O documento discute o sofrimento do trabalhador operário de acordo com Dejours (1992). Primeiro, o autor afirma que existem dois tipos principais de sofrimento no trabalho: insatisfação e ansiedade. A insatisfação ocorre quando o trabalho é robotizado e sem significado. Isso leva à frustração narcísica. O cansaço físico e mental decorrente do trabalho taylorista amplia sentimentos de inutilidade entre os operários. Apesar disso, o trabalho ainda pode ter significados simbólicos quando há investimento no objeto da t
Descrição original:
Título original
Texto a Loucura Do Trabalho - Capitulo Que Sofrimento
O documento discute o sofrimento do trabalhador operário de acordo com Dejours (1992). Primeiro, o autor afirma que existem dois tipos principais de sofrimento no trabalho: insatisfação e ansiedade. A insatisfação ocorre quando o trabalho é robotizado e sem significado. Isso leva à frustração narcísica. O cansaço físico e mental decorrente do trabalho taylorista amplia sentimentos de inutilidade entre os operários. Apesar disso, o trabalho ainda pode ter significados simbólicos quando há investimento no objeto da t
O documento discute o sofrimento do trabalhador operário de acordo com Dejours (1992). Primeiro, o autor afirma que existem dois tipos principais de sofrimento no trabalho: insatisfação e ansiedade. A insatisfação ocorre quando o trabalho é robotizado e sem significado. Isso leva à frustração narcísica. O cansaço físico e mental decorrente do trabalho taylorista amplia sentimentos de inutilidade entre os operários. Apesar disso, o trabalho ainda pode ter significados simbólicos quando há investimento no objeto da t
TEXTO 3 A LOUCURA DO TRABALHO, CAPTULO QUE SOFRIMENTO?
Dejours (1992), remetendo-se ao sofrimento do trabalhador, apresenta a
insatisfao e o contedo significativo da tarefa realizada. Primeiramente, existem dois sofrimentos fundamentais difundidos em dois sintomas, quais sejam, a insatisfao e a ansiedade. A insatisfao um sentimento constantemente apresentado no discurso da classe operria, uma vez que aparece na vergonha de um trabalho robotizado, em que no se faz uso da imaginao ou da inteligncia, em que h a despersonificao do sujeito. A falta de significao da tarefa leva a uma frustrao narcsica que mais profundamente se apresenta na falta de significao humana. Em suma, o autor afirma que, em relao ao trabalho do operrio, este: no significa nada para a famlia, nem para os amigos, nem para o grupo social e nem para o quadro de um ideal social, altrusta, humanista ou politico. (Dejours, 1992, p.49). Os operrios apresentam cansao fsico, sensorial e sobre tudo um cansao advindo do modo de trabalho taylorista (exerccio da tarefa sem investimento afetivo, sentimento de adormecimento intelectual, condicionamento ao comportamento produtivo, etc), que resulta em uma vivncia depressiva. Esta amplia os sentimentos de inutilidade, indignidade e desqualificao do trabalhador. (DEJOURS, 1992). A atividade de trabalho admite uma significao narcsica e ao mesmo tempo pode suportar investimentos simblicos e materiais destinados ao objeto. As significaes concretas e abstratas realizadas pelo sujeito so organizadas dialeticamente com o objeto. Sendo que, o encadeamento dos smbolos tem, ao mesmo tempo, dependncia na histria da vida interior do individuo (o que ele introduz de sentido simblico ao que ele realiza) e no que ele faz de fato. Tem-se assim, o objeto exterior e real e o objeto interiorizado. Porm, ocorre que, no trabalho do operrio esses dois objetos so opostos um ao outro. Mesmo assim, toda atividade possui os dois termos, uma vez que o investimento narcsico s pode renovar-se graas ao investimento objetal e vice-versa. (Dejours, 1992, p.50). Mesmo que no seja possvel o engajamento pessoal no trabalho, a produo como funo social, econmica e politica so contedos significativos 2
em relao ao objeto. No caso do operrio, lhe resta o salrio. Este que contm diversas significaes concretas (como garantir o sustento da famlia) e tambm abstratas (sonhos, esperanas e fantasias do individuo). O modo como o trabalho organizado (instrumentos escolhidos, tcnicas, questo temporal, etc.), permitem com limites que o sujeito adapte o trabalho aos seus anseios e qualificaes. Percebemos que a existe um movimento consciente contra a indignidade e insatisfao no trabalho. (DEJOURS, 1992). Quando no h relao entre homem e organizao do trabalho instala- se o sofrimento. De tal modo que o indivduo esgota seus meio de defesa (seu saber e poder na organizao) contra as exigncias fsicas, utilizando-se o mximo de suas faculdades psicoafetivas e intelectuais e obtendo a certeza de que o nvel de insatisfao no pode mais diminuir. (DEJOURS, 1992).
REFERNCIA:
DEJOURS, C. A Loucura do Trabalho: Estudo de Psicopatologia do Trabalho. So Paulo: Cortez. 1992.