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Aluna: Jenifer Machado de Carvalho, RA 181184

Professor: Dr. Cláudio Tucci Júnior


Disciplina: Direitos Fundamentais

Eutanasia e a dignidade da pessoa humana

A eutanásia é ilegal na maioria dos países do mundo, no Brasil um profissional da medicina que se
submetesse a este procedimento poderia ser condenado à prisão perpétua por homicídio. Eutanasia
é uma palavra de origem grega que significa “boa morte”, por meio dela se busca abreviar a vida de
alguém que tem uma doença incurável, são adotadas medidas para acelerar a morte causando o
menor sofrimento possível. No Brasil essa prática é considerada crime e está prevista no código
penal o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, art. 122.

O direito muitas vezes tem que lidar com questões que não são simples, por um lado um princípio
com tanto peso, o direito à vida em contraponto o direito à morte digna como decorrência do
princípio da dignidade humana. Quem detém a vida pode violar esse transcurso natural? Até que
ponto uma pessoa deve manter o prolongamento de sua vida ou abrevia-la? E o direito pode
amparar alguém nessa decisão? Tudo isso suscita um grande debate. São duas as mais fortes
correntes, a que entende que a vida deve ser prolongada a todo custo, e outra que defende a
necessidade de uma vida digna.

Muito se fala em autonomia no fim de vida, mas para se chegar ao assunto eutanásia é preciso olhar
para as pessoas que estão doentes hoje, dentro do processo de morte é necessário rever sobre os
cuidados paliativos aos pacientes e seus familiares, para somente depois se chegar ao padrão em que
possa ser questionada a capacidade do paciente decidir ou não por morrer e esta deliberação estar
ou não respaldada pela medicina, pela parte jurídica, em que possa haver acolhimento para tal ação.
Mas para isso é necessário que a sociedade mude, e que as idéias mudem também, pois ainda
estamos presos no sentimento de que não há permissão para se abrir mão de algo que não temos o
controle, que não é dado nem retirado por nós, muitos paradigmas envolvidos, ética, moral,
medicina, religião.

Importante saber entender e saber distinguir quando falamos em distanásia trabalhamos com a idéia
da tentativa de prolongar a vida a qualquer custo, a ortotanásia são meios adotados para o cuidado
do paciente para uma morte com diminuição do sofrimento, são os chamados cuidados paliativos e a
eutanásia trata da interrupção voluntária da vida. E na lide entre os princípios que fundamentam a
vida em sociedade, que atuam como valores ao homem, podemos concluir que não há dignidade
sem vida, a vida está como principal para que se existam todas as demais coisas, inclusive o direito,
não podemos ser extremistas, mas nada subsiste sem ela. Há uma confusão entre esses valores
quando o princípio liberdade é colocado acima do valor vida, isso envolve uma possibilidade clara de
relativização do que ela signifique, que só valerá nesta ou naquela condição, para esse ou aquele
grupo, que só há possibilidade de se viver bem, confortável quando temos sensibilidade ou
capacidade de prazer, que não há possibilidade de adequação e que a vida por si só não seja um
valor absoluto. Todos os grandes regimes políticos do mal ou todas as vezes que nós nos
defrontamos com todos os horrores da humanidade, estávamos diante de situações que numa escala
maior também lidavam com a relativização do valor da vida. Para entender o motivo pelo qual essa
prática é ilegal no território brasileiro, deve ficar claro que a constituição federal de 1988 prevê no
seu art. 5º direitos e garantias fundamentais, e a princípio temos o direito à vida, pois sem ela os
demais direitos tornam-se apenas idealizações e dela o homem não pode dispor, resguardada desde
a concepção e servindo como um limitador da vontade e da autonomia humana. Sendo a vida e a
morte algo inerente ao ser humano não cabe a ele o controle, aí surge um grande conflito entre o
direito e a proteção da vida e a garantia de uma existência digna onde se possa usufruir de tudo o
que se acredita ser possível, a partir disso o Estado tem o dever de garantir o valor que tiver maior
peso. Entendo haver a necessidade de um trabalho diferente, em que haja a possibilidade de viver
uma vida, ainda que não a mesma, mas de uma forma mais leve, com apoio do governo, de
familiares, da medicina, da psicologia, do direito com o intuito de proteger o individuo, inclusive
contra seus próprios pensamentos quando deparados com as limitações a que todos somos
submetidos, aceitar a pratica abriria no país um leque para várias outras atitudes gerando grande
insegurança social, moral e jurídica.

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