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Universidade Federal Fluminense – CURO

Docente: Dra. Suzana Lima


Discente: Rebeca Lima Andrade
Data: 02/03/2021

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O texto “Trabalho, Subjetividade e Ação" (DEJOURS, 2004) traça uma análise


do trabalho focada na subjetividade e em seus processos de relação, tanto no que se
refere às implicações da subjetividade com o corpo, quanto às relações sociais próprias
da empresa. Isso através da abordagem psicodinâmica do trabalho, como também
psicanalítica em alguns pontos. Procurarei me ater a estes aspectos e as transformações
geradas pelo neoliberalismo.
Segundo Dejours (2004), para a psicodinâmica, o trabalho deve ser
compreendido antes de tudo, na sua dimensão subjetiva e como o próprio ato de
trabalhar, em vez de uma relação salarial ou de vínculo empregatício apenas. E este ato
de trabalhar é inerente ao corpo. Por corpo se entende a segunda dimensão deste: o
corpo subjetivo, que sente e se apropria do mundo a partir do corpo orgânico, sendo,
portanto, resultado da experiência. Assim, cada corpo é único e só é possível – para o
autor – compensar a desorganização proveniente da singularidade pela coordenação e
cooperação. Esta, por sua vez, geraria “regras do ofício” que só se manteriam através de
um equilíbrio dinâmico. A cooperação implica na renúncia de parte da própria
individualidade, mas a falta dela gera conflito e sofrimento, podendo gerar até mesmo
patologias. Segundo o autor, o que levaria os indivíduos a respeitar e manter essa
cooperação seria sobretudo o reconhecimento profissional.
Contudo, dadas as novas tendências neoliberais que se fazem presentes no
mundo trabalho, houve muitas mudanças. O autor (DEJOURS, 2004) aponta duas delas:
a avaliação quantitativa e objetiva do trabalho, e a individualização. A primeira remonta
a um processo de negligência à subjetividade, o trabalho passa a ser medido por
resultados objetivos que não são capazes de apreender o trabalho em si. Esse fato está
bastante relacionado ao fato das pessoas deixarem de ser consideradas em seu aspecto
humano e plural, passando a ser tratadas como objetos. Negar a subjetividade, nesse
sentido, é negar a própria humanidade dos indivíduos e não há condições dignas de
trabalho que possam emergir nesses termos. A segunda grande mudança apontada por
Dejours é a individualização, o oposto da cooperação. De toda forma, aqui,
individualizar não significa a exaltação das diferenças subjetivas, mas o isolamento e
acirramento da competitividade. Ao mesmo passo que isto é prejudicial para o
desenvolvimento da empresa enquanto equipe, as altas exigências impostas ao
trabalhador geram o aumento da produtividade e dos lucros em detrimento da saúde
física e psicológica do indivíduo (MULARI e DA SILVA, 2020).
Portanto, para lidar com o trabalho é imprescindível compreender as dinâmicas
subjetivas e suas implicações. E ainda, compreender o indivíduo enquanto ser humano
que não pode ser reduzido a uma máquina ou a um objeto. Cabe ao psicólogo, sobretudo
os que atuam no ramo empresarial, a partir de uma análise das relações do trabalho,
levar em consideração os sofrimentos gerados pelo ofício e procurar amenizá-los,
incentivando a cooperação e o respeito pelos limites de cada indivíduo.

REFERÊNCIAS

DEJOURS, C.. Subjetividade, trabalho e ação. Revista Produção, v.14, n.3, p.27-34, Set./Dez. 2004.

MULARI, Tamara Natácia; DA SILVA, Guilherme Elias. TRABALHO HOME-OFFICE:


POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES À SUBJETIVIDADE DO TRABALHADOR. Psicologia: Desafios,
Perspectivas e Possibilidades - Volume 1. p. 263-270. 2020.

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