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Julho/Agosto 2005

Boletim do CIM
Director: J. A. Aranda da Silva

c e n t r o d e i n f o r m a ç ã o d o m e d i c a m e n t o
ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

Inibidores da Aromatase
Introdução Inibidores da aromatase
O cancro da mama é, nos Estados Unidos, uma das causas Como a designação sugere, estes fármacos actuam por
mais comuns de mortalidade, relacionada com doenças inibição ou inactivação da aromatase, de onde resulta
oncológicas, nas mulheres no período pós-menopausa.1 uma marcada supressão das concentrações plasmáti-
No entanto, a introdução de novas estratégias (detecção cas dos estrogénios nas mulheres em pós-menopausa.
precoce, diagnóstico e terapêutica) reduziu a mortalidade Na pré-menopausa, os poucos estudos revelam pouca
nos últimos anos. No que diz respeito à terapêutica medica- eficácia e um acréscimo da secreção de gonadotropina,
mentosa, os inibidores da aromatase representam, sem dú- por feedback da redução de estrogénios, ao nível do hi-
vida, um marco importante, e daí o interesse desta revisão. potálamo e da hipófise.3
Os dados epidemiológicos indicam que, entre outras De acordo com a cronologia do seu aparecimento, desig-
causas, existe um envolvimento hormonal muito impor- nam-se como de 1ª, 2ª e 3ª geração.
tante, nomeadamente de estrogénios, no aparecimento Os inibidores da aromatase de 1ª, 2ª e 3ª geração são
do cancro da mama nas mulheres de idade avançada. divididos em dois tipos de classes – esteróides (tipo 1)
Para além da idade (≥ a 65 anos), são factores de risco e não esteróides (tipo 2). Os do tipo 1, também desig-
a menarca precoce, a menopausa tardia, a nuliparidade nados como suicidas, são análogos da androstenediona
e a terapêutica de substituição hormonal (marcadores que se ligam no sítio activo da aromatase, mas de um
de função ovulatória prolongada). A obesidade também modo ­irreversível, comportando-se portanto como inac-
é considerada um factor de risco, visto que, em especial tivadores enzimáticos. Com efeito, da ligação à aroma-
a gordura subcutânea, representa a única fonte residual tase ­ resulta uma hidroxilação que origina uma ligação
de síntese de estrogénios na pós-menopausa.2,3 covalente ­ permanente. Os do tipo 2 são imidazóis ou
A aromatase é uma enzima responsável pela última fase triazóis, que funcionam como inibidores por se ligarem
da síntese dos estrogénios – estrona e estradiol, a partir preferencialmente e de um modo reversível à subuni-
dos substratos androgénicos – androstenediona e tes- dade citocromo P450 da enzima, através da ligação do
tosterona, respectivamente.4 Esta enzima pertence à átomo de ferro do grupo heme com o anel azólico dos
superfamília do citocromo P450 e é codificada pelo gene inibidores da aromatase.5 A eficácia destes inibidores
CYP19. Existe em grande concentração na placenta e nos depende, portanto, das concentrações e afinidade da
folículos dos ovários e em mais baixas concentrações no enzima e do inibidor.6
tecido adiposo subcutâneo, no fígado, músculos, cérebro A aminoglutetimida pertence à 1ª geração, menos potente
e mama normal. Na mama cancerosa das mulheres no e com reacções adversas por vezes limitantes. Não tem
período de pós-menopausa, a concentração de estradiol estrutura esteróide (tipo 1). Como exemplos de inibidores
é 10 vezes superior à do plasma, provavelmente devido de 2ª geração dos tipos 1 e 2 temos o formestano e o fa-
à existência de aromatase intratumoral.3 drozol, respectivamente. O seu uso clínico é ­controverso

Androstenediona Testosterona

Aromatase Inibidores da aromatase Aromatase

Estrona Estradiol
Receptores de estrogénios

Célula cancerosa

Fig.1- Mecanismo de acção dos inibidores da aromatase


Boletim do CIM Tabela 1 - Dados farmacológicos e farmacocinéticos

Anastrozol Letrozol Exemestano


Inibidor da aromatase
(Arimidex) (Femara) (Aromasin)

Dose/d (mg), per os 1 2.5 25

Semivida de eliminação (h) 40.6 48 27

Dias para supressão máx. estrogénios * 3-4 2-3 7

Dias para atingir o steady-state 7 60 7

Supressão dos estrogénios plasmáticos


81-94 88-98 52-72
(%)

Excreção Hepática Renal Hepática/renal

Afrontamentos, artralgias,
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Afrontamentos, náusea,
Afrontamentos, artralgias, artrites,
Reacções adversas diarreia e fadiga. Baixo grau
artrites, dores generalizadas. dores generalizadas, perda de
de efeitos androgénicos.
osso e dislipidémias

* O significado desta supressão plasmática, sob o ponto de vista de eficácia, não está clarificado, visto que a concentração intratumoral na
mulher pós-menopáusica é muito superior à concentração plasmática.

devido a reacções adversas significativas, tais como: rash, tido da sua utilização no cancro da mama não avançado,
náuseas e supressão mineralocorticóide.4 como terapêutica adjuvante e mesmo neo-adjuvante; na
A 3ª geração de inibidores é, sem dúvida, a mais especí- prevenção versus o consagrado tamoxifeno e, mais re-
fica em doses clínicas, sendo desprovida de efeitos sobre centemente, em associação com a goserrelina no cancro
as concentrações basais de cortisol e aldosterona e é a da mama avançado na mulher pré-menopáusica.4
que se usa actualmente.3 Nela se incluem o exemesta- Como conclusão, poder-se-á dizer que os inibidores da
no (tipo 1) e o letrozol e anastrozol (tipo 2), fármacos aromatase de 3ª geração constituem uma importante
que irão ser comparativamente revistos6 sumariamente modalidade de tratamento do cancro da mama, com re-
(Tabela 1). ceptores positivos para estrogénios, na mulher na fase
No que se refere às interacções medicamentosas, os 3 pós-menopáusica, quer na situação de doença avançada,
fármacos, substratos para diferentes isoformas do cito- quer em fase inicial como terapêutica adjuvante. Progres-
cromo P450, podem interagir com outros metabolizados sivamente, observa-se uma tendência para a substituição
pelas mesmas enzimas e por isso há que monitorizar as do tamoxifeno devido a uma maior eficácia; no entanto,
doentes. há que monitorizar os efeitos a longo prazo da supressão
O anastrozol está aprovado na neoplasia da mama avan- dos estrogénios e o efeito da desmineralização óssea.10,11
çada pós-menopausa em doentes refractárias a anties- Não há suficientes estudos comparativos entre os 3 fárma-
trogénios. Recentemente, após o estudo ATAC (Arimidex, cos que permitam afirmar qual deles é francamente mais
Tamoxifene, Alone or in Combination) foi aprovado o seu eficaz. Quanto ao preço, em termos hospitalares, este é
uso como adjuvante na terapêutica do cancro da mama praticamente igual (3.8 € + IVA) por comprimido.
em fase inicial, em doentes pós–menopáusicas com re-
ceptores de estrogénios positivos (ER), que não tolerem M. Eugénia Araújo Pereira
o tamoxifeno ou que estejam em risco de desenvolver Directora dos S. Farmacêuticos do Hospital Pulido Valente
tromboembolismo ou cancro do endométrio.7 Prof. Auxiliar Convidada da Faculdade de Farmácia da Universidade
O letrozol, com base num importante estudo multicêntrico, de Lisboa
está aprovado como terapêutica de 1ª linha no cancro da
mama avançado e hormono-dependente, em mulheres
em estado pós-menopáusico. Também está aprovado no
tratamento do cancro da mama avançado em mulheres Bibliografia
no estado pós-menopáusico, natural ou artificialmente 1. Arora A., Potter J. F. J Am Geriatr Soc, 2004; 52: 611-616.
induzido, em que houve um tratamento inicial com an- 2. Goss P. E., Strasser-Weippl K. Clin Cancer Res, 2004; 10(Suppl):
tiestrogénios seguido de recidiva ou progressão da doen- 372 S-379 S.
3. Smith I. E., Dowsett M. N Engl J Med, 2003; 348: 3431-42.
ça e na terapêutica adjuvante tardia do cancro da mama
4. Choueiri T. K. et al. Clin Ther, 2004; 26(8): 1199-1213.
hormodependente em fase inicial, em mulheres pós-me- 5. Lønning P. E., Geisler J., Bhatnayer A. Am J Clin Oncol, 2003;
nopáusicas previamente sujeitas a terapêutica adjuvante 26(4 Suppl 1): S 3-S 8.
padrão com tamoxifeno durante 5 anos.8 6. Buzdar A. et al. Cancer, 2002; 95: 2006-16.
O exemestano está aprovado no cancro da mama avançado 7. Mokbel Kefah. Breast Cancer Reviews, No 7 Summer 2004 :2-8.
8. Femara Resumo das Características do Medicamento. Novartis
em mulheres na pós-menopausa, quando não resultaram
Farma. Janeiro de 2005.
outras terapêuticas hormonais (ex: tamoxifeno).9 9. Higa G. Am J Health-Syst Pharm, 2002; 59: 2194-204.
Para além das indicações aprovadas para os 3 inibidores 10. Fleming G. F. Cancer, 2003; 98(9): 1779-81.
da aromatase, outros ensaios clínicos decorrem no sen- 11. Coleman R. Cancer, 2003; 97(Suppl): 880-6.
Fibromialgia

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A fibromialgia é uma doença crónica e muito complexa, uma situação traumática que afecta o SNC. No entanto,
do tipo reumático, que se caracteriza por dor músculo­ nem todos os casos de fibromialgia são pós-traumáti-
‑esquelética generalizada e cansaço muito profundo, cos já que, por vezes, não se identifica nenhum trauma
para além de diversos outros sintomas.1-4 Tal como o seu desencadeante.1,2,6 Alguns investigadores são da opi-
nome sugere, afecta principalmente os tecidos moles do nião de que também pode ser provocada por um micro­
corpo: músculos, tecidos fibrosos, tendões e ligamen- organismo infeccioso, como um vírus ou micoplasma.2,8
tos.1,3 A sua prevalência é maior nas mulheres e os seus Deste modo, a fibromialgia pode surgir após infec-
sintomas aparecem normalmente entre os 20-40 anos, ções virais ou bacterianas, acidentes ou doenças como
podendo, no entanto, surgir em qualquer idade, incluindo a artrite reumatóide, lúpus ou hipotiroidismo. Estes
em crianças e adolescentes.1,4 factores não causam provavelmente a fibromialgia,
Outros sintomas também relacionados com esta doença mas despertam alguma anomalia fisiopatológica latente
são: fadiga crónica ou generalizada, que tanto pode ser que já estaria presente nalguns doentes.2,8 Outras teo-
física como mental, perturbações do sono, hipotensão rias em investigação sugerem alterações na regulação
postural, prisão de ventre alternada com diarreia, dores de neurotransmissores (serotonina), alterações da fun-
abdominais, gases e náuseas, dores intensas na cabeça ção do sistema imunitário, da fisiologia do sono ou do
e na cara relacionadas com os músculos e ligamentos que controlo hormonal. É também provável que uma res-
envolvem as articulações desta zona, dor torácica, rigidez posta anormal aos factores produtores de stress desem-
matinal das articulações, menstruações dolorosas, cãibras penhe um papel importante nesta doença.2 Também é
musculares, especialmente à noite, alterações da coor- ­interessante saber que a serotonina, um neurotrans-
denação motora, secura dos olhos e da boca, depressão missor que altera a percepção da dor pelo cérebro, está
e ansiedade.2,4 As zonas mais afectadas são a cabeça, o presente em níveis deficientes nestes doentes e que
pescoço, os ombros, o tórax, as costas e os pés.1,3 Numa muitos dos medicamentos utilizados no tratamento des-
simples frase, os doentes queixam-se de uma dor genera­
ta doença se baseiam na regulação desta deficiência.1
lizada, no corpo todo.1,5,6 Nalguns, a dor é tão intensa que
Outras investigações implicam as perturbações no eixo
afecta mesmo as suas tarefas quotidianas, comprome-
neuroendócrino como base da etiologia da fibromialgia.
tendo a actividade laboral, social e familiar, enquanto que
Isto torna-se particularmente verdadeiro no que se re-
noutros a dor é apenas ligeira, ocasionando somente um
fere à relação existente entre o eixo neuroendócrino e
mal-estar ligeiro com um cansaço também ligeiro.1,4
o sono.7
A fibromialgia já foi reconhecida pela OMS como doença
e, actualmente, é diagnosticada com base nos crité-
Tratamento da fibromialgia
rios definidos pelo American College of Rheumatology,
Actualmente não existe uma cura para a fibromialgia.
em 1990:1,5,7,8
Uma vez que os sintomas desta doença são de intensi-
- Dor músculo-esquelética generalizada, com duração
dade muito generalizadas e variáveis, o tratamento é fei-
superior a 3 meses, em cada um dos quatro quadran-
to empírica e individualizadamente.1,4,6,7,10 O tratamento
tes do corpo.
- Não existência de outra doença sistémica que possa ser da fibromialgia destina-se essencialmente a melhorar a
a causa dessa dor (como por exemplo, artrite reuma- qualidade do sono, já que este é muito importante para
tóide, lúpus, problemas de tiróide, miosite, polimiosite, muitas das funções do organismo humano e para a redu-
síndrome de fadiga crónica). ção da dor.2 Por isso, muitas vezes são prescritas baixas
- Dor à pressão em diversos pontos – bilaterais e distri- doses de medicamentos que potenciam os níveis de se-
buídos igualmente em ambos os lados do corpo deno­ rotonina, já que este é um neurotransmissor modulador
minados de pontos de extrema sensibilidade – em pelo do sono, da dor e da resposta imunológica.
menos 11 dos 18 pontos específicos ao longo do corpo Os antidepressivos tricíclicos são dos fármacos mais
(occipital, cervical inferior, trapézio, supraespinhoso, utilizados no tratamento da fibromialgia (amitriptilina,
segunda costela, epicôndilo lateral, glúteos, grande maprotilina, clomipramina) em doses consideravelmen-
trocanter e joelhos). te inferiores às utilizadas no tratamento da depressão,
Factores agravantes da fibromialgia são: as alterações assim como os inibidores selectivos de recaptação da
climatéricas, ambientes frios ou muito secos, alterações serotonina (fluoxetina, sertralina e paroxetina, entre ou-
hormonais (menopausa), stress, depressão, ansiedade e tros).1,6,7 A combinação de fármacos de ambos os grupos
exercício físico intenso.4 demonstrou também provocar melhorias ligeiras a mo-
De um modo geral, o diagnóstico faz-se por exclusão, já deradas nos sintomas da fibromialgia.1,6 Um estudo clí-
que tanto as análises clínicas como as radiografias de um nico demonstrou que, embora 25 mg de amitriptilina ou
doente com fibromialgia são inconclusivas. Assim, é es- 20 mg de fluoxetina reduzam os sintomas da fibromial-
sencial que o médico realize um historial clínico completo gia, a combinação dos dois fármacos era duas vezes mais
do doente e um exame físico também completo para um eficaz do que os fármacos administrados isoladamente,
diagnóstico correcto.1,6,7,8 sendo as dosagens utilizadas mais baixas do que as uti-
lizadas no tratamento da depressão.7 As dosagens dos
Causas e fisiopatologia antidepressivos devem ser sempre individualizadas, es-
da fibromialgia pecialmente nos tricíclicos, devido às suas características
As causas e a fisiopatologia da fibromialgia não são de absorção, metabolização e excreção variáveis. As do-
ainda bem conhecidas. Em muitos casos, surge após ses administradas devem ser gradualmente aumentadas,
Boletim do CIM nunca se excedendo a dose máxima recomendada para Uma alimentação equilibrada e adequada é também um
o respectivo fár­maco.7 dos pontos-chave no tratamento desta doença. A alimen-
A ciclobenzaprina é um relaxante muscular de acção tação deve ser rica em vegetais, frutas e proteínas (soja,
central, estruturalmente semelhante aos antidepressivos peixe e aves).9 A adequada eliminação de toxinas através
tricíclicos, mas cujo mecanismo de acção ainda não é da ingestão de água, a restauração dos nutrientes não
bem conhecido. A sua principal acção terapêutica é a absorvidos ou não utilizados pelo corpo e o aporte de vi-
redução da dor muscular e dos espasmos.1,4,6 No entan- taminas e suplementos minerais para combater o stress
to, os estudos demonstraram que os benefícios da ad- e estimular o sistema imunitário são muito importantes.1,5
ministração deste fármaco são relativos e está também Deve ser limitado o consumo de açúcar, cafeína e álcool,
associado a um risco elevado de abuso, pelo que não substâncias que irritam o sistema muscular e deprimem
deve ser recomendado como um tratamento de primei- o sistema imunitário.1,5,8
ra linha.3,4,9.
Os hipnóticos de curta duração de acção (zolpidem ***
e zopiclona) melhoram a qualidade do sono mas não
têm acção sobre a redução da dor, pelo que, embora A fibromialgia é uma doença crónica, sem cura e cujos
sejam benéficos nos pacientes com perturbações de sintomas podem variar de intensidade ao longo do tempo,
sono graves, têm um valor limitado no tratamento da podendo mesmo tornar-se altamente debilitante. Embora
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fibromialgia.1,4 ainda não seja conhecida uma cura para esta doença, os
Outro grupo de fármacos muito utilizados na diminuição da seus sintomas são passíveis de ser controlados através da
dor são os anti-inflamatórios não esteróides (AINES) medicação, descanso adequado, exercício físico contro-
como a aspirina e o ibuprofeno, devendo, no entanto, ser lado, alimentação equilibrada, fisioterapia, etc. O doente
administrados com muito cuidado devido aos problemas pode auto-ajudar-se tentando compreender a doença bem
gastrintestinais que podem provocar.1,4,10 como a resposta do seu próprio corpo à fibromialgia, uma
Analgésicos como o paracetamol, tramadol, ou analgésicos vez que existem determinadas actividades, especialmente
narcóticos como a codeína, metadona e morfina podem as que envolvem a utilização repetida ou prolongada dos
também ser muito úteis, sendo estes últimos reserva- músculos, que tendem a exacerbar os sintomas desta do-
dos para os casos mais graves, já que podem provocar ença. Também é muito importante saber fazer as coisas
dependência.1,4 no seu próprio ritmo e descansar frequentemente1.
Juntamente com os AINEs podem-se administrar as ben- No tratamento da fibromialgia, o doente deve ser enca-
zodiazepinas (diazepam, alprazolam, lorazepam e clona- rado como um todo11. Algumas terapêuticas, como os
zepam) para alívio da ansiedade e dos espasmos muscu- antidepressivos e o exercício físico, já demonstraram
lares. No entanto, devem ser administradas com cuidado ter efeito sobre a fibromialgia, enquanto outras, como a
devido à dependência que poderão provocar.1 acupunctura foram menos estudadas.7 Em estudos clí-
Existem diversas terapias manuais complementares, nicos controlados, cerca de 1/3 a metade dos pacientes
algumas das quais só podem ser executadas por profis- respondem a tratamentos farmacológicos.7
sionais de reabilitação física, mas existem outras que A associação das terapêuticas não farmacológicas ao
podem ser feitas em casa: massagens (muito úteis para tratamento farmacológico parece melhorar os resultados
acalmar e aumentar o afluxo de sangue aos músculos obtidos com este.4
tensos e doloridos), exercícios de alongamento (para alí- O médico deve instituir a terapêutica o mais personali-
vio da tensão e espasmos musculares), exercícios aeróbi- zadamente possível, de modo a que seja construído um
cos de baixo impacto como a caminhada, caminhada ou plano de tratamento adequado às necessidades circuns-
exercício em piscinas de água tépida, passadeira rolante tanciais de cada doente.
(muito importantes para evitar a atrofia muscular e para
aumentar o afluxo de oxigénio e outros nutrientes aos Sheleen Vassangi
tecidos, aumentando assim a força e o tónus muscular).
Uma regra muito importante é iniciar o exercício muito
lentamente e ir aumentando, muito lentamente, a tole-
rância ao exercício. Deve ser praticado de forma regular. A
ginástica de correcção postural também é muito benéfica, Bibliografia
uma vez que pode ajudar a diminuir a dor e a relaxar a 1. FM Monograph. Fibromialgia: síntomas, diagnóstico, tratamientos
musculatura. Terapêuticas de relaxação como a medita- e investigación. National Fibromyalgia Partnership, Inc., (NFP),
ção, ioga, taichi e exercícios de respiração são também 2001 <www.fmpartnership.org>.
2. <www.afibrom.org> (Consulta: 24-1-2005);
muito importantes para o alívio do stress provocado pela
3. Anon. Panorama Actual Med, 2001; 247: 903-905.
dor e pelos sintomas da fibromialgia.1,5 4. Anon. Drug Ther Perspect, 2002; 18(9): 11-13.
A acupunctura, praticada por profissionais habilitados, 5. Oberlander K. Int J Pharm Compound, 2000; 4(1): 21-23.
consiste na inserção de agulhas muito finas e pequenas 6. Miller L. J., Kubes K. L. Ann Pharmacother, 2002; 36: 707-712.
em pontos anatómicos muito específicos. É uma técnica 7. Millea P. J., Holloway R. L. Am Fam Physician, 2000; 62(7): 1575-
1582.
ainda pouco descrita e estudada em termos clínicos mas
8. Alschuler L. Int J Integ Med, 2002; 4(4): 10-25.
que tem apresentado bons resultados no tratamento das
9. Tofferi J. K. et al. Arthritis Rheum, 2004; 51(1): 9-13.
dores músculo-esqueléticas e de alguns outros sintomas 10. Leventhal L. J. Ann Intern Med, 1999; 131(11): 850-858.
da fibromialgia.1,7 11. Mega I. Mundo Farmacêutico, 2004; 3(13): 58-59.

Boletim DO CIM - Publicação bimestral de distribuição gratuita da Ordem dos Farmacêuticos - Rua da Sociedade Farmacêutica, 18 - 1169-075 Lisboa - Telf. CIM 213 191 393. Director: J. Aranda da Silva
Comissão de Redacção: A. Simón (coordenadora); J. A. Aranda da Silva; M. E. Araújo Pereira; M. T. Isidoro; T. Soares. Os artigos assinados são da responsabilidade dos respectivos autores.

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