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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR.

JORGE AUGUSTO CORREIA

Problemas éticos na interrupção da vida humana

Marisa Aguilar nº17 10ºC2


26/05/2023
Recentemente o Parlamento português aprovou a lei da legalização da eutanásia,esta
permite a morte assistida em casos de sofrimento intolerável,lesões de gravidade extrema e
doenças incuráveis.A decisão(que contou com uma superioridade numérica visivel),suscitou
um debate à muito relevante,que configura como um tema intemporal e universal(apesar de
atualmente poucos paises legalizarem a prática da eutanásia,chegando a punir a sua
execução).A eutanásia é considerada uma das formas de interromper a vida
humana,juntamente com o aborto(legalizado em Portugal desde 2007) e a pena de
morte,sendo que,Portugal foi o primeiro país Europeu a abolir este tipo de pena,ainda no
século XIX.As dúvidas e o descontentamento do povo português quanto à decisão efetuada
pelo Parlamento são perceptiveis,inclusive, através das manisfestações cada vez mais
frequentes nos últimos dias.
Apesar da eutanásia ainda não ser legalizada na maior parte do globo,a discussão sobre
a sua legalização é frequente,juntamente com essa questão,existe a discussão sobre o
aborto que atualmente é legal em 56 paises sob a justificação de ter como prioridade a
saúde da mulher,e por fim,a pena de morte, legal em apenas 26 paises e dos três tópicos
provavelmente o menos contestado,muito devido à raiva que os cidadãos tendem a sentir
de criminosos que acabam por cometer crimes hediondos,e por conseguinte,determinadas
pessoas acreditam que estes merecem uma punição equivalente aquela que infligiram às
suas vitimas.
Posto isto,podem ser colocadas inúmeras questões.Terá sido esta a decisão acertada?O
descontentamento do povo português é justificado?Afinal,estas formas de interrupção da
vida humana são tão prejudiciais como aparentam ser ou existe de facto algo de benéfico
por trás delas?Como afetam não só a pessoa mas o meio que a envolve?Porque aparentam
ser opções viáveis ou até mesmo a última e única escolha de muitas pessoas?Podem de
facto ser consideradas formas dignas de acabar com uma vida?
Primeiramente,é necessário que se faça uma distinção e um esclarecimento entre os três
tópicos para que posteriormente possam ser analisados de forma a se chegar a uma
conclusão credível e bem fundamentada.
Aborto deriva do latim “abortus” cujo significado mais atribuido é cortar a continuidade de
uma determinada atividade.Também conhecido como IVG(Interrupção voluntária da
gravidez) consiste essencialmente em interromper a gravidez,que se realizado por serviços
de saúde legais e autorizados,apenas se pode efetuar até à 10º semana,quando é
considerado mais seguro e tende a ter menos riscos no que diz respeito à saúde da mulher.
(Existem outros tipos de aborto,que não sendo voluntários,não dependem da humanidade e
sim de fatores exteriores a ela,e por isso,não serão mencionados.)
Eutanásia tem origem no grego “eu”,que signifca boa,e”tanathos” que quer dizer morte,ou
seja numa tradução literal “boa morte”,remetendo ao facto de que as pessoas que se
encontram em extremo sofrimento podem optar por acabar com o mesmo,já que a morte
seria provavelmente inevitável,e a eutanásia apenas acelararia o processo,caso esta fosse
solicitada por um paciente gravemente doente.Apesar da mais comentada ser a eutanásia
voluntária existem outros tipos de eutanásia que falaremos mais à frente,dentre eles a
eutanásia involuntária e não voluntária.
A pena de morte implica a condenação de um determinado sujeito à morte,geralmente
criminosos hediondos(ex:assassinos,violadores…),esta tende a ser controversa se
comparada à prisão,justamente,por causar uma lesão mais significativa,talvez a mais
grave(perder a vida),e ser de facto irreversivel.Apesar de já não ser muito utilizada em
paises desenvolvidos,paises em desenvolvimento fazem muito uso deste tipo de
pena,incluindo a execução em praça pública,por exemplo de mulheres adúlteras em paises
maioritariamente muçulmanos ou asiáticos.
Agora que todos os tópicos foram devidamente explicados,passarei a uma avaliação
sobre cada um deles,com o objetivo de obter uma resposta sobre os problemas que
envolvem a interrupção da vida humana,a sua importância,influência e determinar se são
eticamente errados ou corretos.
Ao defender a realização do aborto um ponto sempre levantado é o facto do corpo
pertencer à mulher,e por conseguinte,esta detém o poder de escolher o que acontece com
ele,embora esta afirmação contenha alguma veracidade,já que a mulher detém de facto o
direito de decidir o que acontece com o seu corpo,o feto representa outra vida e outro
corpo,que apenas fará uso do corpo da mãe durante a gestação.Argumentos como “As
mulheres continuarão a abortar mesmo que seja ilegal,e por isso,deve ser lergalizado” ou
“O feto ainda não é um ser vivo” são inválidos a partir do momento em que ao utilizar essa
linha de pensamento crimes hediondos como abuso sexual e assassinatos também
deveriam ser legalizados,já que mesmo sendo ilegais,continuam a ser perpetuados.Para
além do facto de que não existe consenso de quando é que o feto passa a representar uma
vida,por isso,é possivel partir do pressuposto de que este representa uma vida desde o
inicio da gestação.Kant assume uma posição contra o aborto,já que segundo ele o individuo
deve colocar-se acima dos seus interesses pessoais e agir pelo que é racionalmente
correto,que no caso,seria considerar não só o nosso possivel sofrimento mas a vida do
feto.Apesar de concordar com Kant,acredito que existam excesões,como casos de
abusos(incluindo de menores),problemas graves e irreversiveis para a mulher e/ou feto,e
eventualmente a possivel morte de um deles ou de ambos durante o parto.
Kant posiciona-se também contra a eutanásia visto que,para ele se o ser humano ainda é
capaz de exercer as funções básicas para existir,este deve continuar a viver,já que não
sabe o que pode vir a suceder.A minha visão é novamente similiar à de Kant,já que
atualmente a cultura de morte está a proliferar-se de uma forma assustadora,ao ponto de
algo que antigamente era usado para acabar voluntariamente com a dor de alguém,é
atualmente realizado a doentes psicológicos(sem qualquer tipo de doença grave),que na
verdade necessitam de acompanhamento psicológico,a crianças sem o parecer dos pais,e a
qualquer tipo de pessoa que demonstre(ou não) vontade de passar por este
procedimento.Dirão que somos livres de fazer as nossas próprias escolhas,o que é de facto
verdade,mas desta forma a eutanásia parece ligeiramente contraditória,já que, a eutanásia
é frquentemente caracterizada como um ato de plena liberdade,sendo que,na maior parte
das vezes consiste justamente na ausência desta,visto que,a liberdade existe justamente
para dar sentido à nossa vida.
Por fim,a pena de morte é a meu ver um castigo atribuível em certas situações.É possivel
afirmar que não se deve fazer o mesmo que os criminosos fizeram às vitimas ou ainda que
eventualmente um inocente poderia ser condenado injustamente.Quanto a isso,existem
casos diferentes e como tal,devem existir punições diferentes,um criminoso que seja um
criminoso reincidente,muito conhecido(que já tenha fugido diversas vezes da prisão)ou
ainda criminosos que já confessaram os crimes e existem evidências suficientes para os
incriminar,e claro que tenham cometido crimes hediondos deviam sim ser condenados a
pena de morte,já que evitaria que outras pessoas sofressem(caso estes fugissem)e evitaria
que inocentes fossem culpablizados.
É possível concluir que existem de facto problemas éticos na interrupção da vida humana
que apesar de dever ser legalizada em alguns casos,também é importante ter cuidado com
a sua proliferação e não exagerar e de alguma forma contribuir para a cultura da morte.
Bibliografia

Morrer com dignidade-A decisão de cada um-João Semedo

Ajudas-me a morrer-Laura Ferreira dos Santos

Aborto -Uma abordagem serena-João César das Neves

Pena de morte e morte sem pena-João Aguiar

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