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PROF.FÁBIO BRUSSOLO
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
A Lei 6404/76, conhecida como a Lei das Sociedade Anônimas define quais são as Demonstrações
Financeiras obrigatórias, bem como a estrutura de cada uma. Essa Lei foi recentemente alterada pela Lei
11.638/07, que alterou as Demonstrações Obrigatórias e também a estrutura de algumas demonstrações.
A Lei 11638/07 em seu artigo 176 define quais as Demonstrações Financeiras são obrigatórias para as
Sociedades Anônimas::
Balanço Patrimonial;
Demonstração do Resultado do Exercício;
Demonstração dos Fluxos de Caixa;
Demonstração do Valor Adicionado (se for de capital aberto)
O texto da Lei diz ainda que as Demonstrações Financeiras devem ser acompanhadas de Notas Explicativas
que demonstram as principais práticas contábeis adotadas pela empresa. Diz ainda que as empresas de capital
fechado que tenham Patrimônio Líquido inferior à R$ 2.000.000,00 na data do fechamento do Balanço fica
desobrigada à elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa.
BALANÇO PATRIMONIAL
O Balanço Patrimonial é a demonstração que indica o total de bens, direitos e obrigações de uma empresa,
expressos em moeda corrente, em determinado período.
ATIVO: demonstra os bens e direitos da empresa. Também podemos dizer que no ativo estão as aplicações de
recursos da empresa, ou seja, para onde foram destinados os recursos que a empresa conseguiu com terceiros
ou com os próprios acionistas da empresa. O total do Ativo da empresa é também chamado de Capital à
disposição da empresa.
PASSIVO: demonstra as obrigações da empresa com terceiros. Terceiros são pessoas físicas ou jurídicas que
“financiam” a empresa, (exemplo: fornecedores, salários a pagar, impostos) e que não são sócios ou acionistas
da empresa. O Passivo é considerado como uma origem de recursos e é também conhecido como Capital de
Terceiros.
PATRIMÔNIO LÍQUIDO: demonstra todos os recursos que pertencem aos acionistas da empresa e que
estão investidos na mesma. Podemos dizer que são obrigações da empresa com os seus sócios ou acionistas,
representando também uma origem de recursos. Também é conhecido como Capital Próprio.
O Ativo é classificado quanto ao grau de liquidez decrescente de suas contas, ou seja, aquelas que
provavelmente se transformarão em dinheiro com maior velocidade aparecem em primeiro lugar, sendo que
aquelas que aparecem por último tem uma expectativa bem menor de se transformar em dinheiro.
Divide-se em:
- Imobilizado: são os bens tangíveis necessários para a operação da empresa. Bens tangíveis são
aqueles que podem ser tocados fisicamente. Exemplo: Veículos, Máquinas e Equipamentos,
Imóveis. Para ser considerado como um imobilizado o item deve apresentar três características
básicas:
- não ser destinado à venda;
- ser utilizado na operação da empresa;
- ter um prazo de vida útil relativamente longo;
Encontramos também no Ativo Permanente Imobilizado as contas redutoras ou retificadoras do
Ativo. Como exemplo podemos citar:
A conta Depreciação Acumulada, que registra a perda de valor dos bens tangíveis, por desgaste
ou obsolescência, conforme percentual definido pela legislação do imposto de renda. Esta conta
reduzirá o saldo da conta Ativo Permanente Imobilizado.
As empresas que exploram recursos naturais como Reservas Florestais, Poços de Petróleo,
Pedreiras, entre outras, registram esses valores como Ativo Permanente Imobilizado, e o
consumo desses recursos devem ser registrados em uma conta redutora chamada Exaustão
Acumulada.
- Intangível: Este sub-grupo do Ativo Permanente surgiu com as alterações da Lei 11.638/07, e
tem a função de registrar os valores dos bens e direitos que são necessários para a operação da
empresa, mas não podem ser tocados, chamados de Bens Intangíveis. O grande exemplo deste
item são as Marcas e Patentes e os Fundos de Comércio.
Esses bens também podem sofrer desgastes com o passar do tempo, como a perda de uma
patente, e esse tipo de perda deve ser registrado em uma conta redutora deste grupo denominada
Amortização Acumulada.
- Diferido: São gastos que a empresa faz em um empreendimento, ou novo produto antes desses
começarem a produzir receitas. Exemplo: Gastos num novo galpão antes de entrar em operação,
gastos com pesquisas de mercado de um novo produto.
Os valores contabilizados nestes grupo, são gastos que normalmente a empresa reconheceria
como uma despesa se a empresa ou o produto já estivesse em operação.
PASSIVO CIRCULANTE: são as obrigações com terceiros que tem o vencimento até o final do
próximo exercício social do fechamento do Balanço Patrimonial;
PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO: são as obrigações com terceiro que tem o vencimento após
o exercício social subseqüente ao fechamento do Balanço.
RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS: estão representadas as contas que representam receitas
futuras da empresa diminuídas dos respectivos custos. Ocorre quando a empresa já tem a contratação
de uma receita que beneficiará exercícios futuros, representando a obrigação da empresa em realizar
esta receita no futuro.
O Patrimônio Líquido da empresa irá representar o Capital Social investido pelos sócios ou acionistas, as
Reservas de Capital e de Lucros realizadas pela empresa e o Prejuízo Acumulado, caso seja essa a situação da
empresa. A Lei 11638/07 acabou com a figura da conta de Lucros Acumulados, devendo a empresa, quando
tiver lucros acumulados transferir este valor para a conta de Reserva de Lucros.
Conforme Morante (2007:4) “O Balanço Patrimonial é demonstração fundamental para a gestão financeira,
pois identifica a posição econômico-financeira das empresas. Os índices que possibilita formar são
esclarecedores da liquidez e estrutura patrimonial, indicando como aquelas estão estruturadas num período
de tempo.”
RECEITA BRUTA
A Receita Bruta é o total vendido no período. Nela estão inclusos os impostos sobre vendas (os quais
pertencem ao governo) e dela não foram subtraídas as devoluções (vendas canceladas) e os abatimentos
ocorridos no período. É o resultado, sem nenhum tipo de desconto, das atividades da empresa, seja ela, venda
de mercadorias ou serviços.
DEDUÇÕES
As deduções da receita são valores que irão diminuir o resultado da empresa, e que não acontecem por
vontade da própria empresa. São exemplos de deduções da receita:
Impostos e Taxas sobre Vendas: são aqueles gerados no momento da venda; variam proporcionalmente à
venda, ou seja, quanto maior for o valor das vendas, maior será o imposto. Os mais comuns são: IPI –
Imposto sobre Produtos Industrializados; ICMS – Impostos sobre a Circulação de Mercadorias e
Serviços; ISS – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza; PIS – Programa de Integração Social;
COFINS – Contribuição para o Finsocial.
Devoluções: são mercadorias devolvidas por estarem em desacordo com o pedido (preço, qualidade,
quantidade, avaria). O comprador, sentindo-se prejudicado, devolve total ou parcialmente a mercadoria.
Abatimentos: existem casos em que a empresa vendedora consegue convencer a compradora a ficar com
a mercadoria mesmo com pequenas avarias, e para compensar concede um “abatimento” no preço da
mercadoria. Esse abatimento também reduz o resultado da empresa.
Portanto, deduções são ajustes (e não despesas) realizados sobre a Receita Bruta para se apurar a Receita
Líquida.
RECEITA LÍQUIDA
É o resultado da Receita Bruta menos as Deduções, e representa a Receita Real da empresa, uma vez que já
foram desconsiderados todos os ajustes (deduções) sobre a Receita Bruta.
A expressão Custo das Vendas é bastante genérica, devendo, por essa razão, ser especificada por setor da
economia:
para empresas industriais o custo das vendas é denominado Custo dos Produtos Vendidos, neste caso
compreende o custo de aquisição da matéria-prima, o custo do pessoal aplicado na produção, e os outros
gastos da empresa ligados à produção;
para empresas comerciais o custo das vendas é denominado Custo das Mercadorias Vendidas, neste caso
compreende o valor de aquisição das mercadorias, seguro e transporte até o local da venda, tributos
devidos no ato da aquisição da mercadoria ou na importação;
para empresas prestadoras de serviços o custo das vendas é denominado Custo dos Serviços Prestados,
neste caso compreende, todos os gastos envolvidos com a prestação de serviços propriamente dita, bem
como o custo do pessoal ligado diretamente a prestação do serviço em si;.
É importante ressaltar que só aparece neste item os valores que se referem aos produtos ou serviços praticados
pela empresa e que já foram vendidos.
RESULTADO BRUTO
Resultado Bruto é a diferença entre a Receita Líquida e o Custo das Vendas, sem considerar as despesas
operacionais. O Lucro Bruto, após cobrir o custo de fabricação do produto (ou o custo da mercadoria
adquirida para revenda, ou o custo do serviço prestado), é destinado à remuneração das despesas
administrativas, de vendas e financeiras, bem como a remuneração do governo (Imposto de Renda) e dos
proprietários da empresa (Lucro Líquido).
DESPESAS OPERACIONAIS
São esforços/sacrifícios que a empresa faz, no período (ano/exercício) para obter receitas. As despesas
operacionais são as necessárias para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações.
Enfim, são todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa.
Despesas de Vendas: abrangem desde a promoção do produto até a sua colocação junto ao consumidor
(comercialização e distribuição). São despesas de pessoal da área de vendas, comissões sobre vendas,
propaganda e publicidade, marketing, entre outras;
Despesas Administrativas: são aquelas necessárias para administrar (dirigir) a empresa. De maneira geral,
são gastos do escritório que visam a direção ou a gestão da empresa. Exemplos: honorários
administrativos, salários e encargos sociais do pessoal administrativo, aluguel do escritório, materiais de
escritório, seguro do escritório, entre outros.
Despesas Financeiras: são as remunerações aos capitais de terceiros, tais como: juros pagos ou
incorridos, comissões bancárias, descontos concedidos, juros pagos, etc...As despesas financeiras devem
ser compensadas com as Receitas Financeiras, isto é, estas receitas são deduzidas daquelas despesas,
havendo indicação de cada uma delas.
RESULTADO OPERACIONAL
São as despesas e receitas não relacionadas com o objetivo do negócio da empresa, ou seja, não fazem parte
das operações da empresa. São os lucros ou prejuízos na venda de itens do ativo permanente, multas de
trânsito, entre outras.
É o Resultado Operacional, somado ou diminuído das Despesas/Receitas não Operacionais, e que serve de
base para o cálculo do Imposto de Renda e a Contribuição Social.
É o resultado do cálculo do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro da empresa, e que vai
diminuir o resultado final da empresa.
É a sobra que a empresa teve depois de calculado o Imposto de Renda e a Contribuição Social.
Esses dados apresentados correspondem à uma Demonstração do Resultado do Exercício completa, sendo que
caso a demonstração de uma empresa não possua todos os elementos aqui apresentados, sempre a última linha
da demonstração será chamada de Resultado do Exercício ou Resultado Líquido.
Essa demonstração passou a ser obrigatórias para as empresas de capital aberto à partir da Lei 11638/07, em
substituição à Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR). As empresas de capital fechado
que tenham Patrimônio Líquido inferior à R$ 2.000.000,00 estão desobrigadas da elaboração da DFC.
Por meio das Demonstração dos Fluxos de Caixa, podem ser avaliadas as alternativas de investimentos e as
razões que provocaram as mudanças da situação financeira da empresa, as formas de aplicação do lucro
gerado pelas operações e até mesmo os motivos de eventuais quedas no capital de giro.
A DFC indica a origem de todo o dinheiro que entra no caixa, a aplicação de todo o dinheiro que dele sai, e
ainda, o resultado do fluxo financeiro de determinado período.
Tem como objetivo avaliar as alternativas de investimentos e controlar ao longo do tempo as decisões
importantes que são tomadas nas empresas com reflexos monetários.
MARION & REIS (2003:59-60) destacam a terminologia e o significado de cada item que compõem essa
demonstração:
“
a) caixa: compreende o numerário em mãos e depósito bancário disponível;
b) equivalente à caixa: investimentos a curto prazo, de alta liquidez, prontamente conversíveis em
valores conhecidos de caixa e que estão sujeitos a um insignificante risco de mudança de valor;
c) fluxos de caixa: entradas e saídas de caixa e equivalentes a caixa;
d) atividades operacionais: as principais atividades geradoras de receita da empresa e outras atividades
diferentes das de investimento e financiamento;
e) atividades de investimento: as aquisições e vendas de ativo de longo prazo e outros investimentos
não inclusos nos equivalentes à caixa;
f) atividades de financiamento: atividades que resultam em mudanças no tamanho e na composição do
capital e empréstimos da empresa.”
A DFC pode ser elaborada pelo Método Direto e pelo Método Indireto.
O Método Direto está embasado regime de caixa, ou seja, procura registrar todos os recebimentos e todos os
pagamentos de caixa.
No Método Indireto, é realizada uma reconciliação do rendimento líquido para o caixa líquido, e as mudanças,
aumento ou diminuição são medidos nas contas de Capital de Giro como Contas a Receber, Estoques, etc...
que serão ajustados para rendimentos líquidos e mensuração de caixa.
O Fluxo de Caixa é dividido em três fluxos distintos: Atividades Operacionais, Atividades de Investimentos e
Atividades de Financiamento.
ATIVIDADES OPERACIONAIS: são aquelas derivadas das atividades principais geradoras de receita da
empresa. Portanto, podem resultar de transações e outros eventos que afetam o resultado da empresa.
MARION & REIS (2003:64) citam os seguintes exemplos de Atividades Operacionais:
ATIVIDADES DE INVESTIMENTO: são as atividades que visam gerar fluxo de caixa e resultados futuros.
São exemplos:
Essa demonstração passou a ser obrigatória para as empresas de capital aberto com a Lei 11638/07. Ela
ressalta a riqueza criada por uma entidade num determinado período de tempo (normalmente, um ano), bem
com a sua efetiva distribuição.
A DVA indica de forma clara e precisa a parte da riqueza que pertence aos sócios ou acionistas, a que pertence
aos demais capitalistas que financiam a entidade (capital de terceiros), a que pertence aos empregados e
finalmente a parte que fica com o governo.
Do valor da Receita Operacional, subtraem-se todos os custos dos recursos adquiridos de terceiros, como
aquisição de matéria-prima, mercadorias, embalagens, energia elétrica e terceirização da produção utilizados
no processo operacional da empresa. O resultado obtido nessa subtração denomina-se Valor Adicionado
Bruto.
Do Valor Adicionado Líquido podem ser acrescidos ou diminuídos os valores de Receitas Financeiras,
Receita de Equivalência Patrimonial, Despesas Não Operacionais, para se encontrar o que chamamos de Valor
Adicionado a Distribuir.
Após encontrar estes valores demonstra-se para onde esse recurso foi distribuído em forma de impostos,
salários, remuneração aos acionistas, entre outros.
NOTAS EXPLICATIVAS
As notas explicativas que devem ser elaboradas pelas empresas ao final das Demonstrações Financeiras tem
como objetivo explicar a formação de alguns valores e investimentos da sociedade. São obrigatórias as
seguintes notas:
BIBLIOGRAFIA
MARION, José Carlos; REIS, Arnaldo (coordenadores) – Mudanças nas Demonstrações Contábeis – Editora
Saraiva – São Paulo : 2003
NEVES, Silvério das; VICECONTI, Paulo E V – Contabilidade Avançada e Análise das Demonstrações
Financeiras – 14ª Edição – Editora Frase – São Paulo : 2005
REIS, Arnaldo; MARION, José Carlos – Contabilidade Avançada : Para cursos de graduação e concursos
públicos – Editora Saraiva – São Paulo : 2006