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Centro de Ensino Superior do Amapá

Professor: Paulo Roberto


Acadêmicos: Raullyan Aquino; Ruana Jucá; Mario Guilherme;
Hilquias Nunes; Vana Nunes.
Disciplina: Filosofia e Ética Turma: 4º ADN - 1

CAPÍTULO IX - A REALIZAÇÃO DA MORAL


Realização da moral é a atuação dos princípios, normas e valores como uma tarefa
coletiva em dada sociedade, ou seja, é o processo social onde as diferentes relações,
instituições e organizações sociais desempenham um papel decisivo.
1. Os Princípios Morais Básicos
A realização da moral traz consigo certos princípios básicos de comportamento de
acordo com a época. Os princípios morais básicos nascem normalmente através das
necessidades apresentadas pela sociedade, mas podem também surgir por uma elaboração
teórica, que justificaria sua necessidade e fundamentaria a sua validade. A realização da moral
como concretização de certos princípios põe à tona a necessidade de se fazer uma relação com
as condições sociais em que se englobam, com todos os interesses e anseios que os inspiram e
com o tipo de relações humanas que pretendem regulamentar.
2. A Moralização do Indivíduo
Dentro do ato moral temos englobado a consciência e a liberdade. O indivíduo,
como ser social, é o verdadeiro agente da moral. Os comportamentos morais do indivíduo
provem dos princípios e das normas e correspondem às necessidades e interesses sociais. Por
outro lado, essa atividade moral se realiza dentro de várias condições objetivas, constituídas
por Instituições Culturais e Educativas e pelos Meios de Comunicação em Massa.
O caráter pessoal vem através do modo particular e original de decidir e agir, de
uma forma que não seja casual. Ele se forma, sobretudo, com a influência do meio social, no
decorrer da participação do indivíduo na vida em sociedade, sendo algo adquirido, dinâmico e
modificável. Como o caráter não é algo constitucional ou casual, o indivíduo pode adquirir
uma série de qualidades morais sob influência da educação e da própria vida social. A tais
qualidades dá-se o nome de virtudes.
3. As Virtudes Morais
A virtude supõe uma disposição uniforme de comportar-se moralmente de maneira
positiva, de querer o bem, tendo como oposto é o vício. Relaciona-se com o valor moral, mas
um ato moral qualquer, por mais que seja valioso, não é suficiente para se falar na virtude de
um indivíduo. De acordo com Aristóteles, "virtude é um hábito", uma disposição adquirida e
uniforme de agir de um modo determinado. A realização da moral é, portanto, o exercício
constante e estável daquilo que está circunscrito dentro do caráter, como sendo a capacidade
de se fazer o bem. Do ponto de vista moral, o indivíduo deve sempre preferir o bem e realizá-
lo. A aquisição dessas disposições ou capacidades de querer o bem e atuar moralmente
caracteriza-se na moralização do indivíduo, e na sua contribuição para a moralização da
comunidade.
Como o caráter do indivíduo está sob o influxo do meio social em que vive e age,
seus traços não se podem dar ou adquirir fora deste. A existência de virtudes exige condições
sociais favoráveis, sem as quais não podem florescer os indivíduos. O mesmo pode ser dito
sobre os vícios. Desse modo a forma de aquisição e cultivo de certas virtudes morais se
verifica num contexto social concreto, e são favorecidas ou freadas pela existência de
determinadas condições e relações.
4. A Realização Moral como Empreendimento Coletivo
O indivíduo, antes de um comportamento moral, deve sentir o peso, limite ou
influência de alguns fatores sociais, uma vez que está inserido numa rede de relações
econômicas, políticas e ideológicas, integrado em determinadas estruturas, organizações ou
instituições sócias, ou ainda, determinado por condições objetivas diversas.
Existem três tipos de instâncias ou fatores sociais que contribuem na realização da
moral:
a) Relações econômicas, ou vida econômica da sociedade.
b) Estrutura ou organização social e política da sociedade.
c) Estrutura ideológica, ou vida espiritual da sociedade.
a) A Vida Econômica e a Realização da Moral
A vida econômica da sociedade compreende, primeiramente, a produção material
de bens para satisfazer as necessidades vitais do homem, como alimentação, vestuário,
moradia, etc. Para produzir, os indivíduos organizam-se para poder domar as forças naturais e
fazê-las servir a si. Este conjunto de relações constitui a base econômica da sociedade, sendo
denominado de Relações de Produção. Os problemas morais da vida econômica surgem
necessariamente com a transformação do indivíduo numa simples peça de um mecanismo ou
de um sistema econômico.
Significação moral do trabalho humano - no trabalho, ao mesmo tempo em que
humaniza a natureza externa, o homem humaniza a si mesmo. O trabalho é uma necessidade
exclusivamente humana, daí o seu valor moral: o homem deve trabalhar para ser
verdadeiramente homem. Este valor era desconhecido na antiguidade; na Grécia clássica, por
exemplo, valorizava-se o ócio de uma minoria de homens livres. Nos tempos modernos o
trabalho é a fonte de riqueza e as conseqüências negativas ao trabalhador, o qual interessa
enquanto produtor de lucros são consideradas naturais ou inevitáveis.
Essas são as características de uma economia onde a produção não está a serviço
do homem ou da sociedade inteira e o operário não vê no seu trabalho uma atividade
realmente sua, pois essa o empobrece material e espiritualmente.
Moral e Consumo - Nas sociedades regidas pela lei da mais-valia, ocorre também
a alienação do consumidor. As relações de produção e consumo também exigem maiores
lucros, não mais satisfazendo a necessidade do consumidor, e esse adquire produtos que não
necessita, influenciado por uma publicidade insistente e organizada que seduz e o persuade
para o consumo desnecessário. O homem, como na produção, não consume mais por si
próprio, e sim àqueles que o manipulam de um modo sutil. Esta manipulação causa uma perda
da capacidade de decisão pessoal; exerce-se uma coação externa, que se interioriza como uma
necessidade pessoal. O homem como consumidor é rebaixado à condição de coisa que se pode
manipular, passando por cima de sua consciência e de sua vontade e, impedido que escolha e
decida livre e conscientemente, minam-se as bases da moral.
Avaliação Moral da Vida Econômica - Numa sociedade na qual o trabalho é
antes de tudo meio para subsistir e não uma necessidade humana vital é criada as condições
favoráveis para que qualquer um aspire à satisfação os seus interesses mais pessoais, à custa
dos demais. Fortalecem-se os impulsos individualistas ou egoístas porque assim exige um
sistema econômico no qual a segurança pessoal encontra-se na propriedade privada. A moral
da economia é, portanto a do egoísmo, e esta impregna a sociedade.
Para se chegar a uma moral superior, no qual o bem de cada um se combine com o
bem da comunidade, a condição necessária é uma vida econômica sem alienação do produtor
nem do consumidor.
b) A Estrutura Social e Política e a Vida Moral
O indivíduo, enquanto ser social, faz parte de diversos grupos sociais, sendo o
primeiro ao qual pertence, a família. Quando se integra na estrutura econômica da sociedade,
torna-se membro da classe social, inserido de acordo com sua ocupação específica. O
indivíduo também é cidadão de um Estado ou organização política, e, ao mesmo tempo, tem
uma pátria. Características da função desempenhada por algumas das comunidades humanas
no campo moral:
A Família - por ser a forma mais elementar e primitiva de comunidade humana, é
chamada de célula social. Nela se realiza o princípio de propagação da espécie e o processo de
educação do indivíduo, assim como formação da sua personalidade. Como instituição social, a
família evoluiu historicamente modificando-se lentamente até a família patriarcal, onde a
mulher fica submetida socialmente ao homem e sujeita a uma dependência material em
relação a ele.
A família, como verdadeira célula social, somente cumprirá a sua função se não se
separar do meio social e não reduzir o seu bem particular ao estreito círculo familiar,
desvinculando-se dos outros. A família conservará um alto valor moral para si e para a
sociedade se for uma comunidade livre, não egoísta, amorosa e racional.
As Classes Sociais - A inclusão de um indivíduo numa classe social é um fato
objetivo, determinado fundamentalmente pela estrutura econômica da sociedade. Uma virtude
moral como a lealdade, por exemplo, adquire diferente conteúdo de acordo com a estrutura
social vigente. As idéias morais mudam de uma época para a outra, quando determinadas
classes são substituídas por outras em sua hegemonia econômica e política.
O Estado - Tem grande influência na realização da moral pois exerce um poder
efetivo sobre os membros da sociedade, para garantir a ordem e a unidade da sociedade. A
natureza de cada Estado determina a sua adesão aos valores e princípios morais que, através
das suas instituições, está interessado em manter e difundir. Todo estado tende a vestir com
um manto moral a sua ordem jurídica, política e social, mas pode entrar em contradição com a
moral que admite e que, em princípio, é aceita por um amplo setor da sociedade, se esta moral
chegar a entrar em contradição com as suas finalidades políticas.
c) A Vida Espiritual da Sociedade e a Realização da Moral
Além das relações que os homens contraem na produção material, em toda
sociedade existe um conjunto de idéias dominantes (políticas, estéticas, jurídicas, morais, etc)
que são canalizadas e difundidas numa certa direção por uma série de instituições
encarregadas. Também se situa dentro deste mundo ideológico e espiritual a influência que os
poderosos meios de comunicação exercem sobre as consciências dos indivíduos. Esses
diversos elementos contribuem, de diferente maneira, para a realização da moral. O sistema
educativo, por exemplo, desempenha um elevado papel na realização da moral. O indivíduo
forma-se gradualmente de acordo com uma moral já estabelecida que lhe é proposta e
justificada. A influência das idéias morais na prática e afirmação efetiva da moral, através da
atividade espiritual da sociedade não se restringe nessa moral proposta pelas instituições
culturais e educativas, se processando também por outros caminhos. Nos países mais
atrasados a afirmação da moral se dá por meio da tradição e dos costumes; o interesse pessoal
é reduzido e a moral tradicional é aceita passivamente.
O enriquecimento da vida moral tende a aumentar a capacidade de decisão e de
responsabilidade pessoais. A moral tradicional, portanto, corresponde a uma etapa inferior do
desenvolvimento moral, pois limita a área de decisão e ação consciente do indivíduo.

Referência Bibliográfica:
VASQUEZ, ADOLFO SANCHES. Ética. Resumo do Capitulo IX: A Realização da Moral.
Editora Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 2000.

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