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Vitor Vieira Vasconcelos Bacharel em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Belo Horizonte, Minas Gerais, 2004
As leis da natureza, para Hobbes, tm fundamento a partir da deliberao da razo humana sobre quais seriam os meios mais eficazes de garantir a sobrevivncia da espcie e um mnimo de segurana para a realizao dos desejos humanos. Cumpre que entendamos a razo humana como clculo, assim como proposto em Hobbes, e que por esse clculo, ainda no estado de natureza, o homem entende que a melhor maneira de sobreviver no a guerra, e sim um consenso de paz entre as pessoas. Seria errado afirmar, nessa teoria, que o homem busca a paz por uma bondade de sua natureza. Afinal, a moral hobbesiana fundada nos interesses, em que o interesse fundamental o de sobrevivncia, a partir do qual se estruturar todo um edifcio de pensamentos, direitos e normas. A lei da natureza levar os homens a realizar o pacto, em que abrem mo do seu direito de fazer o que bem entenderem, e a transferir esse poder para as mos de um terceiro, que se tornar o soberano. O soberano contar tambm com os meios necessrios imposio de suas vontades, por exemplo, por meio da fora armada e das leis civis. Assim se passa das primeiras leis naturais, que eram de foro intimo e que podem ser encaradas mais como ditames da razo, para as leis civis garantidas pela espada. A consequncia da realizao desse pacto ser a criao do Estado e de toda sua estrutura. Salvaguardado o direito individual de defender a prpria sobrevivncia, os sditos devero se submeter ao que imposto pelo governo, de maneira que todos possam continuar vivendo em sociedade. Dessa forma, as leis da natureza, alm de fundar o Estado, tambm o justificam em sua vigncia, e mostram aos homens como seria insensato querer retornar ao estado de natureza.