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“Todo o indivíduo tem direito à vida”

(Declaração Universal dos Direitos do Homem, Art. 3)

Há algum tempo em Portugal houve uma enorme


controvérsia. O aborto (também denominado como
interrupção voluntária da gravidez) era tema em qualquer
jornal nacional era notícia de abertura a qualquer telejornal.
A partir do momento em que o sim ganhou, este foi um
tema esquecido, algo estranho porque até a data era um
dos temas mais controversos da sociedade. Será que por
algo ser aceite pela população serve para ser esquecido?
Julgo que não, até porque ficaram por limar muitos
problemas. Mas afinal o que é o aborto? Bem, pode-se dizer
muito sumariamente que o aborto é a remoção de um
embrião ou feto, que neste caso ocorre de uma forma
artificial, provocando a morte do mesmo. Este método só
pode acontecer se o feto tiver até 5 semanas e como é
óbvio terá que ter uma justificação pertinente para a
realização do mesmo. Sendo este um dos temas mais
falados e complexos até a sua aprovação, pergunto-me o
que mudou para deixar de ser um tema discutido e
analisado.
Para a maioria, senão mesmo a totalidade das igrejas, o
aborto é um crime intolerável contra um inocente indefeso.
Para uma grande parte de não religiosos é, não só o recurso
extremo para uma gravidez indesejada, como ainda, uma
forma de proteger a mulher contra o aborto clandestino que
quase sempre deixa sequelas e muitas vezes ceifa vidas, a
prática do aborto parece ser corrente na nossa sociedade,
embora e quase sempre em situação de desastre
inevitável.
Porque se a legalização do aborto não obriga a mulher
religiosa a fazê-lo, a sua proibição, impõe que a mulher não
religiosa tenha o filho que não deseja.. O aborto é aqui,
encarado como um problema de consciência individual.
Dizem as igrejas que o aborto não é um problema de
consciência individual (religiosa ou não) mas social, tal
como a eutanásia, se fosse permitida a doentes incuráveis,
a velhices senis, a crianças deficientes e a tantos outros
casos.
Por outro lado acreditam os crentes que existe uma
dimensão transcendente na dor e no sofrimento que não
diminui a dignidade do homem - pelo contrário, dá-lhe uma
grandeza que não pode ser rejeitada. De qualquer modo,
continuam as igrejas a afirmar, não se pode legalizar um
acto que é pura e simplesmente um assassínio Porém, e
num país como o nosso, em que o homem se regozija por
ter muitos filhos, que último recurso sobra à mulher? Tanto
mais sabendo que quem os "carrega" desde que os
concebe é a mulher, quem em parte os sustenta e cria é a
mulher; quem, por abandono do lar fica com eles, é ainda a
mulher?...
Quem até, nesta matéria de aborto, vai às barras do
tribunal, e é julgada, e sofre a devida punição, é a mulher,
que não o homem. O que falta pois, para que a mulher
sendo considerada cidadã responsabilizável, tenha direitos
iguais ao pai, neste caso considerado sem qualquer culpa?A
Igreja está certa. Mas não é preciso ser católico ou
praticante de outra religião para reconhecer o valor e o
carácter inviolável da Vida e defender o direito à existência
do ser humano em potência. Eu ainda mantenho a
esperança de que a humanidade e a sociedade actual caia
em si, dê conta dos erros que está a cometer e mande
estas leis para o caixote do lixo, promulgando outras que
protejam a vida dos futuros bebés, dando às mães a ajuda
de que precisam: económica, psicológica, moral, social.

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