágico da vida.
D. Uso de um vocabulário culto e gosto pelas formas clássicas, presença do
objetivismo e do racionalismo; presença de elementos da mitologia greco-latina
e universalismo.
E. Busca da objetividade, preocupação acentuada com o apuro formal, com a rima,
o ritmo, a escolha dos vocábulos, a composição e a técnica do poema.

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