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"declogo" no livro Escola cidad em 1992. Para mim, a escola cidad surge como uma
realizao concreta dos ideais da escola pblica popular, cujos princpios venho
defendendo, ao lado de Paulo Freire, nas ltimas duas decadas. Concretamente, dessa
experincia vivida pude tirar algumas lies. Para finalizar gostaria de mencionar pelo
menos quatro:
1 A escola no o nico local de aquisio do saber elaborado. Aprendemos
tambm nos fins de semana, como costuma dizer Emlia Ferreiro.
2 No existe um nico modelo capaz de tornar exitosa a ao educativa da
escola. Cada escola fruto de seus prprias contradies. Existem muitos caminhos,
inclusive para a aquisio do saber elaborado. E o caminho que pode ser vlido numa
determinada conjuntura, num determinado local ou contexto, pode no s-lo em outra
conjuntura ou contexto. Por isso, preciso incentivar a experimentao pedaggica e,
sobretudo, preciso que tenhamos uma mentalidade aberta ao novo. No vamos ativar
pedras no caminho de ningum que queira inovar em educao.
3 Todos no tero acesso educao enquanto todos - educadores e noeducadores, Estado e Sociedade Civil - no se interessarem por ela. A educao para
todos supe todos pela educao.
4 Houve uma poca na qual eu pensava que as pequenas mudanas impediam a
realizao de uma grande mudana. Por isso, no meu entender, as pequenas mudanas
deveriam ser evitadas e todo o investimento deveria ser feito numa mudana radical e
ampla. Hoje, minha certeza outra: penso que, no dia-a-dia, mudando passo a passo,
com pequenas mudanas numa certa direo, podemos operar a grande mudana, a qual
poder acontecer como resultado de um esforo contnuo, solidrio e paciente. E o mais
importante: isso pode ser feito j. No preciso mais esperar para mudar.
Mesmo assim, no devemos renunciar ao nosso sonho da "grande" mudana, no
devemos jogar no lixo nossa utopia revolucionria. Precisamos sobretudo da utopia neosocialista contra o cinismo neoliberal que prega o fim da utopia e da histria. Estou
convencido, acima de tudo, que a educao deve passar no por uma "melhoria da sua
qualidade", como sustenta o Banco Mundial, mas por uma transformao radical,
exigncia premente e concreta de uma mudana estrutural provocada pela inevitvel
globalizao da economia e das comunicaes, pela revoluo da informtica a ela
associada e pelos novos valores que esto refundando instituies e convivncia social
na emergente sociedade ps-moderna.