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EUTANÁSIA

MATANDO OS DOENTES, OS DEFICIENTES


E OS IDOSOS EM NOME DA COMPAIXÃO

Perspectiva do Futuro Próximo


Baseada em Fatos Passados e Recentes

Julio Severo

Dedico esta obra à minha mãe Regina, que cultivou em


mim o amor à leitura desde cedo e sempre me apoiou em
meus projetos diante de Deus.

Os direitos autorais dos desenhos utilizados neste livro pertencem ao


cartunista americano Chuck Asay, que bondosamente me deu permissão
para usá-los.

1
INTRODUÇÃO

Eutanásia é um termo pouco conhecido e compreendido 
no Brasil, mas  é uma prática bem real em alguns países 
ricos. Depois de ler e estudar livros, artigos e documentos 
de   países   que   já   estão   enfrentando   a   questão,   coletei   as 
informações   que   achei   mais   relevantes   para   os   leitores 
brasileiros. Dei sempre preferência às informações que são 
menos   acessíveis   ao   público.   Durante   dois   anos   passei 
muitas horas  diárias estudando  e pesquisando  o assunto 
em   livros   e   na   Internet.   Além   disso,   tive   contato   pessoal 
com especialistas americanos no assunto, como o Dr. Jack 
Willke e o Dr. Brian Clowes.
Há   tantos   estudos,   pesquisas   e   relatos   pessoais 
registrados neste livro que o leitor terá condições de fazer 
sua própria avaliação. Procurei cobrir o assunto de forma 
breve,   mas   bem   analisada.   Com   as   informações   aqui 
disponíveis, não será difícil compreender o que de fato está 
acontecendo no Hemisfério Norte. Vamos ver então o motivo 
por   que   a   eutanásia   está   se   tornando   uma   questão   tão 
importante.
A   diminuição   da   população   jovem   e   a   crescente 
longevidade   dos   idosos   têm   sido   características   do 
progresso   econômico   e   tecnológico   dos   países   avançados. 
Hoje,   em   todos   esses   países,   os   idosos   são   a   parte   da 
população que mais cresce. Treze por cento da população 
dos EUA têm 65 anos (em 1900 eram só 4% e em 1950 só 
8%).   Em   2040   haverá   um   idoso   para   cada   americano.   A 
Europa e o Japão estão enfrentando um maior aumento da 
população idosa. Atualmente, os idosos representam mais 
de 16% da população da Europa e Japão, e esse número 
poderá ultrapassar os 30% antes de 2040.
Os cientistas sociais calculam que em 2050 a população 
idosa   com   mais   de   80   anos   na   Alemanha,   Japão   e   Itália 

2
estará em número igual ou superior ao da população com 
menos de 20 anos, uma transformação social nunca antes 
vista   em   toda   a   História   da   humanidade.   Ainda   mais 
problemático  é o fato de que a classe trabalhadora ficará 
cada   vez   menor   em   todo   o   mundo   industrializado   nos 
próximos anos. Nas próximas cinco décadas, as projeções 
mostram que a população trabalhadora da Alemanha cairá 
para 43%, a da França para 25%, a do Japão para 36% e a 
da Itália para 47%.
Em todos os países desenvolvidos, as populações idosas 
imporão   pressões   imensas   no   orçamento   público.   Muitos 
países   europeus   enfrentam   a   possibilidade   de   um   futuro 
com   uma   economia   decadente   e   padrões   de   vida   mais 
baixos.   Nos   Estados   Unidos,   por   exemplo,   as   projeções 
indicam   que   em   breve   o   sistema   de   seguridade   social 
começará a pagar mais aposentadorias do que arrecada dos 
trabalhadores em contribuições para a previdência social. 
De acordo com uma estimativa recente, os gastos em saúde 
em 2030 poderão consumir aproximadamente um terço de 
toda a produção econômica dos EUA.   Isso não é saudável 
1

para a economia de nenhum país.
O debate sobre a questão da eutanásia está avançando 
exatamente no meio desse contexto social complicado. Os 
gastos   públicos   vão   aumentar   nos   próximos   anos, 
principalmente   nas   despesas   com   os   idosos   e   outras 
pessoas   vulneráveis,   como   os   deficientes   e   os   doentes.   E 
então,   o   que   realmente   acontecerá?   A   questão   do   aborto 
pode dar uma importante pista para entendermos o futuro. 
O   aborto   está   hoje   legalizado   nos   países   ricos,   porque   a 
única   solução   que   viram   para   alguns   problemas 
econômicos e sociais foi a eliminação de bebês indesejados. 
Matar, nesse caso, se tornou uma medida médica e legal 
para resolver problemas pessoais e sociais.

1GlobalAging Initiative (Center for Strategic and International Studies: Washington DC:
junho de 2000), p. 16.

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A   vida   é   um   processo   que   não   pára:   começa   na 
concepção e continua até a morte natural. O processo de 
desvalorização da vida  humana, quando começa, também 
vai até o fim. Geralmente, esse processo começa trazendo a 
aceitação   social   e   legal   do   aborto,   e   termina   trazendo   a 
aceitação  social  e  legal  da  eutanásia.  Uma  sociedade  que 
assume o direito de eliminar bebês na barriga de suas mães 
—   porque   eles   são   indesejados,   imperfeitos   ou 
simplesmente   inconvenientes   —   achará   difícil 
eventualmente não justificar a eliminação de outros seres 
humanos,   principalmente   os   idosos,   os   doentes   e   os 
deficientes. Não é de estranhar então que a eutanásia esteja 
avançando   exatamente   nos   países   ricos,   onde   há   anos   o 
aborto   se   tornou   uma   prática   protegida   por   lei.   Se   a   lei 
permite a eliminação da vida antes do nascimento, por que 
não   permiti­la   também,   pelas   mesmas   razões,   depois   do 
nascimento?
Joseph Fletcher, que é um pastor liberal, escreveu:

É   ridículo   aprovarmos   eticamente   a   eliminação   da   vida 


subumana no útero que permitimos nos abortos terapêuticos por 
motivos   de   misericórdia   e   compaixão,   mas   não   aprovarmos   a 
eliminação da vida subumana das pessoas que estão morrendo. 
Se temos a obrigação moral de eliminar uma gravidez quando o 
exame   pré­natal   revela   um   feto   muito   deficiente,   então   temos 
também   a   obrigação   moral   de   eliminar   o   sofrimento   de   um 
paciente quando um exame cerebral revela que o paciente tem 
câncer avançado. 2

Num artigo no jornal Atlantic Monthly, o Dr. Fletcher


chegou a defender o direito de os pais escolherem a
eutanásia para um filho que nasce com a síndrome de
Down. 3

Contudo, todo esse assunto envolvendo a eliminação de 
doentes e idosos é relativamente estranho nos países menos 
2 Dr. C. Everett Koop & Dr. Francis A. Schaeffer, Whatever Happened to the Human
Race? (Crossway Books: Westchester-EUA, 1983), p. 60.
3 Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).

4
avançados.   Ainda   que   tenham   graves   problemas   em   seu 
sistema de saúde e ocorram muitas mortes por negligência 
e falta de recursos, esses países não estão preparados para 
aceitar a eutanásia. O Brasil, por exemplo, é bem menos 
aberto   à   idéia   de   apressar   a   morte   dos   idosos   do   que   a 
Europa   e   os   EUA   porque   não   temos   uma   sociedade   que 
valoriza   o   aborto   legal,   embora   instituições   americanas 
estejam financiando grupos brasileiros que promovem sua 
legalização. A realidade é que, onde não há leis permitindo 
matar bebês na barriga de suas mães, dificilmente haverá 
apoio   para   a   idéia   de   apressar   a   morte   de   pessoas 
deficientes,   doentes   crônicas   ou   idosas.   Além   disso,   de 
modo   geral,   países   como   o   Brasil   sempre   tiveram 
dificuldade de aceitar leis ou costumes sociais a favor da 
eutanásia. Ao que tudo indica, só  a elite brasileira é que 
procura   se   igualar   aos   liberais   radicais   americanos   e 
europeus   em   questões   importantes   como   aborto,   diretos 
homossexuais, eutanásia e liberação sexual das crianças.
Este   livro   irá   ajudar   você   a   entender   o   que   está 
ocorrendo principalmente na Europa, pois tudo o que afeta 
um país, pode também afetar outros. E o mais importante é 
que aqueles que aprendem com os erros do passado ou com 
os erros dos outros poderão evitá­los.

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ENTENDENDO A QUESTÃO
Se   um   repórter   parasse   dez   pessoas   na   rua   e 
perguntasse o que é eutanásia, provavelmente ele receberia 
dez respostas diferentes. As respostas poderiam incluir “boa 
morte” ou até mesmo algum tipo de comida chinesa!
Há   muitas   pessoas   que   não   têm   idéia   alguma   do   que 
significa eutanásia,  embora seja  umas das  questões mais 
polêmicas da nossa época. E para confundir o público, os 
defensores da  eutanásia estão  conseguindo de  modo bem 
inteligente atrair o apoio dos meios de comunicação. Para 
os noticiários de TV, jornais e revistas, eutanásia nada mais 
é do que oferecer compaixão a quem está sofrendo.
No entanto, por trás dessa compaixão está a realidade: a 
eutanásia, na prática, significa uma ação ou falta de ação 
com o objetivo de acabar com o sofrimento e com a pessoa 
que está sofrendo.
É importante que se compreenda que o objetivo dessa 
nova   tendência   não   é   só   eliminar   o   sofrimento   físico   e 
psicológico de um doente. O pretexto que está sendo cada 
vez   mais   usado   para   justificar   essa   tendência   é   a 
necessidade de eliminar a carga emocional e financeira que 
os membros da família e a sociedade em geral sofrem por 
causa de um doente.
Eutanásia não  quer dizer  deixar o  doente renunciar  a 
tratamentos   médicos   dolorosos   ou   aos   atuais   meios 
tecnológicos   da   medicina   para   atacar   as   doenças.   Apesar 
disso,   os   que   defendem   a   eutanásia   quase   sempre   fazem 
referências a essas situações. Quando eles dizem que tudo 
o que querem é que os idosos, os deficientes e os doentes 
crônicos tenham a liberdade e o direito de escolherem o que 
quiserem,   eles   estão   apenas   tentando   fazer   com   que   o 
suicídio  seja  visto  como  uma  opção  natural  para  escapar 
dos problemas. 

6
A História de Michael
Michael Martin tem 41 anos, é casado e pai de família. 
Ele sorri de gratidão quando seus parentes entram no seu 
quarto. Ele ri das piadas e reage às pessoas que estão a sua 
volta. 
Em   15   de   janeiro   de   1987,   Michael   sofreu   danos 
cerebrais   num   acidente   de   carro.   Mary,   a   esposa   de 
Michael,   quer   que   a   sonda   de   alimentação   seja   removida 
para livrá­lo dessa situação. Por isso, ela levou o problema 
para os tribunais. O caso merece atenção porque ela está 
solicitando   judicialmente   a   morte   de   um   marido 
mentalmente incompetente, mas que tem consciência e não 
é doente terminal.
Mary Martin afirma que ela apenas quer honrar o que 
ela diz ser o desejo de seu marido antes do acidente: poder 
morrer com dignidade. Antes de recorrer aos tribunais para 
ganhar   o   direito   de   “deixar”   seu   marido   morrer,   ela 
consultou a Sociedade Hemlock, um grupo que promove a 
eutanásia. Os tribunais têm de decidir se ele tem ou não o 
direito de receber alimento e água para continuar vivendo. 
No entanto, a mãe e a irmã de Michael estão fazendo tudo 
para salvá­lo.
O irmão e a irmã de Mary, George e Sue, se uniram à 
mãe e à irmã de Michael para salvá­lo. Eles disseram que a 
decisão   de   “deixar”   Michael   morrer   é   o   mesmo   tipo   de 
decisão   que   Salomão   teve   de   tomar   em   1   Reis   3:16­28. 
Salomão   conseguiu   descobrir   quem   era   a   mãe   verdadeira 
da criança porque ela demonstrou tanto amor pela criança 
que   ela   preferiu   dá­la   em   vez   de   vê­la   morrer.   Eles 
disseram:   “Recorrer   a   tratamentos   que   só   adiam   ou 
prolongam   a   vida   de   alguém   que   já   está   morrendo   seria 
além  do necessário. Não seria ético prolongar a morte de 
Michael. Mas o que estão querendo é remover a sonda de 
alimentação dele, e isso causará sua morte”.

7
Michael não tem problema de depressão, frustração nem 
ira.   Ele   sempre   demonstra   um   espírito   de   cooperação   e 
jamais tentou arrancar sua sonda. 
Entretanto, Mary quer que ele “morra com dignidade”. 
“Contudo”,   perguntam   George   e   Sue,   “haveria   alguma 
dignidade   no   fato   de   Michael   morrer   de   fome   e   sede, 
sozinho   no   seu   quarto,   sentindo   falta   de   cuidados   e 
consciente de como esse tipo de morte é horrível? O valor 
da vida de Michael é absoluto. Sua vida não perde o sentido 
só   porque   ele   não   pode   estar   em   casa   ou   ser   produtivo. 
Quando   a  hora  chegar,   ele   merece   morrer   do   jeito   certo, 
cercado de amor e de cuidados.” 4

Figura 1: — E aí? Será que ela está morta mesmo? — Não sei por que é que
temos de ficar esperando. — Será que não podemos fazer algo para apressar
as coisas?

4O caso de Michael apareceu na edição de verão de 1995 da revista Living, publicada


por Lutherans for Life, EUA.

8
Mas   nem   sempre   uma   pessoa   no   estado   físico   de 
Michael   tem   o   apoio   dos   familiares.   Muitas   vezes,   os 
parentes não aparecem ou simplesmente não existem. Em 
tal   situação   de   abandono,   muitas   pessoas,   mesmo   sem 
terem nenhum tipo de doença, prefeririam morrer.
Só  mesmo   os  familiares   é  que   têm  condições   de  lutar 
por quem está sob a ameaça da eutanásia. Veja o caso de 
um menino inglês:

Parentes de um menino deficiente estão cumprindo pena


de prisão depois de salvá-lo. Eles impediram os médicos de lhe
dar diamorfina para lhe apressar a morte. Raymond Davies,
Julie Hodgson e Diane Wild, tio e tias do menino David Glass,
foram presos no começo de 2000 por discussão com a equipe
médica em outubro de 1998. David estava com infecção no
peito, entrou em coma e começou a ficar sem respiração. Os
parentes ajudaram a manter a respiração dele e sua mãe,
Carol Glass, removeu a diamorfina. Os médicos reconheceram
que a remoção da diamorfina salvou a vida do menino.
Contudo, a família foi informada de que tudo o que foi feito era
somente para ajudá-lo a morrer sem sofrer… Carol Glass agora
sente profundo ressentimento das instituições legais e médicas
que, em vez de ajudarem os mais fracos, tentaram acabar com
a vida de seu filho e depois castigaram cruelmente sua família. 5

O que mais vem depois…


A ameaça da eutanásia pode parecer estar longe agora, 
principalmente   para   nós   que   vivemos   no   Brasil,   pois   os 
casos noticiados até o momento envolvem apenas doentes 
estrangeiros em circunstâncias raras. Mas esses exemplos 
isolados   são   de   importância   crucial,   pois   os   grupos   pró­
eutanásia os usarão para estabelecer maior abertura para 
novos princípios sociais.
Os   grupos   pró­aborto,   velhos   aliados   da   causa   da 
eutanásia,   sempre   agiram   dessa   maneira.   Em   seus 

5 John Smeaton, Prison After Saving Their Boy’s Life, artigo publicado no jornal britânico
Pro-Life Times, setembro de 2000.

9
argumentos a favor da legalização do aborto, eles usam os 
casos   raros   e   excepcionais   para   ganhar   a   simpatia   do 
público e dos legisladores. Foi assim que eles conseguiram 
tornar   o   aborto   legal   nos   EUA   e   na   Europa:   se 
concentrando   na   questão   das   mulheres   que   engravidam 
como conseqüência de estupro ou incesto. Hoje mais de 1 
milhão de crianças são abortadas anualmente só nos EUA, 
e   a   maioria   absoluta   desses   abortos   não   tem   nada   a   ver 
com estupro, com incesto ou com defeitos congênitos, etc. 
Tem a ver simplesmente com os desejos da mãe.
De   modo   semelhante,   o   movimento   pró­eutanásia   não 
está tentando persuadir a população a apoiar a morte de 
todos   os   mais   idosos   e   dos   doentes   que   dependem   da 
medicina para sobreviver. Se eles ousassem começar suas 
atividades desse jeito, ninguém lhes daria atenção. O ponto 
inicial   de   suas   estratégias   é   sempre   usar   os   casos   raros 
para criar um clima de aceitação para suas idéias.

Evangélicos pró-eutanásia
O movimento pró­eutanásia quer convencer as pessoas 
de  que  chega  um  momento  em  que  o  doente  precisa  dos 
médicos para ajudá­lo a morrer. É assim que muitos estão 
sendo enganados e levados a aceitar essa prática como um 
tratamento médico.
Na Suíça, o Pr. Rolf Sigg confessa que matou mais de 
300   pessoas   que,   assim   ele   alega,   estavam   sofrendo   de 
maneira   insuportável.   O   Pr.   Sigg   fundou   a   organização 
Saída,   em   1982,   cuja   missão   é   “preparar”   os   doentes 
terminais   para   seu   fim   e   lhes   dar   uma   dosagem   fatal   de 
drogas.   Nos   EUA,   alguns   pastores   e   livros   evangélicos 
6

apóiam   a   posição   de   que   o   suicídio   pode   ser   uma   forma 


aceitável   e   compassiva   de   “ajudar”   alguém   a   morrer 
depressa. Até mesmo algumas denominações protestantes 

6Dr. Paul Marx, Special Report (HLI: Front Royal-EUA, junho de 1999), p. 6.

10
estão se abrindo cada vez mais para esse tipo de raciocínio.   7

Veja   o   seguinte   caso   publicado   num   livro   protestante 


americano:

Alfred era um índio americano, nascido e criado numa reserva


tribal. Quando se tornou adulto, ele foi viver numa cidade grande
e se tornou um membro ativo de uma igreja na vizinhança onde
morava. Depois de algum tempo, seus amigos começaram a
notar que ele estava freqüentemente doente, até que um dia o
encontraram desmaiado no chão de sua casa. Ao ser internado e
recobrar a consciência, ele estava tão perturbado que tentou
arrancar as sondas do próprio corpo. Sua doença era grave, mas
havia possibilidade médica de tratá-la. Seus amigos disseram
que Alfred havia recentemente falado de seus sonhos com a
morte, e eles estavam apoiando sua decisão de não querer viver
mais. Ele acabou arrancando todos as sondas e, como a equipe
médica não quis intervir, ele morreu.8

Acerca do caso de Alfred, o Pr. Bruce Hilton expressou a 
seguinte queixa:
É triste que nenhum dos amigos de Alfred parecia estar em
posição de ajudá-lo a achar curandeiros indígenas. É triste
também que o hospital não conseguiu arranjar um jeito de trazer
um curandeiro ou feiticeiro que Alfred pudesse aceitar…9

Todos   os   fatos   indicam   que   o   homem   era   solitário   e 


espiritualmente   necessitado.   Evidentemente,   sua   igreja 
cristã (qualquer que fosse) não preencheu sua necessidade 
mais   profunda   de   conhecer   Jesus.   Pelo   contrário,   ele 
parecia ainda estar aberto às práticas de feitiçaria indígena 
de seu passado. 
O Pr. Hilton achava que a presença de um curandeiro 
ou   feiticeiro   poderia   tranqüilizar   o   índio,   tirar   da   cabeça 

7Sally B. Geis & Donald E. Messer, How Shall We Die? Helping Christians Debate
Assisted Suicide (Abingdon Press: Nashville-EUA, 1997), p. 25.
8Sally B. Geis & Donald E. Messer, How Shall We Die? Helping Christians Debate
Assisted Suicide (Abingdon Press: Nashville-EUA, 1997), pp. 53,54.
9Sally B. Geis & Donald E. Messer, How Shall We Die? Helping Christians Debate
Assisted Suicide (Abingdon Press: Nashville-EUA, 1997), p. 62.

11
dele a disposição de se matar e até dar­lhe esperança de 
cura. O estranho é que, sendo evangélico, ele apoiasse tal 
idéia,   mesmo   sabendo   pela   Bíblia   que   Jesus   é   o 
incomparável   Médico.   Jesus   nunca   ajudou   ninguém   a 
cometer suicídio. Ele não só curava os doentes mais graves, 
mas também até ressuscitava os mortos!
A   Bíblia   diz   que   Jesus   não   mudou   nada   (cf.   Hebreus 
13.8).   Sem   dúvida   alguma,   ele   deseja,   através   de   seus 
servos, visitar os doentes e os aflitos. Se algum cristão fiel 
tivesse   tido   a   oportunidade   de   visitar   e   orar   por   aquele 
índio,   haveria   um   final   diferente.   Haveria   bênção,   não 
maldição. (Cf. Tiago 5.14­16)
O   fato   mais   importante   por   trás   do   suicídio   de   Alfred 
não foi sua doença em si, mas sua  falta de esperança. Ele 
estava   deprimido,   e   a   depressão   pode   levar   qualquer 
pessoa,   doente   ou   saudável,   ao   suicídio.   Além   disso,   a 
abertura   de   Alfred   ao   ocultismo   indígena   demonstra   que 
provavelmente ele estava sendo oprimido por demônios de 
doença, depressão e morte
A tragédia maior é que os cristãos liberais ao seu redor 
não   puderam   oferecer   nenhuma   esperança   para   ele.   A 
característica mais fascinante entre os liberais, evangélicos 
ou   católicos,   é   que   eles   estão   dispostos   a   aceitar   as 
tendências   “culturais”   sem   questionar   (tais   como   a 
eutanásia, o aborto, o homossexualismo, a bruxaria, etc.), e 
ao   mesmo   tempo   questionam   o   poder   de   Jesus   de   curar 
sobrenaturalmente hoje e os dons de cura e milagres que 
ele deu à sua igreja.
O colunista social Cal Thomas escreveu: “É de grande 
importância   cultural   quando   a   Igreja   Cristã   perde   seu 
poder   moral   e   se   torna   prisioneira   —   em   vez   de   líder   e 
libertadora   —   das   tendências   culturais”.   Os   cristãos   são 
10

chamados para liderar as tendências culturais positivas e 
libertar a sociedade das influências negativas. Quando não 

10Citado in: Living (Lutherans for Life: Benton-EUA, inverno de 1995), p. 15.

12
conseguem   preencher   essa   função,   eles   acabam   sendo 
arrastados pelas tendências negativas.

13
O QUE É EUTANÁSIA?

A palavra grega “eutanásia” literalmente significa “morte 
bonita” ou “morte feliz”. E quem é que poderia ser contra o 
desejo de morrer bem e feliz?
O   Dr.   J.   C.   Willke,   em   seu   livro  Assisted   Suicide   &  
Euthanasia, diz: “As palavras são importantes. É comum, 
quando   abordam   esse   assunto,   as   pessoas   procurarem   o 
significado da palavra eutanásia e saber que sua tradução é 
‘boa   morte’.   Mas   precisamos   ignorar   e   rejeitar   essa 
tradução,   pois   não   tem   nada   a   ver   com   o   que   está 
acontecendo   em   nossos   dias.   A   eutanásia   hoje   ocorre 
quando o médico mata o paciente”. 11

No   uso   moderno,   eutanásia   quer   dizer   causar 


diretamente   uma   morte   sem   dor   a   fim   de   acabar   com   o 
sofrimento   de   vitimas   de   doenças   incuráveis   ou 
desgastantes. Em outras palavras, é matar sob a alegação 
de   um   sentimento   de   compaixão.   A   eutanásia,   como   o 
aborto legal, é um método em que matar representa uma 
solução.

O que não é eutanásia


Permitir   que   uma   pessoa   morra   quando   o   curso   da 
doença é irreversível e a morte é obviamente iminente por 
questão de horas ou dias não é eutanásia. Os pacientes têm 
a liberdade de recusar tratamentos médicos que não lhes 
trarão cura nem alívio para o sofrimento. Quando o doente 
não está em condições de falar por si mesmo, a família tem 
o   direito   de   recusar   tratamentos   caros   que   não   terão 
nenhum benefício para impedir o andamento da doença.
Quando   um   paciente   está   realmente   morrendo,   os 
médicos podem e devem usar o bom senso para avaliar a 

11J.
C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 1.

14
situação. Se os tratamentos não estão trazendo nenhuma 
cura   e   só   estão   ajudando   a   adiar   a   morte   inevitável,   os 
médicos podem descontinuar os tratamentos para permitir 
que o doente tenha uma morte natural. Nenhuma dessas 
ações é eutanásia. Mas eles têm a responsabilidade de dar 
conforto   para   o   paciente   e   permitir   que   ele   tenha   uma 
morte pacifica.

O que é eutanásia
Eutanásia é a ação deliberada de causar ou apressar a 
morte   do   doente.   Essa   ação   pode   ocorrer   das   seguintes 
maneiras:
 
• Decisão médica de administrar uma injeção letal 
no doente, com ou sem consentimento. 

• Decisão médica de não dar a assistência médica 
básica ou o tratamento médico padrão. Por exemplo, 
não   dar   a   uma   criança   deficiente   a   mesma 
assistência que é dada a uma criança normal.
 
• Decisão médica de dar ao doente uma droga ou 
outro   meio   que   o   ajude   a   cometer   suicídio.   Nessa 
situação específica, quem realiza o ato letal não é o 
médico,   mas   o   próprio   paciente.   O   médico   apenas 
fornece os meios.

Há uma diferença
O ponto mais difícil nos debates sobre a eutanásia é que 
a grande maioria das pessoas não sabe a diferença entre 
assistência   e   tratamento.   Como   muitas   vezes   não   se 
entende até onde a medicina deve intervir ou não na vida de 
um   doente,   é   importante   compreender   a   diferença   entre 
assistência e tratamento.
 

15
O que é assistência?
A assistência supre as necessidades básicas de todas as 
pessoas, doentes ou saudáveis: nutrição, hidratação (água), 
calor   humano,   abrigo   e   apoio   emocional   e   espiritual.   O 
alimento   e   a   água   são   necessidades   básicas   de   todos   os 
seres humanos, não tratamento, e sua retirada provoca ou 
apressa a morte. Isso é inaceitável na ética médica, já que a 
medicina tem a missão clara de destruir a doença, não o 
doente.   O   alvo   é   sempre   dar   assistência   para   o   doente, 
nunca matá­lo. Enquanto o paciente está em condições de 
receber nutrição, essa necessidade tem de ser plenamente 
suprida.   A   retirada   da   nutrição   só   é   possível   quando   o 
doente está perto da morte e seu corpo não consegue mais 
metabolizar   o   alimento.   Nessas   circunstâncias,   a 
alimentação pode ser inútil e sobrecarregar excessivamente 
o   organismo   do   doente.   Em   todos   os   outros   casos,   a 
assistência jamais deve ser negada.
Há pacientes que não têm condições de receber
alimento pela boca normalmente. Dar comida e água para
eles através de uma sonda de alimentação é considerado
assistência normal. A ética médica tradicional estipula
que as sondas de alimentação sejam usadas quando há
necessidade, a não ser que o paciente esteja prestes a
morrer ou não esteja em condições de metabolizar o
alimento devido à sua doença (como câncer metastático
pervarsivo) ou haja uma patologia (por exemplo,
aderências no estômago) que torne impossível ou
perigoso introduzir uma sonda. Sondas de alimentação
são simples e eficientes para fornecer alimentação e
água, e não incomodam, não causam dor nem custam
caro. Remover a sonda ou não aceitá-la para dar
alimentação e água quando é necessário com certeza
provocará a morte do paciente. Nesse caso, ele morrerá
não de sua doença, mas de desidratação e fome. É uma
morte extremamente desumana. 12

12 Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).

16
É muito difícil cuidar de alguém que está morrendo de
desidratação e fome. A pessoa tem convulsões, a pele e
as mucosas secam, causando feridas que apodrecem e
sangram. O aparelho respiratório seca, causando grossas
secreções que tapam os pulmões e provocam uma
respiração angustiosa. Todos os órgãos acabam ficando
fracos e a morte vem então, depois de um agonizante
período de 5 a 21 dias. 13

A escritora Eileen Doyle disse:

Matar-se de fome é a mesma coisa que colocar uma arma


na própria cabeça. A causa da morte é a intenção de acabar
com a própria vida. Qualquer argumento que permita a
remoção das sondas de alimentação poderia ser também
aplicado para a recusa de alimento e água para pessoas em
condições de ingeri-las. 14

13 Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
14 Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).

17
Figura 2: A História do Bom Samaritano, Versão Moderna
— Deus do céu! — Qual é o problema dela, doutor? — Muitas
coisas! — De que ela precisa para permanecer viva? — No
mínimo, ela precisa desse alimento e água! — Agora ela pode ir
em paz!

Por que tantos doentes são alimentados por sonda e


não pela boca? A alimentação por sonda diminui o tempo
necessário para as enfermeiras alimentarem o paciente
pela boca, economizando tempo e reduzindo os custos.

O que é tratamento?
O   alvo   do   tratamento   médico   é   curar   ou   controlar   os 
problemas   crônicos   ou   agudos   de   saúde.   Na   maior   parte 
das situações os médicos usam o tratamento padrão, e em 
situações mais sérias eles têm de aplicar tratamentos mais 
fortes. O tratamento padrão envolve o uso de medicamentos 
e  cirurgias  para  aliviar  os  problemas  de  saúde  ou  outros 
problemas provocados por acidentes ou doenças. Quando o 

18
tratamento se torna medicamente inútil ou quase não traz 
benefício,   o   caso   deve   ser   avaliado   levando­se   em 
consideração os melhores interesses do paciente. Nos casos 
terminais, o tratamento mais útil é trazer conforto ou aliviar 
as dores do paciente.
É uma opção saudável, no caso de alguém que já está
morrendo, a remoção de tratamentos muito fortes que só
causam dor e prolongam desnecessariamente um tempo
bem curto de vida. Morte natural significa permitir que o
paciente morra em conforto e paz. Observe que se os
mesmos tratamentos fossem removidos de uma pessoa
que tem grande chance de viver por mais tempo, tal ação
seria eutanásia. Exemplos desse tipo são os milhares de
recém-nascidos que morrem anualmente nos EUA porque
os médicos não permitem que eles recebam alimento e
água. Se não fosse por esse ato médico, esses bebês
poderiam viver anos. 15

Quem deve decidir?


Quando um doente está impossibilitado de falar por si 
mesmo,   a   família   tem   a   responsabilidade   de   tomar   as 
decisões   no   lugar   dele.   A   questão   mais   importante   não   é 
avaliar o que é melhor para nós ou se valerá a pena deixá­lo 
viver   de   uma   maneira   considerada   improdutiva   pelos 
padrões de um mundo que não teme nem obedece a Deus. 
Precisamos decidir o que é melhor para a pessoa que está 
doente.
Nessa   situação,   o   cristão   tem   a   responsabilidade   de 
buscar a vontade e a presença de Deus em tudo o que faz, 
pois a decisão de dar ou não a vida pertence somente a ele 
(cf.   Deuteronômio   32.39).   Portanto,   a   base   de   qualquer 
decisão   é   se   determinado   tratamento   trará   benefício   ou 
sobrecarregará a vida de um paciente, não se a vida de um 
paciente é inútil ou difícil de suportar.

15Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom. 
2000 Human Life International.

19
Como muitas outras pessoas que estudam muito para 
aprender,   Christine   Skiffington   está   se   esforçando   e 
avançando muito em seu estudo da língua francesa. Não há 
nada de raro nisso, exceto que seis anos antes  ela estava 
em   coma,   depois   de   sofrer   hemorragia   cerebral.   Ela   não 
mostrou absolutamente nenhum sinal de consciência e não 
conseguia   se   comunicar.   Ninguém   esperava   que   ela   se 
recuperasse e os médicos queriam remover o alimento e os 
líquidos   dela,   a   fim   de   lhe   apressar   a   morte,   mas   seu 
marido   não   deu   consentimento.   Os   médicos   ainda   não 
conseguem explicar como Christine, que tem 61 anos, saiu 
do coma. Ela teve uma recuperação total e já está tirando 
carteira de motorista. Esse caso mostra que as pessoas que 
trabalham na medicina não são infalíveis e que há sempre a 
possibilidade   de   uma   recuperação.   Mas   a   questão   mais 
importante não é essa. O ponto chave é que ninguém deve 
ajudar a empurrar outro ser humano para a morte. Como 
ser humano, Christine Skiffington tinha o direito à vida — 
mesmo que ela não se recuperasse totalmente. 16

O APERTO DA MÃO DA ESPOSA


Lorraine   Lane   tinha   42   anos   quando   desmaiou   ao   ir   para 
casa   depois   do   trabalho.   Os   médicos   diagnosticaram   que   um 
derrame a tinha deixado com danos cerebrais graves. O marido 
Neil   queria   honrar   o   pacto   de   “direito   de   morrer”   que   o   casal 
tinha  feito   antes  do  derrame.  Depois  de  um  ano,  ele  ficou  tão 
desesperado   para   livrar   a  esposa   do   “inferno   em  vida”   que   ele 
lutou para ganhar uma ordem judicial que obrigaria os médicos 
a remover a alimentação e líquidos dela. Mas o Sr. Lane mudou 
de idéia depois que sua esposa apertou a mão dele quando ele 
estava  na cama  ao  lado  dela.  Ele  disse:  “Eu  não  poderia  viver 
com   o   pensamento   de   que   Lorraine   estava   consciente   do   que 
estava   acontecendo   e   consciente   de   que   ela   estava   sendo 
praticamente   abandonada   para   morrer   de   fome”.   (Daily   Mail 
[Inglaterra], 18 de julho de 2000)

16 Pro-Life Times, novembro de 2000, pp. 1,2.

20
A questão da dor
Se não fosse pela existência da dor, provavelmente não 
haveria   nenhum   movimento   pró­eutanásia   no   mundo.   Na 
Holanda, o espectro de sofrer dores agonizantes e a solução 
misericordiosa   da   eutanásia   são   os   grandes   responsáveis 
pela   aceitação   da   morte   deliberada   de   pacientes   em 
hospitais. Quando pensam em eutanásia, muitas pessoas 
pensam em fuga do sofrimento.
O Dr. Jack Willke diz:
A questão central é que é possível controlar a dor. É possível
aliviar as dores dos pacientes em todos os casos, com a exceção
de uma fração muito pequena de situações. A chave de tudo é o
médico. Se ele não sabe controlar a dor e não pode, ou não quer,
tomar o tempo para aprender, então a “solução simples” do
médico é matar o paciente quando ele não puder matar a dor.17

Vivemos numa época em que a medicina se desenvolveu 
a tal ponto que já é possível aliviar o sofrimento de pessoas 
que estão sofrendo as dores mais intensas. Anestesistas e 
outros especialistas afirmam que a medicina hoje pode dar 
adequado   alívio   paliativo   em   99%   dos   casos.   Mas   muitos 
pacientes   são   impedidos   de   obter   o   alívio   de   suas   dores 
porque alguns médicos acham que eles ficarão viciados aos 
medicamentos   analgésicos   e   porque   também   muitos 
profissionais   médicos   não   receberam   um   treinamento 
adequado na área de controle de dores e sintomas. 18

Kathleen Foley é responsável pela área de alívio às dores 
no   Centro   de   Câncer   Memorial   Sloan­Kettering   em   Nova 
Iorque. Ela declarou:

Vemos freqüentemente pacientes encaminhados para nossa


Clínica que, por causa de dores incontroláveis, pedem que os
médicos os ajudem a se matar. Mas é comum vermos tais idéias
e pedidos desaparecerem quando eles recebem um tratamento
17J.C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 90.
18Teresa R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,
1999), p. 5.

21
que lhes traz alívio de suas dores e outros sintomas, usando uma
combinação de métodos farmacológicos, neurocirúrgicos,
anestésicos e psicológicos. 19

Um escritor fala
Se a medicina hoje tem tantos recursos disponíveis para 
aliviar o sofrimento físico dos doentes sem matá­los, então 
por que os médicos não os usam? O escritor Wesley Smith
recentemente escreveu um livro chamado Cultura da
Morte, onde ele mostra o que está acontecendo com a
medicina nos Estados Unidos. Em entrevista ao noticiário
eletrônico WorldNetDaily, ele explica que a maioria das
pessoas não sabe que um pequeno mas influente grupo
de filósofos e autoridades da área de saúde está
trabalhando intensamente para transformar as leis e o
sistema de saúde. Ele afirma que, sob a incitação de
especialistas em bioética, a indústria da saúde está
abandonando sua prática tradicional de não fazer mal aos
pacientes e está agora adotando um sistema
completamente utilitário que legitimaria a discriminação
contra — e em alguns casos até o assassinato de — as
pessoas mais fracas e mais indefesas da sociedade. A
seguir os melhores trechos da entrevista:

Pergunta: Como é que a classe médica está mudando?


Resposta: O que está acontecendo é que há um movimento
ideológico chamado o “movimento de bioética”, que está nos
afastando da medicina cujo juramento profissional é “não fazer
mal” (e a maioria das pessoas querem que seus médicos sigam
essa medicina) e está nos levando para uma medicina baseada
na tão chamada “qualidade de vida”.
P: Uma das coisas assustadoras que você menciona em seu
livro é toda essa conversa sobre “direito de morrer”… não
queremos ficar presos a máquinas de suporte de vida; temos o
direito de morrer. Mas você escreve que a tendência mais

19Teresa R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,


1999), p. 10.

22
recente não é só o “direito” de morrer, mas um “dever de
morrer”.
R: Sim. O movimento de bioética está nos levando em direção
ao dever de morrer. O motivo por que logo de início já falo
sobre filosofia é porque é a filosofia que fortalece as próprias
políticas e planos que descreverei daqui a pouco. Você e eu
pensaríamos, assim creio eu, que o fato de nós sermos seres
humanos é algo exclusivo e especial no mundo. Mas de acordo
com a ideologia da bioética, a coisa não é bem assim, pois
somos mera vida biológica. Não há nada especial no fato de
sermos seres humanos. Portanto, os especialistas em bioética
— não todos, mas os que mais chamam a atenção no
movimento — decidiram que temos de distinguir o que é que
torna a vida humana — ou qualquer outro tipo de vida —
especial. E eles chegaram a uma conclusão, que é realmente
prejudicial e discriminatória.
A questão deles não é se o fato de você ser humano é
importante, mas se você é uma “pessoa”. Assim, para eles há
alguns humanos que são pessoas, e todas as pessoas têm o
que você e eu chamamos de direitos humanos. Mas as não-
pessoas humanas não têm direitos humanos.
P: E quem é que está decidindo classificar certas pessoas
assim?
R: Os especialistas em bioética estão criando essas decisões, e
estão ensinando isso nas universidades mais importantes.
P: Quem lhes deu o direito de decidir o que é certo e errado?
R: É uma boa pergunta. Quem foi que decidiu que os filósofos
— pois é principalmente isso que eles são — devem decidir
nossa ética médica e nossas políticas de saúde pública? Mas se
der uma olhada na comissão presidencial de bioética, adivinhe
quem é que está ocupando essas posições? Dê uma olhada na
maioria das posições de bioética nas universidades. Ali estão
pessoas como Peter Singer, da Universidade de Princeton.
P: Esse cara é louco.
R: Peter Singer exemplifica o movimento sobre o qual estou
falando… Ele é um australiano, o que chamam de “filósofo
moral”. Mas no caso dele, esse termo é contraditório. Ele é
conhecido principalmente por duas coisas. Primeira, ele é o
criador do moderno movimento dos direitos dos animais. Na
década de 70 ele escreveu um livro chamado “A Liberação dos
Animais”, e o livro oferece a suposição de que os seres
humanos e os animais têm igual e inerente valor moral.

23
Portanto, não se pode usar animais em pesquisa de animais e
coisas desse tipo… Ele também não gosta que as pessoas os
comam. Segunda, ele é o mais famoso defensor mundial da
legalização do assassinato de recém-nascidos.
Ora, não estou falando sobre aborto. Singer e seu guia
espiritual, Joseph Fletcher, poderiam chamar aborto. Aliás, eles
chamam “aborto pós-nascimento”.
P: Se os pais deles praticassem o que eles agora ensinam…
R: No passado Peter Singer disse que os pais deveriam ter 28
dias para decidir ficar com seus filhos recém-nascidos ou matá-
los. Agora ele expandiu esse prazo para um ano. Essa atitude é
baseada em sua idéia de que a criança recém-nascida não é
uma pessoa. Conforme crê Peter Singer, o recém-nascido não é
um ser consciente… Outros especialistas em bioética discutem
o assunto de modo diferente. Alguns acreditam que… uma
pessoa é um ser que pode fazer decisões morais e dar
prestações de contas moralmente, por exemplo, num crime.
Mas a conclusão a que isso leva é à atitude de decidir quais
seres humanos são melhores do que os outros.
P: Estou completamente aturdido com o fato de que as
pessoas poderiam chegar a desperdiçar um minuto escutando
esse imbecil do Singer.
R: Ele tem menos tato do que outros. Mas ele não pertence a
uma minoria isolada. Ele exemplifica o movimento. Ele é o
presidente da Associação Bioética Mundial. Talvez esse não
seja o nome exato da organização, mas ele está na segunda
universidade mais prestigiosa nos EUA e uma das mais
conceituadas no mundo. Ele é um dos mais respeitados
especialistas em bioética em posição de autoridade…
P: Devíamos simplesmente não dar nenhuma atenção aos
esquerdistas radicais como Singer. Por que não fazemos isso?
Que tipo de impacto esses especialistas em bioética podem ter
em mim e em você?
R: Eles são os indivíduos que estão criando leis. Se você for a
um tribunal para resolver uma questão de bioética, adivinhe
que é que dá testemunho no tribunal? Os especialistas em
bioética! Quando o ex-presidente Clinton estava decidindo o
que fazer acerca da pesquisa de células-troncos [retiradas de
bebês], adivinhe que é que fez essas decisões com base nas
recomendações dos especialistas de bioética? A pessoa que
preside a comissão de bioética do presidente é o presidente da

24
Universidade de Princeton, responsável pela presença de Peter
Singer na universidade.
P: Então eles são uma panelinha.
R: É uma panelinha de elite. Eles estão nas universidades mais
importantes: Harvard, Yale, Georgetown. A Universidade de
Georgetown publica a Revista de Ética do Instituto Kennedy,
que é uma das principais revistas para os especialistas em
bioética no mundo inteiro.
P: Então esses caras ensinam os estudantes de hoje que estão
se preparando para ser os médicos de amanhã?
R: Sim. Todos os médicos que se formam passam por um
treinamento de bioética. E o motivo por que escrevi o livro
“Cultura da Morte” é que a maioria das pessoas não concorda
com a bioética. A [atual] ética médica e os valores de saúde
pública não refletem… nossa convicção de que toda vida
humana é sagrada e tem os mesmos direitos. Como disse
Thomas Jefferson: “Afirmamos que essas verdades são
evidentes para todos, que todas as pessoas são criadas
iguais”. Os especialistas em bioética rejeitam essa idéia porque
de acordo com a bioética a pessoa tem de provar merecer o
direito de ser considerada uma “pessoa”. Se não acredita em
mim, permita-me lhe ler algo de um especialista em bioética
chamado John Harris. O artigo dele saiu publicado na Revista
de Ética do Instituto Kennedy. É sobre isso basicamente que
estamos falando. Então gostaria de levar você para as
conseqüências, para onde esse tipo de pensamento conduz. O
que quero dizer é que as pessoas entre nós que são mais
vulneráveis, as mais fracas — são literalmente empurradas
para a morte. Veja aqui o que Harris diz sobre o direito de ser
uma pessoa: “Muitos, ainda que não todos, dos problemas da
ética de assistência de saúde pressupõem que temos uma
opinião sobre os tipos de seres que têm algo que poderíamos
considerar como de valor moral máximo”. Ora, você e eu
diríamos que todos os seres humanos têm valor, certo?… Veja
o que mais ele diz: “Ou se isso parece apocalíptico demais,
então com certeza precisamos identificar os tipos de indivíduos
que têm o valor moral mais elevado”. Mas os especialistas em
bioética estão dizendo isso, e as pessoas parecem pensar que
tudo o que eles dizem está certo só porque eles são das
universidades mais conhecidas… Dê uma olhada no modo
como o jornal The New York Times e outros membros dos
principais meios de comunicação fazem reportagem sobre

25
Peter Singer. Eles fizeram pouco caso de suas declarações de
que precisamos ganhar o direito de matar bebês e as tacharam
como fora de contexto. Eles o exaltam como um homem com
idéias novas e grandes.
P: Parece que há um grupo de acadêmicos arrogantes e
pretensiosos que está agora ditando o modo como a medicina
será praticada.
R: É porque esse país está sofrendo de uma horrível doença
chamada “especialitis”. Achamos que as únicas pessoas que
sabem tudo são os “especialistas”, e as pessoas de certo modo
pararam de acreditar que seus próprios valores podem ser
importantes e podem desempenhar uma parte nessas
questões. Quando dizem que alguns de nós não são pessoas,
então o que podemos fazer com as pessoas que não são
consideradas “pessoas”? Será que poderemos tirar proveito
delas como se fossem recursos naturais?
P: Isso é o que esses palhaços diriam. Aliás, basicamente eles
vêem as não-pessoas como campo para o cultivo de órgãos e
partes do corpo que podem e devem ser colhidos para serem
usados sempre que as pessoas de maior valor moral precisem
desses órgãos.
R: E aí está o ponto mais importante. Tom Beechum — um
importante bioético que escreveu um dos principais livros
escolares de bioética “Os Princípios da Ética Biomédica” — diz:
“O fato de que muitos seres humanos não são pessoas ou são
menos do que pessoas plenas… os torna moralmente iguais ou
inferiores a alguns seres não humanos [animais]. Se dá para
defender essa conclusão, precisaremos repensar nossa opinião
tradicional de que esses seres humanos infelizes não podem
ser tratados do mesmo modo que tratamos semelhantes seres
não humanos. Por exemplo, eles poderiam ser usados
como matéria humana para pesquisas e fontes de
órgãos”.
P: Por favor conte-nos o caso, registrado em seu livro, de
Christopher e seu pai.
R: Christopher Campbell era um jovem de 17 anos que sofreu
um acidente de carro. Ele ficou inconsciente por três semanas.
De repente ele começou a ter uma febre alta e horrível, e seu
pai John diz ao médico: “Trate a febre do meu filho. Ele está
com 40 graus de temperatura, e está subindo para 41”. O
médico respondeu ao pai: “De que vai adiantar? Seu filho não
está consciente. Sua vida já terminou”. E quando o pai

26
continuou a insistir, o médico chegou ao ponto de rir na cara
dele.
P: Como você ficou sabendo desse caso?
R: Esse pai desesperado me ligou porque eu havia escrito um
livro anterior, Forced Exit (Morte Forçada), sobre a eutanásia.
Ele me sondou e disse: “Ei, o que posso fazer?” Então lhe dei
algumas dicas, e adivinhe o que aconteceu? Ele conseguiu
tratamento para seu filho… ele saiu do coma, está aprendendo
a andar e é hoje um conselheiro para adolescentes em
situação de risco.
P: E pode-se definir esses adolescentes em risco como
qualquer infeliz que teve de ser tratado pelo homem que era o
médico de Campbell.
R: Agora esse jovem está levando uma vida bem produtiva, e
está trabalhando muito para se recuperar fisicamente, pois ele
teve ferimentos bem graves na cabeça. Mas esse jovem estaria
morto hoje porque o médico não se importava o bastante com
sua vida para reduzir uma febre.
P: Lamentavelmente, o caso dele não é incomum. Diga-nos da
senhora de 90 anos cujo médico não queria lhe dar
antibióticos.
R: Uma mulher me telefonou para dizer: “Minha mãe tem 92
anos. Ela está com uma infecção terrível, e o médico não quer
lhe dar antibióticos”. Então fiz a pergunta óbvia: “Por que?” Ela
respondeu: “O médico me disse: ‘De todo jeito sua mãe vai
morrer de infecção. Bem que poderia ser essa.’”
P: Conte-nos o caso do bebê Ryan do Estado de Washington.
R: O bebê Ryan nasceu prematuramente com problema nos
rins. Ele precisava de diálise de rins. O pai era um imigrante
vietnamita e, como não é de surpreender, ele não era visto
como uma pessoa de influência. Como sabemos, não se faz
essas coisas para um presidente. Inicialmente, se faz esse tipo
de coisa para gente que não pode revidar. Mas esse pai
revidou. Os médicos lhe disseram: “Chegou a hora de seu bebê
morrer. Muito embora você não queira, estamos removendo
dele a diálise de rins”. O pai conseguiu um advogado e obteve
um mandado judicial.
P: Explique o que aconteceu com o pai.
R: Pelo fato de que o pai obteve o mandado, os médicos o
entregaram às autoridades públicas, afirmando que o pai, não
os médicos, estava prejudicando a criança impedindo-a de
morrer.

27
P: E o que aconteceu?
R: Apareceu um médico diferente que tomou conta do caso.
Ele colocou o bebê num hospital diferente, e ele ficou melhor.
A verdade é que após várias semanas o bebê não mais
precisou de diálise de rins. A criança acabou morrendo aos 4
anos, porém por razões que nada tinham a ver com os rins.
Aliás, ele teve uma infância bem feliz. Se tivessem deixado os
médicos imporem seus valores e moralidade no bebê, ele teria
morrido com a idade de duas semanas.
P: No seu livro há alguns casos horríveis de pacientes que
foram forçados a morrer porque removeram a água deles.
R: Há mesmo. E é uma situação terrível — principalmente se o
paciente está consciente. A desidratação mata em 14 dias,
porém é um problema que dá para resolver facilmente. Antes
era a família que decidia remover a água e o alimento. Mas
agora a história é diferente. Há um caso na Califórnia
envolvendo Robert Wendland. Robert consegue andar de
cadeira de rodas pelos corredores do hospital. Ele consegue
escrever a letra “R”. Ele consegue dizer sim ou não com a
ajuda de botões. Ele sofreu um horrível acidente de carro e é
hoje um deficiente físico cognitivo. Estão agora decidindo
diante da Suprema Corte dos EUA se podem remover a água
dele para ele morrer, o que levará 14 dias. A Corte de Apelos
disse que os médicos têm o direito de remover a água dele… 20

20 Wesley Smith, em entrevista ao noticiário eletrônico WorldNetDaily de 11 de


fevereiro de 2001 (www.wnd.com). O texto foi traduzido e adaptado por mim e alguns
trechos importantes foram destacados em negrito por mim.

28
A HISTÓRIA DA EUTANÁSIA MODERNA

Se o homem perder a vontade de respeitar algum aspecto


da vida, ele perderá a vontade de respeitar a vida por
completo.
Dr. Albert Schweitzer. 21

A maioria das pessoas que apóia a idéia da “eutanásia 
voluntária” acha que o que se quer fazer é apenas acabar 
com   as   dores   insuportáveis   de   alguém   que   já   está 
morrendo.   Aliás,   algumas   organizações   de   eutanásia 
parecem   ter   sido   fundadas   com   esse   objetivo.   Mas   se 
desejamos   entender   o   moderno   movimento   pró­eutanásia, 
suas   origens   e   conseqüências,   precisamos   conhecer   um 
pouco de seu nascimento. 
O   movimento   pró­eutanásia   surgiu   na   Inglaterra,   por 
volta de 1900, com base nas teorias de Charles Darwin de 
que os fracos devem morrer e de que só os mais fortes são 
dignos de viver. Darwin cria que o ser humano é apenas um 
animal evoluído que veio do macaco. A teoria da evolução 
foi   o   fator   mais   importante   por   trás   das   campanhas 
inglesas   que   mostravam   que,   para   muitas   pessoas,   não 
valia   a   pena   continuar   vivendo   ou   que   suas   vidas   eram 
apenas   uma   carga   para   si   mesmas   e   para   os   familiares. 
Muitos   ingleses   que   apoiaram   a   eutanásia   no   começo 
acreditavam   que   o   objetivo   era   acabar   com   o   sofrimento 
inútil. Mas logo ficou claro que o objetivo era acabar com as 
pessoas inúteis.

As raízes do nazismo
Então em 1922 na Alemanha, muito antes de o nazismo 
começar seu avanço, o jurista Karl Binding e o psiquiatra 
Alfred Hoche escreveram Legalizando a Destruição da Vida  
21 Veja o capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.

29
Sem   Valor.   Esse   livro   tentava   provar   que   o   sustento   das 
pessoas inúteis causava despesas pesadas para o governo e 
para   as   famílias   e   recomendava   a   eutanásia   para   os 
deficientes físicos e mentais.
Nessa   época   respeitados   homens   da   classe   médica, 
jurídica e psiquiátrica começaram a aceitar a idéia de que a 
eutanásia era uma opção compassiva de eliminar os que, de 
acordo   com   a   ética   deles,   tinham   uma   vida   que   não 
produzia nada. Eles foram influenciados por opiniões que 
diziam que uma morte apressada seria de grande benefício 
para pacientes em certas categorias. Os médicos alemães, 
que   eram   considerados   os   mais   avançados   do   mundo, 
começaram  a   promover  a   noção  de   que  o   médico  deveria 
ajudar   seus   pacientes   a   morrer.   A   elite   da   classe   médica 
defendia  sterbehilfe,   que   em   alemão   significa   “ajuda   para 
morrer”, para os doentes incuráveis e isso era considerado 
wohltat, um ato misericordioso. 22

O começo da eutanásia nazista


Ao  mesmo   tempo,  as   leis  alemãs   passaram  a   permitir 
uma   prática   que   decisivamente   conduz   à   eutanásia:   o 
aborto   médico.   Sob   a   ditadura   nazista,   a   Alemanha   foi   o 
primeiro país europeu a legalizar o aborto. A nível mundial, 
a Rússia comunista foi o primeiro e a Alemanha o segundo. 
O Código Penal Alemão de 1933 diz:
O médico pode interromper a gravidez quando ela ameaça a
vida ou a saúde da mãe e ele pode matar um bebê (na barriga
da mãe) que tem probabilidade de apresentar defeitos
hereditários e transmissíveis.23

O primeiro caso de prática da eutanásia na Alemanha 
foi o de um recém­nascido cego e deformado. O próprio pai 
pediu que seu filho deficiente fosse morto, pois ele achava 
22J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 6.
23Dr. & Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 193.

30
que   uma   vida   com   graves   deficiências   físicas   não   tinha 
sentido.   A   triste   condição   física   do   bebê   foi   amplamente 
divulgada   pela   imprensa.   E   muitos,   aproveitando   a 
oportunidade, fizeram campanhas para ganhar o apoio do 
público para a eutanásia. Em resposta a essas campanhas, 
Adolf Hitler autorizou um médico a dar uma injeção letal no 
bebê. Esse caso passou a ser usado, com a colaboração de 
alguns pediatras, para matar todos os recém­nascidos que 
tinham algum defeito. Logo os doentes mentais de todas as 
idades foram colocados na categoria de pessoas com vida 
inútil,   e   assim   275   mil   pacientes   alemães   com   doenças 
mentais acabaram sendo cruelmente mortos. 
Em   1935,   o   Dr.   Arthur   Guett,   Ministro   da   Saúde   no 
governo nazista, disse:
Temos de acabar com o conceito enganoso de “amor ao
próximo”, principalmente com relação às pessoas inferiores e
aos que não têm uma vida social normal. É o supremo dever do
governo dar vida e meios de sobreviver somente para os que
são saudáveis…24

Por   longo   tempo,   as   execuções   foram   mantidas   em 


segredo   do   povo   por   um   sofisticado   sistema   de 
acobertamento.   Tudo   ocorria   de   forma   rotineira   e 
profissional: os especialistas em psiquiatria aprovavam os 
que deveriam ser sentenciados à morte e o governo cuidava 
do   resto.   Basta   mencionar   que   a   única   coisa   que   o   povo 
sabia   era   que   os   pacientes   eram   transportados   para   a 
Fundação   de   Caridade   para   a   Assistência   Institucional,   e 
não   mais   voltavam.   Na   verdade,   eles   eram   levados   para 
câmaras de gás. A primeira câmara desse tipo foi projetada 
por   professores   de   psiquiatria   de   12   importantes 
universidades alemãs.   Os pacientes eram mortos com gás 
25

24Citado em Dr. Paul Marx, And Now… Euthanasia (Human Life International:
Washington, D.C., EUA, 1985), p. 70.
25Dr. & Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 229.

31
ou   injeção   letal   na   presença   de   especialistas   médicos, 
enfermeiras e psiquiatras. 26

O programa de eutanásia havia se tornado tão normal 
que os especialistas não viam mal algum em participar. O 
Prof.   Julius   Hallervordern,   famoso   neuropatologista   (tão 
conhecido   que   determinada   doença   do   cérebro   leva   seu 
nome:   a   doença   de   Hallervordern­Spatz)   solicitou   ao 
escritório   central   do   programa   o   envio   de   cérebros   de 
vítimas   de   eutanásia   para   seus   estudos   microscópicos. 
Enquanto   as   vitimas   ainda   estavam   vivas,   ele   dava 
instruções sobre como os cérebros deveriam ser removidos, 
preservados e mandados para ele. Ao todo ele obteve das 
instituições   psiquiátricas   de   eutanásia   mais   de   600 
cérebros de adultos e crianças. 27

As   autoridades   afirmavam   manter   o   programa   de 


eutanásia   por   puras   motivações   humanitárias   e   sociais. 
Inicialmente   só   os   alemães   tinham   o   “privilégio”   de   pedir 
ajuda   médica   para   morrer,   porque   o   governo   alemão   não 
queria   conceder   esse   ato   de   “compaixão”   para   os   judeus, 
que   eram   desprezados.   É   importante   observar   que   os 
médicos   alemães   eram   convidados,   não   forçados,   a 
participar   desse   programa.   Os   médicos   jamais   recebiam 
ordens   de   matar   pacientes   psiquiátricos   e   crianças 
deficientes.   Eles   recebiam  autoridade  para   fazer   isso,   e 
cumpriam   sua   tarefa   sem   protesto,   muitas   vezes   por 
iniciativa   própria.   Sua   classe   e   literatura   os   havia 
28

condicionado a ver tudo como normal.
Em   setembro   de   1939,   entrou   em   vigor   a   Ordem   de 
Eutanásia de Hitler para toda a sociedade alemã:

26Os especialistas envolvidos no programa de eutanásia eram tão importantes e


famosos que até hoje seus nomes são mencionados na literatura psiquiátrica, médica e
jurídica internacional. Ver J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing
Co.: Cincinnati-EUA, 1998), p. 37.
27J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 47.
28J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), pp. 8,9.

32
A autoridade dos médicos é aumentada para incluir a
responsabilidade de aplicar uma morte misericordiosa às
pessoas que não têm cura.29

E em 1940 uma lei foi proposta que dizia:
Qualquer paciente que esteja sofrendo de uma doença incurável
que leve à forte debilitação de si mesmo ou de outros pode,
mediante pedido explícito e com a permissão de um médico
especificamente nomeado, receber ajuda para morrer
(sterbehilfe) de um médico.30

Pouco tempo depois foram considerados inúteis não só 
os   doentes,   os   “indesejados   sociais”   e   os   opositores 
políticos, mas também pessoas de outras raças e religiões. 
E   assim   começou   o   Holocausto   de   6   milhões   de   judeus, 
com suas tristes conseqüências até hoje.
Logo que a 2 Guerra Mundial terminou, o programa de 
eutanásia legal da Alemanha nazista se tornou conhecido 
no mundo inteiro. Foram reveladas tantas atrocidades que 
os   grupos   pró­eutanásia   no   resto   do   mundo   foram 
obrigados a parar suas campanhas e atividades. 

A História se repete…
Contudo, anos depois, quando muitos dos horrores do 
nazismo   foram   esquecidos,   esses   grupos   voltaram   a 
trabalhar, com novas estratégias, para defender e legalizar 
o que eles chamam de “o direito de morrer”. Em 1972, o Dr. 
Philip   Handler,   presidente   da   Academia   Nacional   de 
Ciências dos EUA, declarou que já era hora de o governo 
elaborar   uma   política   nacional   para   eliminar   os   recém­
nascidos defeituosos . 31

Em 1973, os EUA legalizaram o aborto, cuja prática hoje 
é permitida, por qualquer mãe americana que quiser, até o 
momento   do   nascimento   da   criança.   Anualmente,   são 
29Dr. & Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 193.
30J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 10.
31Dr. Paul Marx, And Now… Euthanasia (HLI: Washington DC, 1985), p. 71.

33
realizados   mais   de   1   milhão   de   abortos   nos   hospitais   e 
clínicas   americanas.   No   mesmo   ano   em   que   o   aborto   foi 
legalizado, um famoso pediatra revelou que 14% das mortes 
de   recém­nascidos   no   Hospital   Yale­New   Haven   eram 
causadas deliberadamente.
Em   1977,   a   maioria   dos   cirurgiões   pediátricos, 
respondendo   a   uma   pesquisa,   disseram   que   não   fariam 
nada para salvar a vida de uma criança deficiente. E em 
1982,   num   caso   noticiado   amplamente   pela   imprensa 
americana,   um   hospital   de   Bloomington   permitiu 
deliberadamente,   com   a   aprovação   dos   pais,   médicos   e 
juizes, que um menino recém­nascido com a síndrome de 
Down não recebesse alimento nem água. 32

O bebê, que nasceu em 9 de abril de 1982, tinha dois 
problemas físicos: a síndrome de Down e um esôfago mal 
formado que impedia o alimento de chegar até o estômago. 
Embora não fosse possível corrigir medicamente o primeiro 
problema,   poderia­se   resolver   facilmente   o   segundo   com 
uma   cirurgia   de   baixo   risco   que   ligaria   o   esôfago   ao 
estômago. Mas os pais não deram permissão para o bebê 
ser operado nem permitiram que ele recebesse alimentação 
intravenosa. Dezenas de casais se ofereceram para adotar e 
ajudar a criança, porém os pais rejeitaram essa assistência. 
No   berço   do   bebê   foi   colocado   um   aviso   para   as 
enfermeiras: “Não o alimente”. Dois dias depois os ácidos de 
seu   estômago   começaram   a   lhe   corroer   os   pulmões   e   a 
criança começou a cuspir sangue. Quando as enfermeiras 
ameaçaram abandonar o hospital em protesto contra essa 
situação, o bebê foi transferido. Levou seis dias para ele dar 
o último suspiro, e ele chorou incontrolavelmente durante 
seus   últimos   quatro   dias   de   vida.   A   pediatra   Dr.ª   Anne 
Bannon diz o que aconteceu:
O corpinho fino e encolhido do bebê Doe estava deitado
passivamente nos lençóis do hospital. Extremamente

32John Whitehead, Arresting Abortion (Crossway Books: Westchester-EUA, 1985), p. 4.

34
desidratado e com a pele seca e cianótica, ele respirava de
modo fraco e irregular. De sua boca seca demais para fechar
estava escorrendo sangue…33

Na mesma época em que os médicos estavam deixando 
o bebê Doe morrer de fome, em Maryland um veterinário foi 
multado em 3.000 dólares por deixar um cachorro morrer 
de fome. Sua licença foi suspensa por seis dias.   34

Um   bebê   não   deveria   merecer   mais   valor   do   que   um 


cachorro? Margaret Mead declara:

A   sociedade   está   sempre   tentando   transformar   os   médicos 


em assassinos — matando a criança deficiente no nascimento, 
deixando comprimidos de dormir ao lado da cama do paciente de 
câncer…  É   o   dever   da   sociedade   proteger   os   médicos   de   tais 
pedidos. 35

A idéia de que há tipos de vida que não são dignas de 
viver é a grande responsável pela propagação da moderna 
eutanásia, principalmente o ato de matar de fome e sede 
pacientes de hospitais. O menino com a síndrome de Down, 
por exemplo, teve de morrer porque os pais, o pediatra e o 
juiz   achavam   que   ele   precisava   preencher   as   mínimas 
condições   necessárias   de   qualidade   de   vida   para   ter   o 
direito de continuar existindo. 
No passado, a permissão legal de matar um bebê cego e 
deformado abriu o caminho para a eutanásia se tornar uma 
prática comum na Alemanha nazista. Hoje nos EUA e em 
outros   países   avançados   os   cientistas   médicos   usam   em 
suas   experiências   bebês   que   nascem   vivos   de   abortos 
legais.   Esses   bebês   não   são   considerados   nem   tratados 
33William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: Chicago-
EUA, 1995), p. 36.
34 Senador Jeremiah Denton, em discurso sobre a Resolução 101 do Senado
americano. Congressional Record, 97th Congress, 2nd Session, Volume 128, Nº 66,
maio de 26, 1982, pp. S6143-S6145. Citado no capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The
Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom.  2000 Human Life
International.
35 Citado no capítulo 112 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia.

Pro-Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.

35
como   seres   humanos.   E   agora   há   os   casos   de   recém­
nascidos deficientes que são deliberadamente assassinados. 
Tudo   como   conseqüência   direta   da   legalização   do   aborto. 
Essa indiferença para com a vida humana está começando 
a inclinar os países desenvolvidos a ver com bons olhos o 
ato   médico   de   apressar   a   morte   de   doentes   em   coma   ou 
depressão. 
O   Dr.   Franklin   E.   Payne   Jr,   médico   particular   e 
professor universitário na área da medicina, diz

O aborto se tornou o procedimento cirúrgico mais comum nos


Estados Unidos. A aceitação do aborto foi a primeira mudança
importante na ética médica que levou às crueldades da
Alemanha nazista. Mais tarde, “apelos em favor da eutanásia
começaram a aparecer mais freqüentemente nos artigos e livros
escritos por médicos”.36

36 Franklin E. Payne Jr, Biblical/Ethical Medics (Mott Media Inc: Milford, EUA, 1985), p. 3.

36
Figura 3: — O próximo!

37
No Canadá, o mesmo médico pioneiro na legalização do
aborto agora luta para legalizar a eutanásia. Ativistas 37

homossexuais também entraram nessa luta. O Dr. Brian 38

Clowes, autor da famosa Pro-Life Activist’s Encyclopedia nos


EUA, diz: “A eutanásia segue o aborto tão certamente quanto
a noite segue o dia”.    Seria de estranhar o fato de que todos 
39

os líderes pró­eutanásia nos EUA e na Europa trabalharam 
ativamente   para   a   legalização   do   aborto   em   seus   países? 
Nick   Thimmesch   escreveu   na   revista  Newsweek  que   os 
mesmos   indivíduos   que   lutaram   para   legalizar   o   aborto 
agora   fazem   campanhas   para   permitir   a   eliminação   de 
pessoas adultas. Ele disse: “Incomoda­me o fato de que os 
eugenicistas   na   Alemanha   organizaram   a   destruição   em 
massa   de   pacientes   mentais,   e   nos   Estados   Unidos   os 
indivíduos a favor do aborto agora também trabalham em 
organizações que promovem a eutanásia”.  40

O médico que hoje aceita matar uma criança inocente 
na barriga da mãe, amanhã aceitará matar adultos idosos 
ou doentes. 

37 Morgentaler To Campaign For Euthanasia, Lifesite Daily News, 26 de janeiro de


1998, Toronto, Canadá.
38 House Of Commons Debates Euthanasia, Lifesite Daily News, 5 de fevereiro de 1998,
Toronto, Canadá.
39 Citado no capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-

Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.


40 Citado no capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-

Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.

38
COMO OS ADEPTOS DA EUTANÁSIA AGEM

Os nazistas queriam eliminar os indivíduos inúteis da 
sociedade, mas havia um problema: a Alemanha tinha uma 
forte   e   antiga   tradição   evangélica   luterana   de   tratamento 
compassivo para com os idosos, os enfermos e os doentes 
mentais. A fim de mudarem o modo como o povo via essa 
questão, os nazistas contrataram os melhores especialistas 
da indústria do cinema na Alemanha. 
Tudo   foi   feito   com   o   máximo   que   os   recursos 
cinematográficos   permitiam   na   época:   efeitos   sonoros   e 
visuais, e uma voz de narrador profissional. O objetivo era 
simples.   Convencer   o   público   de   que   os   seres   humanos 
pertencem ao mundo natural, onde até mesmo os animais 
fracos   e   doentes   são   mortos   para   dar   espaço   para   os 
animais   mais   fortes.   Os   filmes   nazistas   fascinaram 
multidões de alemães mostrando um quadro frio e triste da 
vida “vegetativa” e improdutiva de pacientes em instituições 
de   doenças   mentais.   Num   dos   filmes,   um   especialista 
explica   que   o   governo   tinha   gastos   enormes   para   manter 
esses   deficientes   vivos,   enquanto   outras   áreas   do   país 
estavam desesperadamente precisando de recursos. Assim, 
o público era levado a concluir que o melhor que podemos 
fazer   pelos   fracos   é   deixar   a   natureza   seguir   seu   curso, 
trazendo doenças e morte para eles.
Nas   escolas   alemãs,   os   livros   de   matemática 
apresentavam, em termos exagerados, as despesas médicas 
dos   doentes   crônicos.   Os   estudantes   eram   ensinados   a 
calcular os custos que esses doentes davam para o país e 
descobrir propósitos mais produtivos em que esse dinheiro 
poderia   ser   investido   com   maior   eficiência.   Os   jornais   se 
referiam aos doentes crônicos como indivíduos inúteis que 
só   serviam   para   comer.   Foi   assim   que   Hitler   conseguiu 
fazer com que a Alemanha aceitasse sem remorsos a morte 

39
de   275   mil   pacientes   alemães,   antes   de   começar   a 
assassinar em massa a população judaica. 41

A História realmente mudou?


Contudo,   será   que   a   história   mudou?   Nas   escolas 
americanas de hoje alguns pais já estão percebendo como a 
educação   pública   quer   preparar   os   alunos   para   aceitar 
novas   maneiras   de   tratar   a   vida   humana.   O   Sr.   Larry 
Johnson   conta   como   sua   filha   foi   obrigada   na   escola   a 
assistir, com outros estudantes, a um filme “educacional” 
com o tema “Quem Deve Decidir Quem Tem o Direito de 
Viver?”   O   filme   mostrava   um   bote   salva­vidas   prestes   a 
afundar, porque havia pessoas demais. Para que o bote não 
afunde e a fim de que algumas pessoas possam sobreviver, 
alguém   terá   de   ser   atirado   ao   mar.   Os   alunos   têm   de 
escolher   quem   terá   de   ser   sacrificado:   o   médico,   o 
deficiente, o jovem, o idoso ou o advogado. 42

O   bote   salva­vidas   representa   nosso   planeta,   que   os 


especialistas acham que tem habitantes demais e poucos 
recursos. A solução é eliminar as pessoas improdutivas que 
só consomem esses poucos recursos.  É desse jeito que a 
eutanásia   e   o   aborto   legal   estão   sendo   sutilmente 
ensinados às crianças como meios de salvar nosso planeta 
do excesso de velhos e bebês.
Essas idéias contam hoje com ampla aceitação no meio 
das   elites   sociais   e   têm   o   apoio   financeiro   de   grandes 
organizações. Os grupos pró­eutanásia mais visíveis são a 
Federação   Internacional   de   Planejamento   Familiar   e   a 
Sociedade   Hemlock.   Derek   Humphrey,   co­fundador   da 
Hemlock, expressa um ponto de vista comum: “A liberdade 
individual exige que todos as pessoas tenham o direito de 
controlar   o   próprio   destino…   Essa   é   a   liberdade   civil 

41Arne Christenson, First Abortion, Then Euthanasia in New Wine (Mobile-EUA, março
de 1986), p. 36.
42Child Abuse in the Classroom, editado por Phyllis Schlafly (Crossway Books:
Westchester-EUA, 1985), p. 63.

40
máxima…   Se   não   pudermos   morrer   por   nossa   própria 
escolha, então não somos um povo livre…” A morte não é 
mais uma inevitabilidade ou tragédia. Agora querem que a 
tragédia se transforme em direito civil.  43

A   estratégia   do   movimento   pró­eutanásia   é   fazer, 


através de propagandas, com que as pessoas se acostumem 
com o assunto da eutanásia. Essa estratégia também tem 
sido usada em outras questões sociais como o aborto, os 
direitos homossexuais e a liberação sexual das crianças. Os 
que   estão   interessados   em   promover   essas   práticas   têm 
primeiramente   de   bombardear   constantemente   o   público 
com   seus   termos   peculiares,   e   assim   as   pessoas   se 
acostumam. E o que acontece então?
No Canadá, uma médica aplicou uma injeção letal num 
paciente com câncer terminal. A enfermeira a denunciou, 
ela   foi   julgada   e   acabou   sendo   apenas   repreendida   pelo 
juiz.   Alguém   é   morto,   mas   ninguém   é   condenado.   Nem 
mesmo a imprensa tentou desaprovar tal ato. Que tipo de 
mensagem essa atitude transmite para o público? 44

Um estudo cientifico mostra que os casos de morte de 
pacientes   com   ajuda   de   médicos   que   recebem   muita 
publicidade acabam estimulando outros a imitarem. Nesse 
estudo,   um   médico   aplicou   uma   injeção   letal   numa 
paciente   com   leucemia.   Depois   que   esse   caso   foi 
extensivamente   noticiado   pelos   meios   de   comunicação, 
houve   um   grande   aumento   no   número   de   pacientes   de 
leucemia   que   “morreram”.   Outro   caso   envolvia   uma 
paciente em coma cujos médicos removeram os aparelhos 
de sustentação da vida. Logo depois da notícia dessa morte, 
houve um aumento de quase 60% de pacientes em coma 
“morrendo”. Os sociólogos há muito tempo têm observado 
que   as   pessoas   gostam   de   copiar   os   outros,   e   o   exemplo 

43 Euthanasia: The Myth of Mercy Killing, POLICY CONCERNS (Concerned Women for
America: Washington DC, 1997), p. 1.
44 Andrew Coyne, Murder Most Inappropriate, National Post Online (Southam Inc.:
Canadá, 2 de abril de 1999).

41
público   de   certas   condutas   leva   a   atos   semelhantes.   É   o 
efeito imitação. 45

Num  mundo   em  que   os  seres   humanos  não   temem  a 


Deus e não respeitam a vida humana desde o momento da 
concepção, não é de admirar que alguns queiram acreditar 
na mentira de que existe o direito de morrer ou o direito de 
decidir quem tem de morrer. E toda essa confusão começou 
por   causa   da   legalização   do   aborto   nos   países   chamados 
“avançados” — avançados materialmente, mas moralmente 
deficientes.
Um ativista pró­eutanásia comentou o seguinte caso:
Um aidético em estado terminal da doença ligou para nós aqui
na Sociedade Hemlock do Norte do Texas. Ele estava sofrendo
muito… ele acabou revelando em nossa conversa por telefone
que ele cria que provavelmente iria para o inferno, e isso o
estava deixando angustiado… Mencionei para ele uma pesquisa
recente que mostra que quase 50% dos americanos crêem na
existência do inferno, mas que só 4% acham que acabarão indo
para lá. Com a ajuda da biblioteca local, consegui uma cópia
dessa pesquisa para mandar para ele, juntamente com uma
tabela de dosagem de drogas [para cometer suicídio]. Esta deve
ser a primeira vez que a Sociedade Hemlock ajudou alguém a
experimentar uma “dupla libertação”: libertação de uma
intolerável doença terminal e de uma intolerável crença
teológica.46

“Não os mate. Convença-os a se matar!”


Por razões óbvias, os ativistas pró­eutanásia não podem 
dizer que estão reivindicando o direito de matar os doentes, 
os deficientes e os idosos. Pelo contrário, eles lutam para 
convencer  a  todos  de  que  os  doentes,  os  deficientes  e  os 
idosos   precisam   ganhar   o   direito   legal   de   morrer.   A 
estratégia deles é: “Não os mate. Convença­os a se matar!” 

45Adrian Humphreys, Doctors Fall Prey to Assisted Suicide ‘Copycat Effect’, Sudy
Suggests. Fallout from Two Deaths, National Post Online (Southam Inc.: Canadá, 21 de
maio de 1999).
46Citado in: Living (Lutherans for Life: Benton-EUA, verão de 1995), p. 13.

42
Não  é sem motivo, pois, que a propaganda pró­eutanásia 
frise slogans como o direito de morrer com dignidade. 
Quem é que não é a favor de uma morte com dignidade? 
Mas esses slogans adquirem um sentido diferente quando 
são usados pelos liberais ou quando são interpretados por 
juizes   sem   princípios   morais.   O   direito   de   morrer   pode 
parecer   um   termo   maravilhoso   —   até   percebermos   que 
legalmente significa que podemos nos matar ou que alguém 
pode nos matar, mesmo que não queiramos morrer.
A   verdade   é   que   ninguém   precisa   de   um   direito   para 
morrer,   pois   a   morte   é   inevitável.   Todos,   sem   exceção, 
acabarão   morrendo.   Mas   o   movimento   pró­eutanásia, 
buscando   uma   intervenção   humana   mais   direta   no 
processo   da   morte,   procura   manipular   nossas   emoções   e 
mentes para que  aceitemos o ato de matar ou apressar a  
morte de certas pessoas. Então por que eles escondem suas 
verdadeiras intenções? Porque percebem que o público não 
está   preparado   para   aceitar   tudo   o   que   eles   querem.   Por 
isso, eles são obrigados a usar só termos que apelam para 
os nossos sentimentos.
O   escritor   cristão   C.   S.   Lewis   inventou   o   termo 
“verbicídio” para denotar o assassinato de uma palavra. É 
isso   o   que   os   defensores   da   eutanásia   têm   feito   com   a 
linguagem da “compaixão” e “misericórdia”. Eles encobrem 
o   homicídio   deliberado   que   alguns   médicos   estão 
cometendo.   Eles   o   encobrem   com   frases   positivas   como: 
alívio   da   dor,   preservar   a   qualidade   de   vida,   morte   com 
dignidade,   eutanásia   voluntária,   o   direito   de   morrer.   Na 
questão do aborto, eles defendem a “interrupção voluntária 
da gravidez”. 47

Pode­se dizer que enquanto de um lado o diabo oferece 
suicídio sob  o rótulo  de “morte  com dignidade”,  do outro 
lado o  Senhor Jesus  nos oferece  a oportunidade  de viver 
uma vida em abundância e com dignidade até a morte, e 
47Euthanasia: The Myth of Mercy Killing, POLICY CONCERNS (Concerned Women for
America: Washington DC, 1997), p. 2.

43
muito   mais   depois!   Jesus   disse:   “O   [diabo]   só   vem   para 
roubar,   matar   e   destruir;   mas   eu   vim   para   [as   pessoas] 
tenham vida e vida completa”. (João 10.10 BLH)
Além disso, a Bíblia diz que o diabo é mentiroso (João 
8.44). Sendo mentiroso, ele traz morte com o pretexto de 
promover vida, compaixão, etc. Sua especialidade é o uso 
de palavras inteligentes para propósitos ocultos. Mas seus 
alvos são diretos. Na 3ª Conferência sobre Eutanásia, o Dr.
Marvin Kohl disse: “Em alguns casos, principalmente em
certos casos de eutanásia, a moralidade exige o
assassinato dos inocentes”. 48

O Dr. Morte
O mais popular defensor da eutanásia nos EUA é o Dr. 
Jack Kevorkian, mais conhecido como Dr. Morte. Ninguém 
tem feito mais para legalizar a eutanásia nos EUA do que 
ele.   E   ele   sempre   fez   tudo   alegando   que   estava   apenas 
ajudando doentes terminais a escapar de algum sofrimento 
físico insuportável.
Entretanto,   numa   análise   realizada   de   69   suicídios 
cometidos   sob   a   supervisão   do   Dr.   Morte,   chegou­se   à 
conclusão de que 75 por cento desses pacientes não eram 
doentes terminais quando o Dr. Morte os ajudou a morrer. 
Além   disso,   em   cinco   casos   a   autópsia   não   conseguiu 
confirmar nenhuma doença física. Muitos desses pacientes 
que   cometeram   suicídio   eram   mulheres   divorciadas   ou 
pessoas que nunca casaram. A autópsia revelou que só 17, 
entre os 69 pacientes, eram doentes terminais, com uma 
probabilidade de viver menos de seis meses. 49

48Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
49Study Finds Trends in Kevorkian Deaths, notícia online da Reuter de 6 de dezembro
de 2000.

44
Figura 4: HOJE: O Dr. Morte inventa a máquina de suicídio
AMANHÃ: — Não estou me sentindo bem hoje, querida! — Quer
que eu ligue para o médico? — Não estou tão doente assim!!

Palavras que desvalorizam


É   claro   que,   sendo   seguidores   daquele   que   veio   para 
matar,   roubar   e   destruir,   os   defensores   da   eutanásia 
tomam muito cuidado. Em público, eles só dizem o que as 
pessoas gostam de ouvir. Como não tem nada de bonito em 
suas práticas, o movimento pró­eutanásia sabe que precisa 
escolher muito bem seus slogans. O diabo mais feio pode se 
esconder   por   trás   da   aparência   do   anjo   mais   lindo!   O 
objetivo é nos convencer da falta de sentido de continuar 
vivendo doente sem desfrutar os prazeres da vida. É fazer­
nos ver com verdadeira repugnância o estado de doença e 
fraqueza dos deficientes e idosos. Eles se referem ao estado 
dos doentes nos piores termos possíveis.

45
Contudo,   existe   uma   ligação   muito   íntima   entre   as 
palavras   empregadas   para   designar   negativamente   as 
pessoas vulneráveis de hoje e do passado. Quando os que 
defendem o aborto e a eutanásia comparam suas vítimas 
aos   animais,   eles   estão   apenas   repetindo   o   mesmo 
vocabulário   de   desprezo   que   os   opressores   nazistas   e 
comunistas do passado empregavam contra suas vítimas.

Figura 5: EUTANÁSIA — Humm! — Eutanásia parece coisa de nazista! Use um


termo mais suave! MORTE COM DIGNIDADE — Humm! — Não sei… “morte”
parece brusco demais! Use um termo mais obscuro! DESCONTINUAÇÃO DE
UNIDADES DE CARBONO HOMO SAPIENS BIOLOGICAMENTE RESISTENTES

 
Os defensores da eutanásia costumam frisar motivações 
humanitárias (livrar o doente da agonia prolongada de uma 
morte dolorosa) para sustentar suas propostas. Mas, de vez 
em   quando,   eles   não   conseguem   esconder   suas   reais 
motivações   e   empregam   designações   que   descrevem   os 
pacientes   crônicos   dependentes   como   “parasitas”.   Um 

46
eticista   escreveu   que   “o   único   modo   eficiente   de   garantir 
que muitos pacientes biologicamente resistentes realmente 
morram é não lhes dando nutrição”.  Sua maneira de falar 
50

mostra   o   paciente   como   alguma   espécie   que   teima   em 


respirar   e   ficar   agarrada   à   vida   com   a   ajuda   de 
equipamentos médicos. 
O   Dr.   William   Brennan   revela   a   atitude   que   já   está 
tomando conta dos que cuidam de doentes crônicos:

Uma enfermeira que estava colocando um homem em coma numa


cadeira disse: “Este parasita está me esgotando”.

Quando um paciente idoso com grave debilitação é colocado no setor


de emergência, é comum o pessoal do hospital dizer: “Aí está um
parasita de verdade”.51

Muitos   na   classe   médica   que   não   têm   consciência   do 


valor   absoluto   da   vida   como   presente   de   Deus 
simplesmente preferem ver os vulneráveis doentes crônicos 
como   “vegetais”   ou   indivíduos   em   “persistente   estado 
vegetativo”. O filósofo John Lachs afirma: “Não consigo me 
convencer   de   que   os   vegetais   inconscientes   nos   hospitais 
sejam de algum modo seres humanos”.   Pessoas em grave 52

estado   de   saúde   são   consideradas   parasitas   e   vegetais 


porque o uso desses nomes nos permite desprezá­las com 
mais   facilidade   e   não   vê­las   como   criaturas   humanas. 
Assim   fica   mais   fácil   aprovar   medidas   “médicas”   para 
eliminá­las.
Veja as designações empregadas contra as pessoas mais 
fracas:

50William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: Chicago-


EUA, 1995), p. 101.
51William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: Chicago-
EUA, 1995), p. 102.
52William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: Chicago-
EUA, 1995), p. 102.

47
“Nenhum criança recém-nascida deve ser declarada humana até
passar certos testes”. (Dr. Francis Crick, 1978)53

“Vejo os pacientes como objetos de trabalho”. (Declaração de uma


enfermeira que cuidava de idosos, 1977) 54

“Há um monte de lixo [pacientes] esta manhã”. (Declaração de um


médico do setor de emergência, 1979) 55

“Os seres humanos recém-nascidos não são pessoas”. (Filósofo


Michael Tooley, 1983) 56

“A maioria dos defeitos de nascença só são descobertos depois do


nascimento. Se uma criança não fosse declarada viva até três dias
após o nascimento, o médico poderia permitir que a criança morresse
se os pais assim decidissem e evitar muita infelicidade e sofrimento.
Creio que essa é a única atitude racional e compassiva que se deve
ter”. (Dr. James Watson, eticista americano, 1973) 57

O Dr. Robert Williams, da Faculdade Médica do Estado de Washington,


afirmou que os bebês não deveriam ser considerados pessoas no
primeiro ano de vida. 58

O Profº John Lachs, da Universidade Vanderbilt, disse que alguns


recém-nascidos deficientes só têm aparência humana. Ele aconselhou
que se pode matá-los como animais. 59

“Um recém-nascido é apenas um organismo com um potencial para


adquirir qualidades humanas…” (Dr. Milton Heifitz, chefe de
neurocirurgia, Centro Médico de Los Angeles, em testemunho diante
do Congresso americano em 23 de março de 1976) 60

53William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: Chicago-


EUA, 1995), p. 6.
54William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: Chicago-
EUA, 1995), p. 7.
55William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: Chicago-
EUA, 1995), p. 7.
56William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: Chicago-
EUA, 1995), p. 7.
57 Citado no capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-

Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.


58 Journal of the American Medical Association, 11 de agosto de 1969. Citado em Eileen Doyle, A Pro-Life
Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
59 New England Journal of Medicine, Vol. 294, no. 15. Citado em Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on
Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
60 Citado no capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-

Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.

48
“Há pouca evidência de que acabar com a vida de um bebê nos
primeiros meses depois de sua extração do útero poderia ser vista
como assassinato… Pareceria mais ‘desumano’ matar um chimpanzé
do que um bebê recém-nascido, já que o chimpanzé tem maior
capacidade mental. Não se pode considerar assassinato a destruição
de uma forma de vida que tem menos capacidade mental que um
macaco” (Winston L. Duke, físico nuclear, 1972) 61

“Se os médicos conseguirem fixar na mente das pessoas que é um


crime trazer crianças doentes ao mundo, então as leis eugênicas… que
são vistas agora como intromissões sinistras na liberdade das pessoas
viriam a ser aceitas com naturalidade” (Declaração do Dr. H. Pall na
Alemanha pré-nazista de 1921). 62

Os nazistas também agiam assim


Entretanto,   a   maneira   como   os   atuais   defensores   da 
eutanásia   vêem   os   doentes   não   é   novidade.   Em   1936   a 
palavra   “vegetal”   apareceu   numa   propaganda   nazista 
promovendo   a   eutanásia   para   uma   mulher   que   sofria   de 
esclerose   múltipla.   Na   propaganda   havia   a   pergunta:   “Se 
fosse aleijado, você ia querer vegetar para sempre?” 63

Essas   pequenas   atitudes   de   desprezo   médico   e   social 


contra as pessoas vulneráveis acabaram levando ao ato de 
desprezo máximo: a aceitação legal da morte desses seres 
humanos   infelizes.   E   uma   atrocidade   foi   conduzindo   a 
atrocidades   maiores.   O   Dr.   Leo   Alexander,   especialista 
médico americano, participou como membro do Tribunal de 
Crimes de Guerra em Nurembergue, Alemanha, em 1949. A 
missão   desse   tribunal   internacional   era   investigar   e 
condenar as atrocidades dos nazistas. O Dr. Leo disse:
Ficou claro para todos nós que os crimes de grandes proporções que
estávamos investigando tinham começado com pequenas proporções.
No início houve apenas uma mudança na atitude dos médicos. Eles
começaram a aceitar a idéia do movimento pró-eutanásia de que há
tipos de vida que não são dignas de viver. No começo os médicos

61 Citado no capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
62 Journal of the American Medical Association, agosto de 1972. Citado em Eileen Doyle, A Pro-Life
Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
63William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: Chicago-
EUA, 1995), p. 103.

49
colocaram nessa categoria apenas os doentes crônicos e graves. Mas
aos poucos essa categoria foi ampliada para incluir os que não
produziam nada na sociedade, os que tinham alguma ideologia
indesejada, os que pertenciam a raças indesejadas e, no final, todos os
que não eram alemães. 64

William L. Shirer entrevistou um juiz nazista condenado 
à   morte   no   Tribunal   de   Nurembergue.   O   juiz   começou   a 
chorar   e   disse:   “Como   foi   que   tudo   isso   chegou   a   esse 
ponto?”   O   Sr.   Shirer   respondeu:   “Chegou   a   esse   ponto   a 
primeira vez em que o senhor autorizou a morte de uma 
vida inocente”. 65

Telford   Taylor,   principal   advogado   de   acusação   em 


Nurembergue, descreveu os importantes médicos que foram 
julgados e condenados por assassinato:
[Esses médicos]… são acusados de assassinato, torturas e outras
atrocidades cometidas no nome da ciência médica… Eles não fizeram
isso por sede de sangue ou por dinheiro.… Eles não são homens
ignorantes. A maioria deles são médicos treinados e alguns deles são
famosos cientistas. As idéias pervertidas e os conceitos distorcidos que
causaram essas selvagerias não morreram. Não se pode destruí-los
pela força das armas. Para que possamos impedir esse câncer de se
espalhar no meio da humanidade, temos de arrancar essas idéias e
conceitos pelas raízes, desmascarando-os completamente. 66

A condenação desses criminosos foi aprovada por toda a 
classe   médica   mundial   e   fez   com   que   todos   tomassem 
medidas   para   garantir   que   os   atos   dos   médicos   nazistas 
nunca mais fossem repetidos. Como um passo importante, 
eles reafirmaram o princípio ético básico de sua profissão: o 
médico não deve matar seus pacientes. 67

Em   junho   de   1947,   a   Associação   Médica   Mundial 


declarou sua posição com relação aos crimes dos médicos 
nazistas:
64William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: Chicago-
EUA, 1995), p. 71.
65J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 2.
66J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), pp. 13,14.
67J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 5.

50
As provas apresentadas nos julgamentos dos médicos criminosos de
guerra chocaram a classe médica. Esses julgamentos mostraram que
os médicos culpados desses crimes contra a humanidade não tinham a
consciência moral e profissional que se espera dos membros da
honrosa profissão médica. Eles abandonaram a ética médica
tradicional que sustenta o valor e a santidade de todo ser humano
individual.

A Comissão de Crimes de Guerra classificou da seguinte forma os


crimes que os médicos cometeram:

• Experimentos sem consentimento em pessoas, com a autorização


de autoridades elevadas com o pretexto de realizar pesquisas
científicas…

• Experiências sem consentimento realizadas por autoridades


médicas…

• Seleção e assassinato deliberado de prisioneiros…

• Assassinato deliberado de pacientes enfermos ou doentes mentais


e de crianças em hospitais…

Pelo que foi dito acima, é evidente que os médicos realizaram


experimentos desumanos… para pesquisas de doenças. No curso dos
experimentos e na aplicação de suas descobertas, eles
deliberadamente mataram pessoas… Eles usaram mal seu
conhecimento médico e prostituíram as pesquisas científicas. Eles
desprezaram a santidade e a importância da vida humana… 68

No   entanto,   é   triste   ver   que   depois   de   todas   essas 


medidas   e   esforços   para   proteger   a   dignidade   da   vida 
humana,   cientistas   americanos   e   europeus   de   hoje   não 
sentem a menor compaixão em suas experiências com seres 
humanos vivos, principalmente bebês que nascem vivos de 
abortos legais. O Dr. Brian Clowes escreve: “Bebês viáveis 
que são abortados depois de seis meses de gestação são, é 
claro, os mais valiosos para pesquisa porque são os mais 
desenvolvidos.   Num   experimento,   vários   bebês   viáveis   de 
mais   de   6   meses   de   gestação   foram   removidos   vivos   do 
útero por aborto de histeretomia…”   E imaginar que tudo 
69

68War Crimes and Medicine, reproduzido com a permissão da Associação Médica


Britânica e distribuído por The Medical Education Trust, Inglaterra, s.d.
69Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 240.

51
isso   ocorreu   como   conseqüência   direta   da   legalização   do 
aborto! As raízes sempre produzem árvores, sejam boas ou 
más.
Crimes de grandes proporções não nascem do nada. É 
por isso que é preciso sempre cortar o mal pela raiz, bem 
no seu começo. Vale a pena lembrar que bem antes de o 
nazismo   dominar   a   Alemanha   e   legalizar   a   eutanásia, 
muitos médicos alemães já alertavam que ajudar doentes 
em situação grave a ter uma morte mais apressada seria 
apenas   o   primeiro   passo   para   a   classe   médica   passar   a 
aceitar uma ética que valoriza a morte como solução para 
certos   pacientes.   Em   1914,   o   médico   alemão   M.   Beer 
escreveu   o   livro  Ein   Schoner   Tod:   Ein   Wort   zur  
Euthanasiefrage  (Uma Morte Bela: Uma Palavra de Alerta 
sobre a Questão da Eutanásia). O Dr. M. Beer avisou que 
ajudar os pacientes a morrer seria só o primeiro passo para 
algo pior:
A aceitação de leis que permitem uma morte misericordiosa voluntária
para os casos de doentes incuráveis… diminuirá o respeito pela
santidade da vida humana, e quem é que vai garantir que essas leis
não serão ampliadas para incluir outros casos? 70

Tendências atuais que desvalorizam a vida humana

70J.
C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 7.

52
Parece que em cada geração há uma tendência diferente 
para   desvalorizar   a   vida   humana.   Em   nossa   época,   por 
exemplo, há um movimento que promove na ONU a  Carta  
da   Terra,   um   tipo   de   documento   constitucional 
internacional cujo propósito é preservar o meio ambiente e 
respeitar   todas   as   formas   de   vida.   O   documento  Earth  
Charter Status Report faz referência não só ao valor da vida 
humana,   mas   também   ao   “valor   intrínseco   de   todas   as 
outras formas de vida”.   Isto é, todos têm o mesmo valor: 
71

homens, animais, plantas, etc. Colocar os seres humanos, 
criados conforme a imagem de Deus, no mesmo nível das 
outras   criaturas   sem   espírito   é   abrir   as   portas   para   a 
desvalorização da vida humana.
Não   é   de   estranhar,   pois,   que   o   documento  Carta   da  
Terra  recomende   “que   todas   as   pessoas   tenham   acesso   a 
uma assistência de saúde que promova a saúde sexual e a 
reprodução   responsável”.   O   documento  Green   Agenda 
72

(Agenda   Verde),   do   movimento   ecológico,   define 


basicamente essa assistência de saúde como “planejamento 
familiar   acessível   para   homens   e   mulheres,   inclusive… 
educação sexual, anticoncepcionais e aborto legal”.   Saúde  73

sexual ou reprodutiva é um jargão muito usado pela ONU e 
pelas   entidades   de   planejamento   familiar.   Significa,   entre 
outras   coisas,   a   prestação   de   planejamento   familiar, 
anticoncepcionais e aborto legal, inclusive aos adolescentes. 
A  Carta   da   Terra  também   menciona   a   necessidade   da 
“igualdade de gênero”, um termo que abrange não só o sexo 
masculino e feminino, mas também o homossexualismo. 74

71 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 86.
72 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 66.
73 Green Agenda, Principles and Policy Proposals on Environment and Development by
the Greens in the European Parliament on the Occasion of the United Nations
Conference on Environment and Development (UNCED) in Rio de Janeiro in June 1992
(publicado em abril de 1992), p. 14.
74 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 66.

53
Fazem parte desse movimento em defesa da ecologia a 
entidade   budista   Soka   Gakkai,   o   Instituto   Paulo   Freire, 
Mikhail Gorbachev, o ex­frei Leonardo Boff e uma variedade 
de outros socialistas.   Sua missão também  é promover o 
75

respeito às religiões dos índios  (que é uma maneira sutil e 
76

encoberta de protegê­los do evangelismo cristão e impedi­
los de serem libertos de sua idolatria demoníaca). Os índios 
adoram o planeta Terra como um ser espiritual vivo, sem 
saberem realmente que sua adoração é dirigida a espíritos 
de   escuridão.   Em   vez   de   permitir   que   os   índios   sejam 
libertos  de  sua  idolatria,  os  ambientalistas  querem  que  a 
escuridão espiritual deles influencie a sociedade. O  Earth  
Charter Status Report contém um hino de louvor à Terra  e  77

menciona   um   encontro   para   a   educação   ecológica   onde 


crianças   de   escolas   públicas   ofereceram   hinos   hindus, 
cristãos e muçulmanos de adoração à Terra.   78

O   que   pensam   realmente   os   ecologistas?   Vamos   dar 


uma   olhada   num   ambientalista   bem   conhecido.   O   maior 
defensor dos direitos dos animais hoje é o Professor Peter 
Singer, que é tão radical que nem come carne. Ele disse: 
“Matar um recém­nascido deficiente não é a mesma coisa 
que   matar   uma   pessoa.   Muitas   vezes   não   é,   de   forma 
alguma,   errado”.   Ao   observarmos   a   diferença   que   ele   faz 
entre   recém­nascido   e   pessoa,   dá   para   perceber   que   na 
opinião   dele   a   criança   indefesa   e   inocente   não   é   uma 
pessoa.   Já   na   opinião   de   Troy   McClure,   defensor   dos 
direitos   dos   deficientes   físicos,   o   Professor   Singer   é   “o 
homem mais perigoso do mundo hoje”. 79

75 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000).
76 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 40.
77 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 41.
78 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 19.
79 C.H. “Max” Freedman, The Greatest of Two Evils, Celebrate Life (American Life
League: Stafford-EUA, março/abril de 2000), p.26.

54
Assim,   para   “salvar”   a   Terra,   ecologistas   como   o   Sr. 
Singer   estão   dispostos   a   promover   até   o   aborto   legal   e   o 
assassinato   de   crianças   recém­nascidas!   Que   dificuldade 
alguém assim teria para apoiar a eutanásia? Para eles, o 
mais importante é defender o meio ambiente e a vida dos 
animais.   Eles   realmente   chegam   ver   o   crescimento   da 
população humana como um câncer destruindo tudo.

Contradições difíceis de entender


Há um paradoxo que muitos consideram irracional e até 
bizarro nas atitudes sociais de hoje com relação ao valor da 
vida   humana.   Os   mesmos   países   ricos   que   são   contra   a 
pena   capital   para   os   criminosos   culpados   de   assassinato 
são,   inexplicavelmente,   a   favor   dessa   mesma   pena   para 
bebês   inocentes   que   se   encontram   na   barriga   de   suas 
mães. E agora lutam para estender essa pena aos doentes, 
aos   deficientes   e   aos   idosos.   Querem   livrar   os   culpados 
dessa pena, sob a alegação de que é um meio cruel de a 
sociedade castigar indivíduos perigosos.  Ao mesmo tempo,  80

não   querem   livrar   os   idosos,   sob   a   alegação   de   que   a 


eutanásia   é   um   meio   “misericordioso”   de   livrá­los   do 
sofrimento. Querem, além disso, que as autoridades civis se 
envolvam nessa área, quando a Bíblia deixa bem claro que 
o papel do governo e das leis civis não é castigar os bons, 
mas os maus.

80Dr. C. Everett Koop, The Right to Live, The Right to Die (Life Cycle Books: Toronto-
Canadá, 1980), p. 38.

55
“Porque as autoridades civis não são terror para [as 
pessoas de] boa conduta, mas para [os de] má conduta. 
Você   não   quer   ter   medo   daquele   que   está   em 
autoridade? Então faça o que é certo e você receberá a 
aprovação   e   o   elogio   dele.  Pois   ele   é   o   servo   de   Deus 
para o seu bem. Mas se você errar, [tenha medo dele e] 
receie, pois ele não veste e leva a espada inutilmente. 
Ele  é  o  servo  de  Deus  para  executar  Sua  ira  (castigo, 
vingança)   sobre   o   malfeitor”.   (Romanos   13:3­4   Bíblia 
Ampliada em inglês)

A espada era usada como um instrumento para castigar 
e   matar.   Embora   a   Palavra   de   Deus   esclareça   que   as 
autoridades   têm   permissão   de   Deus   para   usar   a   espada 
contra os criminosos, não há nenhum apoio na Bíblia ao 
uso da espada contra os inocentes, nem para a prática do 
aborto nem da eutanásia. Isso é contrário aos princípios de 
Deus.
Na Europa, onde a execução de criminosos assassinos 
foi há muito tempo abolida, a execução de bebês na barriga 
de   suas   mães   é   legalmente   mantida   como   um   direito 
sagrado das mulheres. Nos EUA, os mesmos líderes sociais 
e   meios   de   comunicação   que   lutam   para   salvar   da   pena 
capital   o   pequeno   número   de   indivíduos   condenados   por 
assassinatos brutais também lutam incansavelmente para 
proteger   a   execução   brutal   dos   mais   que   1   milhão   de 
crianças que são legalmente abortadas todos os anos! Isso 
sem mencionar que nada é feito contra a crescente prática 
de assassinar bebês recém­nascidos nos hospitais.

56
Na França mais da metade dos médicos que cuidam de 
recém­nascidos   afirmou,   numa   pesquisa,   que 
freqüentemente   administram   drogas   para   acabar   com   a 
vida   de   recém­nascidos   que   têm   algum   problema   médico 
incurável.   Parece   que   salvar   a   vida   dos   culpados   é   a 
81

preocupação mais importante dos ativistas sociais de hoje. 
As mesmas sociedades que, por motivo de compaixão,
se opõem à pena de morte para assassinos desumanos
agora a estão aplicando, por motivo de “compaixão”, em
bebês indefesos. Tudo indica que os idosos serão os
próximos na fila.
A   tendência   de   combater   a   pena   de   morte   para   os 
culpados   e   defendê­la   para   os   inocentes   é   não   só   um 
mistério, mas talvez também o maior desafio e contradição 
da nossa geração. E é estranho também que cientistas que 
estão tão ansiosos para encontrar vida em outras planetas 
não   sintam   o   mínimo   remorso   de   fazer   experiências   em 
bebês   vivos.   Estão   com   tanta   vontade   de   descobrir   e 
preservar formas de “vidas” que não conhecem quando não 
se   preocupam   em   preservar   e   proteger   a   vida   mais 
importante que já conhecem.

81 Pro-Life E-News, 22 de junho de 2000, Canadá.

57
A EUTANÁSIA NA HOLANDA
Victor Hugo, autor de A História de um Crime, disse: — O mal que
se comete por uma boa causa continua sendo mal. 
Então lhe perguntaram: — Até mesmo quando faz sucesso? 
Respondeu ele: — Principalmente quando faz sucesso.  82

A questão da eutanásia está agora sendo debatida em 
muitos países avançados, mas é só na sociedade holandesa 
que podemos encontrar exemplos de ampla aceitação para 
a prática de injetar em doentes drogas que causam a morte.
O   que   em   breve   a   eutanásia   significará   para   a   classe 
médica   e   para   a   sociedade?   Atualmente,   a   Holanda   é   o 
único   país   em   que   podemos   achar   respostas   para   essas 
perguntas.
A eutanásia foi legalizada na Holanda no ano 2000. Mas 
mesmo   quando   não   era   legal,   os   hospitais   a   praticavam, 
com a devida discrição. Durante muitos anos, a prática da 
eutanásia   foi   amplamente   utilizada   enquanto   o   sistema 
legal   do   país   fazia   de   conta   que   não   via   os   médicos   que 
insistiam em que seus pacientes estavam melhores mortos 
do   que   vivos.   Se   antes   esses   médicos   tinham   poucas 
preocupações   com   a   justiça,   hoje   eles   têm   muito   menos, 
pois   a   Holanda   se   tornou   o   primeiro   país   do   mundo   a 
aprovar   leis   que   vêem   o   assassinato   de   pacientes   como 
tratamento médico legítimo.
O que realmente está ocorrendo na Holanda? É o que 
vamos ver a seguir, com a ajuda de informações oficiais de 
documentos governamentais. Em 1990, o governo holandês 
criou   uma   comissão   especial   para   realizar   uma   pesquisa 
nacional a fim de apurar oficialmente a extensão da prática 
da eutanásia. Os resultados só saíram em 10 de setembro 

82 Veja o capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.

58
de 1991, e logo ficou claro que esse relatório final continha 
as mais valiosas informações sobre a eutanásia.   83

Embora   os   membros   dessa   comissão   fossem 


pesquisadores  a  favor  da  eutanásia,  suas  conclusões  não 
conseguiram   esconder   o   impacto   real   dessa   prática.   A 
definição   usada   no   relatório   é   que   eutanásia   significa 
deliberadamente causar a morte de uma pessoa por ação 
ou   omissão,   com   ou   sem   seu   pedido,   sob   a   alegação   de 
livrá­la   do   sofrimento   de   uma   doença   ou   de   uma   vida 
imperfeita.
Sob essa definição, os holandeses mortos pela eutanásia 
chegam a um número de mais que 25 mil por ano, o que 
corresponde a 20% de todas as mortes. O relatório indica, 
porém,   que   esse   cálculo   não   leva   em   consideração   a 
eliminação   deliberada   da   vida   de   recém­nascidos 
deficientes,   crianças   doentes,   pacientes   psiquiátricos   e 
aidéticos.
Dos 25 mil casos de eutanásia, 13 mil foram provocados 
passivamente, isto é, os médicos não deram aos pacientes 
tratamentos para lhes salvar a vida. Os outros 12 mil casos 
foram   provocados   ativamente,   isto   é,   os   pacientes   foram 
mortos porque receberam drogas que lhes causaram parada 
cardio­respiratória.   Pelo menos 1.000 casos de eutanásia 
84

ocorrem   anualmente   sem   um   pedido   formal   do   paciente. 


Não   é   de   admirar   que   outro   estudo   mostrasse   que 
aproximadamente   60   por   cento   dos   idosos   em   asilos 
tenham medo de sofrer uma eutanásia “involuntária”. 85

De acordo com as informações publicadas no relatório, 
em   1990   morreram   14.691   pessoas   de   eutanásia 
involuntária.   Eutanásia   involuntária   quer   dizer   o   ato   de 
apressar a morte de pacientes que não desejam ser mortos. 
Isso   significa   que   os   médicos   tomaram   a   decisão   de 
83Dr. Richard Fenigsen, A Gentle Man Speaks of Fear, Population Research Institute
Review (PRI: Baltimore-EUA, março-abril de 1994), p. 8.
84Idem.
85 Susan Martinuk, Dutch take bold step back into dark ages with euthanasia, The
Province (Canadá). Pro-Life E-News, 6 de dezembro de 2000.

59
abreviar   a   vida   deles.   Em   45%   dos   casos   ocorridos   em 
hospitais,   a   eutanásia   foi   praticada   não   só   sem   o 
conhecimento  dos   pacientes,  mas   também  dos   familiares. 
Desse número, 8.750 pacientes morreram porque lhes foi 
removido,   sem   seu   conhecimento,   todo   tratamento   para 
lhes prolongar a vida e 5.941 morreram porque receberam, 
sem   saberem   nem   consentirem,   injeções   letais   na   veia. 
Além disso, 1.400 pessoas que sofreram a eutanásia ativa e 
involuntária estavam  em perfeitas  condições mentais.  Em 
8% dos casos, os médicos realizaram esse tipo de eutanásia 
mesmo sabendo que a medicina tinha alternativas para os 
pacientes. Os  motivos que  os médicos  mencionaram para 
tirar a vida de seus pacientes sem o conhecimento deles foi 
“baixa   qualidade   de   vida”,   “nenhuma   esperança   de 
melhoria” e “os familiares não agüentavam mais”.

Casos reais
O que acontece na Holanda é que quando uma pessoa é 
internada num hospital, um médico avaliará sua qualidade 
de   vida   e   então   conforme   sua   decisão   pessoal   (sem 
perguntar nada ao doente) lhe dará uma injeção que o fará 
parar de respirar e fará com que seu coração pare de bater. 
O   relatório   dessa   comissão   do   governo   é   o   primeiro 
reconhecimento   oficial   de   que   a   eutanásia   involuntária   é 
praticada na Holanda. Veja um exemplo:
Quatro enfermeiras de um hospital de Amsterdã confessaram ter
matado muitos pacientes inconscientes injetando-lhes doses fatais de
insulina, sem o consentimento ou o conhecimento deles. Os
funcionários do hospital apoiaram totalmente as enfermeiras e
perdoaram os assassinatos devido às motivações “humanitárias”
delas… 86

Em   vez   de   ficarem   chocados   com   o   que   está 


acontecendo em seu país, a população holandesa em geral 
está   agora   questionando   se   os   doentes   mentais   têm   o 

86Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 134.

60
direito de viver e 90% dos estudantes de economia apóiam a 
eutanásia compulsória como meio de controlar os custos. 87

Hoje   todos   os   estudantes   de   medicina   recebem 


treinamento formal para colocar a eutanásia em prática, e a 
Real   Sociedade   Holandesa   de   Farmacologia   distribui   um 
“manual”   de   eutanásia   para   todos   os   médicos.   Esse 
“manual” contém receitas de venenos indetectáveis que os 
médicos podem colocar na comida ou injetar de tal maneira 
que seja impossível detectá­los durante uma autópsia. Os 
diretores   de   hospital   orientam   os   médicos   a   dar   injeções 
letais nos pacientes idosos cujas despesas são altas. Isso é 
feito sem o conhecimento e o consentimento do doente e da 
sua   família.   Parece   não   haver   muita   preocupação   para 
88

eliminar   as   dores   do   paciente,   apenas   sua   vida.  Peer


Neeleman, especialista holandês em  anestesia,   diz: 
“Muitos hospitais nem mesmo têm um serviço de combate à 
dor. As faculdades médicas mal ensinam como combater a 
dor   e   outros   sintomas,   enquanto   os   futuros   médicos   são 
ensinados a praticar a eutanásia”.  89

Em novembro de 1999, num encontro em Brasília, o Dr. 
Jack Willke contou um caso real que ele conheceu em sua 
visita à Holanda:
Um médico clínico geral deu entrada no hospital a uma senhora com
câncer e completou o diagnóstico na sexta-feira da semana em que
ela foi internada. O câncer havia se espalhado e provavelmente não
havia cura, mas a paciente não estava se sentindo mal e tinha ainda
condições de levar uma vida independente. Ela havia sido informada
de que seu caso seria avaliado na segunda-feira, quando então
decidiriam o melhor tratamento para ela. O médico que estava
cuidando dela saiu de folga no fim de semana. Na segunda-feira de
manhã, voltando ao hospital, ele fez seu trabalho de rotina de visitar
os quartos dos pacientes e quando ele parou para ver a senhora com
câncer, ele encontrou outro paciente na cama dela. Ele chamou o

87Rita Maker, Euthanasia: Killing ou Caring? (Life Cycle Books: Toronto-Canadá, 1991),
p. 10.
88Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 132.
89 Pieter Huurman & Laurel T. Hughes, The Shocking Practice of Euthanasia in Holland,
documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e
as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de
1998).

61
médico residente e perguntou para onde haviam mudado sua
paciente, porém foi informado de que haviam aplicado a eutanásia
nela um dia antes. “Mas ela não era doente terminal”, disse ele. O
outro respondeu: “Sim, sei disso, mas não havia cura para ela e, de
qualquer modo, estávamos precisando da cama que ela estava
ocupando”. 90

Na cidade de Roterdã, um amigo médico do Dr. Willke 
tinha sob seus cuidados um idoso com uma séria doença. A 
esposa cuidava dele em casa e ele não tinha problemas de 
dor. Ele pegou bronquite e, enquanto o médico estava fora, 
a esposa do paciente teve de chamar um médico do hospital 
para examiná­lo. O médico veio, examinou­o, deu­lhe uma 
injeção  e  uma  hora  depois  o  paciente  estava  morto,  para 
total   consternação   da   viúva   e   do   médico   pessoal,   pois   o 
doente não queria ser morto.
Outro caso envolvia um senhor muito rico que vivia só 
com a esposa numa cidadezinha holandesa. Ele não estava 
doente, mas precisava de certos cuidados. Em certa manhã, 
o pastor o visitou às 9h. O médico veio às 10h, deu­lhe uma 
injeção e o matou. O carro da funerária chegou às 11h para 
remover o corpo. A viúva e os filhos rapidamente dividiram 
o dinheiro e as propriedades e se mudaram para a França. 
Nenhuma pessoa da cidadezinha acredita que o senhor rico 
havia   pedido   ajuda   para   ser   morto.   Contudo,   embora   a 
viúva e o médico afirmem que ele queria morrer, a única 
testemunha que poderia falar a verdade está morta. 91

Em   seu   livro  Tough   Faith,   Janet   &   Craig   Parshall 


contam outro caso:

Uma   mulher   de   50   anos,   ex­assistente   social,   estava   com 


depressão.   Ela   tinha   saúde,   mas   pediu   para   ser   morta   dois 
meses depois que seu filho morreu de câncer. Ela tinha também 
sofrido maus­tratos de seu marido. Ela estava regularmente se 
tratando   com   um   psiquiatra.   Dois   meses   depois   durante   o 

90Esse caso real também encontra-se registrado no livro do Dr. Willke, Assisted Suicide
& Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA, 1998), p. 86.
91J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 95.

62
tratamento, ela pediu que o psiquiatra a ajudasse a morrer… seu 
pedido foi atendido. 92

Idéias nazistas: antes e depois


Quando os soldados de Hitler invadiram a Holanda em 
1940, os médicos holandeses receberam aviso de que eles 
seriam   obrigados   a   participar   do   programa   de   eutanásia 
para eliminar os gastos das crianças deficientes, os doentes 
crônicos   e   incuráveis,   etc.,   nos   hospitais   e   instituições 
mentais. A maioria deles se recusou a colaborar com esse 
programa,   e   alguns   foram   presos   e   ameaçados   de   morte. 
Mas todos os médicos se uniram e o programa foi fechado. 93

O   aborto   e   a   eutanásia   eram   questões   repugnantes   para 


eles. Parece que o fator mais importante que deu sucesso à 
resistência dos médicos e da população holandesa em geral 
aos nazistas foi que naquela época o povo holandês, que na 
maior parte era evangélico, tinha alicerces éticos sólidos na 
Palavra de Deus.
Entretanto,   hoje   a   história   é   diferente.   Embora   ainda 
sejam   em   grande   parte   evangélicos,   os   holandeses   agora 
não vão à igreja nem colocam a Palavra de Deus acima de 
tudo   em   suas   vidas.   Pode­se   dizer   que   quando   um   povo 
perde o respeito e a obediência aos mandamentos de Deus, 
então   perde­se   o   respeito   pelo   valor   da   vida   humana.   O 
resultado?   Os   médicos   holandeses   estão   matando 
deficientes,   recém­nascidos,   pacientes   em   coma   e   até 
mesmo pessoas deprimidas (mas completamente saudáveis) 
sem que haja nenhum tipo de intervenção da polícia ou dos 
tribunais para castigar os responsáveis. 94

O mais estranho é que quando os nazistas os forçaram, 
eles não quiseram. Agora que não há nazistas para forçá­
los,   eles   é   que   querem…   No   começo,   os   especialistas 
92 Janet & Craig Parshall, Tough Faith (Harvest House Publishers: Eugene, EUA, 1999),
p. 213.
93J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), pp. 86,87.
94Special Report (HLI: Front Royal-EUA, novembro de 1998), p. 4.

63
holandeses   afirmavam   que   a   eutanásia   só   era   justificável 
em caso de doença terminal. Hoje, até mesmo pessoas sem 
nenhuma   doença   física   são   vítimas   da   eutanásia.   Um 
adolescente   deprimido,   por   exemplo,   se   matou   com   as 
drogas   letais   que   um   psiquiatra   lhe   forneceu.   Em   outro 
caso, um médico prescreveu uma dose letal de medicação 
para   uma   viúva   que   estava   seriamente   deprimida   por   ter 
perdido   o   marido   e   os   filhos,   e   ela   se   matou.   O   caso   foi 
parar no Supremo Tribunal da Holanda, mas ninguém foi 
punido. 95

Embora   a   sociedade   holandesa   seja   vista   como   uma 


sociedade avançada sem abusos dos direitos humanos, os 
holandeses foram condicionados a ver de modo negligente e 
despreocupado   a   questão   da   eutanásia.   O   Dr.   Hank 
Jochemsen,   famoso   eticista   médico   holandês,   disse:   “A 
justiça não percebe nem enxerga a maioria dos casos em 
que   os   médicos   intencionalmente   abreviam   a   vida   dos 
pacientes, por ato ou por omissão”. O que a eutanásia legal 
fez   na   Holanda   não   foi   simplesmente   dar   aos   doentes 
terminais   a   liberdade   de   se   matar,   mas   aumentar 
vastamente o poder dos médicos sobre a vida e a morte de 
seus   pacientes   terminais   ou   não.   As   próprias   leis   que 
96

foram   criadas   para   proteger   o   direito   à   vida   dos   seres 


humanos   agora   são   sutilmente   usadas   para   a   eliminação 
das pessoas que são consideradas indignas de viver. E no 
nome   da   compaixão,   médicos   treinados   para   curar   e 
prolongar a vida estão abreviando e até matando as vidas 
que eles deveriam proteger. Matar o paciente como meio de 
cura   está   se   tornando   um   procedimento   médico   aceitável 
em alguns países chamados avançados.
O que aconteceu com muitos médicos holandeses é que, 
ao aplicarem a eutanásia num paciente, eles liberaram uma 

95 J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,


1998), p. 93.
96J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 91.

64
incontrolável   força   invisível   que   inevitavelmente   leva   à 
morte de suas próprias consciências e integridade ética e 
moral: o pecado. O pecado sempre produz morte, de todos 
os tipos e em todas as áreas, para aqueles que o praticam 
(cf. Romanos 6.23a). E o ato de matar, que está incluído 
nos Dez Mandamentos, é um dos piores pecados (cf. Êxodo 
20.13).   Um   médico   ou   enfermeira   que   tolera   a   eutanásia 
terá   dificuldade   de   lutar   para   salvar   a   vida   de   todos   os 
pacientes necessitados sob sua responsabilidade.
Depois de tantos anos de convivência com a
eutanásia, a sociedade holandesa agora tende a aceitar o
que no passado seria impensável: eutanásia para
crianças. Todos os anos são registrados pelo menos 50
casos de recém-nascidos deficientes que ficam,
deliberadamente, sem tratamento médico. A maioria dos
médicos que trabalham nessa área está chamando essa
prática de um modo compassivo de acabar com a vida
desses bebês.
A mentalidade pró-eutanásia é tão forte que um
defensor dos direitos humanos afirmou que ele não tinha
liberdade de falar contra a eutanásia mesmo numa
universidade fundada por evangélicos. Como membro da
Igreja Cristã Reformada, ele disse: “Esta é uma
universidade nominalmente cristã, mas os meus colegas
são bem contrários às minhas idéias… A idéia de que
essas crianças [deficientes] são um peso é imposta a nós
por opiniões que valorizam o desenvolvimento pessoal e o
direito de escolher. Os pais ficam apavorados [com a
perspectiva de gastar sua vida em favor de um filho
deficiente] e eles procurarão um médico que lhes dê uma
‘saída’”. Pais holandeses fiéis a Deus, que têm filhos
deficientes, não os estão colocando em instituições, onde
suas vidas correm perigo. Eles os estão criando com o
valor que Deus lhes dá. Esses pais são um exemplo de luz
e esperança no meio da escuridão moral de seu país. 97

97 Mindy Belz, Dutch Treat, revista World (23 de maio de 1998).

65
De todos os países na Europa, é incrível que seja
justamente na Holanda que a prática da eutanásia tenha
sido aceita a tal ponto que a classe médica, o governo, as
igrejas e o povo mal lastimem o que está acontecendo. A
Holanda foi o único país a tomar uma posição contra o
programa nazista de eutanásia, quando todos os médicos
holandeses entregaram suas licenças em protesto. Agora
são os médicos holandeses que estão fazendo as próprias
coisas que eles tanto abominaram na 2 Guerra Mundial. O
que aconteceu? 98

A eliminação de vidas está ocorrendo hoje em grande


escala na Holanda, onde a eutanásia e o suicídio com
assistência médica são praticados pelos médicos. Embora
as normas médicas e legais estabeleçam que o paciente é
que tem de escolher a morte, mais de 40 por cento dos
médicos holandeses aplicam a eutanásia em pacientes
que não desejam morrer. O que está acontecendo na
99

Holanda mostra que não é possível permitir o assassinato


e o suicídio só em determinadas circunstâncias. O mal,
quando é liberado, tende a se descontrolar,
principalmente quando ocorre na privacidade do médico
com o paciente.
A Holanda moderna se orgulha de suas idéias liberais.
Se a Holanda não existisse, os liberais teriam de inventá-
la. Esse país tem sido visto como um modelo por sua
aceitação das drogas, da prostituição, do
homossexualismo e do suicídio com ajuda médica. O
governo holandês até financiou o barco do aborto, cuja
missão é navegar em águas internacionais, perto de
países em desenvolvimento, para oferecer aborto. 100

98 Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
99 Leon R. Kass, “Dehumanization Triumphant”, artigo publicado na revista First
Things, agosto/setembro de 1996.
100 Fonte: Pro-Life Infonet de 26 de junho de 2001

66
Nem todo holandês é a favor…
O motivo real dos ataques cometidos contra a vida
humana e contra a moralidade e a decência na Holanda é
que muitas igrejas cristãs holandesas se tornaram
secularizadas e indiferentes. De modo geral, a população
cristã holandesa não mostra interesse em assumir uma
posição cristã clara e forte a favor da vida humana. O Dr.
Bert Dorenbos, presidente da organização Clamor pela
Vida, crê que fortes pregações de reavivamento e muita
oração são o único meio de resgatar sua nação. O que
está acontecendo na Holanda é um aviso e sinal para o
mundo. Para que a Holanda possa se libertar da
101

eutanásia e suas maldições, as igrejas evangélicas, até


agora mudas em sua responsabilidade de dar um bom
testemunho para a sociedade, terão de abrir o coração
para o Espírito Santo e a boca por Cristo.
Mas   nem   todos   os   holandeses   concordam   com   a 
eutanásia. Herman van der Kolk, advogado holandês,
comenta:

A   eutanásia   e   o   suicídio   são   meios   de   terminar   a   vida 


humana sem levar em consideração que a vida humana na terra 
é só parte da vida total, pois toda vida humana tem um destino 
eterno.   A   vida   na   terra   é   uma   preparação   para   a   eternidade. 
Ninguém   pode   decidir   quando   é   que   deve   ocorrer   o   momento 
adequado para a transição, nem a própria pessoa nem ninguém 
mais. Só Deus pode decidir o momento adequado. Embora seja 
errado   dar   um   fim   numa   vida,   ajudar   alguém   a   morrer   é 
igualmente errado pois rouba a decisão das mãos de Deus. 102

Para o médico que não crê em Deus e na vida eterna, 
tudo não passa de ilusão. Um médico holandês disse que 
quando   a   dose   não   é   suficiente   para   matar,   o   paciente 
geralmente   tem   alucinações   com   o   inferno.   Médicos 103

holandeses que praticam a eutanásia são orientados a


101 Pro-Life E-News. 5 de dezembro de 2000.
102Herman van der Kolk, Update on the Slippery Slope on Euthanasia since 1997 (Juristen Vereniging Pro
Vita: Driebergen-Rijsenburg, Holanda, 1998).

67
buscar aconselhamento antes e depois de matar seus
pacientes. Eles buscam essa ajuda de psicólogos cuja
especialidade é tratar médicos que regularmente
praticam a eutanásia em pessoas. A descrença em Deus104

não os livra de problemas com a própria consciência.


O Dr. Karel F. Gunning é presidente da Federação
Mundial dos Médicos que Respeitam a Vida Humana, cuja
sede fica na cidade de Roterdã, Holanda. Ele diz:

É claro, precisamos ajudar os pacientes que estão


morrendo, mas temos de ajudar a acabar com o sofrimento,
não com a vida. Se aceitarmos o assassinato de um paciente
como solução num caso específico, encontraremos centenas
de outros casos em que o assassinato também poderá ser
considerado como solução aceitável… a partir do momento em
que o médico tiver permissão de matar o primeiro paciente,
será uma questão de pouco tempo antes que ele mate o
segundo ou terceiro. 105

O médico holandês I. van der Sluis disse:

A vida não é uma qualidade. A morte não é um direito. E


esperar que a eutanásia permaneça voluntária não é ser
realista. Os médicos que praticam a eutanásia nos matarão com
nosso consentimento se tiverem permissão para fazer isso. E
nos matarão sem consentimento se não conseguirem
permissão. A eutanásia não é um direito. É a abolição de todos
os direitos.
106

Herbert Hendin, um médico americano que escreveu o 
livro  Seduced by Death  (Seduzido pela Morte) observa que 
103 Pieter Huurman & Laurel T. Hughes, The Shocking Practice of Euthanasia in Holland,
documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e
as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de
1998).
104 Veja o capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-

Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.


105 Karel F. Gunning, Human Rights and Euthanasiain the Netherlands, documento
apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e as Questões
Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de 1998).
106 Veja o capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-

Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.

68
“a  Holanda  avançou  de  suicídio  assistido  para  eutanásia; 
de   eutanásia   para   os   doentes   terminais   para   eutanásia 
para os doentes crônicos; de eutanásia para doentes físicos 
para   eutanásia   para   pessoas   depressivas;   e   de   eutanásia 
voluntária   para   eutanásia   involuntária”.   O   Dr.   Hendin 
afirma   que   toda   restrição   legal   contra   a   eutanásia   é 
quebrada impunemente. E a crescente aprovação entre os 
médicos   holandeses   de   matar   crianças   está   estimulando 
uma   ação   política   para   legalizar   mais   a   eutanásia,   e   o 
partido   socialista,   que   ocupa   o   ministério   da   saúde,   está 
propondo   que   as   crianças   de   mais   de   12   anos   tenham   o 
direito de pedir eutanásia.  107

Eutanásia para o mundo inteiro?


A questão da eutanásia na Holanda é um problema que 
ameaça   se   expandir   para   toda   a   Europa   e   o   mundo.   A 
cidade   de   Haia,   na   Holanda,   é   hoje   a   sede   da   Corte 
Criminal   Internacional   (CCI),   cuja   função   é   julgar   tudo   o 
que a ONU interpreta como violação dos direitos humanos. 
É   uma   ironia   bizarra   que   um   tribunal   internacional  se
localize num país com o mais agressivo programa de
genocídio contra os idosos e deficientes. Nenhuma outra
nação “democrática” permite a eutanásia e o suicídio com
assistência médica na medida em que a Holanda aceita. E
essa prática está se tornando tão comum que os médicos
holandeses testemunham publicamente que participam
de casos em que crianças deficientes são mortas. 108

É possível entender a despreocupação da CCI com a


eutanásia holandesa como um dos sinais mais claros de
que há uma tendência cada vez maior a favor da
eutanásia nos países ricos. No Canadá, por exemplo, há
casos em que enfermeiras perderam o emprego porque

107 Mindy Belz, Dutch Treat, revista World (23 de maio de 1998).
108 Lifesite Daily News. 16 de julho, 1998, Toronto, Canadá.

69
escolheram não participar de procedimentos de aborto ou
atos de eutanásia. 109

Pouco antes do estabelecimento da CCI, Concerned


Women for America, organização evangélica presidida por
Beverly LaHaye , avisou:
110

A ONU planeja estabelecer um tribunal criminal mundial


com implicações de longo alcance para os cidadãos… Pela
primeira vez, um tribunal da ONU terá autoridade e poder para
julgar indivíduos de países membros da ONU. O tribunal
internacional terá jurisdição sobre casos de crimes de guerra,
genocídio e crimes contra a humanidade. Embora essa meta
pareça logicamente aceitável, recentes conferências mundiais
da ONU revelam que as definições que a ONU emprega são
sempre vagas e muitas vezes enganadoras. Por exemplo,
muitos grupos estão trabalhando para definir o aborto e a
conduta homossexual como “direitos humanos fundamentais”.
De acordo com essa definição, a Corte Criminal Internacional
poderá condenar indivíduos por cometer “crimes contra a
humanidade”. Portanto, dá para imaginar que uma pessoa que
proteste contra o aborto legal ou um pastor que fale contra a
homossexualidade poderá ser julgado por “crimes contra a
humanidade”, por “intolerância” e por “violações dos direitos
humanos fundamentais”. 111

As   feministas   e   outros   grupos   radicais   estão   lutando 


para   que   a   CCI   coloque   a   oposição   ao   aborto   legal   como 
violação   dos   direitos   humanos.   Como   esse   tribunal   tem 
jurisdição sobre todas as pessoas dos países que assinaram 
seu   documento   de   compromisso,   inclusive   o   Brasil,   há   o 
perigo de que, se for aprovada uma lei protegendo o aborto 
legal,   os   cristãos   e   outras   pessoas   que   defendem   a   vida 
humana desde a concepção até a morte natural poderiam 
perder   sua   proteção   legal   e   serem   levados   a   julgamento 
internacional.   Ativistas   gays   holandeses   tentaram 
109 Conscience Legislation Presented, LifeSite Daily News. 11 de fevereiro de 1999.
Toronto, Canadá.
110 Ela é co-autora de O Ato Conjugal, um dos livros mais vendidos da Editora Betânia.
111 The United Nations, Sovereignity, Concerned Women for America (www.cwfa.org), 15
de abril de 1998, Washingtton DC.

70
recentemente levar o papa a esse tribunal, apenas porque 
ele   reconheceu   corretamente   que   o   homossexualismo   é 
pecado.   Não   se   sabe   com   certeza   de   que   maneira   a   CCI 
usará sua autoridade futuramente.

Os frutos da medicina socializada


A   profissão   médica   de   hoje   se   preocupa   mais   com   a 
questão   econômica   do   que   os   médicos   do   passado.   A 
disponibilidade do suicídio com ajuda médica é mais rápida 
e   barata   do   que   qualquer   outra   forma   de   tratamento 
médico. Por isso, os pacientes holandeses pobres ou cujos 
tratamentos são muitos caros são pressionados a “escolher” 
o   suicídio   com   ajuda   médica   ou   então   são   simplesmente 
“despachados” para a eternidade sem aviso prévio.
Ser idoso e doente na Holanda é uma experiência de
dar medo, pois os idosos sabem que são oficialmente
“descartáveis”. Eles são descartáveis porque a motivação
principal do sistema de saúde holandês não é a
assistência de saúde em si, mas a redução dos custos.
Esse é o legado mais desumano da ameaça chamada
medicina socializada. Pare para pensar na situação
delicada de um idoso holandês de 60 anos que
simplesmente não pode deixar de buscar assistência
médica num hospital. Ele está bem ciente dos seguintes
fatos:
Todo médico holandês recebe treinamento formal em
eutanásia nas faculdades de medicina. O custo exato de
cada tipo de tratamento para todas as doenças ou
ferimentos comuns é conhecido de antemão e registrado
para fácil referência e análise em cada caso individual.
Portanto, com base nas informações desses registros, o
médico clínico geral já tem a orientação do hospital para
aplicar, sem consentimento, injeções letais em pacientes
idosos cujo tratamento é considerado “caro demais”. 112

112 Veja o capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.

71
O número de asilos para doentes e velhos na Holanda
diminuiu mais que 80 por cento nos últimos 20 anos, e a
expectativa de vida dos poucos idosos que permanecem
em tais asilos está se tornando cada vez mais curta. A
eutanásia involuntária é administrada até mesmo em
pacientes que não estão em fase terminal. A eutanásia
involuntária também é administrada para vítimas de
acidente e pessoas com reumatismo, diabetes, AIDS e
bronquite. 113

Problema tipo exportação?


Contudo, se tudo isso está ocorrendo nos países ricos,
por que os países em desenvolvimento deveriam se
preocupar? Porque a Europa e os EUA costumam sempre
exportar suas idéias e soluções para os outros países.
Pode-se dizer que a eutanásia é um problema tipo
exportação, pois sendo um país economicamente
avançado, a Holanda tem sido vista como modelo para o
mundo imitar. Maurice De Wachter, diretor do Instituto de
Bioética em Maastricht, declarou de forma preocupante
que “A Holanda é o que eu chamaria de um experimento
de ética médica que servirá de precedente… Há uma
prática crescendo [na Holanda] em que os médicos se
sentem à vontade ajudando os pacientes a morrer — em
outras palavras, eles se sentem à vontade matando os
pacientes”. 114

113 Veja o capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
114 John Henley, Associated Press. "Dutch Euthanasia Rule Stirs Ethical Conflicts." The
Oregonian, 11 de fevereiro de 1993, pág. A9. Citado no capítulo 112 de: Dr. Brian
Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom.  2000 Human
Life International.

72
Figura 6: — Desligue o aparelho de respirar, doutor! Esse homem assinou um
documento que declara que ele não quer ser mantido vivo por meios
artificiais! — Tudo bem! — Ele ainda está respirando! — Remova-lhe a
alimentação. Ele morrerá de fome em duas semanas! — Ué? O que você está
fazendo com o travesseiro, doutor? — Matar de falta de oxigênio é um ato
mais misericordioso do que matar de falta de alimento, não acha? — Boa
idéia, doutor!

Em 1990, houve o encontro da Federação Mundial das 
Sociedades do Direito de Morrer, na cidade de Maastricht, 
Holanda. Representantes de grupos a favor do “direito de 
morrer” da Colômbia, Espanha, Israel, Índia, África do Sul, 
Suécia, França, Bélgica Canadá, EUA e Japão se reuniram 
para aprender com os mestres holandeses a arte de praticar 
a eutanásia. 115

A   Federação   Mundial   das   Sociedades   do   Direito   de 


Morrer tem como alvo espalhar a mensagem pró­eutanásia 

115Rita Maker, Euthanasia: Killing ou Caring? (Life Cycle Books: Toronto-Canadá,


1991), p. 8.

73
no mundo inteiro. Essa mensagem parece estar produzindo 
efeito nos médicos. Veja essa reportagem:

INGLATERRA: A POLÊMICA SOBRE


OS DOENTES ABANDONADOS PARA MORRER
Recentemente foi publicado na imprensa inglesa um
debate sobre as pessoas idosas nos hospitais cujo boletim
médico estava marcado com a instrução de não ressuscitar em
caso de crise. O que parece é que agora a idéia de abandonar
pessoas à morte não se limita aos idosos. Conforme informou o
jornal Telegraph (30 de maio de 2000), há a mesma atitude
com os deficientes, até mesmo os jovens. As crianças e os
jovens com problemas sérios de saúde internados são
marcados com a instrução de que os médicos não devem
ressuscitá-los se eles tiverem uma crise. A desculpa é que a
qualidade de vida deles seria tão limitada que não vale a pena,
de acordo com a opinião de algumas autoridades hospitalares,
mantê-los com vida.
Essa situação recebeu a atenção dos meios de
comunicação no caso do menino David Hargadon. Ele não
podia andar nem falar e os médicos tentaram convencer seus
pais a lhes dar permissão para deixar de dar assistência
médica ao menino, com o objetivo de deixá-lo morrer.
Conforme sua mãe comentou, os médicos os criticaram muito
por insistirem na continuidade do tratamento médico de seu
filho. Com apenas um ano de idade, David havia pego
pneumonia e embora estivesse internado num hospital os
médicos queriam negar-lhe o tratamento com antibióticos. A
mãe não aceitou isso e David sobreviveu. Um ano depois o
menino ficou novamente doente e os médicos voltaram a dar a
opinião de que deveriam deixá-lo morrer. Sua mãe não cedeu a
essas sugestões e os médicos tiveram de curar o menino.
Casualmente David morreu com a idade de doze anos, porém
sua mãe afirmou que ele gozou muitos anos de vida, apesar de
que o desejo dos médicos era deixá-lo morrer.
Referindo-se a esse caso, Richard Kramer, líder de uma
campanha de caridade em favor de doentes mentais, disse que
estava preocupado. Kramer observou que parece que a opinião
dos médicos é que os doentes com dificuldades para aprender
não são dignos do mesmo respeito que as outras pessoas.
Kramer declarou que é difícil avaliar a dimensão do problema,
porém expressou a preocupação de que alguns médicos

74
poderiam tomar esse tipo de decisão sem consultar os pais ou
a família. 116

Em   1999   a   polícia   de   Londres,   Inglaterra,   investigou 


mais de 60 casos de aposentados idosos que morreram por 
falta de água e alimento em hospitais. Num dos casos, uma 
mulher   de   80   anos   foi   para   o   hospital   bem   de   saúde   e 
alegre,   mas   com   um   problema   de   dor   no   joelho.   Ela   foi 
colocada   em   sedativos   e   ficou   sem   alimento   até   morrer.   117

Em   1997,   em   Copenhagem,   Dinamarca,   a   polícia   acusou 


uma enfermeira e um médico de assassinato. Eles mataram 
22 pessoas num asilo para idosos. 118

Apesar   de   que   a   Europa,   principalmente   a   Holanda, 


esteja   caminhando   para   um   futuro   mais   aberto   para   a 
eutanásia,   vale   a   pena   lembrar   aqui   a   recomendação   da 
Assembléia Parlamentar  do Conselho  da Europa  sobre os 
direitos   dos   doentes   e   dos   que   estão   morrendo.   A 
recomendação, que foi adotada em 1976, diz:

O   médico   deve   fazer   todo   tipo   de   esforço   para   aliviar   o 


sofrimento e ele não tem nenhum direito, mesmo em casos que 
lhe   parecem   desesperadores,   de   apressar   intencionalmente   o 
curso natural da morte. 119

116 Boletim eletrônico n.º 47, Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família (9 de maio de
2000).
117 Involuntary Euthanasia Rampant In England, Lifesite Daily News, 6 de dezembro de
1999, Toronto, Canadá.
118 Lifesite Daily News, 23 de outubro, 1997, Toronto, Canadá.
119 Matthijs de Blois, Euthanasia and the Right to Life (Dutch Lawyers Association Pro Vita: Odijk,
Holanda, 1998).

75
QUEM SUSTENTARÁ OS IDOSOS ?
Recentemente a CNN noticiou:

ESTOCOLMO — O lendário campeão sueco de tênis Bjorn


Borg pediu aos europeus que “produzissem” mais bebês a
fim de garantir que existam pessoas suficientes no futuro
para financiar as pensões dos aposentados do continente.
O jornal Dagens Industri publicou na sexta-feira passada um
anúncio em inglês em que Borg aparece rodeado de
parteiras.
“Temos um problema delicado no mundo ocidental: não
estão nascendo bebês suficientes”, diz o tenista no jornal.
“Se não acontecer nada drástico imediatamente não haverá
ninguém capaz de trabalhar para garantir nossas
pensões…” 120

Muitos especialistas que alertavam o mundo sobre


uma possível explosão demográfica agora se encontram
sem explicações convincentes para suas alegações.
Ninguém sabe como é que os países ricos conseguirão
sair das dificuldades que foram criadas por décadas de
campanhas que diziam aos casais que trazer mais seres
humanos ao mundo equivaleria a trazer mais problemas.
Agora o problema é justamente o contrário. A principal
preocupação das próximas décadas será um tamanho de
população economicamente ativa bem abaixo do normal
nas regiões ricas do mundo. Conforme mostra a ONU, a
maioria das nações industrializadas terá de abrir suas
portas para milhões e milhões de trabalhadores dos
países menos ricos para preencher as necessidades
econômicas de populações ricas envelhecidas.

ONU DIVULGA ADVERTÊNCIA DE QUE EM FUTURO PRÓXIMO A


POPULAÇÃO DE VÁRIOS PAÍSES RICOS ESTARÁ ABAIXO DO NÍVEL
NORMAL

120 http://cnn.com.br/2001/curiosidades/03/12/bjorn/index.html

76
Nova Iorque, 31 de março de 2000 — Indo contra décadas de
advertências sobre taxas de fertilidade altas e explosão demográfica, a ONU
publicou recentemente um relatório de um problema novo: declínio de
população. O Secretariado da Divisão de População da ONU diz em seu
relatório Replacement Migration que em muitos países a única esperança
de manter os atuais níveis de populações trabalhadoras é abrir as portas
para os imigrantes em números que muitos podem achar alarmantes.
O estudo examinou dados demográficos de oito países: França,
Alemanha, Itália, Japão, República da Coréia, a Federação Russa, o Reino
Unido e os Estados Unidos. O relatório reflete decisões políticas feitas por
governos durante meio século para diminuir a taxa de fertilidade de seus
cidadãos. O resultado é que muitos países estão experimentando um
fenômeno novo chamado "fertilidade abaixo do nível de substituição", que
significa que os casais não mais estão tendo bebês suficientes para
substituir os atuais trabalhadores. A ONU informou que 61 nações estão
agora com uma fertilidade bem baixa e o nível populacional de outros
países também já está se aproximando dessa situação crítica.
As conseqüências a longo prazo da baixa fertilidade são o
envelhecimento elevado da população e eventual declínio da população
jovem. Além disso, esses países enfrentam o problema da diminuição no
número total de trabalhadores entre 15 e 65 anos. O estudo prediz que o
número necessário de imigrantes para equilibrar a diminuição da população
é elevado. Os níveis de imigrantes necessários terão de ser muito grandes
para compensar as populações dos países ricos que estão envelhecendo e
diminuindo. O Japão, por exemplo, precisará receber 10 milhões de
imigrantes por ano para compensar o esvaziamento dos cidadãos em idade
ativa de trabalho. A União Européia precisará de 13 milhões por ano. O
relatório afirma que os líderes políticos terão nas próximas décadas de lutar
com muitas questões críticas por causa de dois fatores: envelhecimento da
população e resistência a imigração em massa. Já se considera a
possibilidade de que as leis estabeleçam que os trabalhadores se
aposentem com mais idade. Haverá também mudanças nos benefícios
médicos e previdenciários, e os trabalhadores ativos terão de pagar mais
para o sustento financeiro dos aposentados. 121

A   única   solução   que   a   ONU   consegue   indicar   para   a 


grande perda de população jovem nos países ricos é receber 
mais imigrantes dos países em desenvolvimento. Mas talvez 
nem   isso   baste.   O   Sr.   Paul   Hewitt,   diretor   do   projeto 
Iniciativa do Envelhecimento Global do Centro de Estudos 
Estratégicos e Internacionais em Washington, me explicou: 
“Soube   recentemente   que   17   por   cento   da   população   da 
Suíça nasceu no exterior. Mas o que é significativo é que 

121 Conforme informações divulgadas pelo C-FAM, um instituto de defesa da família e dos
direitos humanos que monitora as atividades na ONU. Nova Iorque, 31 de março de 2000.

77
nada disso será suficiente para resgatar dramaticamente o 
sistema de aposentadoria dos idosos”. 122

O futuro dos EUA e da Europa


No   curso   dos   próximos   25   anos,   informa   o   boletim 
americano Population Research Institute Review, a estrutura 
de idade da população mundial continuará a mudar e os 
idosos serão uma parte cada vez maior da população total 
do   mundo.   As   projeções   oficiais   das   Nações   Unidas 
123

indicam   que   na   Europa   e   América   do   Norte   a   população 


idosa de mais de 65 anos crescerá e chegará a um total de 
1   bilhão   e   300   mil   pessoas   no   ano   2025,   enquanto   a 
população   de   0   a   14   está   diminuindo   sem   parar.   O  124

envelhecimento da população e a diminuição no número de 
nascimentos e de jovens nos países desenvolvidos são um 
dos   problemas   mais   dramáticos   que   o   século   21   terá   de 
enfrentar. Só na Alemanha há hoje quase 400 mil cidadãos 
com   mais   de   90   anos   de   idade.   Em   2030   os   idosos   do 
Japão,   Alemanha   e   Itália   poderão   passar   dos   40%   da 
população geral. 125

Os   países   da   Europa   já   estão   sentindo   os   profundos 


efeitos   demográficos   por   causa   do   baixo   índice   de 
natalidade:   Há   um   número   cada   vez   menor   de   jovens   na 
força   de   trabalho.   O   resultado   é   que   haverá   menos 
trabalhadores   ativos   para   sustentar   mais   aposentados. 
Essa   situação   criará   grande   pressão   nos   sistemas   de 
seguridade   social   e   planos   de   aposentadoria.   Causará 
também um enorme aumento nos custos de assistência à 

122 Comunicação pessoal do Sr. Paul Hewitt para Julio Severo através de email, em 7
de julho de 2000.
123Population Research Institute Review (PRI: Front Royal-EUA, agosto-setembro de
1999), p. 4.
124Drª Nafis Sadik, Making a Difference: Twenty-five Years of UNFPA Experience (Fundo
de População das Nações Unidas: Nova Iorque-EUA, 1994), p. 48, 49.
125Situação da População Mundial (Fundo de População das Nações Unidas: Nova
Iorque-EUA, 1998), p. 11.

78
saúde. Não é sem razão, pois, que os países europeus estão 
sofrendo forte pressão para aceitar a eutanásia.   126

Conforme as projeções da ONU, a Europa será a região 
do   mundo   mais   atingida   pelo   envelhecimento.   No   ano   de 
2050,   haverá   quase   três   pessoas   acima   de   65   anos   para 
cada   jovem   de   menos   de   15   anos.   Um   em   cada   três 
europeus   terá   mais   de   60   anos.   As   outras   regiões   mais 
atingidas pelo envelhecimento serão a América do Norte, a 
Oceania, a Ásia e a América Latina, nessa ordem.   O Prof.  127

Michel Schooyans, da Universidade de Louvain na Bélgica, 
acha que essa situação “causará migrações incontroláveis, 
o   colapso   dos   sistemas   de   previdência   social   e   educação, 
conflitos entre as gerações mais jovens e as mais velhas…” 128

A   situação   européia   é   tão   crítica   que   o   Presidente   da 


França,   Jacques   Chirac,   exclamou:   “A   Europa   está 
desaparecendo…   Logo   nossos   países   estarão   vazios”.   O  129

perigo   maior   é   que   esse   esvaziamento   da   população 


européia abrirá espaço e oportunidades para as multidões 
de   muçulmanos   ansiosos   para   habitar   o   continente 
europeu.   Por   séculos   os   muçulmanos   tentaram   invadir   e 
dominar a Europa, sem sucesso. Contudo, hoje enquanto 
os europeus estão brincando de sexo, as famílias imigrantes 
muçulmanas estão multiplicando seus bebês aos milhares e 
educando­os fielmente na sua religião. Já que até os casais 
evangélicos   europeus   não   mais   desejam   se   multiplicar   e 
criar   uma   geração   para   Jesus,   as   famílias   muçulmanas 
querem aproveitar e encher o território europeu com seus 
próprios jovens para avançar o islamismo.

126 Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 300.
127Population Research Institute Review (PRI: Front Royal-EUA, agosto-setembro de
1999), p. 4.
128Michel Schooyans, We Have Met the Enemy and He Is Us in Celebrate Life (American
Life League: Stafford-EUA, 1999), p. 13.
129George Grant, Grand Illusion: The Legacy of Planned Parenthood (Adroit Press;
Franklin-EUA, 1992), p. 39.

79
Mark Steyn escreveu no jornal Chicago Sun­Times de 27 
de fevereiro de 2005:

“Os problemas da Europa — seus programas sociais que já estão fora das
possibilidades econômicas, sua demografia que já está no leito de morte, sua
dependência de números de imigrantes que nenhuma nação estável já conseguiu
absorver com sucesso — foram todos criados pela própria Europa. As projeções
de alguns especialistas indicam que 40 por cento da população da União Européia
será muçulmana no ano 2025. O que já é realidade é que semanalmente mais
pessoas freqüentam as orações de sexta nas mesquitas do que os cultos de
domingo nas igrejas cristãs”. 130

Problemas econômicos na área da saúde


  Ao comentar a situação européia, um jornal britânico 
escreveu em 1993:
A História mostra que a diminuição da população jovem é um
fenômeno que pode colocar a economia em crise e até destruí-la. Essa
diminuição põe uma pesada carga sobre os jovens, que terão de
sustentar um número cada vez maior de velhos. Essa situação, em vez
de abrir espaço para a prosperidade, tende a fazer com que as
sociedades sejam destruídas, por causa da diminuição da compra e
venda de produtos e serviços e da diminuição das oportunidades. 131

Será   que   uma   população   jovem   cada   vez   menor 


conseguirá   continuar   pagando   as   despesas   médicas   dos 
idosos?   Hoje   debate­se   a   questão   da   necessidade   de 
controlar os gastos na assistência hospitalar aos idosos, e 
esse   debate   só   tende   a   aumentar,   pois   vários   problemas 
econômicos   graves   ameaçam   em   futuro   próximo 
sobrecarregar completamente o sistema de saúde pública.
A   preocupação   maior   é   o   fato   de   que   as   despesas 
geralmente   aumentam   nos   últimos   meses   de   vida   de   um 
idoso.   Alguns   países   já   estão   colocando   limites   de   idade 
para certos tratamentos. Quando consideram a questão da 
prestação   de   serviços   de   saúde,   os   especialistas   médicos 
agora vêem os fatores econômicos como mais importantes 
do que as necessidades das pessoas. As elevadas despesas 

130 http://www.suntimes.com/output/steyn/cst-edt-steyn27.html
131Eamonn Keane, Population and Development (HLI: Australia, 1994), p. 34

80
que   alguns   pacientes   dão   estão   levando   muitos   políticos, 
hospitais   e   médicos   a   verem   a   eutanásia   como   uma 
alternativa   fácil   e   barata   para   resolver   problemas 
econômicos.  Na Suíça, o departamento de saúde de
Zurique autorizou oficialmente suicídios com assistência
médica nos asilos para idosos. No entanto, por motivos
óbvios, o governo não mencionou a questão dos gastos
dos idosos, mas preferiu se limitar a afirmar que a medida
foi tomada para “valorizar o direito de autodeterminação”
dos idosos. 132

Um ativista pró­eutanásia declarou:

A maioria dos estudantes de economia, principalmente economia na


área médica, concorda que é urgente e absoluta a necessidade de conter
os gastos médicos. A questão que nos divide é de que modo deveremos
fazer isso. O primeiro passo é admitir a cruel necessidade de racionar a
assistência médica. O segundo é limitar a assistência médica… Como é
que decidiremos quem deverá receber os escassos recursos médicos?… O
que deveremos mais considerar, obviamente, é a idade. 133

As   sociedades   de   hoje   que   por   motivos   econômicos 


apóiam   a   limitação   de   nascimentos   terão   no   futuro   de 
apoiar,  pelos   mesmos  motivos,   a  limitação   no  número   de 
doentes,   deficientes   e   idosos   e   outras   pessoas   que   dão 
despesas pesadas para o governo.

Mais velhos, menos jovens


Em   vários   países   avançados,   as   autoridades   estão 
começando a se preocupar com o fato de que hoje há mais 
mortes do que nascimentos e mais idosos do que crianças. 
Uma das conseqüências mais sérias do envelhecimento da 
população é o risco de o sentimento de solidariedade entre 
as   gerações   sofrer   danos.   Essa   perda   de   solidariedade 
poderia fazer com que as gerações brigassem para ver quem 
é que ficará com os recursos econômicos ou em quem esses 
132Pro-Life E-News, 21 de agosto de 2000.
133Willard Gaylin. Citado no capítulo 106 de: Dr.Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s
Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom.  2000 Human Life International.

81
recursos   serão   investidos:   nos   mais   jovens   ou   nos   mais 
velhos.   É   exatamente   por   causa   da   preocupação   com   os 
fatores   econômicos   que   a   eutanásia   está   ganhando   a 
simpatia dos europeus e americanos materialistas.
Não   há   dúvida   de   que   os   idosos   serão   os   candidatos 
mais fortes à eutanásia futuramente. Desde que começou a 
apoiar   leis   de   aborto,   os   EUA   e   a   Europa   aprenderam   a 
conviver com o desrespeito ao valor da vida humana. E esse 
desrespeito poderá se estender a qualquer grupo de pessoas 
que não se encaixar nos padrões da sociedade ou que for 
um   peso   grande   demais   para   o   estilo   de   vida   egoísta, 
consumista e materialista das pessoas de hoje.
Por   causa   de   fatores   econômicos,   os   pais   que 
escolheram ter menos filhos para ter mais bens materiais 
poderão algum dia não só ter menos pessoas para sustentá­
los,   mas   também   enfrentar   seus   filhos   igualmente 
materialistas   que,   por   causa   de   fatores   econômicos 
semelhantes, apoiarão a eutanásia para ajudar a sociedade 
a ter menos “velhos inúteis que só dão despesas”.
O   envelhecimento   da   população   vem   sendo 
acompanhado pela destruição do sistema de apoio familiar 
tradicional   que   sustentava   em   casa   as   crianças,   os 
dependentes   e   os   idosos.   Nos   países   desenvolvidos,   a 
134

valorização   de   bens   materiais   é   mais   alta   do   que   uma 


estrutura familiar tradicional onde a maior riqueza são os 
filhos e a própria unidade da família.
O Instituto de Pesquisa de População nos EUA, em seu 
boletim de janeiro de 2000, alerta:

Neste ano, pela primeira vez na História, haverá nos países 
industrializados mais pessoas com 60 anos do que crianças com 
a idade de até 14 anos. O crescimento da população idosa levará 
os velhos a dependerem mais de um número cada vez menor de 
jovens trabalhadores para sustentá­los… Com a queda mundial 
nas taxas de natalidade, o número de trabalhadores diminuirá. 
134Situação da População Mundial (Fundo de População das Nações Unidas: Nova
Iorque-EUA, 1998), p. 4.

82
As conseqüências econômicas da diminuição da população jovem 
virão em seguida. Conforme diz o economista Peter Drucker, são 
necessários   trabalhadores   para   garantir   a   prosperidade   e   a 
estabilidade econômica de qualquer país. Em muitas nações por 
todo   o   mundo,   será   difícil,   ou   até   mesmo   impossível,   uma 
população   trabalhadora   cada   vez   menor  sustentar   um  número 
cada vez maior de aposentados. 135

 
O mesmo boletim dá a informação de que nos Estados 
Unidos   a   população   economicamente   ativa   está 
diminuindo:   “No   começo   de   novembro   de   1999,   Alan 
Greenspan, Presidente do Federal Reserve, apresentou um 
relatório   declarando   que   a   diminuição   no   número   de 
trabalhadores   estava   ameaçando   a   competitividade   de 
mercado e a produtividade americana”. Uma das soluções 
136

que   ele   apontou   para   resolver   esse   grave   problema   é 


permitir a entrada de mais imigrantes nos EUA.

Por que há menos trabalhadores jovens?


Há muitos fatores que estão contribuindo para o baixo 
número   de   nascimentos   hoje.   As   pessoas   estão   casando 
menos   e   os   que   querem   se   casar   preferem   entrar   no 
matrimônio   mais   tarde,   em   grande   parte   para   continuar 
estudando mais tempo. Enquanto no passado recente, e até 
nos tempos bíblicos, o casamento ocorria geralmente antes 
dos 18 anos para a mulher, hoje é bem depois dos 20 anos. 
Embora   se   casem   mais   tarde,   os   jovens   estão   tendo 
experiências   sexuais   cada   vez   mais   cedo.   Há   também   o 
crescimento   no   número   de   divórcios.   E   as   famílias   que 
sobrevivem   à   onda   de   divórcios   e   separações   estão   tendo 
menos   e   menos   filhos.   O   que   mais   tem   desanimado   as 
famílias   de   hoje   de   querer   mais   que   dois   filhos   são   as 
responsabilidades   profissionais   do   pai   e   da   mãe   que 
trabalham fora. Talvez a mudança mais profunda a atingir 
135Population Research Institute Review (PRI: Baltimore-EUA, janeiro-fevereiro de
2000), p. 10.
136Population Research Institute Review (PRI: Baltimore-EUA, janeiro-fevereiro de
2000), p. 8.

83
as famílias seja o relacionamento entre o casal e o trabalho 
profissional   fora   do   lar   nas   décadas   recentes.   Essa 
mudança   reflete   a   participação   das   esposas   e   mães   no 
mercado de trabalho. 
A   proporção   de   mulheres   casadas   que   trabalham   fora 
aumentou   em   todos   os   países   industrializados.   Na 
Austrália, por exemplo, a percentagem de mulheres casadas 
no mercado de trabalho fora do lar pulou de 29 por cento 
em   1966   para   53   por   cento   em   1998.   Metade   das   mães 
australianas   com   filhos   de   menos   de   4   anos   de   idade 
trabalham fora agora. No Reino Unido, em 60 por cento dos 
casais   com   filhos   as   mães   trabalham   fora.   Nos   Estados 
Unidos,   a   participação   no   mercado   de   trabalho   das 
mulheres   casadas   com   filhos   de   menos   de   6   anos 
aumentou de 18 por cento em 1960 para 59 por cento em 
1993.  Mulheres casadas que trabalham fora costumam ter 
137

um   ou   dois   filhos,   ou   às   vezes   nenhum.   Isso   bem   pode 


explicar a diminuição no número de nascimentos.
A   eutanásia,   felizmente,   não   é   realidade   entre   nós. 
Apesar de não ser economicamente tão avançado quanto as 
nações   européias,   o   Brasil   não   está   enfrentando   a   difícil 
situação   de   envelhecimento   da   população   e   escassez   de 
jovens que a Europa já está começando a sofrer. Esse é o 
motivo mais importante para a ausência da eutanásia em 
nosso  país.  Mas  o  índice  de  natalidade  está   caindo  entre 
nós, graças aos investimentos em massa que os EUA e a 
Europa fazem para reduzir a população jovem dos países 
menos   desenvolvidos.   Milhões   de   dólares   são   gastos   para 
financiar   a   expansão   dos   programas   de   planejamento 
familiar, educação sexual e aborto legal no Brasil. Se essa 
situação continuar, futuramente o Brasil também terá de se 
preocupar   com   questões   como   envelhecimento   da 
população, escassez de jovens e… eutanásia.

137
Kevim & Margaret Andrews, Rebuilding a Culture of Marriage, The Family in
America (The Howard Center: Rockford, EUA, outubro de 1998), p. 3.

84
Família: previdência natural
O   dever   dos   filhos   é   retornar   seu   amor   e   assistência 
quando seus pais precisarem depender da ajuda de outros 
por   causa   da   idade,   pobreza   ou   doença.   Há   o   exemplo 
bíblico do Rei Davi, que manteve os pais consigo e cuidou 
deles em sua velhice.
O   Dr.   Allan   Carlson,   presidente   do   Howard   Center   e 
líder evangélico pró­família, diz:

Nos séculos antes da existência da aposentadoria pública, os 
incentivos   econômicos   dentro   da   família   uniam   fortemente   as 
gerações. Os adultos em seus anos produtivos sustentavam seus 
pais na velhice deles, pois essa era uma obrigação que o sistema 
cultural  impunha. Ao mesmo tempo, esses adultos tinham um 
forte incentivo para gerar e criar filhos, para garantir a própria 
segurança   e   assistência   no   futuro.   Em   resumo,   a   família 
tradicional   incentivava  o   nascimento   de   filhos.   Contudo,   sob   o 
regime de seguro social cujo foco é a aposentadoria dos idosos, 
os   incentivos   mudaram.   Comumente,   agora   os   benefícios   são 
pagos   assim:   através   de   impostos,   a   renda   é   transferida   dos 
atuais   trabalhadores   para   os   atuais   aposentados.   Por   causa 
disso, os laços de segurança econômica entre três gerações da 
família foram cortados. Hoje, ainda que um indivíduo não tenha 
nenhum filho, ele conseguirá melhorar seu padrão de vida sem 
interferência   e   sem   sofrer   conseqüências   no   futuro,   pois   os 
impostos   já   são   compulsoriamente   descontados   da   renda   e   da 
folha de pagamento. Aliás, a reação lógica então se torna: “Filhos 
custam   muito   dinheiro   e   tempo   e   fazem   muito   barulho.   Que 
outra   pessoa   tenha   os   filhos   que   me   sustentarão   na   minha 
velhice”.138

O   conceito   de   previdência   social,   com   seu   sistema   de 


aposentadoria,   tem   uma   existência   relativamente   recente. 
Nasceu   há   poucas   décadas   e   não   tem   probabilidade   de 
durar   muitos   anos.   Por   séculos   o   que   existia   era   a 
“previdência   natural”:   Os   filhos   cuidavam   dos   pais   na 
velhice   e   quanto   mais   filhos   e   filhas   um   homem   tinha, 
138Dr. Allan Carlson, The Family, Public Policy & Democracy, The Family in America
(The Howard Center: Rockford, EUA, agosto de 1998), p. 4.

85
melhor “assistência” ele teria na velhice. Se os filhos eram 
cristãos   fiéis   a   Jesus,   os   pais   tinham   o   conforto   e   a 
segurança de passar seus últimos dias no acolhimento da 
própria   família   em   vez   de   ficarem   abandonados   e 
deprimidos em algum asilo ou instituição de caridade.
Um   dos   Dez   Mandamentos,   por   exemplo,   ordena   o 
respeito   aos   pais.   E   Jesus   explica   que   uma   maneira   de 
respeitar os pais é dedicar uma parte de nossos recursos 
para   ajudá­los.   Respeitar,   nesse   sentido,   seria   também 
acolhê­los,   uma   prática   que   as   famílias   evangélicas   do 
passado   nunca   deixaram   de   lado.   E   Jesus   fortemente 
repreendeu   os   religiosos   de   sua   época   que   não   queriam 
praticar tal respeito. Ele disse que não devemos evitar essa 
responsabilidade nem mesmo com a desculpa de servir  a 
Deus (cf. Mateus 15:3­6).
Hoje   não   precisamos   mais   “honrar”   nossos   pais,   pois 
pensamos que o governo já faz isso através da previdência 
social.   Mas   até   quando   o   governo   terá   condições   de 
sustentar   os   idosos?   Os   governos   europeus   já   estão 
enfrentando sérias dificuldades nessa área, porém mesmo 
que   as   famílias   européias   escolhessem   cuidar   de   seus 
parentes idosos, por quanto tempo seria possível sustentá­
los?
Enquanto   a   família   européia   de   um   século   atrás   era 
constituída normalmente de um casal com uma média de 
seis filhos, a família européia de hoje é composta somente 
por uma ou duas crianças. Assim, se um casal europeu de 
hoje fosse precisar dos filhos para ajudá­los na velhice, eles 
só teriam um ou dois… Esse é um dos motivos por que os 
europeus acham mais fácil colocar os idosos em asilos.
A Bíblia diz: “Mas, se alguma mulher cristã tem viúvas 
na sua família, deve cuidar delas…” (1 Timóteo 5:16a BLH) 
Tanto   o   homem   quanto   a   mulher   devem   honrar   os   pais, 
mas   o   significado   óbvio   dessa   passagem   é   que   Deus 
entregou   principalmente   às   mulheres   cristãs   a 

86
responsabilidade de tomar conta dos parentes dependentes. 
Mas   o   papel   da   mulher   hoje   tem   sido   tão   radicalmente 
mudado pelas idéias feministas que as esposas têm tantas 
responsabilidades  fora do lar  que não lhes sobra tempo, e 
muitas vezes nem interesse, para desempenhar plenamente 
o importante chamado do lar que Deus lhes deu.
O livro  De Volta Ao Lar, escrito pela ex­feminista Mary 
Pride, revela o motivo por que as famílias não mais são a 
principal fonte de assistência aos parentes dependentes:
Mas as pessoas esperam cada vez mais que o governo desempenhe
essa responsabilidade. O demógrafo Joseph McFalls, da Universidade
de Temple, comenta: “As famílias estão renunciando a algumas de
suas funções e as estão entregando ao governo. As famílias
costumavam ser responsáveis pela educação dos filhos e pela
assistência aos idosos. Mas agora é o governo que faz as duas coisas”.

O Dr. Allan Carlson diz:

Até mesmo o movimento de mulheres casadas entrando no


mercado de trabalho em décadas recentes tem uma ligação
especial com governos preocupados principalmente com
programas sociais. Os dados mais claros vêm da Dinamarca, e
mostram que o número de donas de casa nesse país diminuiu
em 579 mil mulheres, entre 1960 e 1981. Nesse período, o
número de empregados no setor público aumentou para 532
mil. Ao mesmo tempo, dois terços da expansão da força de
trabalho na Dinamarca ocorreram em apenas três áreas:
creches e assistência aos idosos (25%); hospitais (12%); e as
escolas (27%). Ajunte todos esses dados, e o que dá para ver é
mulheres deixando as tarefas de criar os filhos e cuidar dos
idosos no lar, a fim de trabalharem para o governo nos
mesmos tipos de empregos. Contudo, há uma diferença: elas
fazem esse trabalho com menos eficiência, pois as crianças e
idosos de quem elas agora cuidam não são parentes delas e
elas não têm nenhum interesse verdadeiro neles. Além disso,
elas recebem seus salários dos fundos obtidos mediante a
cobrança de mais impostos… 139

139Dr. Allan Carlson, The Family, Public Policy & Democracy, The Family in America
(The Howard Center: Rockford, EUA, agosto de 1998), p. 5.

87
Esposas que trabalham, geralmente, preferem ter o
menor número possível de filhos. Essa preferência está
colaborando para trazer um futuro onde haverá menos
trabalhadores jovens para sustentar os aposentados.
Hoje os especialistas em questões demográficas
acham que está para vir uma situação de ameaça, onde
haverá muitos recursos, mas um número insuficiente de
pessoas para organizar e alimentar a maioria dos idosos.
Já que a mentalidade pró-eutanásia está se espalhando
em vários países, principalmente na Holanda, há razões
para nos preocuparmos que slogans tais como “morrer
com dignidade” e “morte com compaixão” serão
defendidos normalmente como uma solução para resolver
o complicado problema de sustentar uma população de
aposentados grande demais.

88
CONTROLE DA MORTALIDADE ?
Está ocorrendo um acontecimento sobre o qual é difícil falar,
mas sobre o qual é impossível permanecer de boca fechada.
Edmund Burke, estadista
inglês 140

Anos   atrás,   um   seriado   de   TV   apresentava   uma 


perspectiva   interessante   de   como   seria   a   sociedade   do 
futuro. O filme mostrava o drama de um jovem e uma moça 
para   escapar   de   uma   sociedade   onde   todas   as   áreas   da 
existência   humana   eram   controladas.   Não   havia 
desemprego   nem   miséria,   pois   todos   os   cidadãos 
desfrutavam o bem­estar que o sistema lhes proporcionava. 
Os   homens   e   as   mulheres   podiam   uns   se   entregar   aos 
outros   para   prazer,   alegria   e   diversão,   sem   se   preocupar 
com   as   responsabilidades   de   um   lar,   crianças   e   idosos, 
porque o sistema tomava conta de tudo.
Essa   sociedade   tinha   a   liberdade   de   viver   uma   vida 
sexual totalmente livre da gravidez, pois a contracepção era 
perfeita. Além disso, havia um setor especial encarregado 
de   criar   um   número   planejado   de   bebês,   que   eram 
concebidos   em   laboratório.   A   única   participação   das 
pessoas   na   criação   da   vida   era   a   doação   dos 
espermatozóides   e   dos   óvulos   para   fecundação.   A 
fecundação, gestação, nascimento e criação estavam sob a 
responsabilidade   dos   especialistas   autorizados   pelo 
sistema. Na vida particular dos cidadãos, o sexo só existia 
para o prazer.
As pessoas tinham sido educadas a aceitar a procriação 
como   uma   das   áreas   de   planejamento   social   do   sistema. 
Com   relação   aos   idosos,   o   sistema   havia   cegado 
140 Citado no capítulo 112 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia.
Pro-Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.

89
completamente   as   pessoas   à   realidade   da   morte.   Quando 
começava a mostrar os primeiros sinais de envelhecimento, 
por   exemplo,   um   homem   era   condicionado   a   ansiar   pela 
passagem   de   um   ritual   que   a   sociedade   aceitava   sem 
questionar.
Nesse ritual, todos se reuniam para celebrar, enquanto 
o homem entrava num círculo esotérico e desaparecia sob 
efeitos especiais. Esse desaparecimento era visto como uma 
experiência que marcava a passagem do homem para um 
nível de realização pessoal. A verdade é que todos os que 
alegremente entravam no misterioso círculo esotérico nunca 
mais   voltavam.   O   ato   de   lançar   a   própria   vida   para   o 
desconhecido   havia   se   tornado   motivo   de   celebração…   e 
todos esperavam algum dia entrar nesse desconhecido. Mas 
o   que   eles   não   percebiam   é   que   essa   experiência   era   a 
morte. Por trás de tudo, a morte planejada era apenas um 
instrumento do sistema para controlar os gastos e o bem­
estar social.
Nessa sociedade futura, a liberdade de viver uma vida 
sexual sem filhos, sem casamento e sem velhice era vista 
como direito e privilégio. Todas as pessoas eram planejadas, 
da concepção à morte. A vida da população era totalmente 
controlada,   do   começo   ao   fim,   sem   que   ninguém   parasse 
para questionar que tudo o que eles haviam aprendido a ver 
como direitos e privilégios era, na verdade, a vontade das 
autoridades que governavam por trás daquele sistema.
Até que ponto esse sistema está longe da realidade?
Será que as tendências atuais poderiam, de alguma
maneira, levar a sociedade a um sistema desse tipo? O
editorial de uma revista médica comentou:

…o que prevalecerá no final é a nova ética de valor relativo, 
em vez de valor absoluto…  pois  o ser humano  busca alcançar 
sua qualidade de vida desejada… Não se sabe ainda exatamente 
qual   o   papel   que   a   medicina   desempenhará   quando   essas 
mudanças ocorrerem. Mas é certeza que a medicina se envolverá 

90
profundamente. O papel da medicina com relação à mudança nas 
atitudes para com o aborto pode bem ser uma amostra do que 
está   para   ocorrer…   Podemos   antecipar   que   os   papéis   da 
medicina mudarão mais à medida que os problemas do controle 
da   natalidade   e   seleção   de   nascimentos   se   estenderem 
inevitavelmente à seleção da morte e  controle da mortalidade  à 
nível de sociedade e de cada pessoa…  141

Nascimentos planejados, mortes planejadas


Margaret Sanger disse:

Meu propósito não é depreciar os esforços dos socialistas


cujo alvo é criar uma nova sociedade, mas em vez disso frisar
o que me parece a maior e mais negligenciada verdade de
nossa época: Todos os esforços para criar um novo mundo e
uma nova civilização só terão sucesso quando a educação
sexual for incorporada como parte integral das políticas
mundiais e a importância fundamental do controle da
natalidade for reconhecida nos programas de ajuda financeira
às nações necessitadas. 142

141 Franklin E. Payne Jr, Biblical/Ethical Medics (Mott Media Inc: Milford, EUA, 1985), p.
4.
142 Margaret Sanger, The Pivot of Civilization (Brentano: Nova Iorque-EUA, 1922).

91
Figura 7: PESSOAS…
…COMO OS FANÁTICOS DA EXPLOSÃO POPULACIONAL AS VÊEM!
— Mais bocas para alimentar!

92
…COMO DEUS AS VÊ! — Cabeças para pensar! — Corações para
amar! — Mãos para trabalhar!

Um   dos   fatos   mais   marcantes   do   século   XX   foi   que, 


graças   ao   controle   da   natalidade,   pela   primeira   vez   se 
tornou   possível   controlar   eficientemente   a   fertilidade 
humana.   Assim,   tendo   acesso   aos   modernos   meios 
contraceptivos,   os   casais   passaram   a   ter   menos   filhos   e, 
como resultado direto, houve uma diminuição gradativa no 
tamanho   da   população,   principalmente   entre   os   mais 
jovens. Embora a população jovem do Brasil esteja também 
começando a diminuir devido a esse fator, essa tendência é 
mais acentuada na Europa e EUA, onde as famílias têm em 
média 1 ou 2 filhos. 
Muitos analistas consideram a situação atual dos países 
industrializados   preocupante.   Enquanto   nesses   países   a 
população jovem está diminuindo devido ao uso em massa 
do   planejamento   familiar   e   do   aborto   legal,   a   população 
idosa   está   aumentando   num   ritmo   sem   precedentes.   A 
conseqüência   é   que   o   número   de   aposentados   está 
crescendo   e   o   número   de   trabalhadores   ativos,   que 
sustentam todo o sistema de previdência social, está cada 
vez   menor.   Assim,   agora   até   mesmo   a   rica   Europa   se 
encontra na difícil situação de gastar quase metade do seu 
PIB na previdência social. 143

BAIXA FERTILIDADE AMEAÇA APOSENTADORIA DOS IDOSOS NA


UNIÃO EUROPÉIA
Continua a aumentar o número de evidências de que anos
de políticas de controle populacional estão cobrando seu preço.
Líderes políticos da Europa acreditam que seus sistemas de
previdência social já estão começando a se desmoronar. 144

SISTEMAS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DA EUROPA PRONTOS


PARA SE DESMORONAR

143Population Research Institute Review (PRI: Baltimore-EUA, janeiro-fevereiro de


1994), p. 4.
144 Nova Iorque, 4 de maio de 2000. Fonte: C-Fam.

93
O presidente da Comissão Européia, o italiano Romano
Prodi, recentemente advertiu os governos que por volta do ano
2025 quase um terço da população européia estará recebendo
aposentadoria. Prodi também advertiu que quase todas as
aposentadorias vão ser cobertas à custa dos governos, isto é, à
custa dos europeus que pagam impostos. 145

Para   aliviar   o   problema   da   crescente   diminuição   da 


população   economicamente   ativa,   países   como   Austrália, 
Japão,   França,   Nova   Zelândia,   Reino   Unido   e   Estados 
Unidos estão estudando medidas para aumentar a idade de 
aposentadoria. De acordo com o Fundo de População das 
Nações   Unidas,   em   breve   o   Canadá   e   a   Finlândia   só 
poderão   dar   aposentadoria   para   os   que   têm   mais   de   70 
anos. No Japão, a idade atingirá o ponto mais elevado: 74 
anos. França, Alemanha, Portugal, Espanha, Reino Unido e 
Estados Unidos estão entre os países que precisarão elevar 
a idade mínima de aposentadoria para 67 anos ou mais. 146

Contudo,   até   mesmo   essas   medidas   poderiam   não 


resolver   totalmente   o   problema.   De   acordo   com   o   Banco 
Mundial,   os   sistemas   de   aposentadoria,   financiados   por 
contribuições   deduzidas   dos   salários,   não   conseguirão 
funcionar   por   muito   tempo.   Existe   uma   incerteza 
considerável com relação ao futuro desses sistemas. 147

O Prof. Michel Schooyans, da Universidade de Louvain, 
na Bélgica, comenta:
Além disso, alguns confiáveis especialistas na elaboração de políticas
governamentais têm levantado a questão das despesas das pessoas
idosas nas sociedades desenvolvidas. Explicando de outra maneira, a
questão é se manter os idosos vivos é útil para a sociedade ou se os
“imperativos econômicos” recomendam recorrer à eutanásia. 148

145 Nova Iorque, 4 de maio de 2000. Fonte: C-Fam.


146Situação da População Mundial (Fundo de População das Nações Unidas: Nova
Iorque-EUA, 1998), p. 45.
147Idem, p. 46.
148Michel Schooyans, The Totalitarian Trend of Liberalism (Central Bureau: St. Louis-
EUA, 1995), p. 16.

94
Embora já tenha provado as amargas conseqüências da 
eutanásia nazista no passado, a Alemanha corre o risco de 
considerá­la   novamente,   ainda   que   de   forma   mais 
atualizada e discreta, pois a previdência social alemã não 
terá   condições   de   sustentar   por   muito   tempo   uma 
população   idosa   que   não   pára   de   crescer.   A   taxa   de 
natalidade alemã hoje é menos de 2 filhos por família. Essa 
taxa,   uma   das   mais   baixas   no   mundo,   equivale   a   um 
gradual suicídio demográfico.
O   sociólogo   Dr.   Paul   Marx   revela   que   um   dos 
responsáveis pelo baixo número de nascimentos na nação 
alemã   são   os   400   mil   abortos   cirúrgicos   realizados 
legalmente todos os anos e os incontáveis milhões de micro­
abortos causados pela “pílula antibebê” (assim os alemães 
chamam   a   pílula   anticoncepcional).   Os   serviços   de   saúde 
dão a pílula gratuitamente para meninas de 12 a 20 anos. 149

Crescimento do Islamismo na Alemanha


Com seus 82 milhões de habitantes e com mais mortes 
do   que   nascimentos,   a   Alemanha   depende   totalmente   da 
imigração estrangeira para sobreviver no futuro. Há hoje 8 
milhões   de   estrangeiros,   principalmente   muçulmanos, 
vivendo   na   Alemanha.   Berlim   é   agora   a   segunda   maior 
cidade   muçulmana   do   mundo   e   45%   da   cidade   de 
Mannheim é muçulmana. 150

Os   milionários   muçulmanos   estão   comprando 


importantes companhias alemãs e o resultado é que 14% 
da   Daimler­Benz   pertencem   ao   Kuwait,   49%   da   Krupp 
pertencem ao Irã e 25% da Hoechst AG pertencem a um 
consórcio de países muçulmanos produtores de petróleo. 151

Há   mais   de   2   mil   mesquitas   e   casas   de   orações   para 


muçulmanos   e   o   islamismo   não   só   está   crescendo,   mas 

149Dr.Paul Marx, Special Report (HLI: Front Royal-EUA, junho de 1999), p. 4.


150Idem, p. 5.
151Abd al-Masih, Is An Islamic World Empire Imminent? (Light of Life: Villach-Austria,
1994), p. 40, 41.

95
também   é   uma   das   três   religiões   com   maior   número   de 
membros em toda a Alemanha.   Antigo berço da Reforma 
152

protestante, a Alemanha está se tornando agora o berço de 
uma   multiplicação   muçulmana   na   Europa   sem 
precedentes.
Algum dia os alemães se tornarão uma minoria dentro 
de   seu   próprio   país,   uma   minoria   constituída   em   grande 
parte   por   uma   multidão   de   idosos   economicamente 
inativos. Tudo porque as famílias de hoje se recusam a criar 
uma nova geração.
De   acordo   com   os   cálculos   do   conhecido   demógrafo   e 
historiador Pierre Chaunu, evangélico francês, a Alemanha 
está com o índice de natalidade tão baixo que corre o risco 
de chegar ao fim do século XXI com apenas 12 milhões de 
habitantes   de   sangue   alemão,   um   número   que   é   bem 
inferior   aos   16   milhões   de   habitantes   da   cidade   de   São 
Paulo.  O Dr. Chaunu escreveu em 1985:
153

Desde 1964 (o ano em que a maioria dos países europeus começou a


crescer economicamente), chegamos a um processo de colapso
reprodutivo jamais visto antes na História… A população européia está
morrendo rapidamente. A Alemanha pode ser considerada um país
morto, pois sua situação é irreversível (1 filho por mulher alemã,
enquanto uma média de 2 filhos por mulher é necessário para
substituir uma geração). Como é que podemos explicar essa implosão
e destruição demográfica? É óbvio que a maior parte da culpa pode
ser atribuída à revolução contraceptiva que começou em 1960. 154

Graças   à   contracepção   e   ao   aborto   legal,   a   Alemanha 


não   terá   futuro,   só   velhos.   A   solução   para   sustentá­los, 
através   da   previdência   social,   seria   o   governo   aceitar 
anualmente milhões de imigrantes jovens dos países menos 
desenvolvidos   ou   então   aceitar   o   controle   da   mortalidade 
para resolver o problema da sobrecarga econômica.
Utilizando   os   mesmos   argumentos   dos   grupos   pró­
aborto   legal,   os   grupos   pró­eutanásia   espalhados   pela 
152Dr. Paul Marx, Special Report (HLI: Front Royal-EUA, maio de 1999), p. 2.
153Pierre Chaunu, Die Verhütete Zukunft. Citado em Dr. Paul Marx, Confessions of a
Prolife Missionary (HLI: Gaithersburg-EUA, 1988), p. 156.
154Citado in Dr. Paul Marx, Faithful for Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 224.

96
Alemanha   já   estão   oferecendo   suas   respostas 
“compassivas” a esse problema. Assim, a mesma “ética” que 
é usada para não permitir a “entrada” no mundo de bebês 
indesejados é usada para permitir a “saída” deste mundo de 
pessoas   que   não   mais   lhe   são   úteis.   Enfim,   a   tecnologia 
“médica”   dominando   a   vida   humana   do   começo   ao   fim, 
controlando quem deve nascer e quem deve morrer.
Embora a Alemanha seja hoje líder absoluto na Europa 
e   um   dos   países   mais   importantes   do   mundo,   seu 
desenvolvimento econômico é forte à custa de fatores que a 
levarão ao colapso. Em 1995 houve 20 mil mais mortes do 
que   nascimentos   na   Alemanha.   Poucos   nascimentos   hoje 
significam  menos   trabalhadores  e   menos  desenvolvimento 
amanhã. O médico alemão Dr. Alfred Häussler disse:
A pior característica desse trágico desenvolvimento é que ninguém
percebe e pára para analisar as causas desse desenvolvimento, pois
ninguém quer mudar seu estilo de vida. E até mesmo a Igreja Cristã e,
acima de tudo, o governo não estão preocupados. 155

As famílias muçulmanas preferem mais filhos a fim de 
expandir sua religião, enquanto os casais cristãos — mais 
preocupados com as coisas materiais do que com as coisas 
eternas — têm famílias cada vez menores. Infelizmente, nos 
países   ricos   de   maioria   cristã   a   sociedade   vive   para 
satisfazer os próprios prazeres e vê os idosos, os bebês e os 
deficientes como insuportáveis cargas financeiras. 156

No   livro  World   Muslim   Population   Growth,   de   Abd   al­


Masih,   há   a   seguinte   informação:   “O   islamismo   está   se 
expandindo hoje em todos os aspectos da vida e começou 
uma   campanha   mundial   em   todos   os   continentes.   No 
entanto,   o   crescimento   dessa   religião   não   se   baseia 
principalmente   em   atividades   missionárias,   trabalhos 
sociais   ou   guerras   santas,   mas   no  aumento   natural  

155Medizin und Ideologie, junho de 1998, p. 3. Citado em Dr. Paul Marx, Special
Report, outubro de 1998, p. 2.
156Don Feder, Pagan America (Huntington House Publishers: Lafayette-EUA, 1993), p.
39.

97
mediante   uma   elevada   taxa   de   natalidade”   (o   destaque   é 
meu).   Por   causa   de   suas   famílias   que   não   param   de 
157

aumentar,   no   mundo   inteiro   o   islamismo   está   crescendo 


mais depressa do que todas as outras religiões.   158

Abd   al­Masih,   ex­muçulmano   e   agora   missionário 


evangélico,   só   vê   uma   maneira   de   os   cristãos   da   Europa 
enfrentarem o avanço do islamismo em seus países:

Encorajar os cristãos a praticar de maneira positiva o


planejamento familiar: Devemos incentivar as famílias cristãs a ter
mais filhos. É errado crer que as famílias crentes devem ser as
primeiras a praticar o controle da natalidade. Pelo contrário, as
famílias evangélicas precisam nos dar filhos nascidos de novo, crentes
dispostos a servir onde for necessário, a fim de preencher as
necessidades cada vez maiores que o Reino de Jesus tem de servos
fiéis.
159

O   Sr.   Abd   tem   razão.   Não   faz   sentido   as   famílias 


evangélicas serem as primeiras a praticar o planejamento 
familiar   de   modo   negativo,   enquanto   as   famílias 
muçulmanas   estão   aumentando   como   rebanhos.   O 
conselho   dele   revela   uma   das   melhores   estratégias 
missionárias para enfrentar não só o avanço muçulmano, 
mas também enfrentar um futuro onde os governos terão 
menos   condições   de   manter   a   previdência   social   e   onde 
muitos idosos serão obrigados a depender mais dos filhos 
para a sobrevivência.  Os muçulmanos que imigraram para
os países ricos estão usando os recursos desses países
para sustentar suas famílias numerosas. As famílias
cristãs não deveriam ser mais inteligentes do que eles?

As origens do controle de nascimentos


A   partir   do   século   XX,   apesar   de   sua   forte   tradição 
cristã,   os   EUA   e   a   Europa   adotaram   a   visão   da   família 
pequena, porém os países muçulmanos continuaram tendo 
157Pubicado por Light of Life, Austria, 1990, p.3.
158Abd al-Masih, Is An Islamic World Empire Imminent? (Light of Life: Villach-Austria,
1994), p. 63.
159Abd al-Masih, The Main Challenges for Committed Christians in Serving Muslims
(Light of Life: Villach Austria, 1996), p. 74.

98
famílias   grandes.   Embora   Deus   queira   que   os   justos   se 
multipliquem (cf. Salmo 107.38,41), a vontade dele é que os 
maus   não   deixem   descendentes   (cf.   Salmo   37.28b,38). 
Embora ele queira que as famílias cristãs sejam grandes (cf. 
Salmo 107.38,41), o desejo dele é que as famílias dos maus 
encontrem   a   salvação   em   Jesus   ou   então   diminuam 
completamente (cf. Salmo 37.38).
Entretanto,   o   que   está   acontecendo   é   justamente   o 
contrário. Os muçulmanos estão praticando o planejamento 
de   maneira   bem   positiva,   enchendo   assim   o   mundo   com 
seus descendentes e ameaçando ocupar o espaço vazio que 
as nações “cristãs” estão querendo deixar para eles. Tudo 
isso   porque   os   cristãos,   com   sua   prática   negativa   de 
planejamento   familiar,   estão   deixando   como   herança 
descendentes   insuficientes   para   habitar   a   Europa 
futuramente.   Uma   muçulmana   na   Europa   declarou: 
“Quanto   mais   filhos   tivermos,   melhor.   Quando   houver 
suficientes muçulmanos no mundo, então teremos a vitória 
mundial”. 160

As primeiras propagandas no século XX a promover a 
aceitação do controle da natalidade também tinham como 
alvo   legalizar   a   eutanásia.   De   acordo   com   o   líder 
presbiteriano George Grant, foi Margaret Sanger, feminista 
americana   adepta   da   teosofia   e   do   espiritismo,   quem 
inventou o termo “controle da natalidade” e fundou a maior 
organização mundial especializada nessa área, a Federação 
Internacional de Planejamento Familiar.
Sanger   não   só   esteve   por   trás   da   invenção   da   pílula 
anticoncepcional,   mas   também   por   trás   das   primeiras 
campanhas   para   convencer   os   governos   a   fornecer   o 
planejamento   familiar   através   de   seus   serviços   de   saúde. 
Ela cria que a aceitação do planejamento familiar acabaria 
levando à realização de um de seus maiores sonhos para a 
total liberação das mulheres: a legalização do aborto. Para 
160Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 132.
Special Report (HLI: Front Royal-EUA, novembro de 1998), p. 291.

99
ela e seus amigos socialistas, o aborto deliberado nada mais 
era   do   que   uma   prática   de   controle   da   natalidade   para 
libertar   as   mulheres   de   uma   vida   dedicada   à   família. 
Coincidência   ou   não,   o   aborto   é   legal   e   amplamente 
praticado hoje justamente nos países avançados que mais 
usam   os   métodos   de   planejamento   familiar   e   onde   as 
mulheres são mais liberadas!   161

O   livro  Grand   Illusions,   best­seller   evangélico   nos 


Estados Unidos, mostra que Sanger “apoiava abertamente 
os   programas   de   eutanásia,   contracepção,   esterilização, 
aborto   e   assassinato   de   recém­nascidos   da   Alemanha 
nazista.  Ela disse:
162

As riquezas individuais e nacionais estão sendo tiradas do


desenvolvimento e progresso da civilização, porque estamos pagando
o sustento de uma classe de pessoas que não pára de se multiplicar,
pessoas que jamais deveriam ter nascido. 163

Sanger queria destruir o Cristianismo e levar as pessoas 
a entrar numa “Nova Era”.   Em seu primeiro jornal,  The  
164

Woman   Rebel  (A   Mulher   Rebelde),   ela   confessou:   “O 


controle da natalidade atrai os radicais mais avançados do 
socialismo   porque   sua   prática   mina   a   autoridade   das 
igrejas cristãs. Algum dia espero ver a humanidade livre da 
tirania do Cristianismo…”  A Enciclopédia Britânica define
165

controle   da   natalidade  assim: “A limitação voluntária da


reprodução humana, usando tais meios como a
contracepção, a abstinência sexual, a esterilização

161Veja dois livros escritos pelo Rev. George Grant: Killer Angel: a biography of planned
parenthood’s founder Margaret Sanger [Anjo Assassino: a biografia de Margaret
Sanger, a fundadora do planejamento familiar], publicado em 1995 por Ars Vitae Press
& The Reformer Library; e Grand Illusions: The Legacy of Planned Parenthood [Grandes
Ilusões: O Legado do Planejamento Familiar, publicado em 1992 por Adroit Press.]
162P. 61.
163Elasah Drogin, Margaret Sanger: Father of Modern Society (CUL Publications: New
Hope-EUA, 1989), p. 52.
164George Grant, Grand Illusion: The Legacy of Planned Parenthood (Adroit Press;
Franklin-EUA, 1992), pp. 64.
165George Grant, Grand Illusion: The Legacy of Planned Parenthood (Adroit Press;
Franklin-EUA, 1992), pp. 64, 65.

100
cirúrgica e o aborto provocado. O termo foi inventado em
1914-15 pela feminista americana Margaret Sanger”.
Em seu livro  The Pivot of Civilization, Sanger fez vários 
elogios a Annie Besant, famosa teósofa do século XIX, que 
pregava   que   a   causa   dos   problemas   sociais   da   fome   e 
desemprego   eram   as   famílias   numerosas.   De   acordo   com 
Sanger, Besant foi pioneira nas campanhas para educar os 
casais a ter menos filhos. Em seu empenho de disseminar
166

informações sobre o planejamento familiar, ela se inspirou


no trabalho teosófico de Besant.
Hoje   as   maiores   organizações   internacionais   de 
planejamento   familiar   tentam   educar   as   pessoas   a   ver   o 
aborto   e   a   eutanásia   como   “direitos”.   Nos   países   ricos,   o 
termo  direitos  é   constantemente   invocado   em   favor   da 
mulher grávida que não quer ter seu bebê e em favor de 
quem deseja ajuda médica para cometer suicídio, enquanto 
o   direito   fundamental   à   vida   dos   inocentes   envolvidos   é 
constantemente   quebrado.   Como   disse   um   conhecido 
cristão:   “A   escolha   em   favor   da   vida   não   é   questão   de 
escolha   pessoal,   mas   uma   necessidade   fundamental   de 
uma sociedade justa e moralmente íntegra”.

A realidade da ligação entre aborto e eutanásia


Por mais estranho que possa parecer, a verdade é que o 
aborto   e   a   eutanásia   são   questões   bem   ligadas.   O   Dr. 
Joseph Fletcher, pastor evangélico liberal, comenta:
Na ética médica a questão é: O que significa pertencer à raça
humana? Essa questão surge no começo e no fim da vida. Quando é
que podemos considerar que um ser humano nasce e morre? Suspeito
que não haja respostas. Os problemas do aborto e da eutanásia, de
modo direto ou indireto, colocam em risco a ética da iniciativa médica,
pois esses problemas são eticamente os mesmos e estão totalmente
ligados.167

166Veja o livro: Margaret Sanger, The Pivot of Civilization (Brentano: Nova Iorque-EUA,
1922).
167Dr. Paul Marx, The Death Peddlers (Saint John’s University: Collgeville-EUA, 1971), p.
168.

101
Em   toda   a   Europa   e   Estados   Unidos   o   aborto   já   foi 
168

legalizado   e   agora   o   envelhecimento   de   suas   populações 


está   sendo   acompanhado   por   um   crescente   interesse   no 
assunto da eutanásia. Há um fato quase assustador nessas 
duas   práticas   sociais.   A   prática   de   controlar   quem   deve 
nascer inevitavelmente levará à prática de controlar quem 
deve   continuar   vivo   entre   os   idosos,   os   deficientes   e   os 
doentes.

Figura 8: — Ahh! Estou exausta! Estou cuidando de uma pessoa que não
consegue fazer absolutamente nada por si! — O tempo todo tenho de trocar
suas roupas de cama! Ela não pode andar nem falar! Ainda por cima, ela
ainda tem ataques de irritação… — Ela vai morrer? — Sim, acho que um dia
ela acabará morrendo… — O Dr. Morte está certo! A sociedade tem de tomar
algumas decisões difíceis com relação a esses idosos doentes! — Idosos? Eu
estava falando de minha neta de 3 meses!

Jacques   Attali,   ex­presidente   do   Banco   Europeu, 


declarou: 
168A exceção é Malta, hoje o único país europeu cujas leis ainda protegem plenamente
os bebês na barriga de suas mãe. Cf. Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front
Royal-EUA, 1997), p. 299.

102
Logo que passa da idade dos 60-65 anos, o ser humano já não tem
capacidade de viver uma vida produtiva e então custa muito dinheiro
para a sociedade… Aliás, do ponto de vista da sociedade, é preferível
que a “máquina” humana pare de repente, em vez de ir se
deteriorando aos poucos… A eutanásia se tornará um dos
instrumentos essenciais das sociedades futuras. De acordo com o
modo socialista de raciocinar, a questão deve ser resolvida da
seguinte forma: As pessoas devem ter liberdade, até mesmo a
liberdade fundamental de cometer suicídio. Portanto, na sociedade
socialista o direito ao suicídio, direta ou indiretamente, é um valor
absoluto. 169

Concordando com essa maneira de pensar, John


Hardwaig, professor de ética médica e filosofia social na
Universidade Estadual do Leste do Tennessee, EUA,
declarou:

No futuro, as pessoas poderão ter a responsabilidade de


terminar a própria vida [mesmo] que não tiverem uma doença
terminal… Elas poderão ter o dever de morrer até mesmo
quando prefeririam viver. 170

Outro especialista médico, o Dr. Robert H. Williams,


declarou numa revista médica:

Nossos planos para impedir o crescimento da população da


terra devem incluir a prática da eutanásia… Portanto, já que
devemos limitar o índice de aumento da população, devemos
também considerar bem a qualidade e a quantidade de
pessoas que são geradas… Sem dúvida não receberemos apoio
de todas as religiões, e seria melhor não forçá-las a aceitar
nossas idéias, a menos que a posição dessas religiões afete a
sociedade de modo negativo. Parece que a tentativa de
realizar mudanças importantes que permitam a eutanásia só
será uma decisão prudente depois que tivermos feito
importantes progressos em mudar as leis e as políticas sociais
sobre essa questão. 171

169Population Research Institute Review (PRI: Baltimore-EUA, março-abril de 1992), p.


4.
170 "Is There a Duty to Die?" Hastings Center Report, March/April 1997. Citado em Dr.
Brian Clowes, Pro-Life Library CD-Rom.  2000 Human Life International.
171 Robert H. Williams, M.D. "Numbers, Types and Duration of Human Lives."
Northwest Medicine, July 1970, pages 493 to 496. Citado no capítulo 112 de: Dr. Brian

103
Não   há   dúvida   que   a   humanidade   está   caminhando 
para uma sociedade futura onde tudo será controlado: não 
só   os   nascimentos,   mas   também   as   mortes   deverão   ser 
“planejadas”,   de   acordo   com   as   futuras   políticas   de 
planejamento   familiar   e   eutanásia.   Aliás,   nos   países 
desenvolvidos,   o   aborto   e   a   eutanásia   são   muitas   vezes 
vistos como direitos agora. O documento To Care or To Kill?, 
do Family Research Council de Washington DC, diz:
Não se deixe enganar: Apesar do incessante clamor sobre direitos,
estamos realmente vivendo numa cultura de abandono. Nessa cultura,
a aceitação do suicídio com ajuda médica e da eutanásia é quase
inevitável. O alicerce de tudo isso, é claro, foi a legalização do aborto.
O aborto legal ensinou (e continua a ensinar) a sociedade a abandonar
as mães, e as mães a abandonar seus filhos. O divórcio (maridos e
esposas deixando ou abandonando uns aos outros) envia a mesma
mensagem. O compromisso de cuidar de outras pessoas… não mais
existe. As pessoas de hoje simplesmente não toleram aqueles que elas
não querem. 172

Direitos   especiais   estão   sendo   inventados   com   o 


propósito de levar a sociedade a se sentir na obrigação de 
limitar   quem   merece   nascer   e   quem   merece   permanecer 
vivo entre os idosos, os deficientes e os doentes, a fim de 
que os recursos sociais sejam preservados.

Por que os idosos estão tão expostos à eutanásia hoje?


Porque   as   famílias   perderam   a   visão   de   suas 
responsabilidades,   principalmente   com   relação   às   futuras 
gerações (as crianças) e as gerações anteriores (os parentes 
idosos). Vale a pena repetir aqui a perspectiva do livro  De 
Volta Ao Lar:

Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom.  2000 Human
Life International.
172 Teresa R. Wagner, To Care or To Kill? A Primer on the Moral, Policy, and Legal
Issues of “Assisted Suicide”, Euthanasia and Death on Demand (Family Research
Council: Washington, DC (EUA), 1999), pp. 5,6.

104
O demógrafo Joseph McFalls, da Universidade de Temple, comenta:
“As famílias estão renunciando a algumas de suas funções e as estão
entregando ao governo. As famílias costumavam ser responsáveis pela
educação dos filhos e pela assistência aos idosos. Mas agora é o
governo que faz as duas coisas”. Ele usa esse argumento para
demonstrar que no futuro o governo poderá intervir na área da
reprodução. Na China, por exemplo, desde a década de 70 o programa
de planejamento familiar do governo inclui esterilização e aborto, à
força, para todos os casais que já têm um filho. A política oficial do
governo comunista chinês proíbe as famílias de terem mais que um
bebê e pune até com torturas os “infratores”. Por isso, muitos
evangélicos chineses estão abandonando seu país, não só por causa
da perseguição religiosa, mas também por causa da política de
controle da natalidade. Em outros países do terceiro mundo, há
governos usando todos os tipos de medidas para forçar os casais a
utilizar o controle da natalidade, com o apoio da Federação
Internacional de Planejamento Familiar. Já na Holanda o governo é
“indiferente” à rotineira prática da eutanásia nos hospitais. (Eutanásia
é o ato de matar um doente, ou “ajudá-lo” a morrer, sob a alegação de
lhe aliviar as dores e o sofrimento.) Os médicos holandeses estão
aplicando a eutanásia principalmente em pacientes idosos. Isso mostra
claramente o que acaba acontecendo quando a família renuncia às
três responsabilidades que Deus lhe deu: o papel de mãe, a educação
das crianças e a assistência aos idosos.

Se não tomarmos uma posição bíblica agora, achando


que o problema não é nosso, perderemos a oportunidade
de viver profeticamente nesta geração e, principalmente,
perderemos a oportunidade de criar uma geração
profética para Jesus. O fato é que, mais cedo ou mais
tarde, os problemas que já estão aparecendo no horizonte
dos países ricos poderão se estender a outras nações.
Veja a seguinte notícia divulgada pela CNN:

BRASIL: CAI NÚMERO DE JOVENS E AUMENTA O DE IDOSOS, DIZ


IBGE
RIO DE JANEIRO (CNN) — O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) divulgou, nesta sexta-feira, uma análise
denominada de “Tábua da Vida”, em que analisou a expectativa de
vida da população. O resultado, com base em dados dos últimos 50
anos, é de que os jovens já não são maioria e que os velhos são,
cada vez mais, um número maior entre os habitantes do Brasil.
Em 1940, segundo o IBGE, 42 por cento da população eram de
jovens de até 15 anos. Em 1999, esta faixa etária diminuiu para 30
por cento. Já os velhos, a faixa acima de 60 anos, passaram de
quatro para oito por cento. Uma projeção para daqui a 20 anos

105
revelou que esta tendência se manterá, ficando a população de
jovens em apenas 24 por cento e a de idosos, em 12 por cento…
O processo de transformação demográfica que vem levando a um
gradual envelhecimento da população tem, como uma das causas
principais, o declínio acentuado da fecundidade nas últimas
décadas.
A queda da fecundidade fez com que a média de filhos por mulher,
no país, caísse de 6,2 em 1950 para 2,3 em 1999… 173

173 http://www.cnnbrasil.com/2000/brasil/12/01/ibge/index.html

106
SUICÍDIO: A PORTA PARA ESCAPAR
DE UMA VIDA CHEIA DE PROBLEMAS?
 
O Dr. James Dobson, psicólogo de fama internacional, 
diz:
…o aborto legal está trazendo como conseqüência a diminuição no
número de jovens. Isso criará problemas enormes para nós daqui a
alguns anos. À medida que um grande número de pessoas for
chegando aos 50, 60 e 70 anos nos próximos anos, experimentaremos
uma crise grave no fornecimento da assistência à saúde. Haverá
menos trabalhadores jovens para sustentar essa multidão de gente se
aposentando, sobrecarregando assim a geração mais jovem com uma
pesada carga financeira. 174

O Dr. Dobson mencionou como o Dr. C. Everett Koop, 
ex­Ministro da Saúde dos EUA, vê essa situação:

Considere a pressão que se acumulará sobre um homem de 40 anos


que tem uma filha de 20 anos na faculdade e uma mãe de 60 anos
com câncer. O homem será responsável por todas as contas médicas
de sua mãe. Se a mãe precisar de quimioterapia e várias cirurgias
durante o avanço de sua doença, ele perderá a casa própria e sua filha
terá de sair da faculdade. Mas sua mãe não deixou de dar atenção a
esse fato. Ela já se sente uma carga para sua família, porém sua
doença agora ameaça levar a família à falência. Contudo, há uma
solução! Se, num gesto de honra, ela sair da vida um pouco mais cedo,
ela poderá proteger o bem-estar daqueles que ela ama. É desse modo
que muitos na geração mais idosa sofrerão uma pressão irresistível
para aceitar o suicídio com a ajuda de médicos. 175

174Adaptado de: Dr. James Dobson, Children At Risk (Word Publishing: Dallas-EUA,
1990), p. 81.
175Idem.

107
Figura 9: Estou muito doente, mas estou disposta a gastar até o último
centavo de minha fortuna para melhorar. Como meu único herdeiro e
conselheiro, você tem alguma sugestão, querido? — Eu recomendaria o Dr.
Morte, vovó!

Nos EUA, o Estado do Oregon foi o primeiro a legalizar a 
eutanásia.   Ali,   os   pobres   e   os   vulneráveis   têm   acesso   à 
assistência médica para cometer suicídio, mas ao mesmo 
tempo   não   têm   acesso   a   muitos   outros   serviços   médicos 
necessários.   O   Plano   de   Saúde   do   Oregon   dá   cobertura 
total   ao   suicídio   com   assistência   médica,   mas   não   dá 
cobertura adequada para o alívio de dores, etc. Em vez de 
ganharem   mais   opções   durante   uma   fraqueza   física,   os 
pobres descobrem que têm opções mais limitadas, porque 
cuidar de sua saúde, nessas circunstâncias, custaria muito 
para a família e para o governo. Eles acabam sentindo, e 
com razão, que a vida deles é uma carga para os familiares. 

108
Eles procuram então sair do caminho dos outros da forma 
mais barata.
Um   fator   bastante   revelador   sobre   o   Oregon   é   que   as 
pesquisas   religiosas   mostram   que   esse   é   o   Estado 
americano   em   que   a   população   vai   menos   à   igreja.   Na 
opinião   dos   defensores   da   eutanásia,   é   muito   difícil   uma 
pessoa que não crê em Deus aceitar a idéia de que a vida é 
sagrada.  Mas o problema maior hoje não é exatamente um 
176

ateísmo declarado, porém um humanismo bem camuflado. 
Humanismo é a idéia de que o próprio ser humano pode 
tomar suas decisões, até mesmo decisões de vida ou morte, 
sem ter de consultar ou se submeter a Deus. Ele pode até 
crer   vagamente   em   Deus,   mas   obedece   principalmente   a 
seus desejos e vontades humanas.
Em que os humanistas acreditam? É o que vamos ver a 
seguir   nos   seguintes   trechos   extraídos   diretamente   do 
documento Manifesto Humanista:

Manifesto Humanista II:

• Os humanistas crêem que o deísmo tradicional, principalmente fé


num Deus que as pessoas acham que as ama e cuida delas, um Deus
que as ouve e entende suas orações, é algo fora de moda que não
pode ser provado.

• Promessas de salvação eterna ou medo de um inferno eterno são


ilusões prejudiciais que apenas distraem nossa atenção das coisas
importantes do presente, da nossa auto-realização…

• Para aumentar a liberdade e a dignidade humana, os indivíduos


têm o direito de experimentar plena liberdade civil em todas as
sociedades. Isso inclui reconhecer que os indivíduos têm o direito de
morrer com dignidade e o direito à eutanásia e ao suicídio.
177

• O direito ao controle da natalidade, ao aborto e ao divórcio devem


ser reconhecidos.178

176 HLI Reports (HLI: Front Royal-EUA, fevereiro de 2000), p. 16.


177James Sedlak, Parent Power!! (Publicado pelo autor: Nova Iorque, 1992), p.
95,96,98.
178Idem, p. 97.

109
Os humanistas acham que cada pessoa tem o direito de 
decidir   moralmente   o   que   é   certo   e   errado   para   si,   sem 
nenhuma interferência, até mesmo em questões de vida ou 
morte.   Assim,   o   controle   da   natalidade,   o   aborto   e   a 
eutanásia   se   tornam   direitos.   Embora   Deus   tenha   a 
sabedoria  e  a  autoridade  de  decidir  aspectos  importantes 
da vida melhor do que limitados seres humanos, eles não 
vêem   razão   por   que   as   pessoas   não   podem   decidir 
livremente   nessas   áreas.   Eles   também   não   reconhecem   o 
valor   bíblico   e   social   de   um   casamento   que   dura   até   a 
morte dos cônjuges. Aliás, eles não vêem nada de errado 
em   casais   se   divorciando,   casais   vivendo   juntos   sem   se 
casar,   mulheres   fazendo   aborto   e   homossexuais   “se 
casando”…
A noção de que cada pessoa tem a liberdade pessoal de 
decidir   seus   próprios   valores   morais   é   um   conceito 
basicamente   socialista   e   é   evidente   na   maior   parte   das 
tentativas   de   legalizar   certas   práticas   como   se   fossem 
“direitos”:   aborto,   homossexualismo,   pornografia, 
eutanásia, drogas… Para a mente humanista ou socialista, 
não   há   dificuldade   de   aprovar   o   suicídio   para   os   idosos 
doentes,  pois   não  faria   sentido  o   governo  gastar   dinheiro 
com   pessoas   que   nunca   poderão   contribuir 
economicamente para a sociedade.

Nova Era
Embora os humanistas (que afirmam não crer em Deus) 
pareçam   ser   a   principal   força   por   trás   das   propagandas 
pró­eutanásia,   há   muitos   “religiosos”   envolvidos, 
principalmente os seguidores da Nova Era. De acordo com a 
jurista americana  Constance Cumbey,  os ecologistas  e os 
adeptos da Nova Era, para acabar com o que eles chamam 
de   explosão   demográfica,   defendem   o   aborto   legal,   o 
“controle da mortalidade” e a limitação forçada do tamanho 

110
das   famílias   através   do   controle   da   natalidade.   A   Dr.ª 
179

Constance   mostra   como   eles   entendem   o   “controle   da 


mortalidade”:
  Os adeptos da Nova Era apóiam as medidas legais e médicas para
aplicar a eutanásia, matar os pacientes de fome e retirar dos doentes
os aparelhos que os mantêm vivos. 180

Um aspecto desumano e cruel da sociedade moderna


é que o meio ambiente se tornou mais importante do que
as próprias pessoas que foram criadas para dominar e
usar a natureza. Isso tudo é conseqüência das idéias da
Nova Era. Há mais preocupação com os derramamentos
de petróleo, que ameaçam matar peixes, do que com a
eutanásia, que ameaça matar seres humanos vulneráveis.
Há mais preocupação com um ovo de águia do que com
um bebê que sofre ameaça do aborto legal. Para “salvar”
o que chamam de animais em extinção, alguns
ecologistas estão dispostos a extinguir seres humanos
inocentes.
Randall Baer, que foi um dos líderes mais destacados da 
Nova Era e hoje viaja extensivamente desmascarando esse 
movimento, diz:

Pelo fato de justificar vários tipos de assassinato, a filosofia da Nova


Era abre as portas para o fanatismo nazista. Com base na filosofia da
reencarnação e karma, a Nova Era consegue facilmente justificar o
aborto, a eutanásia, a esterilização racial e até mesmo assassinatos.
Essa filosofia diz que a alma é imortal. Portanto, a morte realmente
não existe. O que acontece é que a alma passa por uma reciclagem
antes de entrar num corpo em cada reencarnação. Metade da
população mundial hoje acredita nessa filosofia.

No infame livro Out on a Limb, de Shirley MacLaine, o mestre dela,


David, analisa o caso dos ônibus que sofreram um terrível acidente
numa estrada nas montanhas do Peru e o possível sentido desses
desastres. Ele responde: “Não há morte de verdade. Por isso, não há
nenhuma vítima”. De acordo com essa filosofia, o sofrimento é uma
ilusão, a morte é uma ilusão e as vítimas são uma ilusão. De acordo

179Constance Cumbey, The Hidden Dangers of the Rainbow (Huntington House, Inc.:
Lafayette-EUA, 1983), p. 56,190.
180Idem, p. 119.

111
com essa definição, seja qual for a situação pela qual as pessoas
passem, tudo é bom para elas.

Com relação ao aborto, por exemplo, a Nova Era dá várias desculpas


para justificar esse ato de matar inocentes… Entre outras, essas
desculpas incluem:

• Depois do aborto, a alma da criança poderá, através da


reencarnação, ser reciclada e colocada no corpo de outro feto algum
tempo mais tarde…

O que é mais perigoso e pervertido na Nova Era é que sua filosofia dá


desculpas totalmente lógicas para matar os inocentes e cometer todos
os tipos de injustiça… A lógica dessa filosofia é que, por ser imortal e
nunca morrer, a alma simplesmente fica se reencarnando… 181

A Bíblia mostra bem claramente que depois da morte as 
pessoas terão de prestar contas a Deus: “Cada pessoa tem 
de   morrer   uma   vez   só   e   depois   ser   julgada   por   Deus”. 
(Hebreus   9.27   BLH)   Isso   deveria   ser   suficiente   para 
desanimar   qualquer   pecador   de   querer   apressar   para   si 
mesmo ou para outros a ida para a eternidade. Contudo, os 
ensinos   da   Nova   Era   livram   seus   seguidores   desse   grave 
incomodo   na   consciência:   “O   seguidor   da   Nova   Era… 
antecipando mais reencarnações, tem menos dificuldade de 
aceitar   a   eutanásia   ativa   quando   uma   existência   terrena 
específica se torna incomoda demais…” 182

O moderno movimento Nova Era, que hoje possui uma 
vasta   rede   de   organizações,   começou   em   1875   com   a 
fundação da Sociedade Teosófica da Sra. Helena Petrovna 
Blavatsky. Seus seguidores criam na teoria da evolução e 
em   espíritos   guias.   “Antes de morrer em 1891, a Sra.
183

Blavatsky escolheu sua discípula britânica Annie Besant


como sua sucessora. Besant, que havia sido uma cristã
devota antes de se encontrar com Blavatsky, se tornou
uma espírita dedicada depois. James Webb escreve: ‘A
Sra. Besant passou por uma transformação
181Randall N. Baer, Inside the New Age Nightmare (Huntington House, Inc.: Lafayette-
EUA, 1989), pp. 166,167.
182 The Howard Center/The Religion & Society Report/October 1990 Vol. 7, No.10.
183 Constance Cumbey, The Hidden Dangers of the Rainbow (Huntington House, Inc:
Lafayette-EUA, 1983), p. 44

112
extraordinária. Antes ela era esposa de um pastor
anglicano, depois virou uma propagandista de controle da
natalidade e teosofia… Arthur Nethercot, que escreveu a
biografia dela, disse que o modo rápido como a Sra.
Blavatsky dominou a Sra. Besant indica algum elemento
de lesbianismo no relacionamento’”. De acordo com a 184

Enciclopédia Britânica, Besant se destacava por seu


trabalho socialista.
O famoso escritor inglês Gilbert K. Chesterton
comentou: “A Sra. Besant, num artigo interessante,
anunciou que havia só uma religião no mundo, que todas
as religiões eram somente versões ou deturpações dela e
que ela estava bem preparada para dizer qual era. De
acordo com a Sra. Besant, essa Igreja universal era
simplesmente o eu”.   O pensamento de Besant, uma das 
185

pioneiras   da   Nova   Era,   revela   um   tipo   de   humanismo 


religioso. Enquanto os humanistas afirmam que Deus não 
existe, os adeptos da Nova Era acreditam que o  eu, isto é, 
nós   mesmos   somos   Deus!   Tanto   o   humanismo   quanto   a 
Nova   Era   acabam   levando   ao   mesmo   fim:   o   ser   humano 
passa   a   ser   o   centro   de   tudo.   Assim   sendo,   ele   tem 
autoridade própria para controlar e decidir tudo.
Besant elogiava todas as religiões, como se todas
fossem iguais. Assim ela elogiou Maomé: “É impossível
para alguém que estuda a vida e o caráter do grande
Profeta da Arábia, que sabe como ele ensinou e como ele
viveu, não sentir reverência por esse Profeta poderoso,
um dos grandes mensageiros do Supremo”. 186

Besant escolheu trabalhar especialmente na Índia


para daí promover a Nova Era para o mundo. Foi também
na Índia, em 1953, que Margaret Sanger escolheu lançar
a Federação Internacional de Planejamento Familiar, cuja
diretoria incluía pessoas com fortes ligações com o
184 Lively/Abrams, Homosexuality in the Nazi Party. Lively Communications, Inc., Box 5271,
Salem, OR 97304.
185 Gilbert K. Chesterton, Ortodoxy (Dod, Mead & Company: Nova Iorque-EUA, 1908).
186 Annie Besant, The Life And Teachings of Muhammad, Madras, 1932, p. 4.

113
trabalho de Besant. Por que a escolha da Índia?
187

Conforme a Sra. Blavatsky escreveu: “Os cristãos e os


cientistas têm de ser obrigados a respeitar seus
superiores da Índia”. Na verdade, ela muito respeitava o
188

profundo espiritismo da religião hindu.


Margaret Sanger nunca deixou de elogiar o trabalho
teosófico de Besant. Ela disse:

Quando foi julgada na Inglaterra em 1877 por publicar


informações sobre contraceptivos, a Sra. Annie Besant disse
sem rodeios: “Não tenho dúvida alguma de que se
permitíssemos que a natureza agisse entre os seres humanos
do mesmo modo como age no mundo animal, haveria
resultados melhores. Entre os animais selvagens, os mais
fracos ficam em situação difícil e os doentes perdem na corrida
da vida. Os animais velhos, quando ficam fracos ou doentes,
são mortos. Se as pessoas exigissem leis permitindo que os
doentes morressem sem a ajuda da medicina ou da ciência, se
os fracos fossem eliminados, se os velhos e inúteis fossem
mortos, se deixássemos morrer de fome os incapazes de obter
alimento para si mesmos, se tudo isso fosse feito, a luta pela
existência entre as pessoas seria tão real quanto é entre os
animais selvagens e sem dúvida alguma como conseqüência
produziria uma raça mais elevada de seres humanos. Mas
estamos dispostos a fazer isso ou a permitir que isso seja
feito?” 189

Eutanásia como suicídio


A maneira de pensar de Besant conduz diretamente à 
eutanásia, ainda que os ativistas da eutanásia de hoje não 
sejam   tão   ousados   quanto   ela   a   ponto   de   expor   tão 
claramente   suas   idéias.   Eles   preferem   se   expressar   de 
modo mais camuflado. Eles usam o seguinte argumento:

187 Veja: Katharine O'Keefe, American Eugenics Society 1922-1994 (Copyright February 3, 1993 by
Katharine O'Keefe).
188 Constance Cumbey, The Hidden Dangers of the Rainbow (Huntington House, Inc:
Lafayette-EUA, 1983), p. 44
189 Margaret Sanger, Woman and the New Race (Brentano: Nova Iorque-EUA, 1920).

114
Os indivíduos têm direito de cometer suicídio. Portanto, já que são
autônomos e governam a sim mesmos, eles têm direito à assistência
médica para se matar. 190

Se   realmente   cressem   em   plena   autonomia,   os 


defensores da eutanásia apoiariam a assistência de suicídio 
para todos, até mesmo para pessoas totalmente saudáveis. 
Mas   o   que   a   realidade   mostra   é   que   eles   apóiam   (pelo 
menos   publicamente)   o   suicídio   assistido   apenas   para   os 
doentes terminais, os deficientes ou dependentes.
A   defesa   de   um   direito   de   morrer   para   os   fracos   e 
dependentes, mas não para os jovens e saudáveis, reflete a 
prontidão   dos   defensores   da   eutanásia   para   abandonar 
aqueles   que   estão   em   necessidade   (não   respeito   pela 
autonomia) e ignora o grito de socorro que um pedido de 
suicídio representa. 191

A   pergunta   mais   importante   que   devemos   fazer   com 


relação à eutanásia é: Quem é dono do nosso corpo? Somos 
nós? “Será que vocês não sabem que o corpo é o templo do 
Espírito   Santo,   que   vive   em   vocês   e   foi   dado   por   Deus? 
Vocês   não   pertencem   a   vocês   mesmos,   pois   Deus   os 
comprou e pagou o preço. Portanto, usem os seus corpos 
para a glória dele”. (1 Coríntios 6.19­20 BLH)
Agostinho,   grande   líder   cristão   do   quarto   século, 
escreveu:
Os cristãos não têm autoridade de cometer suicídio em circunstância
alguma. É importante observarmos que em nenhuma parte da Bíblia
Sagrada há mandamento ou permissão para cometer suicídio com a
finalidade de garantir a imortalidade ou para evitar ou escapar de
algum mal. Aliás, temos de compreender que o mandamento “Não
matarás” (Êxodo 20.13) proíbe matar a nós mesmos… 192

A   Bíblia   menciona   vários   casos   de   suicídio,   sem   fazer 


nenhum   comentário   direto.   A   posição   cristã   contra   o 

190Teresa R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,


1999), p. 11.
191Teresa R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,
1999), p. 11.
192Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 122.

115
suicídio   tem   origem   não   nesses   incidentes,   mas   no 
ensinamento bíblico geral de que quem dá a vida é Deus. O 
indivíduo que comete suicídio, então, está assassinando a 
vida que Deus lhe deu.
Todos   os   suicídios   que   a   Bíblia   registra   são   casos   de 
indivíduos   que   de   alguma   forma   se   afastaram   de   Deus: 
Abimeleque   (Juízes   9.50­55),   Saul   (1   Samuel   31.1­6;   1 
Crônicas 10.1­14), Aquitofel (2 Samuel 17.23), Zimri (1 Reis 
16.15­20) e Judas (Mateus 27.5; Atos 1.18). Não é possível 
incluir aqui o caso de Sansão, pois o plano principal dele 
não   era   tirar   a   própria   vida,   mas   matar   seus   inimigos, 
ainda que isso significasse morrer junto com eles.
Tudo   indica   que   Abimeleque,   Saul,   Aquitofel,   Zimri   e 
Judas cometeram suicídio para escapar do sofrimento e, no 
final,  foram   para  um   lugar  de   sofrimento  muito   maior:  o 
inferno.

Compromisso com Deus diminui risco de suicídio e morte


O suicídio é uma decisão que, depois de cumprida, não 
deixa   espaço   algum   para   volta   e   arrependimento.   É 
importante lembrar que, por maior que sejam os problemas 
pessoais, por maior que seja o sofrimento físico, enquanto a 
pessoa   está   viva   ela   pode   clamar   a   Deus   e   receber   uma 
resposta.   Deus   promete   que   quando   o   chamarmos   com 
sinceridade   e   persistência,   ele   nos   responderá   e   estará 
conosco   nas   horas   de   aflição   (cf.   Salmo   91.15).   Ele   quer 
trazer a cura miraculosa de que precisamos, mas ainda que 
não   consigamos   tomar   posse   dela   aqui,   Jesus   promete 
estar com seus seguidores fiéis até o fim, até mesmo nos 
piores sofrimentos (cf. Mateus 28:20). É melhor se entregar 
a ele em fé, do que se entregar às idéias de suicídio.
Até   mesmo   estudos   seculares   mostram   que   a   pessoa 
que se apega a Deus tem maior proteção emocional contra 
pensamentos de suicídio. O Dr. Paul Vitz diz:

116
O compromisso religioso reduz a probabilidade de suicídio. 
Um   estudo   de   grande   escala   (Comstock   &   Partridge,   1972) 
constatou que aqueles que não freqüentavam uma igreja tinham 
uma inclinação ao suicídio dez vezes maior do que aqueles que 
freqüentavam. Doze estudos mais recentes têm demonstrado que 
um   compromisso   religioso   reduz   muito   a   tendência 
comportamental   de   ver   o   suicídio   como   uma   saída   dos 
problemas.   Os   que   tinham   um   compromisso   religioso 
experimentaram   menos   impulsos   suicidas   (Minear   &   Brush, 
1980­81;   Paykel   e   outros,   1974)   e   atitudes   mais   críticas   para 
com o suicídio (Bascue e outros, 1983; Hoelter, 1979). Além do 
mais, a nível nacional nos EUA as taxas de suicídio estão ligadas 
a   uma   redução   na   freqüência   à   igreja   (Martin,   1984;   Stack, 
1983a: Stark e outros, 1983). Esse único fator é um indicador 
mais   eficaz   para   indicar   taxas   de   suicídio   do   que   fatores   tais 
como desemprego (Stack, 1983a).  193

Uma pesquisa americana afirma:

Não   só   é   verdade   que   a   família   que   ora   unida   permanece 


unida, mas a família, ou pessoa, que ora vive mais — ponto final. 
Ouvir o Evangelho na igreja pode significar boas notícias, de um 
modo   diferente,   para   quem   freqüenta   uma   igreja:   um   novo 
estudo   constatou   que   quem   vai   a   igreja   tem   menos   risco   de 
morrer. Escrevendo no boletim Demography, Robert A. Hummer, 
Richard   G.   Rogers,   Charles   B.   Nam   e   Christopher   G.   Ellison 
observam   que   uma   longa   linha   de   estudos   associa   a   vida 
religiosa   à   saúde   mental   e   física.   Tal   caso   é   realidade   mesmo 
quando   se   leva   em   consideração   fatores   como   diferenças   de 
comportamento entre quem vai e não vai a igreja (por exemplo, 
quem   vai   a   igreja   tem   menos   inclinação   de   se   envolver   com 
drogas,   álcool   ou   em   conduta   sexual   de   alto   risco).   Um   dos 
estudos   observou   a   ligação   ente   a   mortalidade   e   os   feriados 
religiosos:   os   idosos   têm   menos   chance   de   morrer   quando   se 
aproxima a data de seus mais importantes feriados religiosos. O 
estudo   em   questão   usou   dados   do   arquivo  National   Health  
Institute Survey and the Multiple Cause of Death para examinar a 

193Paul Vitz, A Preferential Option for the Family: Political and Religious Responses,
Family in America (The Howard Center for Family, Religion & Society: Rockford, IL, EUA,
junho de 1998), p. 4.

117
conexão   entre   freqüência   a   uma   igreja   e   mortalidade   numa 
amostra de 21.204 adultos. 194

194“Go to Church, Live Longer”, pesquisa publicada em Family in America (The Howard
Center for Family, Religion & Society: Rockford, IL, EUA, agosto de 1999), p. 1 (encarte
new research).

118
DEPRESSÃO: A ORIGEM DO DESEJO DE MORRER
Emil   Brunner   disse:   “O   que   o   oxigênio   é   para   os 
pulmões, a esperança é para o sentido da vida”.  A falta de  195

esperança ou sentido na vida quase sempre acaba levando 
à depressão. Esse problema sério atinge até mesmo jovens 
que não têm deficiência física.
O   maior   causador   da   depressão   em   muitos   casos   é   o 
sentimento de solidão. Esse sentimento pode estar presente 
de   diferentes   maneiras   em   pessoas   de   todas   as   idades. 
Nenhuma criança ou adulto é imune a seus ataques.
Pesquisas revelam que a solidão é o maior problema que 
os   adolescentes   de   hoje   enfrentam.   Em   seu   livro  Lonely, 
But Never Alone (Solitário, Mas Nunca Sozinho), Nicky Cruz 
concluiu:
Embora alguns suicídios sejam provocados por drogas, a maioria dos
suicídios e tentativas de suicídio tem como origem a infelicidade, o
medo ou a solidão. Os que recorrem ao suicídio sentem-se sós no
mundo. 196

O especialista em ética Paul Ramsey diz: “Se o ferrão da 
morte   é   o   pecado,   o   ferrão   de   quem   está   morrendo   é   a 
solidão. O abandono sufoca mais do que a própria morte, e 
dá   mais   medo”.     As   mudanças   nas   atuais   estruturas 
197

sociais   estão   deixando   as   pessoas   mais   vulneráveis   à 


solidão.
Há   um   século,   a   maioria   absoluta   dos   lares   era 
normalmente composta de muitas crianças e jovens, e os 
avós. Havia muita companhia. O centro da vida espiritual e 
social era o lar. Como não havia ainda o moderno sistema 

195Citado por Billy Graham. Revista Decision (Billy Graham Evangelistic Association:
Minneapolis-EUA, 1990), p. 1.
196J. Oswald Sanders, Facing Loneliness (Discovery House Publishers: Grand Rapids-
EUA, 1988), pp. 35,36.
197 Beth Spring & Ed Larson, Euthanasia, Spiritual, Medical & Legal Issues in Terminal
Health Care (Multnomah Press: Portland, Oregon (EUA), 1988), p. 173.

119
de   previdência   social,   os   idosos   eram   sustentados   pelos 
filhos e conviviam com os netos. As crianças nasciam na 
própria casa, e os amigos e os parentes ficavam ao redor da 
mãe grávida.
O   lar   era   o   lugar   em   que   os   parentes   deficientes 
recebiam carinho e assistência material e espiritual. O lar 
também era o lugar em que os parentes doentes ou idosos 
morriam no aconchego da família, não no ambiente frio e 
indiferente dos agitados hospitais. Por causa dessa união 
familiar, a grande maioria das pessoas não estava aberta a 
aceitar o suicídio como solução para o sofrimento. A força 
da família prevalecia contra as más idéias e influências.
Em   seu   livro  When   Is   Right   To   Die?  (Quando   é   Certo 
Morrer?),   Joni   Eareckson   Tada,   que   ficou   paralítica   do 
pescoço para baixo por causa de um grave acidente, diz:

Jamais foi a intenção do nosso Criador que carregássemos


sozinhos uma carga de sofrimento. Esse é o propósito de as pessoas
viverem espiritualmente unidas — Deus deliberadamente planejou
as pessoas para precisarem umas das outras. Se queremos que
nossas necessidades mais íntimas sejam supridas, temos de nos
unir com pessoas de esperança e fé. 198

Joni reconhece que temos necessidade de companhia de 
pessoas   de   fé   e   esperança.   No   passado   recente,   a   maior 
parte dos lares cristãos supria bem tal necessidade e era 
um   lugar   onde   crianças,   jovens,   adultos   e   idosos   riam   e 
choravam   juntos,   trabalhavam   e   brincavam   juntos.   Mas 
agora   as   pressões   são   tantas   que   os   lares   têm   menos 
espaço para crianças e mais espaço para o materialismo. As 
tendências   sociais   estão   tornando   os   lares   um   lugar 
tumultuado   onde   é   difícil   encontrar   companhia.   Essa 
mudança   carrega   dentro   de   si   não   só   as   sementes   da 
desolação, mas também têm causado distanciamento entre 
as pessoas dentro da própria família, o que é um solo fértil 
para a solidão.
198Citado in: Living (Lutherans for Life: Benton-EUA, inverno de 1995), p. 13.

120
Considere, por exemplo, a solidão que existe na vida das 
famílias chinesas, onde os casais só têm autorização de ter 
um único filho, que passará grande parte de sua infância 
não   no   lar,   mas   em   instituições   estatais   de   educação. 
Mesmo que a criança pudesse permanecer mais em casa, 
não   haveria   ninguém   para   cuidar   dela,   pois   as   leis   e 
costumes   atuais   chineses,   seguindo   fielmente   as   idéias 
socialistas,   estabelecem   que   tanto   o   marido   quanto   a 
esposa   têm   a   obrigação   de   sair   para   trabalhar   fora   no 
mercado de trabalho.
A política de planejamento familiar do governo socialista 
da   China   só   permite   um   filho   por   casal,   e   toda   gravidez 
extra   é   sentenciada   a   um   aborto   médico   forçado   pelas 
autoridades. As conseqüências futuras? A população idosa 
terá,   de   modo   geral,   só   um   filho   vivo   para   ajudá­los.   O 
futuro   da   China   será   dominado   por   multidões   de   idosos 
solitários.

Dificuldades para as famílias de hoje


Além   disso,   o   congestionado   modo   de   vida   nos 
conjuntos   habitacionais   populares   desencoraja   o 
desenvolvimento   de   relacionamentos   calorosos   e 
duradouros   com   outras   famílias   no   conjunto.   O   estilo   de 
vida   das   pessoas   que   vivem   em   apartamentos   também 
impede   a   formação   desses   relacionamentos   íntimos   tão 
essenciais para o desenvolvimento saudável de uma família 
que está crescendo.
Nesse   tipo   de   estrutura   social,   o   idoso   acaba 
inevitavelmente sendo colocado num asilo. Os homens e as 
mulheres   que   vivem   confinados   em   asilos   são   solitários 
porque estão separados dos amigos e familiares. Na Europa 
e EUA, o padrão agora é o idoso fora ou distante da família. 
Uma das conseqüências é que os idosos estão recorrendo às 
drogas.   O   noticiário   da   CNN   de   14   de   janeiro   de   2001 
revela:
 

121
Aumenta o número de idosos alcoólatras e dependentes de drogas
nos EUA. Um estudo realizado pelo governo norte-americano
revelou que 17 por cento das pessoas com idade acima de 60
anos nos Estados Unidos são dependentes de álcool e de drogas
que exigem prescrição médica. 199

Além da solidão, outra questão séria é que uma


população idosa tende a enfrentar mais doenças crônicas
e necessitar de mais assistência. As despesas com a
saúde também são elevadas na velhice.
Agora que os especialistas estão acordando para a
realidade de que o governo não poderá sustentar por
muito tempo os idosos, seria o momento ideal de a família
voltar a assumir sua responsabilidade tradicional para
com os parentes dependentes. Nenhuma instituição
governamental ou particular consegue se igualar à
assistência de carinho e atenção que só uma família
saudável pode oferecer. Mas as famílias estão diminuindo,
em grande parte devido ao sucesso das práticas
negativas de planejamento familiar. E em muitos casos o
divórcio está destruindo os lares. A família enfrenta
grandes dificuldades para desempenhar seu papel
tradicional de cuidado de crianças e idosos.
Uma das dificuldades é que as famílias estão sofrendo
importantes mudanças. De acordo com a tendência de
hoje, as esposas jamais devem depender do marido, nem
os idosos depender dos filhos adultos, nem as crianças
pequenas depender dos pais. Em vez disso, os cidadãos
são condicionados a depender do governo. Para as
esposas, o governo dá condiçóes para trabalhar fora. Para
as crianças, creches. Para os idosos, asilos. Assim, a
família se torna até certo ponto descartável. Mas o
governo não tem conseguido preencher as funções
espirituais e emocionais que a família foi divinamente
projetada para preencher, principalmente quando está
unida a Deus.

199 http://cnn.com.br/2001/saude/01/12/dependencia/index.html

122
Por que as pessoas querem a eutanásia
A   desestabilização   da   família   é   o   principal   motivo   do 
aumento   dos   casos   de   depressão   nos   idosos,   doentes   e 
deficientes   nos   países   ricos.   E,   na   maioria   dos   casos,   a 
depressão é a responsável pelos desejos e atos de suicídio. 
É um fato bem conhecido que muitas tentativas de suicídio 
são uma forma que um indivíduo encontrou de expressar 
sua necessidade de socorro.   200

O termo “depressão” tem dois significados relacionados. 
Uma   pessoa   saudável   normal   sofre   mudanças   de 
temperamento e fica deprimida às vezes, mas esse não é o 
tipo   de   depressão   que   os   psiquiatras   discutem   e   tratam. 
Diz­se   que   uma   pessoa   está   deprimida   quando   a 
profundidade ou duração da depressão vai além do que as 
pessoas saudáveis experimentam. Os psiquiatras definem a 
depressão   como   uma   desordem   mental   caracterizada   por 
prolongados   sentimentos   de   desespero   e   rejeição,   muitas 
vezes acompanhados de cansaço, dores de cabeça e outros 
sintomas físicos.
De acordo com a CNN, a Organização Mundial de
Saúde prevê depressão como segunda maior causa de
morte em 20 anos. A depressão será a segunda maior
causa de morte e incapacidade no mundo, principalmente
nos países industrializados, até 2020, e os distúrbios
mentais e neurológicos, como Alzheimer e epilepsia, que
já afetam 400 milhões de pessoas, deverão aumentar nos
próximos 20 anos, alertou a Organização Mundial de
Saúde. 201
Assim,   enquanto   por   motivos   econômicos   e 
demográficos   alguns   políticos,   filósofos   e   médicos   estarão 
justificando   a   eutanásia   como   solução,   fatores   como   a 
depressão   poderão   dar   aos   doentes   e   aos   idosos     a 
disposição necessária para aceitá­la.

200J.C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 103,104.
201 http://cnn.com.br/2001/saude/01/09/depressao/index.html

123
Os   defensores   da   eutanásia   promovem   o   chamado 
“direito   de   morrer”   como   uma   forma   melhor   e   mais 
aceitável   de   cometer   suicídio.   A   depressão,   grave   doença 
crônica e opressão espiritual tornam o suicídio uma opção 
para quem se encontra doente e desgostoso com a própria 
existência.   Mas,   já   que   o   termo   suicídio   parece   pesado   e 
desagradável,   o   direito   de   morrer   passou   a   ser   utilizado 
como uma palavra substituta, embora tenha basicamente o 
mesmo significado e as mesmas conseqüências.

Eutanásia, medicina e a Palavra de Deus


Contudo,   quando   examinamos   essa   questão   com   a 
ajuda do Espírito Santo e sua Palavra escrita, podemos ver 
bem   claramente   que   a   autoridade   de   dar   ou   tirar   a   vida 
pertence   somente   a   Deus.   A   autoridade   dele   também 
abrange os doentes, os deficientes, os recém­nascidos com 
graves problemas de saúde, etc. (cf. Êxodo 4.11).
Não só a Bíblia, mas também os homens mais íntegros 
da medicina sempre reconheceram que não compete ao ser 
humano   julgar   o   valor   de   uma   vida   inocente, 
principalmente   nas   situações   envolvendo   vulnerabilidade 
física,   emocional   e   espiritual.   Para   esses   homens,   a 
preservação   da   vida   e   da   saúde   sempre   foi   a   meta   mais 
importante da medicina. Hipócrates, considerado o pai da 
medicina, disse:
Não darei a ninguém nenhum medicamento mortal, mesmo que me
peçam, nem darei conselhos nesse sentido. Da mesma forma, não
darei a uma mulher nada que produza aborto. 202

Essa declaração também  é conhecida como juramento 
de   Hipócrates,   que   os   estudantes   de   medicina   sempre 
fizeram. Esse antigo juramento coloca o médico na posição 
de protetor, não destruidor, da vida. A Associação Médica 
Mundial   é   clara   com   relação   às   responsabilidades   dos 

202Dr. & Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 189.

124
médicos   e   recomendou   que   os   profissionais   da   medicina 
façam o seguinte juramento:
Comprometo-me solenemente a consagrar minha vida para servir a
humanidade… Exercerei minha profissão com consciência e dignidade.
Minha principal consideração será a saúde do meu paciente… Manterei
o máximo respeito pela vida humana, desde o momento da
concepção. 203

A Associação Médica Americana declarou, em 1997, que 
a depressão clínica é a maior evidência de que o doente terá 
desejo de cometer suicídio e mostrou que a grande maioria 
dos   que   se   matam   não   escolheu   o   suicídio   por   causa   de 
algum problema de dor física intratável. Só 4% dos suicidas 
são doentes terminais, e geralmente eles estão sofrendo de 
alguma doença mental tratável. 
O   problema   de   dor   insuportável   não   é   o   fator 
responsável   pela   esmagadora   atitude   pró­suicídio   nos 
países   avançados.   A   Associação   Médica   Americana   diz: 
“Não há nenhuma prova de que um número crescente de 
doentes   esteja   morrendo   com   dores   intensas.   Pelo 
contrário,   os   meios   potenciais   para   controlar   a   dor 
progrediram   recentemente…   As   dores   da   maioria   dos 
doentes   terminais   podem   ser   controladas   durante   o 
processo   em   que   o   paciente   está   morrendo   sem   que   se 
precise recorrer a doses pesadas de sedativos e anestesia. 
Para   um   número   bem   pequeno   de   pacientes,   pode   ser 
necessário   fazer   o   doente   dormir   mediante   sedativos   em 
seus últimos dias de vida a fim de impedi­lo de sofrer dores 
intensas… Considerando o fato de que há hoje mais e mais 
meios de controlar as dores, não é de surpreender que as 
reivindicações de suicídio mediante assistência médica não 
estejam   vindo   principalmente   de   doentes   que   estão 
buscando   alívio   de   dores   físicas…   Os   sintomas   de 

203Dr. & Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 190,191.

125
intolerável dor física não são o motivo por que a maioria 
dos pacientes pede a eutanásia”. 204

A principal causa da depressão em pacientes


terminais são as dores que não foram controladas ou
foram mal controladas. As pessoas conseguem agüentar
razoavelmente até certo ponto quando acreditam que a
dor será eliminada, mas se o paciente perde a esperança
de que a dor será controlada e crê que a dor nunca
acabará, ele pode acabar em séria depressão. É uma
situação infeliz, principalmente porque os atuais recursos
da medicina permitem controlar as dores físicas. 205

O   desespero   leva   o   doente   depressivo   a   recorrer   a 


qualquer   meio   que   o   livre   do   sofrimento,   inclusive   uma 
morte deliberada. O movimento pró­eutanásia se aproveita 
dos   casos   mais   tristes   de   pessoas   doentes   para   atacar   o 
respeito tradicional pela santidade da vida humana e para 
defender o “direito de morrer” para elas. Não há dúvida que 
muitos   doentes   depressivos   não   desprezariam   a 
oportunidade de receber o direito de morrer. Uma pessoa 
desesperada, doente ou saudável, é capaz de fazer qualquer 
coisa para fugir do sofrimento.

As limitações da medicina
Há muitos recursos modernos para controlar as dores 
físicas,   porém   precisamos   entender   e   reconhecer   que   há 
também   necessidades  espirituais  e   que   o   ser   humano, 
tendo   ou   não   um   diploma   de   médico,   não   tem   todas   as 
respostas e soluções para o sofrimento dos outros ou até de 
si mesmo. Só Deus tem essas respostas. Ele tem soluções 
adequadas   para   todas   as   nossas   necessidades,   físicas   ou 
não.
Apesar de que a medicina oferece muitos recursos, não 
devemos fazer como Asa, que “confiou nos médicos” (cf. 2 
204J.C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 109,110.
205 Robert L. Sassone, How To Protect Your Loved Ones From Pain (American Life
League: Stafford, EUA, 1996), capitulo 2.

126
Crônicas 16:12b). Só Deus consegue intervir plenamente na 
área   do   sofrimento   humano.   Só   ele   merece   nossa   total 
confiança. E é preciso considerar também o fato de que há 
médicos   que   recorrem   ao   espiritismo   em   favor   de   seu 
trabalho   e   pacientes.   Conheço   médicos   que   colocam 
debaixo da cama de seus pacientes hospitalizados objetos 
de contato para a atuação de espíritos na vida do paciente 
que   está   sobre   a   cama.   Ainda   que   o   médico   tenha   boas 
intenções,   sem   perceber   o   paciente   assim   acaba   sendo 
envolvido   por   forças   da   escuridão   que   inspiram 
pensamentos   de   suicídio   e   morte.   A   revista  Physician  de 
novembro/dezembro   de   2000   traz   alguns   artigos 
interessantes   e   úteis   sobre   a   influência   da   Nova   Era   e 
espiritismo   em   muitos   tratamentos   médicos   ou   nos 
próprios médicos.
Mas, mesmo sem envolvimento espírita, os médicos não 
são   perfeitos.   Às   vezes   em   sua   limitação,   eles   chegam 
realmente a se contradizer. Janet e Graig Parshal, em seu 
livro Tough Faith, apresentam uma cronologia das posições 
que a medicina tem assumido, por exemplo, na questão do 
consumo do sal e a hipertensão:
Em   1950,   os   médicos   diziam   que   o   sal   causa   a 
hipertensão.
Em   1960,   eles   diziam   que   o   sal   não   causa   a 
hipertensão.
Em 1970, eles diziam que o sal causa a hipertensão.
Em 1980, eles diziam que, na realidade, o sal alivia a 
hipertensão.
Em 1998, a revista oficial da Associação Americana de 
Medicina avaliou 114 estudos nessa questão e concluiu que 
o   sal   não   afeta   a   hipertensão   de   nenhum   modo.   Se   às  206

vezes   há   contradições   assim,   o   que   poderia   ocorrer   em 


situações   mais   sérias   envolvendo   a   própria   vida   de   um 
paciente?   A   medicina   não   é   perfeita.   O   que   os   médicos 
206 Janet & Graig Parshal, Tough Faith (Harvest House Publishers: Eugene-EUA, 1999),
p. 21.

127
aceitam   hoje   como   solução   poderá   ser   amplamente 
condenado por médicos de amanhã.
O   Dr.   Payne,   que   trabalha   como   médico   há   anos, 
afirma:

Outro problema com a ciência médica é sua natureza, que 
está   sempre   mudando.   É   comum   os   estudantes   de   medicina 
aprenderem que 50 por cento do que lhes ensinam será obsoleto 
dentro   de   cinco   anos.   Já   que   o   treinamento   que   eles   recebem 
para alcançar esse conhecimento requer mais cinco ou dez anos 
depois   da   sua   formação   universitária,   é   evidente   que   seu 
trabalho   médico   de   tempo   integral   após   a   formação   não   lhes 
permitirá ter o tempo necessário para permanecerem em dia com 
todas as novidades. 207

A quem recorrer?
Idealmente, os médicos deveriam fazer o possível para 
trazer   alívio   para   o   doente   no   sofrimento,   sem   nunca 
perderem   de   vista   que   as   decisões   de   vida   ou   morte,   o 
socorro   e   o   alívio   mais   importantes   estão   nas   mãos   de 
Deus. É ele quem pode ministrar a cura mais importante, 
para   o   espírito,   alma   e   corpo.   Por   isso,   tanto   pacientes 
quanto médicos precisam reconhecer a necessidade de se 
colocar   debaixo   da   autoridade   daquele   que   tem   total 
controle sobre a vida e a morte.
A   Bíblia   é   bem   clara   que   o   Senhor   é   quem   guarda, 
preserva,   protege   e   cuida   da   nossa   vida:   “O   Senhor   te 
guardará de todo o mal; ele  guardará a tua vida”. (Salmo 
121:7)   O   prazer   e   alegria   de   Deus   é   criar,   não   matar, 
socorrer,   não   destruir.   Especificamente   com   relação   à 
depressão, Deus “é socorro bem presente na angústia” (cf. 
Salmo   46:1).   Nos   momento   de   maior   tristeza   e   falta   de 
esperança, ele está de braços aberto para nos ajudar. Basta 
que o chamemos, pois ele promete responder. Ele promete 

207 Franklin E. Payne Jr, Biblical/Ethical Medics (Mott Media Inc: Milford, EUA, 1985), p.
40.

128
nos   visitar   e   estar   conosco   nas   horas   de   aflição.   Ele 
promete também nos livrar e dar honra (cf. Salmo 91:15). 
Quase   todos   os   que   tentam   ou   chegam   mesmo   a 
cometer suicídio sofrem de depressão. O suicídio não é um 
fenômeno  que  não  foi  estudado.  Especialistas  na  área  de 
suicídio estão de acordo em que a principal causa para as 
idéias   de   suicídio   são   as   doenças   mentais,   embora   os 
cristãos   tenham   a   noção   correta   de   que   muitas   vezes   a 
origem   desses   pensamentos   é   demoníaca.   Mas, 
independentemente da posição cristã, estudos indicam que 
95 por cento de todos os que tentam ou cometem suicídio 
sofrem   de   alguma   desordem   mental   diagnosticável.   O 
pedido de  morte deles  na maioria  das vezes  representa o 
clamor de alguém pedindo socorro.
Os   doentes   (inclusive   os   que   sofrem   de   doenças 
terminais)  ou  as  pessoas  saudáveis  pedem  a  morte  como 
uma   maneira   de   expressar   seu   pedido   de   ajuda.   É   a 
depressão   que   os   estimula   a   desejar   a   morte,   não   uma 
doença mortal. E a depressão pode ser tratada.
Tragicamente,   a   depressão   muitas   vezes   não   é 
diagnosticada nos pacientes, apesar de que o diagnóstico e 
o   tratamento   geralmente   eliminam   o   desejo   de   morrer.   A 
resposta correta para as pessoas que pedem ajuda para se 
matar com ajuda médica é o diagnóstico e o tratamento da 
depressão que está estimulando o desejo de morrer.
Não   se   deve   supor   que   a   depressão   se   limita   só   às 
pessoas   que   não   conhecem   Jesus.   Joni   Eareckson   Tada, 
que   dirige   um   ministério   evangélico   para   deficientes, 
registrou uma experiência que teve:

Hoje de manhã eu tive muita dificuldade de sair da cama. Minha


paralisia estava me deixando com raiva. Balancei a cabeça e
resmunguei de ódio: “Meu corpo é só sofrimento. Eu o odeio!”

Mas minha atitude foi horrível, porque o inimigo tem profundo ódio do
meu corpo e tudo o que eu estava fazendo era concordar com ele. Ele
se enche de alegria quando critico meu corpo. E ele gostaria de levar
você a fazer a mesma coisa. Quer você esteja se aproximando das

129
dores finais de uma doença terminal, quer você esteja em depressão
profunda, o diabo sente prazer quando nos ouve falando mal do nosso
corpo.

Por que? Porque nosso corpo, mesmo estando coberto de rugas ou


gordura, e apesar dos danos sofridos com doenças ou a velhice, foi
feito conforme a imagem de Deus. Nosso coração, mente, mãos e pés
estão marcados com o toque das mãos do Criador. Não é de estranhar,
nem um pouco, que o diabo queira que nós matemos nosso corpo.

Eu recitava a conhecida e antiga verdade de que “Deus tem um plano


para nosso corpo de carne e sangue”. É por isso que o diabo considera
o meu corpo uma ameaça. Ele entende que quando entrego a Deus
meu corpo (embora esteja paralítico), meus pés e mãos se tornam
armas poderosas contra as forças da escuridão.

A sociedade não são as autoridades que se reúnem para inventar


tendências políticas e culturais. A sociedade somos nós. Nossas ações
e decisões são importantes. O que fazemos ou não afeta todos os que
estão ao nosso redor. 208

Na   Bíblia   vemos   exemplos   de   homens   de   Deus   que 


tiveram   de   vencer   a   depressão   em   suas   circumstâncias 
particulares.   Elias   foi   um   deles.   Depois   de   derrotar   os 
seguidores do deus Baal e ver a manifestação da glória de 
Deus, ele ficou muito alegre e realmente achava que todos, 
inclusive o Rei Acabe e sua esposa Jezebel, o apoiariam no 
seu   desejo   de   conduzir   o   povo   de   Israel   de   volta   aos 
caminhos de Deus. Mas não foi o que aconteceu…

“O rei Acabe contou à sua esposa Jezabel tudo o que Elias havia
feito e como havia matado à espada todos os profetas do deus Baal.
Aí ela mandou um mensageiro a Elias com o seguinte recado: -Que
os deuses me matem, se até amanhã a esta hora eu não fizer com
você o mesmo que você fez com os profetas! Elias ficou com medo
e, para salvar a vida, fugiu com o seu ajudante para a cidade de
Berseba, que ficava na região de Judá. Deixou ali o seu ajudante e
foi para o deserto, andando um dia inteiro. Aí parou, sentou-se na
sombra de uma árvore e teve vontade de morrer. Então orou assim:
-Já chega, ó Deus Eterno! Acaba agora com a minha vida! Eu sou um
fracasso, como foram os meus antepassados. Elias se deitou
debaixo da árvore e caiu no sono. De repente, um anjo tocou nele e
disse: -Levante-se e coma. Elias olhou em volta e viu perto da sua
cabeça um pão assado nas pedras e uma jarra de água. Ele comeu,
208Citado in: Living (Lutherans for Life: Benton-EUA, verão de 1995), p. 12.

130
e bebeu, e dormiu de novo. O anjo do Deus Eterno voltou e tocou
nele pela segunda vez, dizendo: -Levante-se e coma; se não, você
não agüentará a viagem. Elias se levantou, comeu e bebeu, e a
comida lhe deu força bastante para andar quarenta dias e quarenta
noites até o Sinai, o monte sagrado. Ali ele entrou numa caverna
para passar a noite, e de repente o Deus Eterno lhe perguntou: -O
que você está fazendo aqui, Elias? Ele respondeu: -Ó Eterno, Deus
Todo-Poderoso, eu sempre tenho servido a ti e só a ti. Mas o povo
de Israel quebrou a sua aliança contigo, derrubou os teus altares e
matou todos os teus profetas. Eu sou o único que sobrou, e eles
estão querendo me matar! O Deus Eterno disse: -Saia e vá ficar
diante de mim no alto do monte. Então o Eterno passou por ali e
mandou um vento muito forte, que rachou os morros e quebrou as
rochas em pedaços. Mas o Eterno não estava no vento. Quando o
vento parou de soprar, veio um terremoto; porém o Eterno não
estava no terremoto. Depois do terremoto veio um fogo, mas o
Eterno não estava no fogo. E depois do fogo veio uma voz calma e
suave. Quando Elias ouviu a voz, cobriu o rosto com a capa. Então
saiu e ficou na entrada da caverna. E uma voz lhe disse: -O que
você está fazendo aqui, Elias? Ele respondeu: -Ó Eterno, Deus Todo-
Poderoso, eu sempre tenho servido a ti e só a ti. Mas o povo de
Israel quebrou a sua aliança contigo, derrubou os teus altares e
matou todos os teus profetas. Eu sou o único que sobrou, e eles
estão querendo me matar! Então o Deus Eterno disse: -Volte para o
deserto que fica perto de Damasco. Chegando lá, entre na cidade e
unja Hazael como rei da Síria. Unja Jeú, filho de Ninsi, como rei de
Israel e unja Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, como profeta,
para ficar em lugar de você. As pessoas que não forem mortas por
Hazael serão mortas por Jeú, e todos os que escaparem de Jeú serão
mortos por Eliseu. Mas eu deixarei sete mil pessoas vivas em Israel,
isto é, todos aqueles que não adoraram o deus Baal e não beijaram
a sua imagem”. (1 Reis 19:1-18 BLH)

Embora   tenha   ficado   tão   deprimido   que   quisesse 


morrer, Elias abriu espaço em sua vida para o Deus que em 
tudo intervém. E ele recebeu um socorro, animo e chamado 
especial na visitação sobrenatural que Deus lhe fez. Tempo 
de depressão, lembremo­nos, é tempo de abrir a vida para a 
visitação sobrenatural de Deus.

131
O QUE É A MORTE ?

As  questões  do  começo  e  do  fim  da  vida  humana  são 
agora muito difíceis de responder. Havia um tempo em que 
os médicos sabiam como responder a essas questões. Mas 
isso   foi   bem   antes   de   se   descobrir   que   tanto   o   começo 
quanto o fim da vida podiam ser explorados através de uso 
de   órgãos   de   bebês   abortados   ou   de   pacientes   adultos 
cerebralmente mortos, mas com o coração ainda batendo.
Para aliviar o peso de nossa consciência e livrar­nos de 
nossas preocupações com relação à retirada de órgãos de 
seres humanos ainda vivos, criou­se a definição de morte 
cerebral. O conceito de morte foi redefinido a fim de atender 
a outros propósitos. Agora existe uma nova idéia de fim da 
vida: morte com o coração batendo. 
A primeira mudança importante que ocorreu foi quando 
alguns   especialistas   médicos,   atendendo   a   propósitos 
ideológicos e comerciais, redefiniram o começo da vida. Se 
antes toda a classe médica sabia que a concepção ocorre no 
momento em que o espermatozóide se une ao óvulo, hoje o 
novo   conceito   diz   que   a   concepção   acontece   bem  depois 
dessa união: só quando o óvulo já fertilizado se implanta na 
parede do útero. Essa redefinição do começo da vida teve 
como   objetivo   acalmar   os   casais   que   usam   a   pílula 
“anticoncepcional”   e   outros   métodos   hormonais.   Esses 
métodos não só impedem o espermatozóide de se unir ao 
óvulo, mas também têm a função de impedir a implantação 
do   ser   humano   já   concebido.   Mas,   de   acordo   com   a 
mudança de sentido que a palavra  concepção  sofreu, essa 
última função é hoje considerada efeito “anticoncepcional” 
normal.   209

209Veja o capítulo “Old Lies and New Labels: When Contraception Is Abortion” do livro
Blessed Are the Barren, escritos por Robert Marshall e Charles Donovan (Ignatius Press:
San Francisco-EUA, 1991).

132
No   entanto,   as   mudanças   não   param   por   aí.   Agora 
alguns   na   classe   médica   consideram   o   começo   da   vida 
apenas   após   o   parto.   Assim   fica   mais   fácil   fazer 
experiências com quem ainda não nasceu ou retirar­lhes os 
órgãos ou simplesmente matá­los.
Nos   EUA,   onde   o   aborto   legal   é   feito   por   milhões   de 
mulheres, há um procedimento em que os médicos tiram, 
quase na hora do parto, o corpo inteiro do bebê do útero, 
menos   a   cabeça.   Então   enfiam   um   tubo   na   cabeça   da 
criança e sugam­lhe o cérebro, para que ela nasça morta. 
Isso   é   considerado   aborto   de   nascimento   parcial   e   é 
legalmente   permitido,   porque   “muitos   cientistas   médicos 
dizem   não   saber   se   a   vida   começa   antes   ou   depois   do 
nascimento”.
O bebê pode nascer e continuar vivbendo ou ser morto, 
conforme o médico quiser, já que a medicina americana não 
considera como pessoas os seres humanos que ainda não 
saíram   da   barriga   de   suas   mães.   E   toda   essa   confusão 
começou   porque   resolveram   mudar   completamente   o 
conceito do que é a concepção de um bebê, a fim de que 
não   tivéssemos   nenhuma   preocupação   com   os   seres 
humanos que a pílula estava impedindo de se implantar no 
útero.   Aliás,   muitas   mulheres   estão   tendo   micro­abortos 
sem nem mesmo saberem. 
Agora   a   mesma   confusão   envolvendo   as   questões   do 
começo da vida atingiram também as questões do fim da 
vida. 

Morte cerebral e doação de órgãos4


O Dr. Koop diz:

A chegada da era do transplante de órgãos trouxe outros problemas 
para a prática da medicina, especificamente com relação à questão ética e 
moral   da   prolongação   da   vida   e   de   seu   extermínio.   …a   questão   da 

133
eliminação   de  uma  vida   para   possibilitar   um  transplante   de  órgão   para 
outra pessoa… 210

Wesley Smith, em entrevista ao noticiário eletrônico


WorldNetDaily, disse:

Estão debatendo a questão da redefinição da morte a fim de


que sejam declarados mortos os que estão permanentemente
inconscientes. Estão debatendo isso bem seriamente nos meio
mais elevados da área médica de transplante de órgãos. 211

O Dr. Cícero Galli Coimbra, do Departamento de


Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de
São Paulo, diz:

Nas últimas décadas, o grande aumento no número de


transplantes, decorrente dos avanços da medicina, e a
conseqüente busca por doadores de órgãos, deu maior
importância à questão do diagnóstico de morte cerebral. 212

No entanto, apesar de toda a experiência dos profissionais


de saúde e de toda a tecnologia incorporada à medicina ao
longo do tempo, o diagnóstico de morte cerebral ainda envolve
muitos pontos polêmicos. Já foram propostos vários critérios
para esse diagnóstico, mas ainda são grandes os debates entre
os especialistas quanto à sua validade e ao seu uso prático.
Nos últimos anos, a retirada para transplantes de órgãos de
pacientes recém-declarados mortos acirrou ainda mais a
polêmica em torno do tema. 213

Cerca de 10 mil brasileiros jovens sofrem, todos os anos,


traumatismo craniano grave, que evolui para a chamada morte
cerebral. Esses jovens compõem a quase totalidade dos
doadores de órgãos no país, e a maioria, ao tempo do
acidente, está na fase mais produtiva de sua vida, após ter
investido por longo período em educação e formação
profissional. Sua morte súbita e prematura semeia dor,

210 C. Everett Koop, The Right of Live, The Right of Die (Life Cycle Books: Ontário,
Canadá, 1980), p. 128.
211 Wesley Smith, em entrevista ao notícia eletrônico WorldNetDaily de 11 de fevereiro
de 2001 (www.wnd.com)
212 Cícero Galli Coimbra, Ciência Hoje, Vol. 27, Nº 161, p. 33.
213 Cícero Galli Coimbra, Ciência Hoje, Vol. 27, Nº 161, p. 31.

134
desolação e muitas vezes desamparo entre seus familiares,
com conseqüências sociais irreparáveis ao longo de décadas.
No entanto, grande parte dessas perdas poderia ser evitada.
Um tratamento relativamente simples e não-invasivo, a
hipotermia (resfriamento do corpo de 37°C para 33°C por
apenas 12 a 24 horas), pode recuperar até 70% dos pacientes
nessa situação, a ponto de retomarem a vida normal. O uso da
hipotermia também evitaria um dos testes empregados hoje no
diagnóstico de morte cerebral (ou morte encefálica): o
chamado ‚teste da apnéia, ou seja, o desligamento do
respirador mecânico por até 10 minutos. 214

O pior é que, nesses pacientes recuperáveis, a aplicação do 
teste   da   apnéia   pode   reduzir   drasticamente   a   circulação 
sangüínea cerebral, tornando a lesão só então irreversível. Não é 
exagero dizer que o teste da apnéia induz a morte (que deveria 
apenas diagnosticar) nessa parcela de pacientes em coma e com 
reflexos   cefálicos   ausentes,   tornando   inúteis   os   exames 
confirmatórios feitos em seguida. 215

As primeiras tentativas de transplantes de órgãos foram 
feitas   na   década   de   1950.   Na   época,   os   órgãos   eram 
removidos depois que o coração do doador tinha parado de 
bater, mas a maior parte dos transplantes não tinha êxito. 
Em entrevista ao periódico  HLI Reports, o Dr. Paul Byrne 
disse:
Hoje os órgãos são tirados enquanto o coração está batendo e
enquanto a circulação e a pressão do sangue estão normais. O doador
não está morto antes da retirada do coração batendo ou do fígado. Há
uma ficção legalizada para se determinar a morte: “morte cerebral”.
216

Embora   muitos   cristãos   sintam   que   o   transplante   do 


coração e do fígado não seja algo eticamente certo, devido 
ao fato de que esses órgãos só podem ser transplantados 
quando   são   removidos   de   pessoas   vivas,   o   Dr.   Byrne   diz 
que há órgãos que podemos doar com segurança:

214Cícero Galli Coimbra, Ciência Hoje, Vol. 27, Nº 161, p. 27.


215Cícero Galli Coimbra, Ciência Hoje, Vol. 27, Nº 161, p. 28.
216HLI Reports (HLI: Front Royal-EUA, 1998), p. 8.

135
Só os tecidos (tais como as córneas, as válvulas do coração, os ossos e
a pele) são úteis para transplante depois da morte. Num gesto de
solidariedade, uma pessoa pode dar um órgão quando há um par (por
exemplo, doar um dos dois rins para alguém que está em necessidade
desesperadora). A retirada do órgão não deve causar morte ou
mutilação que debilite o doador.217

Uma   pergunta   que   precisamos   fazer   como   cristãos   é: 


Será   que   a   alma   não   está   mais   presente   num   corpo 
considerado   “morto”   pelo   atual   critério   médico   de   morte 
cerebral, mas cujo coração ainda bate?
Essa   é   uma   questão   importante   porque   o   sistema   de 
valores atual não reconhece que a dignidade do ser humano 
vem   do   fato   de   que   ele   foi   criado   conforme   a   imagem   de 
Deus.   Um   exemplo   é   a   lei   de   “doação”   compulsória   de 
órgãos   no   Brasil,   que   durou   até   o   ano   2000.   Essa   lei 
tornava   obrigatoriamente   todo   brasileiro   “doador” 
involuntário, a menos que o cidadão pudesse registrar em 
cartório sua vontade de proteger seu corpo contra esse tipo 
de ataque à sua integridade física.
Quando era diretor executivo da Associação Evangélica 
Brasileira,   o   Pr.   Luciano   Vergara   disse   que   essa   lei   era 
“uma invasão da individualidade pelo Estado, em nome do 
altruísmo”.   Havendo   “morte   cerebral”,   o   governo   não   se 
218

preocuparia   com   o   valor   da   alma   eterna,   mas   permitiria, 


conforme diz o Prof. Michel Schooyans, a “canibalização dos 
corpos   para   selvagemente   remover   e   transplantar   órgãos 
sem o consentimento das vítimas”.  A maioria absoluta dos 
219

cidadãos brasileiros optou por não aceitar tal intromissão 
em   suas   vidas.   Embora   o   governo   esteja   agora   tentando 
usar   estratégias   menos   autoritárias   para   obter   fontes   de 
órgãos, não é possível ter muita esperança nessa área, pois 
até   em   países   muito   mais   avançados   do   que   o   Brasil   a 

217Idem.
218Luciano Vergara, Doação de órgãos: livre arbítrio em jogo, Revista VINDE de março
de 1997, p. 44.
219Michel Schooyans, The Totalitarian Trend of Liberalism (Central Bureau: St. Louis-
EUA, 1995), p. 18.

136
doação   de   órgãos   se   transformou   em   comércio   lucrativo. 
Vejamos o caso dos EUA:

MORTOS SÃO USADOS PARA PRODUTOS

Famílias são informadas que doar os órgãos de um amado é um presente


de vida, mas o jornal Orange County Register descobriu que o material
retirado dos mortos está sendo processado e transformado em produtos
médicos que geram centenas de milhões de dólares para as companhias
americanas, apesar da existência de leis que impedem a obtenção de
lucro com partes de corpo”. A Lei de Transplante Nacional de Órgãos de
1984 proibiu lucros com a venda de tecidos, mas as companhias e os
bancos de tecidos sem fins lucrativos têm permissão de cobrar taxas
razoáveis para manipular e processar os órgãos. A lei não define o que é
uma cobrança razoável. “A lei nunca foi testada em tribunal. Ninguém
nunca decidiu o que está sendo vendido e o que não está”, disse Jeanne
Mowe, diretora executiva do Associação Americana de Bancos de Tecidos.
Os bancos de tecidos sem fins lucrativos podem, de um único cadáver,
obter órgãos úteis para até 100 pacientes. Os órgãos são então vendidos
para companhias que fazem produtos usados por médicos e dentistas, e
os bancos e negócios têm parte nos rendimentos.
As famílias do morto, que são incentivadas a fazer a doação, geralmente
são informadas sobre os órgãos vitais, tais como corações ou rins, mas a
maior parte dos produtos derivados do morto não tem nada a ver com o
propósito de salvar vidas: A pele do cadáver pode ser usada para cirurgias
cosméticas, tais como ampliação dos lábios e alisamento de rugas. Um só
corpo pode dar material no valor de mais de 34.000 dólares para os
bancos de tecidos sem fins lucrativos, incluindo pele, tendões, válvulas do
coração, veias e córneas que então são fornecidas para médicos e
hospitais por mais de 110.000 dólares. Quando os ossos são removidos do
mesmo corpo, um cadáver pode valer 220.000 dólares.
Embora se possa argumentar que pessoas estejam ganhando aumento de
vida com as doações, o dinheiro obviamente é uma parte grande do
negócio: As duas maiores companhias de tecido comerciais tiveram um
lucro de 142.3 milhões em vendas no ano passado e cada uma paga a seu
diretor um salário anual de mais de 460.000 dólares, conforme mostra o
relatório. Os outros quatro maiores bancos de tecidos sem fins lucrativos
vão ter um lucro de 261 milhões em vendas este ano.
[17 de abril de 2000 — Associated Press] 220

VÍTIMAS DE QUEIMADURAS NA FILA À ESPERA DE DOADORES

Vítimas de queimadura que estão esperando doações de pele que


potencialmente podem salvar suas vidas freqüentemente se acham na fila
atrás de pessoas que estão aguardando cirurgias cosméticas. As leis
federais asseguram que rins, corações e outros órgãos internos vão para
pacientes em necessidade maior, mas as leis não abrangem a pele. A

220 LifeWire – 25 de abril, 2000. Boletim distribuído por Lutherans for Life.

137
maior parte da pele doada é usada para procedimentos que podem
esperar, tais como apagar os vincos de riso no rosto, aumentar os órgãos
sexuais ou sustentar bexigas, o Orange County Register informou num
exame dos lucros feitos de órgãos doados.
Dos 139 centros de queimadura nos EUA, 11 têm seus próprios bancos de
pele. Outros centros de queimadura são obrigados a pagar qualquer preço
que os bancos estejam cobrando. A companhia LifeCell Corp., de New
Jersey, tem 20 bancos de tecidos que regularmente fornecem pele, que a
companhia usa para produzir AlloDerm, um produto originalmente
desenvolvido para ajudar a reconstruir a pele das vítimas de queimadura.
LifeCell agora calcula que os rendimentos anuais potenciais com o
AlloDerm em cirurgias reconstrutivas e cosméticas cheguem a 200
milhões, 10 vezes mais do que a companhia poderia ganhar ajudando
vítimas de queimadura. Enquanto isso, os hospitais que estão tentando
localiza peles para salvar a vida de uma vítima de queimadura estão tendo
dificuldades cada vez maiores em achar tecidos de pele para seus
pacientes, pois mais e mais bancos de tecidos estão usando os tecidos
para propósitos mais lucrativos.
[18 de abril de 2000 — Associated Press] 221

Série de reportagens investigativas: O jornal Orange County Register


publicou um exame minucioso do negócio de doação de órgãos. Os
repórteres notam: “O que descobrimos pode surpreender ou perturbar
você. Descobrimos partes de corpos doados indo parar em linhas de
montagem onde os tecidos humanos sãos transformados em produtos
lucrativos. Em outros casos, corpos são enviados para laboratórios e
testados de maneiras que você nunca poderia imaginar. Em tudo isso há
um tema comum: bancos de tecidos sem fins lucrativos e instituições de
pesquisa não explicam para as famílias como os corpos vão ser usados”. 222

221LifeWire – 25 de abril, 2000. Boletim distribuído por Lutherans for Life.


222“The Body Brokers”, Orange County Register, 16 a 20 de abril de 2000. Http://www.
Ocregister.com/health/body/index.shtml)

138
Figura 10: — Sei que é um momento difícil para a senhora. Mas pelo menos
você pode se consolar com o fato de que os órgãos de seu filho anencefálico
[sem cérebro] servirão para o bem de outros! — [burp] Falou e disse!

Escândalo de comércio de órgãos em vários países


Vejamos   agora   o   caso   da   Inglaterra,   que   é   outro   país 
avançado: 

HOSPITAL BRITÂNICO CONFESSA A RETIRADA DE MAIS ÓRGÃOS

Um hospital que retirou órgãos de corpos de crianças sem


consentimento confessou que não disse a história toda aos pais logo que
o escândalo se tornou conhecido. Pais de crianças que morreram no
Hospital de Crianças Alder Hey em Liverpool foram informados no
outono passado que órgãos, incluindo corações e cérebros, haviam sido
removidos para pesquisa. Mas agora eles foram informados que vários
outros órgãos e tecidos foram removidos, sem seu consentimento, e o
Hospital pediu desculpas pela angústia adicional causada.
Uma investigação foi iniciada pelo Dr. Liam Donaldson, para apurar o
que foi que aconteceu no Alder Hey, onde estão armazenados os
corações de 2.000 crianças.

139
Michael, o filho de quatro meses de Jan Robinson, morreu no Hospital
Alder Hey há 10 anos de doença congênita do coração. Ela foi informada
em outubro passado que o coração, o cérebro, o fígado, os pulmões, o
rim, o baço e o intestino de seu filho tinham sido removidos.
Mas funcionários do hospital agora disseram a ela que a traquéia, o
esôfago, o diafragma, o estômago, a bexiga e a parte de conexão,
inclusive músculo e osso, também foram removidos.
Outro pai foi informado que a língua e os testículos de seu filho foram
removidos. A diretora do Hospital Alder Hey, Judith Greensmith, disse
que o problema todo não foi revelado no começo a fim de proteger os
pais de mais angústias. Mas ela confessou que essa política de
procedimento tinha sido um erro e pediu desculpas aos pais. “Mas agora
decidimos que os pais devem saber a verdade”. 223

Notícia divulgada no Canadá: 
PESQUISADORES QUEREM EXPERIMENTOS EM SERES HUMANOS
COM MORTE CEREBRAL

GLASGOW, Escócia, 27 de julho de 2000 (LSN.ca) — O diretor


da empresa escocesa que clonou a ovelha Dolly quer
experiências genéticas em pacientes com morte cerebral. O
jornal Daily Record da Escócia informou ontem que o Dr. Ron
James, para conferir se são seguros, gostaria de ver órgãos
de porco geneticamente modificados transplantados em
pacientes. Sua empresa, a PPL Therapeutics, já clonou
porquinhos e acredita que órgãos de porcos poderiam ser
transplantados para humanos dentro de quatro anos. O Dr.
James reconheceu que haveria oposição do público geral a tal
idéia…
Essa proposta com certeza intensificará a controvérsia em
torno da questão da morte cerebral. Como o Parlamento
Canadense buscou maneiras de aumentar a doação de
órgãos no Canadá, uma comissão parlamentar foi informada
de que os doadores de transplante de coração devem estar
vivos. A Dra. Ruth Oliver, uma psiquiatra de Vancouver que
foi declarada clinicalmente morta em 1977 no Hospital Geral
Kingston depois de sofrer hemorragia interna no cérebro,
disse à comissão que ela é “um testemunho vivo de que as
pessoas sobrevivem”. O Dr. John Yun, um oncologista de
Richmond, B.C., testificou para a comissão que a coleta de
órgãos é o ímpeto atrás da teoria de morte cerebral aceita
pela classe médica desde 1968. Dez anos atrás o Dr. Yun
223Fonte: Pro-Life E-News. Informação distribuída por Dave’s Digest de 15 de maio de
2000.

140
trabalhou numa unidade de UTI mantendo pacientes
cerebralmente mortos em sistemas de suporte de vida para
transplantar os órgãos deles. O Dr. Yun agora acredita que
essa atividade era errada. “Não devemos pular para a
conclusão de que uma definição duvidosa de morte — a
hipótese médica de morte cerebral — é realmente morte”,
disse ele. 224

Notícia da República Tcheca: 

Uma invetigação no maior centro de transplantes em


atividade no mundo, localizado na República Tcheca, revelou
que pelo menos 49 pacientes foram declarados mortos
prematuramente, a fim de que seus órgãos pudessem ser
removidos. Num dos casos, relata o jornal London Telegraph,
uma vítima de 18 anos de acidente de carro foi declarada
“cerebralmente morta” e “foi levada para a sala de operações,
onde ele começou a respirar e tossir antes que os cirurgiões
começassem a remover os órgãos dele. As provas indicam que
o mercado de órgãos humanos está prosperando. 225

Questões importantes sobre a doação de órgãos


Acerca da questão da doação de órgãos,  a   Dr.ª   Karen 
Poehailos, médica americana, comenta: 

Com relação à doação de órgãos vitais que existe hoje, órgãos 
como o coração, os pulmões, o fígado e o pâncreas devem ser 
retirados   de   um   doador   com   um   coração   batendo.   Após   a 
cessação da circulação, esses órgãos perdem rapidamente sua 
viabilidade   para   transplante,   e   não   é   possível   retirá­los   com 
rapidez   suficiente   do   doador   para   que   sejam   úteis.   Será   que 
podemos chamar de morta uma pessoa que está com o coração 
batendo?   Isso   traz   a   questão   da   “morte   cerebral”   —   que   é 
definida   como   o   estado   em   que   o   cérebro   perdeu 
irreversivelmente   todas   as   suas   funções.   A   determinação   de 
morte cerebral é o meio estabelecido por lei para permitir que o 

224LifeSite Daily News, Toronto, Canadá, 27 de julho de 2000. Notícia divulgada online.
225Pro-Life E-News, 7 de junho de 1999. Para ler o artigo completo:
http://www.telegraph.co.uk/et?
ac=000271261842766&rtmo=kJeN1Cop&atmo=99999999

141
médico torne uma pessoa candidata a uma doação de órgão. 
Infelizmente, isso não é tão simples como parece.
Primeiro, a classe médica não chegou a um acordo com relação 
ao critério exato que se deve usar para definir “morte cerebral”. 
Os   testes   para   determinar   a   morte   cerebral   avaliam   certas 
funções   das   diferentes   partes   do   cérebro   (os   reflexos,   a 
capacidade   de   respirar   espontaneamente,   etc.).   Os   médicos 
podem   também   incluir   um   eletroencefalograma   (EEG)   —   um 
teste   para   avaliar   a   atividade   elétrica   no   cérebro.   Algumas 
instituições   médicas   exigem   um   EEG   para   determinar   uma 
morte cerebral, outras não. Algumas exigem um teste de fluxo 
de   sangue   para   o   cérebro,   outras   não.   Além   disso,   não   é 
necessário que o cérebro inteiro esteja morto para que o médico 
declare   cerebralmente   morto   um   paciente   que   tem   reflexos 
autônomos que controlam a temperatura e a taxa de batimento 
cardíaco. Portanto, se algumas partes do cérebro ainda estão 
funcionando,   duvido   que   a   morte   cerebral,   conforme   a 
definição que agora há, realmente exista.
Conheço o caso de um menino que sofreu um grave acidente. 
No   exame   inicial,   que   incluiu   um   EEG,   os   médicos 
determinaram   que   o   cérebro   dele   estava   morto.   No   exame 
seguinte, que foi realizado seis a oito horas depois, seu exame 
ainda   estava   coerente   com   esse   diagnóstico,   mas   agora   seu 
EEG   mostra   alguma   atividade.   Ele   acabou   sobrevivendo, 
embora gravemente ferido. Se ele estivesse num hospital  que 
não   exigisse   um   EEG,   baseados   nos   exames   clínicos   os 
médicos   teriam   removido   os   órgãos   dele.   É   trágico   que   ele 
esteja vivo hoje em péssimas condições físicas e não pôde ter 
uma recuperação mais plena, mas quem somos nós para dizer 
que a vida dele não tem valor?  226

Uma holandesa, que recebeu um transplante de


coração, expressou muito sentimento de culpa com a
morte da outra pessoa. O coração de um homem deu-lhe
condições de permanecer viva. “Mas e se o homem ainda

226 Revista Celebrate Life, edição de março-abril de 2000 (American Life League:
Stafford-EUA), p. 13.

142
estava vivo quando lhe removeram os órgãos?”   É uma  227

pergunta difícil de responder.
Mas mesmo excluindo a possibilidade de que o doador
realmente estava vivo, é preciso saber que um
transplante não é uma solução perfeita. Helen van
Tilburg, da cidade de Utrecht, na Holanda, recebeu um
novo rim de transplante. Mas ela terá de fazer outro
transplante porque seu corpo rejeitou o novo órgão. Ela
comenta: “O período após o transplante não é um
paraíso. Depois da operação, a gente tem tomar
comprimidos constantemente para impedir o corpo de
repelir o novo órgão. Aliás, a gente suprime o sistema de
defesa do próprio corpo. Isso não é bom. Além disso, os
medicamentos causam ainda outros efeitos colaterais
indesejáveis”.  228

“Um ser humano é mais do que seu corpo”, diz o


cardiologista van Lommel. Ele indica as experiências do
psicólogo Bosnak, que em seu trabalho trata pessoas que
adquirem uma estrutura de caráter totalmente diferente,
depois de receberem o coração ou outros órgãos vitais de
alguém. Um exemplo semelhante encontra-se no livro
Heart and Soul — The Prodigious Consequences of a
Heart Transplant (Coração e Alma — As Conseqüências
Assombrosas de um Transplante de Coração) escrito por
Claire Sylvia. Ela recebeu um novo coração quando tinha
48 anos. Depois da operação, coisas estranhas
começaram a acontecer. Em seus sonhos ela via um
jovem. Ela tem uma forte sensação de que o órgão veio
dele. De repente ela passou a ter desejo de frango e
cerveja, que ela nunca antes apreciava. O livro provoca
questões sobre a relação entre espírito, alma e corpo.
227 Algemeen Dagblad, Aspects of Euthanasia, Suicide, Organ Donation, Gender
Selection and Abortion, documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre
os Direitos Humanos e as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-
12 de dezembro de 1998).
228 Algemeen Dagblad, Aspects of Euthanasia, Suicide, Organ Donation, Gender
Selection and Abortion, documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre
os Direitos Humanos e as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-
12 de dezembro de 1998).

143
Sylvia está convencida de que quando os órgãos vitais de
um corpo são transplantados para outro corpo, tais coisas
como desejos, sentimentos e talvez até memórias e
sonhos também sejam transplantados.
É interessante notar que a Bíblia diz que do coração
procedem as saídas da vida (cf. Provérbios 4:23). É,  

porém, a questão da morte cerebral que mais causa


confusão. Van Lommel diz: “O que realmente é a morte?
Ainda que um médico declare alguém morto, os cabelos e
unhas dessa pessoa continuam crescendo… O que os
outros chamam de morte cerebral, eu chamo de começo
do processo da morte. Será que deveríamos interromper
esse processo?” 229

É um fato impressionante que a grande maioria das


enfermeiras holandeses que têm um trabalho muito
envolvido com as operações de doações de órgãos evite
assinar documentos doando seus próprios órgãos.   230

Durante   as   incisões   que   os   médicos   fazem   nos   pacientes 


cerebralmente   mortos   durante   a   remoção   dos   órgãos,   as 
enfermeiras   não   se   sentem   bem   com   algumas   reações 
físicas   dos   pacientes.  De acordo com dois médicos
britânicos, doadores de órgãos considerados
cerebralmente mortos podem sentir dor enquanto os
órgãos estão sendo removidos. 231

As palavras “vida” e “morte” não têm mais sentido


sólido. O termo “morte”, pela tradição e pela lógica,
significava a total e irreversível cessação da respiração e
circulação. Mas alguns grupos médicos criaram uma nova
definição de morte com o puro propósito de atender suas
próprias conveniências. Eles querem que seres humanos
229 Algemeen Dagblad, Aspects of Euthanasia, Suicide, Organ Donation, Gender
Selection and Abortion, documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre
os Direitos Humanos e as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-
12 de dezembro de 1998).
230 Algemeen Dagblad, Aspects of Euthanasia, Suicide, Organ Donation, Gender
Selection and Abortion, documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre
os Direitos Humanos e as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-
12 de dezembro de 1998).
231 Pro-Life E-News, 21 de agosto de 2000.

144
que estão respirando e que têm batidas cardíacas possam
ser mantidos vivos com o único objetivo de lhes saquear
órgãos.
A nova definição, geralmente chamada “morte cerebral”, 
é   a   irreversível   cessação   de   todas   as   funções   do   cérebro 
inteiro.   Alguns   médicos   raciocinam   da   seguinte   maneira: 
“Bebês que nascem sem cérebro são considerados mortos. 
Portanto,   não   há   motivo   algum   para   considerar   os 
pacientes   em   coma   como   melhores   do   que   esses   bebês 
anencefálicos”.
De   acordo   com   o   Dr.   Brian   Clowes,   há   propostas   de 
trabalhar mais a questão da morte cerebral, pois um corpo 
sustentado   por   sistemas   artificiais   de   suporte   de   vida 
poderia   ser   usado   para   pesquisas   com   drogas, 
desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas, treinamento 
para   cirurgiões   iniciantes   e   como   depósitos   de   sangue   e 
órgãos. Tais experiências não seriam difíceis de ocorrer, já 
que muitos bebês que nascem vivos dos abortos legais nos 
EUA   são   usados   em   laboratórios   em   experimentos   de 
diversos tipos.  Kathleen Stein escreveu na revista Omni:
232

“Com os grandes avanços na tecnologia de suporte de


vida e transplante de órgãos, os mortos hoje têm
realmente muita ‘proteína’ para nos oferecer — na forma
de órgãos e partes do corpo. Somos os canibais
modernos”. 233

É por esse e outros motivos que médicos e cientistas


de diversos países assinaram recentemente um
documento que alerta quanto aos perigos do moderno
conceito de morte cerebral:

MOVIMENTO CONTESTA USO DO CRITÉRIO DA MORTE CEREBRAL

232 Veja o capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International. Veja também o Capítulo 10:
“Fetal Experimentation and Tissue Transplantation”, Dr. Brian Clowes, The Facts of Life
(HLI: Front Royal-EUA, 1997).
233 Veja o capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-

Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.

145
Condenação de procedimento usado em transplantes tem apoio de
19 países

José Mitchell — Jornal do Brasil — 12/12/2000

PORTO ALEGRE — Uma declaração internacional contra a adoção da


morte cerebral como justificativa para retirada de órgãos vitais
destinados a transplante, assinada por 117 cientistas, médicos,
psiquiatras e advogados de 19 países, começou a ser divulgada
ontem pela internet, denunciando que “pessoas condenadas à morte
pela chamada morte encefálica não estão certamente mortas, mas
ao contrário, estão certamente vivas”.
O documento, que será divulgado esta semana pelos órgãos de
imprensa, deverá ter fortes reflexos inclusive no Brasil, um dos
países que mais realizam transplantes no mundo, e reaviva a
polêmica sobre a morte cerebral. Segundo um dos signatários da
declaração, o neurologista Cícero Galli Coimbra, da Escola Paulista
de Medicina, os critérios adotados para determinar se há morte
cerebral não têm base científica.
Coimbra considera “homicida” o teste da apnéia, que consiste na
retirada dos aparelhos em pacientes mantidos vivos por meio de
respiração artificial. Esse é um dos meios utilizados no Brasil para
determinar se ocorreu ou não morte cerebral…
Mandamento — Segundo cientistas, entretanto, a morte cerebral
detectada pelos atuais critérios não é garantia de que isso
efetivamente ocorra. O documento, assinado entre outros pelo
presidente da Federação Mundial dos Médicos que Respeitam a Vida,
o holandês Karel Gunning, e especialistas como os médicos ingleses
David Evans e David Hill e o médico japonês Yoshio Watanabe,
afirma que a adesão… à proibição imposta por Deus na lei natural
moral “impedem os transplantes de órgãos vitais únicos como ato
que causa a morte do doador e viola o quinto mandamento: não
matarás”.
Médicos como… Paul Byrne, dizem que os parâmetros para a
constatação da morte cerebral “não são consenso” na comunidade
científica. Eles ressaltam que já surgiram mais de 30 protocolos
sobre a definição e testes relativos à morte cerebral, só na primeira
década após o primeiro transplante, em 1968, acrescentando que,
desde então, os transplantes cresceram “de forma permissiva”.
O documento… acrescenta ainda que nem as exigências científicas
têm sido rigorosamente aplicadas para comprovação da morte
cerebral, enquanto cresce o número de cientistas que questionam o
uso desse critério como comprovação do fim da vida.

146
Uma alma eterna
As pessoas no mundo ao nosso redor vivem de acordo 
com   o   seguinte   ditado:   “Comamos   e   bebamos   porque 
amanhã   morreremos”.   (2   Coríntios   15.32   BLH)   Assim,   se 
alguém não mais consegue aproveitar os prazeres da vida 
terrena,   a   sociedade   acha   que   não   há   motivo   para 
continuar vivendo. Aliás, a sociedade realmente acha que 
esse tipo de existência é morte. Mas o que é a morte, afinal? 
A Bíblia diz que “o corpo sem o espírito está morto”. 234

Outra   versão   bíblica   moderna   diz:   “Um   corpo   que   não 


respira está morto”.  A Palavra de Deus diz que enquanto o 
235

ser   humano   respira,   com   a   ajuda   de   meios   artificiais   ou 


não, há um espírito presente que pode, mesmo no último 
instante, ser alcançado por Deus.
Milhares de pessoas morrem diariamente sem conhecer 
Jesus como Salvador. Os últimos momentos de uma alma 
perdida podem ser uma experiência mais dolorosa do que 
qualquer   sofrimento   físico.   Um   rapaz,   no   leito   de   morte, 
agonizou  espiritualmente  durante   dias   antes   de   morrer. 
Horrorizado, ele dizia que se sentia escorregando e caindo 
numa   escuridão   sem   fim.   Ele   pedia   socorro   e   sua   mãe 
católica me contou chorando que ela não sabia o que fazer 
para atender as súplicas do filho. 
Se esse rapaz já não estivesse morto, eu ou algum outro 
cristão   poderia   visitá­lo   e   orar   com   fé,   de   modo   que   o 
Espírito Santo tivesse a oportunidade de tocá­lo de alguma 
maneira. Mesmo nas situações mais difíceis, onde o doente 
não fala, não ouve e não reage aos estímulos externos, o 
Espírito Santo tem o poder de mostrar a glória de Deus a 
ele, contanto que haja um cristão intercessor orando com fé 
(cf. Marcos 9.23 e Tiago 5.16).

234Tiago2.26 BLH.
235Tiago2.26 God’s Word. Copyright 1995 by God’s Word to the Nations Bible Society.
Usado com permissão.

147
Podemos   dizer   que   enquanto   há   vida,   há   sempre   a 
esperança de recorrer a Deus e ser tocado por ele. Ele pode 
intervir, até mesmo quando o coração pára de bater. Mas 
ele   sempre   pode   se   manifestar   mais   intensamente   nas 
outras situações.
De   acordo   com   a   Bíblia,   morrer   é  partir   para   a  
eternidade.   A   morte   ocorre   quando   o   espírito   da   pessoa 
deixa o corpo e parte para o Céu ou para o inferno. Esse é 
um aspecto da questão em que nenhum especialista tem a 
palavra final.  A decisão  final por  direito deve  ser deixada 
com Deus.
Nos   casos   envolvendo   “morte   cerebral”   ou   coma,   tudo 
indica que o espírito continua presente, embora a maioria 
das   autoridades   médicas   não   reconheça   a   autoridade   da 
Bíblia   nessa   questão.   Mas   mesmo   desconsiderando   a 
ignorância   bíblica   dos   médicos,   eles   realmente   não 
entendem   plenamente   o   que   é   a   morte.   O   Dr.   C.   Everett 
Koop,   uma   das   maiores   autoridades   médicas   dos   EUA, 
observou:   “…em   termos   médicos,   deve­se   declarar   que 
embora   a   morte   pareça   iminente   para   um   médico   e   ele 
saiba  que  é  impossível  evitá­la  com  todos  os  recursos  da 
medicina que estão à sua disposição, não dá para predizer 
com   exatidão   o   tempo   da   morte.   Quanto   mais   cedo   um 
médico tenta predizer uma morte, menos precisas são suas 
predições”. 236

A verdade é que a ciência médica, sendo finita em sua 
sabedoria, muitas vezes calcula mal. O jornal Daily Mail de 
18 de julho de 2000, da Inglaterra, relata: “Quase metade 
dos   pacientes   considerados   em   ‘estado   vegetativo’   em 
conseqüência de danos cerebrais foram diagnosticados de 
maneira   errada,   de   acordo   com   um   alarmante   estudo 
científico. As descobertas… indicam que muitos pacientes 
que   são   diagnosticados   como   em   persistente   estado 
vegetativo   podem   na   realidade   estar   conscientes   do   que 
236C. Everett Koop, The Right of Live, The Right of Die (Life Cycle Books: Ontário,
Canadá, 1980), p. 110.

148
ocorre ao seu redor…” Assim  é fácil perceber que mesmo 
com   toda   a   tecnologia   moderna   ainda   não   é   possível 
entender tudo sobre uma pessoa logo antes da morte ou se 
ela   está   mesmo   morrendo.   Há   alguns   anos,   uma 
propaganda pró­eutanásia mencionava um homem que, de 
acordo   com   os   médicos,   só   tinha   duas   semanas   de   vida. 
Depois de quatro anos, o homem ainda estava vivo.   E há  237

também outros casos interessantes:

Pesquisadores médicos têm realizado muitos estudos abrangentes


para apurar quantas pessoas no chamado “coma irreversível”
realmente saíram do coma.

Um estudo envolvendo 84 pessoas, consideradas em “persistente


estado vegetativo” pelos médicos, mostrou que 41% delas recobraram
a consciência dentro de seis meses e 58% recobraram a consciência
dentro de três anos. Um segundo estudo, envolvendo 26 crianças que
ficaram em coma por mais de três meses, constatou que 20 delas
acabaram recobrando a consciência…

Num caso dramático, os médicos atestaram não só o coma, mas


também a “morte cerebral” de Harold Cybulski, um avô de 79 anos
que vive em Barry’s Bay, Canadá. O hospital só estava aguardando a
família dar o último “adeus” para desligar os aparelhos que o
mantinham vivo. Mas quando seu neto de dois anos de idade correu
para dentro do quarto e gritou “Vovô”, o Sr. Cybulski acordou, sentou-
se e pegou o netinho no colo!

Seis meses depois, ele estava levando uma vida completamente


normal, inclusive dirigindo o novo carro que ele vinha querendo
comprar antes de entrar em coma.

Os médicos de Cybulski não conseguiram dar “nenhuma explicação”


pela sua recuperação instantânea. 238

O testemunho do Sr. Cybulski apareceu originalmente 
numa publicação presbiteriana americana. Provavelmente, 
alguém estava orando por ele ou ele mesmo era um homem 
de   muita   oração.   Os   milagres   de   Deus   jamais   acontecem 
por acaso. Em outro caso fora do comum, a CNN noticiou 
em 21 de dezembro de 2000:
237Don Feder, Pagan America (Huntington House Publishers: Lafayette-EUA, 1993), p.
175.
238 Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 113.

149
MULHER QUE ACORDOU DE UM COMA DE 16 ANOS AINDA SE
RECUPERA LENTAMENTE

COCHITI PUEBLO, Novo México (EUA) — Há um ano, exatamente em 
21 de dezembro de 1999, Patrícia White Bull acordava, após passar 16 
anos em coma profundo, sentando na cama pedindo que a enfermeira 
parasse   de   arrumar   os   lençóis.   Desde   então,   Patricia   vem   se 
recuperando…

Esposa de pastor sai do coma


Os   médicos   nem   sempre   conseguem   predizer   com 
precisão qual será o resultado final de uma doença. Em 29 
de março de 1986, Jacqueline Cole, uma mulher de meia 
idade esposa de um pastor presbiteriano, sofreu um forte 
derrame.   A   filha   dela,   que   estava   com   ela   quando   tudo 
aconteceu, recorda: “Ela levantou o braço num momento e 
disse: ‘Christina, estou tendo um derrame. Consigo usar o 
braço,   mas   não   consigo   senti­lo.’   Então   ela   disse:   ‘Não 
quero viver como alguém diferente do que eu era.’” Depois 
disso ela desmaiou, entrou em coma e passou a viver com 
um aparelho de respirar e uma sonda de alimentação.
Quarenta   e   dois   dias   depois,   o   marido   de   Jaqueline 
pediu ao juiz John C. Byrnes autorização para desligar o 
aparelho de respirar. “Tem de ser feito”, ele testificou, “pois 
creio que ela não desejaria continuar a existir neste estado 
atual.   Mesmo   que   tivesse   uma   mínima   chance   de 
recuperação,   creio   que   ela   não   desejaria   viver   uma 
existência que não fosse a vida de qualidade, plena e rica 
que ela sempre teve.” O médico então descreveu a condição 
de Jaqueline como “virtualmente sem esperança, e que as 
chances   de   ela   ter   uma   recuperação   neurológica 
razoavelmente  satisfatória  eram  provavelmente  uma  em  1 
milhão”. Mesmo que tal recuperação ocorresse, acrescentou 
o médico, “eu suspeitaria fortemente que ela ficaria com os 
dois   lados   paralizados,   que   ela   teria   dificuldades   de 

150
movimentar   ambos   os   braços   ou   pernas   e   que   ela 
continuaria a precisar de assistência total”.
No   entanto,   depois   de   ouvir   esses   argumentos,   o   Juiz 
Byrnes hesitou. O juiz indicou que havia a necessidade de 
mais   testemunhos   de   médicos   com   relação   ao   estado   de 
saúde de Jaqueline… O marido dela foi orientado a voltar 
mais   tarde,   com   melhores   argumentos.   Mas   ele   jamais 
retornou.
Seis dias depois, o marido dela recordou num programa 
de TV: “Eu estava no quarto com um amigo nosso, que veio 
principalmente para ver a Jaqueline pela última vez… Ele a 
chamou pelo nome, e ela abriu os olhos”. Ela havia saído do 
coma.   Em   seis   meses,   ela   se   recuperou   quase 
completamente, com a exceção do uso das pernas e alguma 
perda de memória de curto período. Ela até se lembrou de 
momentos durante o seu estado de coma. “Era como nadar 
numa   superfície   e   eu   podia   ouvir   parcialmente   o   que 
falavam.   Lembro­me   principalmente   do   meu   marido.   Ele 
aparecia e depois ia afundando. Isso é tudo o que lembro”. 
Graças à hesitação do Juiz Byrnes, ela teve chance de viver 
novamente. 239

Outros casos surpreendentes


Teisa Franklin, uma menininha de quase dois anos de
idade, engoliu uma quantidade imensa de drogas
antidepressivas em 4 de fevereiro de 1988 e entrou em
coma profundo. Depois de um exame, os médicdos no
Hospital Mercy declararam o cérebro dela clinicamente
morto e afirmaram que ela seria uma boa candidata para
a doação de órgãos. No entanto, só 18 horas depois de
entrar em coma, ela começou a se recuperar e, em 11 de
fevereiro, só uma semana após o incidente quase fatal,
ela foi liberada do hospital. 240

239 Beth Spring & Ed Larson, Euthanasia, Spiritual, Medical & Legal Issues in Terminal
Health Care (Multnomah Press: Portland, Oregon (EUA), 1988), pp. 78-79.
240 Veja o capitulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-

Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.

151
Os bebês gemeos Scott e Jeff Mueller nasceram em
1981 tendo uma mesma perna e intestino grosso. Eles
estavam completamente desenvolvidos da cintura para
cima. A médica de serviço, Petra Warren, decidiu que eles
não eram dignos de viver e colocou o seguinte aviso no
berço: Não os alimente. Várias enfermeiras
desobedeceram a essa ordem e alimentaram os gemeos
dando-lhes água com açucar. Isso salvou a vida deles.
Uma operação cirúrgica, relizada no Hopital Memorial
Infantil de Chicago, conseguiu com sucesso separá-los no
ano seguinte. Scott morreu de problemas cardiacos em
1984, mas Jeff está indo bem e vive uma vida normal. 241

Carrie Coons, de 86 anos, do Estado de Nova Iorque,


foi declarada em “estado vegetativo absolutamente
irreversível” pelos médicos depois de sofrer derrame e
hemorragia cerebral em novembro de 1988. Por quase
cinco meses, ela não falou nem mostrou sinal algum de
atenção. A irmã dela de 88 anos e vários médicos e
advogados pediram que os juizes permitissem a remoção
da sonda de alimentação dela. O médico dela, o Dr.
Michael Wolff, especialista na medicina geriátrica de fama
nacional nos EUA, declarou que não havia nenhuma
esperança para a situação dela e que não havia nenhuma
chance de recuperação. Os juizes deram permissão para
deixar de alimentá-la, para que ela pudesse morrer.
Contudo, dois dias depois da permissão concedida, ela
despertou e começou a comer e a falar. O neurologista
Ronald Cranford, conselheiro da Casa Branca em
questões de eutanásia, declarou: “É um caso dramático.
Mostra que nessa questão nós basicamente jamais
estamos lidando com certezas”. 242

Em seu livro  Biblical/Medical Ethics, o Dr. Franklin E. 
Payne Jr. conta um caso:

241 Veja o capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
242 Veja o capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-

Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.

152
Em   dezembro   de   1979,   “Mack”,   um   policial   em   serviço,   levou 
três   tiros.   As   complicações   desses   ferimentos   incluíam   aspiração 
(seus   pulmões   inalaram   o   conteúdo   de   seu   estômago)   e   parada 
cardíaca. Esses eventos causaram graves danos cerebrais e durante 
sete  meses,  Mack   não  reagiu   a  estímulos.   Os  médicos   não deram 
nenhuma   esperança   para   a   recuperação   da   consciência   dele.   Na 
época, com o consentimento dos médicos e da família, o aparelho de 
respiração   foi   desligado,   e   pararam   de   lhe   dar   medicamentos 
anticonvulsão   e   antibióticos.   A   surpresa   foi   que   Mack   conseguiu 
respirar  sem   a ajuda  de  equipamentos.  Em   outubro  de  1981,   um 
médico… rotineiramente disse: “Respire fundo”. Para o espanto do 
médico,   Mack   fez   isso!   Ele   pôde   também   abrir   e   fechar   os   olhos. 
Então ele passou a receber reabilitação mais intensiva. Hoje, ele tem 
95%   de   sua   capacidade   intelectual   que   tinha   antes   da   tragédia, 
embora não possa usar os braços e as pernas. O médico de Mack 
concluiu  que a recuperação dele foi “a maior surpresa  que já tive 
como   um   neurologista…   virtualmente   tudo   na   literatura   médica 
indica   que  pacientes   em  estado  vegetativo  entre  três   e seis  meses 
depois   de   danos   isquêmicos   (sem   oxigênio)   no   cerébro   têm   um 
prognóstico essencialmente sem esperança. 243

Há cinco anos, John Kerkhoffs, de Limburg, Holanda,


entrou em coma depois de uma operação. “O cerébro do
seu marido está morto”, disse o neurocirurgião à esposa
Marga Kerkhoffs. O médico tentou ajudá-la a entender
que mesmo que John se recuperasse do coma — que era
uma chance bem remota — ele levaria uma vida
vegetativa. Em resumo, na opinião do médico, já era
praticamente o fim da vida de John. Os médicos
procuraram convencer Marga e seus dois filhos a doar os
órgãos saudáveis de John. A família estava sofrendo muita
pressão e confusão num momento emocionalmente difícil.
O pai ainda parecia muito vivo. Nenhum parente de John
sentia que ele estava morrendo. Eles sabiam que a
situação era séria. Mas morto? A esposa Marga não
aceitou a pressão para a doação de órgãos. Ela disse: “Se
John morrer, vamos deixá-lo morrer em seu próprio

243Franklin E. Payne Jr, Biblical/Ethical Medics (Mott Media Inc: Milford, EUA, 1985), p.
203.

153
tempo”. Ele passou uma semana de coma e
experimentou dias medonhos, mas sobreviveu. Quando
saiu do coma, John Kerkhoffs contou: “Acho que sonhei
que eu havia sido raptado. De certo modo, lutei para
salvar minha vida. Era como se eu sentisse uma ameaça
enorme contra a minha vida. Mas eu não podia fazer
nada. Em certo momento, [acordei e] vi-me deitado,
conectado a todos os tipos de equipamentos médicos”.  244

Em cada um dos casos citados e em dezenas de outros


que não são publicados anualmente, médicos condenam
a uma morte dolorosa pessoas que eles têm certeza de
que não se recuperarão. O fato é que, em pelo menos 50
por cento desses casos, os pacientes se recuperaram,
parcial ou completamente. É óbvio, então, que ao lidar
com pacientes considerados em “estado vegetativo”, não
há certezas médicas.
É evidente que a principal motivação dos hospitais e
médicos é economizar os recursos financeiros e controlar
os gastos, não cuidar o melhor possível de uma vida
humana. É realmente irônico ou trágico que as
sociedades consideradas desenvolvidas gastarão
literalmente milhões em campanhas para defender
animais em extinção ou investirão em campanhas contra
a execução legal de perigosos criminosos, mas não
mostrarão a mesma preocupação na defesa de pacientes
cujo único crime é serem considerados como indivíduos
com uma vida indigna de viver.
Enquanto médicos que não temem a Deus consideram
apenas o lado físico do ser humano, o médico cristão sabe
que, na perspectiva de Deus, o espírito é o mais
importante. Jesus disse: “A vida é espiritual…” (João
6:63a) Quem não entende que nossa vida é
245

244 Algemeen Dagblad, Aspects of Euthanasia, Suicide, Organ Donation, Gender


Selection and Abortion, documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre
os Direitos Humanos e as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-
12 de dezembro de 1998).
245 God’s Word. Copyright 1995 by God’s Word to the Nations Bible Society. Usado com
permissão.

154
fundamentalmente espiritual, com um destino eterno
para o Céu ou para o inferno, realmente não conseguirá
entender as questões mais importantes sobre a morte e a
vida.

Vida após a morte


A Palavra de Deus diz que há uma eternidade depois da 
morte, e há até experiências humanas que comprovam tal 
realidade.   Anos   atrás   tive   contato   com   Gerald   Laney.   Ele 
fazia   parte   da   gangue   de   motoqueiros  Ghost   Riders  
(Motoqueiros   Fantasmas)  nos   EUA   e   sua   tarefa   era   fazer 
cobranças. Na noite de 11 de outubro de 1980, ele recebeu 
ordens de dar um susto num homem de negócios da cidade 
de Kingsport, no Tennessee, e cobrar a dívida de drogas que 
ele estava devendo para a gangue. Gerald ficou escondido 
atrás de algumas plantas no jardim da casa do homem e 
quando   ele   saiu   do   carro,   Gerald   se   mostrou   a   ele.   O 
homem abriu fogo e acertou quatro tiros. Gerald também 
abriu fogo e matou o homem na hora.  
Ao ser levado gravemente ferido para o hospital, Gerald 
foi   declarado   morto   pelos   médicos.   Enquanto   seu   corpo 
estava morto, Gerald conta a estranha experiência que ele 
teve:

Lembro-me de começar a flutuar logo que saí do meu corpo, que


estava deitado na cama do hospital. Flutuei para cima, atravessei o
teto do hospital e fui em direção ao espaço. Passei por milhões de
estrelas e perguntava para mim mesmo o que estava acontecendo.
Depois disso fui parar num lugar tão escuro que eu não conseguia ver
a própria mão diante do rosto. Então comecei a cair cada vez mais
rápido, até ver o brilho de chamas. A medida que eu ia chegando
perto, esse brilho ia ficando maior e mais quente, e estava soltando
um cheiro horrível, como de carne queimando. Ouvi milhares de gritos
e pessoas chorando de dor.

Então percebi que eu estava indo para o inferno. Costumava rir e dizer
que o inferno não existia, embora meu pai me ensinasse que minha
alma viveria para sempre com Deus no Céu ou com Satanás no inferno
em tormento eterno.

155
Aí estava eu, um jovem de apenas 28 anos de vida, me aproximando
das chamas do inferno. Sabia que se eu chegasse ali, não haveria mais
volta. Implorei o perdão de Deus e pedi-lhe uma chance para falar
para as outras pessoas o que vi e que Deus é real. Depois disso,
acordei do coma e os médicos me disseram que eu tinha muita sorte
de estar vivo.246

Por causa dos graves ferimentos a bala, Gerald estava 
aleijado e não conseguia andar. Ele se sentia um vegetal. 
Além de tudo, ele acabou sendo condenado por assassinato 
e enviado para o Corredor da Morte, onde presos perigosos 
aguardam a aplicação da pena de morte.
Sua perna, que fora ferida a bala, começou a doer e a 
apodrecer. Os médicos do hospital da prisão recomendaram 
amputação.  Gerald   começou  a   se  sentir   como  uma   carga 
para   sua   família   e,   vendo   que   a   situação   só   ficaria   pior, 
tomou a decisão de cometer suicídio. Ele tentou se enforcar 
e cortar as veias, mas se lembrou do que Deus havia lhe 
mostrado sobre o inferno.
Ele dobrou os joelhos e pediu que Deus lhe mostrasse 
seu amor e operasse um milagre em sua vida, dando­lhe 
saúde e força. Ele orou a noite inteira e a manhã seguinte. 
À tarde, ele começou a sentir de volta a perna. Dois dias 
depois,   os   ferimentos   e   problemas   desapareceram 
completamente.
Hoje Gerald sabe que está vivo para dar testemunho do 
que Deus fez em sua vida. Ele sabe o que  é realmente a 
morte   e   que   devemos   nos   preparar   antes   de   entrar   na 
eternidade.

Decisões de vida ou morte diante da eternidade


Em sua existência natural, o homem acha a morte um 
mistério.   Hoje,   graças   aos   avanços   da   medicina,   a 
experiência   da   morte   pode   ser   manipulada   conforme   os 
desejos   de   cada   pessoa.   Vivemos   num   mundo   que   só 

246Adaptado do folheto State of Tennessee says: This is Gerald Laney’s Future. Gerald
says: Jesus is the answer, s.d. Adaptado também da fita The Enforcer, cuja gravação
contém o testemunho completo de Gerald.

156
valoriza os prazeres da vida e que nos ensina a nos libertar 
do   sofrimento   a   todo   custo.   Embora   seja   considerado 
absurdo um jovem rico, bonito e saudável tirar a própria 
vida,   porém   parece   ser   mais   fácil   aceitar   o   fato   de   um 
deficiente   cometer   suicídio.   Só   porque   o   progresso   da 
medicina   nos   permite   hoje   manipular   a   vida   humana   de 
todas   as   maneiras   possíveis,   as   pessoas   acham   que   o 
sofrimento e a privação de uma vida de prazeres lhes dá o 
direito   de   usar   os   recursos   da   medicina   para   escolher   a 
morte. 
Idealmente,   os   recursos   da   medicina   deveriam   ser 
usados  para  aliviar  a  dor  do  paciente  que  está   morrendo 
sem privá­lo da consciência de si mesmo. Quando a morte 
se   aproxima,   as   pessoas   devem   estar   em   condições   de 
satisfazer   suas   obrigações   morais   e   familiares   e, 
principalmente,   precisam   da   oportunidade   de   estar   em 
plena   consciência   a   fim   de   se   prepararem   para   ter   um 
encontro com o Salvador Jesus Cristo. Afinal, a entrada na 
eternidade é um assunto muito sério. Em outros casos, são 
os parentes e amigos que têm a responsabilidade de clamar 
a   Deus   em   favor   de   alguém   inconsciente   que   está 
morrendo.
A   eutanásia   torna­se   mais   grave   quando   médicos   e 
legisladores usam sua autoridade para decidir quem deve 
viver   e   quem   deve   morrer,   principalmente   em   casos 
envolvendo remoção de órgãos. O ser humano encontra­se 
assim não só na posição de conhecedor do bem e do mal, 
mas também na posição de poder fazer o bem ou o mal (cf. 
Gênesis 3.5).
Embora as pessoas possam decidir o que quiserem, com 
ou sem a ajuda da tecnologia, só Deus tem a autoridade 
para determinar o que deve ou não ser feito nas questões 
vitais.   Não   se   colocar   debaixo   dessa   autoridade,   ou   não 
reconhecê­la plenamente na Palavra de Deus, é se colocar 
no lugar do próprio Deus. Quando o ser humano pensa que 
também   pode   exercer   tal   autoridade,   de   acordo   com   sua 

157
maneira   de   pensar,   ele   acaba   inevitavelmente   usando­a 
para a morte. Só Deus tem plena autoridade sobre a vida e 
a morte, e ninguém pode usá­la sem sua direta permissão. 
“Saibam todos que eu, somente eu, sou Deus; não há outro 
deus além de mim. Eu mato e eu faço viver; eu firo e eu 
curo.   Ninguém   pode   me   impedir   de   fazer   o   que   quero”. 
(Deuteronômio 32.39 BLH)
Talvez   o   mais   importante   é   que   em   cada   situação   de 
vida ou morte Deus pode e quer intervir, desde que o nome 
de Jesus seja invocado em oração e sinceridade de espírito. 
A   pessoa   que,   em   nome   da   “compaixão”,   intervém   para 
ajudar alguém a morrer mais depressa a fim de livrá­lo do 
sofrimento está tirando de Deus a oportunidade de agir. Até 
mesmo   no   momento   da   morte,   Jesus   pode   salvar   (Lucas 
23.42­43).   Sem   mencionar   que   para   curar   uma   pessoa, 
Deus não precisa remover os órgãos de outro ser humano 
com o coração batendo. Deus não precisa matar para curar! 
E   a   cura   de   Jesus   está   sempre   disponível   para   quem   a 
busca.
 

158
OS CRISTÃOS E A EUTANÁSIA 247

Embora   possa   parecer   que   a   tecnologia   moderna   até 


certo ponto criou o dilema da eutanásia, a verdade é que 
muitas   civilizações   antigas   praticavam   tanto   a   eutanásia 
ativa   quanto   a   passiva,   principalmente   nos   doentes,   nos 
recém­nascidos   defeituosos   e   nos   idosos.   As   filosofias   da 
Grécia e de Roma idealizavam o suicídio como uma forma 
nobre   de   morrer.   Até   mesmo   o   assassinato   não   era 
condenado em todas as sociedades antigas, e muitas vezes 
os   doentes   eram   abandonados   para   morrer   ou   para   se 
virarem   sozinhos.   Aliás,   na   época   do   Novo   Testamento   a 
sociedade   romana   normalmente   valorizava   o   ser   humano 
somente conforme sua posição social, nacionalidade, etc.
Em   contraste,   quando   esteve   no   mundo   Jesus   Cristo 
demonstrou, de muitas maneiras, um padrão de vida bem 
diferente   dos   valores   sociais   da   época.   Ele   vivia   em 
obediência   à   Palavra   de   Deus,   que   ensina   que   o   ser 
humano foi criado conforme a imagem de Deus. A Palavra 
de Deus também contém leis que condenam o assassinato 
(Gênesis   1.26;   9.6;   Êxodo   20.13).   Jesus   confirmou   a 
validade dos ensinos do Antigo Testamento sobre a questão 
do   assassinato   e   ainda   levou   esse   princípio   mais   adiante 
(Mateus 5.21­22). Ele não só se opunha ao diabo que mata, 
mas   também   destruia   suas   obras   que   matam.   Os 
Evangelhos mostram Jesus curando, até mesmo das piores 
doenças,   muitos   homens   e   mulheres   das   mais   baixas 
condições sociais.
Ao descrever o Dia do Juizo, a Bíblia diz que o Rei Jesus 
dirá para as pessoas que vivem conforme Deus acha certo:

247Muitas das informações deste capítulo foram adaptadas dos capítulos 5 e 6 de: Beth
Spring & Ed Larson, Euthanasia, Spiritual, Medical & Legal Issues in Terminal Health
Care (Multnomah Press: Portland, Oregon (EUA), 1988). Notas adicionais neste capítulo
referem-se a outras obras que inclui para uma compreensão melhor.

159
“Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai! Venham 
e   recebam   o   Reino   que,   desde   a   criação   do   mundo,   foi 
preparado pelo meu Pai. Pois eu estava com fome, e vocês me 
deram   comida;   estava   com   sede,   e   me   deram   água.   Era 
estrangeiro,   e   me   receberam   nas   suas   casas.   Estava   sem 
roupa,   e   me   vestiram;   estava   doente,   e   cuidaram   de   mim. 
Estava na prisão, e foram me visitar”. (Mateus 25.34­36 BLH)

Essas   pessoas   de   bom   coração,   sem   entender   o   que 


Jesus queria dizer, perguntam:

“Senhor,   quando   foi   que   o   vimos   com   fome   e   lhe   demos 


comida ou com sede e lhe demos água? Quando foi que vimos o 
senhor como estrangeiro e o recebemos nas nossas casas ou 
sem roupa e o vestimos? Quando foi que vimos o senhor doente 
ou na prisão e fomos visitá­lo?” (Mateus 25.37­39 BLH)

Essa revelação é importante para quem quer agradar a 
Deus. Em resposta, Jesus mostra o que acontece quando 
obedecemos a essa revelação: “Eu afirmo que, quando vocês 
fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, de fato foi a 
mim que fizeram”. (Mateus 25.40 BLH)

Os cristãos do passado e a eutanásia


Jesus   fez   essa   revelação   importante   para   cristãos   que 
viviam numa época em que a sociedade romana aceitava a 
eutanásia e o aborto. Nos primeiros três séculos depois da 
morte   e   ressurreição   do   Senhor   Jesus,   os   cristãos 
praticavam   esse   ensino   sem   hesitação.   Os   primeiros 
cristãos não seguiam os valores “éticos” das sociedades em 
que   viviam.   Eles   seguiam   os   valores   éticos   do   Reino   de 
Deus. Henry Sigerist, respeitado historiador de medicina da 
Universidade Johns Hopkins, descreve a transformação que 
o Cristianismo produziu então: 

Para os gregos do quinto século antes de Cristo e para [as 
gerações] que vieram depois, a saúde era  considerada o bem 
mais   elevado…   O   homem   doente,   o   aleijado   ou   o   fraco   só 

160
poderiam   esperar   consideração   da   sociedade   enquanto   seu 
estado   de   saúde   tivesse   condições   de   melhorar.   A   melhor 
maneira de proceder para com os fracos era destruí­los, o que 
era feito com frequência…
Coube ao Cristianismo a responsabilidade de introduzir a 
mudança   mais   revolucionária   e   decisiva   na   atitude   da 
sociedade para com os doentes. O Cristianismo veio ao mundo 
como uma religião de cura… O [Evangelho] tinha como alvo os 
pobres,   os   doentes   e   os   aflitos   e   lhes   prometia   cura   e 
restauração,   tanto   espiritual   quanto   física.   O   próprio   Cristo 
não havia realizado curas? 

Essa   nova   atitude   inspirou   os   ensinamentos   e 


atividades   do   Cristianismo   no   Império   Romano.   Os 
primeiros   líderes   cristãos,   inclusive   Policarpo   (70­160), 
Justino Mártir (100­165), Tertuliano (160­220) e Jerônimo 
(345­419), incentivavam os cristãos a cuidar dos doentes. A 
partir de então, os cristãos se tornaram conhecidos por sua 
disposição   de   tratar   de   pessoas   doentes,   inclusive   de 
vítimas de pestes, que eram abandonadas pela sociedade. 
Os historiadores Darrel W. Amundsen e Gary B. Ferngren 
observam:   “Os   primeiros   hospitais   vieram   a   existir,   no 
quarto século, por causa da preocupação dos cristãos com 
todas   as   pessoas,   principalmente   os   mais   necessitados, 
pois o ser humano tem a imagem de Deus”.
A Bíblia ensina que o ser humano foi criado conforme a 
imagem   de   Deus   e   que   Jesus   morreu   para   salvar   toda   a 
humanidade. Esse ensino inspirou os primeiros cristãos a 
ter   um   grande   respeito   pelo   valor   e   dignidade   da   vida 
humana. Eles não só cuidavam dos doentes, mas também 
denunciavam   práticas   sociais   romanas   como   aborto, 
assassinato   de   recém­nascidos,   eutanásia   e   suicídio.   “A 
verdade   é   que   nós,   cristãos,   não   temos   permissão   de 
destruir o que foi concebido na barriga de uma mulher, pois 
o   homicídio   é   proibido”,   assim   escreveu   Tertuliano   no 
segundo século.

161
Além   do   aborto,   que   era   muito   praticado,   a   sociedade 
romana também achava normal matar crianças indesejadas 
ou   abandoná­las   a   morrer   expostas   ao   sol,   chuva,   noite, 
etc.   Amundsen   e   Ferngren   comentam:   “Depois   de   sua 
legalização no quarto século, o Cristianismo aos poucos foi 
introduzindo   importantes   mudanças   no   clima   moral   do 
mundo   romano.   Começando   com   Constantino,   os 
sucessivos   imperadores   cristãos   aprovaram   leis   com   o 
objetivo   de   proteger   os   recém­nascidos.   Contudo,   a 
influência   mais   importante   não   veio   das   leis   do   Império, 
mas dos Concílios da Igreja, que condenaram o aborto, o 
assassinato   de   recém­nascidos   e   o   abandono   deles   para 
morrer”.
Os   primeiros   líderes   cristãos,   de   Justino   Mártir   a 
Agostinho   de   Hipona   (354­430)   assumiram   um 
posicionamento   igualmente   forte   contra   a   eutanásia.
Agostinho afirmou: “Os cristãos não têm autoridade de
cometer suicídio em circunstância alguma. É importante
observarmos que em nenhuma parte da Bíblia Sagrada há
mandamento ou permissão para cometer suicídio com a
finalidade de garantir a imortalidade ou para evitar ou
escapar de algum mal. Aliás, temos de compreender que
o mandamento ‘Não matarás’ (Êxodo 20.13) proíbe matar
a nós mesmos”.
É evidente que Agostinho estava se referindo também
à eutanásia. Por exemplo, para refutar a idéia social de
que o suicídio é um meio normal de acabar com as dores
e aflições do corpo, Agostinho citou passagens bíblicas
sobre nossa responsabilidade de aguardar o céu com
paciência (Romanos 8.24-25), e afirmou: “aguardamos
‘com paciência’, precisamente porque estamos cercados
pelos males que a paciência deve tolerar até que
cheguemos aonde… não mais haverá nada para tolerar”.
Poucos sabem que Agostinho enfrentou uma seita
cristã no Norte da África que apoiava a idéia do suicídio
como uma forma de martírio voluntário. Essa seita via o

162
suicídio como uma maneira de entrar mais rápido na
presença de Deus. Essas idéias não são totalmente
rejeitadas hoje. Muitos cristãos espiritualmente mal
orientados nos EUA e na Europa cedem à tentação de
permitir que a eutanásia seja aplicada num membro da
família, sob a alegação de que o apressamento da morte
os fará ficar com Deus mais rapidamente. Alguns, para
não enfrentar a realidade do que estão fazendo, até citam
passagens de Paulo: “A vida para mim é Cristo, e a morte
é lucro”. 248

Os cristãos do passado e o sofrimento


Os filósofos da época viam o sofrimento como um mal
a ser evitado a todo custo, e não é sem razão que
ninguém achava anormal um doente grave cometer
suicídio para fugir do sofrimento. Mas Agostinho era fiel à
idéia bíblica de que a vida aqui na terra representa
somente uma fase até chegarmos à eternidade, onde
viveremos para sempre com Deus ou sem ele. Como usar
o suicídio como solução para fugir do sofrimento humano
e depois evitar na eternidade o Deus que tem autoridade
de decidir o destino de nossa vida?
No caso do cristão, Jesus várias vezes avisou seus
seguidores de que eles sofreriam perseguição (Mateus
5.10-12; Marcos 10.28-31; João 15.20). As cartas dos
apóstolos indicavam o sofrimento físico como um meio de
teste, cujo resultado final seria maturidade espiritual e
capacidade de resistir melhor aos ataques do diabo
(Romanos 5.1-5; Hebreus 12.7-11; Tiago 1.2-8; 5.10-11; 1
Pedro 4.12-13). Em sua carta à igreja da cidade de
Corinto, Paulo descreveu seu próprio sofrimento: “O
sofrimento que suportamos foi tão grande e tão duro, que
já não tínhamos esperança de escapar de lá com vida.
248 Brian P. Johnston, Combatting Euthanasia’s Thin Edge Assisted Suicide. documento
apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e as Questões
Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de 1998). O Sr.
Johnston é diretor do Conselho Pró-Vida da Califórnia, que faz parte do National Right
to Life Committee dos EUA.

163
Nós nos sentíamos como condenados à morte. Mas isso
aconteceu para nos ensinar a confiar não em nós mesmos
e sim em Deus, que ressuscita os mortos”. (1 Coríntios
1.8-9 BLH)
Paulo não se desesperava ao ponto de acolher a idéia
do suicídio, porque “ainda que o nosso corpo vá se
gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia. E
essa pequena e passageira aflição que sentimos vai nos
trazer uma enorme e eterna glória, muito maior do que o
sofrimento. Porque nós não fixamos a nossa atenção nas
coisas que se vêem, mas nas que não se vêem. O que
pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não
pode ser visto dura para sempre”. (2 Coríntios 4.16-17
BLH)
O Império Romano se desmoronou logo após a morte
de Agostinho em 430, e a Europa entrou na Idade Média.
Nesse período, que durou aproximadamente mil anos,
houve muitas guerras e o sistema social e econômico
ruiu, piorando assim as condições de saúde e
sobrevivência das populações. De 541 a 767, dezesseis
pestes bubônicas varreram a Europa. Em meio aos graves
sofrimentos humanos, os cristãos se apoiavam na Palavra
de Deus para enfrentar seus sofrimentos individuais.
Bede, líder cristão inglês desse período, escreveu
vários relatos de doenças e sofrimento. Alguns relatos
apresentavam pessoas dedicadas a Deus sendo
sobrenaturalmente curadas por Deus, outros descreviam
pessoas morrendo rapidamente ou sofrendo anos antes
de morrer — mas todos entregavam o controle de suas
vidas a Deus: “Por isso os que sofrem porque esta é a
vontade de Deus devem, por meio das suas boas ações,
confiar completamente no Criador, que sempre cumpre as
suas promessas”. (1 Pedro 4.19 BLH)
Para encorajar e cultivar a fidelidade a Deus no meio
das circunstâncias difíceis, Bede usou o exemplo do Bispo
Benedito, que sofreu uma prolongada doença terminal:
“Durante três anos, Benedito aos poucos foi ficando tão

164
paralisado que da cintura para baixo estava tudo sem
vida”. Apesar do longo tempo de sofrimento que sua
doença lhe causou, Benedito sempre procurava “se
ocupar louvando a Deus e ensinando os irmãos”.
Doenças fatais dolorosas como a doença que fez o
Bispo Benedito sofrer tantos anos de agonias eram
comuns durante a Idade Média, por causa da falta de
medicamentos e tranqüilizantes eficientes. Apesar disso,
nenhum cristão procurava apressar a própria morte a fim
de escapar das dores de uma doença terminal. Eles
preferiam se entregar totalmente aos cuidados de Deus.
Basicamente, o pensamento depois da Reforma era
esse também. Os cristãos se entregavam sempre a Jesus,
não às doenças.

A eutanásia e as igrejas de hoje


Enquanto hoje muitas igrejas americanas e européias
se encontram mergulhadas em idéias e práticas fora dos
princípios bíblicos e até apóiam a morte para as pessoas
mais oprimidas e indefesas, muitas igrejas nos países
menos ricos estão vivendo uma realidade diferente:
muitos milagres estão ocorrendo através da visitação do
Espírito Santo. Essas igrejas são instrumento de salvação,
perdão, restauração, cura e libertação e é isso mesmo
que as pessoas oprimidas recebem quando lá vão. O
Evangelho é inimigo da doença, não do doente, e
apresenta um Jesus vivo que mata a doença, não o
doente. Talvez os cristãos de países como o Brasil
precisem lembrar aos cristãos dos países ricos o motivo
por que Jesus veio ao mundo: destruir as obras do diabo,
não destruir as pessoas que são oprimidas por ele.
O fato é que as igrejas que se abrem para um forte
contato com Deus, principalmente na área da cura
espiritual, física e emocional, conseguem
verdadeiramente abençoar a vida das pessoas. Mas
igrejas que não têm esse tipo de abertura correm o risco

165
de acabar se abrindo para outros tipos de “solução” para
o problema do sofrimento humano.
Enquanto as igrejas cristãs dos países ricos estão
ocupadas tentando descobrir se o casamento
homossexual e o aborto são opções bíblicas, igrejas de
países pobres, com toda sua simplicidade, estão cheias de
testemunhos de salvação, cura e libertação, pelo simples
fato de que as congregações são encorajadas a buscar a
Deus com fé e se abrir para a visitação do Espírito Santo.
É fácil ver que uma fé verdadeira não tem espaço para a
perspectiva do mundo que tolera a eutanásia. Muitas
vezes missionários americanos e europeus voltam para
seus países de origem e contam o que Deus faz no campo
missionário, grandes bênçãos e milagres que raramente
eles vêem na própria pátria.
Geralmente, embora reconheçam que há o momento
de “partir para Jesus”, cristãos mais simples e fiéis a Deus
sabem que a melhor maneira de encarar o sofrimento é
buscando a Deus com todas as forças e tomando posse
das promessas da Palavra de Deus. A característica mais
marcante de muitos cristãos em países pobres,
principalmente onde há muita perseguição, é forte
confiança no poder de Deus para restaurar a saúde e à
vezes desconfiança dos médicos. Esse tipo de
desconfiança é saudável num aspecto: mantém o cristão
afastado dos problemas e dilemas do aborto e eutanásia
que atingem os médicos. Ainda que ocorram muitos
milagres entre os cristãos de países menos
desenvolvidos, a abertura ao poder sobrenatural do
Espírito Santo não está limitada a eles. Cristãos de
diferentes denominações, às vezes das igrejas mais
tradicionais nos países ricos, experimentam visitações
incríveis de Deus. Mas essas visitações têm sido muito
mais freqüentes nos países onde há mais perseguição ao
Evangelho.
A verdade é que os cristãos fiéis à Palavra de Deus
têm dificuldade de ver a morte como um meio de fugir do

166
sofrimento. Eles vêem a morte como o “último inimigo”,
não como uma amiga. A morte é conseqüência do pecado
e o cristão deve resisti-la, não abraçá-la. O pastor
presbiteriano Paul Fowler escreve com relação ao aborto:
“Os temas da vida e da morte aparecem em toda a Bíblia
como alvos totalmente contrários. Deus é o Criador da
vida. A morte é a perda da vida que Deus criou”.

Quem tem o direito de tirar a vida inocente?


Ainda que não tivesse promessa alguma na Palavra de
Deus para nos ajudar no sofrimento, ainda assim o cristão
fiel respeitaria e honraria o que Deus diz:

“Não mate”. (Êxodo 20:13 BLH)


“Maldito seja aquele que matar outro… à traição!…
Maldito aquele que receber dinheiro para matar uma
pessoa inocente!…” (Deuteronômio 27:24,25 BLH)
“Ele [o homem perverso] se esconde… e mata
pessoas inocentes”. (Salmo 10:8 BLH)
“Existem sete coisas que o Deus Eterno detesta e
que não pode tolerar: …mãos que matam gente
inocente…” (Provérbios 6:16-18 BLH)

Além do testemunho da Palavra de Deus, há também


o testemunho de cristãos sinceros. O Rev. G. Campbell
Morgan (1863-1945) comentou sobre o mandamento de
não matar. Ele diz:

QUEM TEM O DIREITO DE TERMINAR A VIDA?


Deus é soberano sobre a vida de cada pessoa. Esse é o
alicerce mais importante da estrutura social. A Palavra de
Deus mostra claramente que a vida humana é sagrada. Deus
a criou de maneira misteriosa e magnífica em seu começo e
possibilidade, completamente além do controle da
compreensão dos seres humanos…

167
A revelação que Deus fez ao homem prova que ele tem
um propósito para toda pessoa e para a raça humana…
Terminar uma só vida é colocar a inteligência e sabedoria do
homem acima da sabedoria de Deus.
As questões da morte são tão imensas que não há
pecado contra a humanidade e contra Deus que seja tão
grave quanto o pecado de tirar a vida. Esse breve
mandamento declara a primeira lei fundamental acerca da
vida humana, tão clara e vital que exige atenção máxima.
A vida é um presente que Deus deu… Esse mandamento,
pois, com palavras muito simples, mas de maneira severa,
envolve a vida de cada ser humano com uma gloriosa Lei. Dá
somente a Deus o direito de terminar a vida que ele deu.249

Perguntaram ao evangelista Billy Graham: “Por que


tantas pessoas são contra a idéia de ajudar no suicídio de
uma pessoa que tem uma doença crônica e está sem
esperança de recuperação? Parece uma boa opção, e eu
mesmo não ia querer continuar vivendo se estivesse
nessa situação”. Graham, então com 81 anos de idade,
respondeu: “O motivo principal é que foi Deus quem nos
deu a vida, e só Ele tem o direito de tirá-la. A vida é um
presente sagrado de Deus. Não estamos aqui
simplesmente por acaso. Foi Deus quem nos colocou aqui.
Assim como Ele nos colocou aqui, só Ele tem a autoridade
de nos levar embora, e quando tomamos essa autoridade
em nossas mãos, violentamos Seus propósitos cheios de
sabedoria. Não se deve destruir a vida arbitrariamente”. 250

Agostinho disse:

Nenhuma pessoa deve infligir em si mesma morte voluntária, 
pois isso seria fugir dos sofrimentos do tempo presente para se 
atirar   nos   sofrimentos   da   eternidade…  Nenhuma   pessoa   deve 
acabar com a própria vida a fim de obter uma vida melhor depois 

249 “Who has the right to end life?”, artigo publicado na revista Decision (Billy Graham
Evangelistic Association: Winnipeg, Canadá, junho de 2000 [edição canadense]), p. 34.
250 Lifesite Daily News, 7 de setembro de 1999, Toronto, Canadá.

168
da morte, pois quem se mata não terá uma vida melhor depois 
de morrer. 251

Paganismo nas igrejas


O motivo por que muitas igrejas cristãs dos países
ricos estão se fechando para os mandamentos de Deus e
se abrindo para idéias a favor do aborto, eutanásia e
homossexualismo é a volta do paganismo. Quando
pensamos na palavra pagão, o que surge na mente?
Imaginamos pessoas da antiguidade que adoravam
árvores? Essa noção está fora de moda. Conforme diz o
Dr. Robert George, da Universidade de Princeton, o termo
“pagão” agora se aplica melhor aos americanos e
europeus ricos bem estudados de hoje — inclusive muitos
que vão à igreja.
A definição de paganismo de George foi apresentada
num encontro recente do Toward Tradition, um grupo que
reúne judeus ortodoxos e cristãos conservadores. Ele
disse que o paganismo não está confinado ao passado,
onde povos primitivos ofereciam sacrifícios ao sol. Para
ele, a tentação de adorar falsos deuses é permanente e
constante.
A essência do paganismo é a idolatria — a adoração
de deuses falsos no lugar do único Deus verdadeiro. Mas,
lamentavelmente, muitos cristãos modernos caem em
práticas pagãs e nem mesmo percebem, e alguns até
freqüentam igrejas que realmente as promovem.
Como sabemos que os europeus e americanos se
paganizaram? George diz que há um teste a prova de
falhas: “Os deuses falsos exigem o sangue dos inocentes.
Quando há o assassinato de pessoas inocentes e justas…
não é o Deus de Israel que se está adorando”. Mas os
deuses falsos dos pagãos modernos são ainda mais

251St. Augustine, The City of God. Taken from "The Early Church Fathers and Other
Works" originally published by Wm. B. Eerdmans Pub. Co. in English in Edinburgh,
Scotland, beginning in 1867. (LNPF I/II, Schaff).

169
sanguinários. “Hoje”, George diz, “as crianças antes do
nascimento, na hora do nascimento e os recém-nascidos
defeituosos são… sacrificados aos deuses falsos da
escolha, autonomia e liberação. Eles são sacrificados em
altares de aço inoxidável, por sacerdotes em roupas
cirúrgicas”. E os defensores da eutanásia e do suicídio
com ajuda médica são seus irmãos na fé.
Em contraste, George observa, os cristãos fiéis…
adoram o Senhor da vida — o Deus que dá a todos os
seres humanos (por mais humildes e pobres que sejam)
— uma dignidade sublime”. É por esse motivo que “a vida
de toda pessoa inocente é… de, maneira igual, inviolável
sob a lei moral”.
Os pagãos modernos — inclusive a maioria dos
cristãos e judeus secularizados — escondem sua ideologia
pagã num disfarce de honestidade e boas ações. Eles
falam de compaixão, até mesmo quando desculpam seu
apoio ao aborto legal e à eutanásia. Na verdade, o que
eles estão adorando não é o Deus de compaixão, mas os
falsos deuses que trazem morte.
É fato histórico que toda civilização que sacrifica
crianças aos deuses se condena à destruição. A Bíblia
descreve como até grandes impérios desabaram porque
derramaram sangue inocente. Alguns anos atrás, um
americano visitou uma senhora cristã na Índia e
perguntou o que ele poderia fazer para ajudá-la. Ela
respondeu: “Volte para os Estados Unidos e ajude a deter
a matança dos bebês inocentes. Apresse-se, enquanto há
tempo, ou o seu país sofrerá o juízo de Deus”.
É importante que saibamos discernir o que está
acontecendo nos EUA e Europa, pois devido a ensinos e
práticas antibíblicas muitas igrejas americanas e
européias apóiam os sacrifícios pagãos sem sentir peso
na consciência. 252

252Todo esse texto sobre paganismo moderno foi adaptado da mensagem Innocent
Blood: The Demand of Paganism, BreakPoint with Charles Colson,Commentary
#001208 - 12/08/2000.

170
Igreja e sociedade
É importante também compreender que nenhuma
sociedade fica parada. Todas as sociedades costumam
mudar de direção. Ou avançam para mais perto dos
padrões que estão de acordo com os princípios
estabelecidos por Deus, ou se afastam deles.
Em Mateus 5, o Senhor Jesus nos deu a missão de ser
o sal da terra e a luz do mundo. É a responsabilidade de
todos os cristãos influenciarem a sociedade com os
princípios de Deus. Se não fizermos isso, a sociedade se
afastará mais e mais dos padrões de Deus. Se deixarmos
de influenciar a sociedade, há o risco de que as igrejas
cristãs sejam influenciadas pelo mundo. O mundo dará o
exemplo e a direção e as igrejas seguirão o mundo e seus
padrões.
A outra possibilidade é que ainda que permaneçam
firmes, se as igrejas deixarem de influenciar a sociedade,
a sociedade aos poucos vai se afastar das igrejas. Então o
mundo achará as igrejas mais estranhas em seus valores
e costumes. Esse distanciamento deixará as igrejas tão
isoladas socialmente quanto uma ilha solitária no meio do
oceano Pacífico. Quando isso chega a acontecer, o que
ocorre em seguida é que os cristãos acabam sendo
chamados de extremistas, fundamentalistas ou radicais
quando tentam defender valores importantes. Tal é o que
vem ocorrendo com relação ao aborto, homossexualismo,
eutanásia, etc. 253

Uma das questões mais importantes que devemos


considerar é de que maneira o assassinato de pessoas
inocentes, através do aborto legal e da eutanásia, pode
afetar negativamente a sociedade. Deus diz: “Portanto,
não profanem com crimes de sangue a terra onde vocês

253Dr. Albertus van Eeden, Abortion and Euthanasia in South Africa, documento
apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e as Questões
Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de 1998).

171
vivem, pois os assassinatos profanam o país. E a única
maneira de se fazer a cerimônia de purificação da terra
onde alguém foi morto é pela morte do assassino”.
(Números 35:33 BLH) Nessa passagem, Deus indica que
se a sociedade não tomar medidas sérias contra o
assassinato de pessoas inocentes, o derramamento desse
sangue poderá abrir brechas espirituais para os demônios
espalharem maldições e morte pela sociedade. O Bispo
Robson Rodovalho diz: “Ondas de homicídios, acidentes
de trânsito, estupros, desempregos e outras tragédias
semelhantes são ondas que têm origem em ações
demoníacas”. 254

A Igreja de Jesus Cristo conhece realidades espirituais


e terrenas que precisa transmitir e aplicar na sociedade.
Mas de que modo os cristãos, como igreja e indivíduos,
podem realmente fazer uma diferença na sociedade em
questões como o aborto e a eutanásia? Intercedendo
pelas pessoas envolvidas e confrontando as forças
espirituais, as leis e as tendências sociais que as
favorecem. O Bispo Robson afirma: “Quando há
realmente esse ministério de intercessão e confrontação,
haverá evangelização. É aí que o poder do Evangelho
precisa moldar, transformar e fazer a diferença da
cultura”. 255

254 Robson Rodovalho, Quebrando as Maldições Hereditárias (Editora Koinonia: Brasília,


1992), p. 83.
255 Robson Rodovalho, Quebrando as Maldições Hereditárias (Editora Koinonia: Brasília,
1992), p. 91.

172
A IMIGRAÇÃO COMO SOLUÇÃO?
Os países ricos estão com uma população jovem cada 
vez   mais   reduzida   e   com   uma   população   idosa   que,   por 
causa dos avanços tecnológicos na área da saúde, vive mais 
e   mais   anos   recebendo   aposentadoria   e   sobrecarregando 
financeiramente os serviços de saúde. Esses países só vêem 
duas   opções   para   tentar   deter   os   problemas   econômicos 
que   já   estão   aparecendo   no   horizonte:   incentivar   as 
mulheres   a   ter   famílias   maiores   ou   incentivar   em   grande 
escala a entrada de imigrantes em seus países. Sem essas 
opções, a única perspectiva seria a aceitação compulsória 
da eutanásia para todos os idosos a partir de determinada 
idade,   a   fim   de   impedi­los   de   esgotar   os   recursos 
econômicos nacionais.  Numa reunião sobre imigração em
1 de agosto de 1999, Antonio Fazio, o presidente do
Banco da Itália, frisou a importância de aumentar a índice
de natalidade e imigração para garantir o
desenvolvimento econômico e social. 256

Um importante documento mostra:

Os   rápidos   avanços   na   área   da   tecnologia   médica, 


juntamente com as crescentes expectações sociais com relação 
à assistência e à cura, garantem que os gastos de assistência 
de   saúde   para   os   grupos   de   todas   as   idades   continuarão   a 
crescer mais rápido do que a economia na maioria dos países 
desenvolvidos. Essa tendência de custos é de maneira especial 
explosiva porque os idosos consomem entre três e cinco vezes 
mais   serviços   de   saúde   per   capita   do   que   as   pessoas   mais 
jovens. 257

Em   face   desses   problemas,   os   governos   teriam   de 


aumentar   a   idade   de   aposentadoria   e   fazer   com   que   os 
256 (Immigrants are Positive Resource for Country, Zenit News Service, notícia
divulgada na internet pela 1999, American Life League, Inc,)
257Documento Global Aging: The Challenge of the New Millenium (Center for Strategic
and International Studies: Washington DC: 1999), p. 10.

173
trabalhadores   trabalhem   mais   horas.   Mas   ao   que   tudo 
indica, nem isso seria suficiente para resolver plenamente a 
sobrecarga   de   uma   população   idosa   grande   demais.   A 
Europa, por esse motivo, é forçada a receber 4 milhões de 
imigrantes   anualmente   para   compensar   a   diminuição   da 
população   trabalhadora   jovem.   Além   disso,   os   europeus 
258

jovens   terão   de   trabalhar   mais   horas   para   sustentar   a 


previdência social e os idosos, com as medidas sociais que 
serão  tomadas,  terão  de  trabalhar  mais  anos  e  esperar  a 
aposentadoria   mais   tarde   na   vida.   O   próprio   conceito   de 
idoso   terá   de   ser   modificado   para   que   se   alcance   essa 
meta. 259

Quem quer mais bebês?


Ainda   que   as   esposas   americanas   e   européias 
começassem agora a ter famílias numerosas, os resultados 
só começariam a aparecer daqui a uns 25 anos. Essa seria 
uma   solução   de   longo   prazo,   mas   nos   EUA   e   Europa   as 
famílias são materialistas demais para verem a chegada de 
mais crianças no lar como um investimento para o futuro 
do país. Aparentemente, no mundo materialista de hoje, só 
o cristão fiel a Deus conseguiria ver uma família numerosa 
como bênção (cf. Salmo 127:3­5). Apesar dos importantes 
incentivos   financeiros   do   governo   da   Alemanha,   França   e 
Japão para os casais que tiverem mais filhos, muito poucas 
famílias estão aproveitando a oportunidade.
A grande maioria das esposas nesses países trabalha
fora e não quer trocar um estilo de vida profissional e
materialista por uma vida dedicada ao lar e aos filhos.
Essa mudança de comportamento foi provocada por
vários fatores. A Europa e os EUA sofreram décadas de
campanhas desanimando os casais de querer famílias
grandes. Ainda que Annie Besant tenha sido a principal
258Documento Global Aging: The Challenge of the New Millenium (Center for Strategic
and International Studies: Washington DC: 1999), p. 17.
259Documento Global Aging: The Challenge of the New Millenium (Center for Strategic
and International Studies: Washington DC: 1999), p. 23.

174
responsável pelo lançamento desse tipo de propaganda
no século XIX, foi só Margaret Sanger quem conseguiu
aplicar com êxito as idéias de planejamento familiar de
Besant. As duas, em seu radicalismo, jogavam sobre as
famílias numerosas a culpa de todos os males sociais,
desde a criminalidade até a fome. Com o tempo, até
muitos casais evangélicos passaram a acreditar mais nas
teorias delas do que nas promessas de Deus nos Salmos
127 e 128. Hoje a Europa e os EUA exportam e financiam
essas campanhas no mundo inteiro, inclusive no Brasil.

Imigração em massa: uma necessidade crescente


A   revista  Veja  de   1   de   agosto   de   2001   alerta:   “As 
economias da Europa, dos Estados Unidos e até do Japão 
precisam dos pobres, dos deserdados e dos aventureiros do 
Terceiro   Mundo…   Não   se   trata   de   humanitarismo.   As 
razões são puramente econômicas. Sua lógica é simples. Os 
imigrantes, por mais pobres que sejam, geram riquezas nos 
lugares que os acolhem.” 260

Embora a aceitação da imigração em massa não agrade 
a   muitos   americanos   e   europeus,   eles   são,   devido   às 
circunstâncias,   obrigados   a   aceitá­la,   para   o   bem   da 
própria economia de seus países. Isso traz uma perspectiva 
interessante para eles e para nós. Mais do que nunca, eles 
vão   precisar   de   nós   para   ajudá­los.   Pode­se   dizer   que   o 
futuro   deles   não   mais   pertence   aos   descendentes 
insuficientes que eles estão deixando, mas a todos nós, do 
Brasil   e   de   outros   países   em   desenvolvimento,   que 
estivermos   dispostos   a   emigrar   para   seus   países.   A 
imigração   é   agora   vista   como   uma   necessidade 
indispensável   para   a   sobrevivência   econômica   das   nações 
ricas. Um documento das Nações Unidas declara:

 As projeções das Nações Unidas indicam que nos próximos 
50   anos   as   populações   de   virtualmente   todos   os   países   da 

260 Artigo A Solução que Vem de Fora, p. 80.

175
Europa   e   Japão   enfrentarão   declínio   da   população   jovem   e 
aumento da população idosa. Esses novos desafios… exigirão 
novas e mais abrangentes avaliações… com relação à migração 
internacional. 261

Diante dessas tendências na estrutura da população, o 
documento   propõe   migração   de   substituição   para   oito 
países   com   baixa   fertilidade   (França,   Alemanha,   Itália, 
Japão, República da Coréia, Federação Russa, Reino Unido 
e   Estados   Unidos)   e   duas   regiões   (Europa   e   União 
Européia).   O   documento   diz:   “Migração   de   substituição 
refere­se à migração internacional que um país precisa para 
compensar a diminuição da população jovem e o aumento 
da   população   idosa   causados   por   baixas   taxas   de 
natalidade e mortalidade”. 262

Essa informação  oficial da  ONU nos  ajuda a  entender 


que, quer aceitem ou não sua realidade, os EUA e a Europa 
precisarão mais cedo ou mais tarde abrir suas portas para 
milhões de imigrantes — apenas para manter seu elevado 
padrão econômico. Nesse debate, não se coloca a questão 
do papel econômico do imigrante para livrar os idosos da 
eutanásia, porque a preocupação principal dos países ricos 
parece   ser   proteger   seu   próprio   materialismo,   não   a   vida 
humana.
A questão da imigração traz oportunidades importantes 
para   os   países   ricos   e   para   nós   no   Brasil.   O   jornalista 
americano Matt Marshall, num artigo publicado na revista 
alemã  Deutschland, conta o caso de um brasileiro que se 
aventurou como imigrante e alcançou muito mais do que 
queria:

261Replacement Migration: Is it a Solution to Declining and Ageing Populations?


(Department of Economic and Social Affairs/Population Division/ United Nations: New
York-USA, 20 de março de 2000).
262Replacement Migration: Is it a Solution to Declining and Ageing Populations?
(Department of Economic and Social Affairs/Population Division/ United Nations: New
York-USA, 20 de março de 2000).

176
Romildo Wildgrube veio à Alemanha em 1992 em busca de 
trabalho.   Encontrou   emprego   no   Ministério   federal   dos 
Transportes, mas bem cedo o trabalho ficou monótono. A sua 
verdadeira paixão era o computador, diante do qual passava as 
noites,   ampliando   seus   conhecimentos   em   alta   tecnologia. 
Desiludido  com a falta  de perspectiva profissional,  Wildgrube 
foi   para   os   EUA   em   1996.   Enquanto   ainda   estudava   inglês, 
encontrou   uma   colocação   numa   empresa   de   computação   no 
Vale   do   Silício,   onde   ganhava   8   dólares   por   hora.   Após   seis 
meses,   assumiu   outro   emprego   em   computação   e   passou   a 
ganhar 25 dólares por hora. Em 1999, ele estava dirigindo o 
departamento   de   suporte   de   computador   de   uma   jovem 
empresa de Internet, ganhando um salário de mais de 100.000 
dólares   por   ano   e,   em   pouco   tempo,   já   possuía   milhares   de 
ações   de   diversas   empresas.   O   valor   dessas   empresas   subiu 
para   mais   do   dobro   do   seu   salário   anual.   Ele   comprou   uma 
casa na baía de São Francisco. Para ele, o “o sonho” americano 
tornou­se   realidade.   Mas   Wildgrube   fez   mais   —   ele   criou 
empregos nos EUA. Contribuindo para cobrir a necessidade de 
especialistas   em   computação   de   empresas   americanas,   ele 
ajudou   outra   empresa   de   computação   a   conquistar   e   firmar 
sua   posição   no   mercado   on­line   internacional.   A   empresa 
Double­Click  experimentou   um   crescimento   enorme   e   se 
expandiu logo depois para outros países. Para preencher suas 
necessidades empresariais, a empresa teve de contratar  mais 
empregados para a área de marketing e vendas, na maior parte 
americanos   formados   em  áreas   acadêmicas   mais   leves,   como 
literatura,   economia   ou   administração   de   empresa.   Sem   a 
afluência   de   estrangeiros   com   as   respectivas   experiências 
técnicas, essa empresa não teria conseguido essa expansão e 
sucesso — e os americanos não teriam conseguido emprego. Os 
americanos   não   estavam   em   condições   de   assumir   esses 
empregos   devido   à   falta   de   formação   específica.   E   como   a 
revolução   da   Internet   começava   a   explodir,   não   havia   tempo 
suficiente   disponível   para   esperar   até   que   jovens   americanos 
tivessem   concluído   a   devida   formação   nas   escolas.   Hoje, 
Wildgrube trabalha em outra empresa, onde a maioria de seus 
colegas de trabalho é russa. Ele e seus companheiros também 
ajudaram essa empresa a dar uma boa arrancada no mercado, 
o que teve como resultado  a  contratação   de mais pessoas — 

177
por   exemplo,   Sean   Murphy,   de   25   anos,   um   americano   que 
trabalha no setor de publicidade da empresa. 263

A   necessidade   de   mais   trabalhadores   nos   países 


avançados   está   abrindo   as   portas   de   oportunidades   para 
brasileiros com iniciativa como Romildo Wildgrube. Romildo 
teve a possibilidade de emigrar e, em vez de tirar o emprego 
de americanos, ele acabou contribuindo para a criação de 
mais   empregos   para   eles.   O   jornalista   Marshall   avalia   o 
desempenho e a iniciativa de Romildo: “Contribuindo para a 
implantação de  empresas no  setor das  novas tecnologias, 
ele   também   contribuiu   para   que   surjam   novos   empregos, 
que algum dia serão ocupados por jovens americanos”. 264

As leis americanas permitem que empresas americanas 
tragam   todos   os   anos   em   torno   de   115.000   especialistas 
estrangeiros   para   trabalhar   nos   EUA   por   um   limitado 
período de tempo, embora o número de vagas de trabalho 
ultrapasse 300.000.
Na   Alemanha,   o   país   mais   forte   da   Europa   hoje,   a 
situação não é diferente. O jornalista Marshall comenta:

Na   Alemanha   existem   atualmente   75.000   vagas   de 


empregos sem cidadãos alemães treinados para preenchê­las. 
Segundo   uma   estimativa,   essa   escassez   de   trabalhadores 
subirá, em poucos anos, a 500.000 vagas. Além disso, há ainda 
outro   problema:   nas   próximas   três   décadas   o   número   de 
alemães com mais de 60 anos aumentará 50%, ao passo que o 
número   de   alemães   entre   20   e   60   anos   provavelmente 
diminuirá   50%,   causando   assim   uma   sobrecarga   enorme   no 
sistema de aposentadoria e bem­estar social da Alemanha. Se 
esse   espaço   vago   não   for   preenchido   com   imigrantes,   a 
Alemanha   terá   de   optar   por   uma   sociedade   envelhecida,   por 
uma economia de crescimento lento e nível elevado de preços. 
Um   relatório   publicado   recentemente   pelas   Nações   Unidas 
afirma   que   a   Alemanha   precisa   anualmente   de   500.000 
263 Matt Marshall, Green Card Initiative (Societäts-Verlag: Frankfurt, Alemanha,
junho/julho de 2000), pp. 9,10.
264 Matt Marshall, Green Card Initiative (Societäts-Verlag: Frankfurt, Alemanha,
junho/julho de 2000), p. 10.

178
imigrantes, se quiser manter estável o nível demográfico de sua 
população. Estima­se que nos próximos 50 anos a população 
alemã diminuirá entre 20 e 60 milhões de pessoas. E como no 
futuro também vai ser preciso varrer as ruas, dirigir os ônibus 
do transporte coletivo e executar as atividades administrativas 
do governo, temos de fazer uma pergunta: como é que sobrará 
pessoas   para   trabalhar   para   as   empresas   voltadas   para   a 
inovação? 265

O jornal inglês  Telegraph  de 21 de julho de 2000 diz: 


“Sob a ameaça de uma população que está diminuindo, a 
Alemanha   terá   de   importar   milhões   de   trabalhadores 
migrantes para manter sua posição como a maior potência 
econômica   da   Europa”.   O   governo   da   Alemanha   tem 
266

tomado medidas para permitir a entrada anual de centenas 
de  milhares  de  trabalhadores  estrangeiros.  Se  as  famílias 
alemãs tivessem tido mais filhos, haveria hoje perspectiva 
de trabalhadores suficientes para sustentar a economia e 
preencher os milhares de vagas de empregos que existem. 
Mas   ainda   que   os   casais   alemães   se   dispusessem   a   ter 
famílias grandes agora, levaria anos até a nova “safra” estar 
pronta para o mercado de trabalho. Então, a solução mais 
imediata   para   impedir   o   colapso   da   economia   são   os 
imigrantes.
Até   nos   EUA,   com   todo   o   seu   avanço   tecnológico,   há 
hoje   mais   de   300.000   de   vagas   de   empregos   no   setor   de 
tecnologia   que   os   próprios   americanos   não   estão 
conseguindo   preencher.   Parece   não   haver   trabalhadores 
suficientes   para   essas   funções.   Por   isso,   empresas 
americanas   estão   lutando   na   justiça   a   fim   de   que   a   lei 
permita   a   distribuição   anual   de   centenas   de   milhares   de 
vistos   especiais   para   que   especialistas   de   outros   países 
possam se instalar definitivamente nos EUA. 267

265 Matt Marshall, Green Card Initiative (Societäts-Verlag: Frankfurt, Alemanha,


junho/julho de 2000), p. 10.
266 James Drake & Julius Strauss, Shrinking population threatens German economy:
www.telegraph.co.uk

179
Trabalhadores imigrantes oferecem muitos benefícios
A   necessidade   mais   urgente   no   momento   é   de 
trabalhadores bem qualificados. Mas à medida que o tempo 
vai   passando,   a   necessidade   de   jovens   trabalhadores 
aumenta   dramaticamente.   Até   mesmo   setores   menos 
especializados do mercado de trabalho nos EUA e Europa 
enfrentarão   escassez   de   todos   os   tipos   de   trabalhadores, 
pois pessoas terão de ser contratadas para construir casas 
e prédios e outros serviços, como encanadores, eletricistas, 
etc.   A   probabilidade   quase   certa   é   que   essa   necessidade 
abrirá   espaço   para   milhões   de   jovens   que   imigram   em 
busca   de   melhores   empregos.   Um   efeito   positivo   para   o 
imigrante   é   que   geralmente   sua   renda   aumenta   com   um 
emprego   numa   nação   avançada.   Uma   vantagem   para   os 
países   desenvolvidos   é   que   geralmente   os   imigrantes   são 
jovens   e   contribuem   positivamente   para   sustentar   o 
sistema de aposentadoria dos idosos.
De acordo com o Dr. Julian Simon, economista
americano de fama internacional, a imigração de pessoas
de países pobres traz muitos benefícios para os países
ricos: maior produtividade, padrão de vida mais elevado e
um abrandamento da pesada sobrecarga social causada
por crescentes proporções de dependentes idosos. E é
claro que os imigrantes também se beneficiam. Até
mesmo os países de origem se beneficiam com as
transferências de dinheiro que os imigrantes mandam
para suas famílias, e os laços de amizade entre os dois
países melhoram. 268

Em seu livro The Ultimate Resource (O Recurso


Máximo), o Dr. Simon mostra que os imigrantes pagam
muito mais impostos do que os custos dos serviços de
assistência social e educação escolar que eles usam.

267 Matt Marshall, Green Card Initiative (Societäts-Verlag: Frankfurt, Alemanha,


junho/julho de 2000), p. 11.
268 Julian L. Simon, The Ultimate Resource, People, Materials, and Environment (College of Business and
Management, University of Maryland: College Park, EUA, s.d.). Dr. Brian Clowes, Pro-Life Library
CD-Rom. 2000 Human Life International.

180
Aliás, em média a família imigrante usa menos os serviços
de assistência social e paga mais impostos do que em
média paga a família natural do país. O motivo é que os
imigrantes não são velhos, cansados e sem experiência.
Geralmente, eles estão no auge da idade de trabalhar. O
Dr. Simon consegue provar que os imigrantes acabam de
diversas maneiras contribuindo positivamente para a
economia do país. 269

Havia   época   em   que   o   interesse   principal   dos   países 


ricos nos países pobres era as matérias­primas: indústrias 
americanas e européias buscavam ouro, prata, etc. A partir 
de hoje, essas indústrias estarão atrás de outro artigo de 
valor:   jovens   trabalhadores.   Grandes   empresas   estão 
pressionando os governos da Europa e EUA para facilitar a 
entrada legal de trabalhadores estrangeiros em seus países.
Milhões   de   imigrantes   trabalhando   nos   países   ricos 
poderiam   ajudar   a   evitar   o   colapso   da   economia   e   a 
sobrecarga   do   sistema   de   aposentadoria.   Em   parte   a 
sobrecarga   econômica   está   encorajando   a   aceitação   da 
eutanásia,   mas   o   maior   culpado   é   a   ausência   de   valores 
morais. O colapso da economia é previsto para um futuro 
não longe, porém o colapso da família e dos valores morais 
já é uma realidade inegável nos países ricos.
Diversas tendências hoje indicam que a aceitação legal 
ou social da eutanásia para os idosos em grande escala fará 
parte do futuro dos países ricos. É claro que os imigrantes 
poderão representar uma solução parcial ou ampla para o 
complicado   problema   da   falta   de   jovens   para   sustentar   o 
sistema de previdência e saúde pública, que são o principal 
apoio ao idoso. Mas é difícil analisar neste momento se a 
presença deles conseguirá afetar de alguma maneira como 
os   europeus   e   americanos   vêem   a   questão   da   eutanásia, 
aborto, etc.

269Julian L. Simon, The Ultimate Resource, People, Materials, and Environment (College of Business and
Management, University of Maryland: College Park, EUA, s.d.). Dr. Brian Clowes, Pro-Life Library
CD-Rom. 2000 Human Life International.

181
Imigração missionária profética
O   imigrante   temente   a   Deus   poderá   desempenhar   um 
papel importante em futuro bem próximo. Deus realmente 
poderá   levantar   “missionários”   brasileiros   para   emigrar 
para os EUA e Europa. Deus lhes dará uma visão, unção e 
caráter   profético   que   lhes   permitirá   dar   um   testemunho 
forte que defenda os bebês contra o aborto, as crianças e 
jovens contra o ativismo gay e os idosos e doentes contra a 
eutanásia.   Sem   mencionar   que   eles   evitarão   a 
contaminação   dos   valores   sociais   modernos   que   estão 
enfraquecendo os cristãos dos países ricos. Precisamos pois 
aproveitar   essa   oportunidade,   pois   até   os   ativistas 
homossexuais   dos   EUA   estão   lutando   para   que   gays   de 
países pobres possam imigrar para os EUA.  270

Deus já está levantando brasileiros para o evangelismo 
internacional. Há  hoje missionários brasileiros em muitos 
países   necessitados   e   fechados   para   os   missionários   dos 
países   ricos.   Brasileiros   estão   sendo   levantados   para 
evangelizar   muçulmanos,   budistas,   animistas,   etc.   Essa 
tendência está de acordo com a observação e discernimento 
de David Wilkerson, em seu livro profético Set the Trumpet 
to Thy Mouth. Ele diz:

Deus   não   precisa   dos   EUA   para   evangelizar   o   mundo. 


Falhamos   nessa   missão.   Nosso   país   gasta   mais   dinheiro 
anualmente   em   comida   de   cachorro   do   que   em   missões…  Um 
grande exército de testemunhas de todas as nações divulgará o 
Evangelho   para   todo   o   mundo.   É   a   colheita   final   do   Senhor. 
Agora   mesmo   o   Espírito   de   Deus   está   levantando   um   grande 
número de testemunhas na China. A América do Sul e a África 
serão   totalmente   evangelizadas   por   testemunhas   poderosas   de 
seus próprios países. O México e a América do Sul estão abertos 
ao Evangelho, e Deus está levantando jovens evangelistas. Eles 
não   precisarão   de   juntas   missionárias,   ordenação,   grande 

270 Veja o capítulo 117 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.

182
quantia de dinheiro e equipamentos pomposos. Eles viverão com 
muito   pouco   dinheiro,   como   viviam   os   primeiros   cristãos.   Em 
curto   tempo,   eles   cobrirão   a   terra   com   o   Evangelho.   E   eles 
indicarão o juízo ardente de Deus sobre a despreocupada, rica e 
moderna Babilônia como sinal de que o fim está perto. 271

David   Wilkerson   diz:   “Creio   que   a   Babilônia   moderna 


são os Estados Unidos, inclusive sua sociedade corrupta e 
seu sistema eclesiástico adúltero”.    Essa perspectiva não 
272

está longe da realidade, pois os EUA têm há muito tempo se 
empenhado,   através   de   meios   diplomáticos,   financeiros   e 
políticos, na luta para legalizar o aborto em todos os países, 
inclusive no Brasil. Hoje o aborto, amanhã a eutanásia. O 
Rev. Wilkerson realmente acha que Deus usará cristãos dos 
países   menos   desenvolvidos   para   repreender   os   erros   da 
moderna Babilônia. E já que Deus está levantando tantos 
brasileiros   para   o   evangelismo   internacional,   o   que   o 
impediria de levantar profetas também?

O chamado de Deus para a imigração


Deus   algumas   vezes   chama   seus   servos   para   uma 
imigração profética. Veja o caso de Abraão:

“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai­te da tua terra, da 
tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu 
te   mostrarei.   Eu   farei   de   ti   uma   grande   nação; 
abençoar­te­ei,   e   engrandecerei   o   teu   nome;   e   tu,   sê 
uma   bênção.   Abençoarei   aos   que   te   abençoarem,   e 
amaldiçoarei   àquele   que   te   amaldiçoar;   e   em   ti   serão 
benditas todas as famílias da terra. Partiu, pois Abrão, 
como   o   Senhor   lhe   ordenara,   e   Ló   foi   com   ele.   Tinha 
Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Abrão 
levou consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu 
271 David Wilkerson, Set the Trumpet to Thy Mouth (World Challenge, Inc: Lindale, EUA,
1985), p. 26.
272 David Wilkerson, Set the Trumpet to Thy Mouth (World Challenge, Inc: Lindale, EUA,
1985), p. 3.

183
irmão,   e   todos   os   bens   que   haviam   adquirido,   e   as 
almas que lhes acresceram em Harã; e saíram a fim de 
irem à terra de Canaã; e à  terra de Canaã  chegaram. 
Passou  Abrão  pela  terra  até  o  lugar  de  Siquém,  até  o 
carvalho de Moré. Nesse tempo estavam os cananeus na 
terra. Apareceu, porém, o Senhor a Abrão, e disse: À tua 
semente   darei   esta   terra.   Abrão,   pois,   edificou   ali   um 
altar ao Senhor, que lhe aparecera”. (Gênesis 12:1­7)

Vários   Salmos   nos   convidam   a   louvar   o   Senhor   em 


outras   nações.   Tal   convite   é   também   um   chamado   para 
servirmos   a   ele   em   outros   países.   A   melhor   maneira   de 
louvá­lo   é   viver   uma   vida   de   testemunho   cristão   que 
realmente glorifique e honre o nome de Jesus.

“Pelo que,  ó Senhor, te louvarei entre as nações, e 
entoarei louvores ao teu nome”. (Salmo 18:49)
“Louvar­te­ei,   Senhor,   entre   os   povos;   cantar­te­ei 
louvores entre as nações”. (Salmo 57:9)
“Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos 
os povos as suas maravilhas… Dizei entre as nações: O 
Senhor   reina;   ele   firmou   o   mundo,   de   modo   que   não 
pode   ser   abalado.   Ele   julgará   os   povos   com   retidão.” 
(Salmo 96:3,10)
“Louvar­te­ei   entre   os   povos,   Senhor,   cantar­te­ei 
louvores entre as nações”. (Salmo 108:3)

Houve   época   em   que   Deus   abençoou   grandemente 


países como o Brasil através da atividade de missionários 
americanos e europeus. Agora Deus poderá inverter tudo. 
Para que tenham sucesso em seu trabalho, os imigrantes 
“missionários” aos países ricos precisam entender um dos 
motivos por que a Europa e os EUA estão na situação em 
que estão.

184
A população desses países permite que o governo e as 
leis do ser humano tenham na vida deles um controle que 
só Deus deveria ter. Eles permitem que suas vidas sejam 
controladas do nascimento até a morte. Antes, quando as 
coisas   ficavam   difíceis,   muitos   deles   recorriam   a   Deus. 
Hoje, eles recorrem ao governo. Se precisavam de emprego, 
recorriam   a   Deus.   Agora,   eles   procuram   o   governo.   Eles 
foram   condicionados   a   deixar   que   o   governo   e   as 
instituições tomem total controle de suas vidas. Até muitos 
cristãos acham  que agora  é o  governo que  tem de  suprir 
solução para tudo e para todos. Em resumo, os habitantes
dos países ricos aprenderam a depender mais do governo
do que de Deus para suprir suas necessidades mais
básicas. E é justamente a preocupação com a
preservação dos recursos sociais que está predispondo
esses governos a aceitar o aborto e a eutanásia.

Ameaça no horizonte
Agora, eles estão na situação em que estão, com uma 
perspectiva de futuro econômico incerto e com o sombrio 
espectro da eutanásia. Mas, apesar de tudo, a Europa e os 
EUA não parecem estar com vontade de receber milhões de 
imigrantes   que,   com   certeza,   poderão   mudar 
consideravelmente   o   próprio   destino   étnico,   cultural   e 
religioso das nações ricas. Isso já aconteceu na Turquia e 
Norte   da   África,   regiões   que   no   passado   eram 
predominantemente  cristãs,   e  hoje   são  muçulmanas.   Isso 
não poderia acontecer na Europa e EUA, se pelos menos os 
cristãos buscassem mais a Deus e estivessem dispostos a 
receber mais as bênçãos de Deus. (Cf. Salmo 127:5 BLH)
A organização evangélica Concerned Women for America,
presidida por Beverly LaHaye , traz um importante alerta:
273

Temendo uma população muito reduzida, as Nações Unidas


editaram um relatório convidando mais imigrantes a entrar nas
273 A Dra. LaHaye é co-autora de O Ato Conjugal, um dos livros mais vendidos da
Editora Betânia.

185
nações industrializadas para compensar a diminuição da
população jovem e o crescimento da população idosa. Já que
as nações em desenvolvimento são alvo dos programas de
planejamento familiar [dos países ricos], e considerando que
suas populações jovens também começarão a diminuir, quem é
que sobrará para emigrar? 274

Depois de vermos tudo o que esses programas estão


fazendo para as nações ricas, essa se torna uma questão
importante para nós cristãos. Será que vamos deixar que
esses programas roubem de nós as bênçãos de Deus?
Pelo contrário, deveríamos deixar que os muçulmanos e
outros que não querem saber de Deus se utilizem desses
programas.

274 Catherina Hurlburt, It Started in America: How U.S. tax dollars hurt Peruvian women, 11 de maio, 2000.
Citada na seção Life de Concerned Women for America (www.cwfa.org), uma organização, evangélica
presidida pela Drª Beverly LaHaye.

186
A QUESTÃO DOS DOENTES CRÔNICOS

O Dr. C. Everett Koop diz:

Geralmente, os defensores da eutanásia mostram o paciente 
que   está   morrendo   como   alguém   que   está   sofrendo   dores 
intensas por causa de um câncer. Eles dizem que não se pode 
fazer   nada   medicamente   por   ele,   a   não   ser   acabar   com   sua 
existência horrível. [Mas] estamos vivendo na época da moderna 
farmacologia,   e  temos   a  capacidade  de  controlar   as  dores   com 
sedativos   e   tranqüilizantes…   Está   provado   que   quando   o 
paciente terminal recebe apoio físico, emocional e espiritual, há 
um efeito e ele fica livre das dores. 275

De   acordo   com   o   livro  To   Care   or   To   Kill?,   em   geral 


define­se   doente   terminal   como   a   pessoa   que   tem   uma 
doença que provavelmente causará sua morte dentro de 6 
meses.  O doente crônico, por outro lado, pode ser alguém 
276

que tem uma doença grave, mas não terminal. No entanto, 
a diferença entre doente crônico ou terminal pode significar 
bem   pouco   para   os   promotores   da   eutanásia.   Uma   vez 
tendo   cometido   o   pecado   de   apressar   deliberadamente   a 
morte de um paciente terminal, a consciência amortecida 
do médico pouco o incomodará se ele apressar a morte de 
outros   pacientes,   crônicos   ou   terminais,   doentes   ou 
saudáveis. O comportamento indiferente de muitos médicos 
da Holanda é prova desse fato.
O   problema   fundamental   por   trás   da   eutanásia   é   a 
ausência   de   Deus   na   vida   dos   médicos   e   na   vida   dos 
pacientes,   sem   mencionar   políticos   e   membros   da   elite 
social. Quando um médico sem Deus vê um doente grave 
sem   Deus,   ele   só   enxerga   uma   coisa:   falta   de   esperança. 
275 C. Everett Koop, The Right of Live, The Right of Die (Life Cycle Books: Ontário,
Canadá, 1980), p. 120.
276Teresa R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,
1999), p. 3.

187
Mas   mesmo   que   não   tema   a   Deus,   às   vezes   o   médico   é 
capaz de perceber que a fé em Deus faz uma diferença na 
vida do paciente.

Fé em Deus: principal fator de saúde e vida mais longa


A revista médica americana  Physician,   em sua edição  277

de   novembro/dezembro   de   1999   (pp.   20­22),   apresenta 


resultados   de   várias   pesquisas   de   autoridades   médicas 
seculares. Essas pesquisas descobriram que a fé em Deus é 
o fator mais importante para a cura ou o bem­estar de um 
doente, por mais grave que seja a sua condição. Vejamos 
algumas de suas descobertas:

• Cirurgia do coração: Um estudo na Faculdade Médica de


Dartmouth constatou que os pacientes idosos com problemas de
coração tinham 14 vezes mais chances de sobreviver depois de uma
cirurgia do coração quando eles tinham conforto e força em sua fé em
Deus.

• Transplantes do coração: A Universidade de Pittsburgh realizou


um estudo de pacientes que fizeram transplantes de coração. Esse
estudo constatou que os pacientes que criam fortemente em Deus e
que participavam de atividades religiosas mostraram maior melhoria
física depois de 1 ano.

• Câncer: Para descobrir como suprir de maneira melhor as


necessidades de pacientes cancerosos, uma equipe de pesquisadores
da Universidade de Michigan entrevistou 108 mulheres que estavam
passando por tratamentos durante várias fases de câncer
ginecológico. O que ajuda essas mulheres a lidar com o câncer? Uns
93% dessas pacientes de câncer disseram que sua fé as ajudou a
manter sua esperança. Uns 75% disseram que a igreja tinha um lugar
importante em suas vidas, 41% comentaram que sua fé em Deus
sustentou seu senso de valor pessoal. Quase metade — 49% — sentiu
que se tornaram mais abertas a Deus depois que o câncer apareceu.

• Depressão: A depressão é um problema que atinge muitas vezes


os pacientes mais velhos que são hospitalizados. Embora os casos
mais sérios de depressão ocorram só em 1% dos adultos mais velhos
que vivem normalmente, esse número eleva-se a mais que 10% entre
os idosos hospitalizados. A depressão, na maior parte, é conseqüência
do stress do sofrimento, da deficiência física e da perda de controle
que os idosos hospitalizados sentem durante uma doença. Além de
277Physiciané publicada pela organização evangélica Focus on the Family e distribuida
gratuitamente aos médicos profissionais. Seu e-mail é: <physician@macmail.fotf.org>

188
prejudicar a qualidade de vida, a depressão parece adiar a
recuperação da doença, prolongar a estadia no hospital e
potencialmente aumentar mais problemas clínicos — até mesmo a
morte. Pesquisadores da Universidade de Duke decidiram investigar se
um compromisso com Deus poderia ajudar os pacientes a se
recuperarem mais depressa da depressão. Entre outras medidas, eles
incluíram perguntas sobre freqüência a uma igreja, atividades como
oração ou estudo da Bíblia, etc. Esse estudo acompanhou, por quase 1
ano durante o curso de sua depressão, 87 idosos deprimidos
hospitalizados com doenças médicas. Os resultados? Os que tinham
mais apego à fé em Deus apresentaram um índice de 70% de melhoria
nos sintomas, conforme observaram os pesquisadores.

Esses   estudos   recentes   investigaram   quais   fatores 


psicossociais   contribuem   para   o   paciente   viver   mais,   e   o 
fator   que   mais   sobressaiu   e   mereceu   atenção   foi   o 
compromisso   com   Deus.   Obviamente,   algumas   pessoas 
com uma fé forte morrem cedo. Mas quando examinamos 
estatisticamente   um   grande   número   de   pessoas,   o 
compromisso   religioso,   mesmo   que   seja   apenas   uma 
freqüência   aos   cultos,   permanece   um   fator   relevante   de 
proteção à saúde e a uma vida mais longa.

• Menos perigo de morte prematura: Num estudo que acompanhou


várias pessoas num período de 28 anos, os que freqüentavam cultos
semanais tinham 25% menos probabilidade de morrer do que os que
freqüentavam menos vezes. Além disso, esse estudo, que envolveu
5.286 pessoas em Alameda County, Califórnia, constatou que quando
começavam a freqüentar uma igreja, as pessoas também faziam
escolhas mais saudáveis para seu modo de viver, se tornando mais
dispostas a parar de fumar, a se relacionar melhor com outras pessoas
e a permanecer unidas no casamento. Essa mudança de conduta
devido à motivação religiosa parece ter contribuído como proteção
contra uma morte prematura.

• Vida mais longa: Foi realizado um estudo com 2.025 residentes


em Marin County, Califórnia. Esse estudo acompanhou durante cinco
anos pessoas com mais de 55 anos. O que os pesquisadores
descobriram foi que os idosos que freqüentavam cultos tinham o
menor índice de mortes e que o maior índice de mortes estava entre
os que não freqüentavam cultos.

Os   dados   dessas   pesquisas   revelam   que   os   pacientes 


precisam não só de assistência médica para o corpo, mas 
também de ajuda para o espírito. O Dr. Paul Vitz diz:

189
Todos   os   estudos   que   Larson   (1985)   e   Levin   e   Vanderpool 
(1987)   examinaram  confirmaram  que  os  que  têm  compromisso 
religioso   vivem   mais   do   que   os   que   não   têm.   Esse   efeito   é 
particularmente forte nos homens.  278

Esses   estudos   mostram   que   os   médicos   não   estão 


conseguindo   deixar   de   ver   que   a   fé   em   Deus   é   o   fator 
decisivo   para   o   bem­estar   do   doente.   O   outro   lado   da 
questão   é   que,   infelizmente,   quando   se   abrem   para   a 
realidade   espiritual,   alguns   médicos   passam   a   recorrer   a 
práticas espíritas e tentam assim influenciar seus pacientes 
que de nada suspeitam. 

Testemunho de um canadense
Mark   Pickup,   um   homem   saudável   de   30   anos   que 
trabalhava para o governo do Canadá, um dia acordou de 
manhã   e   não   conseguiu   se   levantar.   Ele   se   sentiu 
totalmente   paralisado   da   cintura   para   baixo,   não   tendo 
forças   para   dar   um   único   passo.   Os   médicos 
diagnosticaram   esclerose   múltipla   —   uma   doença 
degenerativa e debilitante, sem cura. Da noite para o dia, 
Mark entrou no mundo dos deficientes.
Os   primeiros   anos   de   doença   foram   difíceis.   Além   da 
paralisia,   ele   foi   perdendo   a   visão,   a   fala,   a   audição,   a 
memória   e   o   uso   do   braço   direito.   Ele   estava   vivendo 
constantemente cansado. Sua esposa tinha de ajudá­lo a se 
vestir e levá­lo para passear de cadeira de rodas.
Talvez   pior   que   os   sintomas   físicos   era   sua   angústia 
emocional. Mark sempre havia crido no valor de toda vida 
humana desde a concepção até a morte natural. Mas agora 
suas   deficiências   pessoais   estavam   testando   suas 
convicções   num   nível   mais   profundo.   Ele   começou   a 
questionar:  Será   que   vale   a   pena   viver?   Eu   ainda   tenho  
278Paul Vitz, A Preferential Option for the Family: Political and Religious Responses,
Family in America (The Howard Center for Family, Religion & Society: Rockford, IL, EUA,
junho de 1998), p. 4.

190
valor?   Será   que   sou   bem­vindo   na   sociedade?  Ele   diz: 
“Minha tristeza era tão profunda que eu já não sabia o que 
pensar.   Estou   contente   que   ninguém   atendeu   os   meus 
pedidos   de   morrer.   Tremo   só   de   pensar   no   que   teria 
acontecido se a eutanásia estivesse legalizada”.
Mark   explica   que   as   pessoas   precisam   de   tempo   para 
sentir   a   própria   dor,   chorar   e   desabafar   sem   serem 
empurradas   para   a   eutanásia.   Após   um   período   de 
ajustamento, a maioria redescobre a alegria de viver. Mark 
atribui sua cura emocional à sua esposa: “Ela me valorizava 
quando   eu   mesmo   não   me   valorizava”.   Ele   teve   a 
oportunidade   de   falar   no   Senado   canadense,   que   estava 
estudando   a   possibilidade   de   legalizar   a   eutanásia   no 
Canadá.   Ele   concluiu   seu   discurso   dizendo:   “Peço   que 
resistamos   à   escuridão   de   hoje   de   entreter   idéias   de 
eutanásia e suicídio com ajuda médica como soluções. Não 
deve   haver   lugar   para   a   eutanásia   nas   sociedades 
civilizadas…   Vamos   parar   toda   essa   conversa   de   matar   e 
vamos dedicar nossas vidas a ajudar uns aos outros…”
Mesmo em sua situação onde muitas vezes ele tem de 
ficar confinado à cama, ele comenta: “Minha tristeza não é 
tanto pelas funções físicas que perdi, mas por uma cultura 
que questiona a santidade de toda vida humana”.
Não importa o que a sociedade diga sobre os doentes, 
Mark sabe que ele tem valor aos olhos de Deus. Ele fala 
com   convicção:   “Não   sou   menos   ser   humano   após   todos 
esses anos de deficiência degenerativa. Meu valor como ser 
humano permanece intacto porque trago em mim a imagem 
de Deus. Nenhuma deficiência, nenhuma fraqueza mental, 
nenhuma   deformidade,   nenhuma   doença   incurável   e 
nenhuma velhice tirará essa imagem de mim…”
Mark fez 45 anos em 1999 e no meio de sua deficiência 
ele   diz:   “Estou   feliz   de   estar   vivo”.   Recentemente,   ele 
celebrou,   com   sua   esposa   e   dois   filhos   adolescentes,   25 
anos de casamento. Ele crê: “Dê uma vida com dignidade 

191
para   alguém   e,   quando   chegar   a   hora   de   morrer,   ele 
morrerá com dignidade também”.   Mark não recebeu cura 
279

para o seu problema, mas isso não se tornou razão para ele 
desprezar a vida que Deus lhe deu.
É interessante que um dos argumentos mais fortes dos 
defensores   da   eutanásia   tem   a   ver   exatamente   com   a 
questão da qualidade de vida. Eles dizem:
A qualidade de vida para alguns é tão baixa que eles
precisam ter a opção legal de se matar. 280

A resposta, é claro, é melhorar a qualidade de vida das 
pessoas   em   situação   de   fraqueza,   não   incentivá­las   ao 
suicídio.
Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Venham, vocês que
são abençoados pelo meu Pai! Venham e recebam o Reino que, desde
a criação do mundo, foi preparado pelo meu Pai. Pois eu estava com
fome, e vocês me deram comida; estava com sede, e me deram água.
Era estrangeiro, e me receberam nas suas casas. Estava sem roupa, e
me vestiram; estava doente, e cuidaram de mim. Estava na prisão, e
foram me visitar”. — Então os bons perguntarão: “Senhor, quando foi
que o vimos com fome e lhe demos comida ou com sede e lhe demos
água? Quando foi que vimos o senhor como estrangeiro e o recebemos
nas nossas casas ou sem roupa e o vestimos? Quando foi que vimos o
senhor doente ou na prisão e fomos visitá-lo?” — Aí o Rei responderá:
“Eu afirmo que, quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus
irmãos, de fato foi a mim que fizeram”. (Mateus 25.34-40 BLH)

Afirmando uma suposta compaixão, muitos defendem a 
eutanásia   a   fim   de   dar   uma   morte   mais   apressada   aos 
doentes, deficientes e idosos. Esse tipo de compaixão mata 
as   pessoas   para   livrá­las   do   sofrimento.   No   entanto,   a 
compaixão   de   Jesus   age   de   outro   modo.   Ela   age   sempre 
matando o sofrimento. Ela sempre age a favor das pessoas 
que sofrem. 

279O caso de Mark Pickup foi assunto do artigo Living With Dignity, o qual apareceu na
revista Celebrate Life (ALL: Stafford-EUA, 1999), pp. 26-28.
280Teresa R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,
1999), p. 11.

192
A compaixão de Jesus nos dá esperança e nos anima a 
confiar   nas   promessas   da   Palavra   de   Deus.   Precisamos 
cultivar a atitude de clamar a Jesus e de esperar, desejar e 
ansiar   sua   resposta.   Quando   esperamos   nele,   estamos 
colocando em prática a nossa fé: “A fé é a certeza de que 
vamos receber as coisas que esperamos…” (Hebreus 11.1a) 
Sem   a   esperança,   nossa   fé   não   consegue   sobreviver.   O 
profeta Jeremias diz: “Mas a esperança volta quando penso 
no seguinte: O amor do Deus Eterno não se acaba, e a sua 
bondade não tem fim. Esse amor e essa bondade são novos 
todas   as   manhãs;   e   como   é   grande   a   fidelidade   do   Deus 
Eterno!” (Lamentações 3.21­23).
Nos Evangelhos, Jesus atua poderosamente destruindo 
as   obras   do   diabo:   febre   (Mateus   8.14­15),   lepra   (Mateus 
8.2­4),   morte   (Mateus   9.18­19;   João   11.1­44),   surdez 
(Marcos   7.32­35),   cegueira   (Mateus   20.30­34),   possessão 
demoníaca   (ou,   em   termos   mais   modernos,   graves 
problemas   psicológicos:   Mateus   8.28­32),   graves 
deficiências   físicas   (Lucas   13.10­13;   Mateus   21.14), 
invalidez   (João   5.2­9),   etc.   Quando   nos   lembramos   da 
compaixão   que   Jesus   demonstra   para   com   as   pessoas 
oprimidas   pelas   obras   do   diabo,   ganhamos   esperança. 
Podemos   colocar   nossa   fé   na   promessa   de   Deus.   Se   ele 
disse   que   seu   amor   e   sua   bondade   são   novos   todas   as 
manhãs, ele é fiel. Nos Evangelhos Jesus cura por causa de 
seu amor e bondade. E se crermos realmente que esse amor 
e   bondade   estão   disponíveis   para   nós   todas   as   manhãs, 
então ele estará mais do que disposto a fazer por nós o que 
ele   mais   tem   prazer   em   realizar:   demonstrar   seu   amor   e 
destruir as obras do diabo.
Todas   as   manhãs   quando   acordamos,   a   presença   de 
Jesus quer nos inundar com seu amor e bondade. É por 
isso   que   a   Palavra   de   Deus   nos   incentiva   a   nos 
aproximarmos de Deus. Quando nos aproximamos dele, ele 

193
pode se aproximar de nós, trazendo consigo seu estoque de 
bênçãos (Tiago 4.8).

Médicos estão descobrindo que pacientes cerebralmente mortos


podem ter uma alma viva
Cada vez mais, médicos estão vendo que a vida humana 
não   se   limita   somente   à   esfera   física.   Se   fossemos 
realmente   só   corpo   físico,   então   seríamos   obrigados   a 
concordar com os médicos que não vêem nada de errado 
em   remover   o   coração   batendo   de   um   paciente 
cerebralmente   morto   e   transplantá­lo   para   outro   ser 
humano. Embora não conheçam a Jesus, alguns médicos 
estão percebendo a realidade espiritual da vida humana. O 
artigo a seguir, publicado no jornal  Daily News, mostra o 
que os médicos estão descobrindo:

Cientista Diz que a Mente Continua Depois que o Cérebro


Morre

29 de junho de 2001

Sarah Tippit

LOS ANGELES (Reuters) — Um cientista britânico, que estuda


pacientes vítimas de ataque cardíaco, diz que está
descobrindo evidência que sugere que a consciência
continua depois que o cérebro parou de funcionar e o
paciente está clinicamente morto.

A pesquisa, apresentada na semana passada no Instituto de


Tecnologia da Califórnia (Caltech), ressuscita o debate sobre
a possibilidade de haver vida após a morte e sobre a
possibilidade de existir algo como uma alma humana.

Em entrevista à agência de notícias Reuters, o Dr. Sam


Parnia disse: “Os estudos são muito importantes, pois temos
um grupo de pessoas sem nenhuma função cerebral…
Embora o cérebro delas não mostrasse nenhuma função, ao
mesmo tempo verifica-se que elas tinham lúcidas e bem
estruturadas atividades mentais com formação de memória
e raciocínio.” O Dr. Sam Parnia é um dos dois médicos do

194
Hospital Geral Southampton, na Inglaterra, que vêm
estudando as chamadas experiências de quase-morte (EQM).

“Precisamos fazer estudos em escalas muito maiores, mas a


possibilidade está realmente aí” que sugere que a
consciência, ou a alma, fica pensando e raciocinando mesmo
se o coração da pessoa parou, mesmo se sua respiração
parou e até mesmo se a atividade de seu cérebro é zero,
disse Parnia.

Ele disse que ele e seus colegas conduziram um estudo


inicial de duração de um ano. Os resultados desse estudo
apareceram na edição de fevereiro [2001] da revista
Resuscitation. O estudo foi tão promissor que os médicos
estabeleceram uma instituição para financiar mais pesquisas
e continuar coletando dados.

Durante o estudo inicial, disse Parnia, 63 pacientes vítimas


de ataque do coração haviam sido considerados
clinicamente mortos, mas reviveram depois. Esses pacientes
foram entrevistados uma semana depois de suas
experiências.

Desses, 56 disseram que não se lembravam de nada da


época em que estavam inconscientes e sete relataram ter
memórias. Desses, quatro foram classificados como casos de
EQM, pois eles relataram memórias lúcidas em que eles
pensavam, raciocinavam, se moviam e se comunicavam com
outros depois que os médicos já haviam decidido que o
cérebro deles não estava funcionando.

SENSAÇÕES DE PAZ

Entre outras coisas, os pacientes relataram que se


lembravam de sentir paz, alegria e harmonia. Para alguns, o
tempo passou rápido, os sentidos aumentaram e eles
perderam a consciência do próprio corpo.

Os pacientes também relataram ver uma luz brilhante,


entrar em outra esfera e se comunicar com parentes mortos.
Um, que se considerava um católico desviado e pagão,
relatou ter tido um encontro forte com um ser sobrenatural.

Experiências de quase morte são relatadas há séculos, mas


no estudo de Parnia nenhum paciente recebeu baixos níveis

195
de oxigênio, que alguns céticos acreditam pode contribuir
para provocar o fenômeno da quase morte.

Quando o cérebro não recebe oxigênio, as pessoas ficam


totalmente confusas, têm convulsões e geralmente não têm
memória alguma, disse Parnia. Nesses casos, há graves
danos ao cérebro, porém memória perfeita.

Os céticos sugerem que a memória dos pacientes ocorreu


nos momentos em que eles estavam deixando ou retornando
à consciência. Mas Parnia disse que quando o cérebro sofre
um traumatismo devido a um ataque ou acidente de carro o
paciente geralmente não se lembra dos momentos logo
antes ou depois de perder a consciência.

Pelo contrário, há um lapso de memória de horas ou dias.


“Converse com eles. Eles lhe dirão algo assim: ‘Só me
lembro de ver o carro e a próxima coisa que sabia é que eu
estava no hospital’”, disse ele.

“Nos casos de parada cardíaca, os danos ao cérebro são tão


graves que fazem o cérebro parar completamente. Portanto,
acho que uma pessoa nessa situação sofreria profunda
perda de memória antes e depois do incidente.”

Desde o experimento inicial, Parnia e seus colegas


encontraram mais de 3.500 pessoas que estavam com
memória lúcida enquanto estavam, de forma inegável,
clinicamente mortas. Muitos pacientes, disse ele, não
queriam revelar para outros suas experiências com medo de
que seriam considerados loucos.

A HISTÓRIA DE UM MENININHO

Um paciente tinha dois anos e meio quando sofreu um


ataque e seu coração parou. Seus pais contactaram Parnia
depois que o menino “fez um desenho de si mesmo como se
ele estivesse fora do corpo olhando para seu corpo de cima.
O menino disse: ‘Quando a gente morre, vê uma luz
brilhante…’ Ele ainda nem tinha 3 anos quando teve a
experiência,” disse Parnia.

“O que seus pais repararam foi que depois que havia sido
liberado do hospital, seis meses depois do incidente, ele
ficava desenhando a mesma cena”.

196
O funcionamento do cérebro que esses pacientes
experimentaram enquanto estavam inconscientes não tinha
a capacidade de ter atividade mental lúcida ou formar
memórias permanentes, disse Parnia — apontando para o
fato de que ninguém compreende totalmente como o
cérebro gera pensamentos.

O cérebro em si é composto de células, como todos os


órgãos do corpo, e realmente não tem a capacidade de
produzir os fenômenos subjetivos de pensamentos que as
pessoas têm, disse ele.

Ele especulou que a consciência humana pode funcionar de


modo independente do cérebro, usando a matéria cinzenta
como mecanismo para manifestar os pensamentos, tal como
um aparelho de TV traduz ondas no ar e as transforma em
imagens e sons…

“Quando têm experiências, essas pessoas dizem: ‘Tive uma


dor intensa no peito e de repente eu estava sendo levado
para um canto do meu quarto. Então comecei a me sentir
feliz e bem. Olhava para baixo e percebia que eu estava
vendo meu corpo e os médicos todos em volta de mim
tentando me salvar e eu não queria voltar,’” [disse Parnia].
“O ponto mais importante é que eles descrevem que vêem o
próprio corpo no quarto. Ninguém jamais diz: ‘Tive uma dor
e em seguida minha alma me deixou.’” 281

Os doentes terminais
Embora casos de câncer terminal pareçam a arma
preferida dos liberais para avançar a legalização da
eutanásia, pesquisas indicam que nos EUA diminuiu
dramaticamente o apoio dos oncologistas [médicos
especializados no tratamento de tumores] à eutanásia e
ao suicídio com ajuda médica. Os oncologistas treinados
em assistência para doentes no final da vida são menos
inclinados a apoiar ambas as opções. O que se vê agora
claramente é a necessidade de dar aos médicos mais

281http://dailynews.att.net/cgi-bin/news?
e=pri&dt=010629&cat=science&st=sciencelifeconsciousnessdc.html

197
educação para ajudá-los a cuidar dos doentes que estão
morrendo.

Alexandria, VA — Resultados de uma pesquisa envolvendo


3.299 membros da Sociedade Americana de Oncologia Clinica
(SAOC) indicam nos anos recentes diminuiu dramaticamente,
entre os oncologistas dos EUA, o apoio à eutanásia e ao
suicídio com ajuda médica para doentes de câncer terminal.
A pesquisa, patrocinada pela SAOC, também descobriu que
os oncologistas que haviam sido treinados em assistência a
doentes terminais têm menos probabilidade de apoiar ou
aplicar a eutanásia ou o suicídio com ajuda médica.
Os resultados da pesquisa, publicados na edição de 3 de
outubro de Annals of Internal Medicine (Vol. 133, No. 7),
frisam que os médicos precisam ser treinados nos métodos
de fornecer assistência paliativa e tratamentos de controle de
dores de alta qualidade para pacientes que estão morrendo,
afirma o diretor da pesquisa, o Dr. Ezekiel J. Emanuel, chefe
do Departamento de Bioética Clinica dos Institutos Nacionais
de Saúde. Ele diz: “A assistência paliativa nos últimos dias do
doente precisa ser formalmente ensinada e incluída nos
programas de treinamento e na contínua educação dos
médicos. Os médicos que recebem melhor treinamento na
assistência a doentes terminais parecem ter menos
probabilidade de realizar a eutanásia ou o suicídio com ajuda
médica”.
A pesquisa, conduzida em 1998, é a maior a avaliar as
atitudes e práticas dos médicos acerca da eutanásia e do
suicídio com ajuda médica. Quando compararam esses
resultados com uma pesquisa semelhante conduzida em
1994 pelo Dr. Emanuel, os pesquisadores descobriram que
caiu em quase 70% — de 23% em 1994 para menos de 7%
em 1998 — o apoio dos oncologistas à eutanásia para
doentes cancerosos que estão morrendo com dores
insuportáveis. Nos mesmos quatro anos, caiu em 50% — de
45% para 22% — o apoio dos oncologistas ao suicídio com
ajuda médica, no caso de um doente terminal de câncer com
dores contínuas.
O declínio geral no apoio à eutanásia e ao suicídio com ajuda
médica pode refletir que os oncologistas estão com uma
capacidade melhor de fornecer assistência conveniente para
seus pacientes que estão morrendo, diz o Dr. Emanuel. Aliás,

198
os oncologistas que disseram que estavam em condições de
dar a seus pacientes toda a assistência necessária tinham
bem menos probabilidade de aplicar a eutanásia, em
comparação com os médicos que relataram barreiras
administrativas, fiscais ou outros problemas para fornecer
assistência.
“A SAOC acredita que os médicos têm a obrigação de
conversar com seus pacientes terminais e suas famílias sobre
as opções que eles têm para receber assistência paliativa e
os tipos de tratamento sintomáticos que serão fornecidos…”
disse o Dr. Charles M. Balch, vice-presidente executivo da
SAOC.
Mais de 70% dos pacientes mortos [nos EUA] pela eutanásia
e pelo suicídio com ajuda médica têm câncer. Como
conseqüência, os oncologistas têm mais probabilidade de
lidar diretamente com a questão da eutanásia e o suicídio
com ajuda médica do que os outros médicos.
Dos oncologistas entrevistados em 1998, quase 16%
disseram que estariam dispostos a ajudar os pacientes a
cometer suicídio e 2% estariam dispostos a aplicar a
eutanásia nos pacientes. Os menos prováveis a apoiar a
eutanásia ou o suicídio com ajuda médica eram os que
tinham tempo suficiente para conversar com seus pacientes
sobre a assistência para doentes no fim da vida e os que
eram religiosos.
Aproximadamente dois terços dos oncologistas entrevistados
também disseram que eles relutariam em aumentar a
dosagem de morfina para um paciente de câncer morrendo
com dores insuportáveis. Essa relutância para aliviar as dores
dos pacientes parece refletir os temores de alguns médicos
de que o aumenta da dosagem de morfina pode também
aumentar o risco de um paciente sofrer dificuldade para
respirar e pode levá-lo à morte. Isso poderia acabar sendo
interpretado como eutanásia. “Infelizmente, igualar com a
eutanásia o aumento da morfina com o propósito de aliviar as
dores parece resultar em tratamento de dores inadequados
para pacientes. Isso é preocupante”, disse o Dr. Emanuel.
“Os médicos têm de ser conscientizados acerca da aceitação
legal e ética do aumento de narcóticos com o objetivo de
diminuir as dores, até mesmo quando há o risco de morte”.
“Esses resultados de estudos frisam que os médicos
precisam receber educação e treinamento nas mais

199
eficientes técnicas de assistência paliativa e controle de
dores”, disse o pesquisador Dr. Robert J. Mayer, vice-diretor
de Assuntos Acadêmicos, no Instituto do Câncer Dana-Farber.
Ele é também professor de medicina na Faculdade de
Medicina de Harvard e já foi presidente da SAOC. Sob a
liderança dele é que o estudo foi iniciado. Ele disse: “Os
médicos que são mais bem informados sobre as questões de
doentes terminais sentem menos necessidade de usar a
eutanásia e o suicídio com ajuda médica”…
Eutanásia é quando o médico administra uma conhecida dose
letal de medicação para intencionalmente acabar com a vida
de alguém que está sofrendo de uma doença incurável, tal
como o câncer. O suicídio com ajuda médica é quando um
médico fornece informações e/ou uma prescrição sabendo
que o paciente as usará para cometer suicídio. 282

De acordo com esse estudo, a maioria dos oncologistas 
americanos   está   descobrindo   que   é   melhor   cuidar   dos 
doentes terminais e aliviar­lhes as dores do que matá­los. 
Na   época   do   Novo   Testamento,   os   judeus   e   os   cristãos 
usavam   a  Septuaginta,   uma   tradução   grega   do   Antigo 
Testamento. Há uma passagem na Septuaginta que diz: “…
aquele   que   não   usa   seus   esforços   para   se   curar   é   irmão 
daquele   que   comete   suicídio”.   (Provérbios   18.9b   Bíblia 
Ampliada   em   inglês.)   Mesmo   quando   o   ser   humano   não 
consegue remover uma doença crônica ou terminal, deve­se 
pelo   menos   ajudar   a   “curar”   as   dores   intensas   de   um 
doente terminal.
Em Provérbios 18.9b Deus dá uma resposta clara aos
que acham que nós temos a obrigação moral de
negligenciar nosso corpo a fim de deixar a natureza
seguir seu curso. Os defensores da eutanásia pensam que
na doença, na deficiência ou mesmo na depressão não
devemos impedir a “vontade” da natureza.
Minha amiga Jean Heise diz:

282 Publicado na Internet pela Sociedade Americana de Oncologia Clinica. Para mais
infomações, entre em contato com Carrie Bittman:

200
Quando a medicina não consegue mais dar nenhum benefício para
alguém que amamos, então nossa responsabilidade é dar conforto e
suprir as necessidades básicas dessa pessoa. Essas necessidades são
calor humano, limpeza, comida e água, e apoio emocional e
espiritual. 283

Água e alimento podem não parecer importantes. Mas 
Deus testa nossa própria dedicação a ele com o simples ato 
de dar água e alimento a quem precisa (cf. Mateus 25:34­
46).
Uma   notícia   da   CNN   revela   os   benefícios   de 
acompanharmos   e   ajudarmos   um   familiar   que   está 
morrendo.
CUIDAR DE FAMILIAR DOENTE TORNA MORTE MAIS SUPORTÁVEL

27 de junho, 2001

CHICAGO -- As pessoas que cuidaram de seus cônjuges


durante o período terminal da doença apresentaram
melhor reação à morte do que as que se mantiveram
afastadas, de acordo com estudo publicado no Journal of
the American Medical Association.

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de


Pittsburgh acompanhou 129 pessoas, com idades de 66
anos a 96 anos, moradoras de quatro comunidades dos
Estados Unidos, que tinham perdido recentemente o
companheiro.

Alguns tomaram conta dos doentes e estavam sob


estresse e tensão, outros cuidaram dos pacientes mas
não sob tensão e outros não se envolveram na
assistência ao doente.

O estudo revelou que aqueles que estiveram sob tensão


não sofreram perda de peso ou aumento no uso de
drogas antidepressivas quando o ente querido morreu,
mas os que não tomaram conta sofreram.

Esse último grupo apresentou um aumento significativo


na depressão após a morte, tiveram aumento de uso de
medicamentos, principalmente antidepressivos, e

283Revista Living (outono de 1996), publicada por Lutherans for Life, EUA, p. 14.

201
também apresentaram perda de peso.

As pessoas que se envolveram pouco nos cuidados ao


paciente antes da morte ficaram entre os dois grupos
extremos, disse Richard Schulz, co-autor do estudo.

"Embora quem dá assistência fica deprimido depois da


morte do cônjuge, de muitos modos a morte pode na
verdade trazer alívio para alguns em relação às tarefas
mais árduas dos cuidados," disse. "A morte também traz
um fim ao sofrimento do companheiro e permite que o
sobrevivente retome a rotina normal."

Ao mesmo tempo, os companheiros que tiveram um


papel limitado ou nenhuma participação nos cuidados
podem achar a morte mais dura porque era menos
esperada, disse Schulz.

"No geral, esses dados sustentam a hipótese de que a


morte de um cônjuge, entre pessoas estressadas pelos
cuidados dispensados ao falecido, significa a redução no
fardo e assim deixa-a mais leve para a recuperação.284

A realidade da morte
Precisamos   compreender   que   morrer   pode   ser   uma 
experiência muitas  vezes difícil,  especialmente para  quem 
não   conhece   Jesus.   Mas   todos   teremos   de   enfrentar   a 
morte,   de   uma   forma   ou   de   outra,   vendo   pais,   maridos, 
esposas,   filhos   ou   netos   partirem   para   a   eternidade,   sem 
mencionar que nós mesmos teremos nossa própria partida. 
Nossa   responsabilidade,   se   possível,   é   ajudar   nossos 
parentes   e   amigos   a   terem   uma   partida   tão   agradável   e 
pacífica   quanto   possível.   Será   que   isso   é   fácil?   Não.   Mas 
pode ser feito, e cabe a cada um de nós tentar.
O   Dr.   Koop,   cirurgião   com   anos   de   experiência   de 
operações em crianças, comenta:

284 http://cnn.com.br/2001/saude/06/27/cuidados/index.html

202
Suponham   que   sua   filha   de   dois   anos   tivesse   um 
neuroblastoma,   o   tumor   mais   comum   entre   as   crianças.   Eu   a 
operei, dei­lhe terapia de radiação e por dois anos ela recebeu 
quimioterapia.   Ela   se   saiu   tão   bem   no   começo   que   dava   para 
duvidar que  o diagnóstico pudesse ser câncer. Mas agora você 
está vendo seu estado piorando, e sabemos que temos de chegar 
a uma decisão. Não podemos operar, ela não tem mais condições 
de continuar recebendo radiação e eu recomendo que paremos a 
quimioterapia.
Por que? Porque se continuarmos a quimioterapia, ela viverá 
apenas   três   meses.   Ela   sofrerá   fortes   dores,   que   podemos 
controlar, porém ela será como um zumbi e provavelmente ficará 
cega e surda. Se pararmos a quimioterapia, ela viverá um mês e 
meio   apenas,   mas   não   sofrerá   as   dores   ou   não   ficará   cega   e 
surda. Na minha opinião, parar o tratamento é um bom remédio 
para essa paciente, para sua família e para a sociedade. 285

  

John   Wimber   tem   anos   de   experiência   com   doentes, 


mas num nível de ministração pastoral. Ele diz:

Freqüentemente   recebo   ligações   telefônicas   de   pessoas   me 


pedindo para ir orar por um amigo íntimo ou membro da família 
que está morrendo. Depois de ouvir os detalhes da situação da 
pessoa, pergunto a Deus: “Este é o tempo escolhido para essa 
pessoa morrer?” Se é a hora de a pessoa morrer, devemos liberá­
la   para   Deus.   Oro   desse   modo   porque   ainda   estamos 
aguardando a plena redenção de nossos corpos. 286

A Bíblia ensina que há um “tempo determinado para as 
pessoas   morrerem”   (Eclesiastes   3.2).   Esse   tempo   varia 
muito. Em muitos casos, um idoso adoece e morre, mas em 
outros,   quem   morre   é   um   bebê   ou   uma   criancinha.   Não 
entendemos por que isso acontece. Tudo o que sabemos é 
que o pecado trouxe a morte para o mundo que Deus criou. 
Contudo,   Cristo   veio   para   conquistar   a   morte.   Foi   isso   o 
285Citado em: Beth Spring & Ed Larson, Euthanasia, Spiritual, Medical & Legal Issues in
Terminal Health Care (Multnomah Press: Portland, Oregon (EUA), 1988), p. 101.
286Adaptado de: John Wimber, Power Healing (Harper & Row Publishers: Nova Iorque-
EUA, 1987), p. 161,162.

203
que  a  morte  de  Jesus  fez  por  nós  na  Cruz:  a  derrota  do 
poder da morte em nossas vidas. Paulo escreve: “O último 
inimigo que será vencido é a morte” (1 Coríntios 15.26. Veja 
também Romanos 5.12 e Hebreus 2.14).
Aqueles que se entregaram totalmente a Jesus, embora 
sofram problemas físicos que não conseguem vencer agora, 
têm   uma   certeza:   depois   da   morte   física,   virá   a   cura 
integral: “Enquanto vivemos nesta barraca, que é o nosso 
corpo, gememos aflitos. Não é que queremos ser despidos 
do nosso corpo terreno; o que desejamos é ser vestidos com 
o corpo celeste para que a vida faça desaparecer o que é 
mortal.   É   Deus   quem   nos   tem   preparado   para   essa 
mudança e nos deu o seu Espírito como garantia de tudo o 
que   ele   tem   para   nos   dar.   Assim   estamos   sempre   muito 
animados. Sabemos que, enquanto vivemos na casa deste 
corpo, estamos longe do lar do Senhor. Porque vivemos pela 
fé   e   não   pelo   que   vemos.   Estamos   muito   animados   e 
gostaríamos de deixar de viver neste corpo para irmos viver 
com o Senhor” (2 Coríntios 5:4­8).
John Wimber diz:

Há vários anos recebi uma ligação de um pai desnorteado. 
Ele estava soluçando e mal conseguia conversar. “Minha filhinha 
está aqui no hospital,” ele disse, “e o corpo está todo envolvido 
com   sondas   e   máquinas.   Os   médicos   disseram   que   ela   não 
passará desta noite. Por favor, venha aqui”. Respondi que iria ao 
hospital.   Depois   de   desligar   o   telefone,   orei:   “Senhor,   tu   estás 
chamando este bebê para ti neste tempo?” Senti que o Senhor 
estava   dizendo   não.   Entrei   no   hospital   sabendo   que   sou   um 
representante de Cristo, um mensageiro que tinha um presente 
para essa menininha. Quando entrei no quarto do bebê, senti a 
morte,  então   disse   quase   silenciosamente:   “Morte,   saia  daqui”. 
Ela foi embora e a atmosfera do quarto todo mudou, como se um 
peso   tivesse   sido   removido.   Então   fui   e   comecei   a   orar   pela 
menina. Depois de apenas alguns minutos eu já sabia que ela 
seria   curada,   e   o   pai   sentiu   o   mesmo.   Já   dava   para   ver 
esperança   nos   olhos   dele.   “Ela   vai   ficar   bem,”   ele   disse.   “Sei 

204
disso”.   Dentro   de   alguns   minutos   ela   melhorou   muito.   Vários 
dias depois ela recebeu alta e estava completamente curada… 287

Em 1 Coríntios 11.17­34 Paulo escreve para a igreja da 
cidade   de   Corinto   sobre   o   juízo   que   eles   tinham   trazido 
sobre   si   mesmos   porque   usaram   mal   a   Ceia   do   Senhor. 
Eles   eram   culpados   do   pecado   da   teimosia   e   da   falta   de 
arrependimento quando se aproximavam de Deus na Ceia. 
As conseqüências? “É por isso mesmo que muitos de vocês 
estão   doentes   e   fracos,   e   alguns   já   morreram”   (versículo 
30). Eles ficaram doentes e muitos morreram, porque não 
queriam obedecer à Palavra de Deus. O caso de Ananias e 
Safira, que se encontra em Atos 5.1­10, é outra ilustração 
de   como   se   poderia   evitar   a   morte   pela   obediência   e   fé. 
Embora esses cristãos não tivessem a coragem de cometer 
suicídio   com   as   próprias   mãos,   através   da   desobediência 
eles   estavam   trazendo   doenças   sérias   para   suas   vidas. 
Alguns deles estavam partindo para a eternidade antes do 
tempo.
Podemos evitar o destino dos cristãos de Corinto e de 
Ananias e Safira tomando posse da vitória de Cristo pela fé 
e   tomando   posse   da   proteção   do   Pai   ficando   longe   do 
pecado:   “Sabemos   que   os   filhos   de   Deus   não   continuam 
pecando, porque o Filho de Deus os guarda, e o diabo não 
pode tocar neles” (1 João 5.18).

Como ministrar aos doentes terminais


Há casos em que Deus diz: “Chegou o tempo certo de 
partir para Jesus”. O Espírito Santo mesmo pode alertar os 
servos de Deus sobre sua partida, conforme a Palavra de 
Deus   nos   mostra   no   caso   de   Moisés   (cf.   Deuteronômio 
31:2,14)   e   de   Simeão   (cf.   Lucas   2:25­29).   Ainda   que   o 
cristão   saiba   que   terá   de   partir,   sua   atitude,   como   bom 
soldado de Jesus, é se entregar para seu comandante, não 
287Adaptado de: John Wimber, Power Healing (Harper & Row Publishers: Nova Iorque-
EUA, 1987), p. 162. O contexto também foi adaptado da excelente obra de Wimber.

205
para   as   doenças.   Embora   tenha   de   partir,   ele   encara   a 
morte e a doença como seus inimigos até o fim. Os soldados 
que   morrem   em   batalha   recebem   medalhas   de   seu 
comandante.   Normalmente,   um   cristão   mais   maduro   tem 
tal atitude.
Em   outras   situações,   envolvendo   cristãos   com   outras 
atitudes   e   experiências,   incentivá­los   a   olhar   só   para   a 
cura, e não para Aquele que cura, pode trazer sofrimento 
desnecessário   e   lhes   desviar   a   atenção   de   sua 
responsabilidade   de   confiar   completamente   em   Jesus   em 
sua   partida.   Afinal,   embora   devamos   desejá­la   muito,   a 
saúde física e mental é inútil, a menos que tenhamos um 
relacionamento pessoal com Jesus e vivamos para ele. 
Alguns anos atrás ministrei para uma enfermeira doente 
terminal de câncer de mama. Ela tinha uns 30 anos e seu 
estado era bem doloroso. Ela aceitou Jesus como Salvador 
em plena doença e ia às nossas reuniões mesmo com dores. 
Lembro­me   de   que   alguns   familiares   tentavam   trazer 
curandeiros espíritas para rezar por ela, e ela não se abria 
para   esse   tipo   de   cura.   Pastores   de   outras   igrejas   a 
visitavam, alguns até prometendo cura no nome de Jesus e 
forçando­a   a   declarar   que   ela   já   estava   curada.   Mas   seu 
estado estava piorando.
Eu   a   visitava   quase   que   diariamente,   encontrando­a 
sempre   em   dores.   Nessas   visitas,   dediquei­me 
especialmente   a   ler   vários   capítulos   dos   Evangelhos   para 
ela   e   via   sempre   sua   face   resplandecer.   A   Palavra   tem 
poder, e esse poder é revelado de modo especial quando o 
Espírito Santo é convidado a se mover e lhe damos espaço 
livre para agir. Jesus disse para os religiosos de sua época: 
“Como estão enganados! Vocês não conhecem as Escrituras 
Sagradas nem o poder de Deus”. (Mateus 22:29 BLH)
Eu   visitava   aquela   enfermeira   em   dores,   convidava   o 
Espírito Santo a encher seu quarto com sua presença e lia 
vários   capítulos   dos   Evangelhos   para   alimentá­la 
espiritualmente.   Geralmente,   logo   depois   as   dores 

206
diminuíam bastante. Era maravilhoso ver em ação o poder 
da   Palavra   e   do   Espírito.   Embora   Deus   já   tivesse   me 
revelado   que   ele   iria   levá­la,   eu   apenas   orava   para   que 
Jesus a visitasse poderosamente e a aconselhava a olhar só 
para Jesus, e não para a cura. Ficar atrás do Médico dos 
médicos é muito melhor do que ficar atrás apenas de uma 
cura passageira. Eu orava para que Deus lhe preparasse o 
coração para estar sempre com Jesus. Não contei a ela o 
que eu já sabia, mas orava e aguardava, pois Jesus é um 
Deus de maravilhas e surpresas agradáveis. Eu sabia que, 
se ele assim permitisse, o rumo daquela situação poderia 
ser alterado (cf. Isaías 38).
Ela morreu em menos de três meses, e a visão de Jesus 
a levando nos braços se confirmou. É importante lembrar 
que, embora já soubesse dessa partida, continuei vendo e 
encorajei­a a ver as doenças e a morte como inimigos de 
Deus. Ela lutou como um soldado e viu várias respostas e 
bênçãos,   a   maior   das   quais   é   estar   com   seu   Salvador   e 
Senhor eternamente.
A   maior   necessidade   do   doente   terminal   é   saber   com 
segurança   o   que   Jesus   fez   por   nós   na   Cruz.   Mediante   a 
morte   de   Jesus   na   Cruz,   Deus   aceita   os   homens   e   as 
mulheres,   apesar   de   seus   pecados   e   limitações.   As 
limitações não são pecado: nenhum de nós é Deus. Muitas 
pessoas acham que se viverem como devem, suas vidas não 
terão nenhuma limitação. Mas quando chegar o tempo de 
morrerem, aí então elas se lembrarão de que são fracas.
John Wimber diz:

Muitos cristãos acham difícil aceitar suas limitações, porque 
passaram a vida inteira servindo os outros, mas nunca tiveram a 
experiência de outros os servirem. Essas pessoas têm dificuldade 
de aceitar ajuda de outros porque jamais compreenderam nem 
aceitaram que “é pela graça de Deus que vocês são salvos por 
meio   da   fé.   Isso   não   vem   de   vocês,   mas   é   presente   dado   por 
Deus.   A   salvação   não   é   o   resultado   dos   esforços   de   vocês 
mesmos, e por isso ninguém deve se orgulhar” (Efésios 2.8­10). 

207
Isto é, eles não entenderam nem creram completamente que a 
expiação fornece vida eterna mediante a fidelidade de Deus; eles 
têm se esforçado muito para manter a graça de Deus. A doença 
terminal   testa   severamente   a   fé   deles,   e   eles   recebem   grande 
ajuda quando percebem que eles são justificados por causa da 
fidelidade de Deus, não por causa das obras deles.
Os   descrentes   em   nossa   sociedade   também   acham   difícil 
aceitar   o   fato   de   que   eles   terão   de   morrer.   Eles   foram   criados 
nesta   moderna   sociedade   tecnológica   na   qual   raramente   se 
menciona a morte, e freqüentemente eles não reconhecem que 
morrerão. O único modo como eles poderão aprender a lidar com 
suas limitações e a culpa de seus pecados é por meio da cura do 
espírito   deles.   Essa   cura   vem   quando   eles   se   arrependem   e 
colocam sua fé em Cristo.
Podemos   oferecer   muito   conforto   e   ânimo   para   os   doentes 
terminais. Uma chave para oferecer conforto e ânimo é que nós 
mesmos   estamos   livres   de   preocupações   com   a   morte. 
Ganhamos essa liberdade quando somos justificados diante de 
Deus.   Ficar   cara   a   cara   com   uma   pessoa   com   uma   doença 
terminal   não   é   fácil,   pois   isso   nos   faz   lembrar   de  nossas 
limitações.   Só   conseguiremos   ajudar   os   outros   a   enfrentar   a 
morte quando nós mesmos pudermos enfrentá­la.
Samuel   Southard,   professor   de   teologia   pastoral   no 
Seminário Teológico Fuller, dá aulas de como ministrar aos que 
estão   morrendo.   Ele   diz   que   a   oração   —   tanto   em   favor   do 
conselheiro   quanto   em  favor   do   doente   terminal   —   é   “um   dos 
maiores recursos espirituais que Deus deu a seus filhos; é um 
poderoso remédio para a alma”. A oração deve começar antes da 
visita ao doente terminal. “A oração não deve ser o último ato na 
visitação; deve ser um ato de adoração antes de visitarmos”. Se 
não   orarmos   antes   da   visita,   levaremos   junto   tensões, 
preocupações   e   hostilidade   que   tenhamos   pego   de   outras 
atividades.   Nesse   aspecto   específico,   nossa   oração   protege   o 
paciente.   A   oração   também   nos   faz   lembrar   que   o   Espírito   de 
Deus vai adiante de nós e que ele, não nós, é o Consolador.
A   oração   eficaz   em   favor   do   doente   terminal   começa   com 
nossa   disposição   de   sermos   bons   ouvintes   (Provérbios   20.5). 
Southard   menciona   como   é   importante   escutar   a   uma   pessoa 
doente:   “A   atitude   de   oração   que   é   a   mais   importante   para   a 
pessoa   doente   poderia   ser   chamada   de   ouvir   com   atenção, 
compreensão, simpatia e comunhão de espírito”. Só conseguimos 

208
orar   eficazmente   quando   entendemos   o   significado   mais 
profundo das palavras do doente terminal.
Em conclusão, o Espírito Santo falará a nós, nos revelando o 
que   está   no   coração   da   pessoa   e   nos   dará   a   sabedoria   para 
sabermos   orar   especificamente.   “Quando   ficamos   escutando, 
podemos   ouvir   o   que   o   Espírito   de   Deus   disse   a   essa   pessoa 
doente e o que o Espírito diria a essa pessoa através de nós. A 
oração   que   oramos  a  pedido   da  pessoa  doente  não   será  então 
vazia; falará às reais necessidades do seu coração”.
O ministério aos doentes terminais sempre leva ao ministério 
aos   amigos   e   parentes   enlutados.   Eles   também   precisam   ser 
curados da experiência traumática de perder um amado. Sentir 
tristeza   sem   sentimento   de   culpa   é   uma   parte   importante   da 
nossa   adaptação   à   perda   de   um   amado.   Às   vezes   a   pessoa 
enlutada sofre culpa por causa de erros ou negligência em seu 
relacionamento passado com a pessoa que morreu, e podemos 
lhes   oferecer   o   perdão   de   Cristo   para   seus   pecados. 
Freqüentemente ela acha  difícil  aceitar  a perda ou enfrentar  o 
futuro. Cada pessoa é diferente. Talvez o melhor conselho seja 
sermos ouvintes bons e compassivos. 288

288Adaptado de: John Wimber, Power Healing (Harper & Row Publishers: Nova Iorque-
EUA, 1987), p. 164-165.

209
A MELHOR MANEIRA DE PARTIR

A maioria dos cristãos acha que ao chegar aos 70 anos é 
tempo   de   se   aposentar   e   aguardar   a   morte,   exatamente 
como   faz   o   mundo.   Milhões   de   homens   e   mulheres 
terminam   seus   dias   enterrando   seus   talentos,   sem   ver 
propósito   para   a   existência   na   velhice.   Eles   acham   que 
velhice é sinônimo de enterrar as esperanças e propósitos 
do Espírito Santo.
Às   vezes,   os   maiores   exemplos   de   fé   e   intervenção   de 
Deus   começam   exatamente   onde   a   mente   humana   acha 
que é o fim de tudo. Quando recebeu de Deus a visão de 
um   bebê   que   seria   grandemente   usado   para   realizar   os 
propósitos   de   Deus,   Abraão   estava,   em   termos   de 
probabilidade humana, na pior situação possível: ele estava 
com   70   anos,   no   fim   da   existência,   sem   filho   algum   e 
frustrado. Sem mencionar o fato de que ele estava casado 
com uma mulher que, além de ser estéril, já tinha passado 
da   idade   biológica   de   conceber   um   filho.   Sua   fé   só 
conquistou o  cumprimento da  promessa de  Deus quando 
ele tinha 100 anos. Foi com essa idade avançada que ele 
recebeu de Deus um bebê de presente.
O que o mundo chama de fim da vida não significa o fim 
do propósito de Deus, pois o propósito de Deus para cada 
um de nós dura enquanto estamos vivos neste mundo, seja 
qual   for   a   idade   em   que   estejamos.   Com   a   idade   de   100 
anos, Moisés liderou o povo de Israel em seu destino à terra 
de Canaã. No fim da vida, o Rei Davi fez planos detalhados 
para a construção de um grande e magnífico templo para 
Deus.
Embora   o   padrão   normal   do   mundo   seja   trabalhar   e 
depois se aposentar, o padrão do Reino de Deus é servirmos 
a ele de acordo com o propósito específico que ele nos deu. 
Esse serviço a Deus prossegue até nossa partida. Não existe 

210
aposentadoria   nem   limite   de   idade   para   o   chamado   que 
Deus nos dá.
Corrie ten Boom era uma mulher holandesa que passou 
anos   num   campo   de   concentração   nazista.   Ela   foi 
condenada   àquele   lugar   de   sofrimento   porque   escondia 
judeus em sua casa. Ao sair dali, com quase 60 anos, ela 
achava que a vida já não tinha mais nada para lhe oferecer 
e que só lhe restava esperar o Senhor levá­la para o Céu. 
No entanto, logo depois ela embarcou numa longa carreira 
missionária internacional, viajando para vários países pela 
fé   e   dando   testemunho   de   Jesus   pelo   poder   do   Espírito 
Santo.   Aos   80   anos,   ela   escreveu   um   livro   contando   as 
maravilhas que o Senhor realizou em sua vida. Ela morreu 
em   1984,   com   mais   de   90   anos,   trabalhando 
incansavelmente   para   Jesus.   Depois   que   cumprimos   o 
chamado de Deus, ele nos leva.
O que Deus tem para nós na velhice? Lembrando­se de 
suas experiências no campo de concentração, Corrie conta 
como Deus falou com ela prometendo usá­la na velhice:
Deus tem planos, não problemas, para nossas vidas. Antes de morrer
no campo de concentração de Ravensbruck, minha irmã Betsie disse
para mim: “Corrie, sua vida inteira foi um treinamento para o trabalho
que você está fazendo aqui na prisão, e para o trabalho que você fará
depois”. A vida de um cristão é um treino para um serviço mais
elevado…

Todos os dias centenas de mulheres morriam e seus corpos eram


lançados nos fornos. Betsie tinha se tornado tão fraca que ambas
sabíamos que não faltava muito para ela morrer… Certa noite, Betsie
me acordou: “Você está acordada, Corrie?” Sua voz fraca soava tão
distante… “Sim, você me acordou”. “Eu tinha que acordar, eu preciso
lhe contar o que Deus falou para mim… Deus me mostrou que depois
da guerra nós devemos dar aos alemães aquilo que eles estão
tentando tirar de nós agora: nosso amor por Jesus. Corrie, há tanta
amargura. Nós precisamos dizer a eles que o Espírito Santo encherá
seus corações com o amor de Deus. Viajaremos pelo mundo inteiro
levando o Evangelho para todos — para os nossos amigos e para os
nossos inimigos”. Corrie então pergunta: “Para o mundo inteiro? Mas
isso vai custar muito dinheiro”. “Sim, mas Deus proverá”, Betsie falou.
“Nós não devemos fazer nada a não ser levar o Evangelho. Ele tomará
conta de nós. Afinal de contas, Ele possui gado em mil montanhas. Se
precisarmos de dinheiro só precisaremos pedir que o Pai venda

211
algumas vacas”. Eu estava começando a aprender a visão. “Que
privilégio”, falei suavemente, “viajar pelo mundo e ser usada pelo
Senhor Jesus”. 289

Mais   tarde,   já   fora   do   campo   de   concentração   e 


embarcando   na   realidade   missionária   que   Deus   havia 
revelado à sua irmã, Corrie conta como ela teve um forte 
encontro   com   o   Espírito   Santo   quando   machucou 
gravemente o quadril e teve de passar semanas internada 
num hospital. Ela diz:
Eu era uma paciente que não tinha muita paciência. Eu tinha apenas
cinco dias antes de ir para uma conferência de estudantes na
Alemanha e à medida que os dias passavam, eu percebia que o meu
quadril não estava cicatrizando suficientemente depressa para eu
poder realizar a conferência. Tornei-me, pois, irritadiça.

— Não há um cristão em toda esta cidade que possa orar para eu ser
curada? — perguntei.

Meus amigos mandaram chamar certo pastor da cidade que praticava


a imposição de mãos nos doentes para curá-los. Naquela mesma tarde
ele veio ao meu quarto.

De pé ao lado de minha cama ele disse:

— Há algum pecado na sua vida que não foi confessado?

Que pergunta mais estranha, pensei. Eu sabia que ele tinha


concordado em vir orar para curar-me. Mas será que fazia parte do
trabalho dele tornar-se tão pessoal a respeito de meus pecados e
atitudes? No entanto, eu não tinha que olhar muito longe. Minha
impaciência e a atitude exigente que eu tinha demonstrado em
relação à minha enfermeira tinham sido erradas, muito erradas. Pedi a
ela que viesse ao quarto e arrependi-me de meu pecado, pedindo a ela
e a Deus que me perdoassem.

Satisfeito, esse homem tranqüilo se aproximou e colocou as mãos


sobre minha cabeça. Fazia só um ano que minha irmã Nollie tinha
morrido. Desde então meu coração estava quebrantado pela tristeza.
Eu tinha a sensação de ter sido abandonada e sabia que a insegurança
que eu tinha experimentado havia contribuído para que estivesse ali
naquela cama, em vez de estar na Alemanha com os estudantes.
Entretanto, enquanto esse alto e simpático homem colocava as mãos
sobre mim e orava, eu senti uma grande corrente de poder fluindo

289Adaptado de: Corrie ten Boom, Andarilha para o Senhor (Editora Vida: 1976), pp.
11,46-49.

212
através de mim. Que grande alegria. A tristeza me deixou e eu queria
cantar como Davi:

“Tu mudaste o meu choro em dança alegre; tiraste a minha roupa


de luto e me vestiste com roupas de festa”. (Salmo 30.11 BLH)

Senti a presença do Senhor Jesus à minha volta e senti Seu amor fluindo
dentro de mim e sobre mim como se eu tivesse sido mergulhada no
oceano da graça de Deus. Minha alegria se tornou tão intensa que
finalmente orei: “Chega, Senhor. Chega”. Parecia que meu coração
queria estourar, tão grande era a alegria. Eu sabia que isto era aquela
maravilhosa experiência prometida por Jesus: o batismo no Espírito
Santo.

Olhei para o homem que tinha orado por mim e perguntei:

— Posso andar agora?

Ele respondeu:

— Eu não sei. Tudo o que sei é que a senhora pediu uma xícara e Deus
lhe deu um oceano.

Dez dias mais tarde eu estava a caminho da Alemanha, atrasada, porém


cheia de uma alegria transbordante. Só depois que eu cheguei é que
percebi a razão por que Deus escolheu aquele exato momento para me
encher com Seu Santo Espírito. Pois foi na Alemanha, pela primeira vez,
que me encontrei face a face com muitas pessoas que estavam
oprimidas ou controladas por demônios. Se eu tivesse ido apenas com
meu poder eu teria fracassado. Agora, indo com o poder do Espírito
Santo, Deus pôde realizar muitas libertações através de mim quando eu
ordenava que os demônios saíssem das pessoas em nome do Senhor
Jesus Cristo.

Jesus avisou especificamente seus seguidores para que não tentassem


ministrar sem Seu nome, sem Seu poder. Como eu descobri por
experiência própria, tentar fazer o trabalho do Senhor com suas próprias
forças é o mais confuso, cansativo e tedioso de todos os trabalhos. Mas
quando estamos cheios do Espírito Santo, então o ministério de Jesus se
derrama em nós.

Foi o começo de uma nova bênção espiritual que cada dia me traz mais
para perto do Senhor Jesus. Agora, seja ao andar na luz brilhantes de
Sua presença ou me abrigando `sombra do Deus Onipotente, eu sei que
Ele não está somente comigo, mas também em mim.

Em   vários   trechos   de   seu   livro,   ela   expõe   sua   fé   em 


Deus:

213
“…maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo”.
(1 João 4.4) 290

…louvado seja Deus! Eu posso ser uma vencedora quando estou sob o
poder do sangue do Cordeiro. 291

Durante todos esses anos em que tenho sido uma “andarilha para o
Senhor”, eu tenho tido medo muitas vezes. Mas nesses momentos
estendi a mão para o alto e toquei nas vestes de Jesus. Ele nunca deixou
de me acolher. Entretanto, ainda anseio pelo tempo em que terei uma
mansão no céu.

Aqui na terra foi com a idade de setenta e sete anos que pela primeira
vez encontrei um lugar para eu morar: um belo apartamento na cidade
de Baarn, na Holanda. Apesar de eu estar lá raramente (pois eu
pretendo continuar viajando até morrer em meu posto)… Mesmo com
esse “lar” aqui na terra, eu anseio acima de tudo por minha mansão
celestial. 292

Enquanto o amor de Deus, o fruto do Espírito Santo, era derramado em


meu coração, lancei-me novamente em minhas viagens — uma
andarilha para o Senhor.

Que grande alegria foi experimentar o amor de Deus, que me deu rios
de água para o sedento mundo da África, América e Europa Oriental. É
claro que pode ser da vontade de Deus que algumas pessoas de idade
se aposentem de seu trabalho. Em grande agradecimento ao Senhor,
eles podem gozar suas pensões. Mas, para mim, o caminho da
obediência era continuar a viajar mais do que antes.

Jesus nos alerta em Mateus 24.12 que o amor da maioria das pessoas
esfria por causa do aumento do pecado. É muito fácil pertencer à
“maioria”. Mas os portões do arrependimento estão sempre abertos.
Aleluia! 293

O   programa   de   eutanásia   da   Holanda   tem   sido   visto 


como um modelo para os países industrializados que estão 
vendo   suas   populações   idosas   aumentarem   como   nunca 
antes. Mas a vida de uma idosa holandesa dedicada a Deus 
permanece   um   exemplo   do   que   Deus   pode   fazer   com 
alguém   que   a   sociedade   julga   não   ter   mais   valor.   O 
290 Adaptado de: Corrie ten Boom, Andarilha para o Senhor (Editora Vida: 1976), pp.
76-78.
291 Adaptado de: Corrie ten Boom, Andarilha para o Senhor (Editora Vida: 1976), p. 94.
292 Adaptado de: Corrie ten Boom, Andarilha para o Senhor (Editora Vida: 1976), p.
122.
293 Adaptado de: Corrie ten Boom, Andarilha para o Senhor (Editora Vida: 1976), p.
189.

214
testemunho   cheio   fé   de   Corrie   encontra­se   em   seu   livro 
Refúgio Secreto  (Editora Betânia) e no famoso filme com o 
mesmo título.
A   experiência   de   vida   de   Corrie   é   um   exemplo   das 
oportunidades que Deus dá para todo cristão de fé. Deus 
está   disposto   a   usar   cada   um   de   nós,   mesmo   quando   o 
mundo olha para nós e vê velhice e fim. “O Deus Eterno diz: 
‘Os meus pensamentos não são como os seus pensamentos, 
e   eu   não   ajo   como   vocês.   Assim   como   o   céu   está   muito 
acima da terra, assim os meus pensamentos e as minhas 
ações estão muito acima dos seus…’” (Isaías 55.8­9 BLH) 
Deus   usou   a   idosa   Corrie   e   contrariou   toda   a   sabedoria 
humana que diz que a velhice é o fim de tudo. “Deus tem 
mostrado   que   a   sabedoria   deste   mundo   é   loucura!”   (1 
Coríntios 1.20b BLH) A Bíblia diz que na velhice as pessoas 
fiéis a Deus “ainda produzirão frutos; estarão sempre fortes 
e   cheias   de   vida,   dispostas   a   anunciar   que   o   Eterno   é 
justo”. (Salmo 92.13­15 BLH)
Tragicamente,   há   milhões   que   vivem   uma   existência 
sem   propósito   de   Deus.   Essas   pessoas   nascem,   crescem, 
trabalham e se casam, vivendo uma vida basicamente sem 
rumo certo. E acabam morrendo sem cumprir tudo o que 
poderiam produzir para a glória de Deus. Tudo o que elas 
são   morre   com   elas,   porque   elas   não   conseguem 
desenvolver ou transmitir para outros tudo o que Deus lhes 
deu. Elas vivem e morrem para si mesmas.
Deus   nos   dá   um   potencial   muito   grande:   dons 
espirituais,   talentos,   capacidades,   criatividade,   idéias, 
aspirações   e   sonhos.   Nossa   responsabilidade   é   ativar, 
liberar   e   maximizar   o   potencial   para   abençoar   o   maior 
número possível de pessoas.
Quando  buscamos  a  Deus  com  todo  o  coração,  nos   o 
encontramos com ele e seu poder e recebemos dele direção 
sobrenatural para nossas vidas. Há cristãos que conhecem 
nitidamente   e   vivem   o   propósito   de   Deus   aqui   na   terra. 

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Diante deles, a morte não prevalece. O que prevalece  é o 
projeto de Deus. E se somos fiéis a Jesus, ele só nos leva 
quando esse projeto é finalizado.
Além disso, o soldado de Jesus jamais se entrega à morte. 
Ele se entrega somente àquele que morreu e ressuscitou 
por ele. Ele sabe que tem de partir para Jesus, mas parte 
como um soldado que, mesmo compreendendo que vai 
morrer, luta contra seu inimigo até o fim. O mundo, em seu 
sofrimento e angústia, trata muitas vezes a morte como 
amiga, mas a Palavra de Deus nos ensina a tratá­la da 
maneira correta, como inimiga. E sempre há medalhas e 
honras para os guerreiros que morrem lutando 
corajosamente contra o inimigo. No Reino de Deus não será 
diferente.

Copyright 2001 Julio Severo. Proibida a reprodução deste artigo sem a autorização
expressa de seu autor. Julio Severo é autor do livro O Movimento Homossexual,
publicado pela Editora Betânia. Email: juliosevero@hotmail.com

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