O esticar de um músculo
(aumentar o seu comprimento)
estimula o neurónio sensorial a
aumentar a frequência de potenciais
de acção. Isto vai estimular mais o
neurónio motor a aumentar a
libertação de Acetilcolina para
As fibras extrafusais
promovem a contracção do
músculo pelo neurónio motor Fig. 110 – Reflexo de extensão.
α, activado pelo neurónio
sensorial Ia. Simultaneamente há activação do neurónio motor γ que vai promover o
encurtamento das partes contrácteis das fibras intrafusais, que vão ficar sob tensão.
O reflexo miotático inverso mostra que para haver movimento tem de haver
contracção de um músculo e relaxamento de outro:
O neurónio motor de um dos músculos tem de ser estimulado;
O neurónio motor do outro músculo tem de ser inibido.
Ou seja, há inibição do interneurónio que inibe o neurónio motor, provocando o
relaxamento de um músculo e, ao mesmo tempo, há activação do neurónio motor de
outro músculo.
Os filamentos de miosina possuem umas estruturas, tipo umas cabeças, que vão
ligar à actina. Estas cabeças estão
projectadas para o exterior do
filamento, estando estes orientados
de maneira a ficar a cabeça do lado
da linha Z.
O movimento dos filamentos
de actina dá-se para o canto através
da acção das cabeças de miosina que
tem ligadas a si, dando-se a
contracção.
Há proteínas no filamento de
actina que regulam a contracção:
troponina (globular) e tropomiosina
Fig. 123 – Estrutura dos filamentos de actina e miosina.
(filamentosa).
A formação de pontes transversais,
entre os filamentos de actina e os filamentos
de miosina, dá-se a partir da hidrólise de ATP
na cabeça de miosina, dando-se, de seguida, a
ligação e liberta-se um grupo Pi para o
exterior. Isto faz com que a conformação se
altere ficando numa posição inclinada,
puxando o filamento de actina. No fim forma-
se novamente ATP e as pontes transversais
são quebradas.
O cálcio está armazenado nas cisternas terminais. Quando o potencial passa pelo
túbulo T há libertação de Cálcio do
Fenda
retículo sarcoplasmático.
sináptica
Túbulo T Sarcolema
Para este processo voltar ao início
tem de haver uma diminuição na
Propagação do
pot. acção ao longo
concentração de Cálcio. Isto acontece
do sarcolema e dos
ACh ACh ACh túbulos T através da recaptação de Cálcio, por
RS transporte activo, mediado por uma
proteína que hidrolisa ATP.
Pot. de acção
estimula a lib.
de Ca2+ do RS Ao terminal nervoso chega um
potencial de acção que se vai dispersar
Tropomiosina volta a bloquear
os locais de ligação da
miosina nas fibras
Iões de Ca2+ ligam-se à
troponina removendo o
pelo músculo, por alteração do potencial da
de actina. bloqueio dos locais de
ligação de miosina fibra. O período em que não acontece nada,
corresponde ao tempo que o potencial de
Transporte activo de Ca2+
para o RS após o fim do
pot. acção
acção demora a produzir contracção.
Depois de essa contracção acorrer há um
Ciclo contractivo
armazenamento de cálcio na fase de
Fig. 125 – Acoplamento excitação-contracção.
relaxamento.
Fig. 127 – Produção e utilização das reservas de fosfocreatina nos músculos esqueléticos.
Há medida que a fosfocreatina é gasta, tem de haver outras vias para a síntese,
especialmente, de glicose.
Os ácidos-gordos são moléculas muito calóricas e podem ser degradados durante
os exercícios para recuperar ATP.
Se o exercício e a
contracção muscular forem muito
intensos, podem ocorrer reacções
anaeróbias com formação de
ácido lácteo, o que causa as dores
musculares.
As três vias de produção de
ATP que é usado na contracção e
relaxamento muscular, são:
1. Fosfocreatina;
2. Fosforilação oxidativa;
3. Glicolise. Fig. 128 – Vias de produção de ATP.
Contrácteis
Velo. Contracção Lenta Rápida Rápida
Actividade da ATPase Lenta Rápida Rápida
Duração ciclo contractivo Longo Curto Curto
Recaptação do Ca2+ Lenta Rápida Rápida
Metabólicas
Capilares Abundantes Intremédios Raros
Capacidade glicolitica Baixa Média Elevada
Capacidade oxidativa Elevada Elevada Baixa
Conteúdo em mioglobina Elevado Médio Baixo
Conteúdo em glicogénio Baixo Médio Elevado
Os músculos do tipo IIA formam ATP de forma muito rápida, mas também o
gastam rapidamente, por isso o conteúdo de glicogénio é médio. Os níveis de
mioglobina são elevados de modo a captar mais oxigénio, embora em menor quantidade
que o músculo I.
Os músculos do tipo IIB formam ATP muito lentamente, mas tem uma
capacidade oxidativa muito rápida. Possui um elevado conteúdo de glicogénio e baixos
níveis de mioglobina.
Tensão
Fadiga Fadiga
muito mais rapidamente do que na primeira
contracção.
A fadiga não se deve a uma diminuição
nos níveis de ATP, uma vez que este está
Estímulos Período
constantemente a ser produzido e, mesmo que Tempo de descanso
baixem, esse abaixamento nunca é muito Fig. 131 – Gráfico de tensão muscular até à fadiga
relevante. Deve-se, sim, há saída de K+ das muscular, com um minuto de relaxamento muscular
células, em grandes quantidades, gerando por fadiga, durante um minuto, para depois voltar a
muitos potenciais que não vão permitir que os contrair.
canais de cálcio recuperem o gradiente de
repouso.
Também se deve à falta de glicogénio, ou seja, quanto mais glicogénio houver,
mais tempo demora o músculo a entrar em fadiga. Além disso a acidificação que é
gerada pela acumulação de ácido lácteo durante a anaerobiose vai fazer com que a Ca 2+-
ATPase não se possa ligar ao canal de cálcio, não permitindo a entrada deste na célula.
Sangue
Quando se faz uma análise ao sangue,
um dos testes usados é o hematócrito, que nos
dá uma noção da percentagem do volume de
sangue que é ocupada por células
sanguíneas. Este valor pode ser determinado
por centrifugação de uma amostra de sangue.
Se o valor registado for inferior a 45%, deve
ser investigado, pois pode tratar-se de um caso
de anemia.
A coagulação sanguínea é o
que impede efectivamente a
perda de sangue. As fibras de
colagénio ficam expostas, o
que permite que as plaquetas *
se associem a elas. As
plaquetas são atraídas através
de factores que são
libertados. A libertação
desses factores é inibida pela
aspirina, por isso uma das
medidas para evitar a
trombose nos idosos passa Fig. 148 – Formação do tampão plaquetário.
por diminuir a concentração * inibido por aspirina.
de aspirina, evitando a
formação de coágulos.
Na via extrínseca: o corte expõe o factor III que vai activar o factor VII, indo
ambos activar o factor IX e/ou o factor X.
O factor X activo também pode levar à activação do factor VII.
Todas estas proteínas existem no citoplasma na sua forma inactiva, a não ser que
haja a activação da cascata de coagulação – via intrínseca da coagulação sanguínea. A
cascata inicia-se na exposição do colagénio e passa pela activação do Factor XII.
O Coração
Anatomicamente o coração é
constituído por 4 cavidades, 2 aurículas
e 2 ventrículos, e pelas válvulas: válvula
semilunar pulmonar, válvula semilunar
aórtica, válvula tricúspida e válvula
bicúspide. A ligar as válvulas aos
ventrículos há umas pregas que
impedem que as válvulas de desloquem
para as aurículas durante a contracção e
os movimentos do sangue. Fig. 151 – Secção sagital do coração. A válvula
semilunar não é visível nesta perspectiva.
mas também inactiva rapidamente. Mas estas células também possuem canais de Ca2+
do tipo L, o que permite que o potencial se mantenha durante mais tempo. Depois
abrem os canais de K+, originando a repolarização.
Estes potenciais de acção mantêm-se durante mais tempo do que os potenciais de
acção das células nervosas.
Com o potencial de acção dá-se a contracção e mais tarde, cerca de 150 ms, é que
se dá o relaxamento.
Os períodos refractários:
Absoluto: desde o potencial de acção, na parte da despolarização,
até ao inicio do relaxamento;
Relativo: desde o inicio do relaxamento muscular, até ao potencial
de repouso.
Circulação
A maior artéria do nosso corpo
é a aorta. É também a mais espessa,
uma vez que tem de suportar as
enormes pressões sanguíneas
necessárias para levar o sangue para
todo o corpo. Esta depois transforma-
se em artérias mais estreitas e que dá
origem a arteriolas, que por sua vez
vão terminar em capilares, nos
tecidos. Depois, nessa região dão-se
trocas gasosas e, de seguida, os
capilares vão voltar juntar-se
formando as vénulas, que se juntam
nas veias e que por sua vez se unem
Fig. 163 – Vasos sanguíneos. todas na veia cava, terminando no
coração.
A parede dos vasos sanguíneos divide-se em 3 túnicas: interna, média e externa,
separadas do lúmen através do endotélio.
As arteriolas e os capilares possuem apenas endotélio a constituir a parede do
vaso. As vénulas possuem apenas endotélio e túnica
externa.
Além disso, as vénulas e as veias possuem
válvulas que impedem que o sangue recue no seu
fluxo de volta para o coração. A contracção dos
músculos esqueléticos permite o fluxo de sangue no
sentido oposto à gravidade.
A túnica média é maior nos vasos onde a
pressão sanguínea é maior, de modo a impedir que
estas se rompam (aorta e artérias). Nas veias a
túnica média é muito estreita.
Entre as arteriolas e os capilares pode haver anéis de músculo liso – esfíncter pré-
capilar – que, ao contrair impede a passagem do sangue.
Há também ligações directas entre as arteriolas e as vénulas. Estas ligações
permitem que o sangue seja enviado apenas para onde é necessário, não perdendo
nutrientes e oxigénio em locais de menor necessidade.
Avaliar os níveis de colesterol no sangue tem sido uma das formas para detectar o
risco de aterosclerose (mede-se o colesterol total, sobre a quantidade de HDL). Também
há uma proteína C reactiva, que existe no fígado, e que a sua quantidade relativa
aumenta muito quando há inflamações em qualquer parte do corpo, sendo um bom
modo para detectar a existência e o grau de inflamações.
A revista “Scientific American”, em Maio de 2002, relaciona estes dois factores e
conclui acerca do risco relativo.
Podemos verificar que os níveis de colesterol elevados, mesmo havendo pouca
inflamação dos vasos, causa maior risco do que níveis de colesterol mais baixos, mesmo
com muita inflamação das paredes dos vasos.
64
O sistema linfático
Os vasos linfáticos absorvem o excesso
de líquido dos tecidos e trazem-no de volta
para o sangue, ajudando a manter os níveis
sanguíneos.
Também existem vasos linfáticos nas
vilosidades intestinais que absorvem as
gorduras da nossa dieta e canalizam-nas para o
sangue.
Regulação da circulação
O débito cardíaco é o volume de sangue que é lançado pelo coração. Pode ser
controlado através do SN Simpático e Parassimpático, alterando o volume de sangue
bombeado.
Fig. 174 – Regulação do débito cardíaco. Fig. 175 – Efeito dos SN simpático e Parassimpático nos
potênciais de acção.
66
Quando o SN Simpático
é activado, e é libertada
noradrenalina, esta vai activar
um receptor nor-adrenérgico
que vai activar uma Proteína
G. A subunidade α vai activar
o adenilato ciclase, que vai
converter o ATP em cAMP.
Este, por sua vez, irá activar
uma proteína cinase para esta
ir activar os canais iónicos.
Fig. 177 – Receptores nor-adrenalinogénicos nas células
“Pacemaker” do coração. Abertura dos canais Na + e CA2+ e
consequente aumento da excitabilidade das células.
Todo este mecanismo permite à célula despolarizar
mais rapidamente.
O SN Simpático também pode influenciar o
aumento da contracção cardíaca. Neste caso, a
proteína cinase activa vai fazer migrar Ca2+ para o
retículo sarcoplasmático. Com esse Ca2+
armazenado e o que entra pelos canais de cálcio,
fazendo com que a sua quantidade aumente,
fazendo aumentar também a força e a velocidade de
contracção, uma vez que há mais Ca2+ para activar a troponina e tropomiosina
facilitando a formação de pontes transversais entre os filamentos de actina e de
miosina.
O potencial de acção que se forma com a noradrenalina é diferente, mas apenas
na sua forma e não na sua duração. Neste caso a despolarização é um pouco maior.
Quando o sangue chega aos capilares, nos tecidos, traz uma certa pressão. Esta
pressão vai fazer sair, por filtração, substâncias para os tecidos. Quando a pressão
diminui, o líquido é reabsorvido, aumentando à medida que é menor. Isto acontece
porque no plasma há proteínas plasmáticas (que nunca saem dos vasos) e no exterior a
concentração de proteínas é muito inferior, fazendo com que a pressão osmótica seja
maior no interior, facilitando a entrada de líquido.
Pensa-se que cerca de 9/10 do líquido que é
libertado, é reabsorvido pelos capilares
sanguíneos. O restante é reabsorvido pelos vasos
linfáticos.
Regulação do fluxo de sangue nos vasos:
O fluxo é directamente proporcional à
diferença de pressão e inversamente proporcional
à resistência.
A resistência depende do comprimento e
do raio dos Fluxo de sangue
vasos. Quanto maior o diâmetro,
menor a resistência; e quanto maior o
comprimento, maior a resistência.
P L
Fluxo Resistênci a
Resistênci a r4
Fig. 181 – Troca de substâncias nos capilares
L - comprimento dos vaso
sanguíneos, nos tecidos. ∆𝑃 × 𝑟 4
𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 = - viscosidade do sangue
𝐿 × 𝜂 r - raio do vaso
O número de glóbulos
vermelhos interfere na
viscosidade do sangue. Quanto
maior a concentração, em
glóbulos vermelhos, mais
viscoso é o sangue.
A diferença de pressão no
interior das grandes artérias é menor
Os capilares são muito mais pequenos, mas são muito mais em número, tanto que
a área de secção transversal total é maior nos capilares e vai diminuindo até às artérias e
veias.
A velocidade de passagem do sangue
pelos capilares é a mais baixa de toda a
circulação sanguínea. Depois dos
capilares, nas vénulas, a velocidade volta a
aumentar, mas não tanto como nas
arteriolas.
A baixa velocidade do sangue, ao
nível dos capilares, é benéfico para as
trocas, uma vez que permite este se
mantenha mais tempo ao nível dos
Fig. 185 – Relação entre a área transversal total capilares.
dos vasos e a velocidade de passagem do sangue.
A actividade dos músculos esqueléticos vai aumentar o fluxo sangue venoso que
regressa ao coração, aumentando o volume cardíaco e aumenta o ritmo cardíaco.
Provoca também a vasodilatação para aumentar, o fluxo sanguíneo para o coração e
músculos.
O aumento da inspiração vai criar uma
pressão na caixa torácica, que vai ajudar no
regresso do sangue venoso ao coração.
A activação do sistema simpatoadrenal,
alem de aumentar o volume cardíaco, vai
aumentar o ritmo, aumentando o sangue que é
Estímulo posto em circulação.
A vasoconstrição ao nível das vísceras
Estímulo
vai aumentar o fluxo de sangue para os
Fig. 186 – Adaptações cardiovasculares para o exercício. músculos.