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Relato Fictício:

O ator Cauã Reymond interpretou um personagem polêmico na série


"Justiça", da TV Globo. Na história, o contador Maurício dá uma injeção letal na
mulher Beatriz, a pedido dela, depois que um acidente de carro a deixa tetraplégica.
Ele é preso e condenado, situação que provavelmente também aconteceria se fosse
uma história real, porque a eutanásia é considerada crime de homicídio no Brasil.
Nem todos os países enxergam a eutanásia da mesma forma.
Holanda, Suíça, Canadá, Colômbia e Estados Unidos, por exemplo, permitem a
morte dependendo da gravidade da doença do paciente. Na Bélgica, a eutanásia é
permitida desde 2002.
Para Sérgio Rego, presidente da Sociedade de Bioética do Rio de Janeiro, o
indivíduo tem o direito de pedir para morrer e abreviar seu sofrimento diante de uma
patologia incurável: “A eutanásia deve ser a expressão da vontade do sujeito, não a
do Estado, do serviço de saúde, de uma ideologia ou do profissional de saúde”.
A liberação da eutanásia no Brasil entra em conflito com o artigo 5° da
Constituição da República Federativa do Brasil. Segundo ela todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade.
Ainda segundo Rego diante disso "O que se acaba praticando é algo muito
ruim: a manutenção do sofrimento do indivíduo por dias, semanas e até meses
apenas porque temos tecnologia para isso e porque somos treinados a impedir, a
qualquer custo, a morte", afirma Rego. "A morte é inevitável, mas adiável. A
pergunta que fica é: quem deve ou pode decidir a intensidade de sofrimento que um
indivíduo deve sofrer antes de morrer?"
A presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, Regina Parizi, reforça a
ideologia de Rego ao afirmar que: "O Brasil troca a discussão profunda sobre a
eutanásia pela discussão dogmática. Respeitamos as diferentes opiniões, mas
achamos que o respeito à autonomia do paciente deve vir em primeiro lugar, como
um direito ao seu corpo e à sua vida", diz Parizi.
Ambos os profissionais da bioética defendem a criação de mais programas de
cuidados paliativos que amenizam o sofrimento dos doentes terminais, para dar uma
morte digna a eles. Mas, o catolicismo predominante no Brasil pode ter interferência
nesse processo, uma vez que, possui a doutrina de matar o seu semelhante.
Diante disso, para se respaldar os médicos diante da pressão que muitas
vezes sofrem para acabar com o sofrimento de pacientes terminais, o CFM
(Conselho Federal de Medicina) criou em 2006 uma resolução que permite aos
médicos praticar a ortotanásia. Essa resolução permite ética e legalmente ao médico
interromper as medidas terapêuticas quando já se esgotaram todas as chances. Mas
desde que o paciente ou seu representante legal concorde com isso. A resolução
autoriza o procedimento apenas em pacientes terminais.
Referências

NEUMAM, Camila. Como funciona a eutanásia no Brasil?. São Paulo, SP, 6 out.
2016. Disponível em:
https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2016/10/06/por-que-o-
brasil-nao-aprova-a-eutanasia-religiao-e-politica-nao-se-acertam.htm. Acesso em: 29
ago. 2019.

BRASIL. [Constituição (2016)]. Constituição da República Federativa do Brasil:


Dos Direitos e Garantias Fundamentais. Brasília, DF: Secretaria especial de
informática, 2016. Disponível em:
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/
CON1988.pdf. Acesso em: 29 ago. 2019.

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