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Pierre Baqué
O autor inicia o texto explicitando sua posição de que não fácil assegurar uma
credibilidade plena da pesquisa em artes plásticas junto a pesquisadores de outras
disciplinas. Procurando desenvolver seu pensamento, Baqué descreve de fato o que
então é a tese em artes plásticas: uma pesquisa universitária e artística que tem
resposta plástica e teórica a uma questão própria das artes. Argumenta ainda que
esta pesquisa é ainda um exercício narcísico – devido ao trabalho pessoal, e de
justificação teórica à prática, explicando intenções e resultados com recursos
dialéticos.
É preciso então explicitar que as idéias e propostas aqui defendidas por
Pierre Baqué são baseadas em categorizações acadêmicas e profissionais que
dizem respeito à sua realidade específica. Segundo o autor, as universidades
francesas são comprometidas à transmissão de um conhecimento erudito,
desinteressado e indiferente às realidades da vida profissional. Esta preparação
voltada para o mercado do trabalho é desempenhada por outras instituições. O que
o autor defende no texto então, é uma proposta de inserção das artes aplicadas na
pesquisa acadêmica tradicional.
Avaliando o contexto acadêmico francês, Baqué discorre sobre o fato que no
âmbito das Letras e das Ciências Humanas, e mais precisamente no campo das
artes plásticas, os estudantes são preparados de maneira deficitária para enfrentar
as exigências da vida ativa. Para remediar tal falha de formação profissional, seria
necessária então uma exploração dos diversos setores das plásticas, como o das
artes aplicadas.
Assim, o autor expõe sua proposta de aproximação das artes plásticas com
as artes aplicadas justificada pelo argumento de que são atividades ligadas pela
criatividade. Neste ponto de vista, Baqué delimita uma divisão de setores e explica
as funções de cada área de atuação das artes: as artes plásticas, as artes aplicadas
e as artes e ofícios. Para fazer isso, expõe suas especificidades de atuação de
acordo com cinco critérios: , os procedimentos (campos abrangidos), o autor, o
objeto, a mensagem e o destinatário.
Artes plásticas:
- Campos tradicionais: pintura, gravura, escultura, desenho, etc.
- “Novos” campos: land-art, arte conceitual, body art, fotografia, cinema,
performances, imagens numéricas, instalações, etc.
- Autor: artista, pintor, videasta. Concebe e realiza, tendo em vista uma peça
única e original.
- Produto: obra assinada, entregue à contemplação e a reflexão que pode
suscitar.
- Mensagem: múltipla, de difícil decodificação onde prevalece o conotativo.
- Destinatário: em princípio todos os públicos, mas na realidade, um
público restrito de iniciados, ligados de alguma forma ao campo cultural.
Artes aplicadas:
- Campos: A comunicação visual, produtos industriais, mobiliário, transportes,
moda e o têxtil.
- Autor: Designer. Projeta, mas geralmente não concebe. A feitura é
papel da indústria. Sofre pressões econômicas.
- Produto: elaborado em série, a partir de demandas do cliente, para
atender um público definido.
- Mensagem: funcionalista, não questiona a sociedade.
- Destinatário: deve ficar satisfeito com o produto.
Artes e ofícios:
- Campos: o artesanato, a ourivesaria, a marchetaria, etc.
- Autor: Meio artista, meio artesão. Trabalha com encomendas.
- Produto: Objeto usual (cerâmica, por exemplo), objeto de prestígio (jóias), ou
objeto cultural (vitrais).
- Mensagem: Visa o patrimônio e a tradição.
- Destinatário: Individual ou coletivo.