26/05/2023 Recentemente o Parlamento português aprovou a lei da legalização da eutanásia,esta permite a morte assistida em casos de sofrimento intolerável,lesões de gravidade extrema e doenças incuráveis.A decisão(que contou com uma superioridade numérica visivel),suscitou um debate à muito relevante,que configura como um tema intemporal e universal(apesar de atualmente poucos paises legalizarem a prática da eutanásia,chegando a punir a sua execução).A eutanásia é considerada uma das formas de interromper a vida humana,juntamente com o aborto(legalizado em Portugal desde 2007) e a pena de morte,sendo que,Portugal foi o primeiro país Europeu a abolir este tipo de pena,ainda no século XIX.As dúvidas e o descontentamento do povo português quanto à decisão efetuada pelo Parlamento são perceptiveis,inclusive, através das manisfestações cada vez mais frequentes nos últimos dias. Apesar da eutanásia ainda não ser legalizada na maior parte do globo,a discussão sobre a sua legalização é frequente,juntamente com essa questão,existe a discussão sobre o aborto que atualmente é legal em 56 paises sob a justificação de ter como prioridade a saúde da mulher,e por fim,a pena de morte, legal em apenas 26 paises e dos três tópicos provavelmente o menos contestado,muito devido à raiva que os cidadãos tendem a sentir de criminosos que acabam por cometer crimes hediondos,e por conseguinte,determinadas pessoas acreditam que estes merecem uma punição equivalente aquela que infligiram às suas vitimas. Posto isto,podem ser colocadas inúmeras questões.Terá sido esta a decisão acertada?O descontentamento do povo português é justificado?Afinal,estas formas de interrupção da vida humana são tão prejudiciais como aparentam ser ou existe de facto algo de benéfico por trás delas?Como afetam não só a pessoa mas o meio que a envolve?Porque aparentam ser opções viáveis ou até mesmo a última e única escolha de muitas pessoas?Podem de facto ser consideradas formas dignas de acabar com uma vida? Primeiramente,é necessário que se faça uma distinção e um esclarecimento entre os três tópicos para que posteriormente possam ser analisados de forma a se chegar a uma conclusão credível e bem fundamentada. Aborto deriva do latim “abortus” cujo significado mais atribuido é cortar a continuidade de uma determinada atividade.Também conhecido como IVG(Interrupção voluntária da gravidez) consiste essencialmente em interromper a gravidez,que se realizado por serviços de saúde legais e autorizados,apenas se pode efetuar até à 10º semana,quando é considerado mais seguro e tende a ter menos riscos no que diz respeito à saúde da mulher. (Existem outros tipos de aborto,que não sendo voluntários,não dependem da humanidade e sim de fatores exteriores a ela,e por isso,não serão mencionados.) Eutanásia tem origem no grego “eu”,que signifca boa,e”tanathos” que quer dizer morte,ou seja numa tradução literal “boa morte”,remetendo ao facto de que as pessoas que se encontram em extremo sofrimento podem optar por acabar com o mesmo,já que a morte seria provavelmente inevitável,e a eutanásia apenas acelararia o processo,caso esta fosse solicitada por um paciente gravemente doente.Apesar da mais comentada ser a eutanásia voluntária existem outros tipos de eutanásia que falaremos mais à frente,dentre eles a eutanásia involuntária e não voluntária. A pena de morte implica a condenação de um determinado sujeito à morte,geralmente criminosos hediondos(ex:assassinos,violadores…),esta tende a ser controversa se comparada à prisão,justamente,por causar uma lesão mais significativa,talvez a mais grave(perder a vida),e ser de facto irreversivel.Apesar de já não ser muito utilizada em paises desenvolvidos,paises em desenvolvimento fazem muito uso deste tipo de pena,incluindo a execução em praça pública,por exemplo de mulheres adúlteras em paises maioritariamente muçulmanos ou asiáticos. Agora que todos os tópicos foram devidamente explicados,passarei a uma avaliação sobre cada um deles,com o objetivo de obter uma resposta sobre os problemas que envolvem a interrupção da vida humana,a sua importância,influência e determinar se são eticamente errados ou corretos. Ao defender a realização do aborto um ponto sempre levantado é o facto do corpo pertencer à mulher,e por conseguinte,esta detém o poder de escolher o que acontece com ele,embora esta afirmação contenha alguma veracidade,já que a mulher detém de facto o direito de decidir o que acontece com o seu corpo,o feto representa outra vida e outro corpo,que apenas fará uso do corpo da mãe durante a gestação.Argumentos como “As mulheres continuarão a abortar mesmo que seja ilegal,e por isso,deve ser lergalizado” ou “O feto ainda não é um ser vivo” são inválidos a partir do momento em que ao utilizar essa linha de pensamento crimes hediondos como abuso sexual e assassinatos também deveriam ser legalizados,já que mesmo sendo ilegais,continuam a ser perpetuados.Para além do facto de que não existe consenso de quando é que o feto passa a representar uma vida,por isso,é possivel partir do pressuposto de que este representa uma vida desde o inicio da gestação.Kant assume uma posição contra o aborto,já que segundo ele o individuo deve colocar-se acima dos seus interesses pessoais e agir pelo que é racionalmente correto,que no caso,seria considerar não só o nosso possivel sofrimento mas a vida do feto.Apesar de concordar com Kant,acredito que existam excesões,como casos de abusos(incluindo de menores),problemas graves e irreversiveis para a mulher e/ou feto,e eventualmente a possivel morte de um deles ou de ambos durante o parto. Kant posiciona-se também contra a eutanásia visto que,para ele se o ser humano ainda é capaz de exercer as funções básicas para existir,este deve continuar a viver,já que não sabe o que pode vir a suceder.A minha visão é novamente similiar à de Kant,já que atualmente a cultura de morte está a proliferar-se de uma forma assustadora,ao ponto de algo que antigamente era usado para acabar voluntariamente com a dor de alguém,é atualmente realizado a doentes psicológicos(sem qualquer tipo de doença grave),que na verdade necessitam de acompanhamento psicológico,a crianças sem o parecer dos pais,e a qualquer tipo de pessoa que demonstre(ou não) vontade de passar por este procedimento.Dirão que somos livres de fazer as nossas próprias escolhas,o que é de facto verdade,mas desta forma a eutanásia parece ligeiramente contraditória,já que, a eutanásia é frquentemente caracterizada como um ato de plena liberdade,sendo que,na maior parte das vezes consiste justamente na ausência desta,visto que,a liberdade existe justamente para dar sentido à nossa vida. Por fim,a pena de morte é a meu ver um castigo atribuível em certas situações.É possivel afirmar que não se deve fazer o mesmo que os criminosos fizeram às vitimas ou ainda que eventualmente um inocente poderia ser condenado injustamente.Quanto a isso,existem casos diferentes e como tal,devem existir punições diferentes,um criminoso que seja um criminoso reincidente,muito conhecido(que já tenha fugido diversas vezes da prisão)ou ainda criminosos que já confessaram os crimes e existem evidências suficientes para os incriminar,e claro que tenham cometido crimes hediondos deviam sim ser condenados a pena de morte,já que evitaria que outras pessoas sofressem(caso estes fugissem)e evitaria que inocentes fossem culpablizados. É possível concluir que existem de facto problemas éticos na interrupção da vida humana que apesar de dever ser legalizada em alguns casos,também é importante ter cuidado com a sua proliferação e não exagerar e de alguma forma contribuir para a cultura da morte. Bibliografia
Morrer com dignidade-A decisão de cada um-João Semedo
Embriologia Humana - Fecundação, Clivagem, Compactação, Mórula, Blástula e Nidação, Gastrulação, Fechamento Do Embrião, Noções de Organogenese e Teratogenese