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Enquanto o poder toma a entidade denominada organização e a fragmenta; a cultura junta uma
coleção de indivíduos em uma entidade integrada chama organização. De fato, aquele focaliza
principalmente o interesse próprio e esta, o interesse comum.
A escola cultural preocupa-se em grande parte com a influência da cultura na manutenção da
estabilidade estratégica e, em alguns casos, resistindo ativamente às mudanças estratégicas.
A cultura pode ser estudada do ponto de vista de uma pessoa de fora ou do nativo de dentro. O
primeiro assume uma posição objetiva sobre as razões pelas quais as pessoas se comportam
como o fazem, as quais são explicadas pelo caráter único dos relacionamentos sociais e
econômicos. O segundo considera a cultura como um processo subjetivo de interpretação, não
baseado em qualquer lógica abstrata universal.
As premissas da escola cultural são:
1. A formação de estratégia é um processo de interação social, baseado nas crenças e nas
interpretações comuns aos membros de uma organização;
2. Um indivíduo adquire essas crenças através de um processo de aculturação ou socialização, o
qual é em grande parte tácito e não verbal, embora seja, às vezes, reforçado por uma
doutrinação mais formal;
3. Portanto, os membros de uma organização podem descrever apenas parcialmente as crenças
que sustentam sua cultura, ao passo que as origens e explicações podem permanecer
obscuras;
4. Em conseqüência disso, a estratégia assume a forma de uma perspectiva, acima de tudo,
enraizada em intenções coletivas (não necessariamente explicadas) e refletida nos padrões
pelos quais s recursos ou capacidades da organização são protegidos e usados para sua
vantagem competitiva. Portanto, a estratégia é melhor descrita como deliberada (mesmo que
não seja plenamente consciente);
5. A cultura e, em especial, a ideologia não encorajam tanto as mudanças estratégicas quanto a
perpetuação da estratégia existente; na melhor das hipóteses elas tendem a promover
mudanças de posição dentro da perspectiva estratégica global da organização.
Um perigo desta escola é que ela pode desencorajar mudanças necessárias. Ela favorece a
administração da consistência, de se permanecer nos trilhos. Enfatizando tradição e consenso,
além de caracterizar as mudanças como sendo complexas e difíceis, esta escola pode encorajar
uma espécie de estagnação.
Nesta escola, a formação de estratégia torna-se a administração da cognição coletiva, uma idéia
criticamente importante, embora difícil de administrar.
É claro que tudo isso se aplica a certas espécies de organizações, nitidamente aquelas de
natureza mais “missionária”, com culturas ricas; também as organizações grandes e estabelecidas,
cujas culturas estagnadas reforçam suas estratégias de longa duração. A escola cultural também
parece mais aplicável a determinados períodos na vida das organizações.
O “ambiente”, em outras escolas, é visto como um fator. A escola ambiental o vê como um ator, na
verdade, o ator. Os autores favoráveis a esta visão tendem, como conseqüência, a considerar a
organização passiva, algo que passa seu tempo reagindo a um ambiente que estabelece a pauta.
Isto reduz a geração de estratégia a uma espécie de processo de espelhamento.
Esta escola ajuda a colocar em equilíbrio a visão global da formação de estratégia, posicionando o
ambiente como uma das três forças centrais no processo, ao lado de liderança e organização.
As visões desta escola forçam as pessoas da administração estratégica a levar em consideração a
gama disponível de poderes decisórios, dadas as forças e demandas do contexto externo.
Contudo, a liderança e a organização tornam-se subordinadas ao ambiente externo. Ou seja, o
ambiente assume o comando.
Na verdade, os autores mostram que o ambiente exerce uma influência nas organizações, de
forma que elas sejam levadas para algum nicho do tipo ecológico. Aqui, o nicho é a própria base
da concorrência, como em ecologia, onde a organização compete com entidades como ela mesma.
Destacam-se duas linhas na escola ambiental: “ecologistas de população”: as condições externas
forçavam as organizações para determinados nichos: a organização fazia o que o seu ambiente
mandava ou era eliminada. Essa opção era tirada da organização e de sua liderança e posta nas
mãos daquilo que era chamado de ambiente. Por outro lado, os “teóricos institucionais” afirmavam
que as pressões políticas e ideológicas exercidas pelo ambiente reduziam a opção estratégica,
mas não a eliminavam. Assim sendo, o ambiente tornava-se uma “gaiola de ferro”.
As premissas da escola ambiental são:
1. O ambiente, apresentando-se a organização como um conjunto de forças gerais, é o agente
central no processo de geração de estratégia;
2. A organização deve responder a estas forças ou será eliminada;
3. Assim, a liderança torna-se um elemento passivo para fins de ler o ambiente e garantir uma
adaptação adequada pela organização;
4. As organizações acabam se agrupando em nichos distintos do tipo ecológico, posições nas
quais permanecem até que os recursos se tornem escassos ou as condições demasiado
hostis. Então elas morrem.
Talvez a maior fraqueza desta teoria para a administração estratégica seja o fato de suas
dimensões do ambiente serem, com freqüência, muito abstratas – vagas e agregadas. Na
realidade, nenhuma organização enfrenta um “ambiente” generoso, complexo, hostil ou dinâmico.
Pode haver bolsões periódicos dessas coisas.
A afirmação de que as organizações não têm nenhuma opção estratégica real – que existe uma
espécie de imperativo ambiental – tem sido também criticada por várias razões. Na verdade, a
administração estratégica tem de considerar não a existência de opções, mas as condições que
aumentam ou restringem a sua amplitude.