Você está na página 1de 36

Análise de Caso

Clínico
Equipe 4:
Ana Carolina Silva Alves
Brenda Costa de Paula
Déborah Suzane Silveira Xavier
Karla Patrícia Félix Neves
Remo Gomes Guércio
Rodrigo Quintino Linhares
Anamnese
 A. U. J., 39 anos, sexo masculino, melanoderma.
Natural e procedente de Buriti dos Campos Santos.
 Estado civil: divorciado.
 Profissão atual: aposentado (há 18 anos).
 Ocupação anterior: alfaiate, carroceiro, carvoeiro.
 QP: “Inchaço na barriga, falta de ar e
internação de rotina”.

 HMA: Paciente hospitalizado para drenagem


de líquido ascítico. Há cerca de 8 anos, relata
apresentar gradativo inchaço e dor abdominal,
associado à dispnéia frequente com intensa
tosse seca, dor em MMII e tontura.
Relata ter iniciado tratamento farmacológico desde então.
Recebeu recomendações para tomar pouco líquido,
temperar a comida com pouco sal; não fazer esforço físico
e elevar a cabeceira da cama. Desde então, paciente
consulta-se com médico mensalmente, e é internado no
hospital 1 ou 2 vezes ao mês para drenagem de líquido
ascítico (de 3 a 8 litros/vez). Paciente notou aparecimento
de hérnia umbilical há 4 meses, que progrediu de
tamanho, medindo hoje 7cm. Relata ter muita dificuldade
para dormir sem uso de fármaco específico.
HIPÓTESE
DIAGNÓSTICA
?
 HP: Relata ter descoberto ser portador de doença de
Chagas há cerca de 20 anos quando foi doar sangue.
Não se submeteu a nenhum tratamento durante 5
anos, até apresentar quadro de lipotímia no ambiente
de trabalho, sendo removido para o hospital,
medicado e submetido a exames, com posterior
internação de 5 dias para implantação de marca-passo
Relata otite recorrente há 30 anos, associada a cefaléia
migratória. Afirma ter tido doença comum da infância
(sarampo); teve pneumonia aos 7 anos, motivo pelo
qual ficou internado durante 15 dias para tratamento.
 Relata ter trocado o marca-passo em maio do ano
passado, pois ocorreu infecção de uma válvula
cardíaca; no hospital foi diagnosticado com
esquistossomose e recebeu esquema terapêutico.
Nega fraturas. Relata ter tido queimadura de 3º grau
na juventude, que não recebeu tratamento nosocomial
e por isso o paciente ficou acamado durante 3 anos.
HIPÓTESE
DIAGNÓSTICA
?
 HS: Paciente tabagista desde os 12 até os 31 anos, 5
cigarros de palha/dia. Relata etilismo desde os 12 até os
31 anos, 2 litros de cachaça/dia. Relata ter tido redução
de apetite há 8 anos, quando pesava 84 kg. Alimentava-
se com grandes porções de arroz, feijão, carne, ovo e
vegetais. Hoje pesa 56 kg e alimenta-se somente com 3
colheres de arroz e feijão em grande quantidade no
almoço. Morou em casa de pau-a-pique até os 17 anos,
e hoje vive em casa de alvenaria, com água encanada,
energia elétrica e sem esgoto (utiliza fossa). Não pratica
nem um tipo de exercício físico nem atividade
recreativa. Estudou até o primeiro ano do ensino
fundamental, e relata ser cristão.
HIPÓTESE
DIAGNÓSTICA
?
 HF: Pai faleceu com 46 anos de causa desconhecida. Mãe
faleceu com 56 anos, chagásica e diabética. Possuía 16 irmãos,
dos quais 10 faleceram na infância por causas desconhecidas
pelo paciente, e dos 6 vivos, 1 irmã é diabética e 1 irmã é
chagásica. Possui 3 filhos hígidos, todos nasceram com
hérnias abdominais e foram operados na infância.

Anamnese Especial:
 ACV: Relata dor no peito em pontada, que o impede de

prosseguir com a atividade em andamento devido à


intensidade da dor.
 AGI: relata muita azia após alimentar-se, com gosto ruim na

boca, o que o faz parar de comer. Quando deambula, relata


sentir queimação epigástrica.
 AGU: Quando a ascite evolui, a urina fica mais amarelada e

paciente sente disúria.


HIPÓTESE
DIAGNÓSTICA
?
Exame Físico
Sinais vitais:
Pulso: 75 bpm FR: 20 irpm
PA: 120 x 60 mmHg Temperatura: 35,4ºC
Peso: 56 kg

 Ectoscopia: paciente clinicamente estável, bem


orientado no tempo e no espaço, pele normocorada com
umidade diminuída, mucosas anictéricas, eupnéico,
presença cicatriz cirúrgica em região clavicular
esquerda e direita, abdome globoso, presença de
ginecomastia, cicatriz fibrótica não cirúrgica em coxa
esquerda.
 ACV: Ritmo cardíaco irregular, sopro sistólico grau 2/6 no
foco mitral, presença de 3ª bulha.

 AR: tórax simétrico, som claro pulmonar, murmúrio vesicular


fisilógico, frêmito tóraco vocal simétrico.

 AGI: Ruídos hidroaéreos presentes e fisiológicos, hérnia


inguinal medindo cerca de 7 cm, ascite volumosa, piparote
positivo.

 ALM: ausência de edema de MMII, cacifo negativo.

 Linfonodos não palpáveis.


EXAMES?
Exames
 Raio-x de tórax  Potássio
 Eletrocardiograma  Glicemia de Jejum
 Hemograma  Cloro
 Tempo de protrombina  Magnésio
 Tempo de coagulação  Uréia
 Tempo de sangramento  Creatinina
Resultados
 Raio-x de tórax: aumento global de área cardíaca grau 4/4.
Presença de cabo de marca- passo implantado no ventrículo
direito.
 Eletrocardiograma: com ritmo de marca-passo cardíaco
comandando todo traçado e frequência de 75bpm.
 Hemograma:

Eritrograma V. R.
Hemácias 4.300,000/mcl 4,5 a 6,5 x 106 /mm3
Hemoglobina 13,1g /dl 13,5 a 18 g/100mL
Hematócrito 39% 40 a 54%
VCM 90 fl 82 a 100 fl
HCM 30 pg 26 a 34 pg
CHCM 34g/dl 32 a 36g/dl
Leucograma V.R.
Global de Leucócitos 7000/mcl 5.000 a 10.000 p/mm3
Mielócitos 0% 0/mcl 0–0%
Metamielócitos 0% 0/mcl 0 - 1%
Bastonetes 2% 140/mcl 2 - 4%
Segmentados 69% 4830/mcl 58 – 66 %
Eosinófilos 1% 70/mcl 2- 4%
Basófilos 0% 0/mcl 0 - 1 %
Monócitos 4% 280/mcl 4 - 8%
Linfócitos típicos 24% 1680/ mcl 20 - 30 %

Plaquetograma V.R.
Contagem de plaquetas 230.000/mm³ 80.000 a 400.000/mm³
Proteínas totais e fracionadas V.R.
Proteína total 5,8g/dl 6,0 a 8,0g / dl
Albumina 2,6g/dl 3,5 a 5,5g / dl
Globulina 3,2g/dl

Índice V.R.
Tempo de protrombina 70,0% 70 – 100%
Tempo de coagulação 8’ 4 a 10 minutos
Tempo de sangramento 2’ 1 a 3 minutos

Material: soro V.R.


Potássio 4mg/dl 3,7 a 5,6 mg/dl
Glicemia de Jejum 80mg/dl 60 a 99 mg/dl
Cloro 98 mEq/l 96 a 105 mEq/l
Magnésio 2mg/d 1,5 a 2,5 mg/dl
Uréia 56mg/dl 15 a 45mg/dl
Creatinina 1,28 mg/dl 0,70 a 1,20 mg/dl
Hipótese diagnóstica
 Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)
 Chagas
 Ascite
INSUFICIÊNCIA
CARDÍACA
CONGESTIVA
Conceito de ICC

“A ICC acontece quando o coração é incapaz de


bombear o sangue em uma taxa proporcional às
necessidades dos tecidos metabolizantes ou é capaz
disso, apenas com uma pressão de enchimento
elevada.”

Robbins - 7ª Ed. 2005


Epidemiologia
 O maior problema de saúde dos EUA. Em torno de 5
milhões de pessoas tem ICC;

 500.000 novos casos a cada ano;

 300.000 pessoas morrem por ano devido a ICC ou


devido a contribuição dessa patologia;

 6% a 10% das pessoas com 65 anos ou mais possuem


ICC ;

American College of Cardiology/American Heart Association –


Guidelines for the Evaluation and Management of Chronic Heart Failure in the Adult, 2001
Principais Causas

 Aterosclerose

 HAS

 Estenose da válvula aórtica

 Enfisema pulmonar

 Hipertireoidismo

 Anemia severa

Harrison - 15ª Ed. 2002


Fisiopatologia da ICC

 O coração não bombeia o sangue adequadamente e


uma parte dele fica estagnada no leito venoso e
capilar.

 O aumento resultante da pressão venocapilar provoca


distensão venosa e extravasamento de líquido para o
interstício, determinando um acúmulo de
fluído(edema).
Manifestações Clínicas da ICC
Critérios de FRAMINGHAM para diagnóstico de ICC

CRITÉRIOS MAIORES CRITÉRIOS MENORES


Dispnéia paroxística noturna Edema de membros
Distensão das veias do pescoço Tosse noturna
Estertores Dispnéia de esforço
Cardiomegalia Hepatomegalia
Edema Pulmonar Agudo Derrame Pleural
Galope B3 Capacidade vital reduzida a 1/3
do normal
Pressão venosa aumentada (>16 cm H2O) Taquicardia (>120 bpm)
Refluxo hepatojugular positivo
Para diagnóstico são necessários ao menos 1 critério maior e 2 menores.

KKL. Ho et al. CIRCULATION - 1993


Diagnóstico da ICC

 O médico faz o diagnóstico através de um exame


clínico: 
  Ausculta cardíaca (sopros)

 Ausculta pulmonar (chiado)

 Edema das pernas


Exames Complementares

 Laboratório
 Hemograma completo
 Eletrólitos
 Glicemia
 Uréia, creatinina
 Gasometria
Exames Complementares

 Radiografia de tórax
 Aumento da área cardíaca
(1º sinal)
 Cefalização da trama
vascular
 Edema pulmonar
Exames Complementares

 Eletrocardiograma

 Sem alteração específica


 Distúrbios do ritmo
 Sobrecarga cavitárias
 Comprometimento miocárdico
Exames Complementares

 Ecocardiograma
 Avalia eficiência de VE
 Integridade das válvulas
 Diâmetro das câmaras
 Mobilidade das paredes
 Grau de hipertrofia ventricular
 Função diastólica e sistólica ventricular
Tratamento da ICC
 Há a necessidade de tratar, se possível, a doença subjacente que
desencadeou a Insuficiência Cardíaca Congestiva.
 Deve-se também tratar o coração insuficiente. Para isso,
restringe-se a ingestão de sal. É aconselhável emagrecer. Usam-
se medicamentos chamados diuréticos, além de outros que agem
diretamente no músculo cardíaco ou que corrigem as arritmias
existentes.
 Com essas medidas, um médico consegue prolongar por anos a
vida de um paciente acometido de Insuficiência Cardíaca
Congestiva.
 Poderá haver necessidade de transplante cardíaco como última
solução. 

Penildon - 6ª Ed. 2002


Tratamento da ICC
 Agentes Inotrópicos →Aumentam a contratilidade miocárdica
 Digitálicos
 Ex. DIGOXINA
 Não – Digitálicos
 -Agonistas β-1-Ex. DOPAMINA E DOBUTAMIN
 Inibidores de fosfodiesterase
 Ex. MILRINONA
 Agentes Diuréticos
 Tiazídicos -Ex. CLOROTIAZIDA
 De Alça -Ex. FUROSEMIDA
 Poupadores de K+ -Ex. ESPIRONOLACTONA

Penildon - 6ª Ed. 2002


Tratamento da ICC
 Agentes Vasodilatadores
 Inibidores de ECA
EX. CAPTOPRIL, ENALAPRIL

 Nitratos
 Ação vasodilatadora, reduz o acúmulo de sangue na circulação central. Alivia dispnéia.

 Antagonistas de canais de Ca++


 Ação vasodilatadora
 Ex. NIFEDIPINA

 Vasodilatadores arteriolares diretos


 Ação vasodilatadora arteriolar,
 porém não venosa. Pode resultar em
 congestão central.
 Ex. HIDRALAZINA

Penildon - 6ª Ed. 2002


Referências
 Guyton, A. C.; HALL, J. E. Fisiologia humana e mecanismos
das doenças, 10ª Edição, Editora Guanabara Koogan, 2002.
 Harrison, Medicina Interna, 15ª Edição, 2002 .
 Kelley, W. N. Tratado de Medicina Interna, vol. I, Edição 4ª,
Guanabara Koogan, 1995.
 Porto, C. C. Semiologia Médica, Edição 4ª, Editora
Guanabara, 2001.
 Robbins & Cotran, Bases Patológicas das Doenças, 7ª
Edição, editora Elsevier, 2005.
“ Viver é a coisa mais rara do mundo. A
maioria das
pessoas apenas existem."

Oscar Wilde

Obrigado!

Você também pode gostar