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APOSTILA DE COMUNICAÇÃO

ORGANIZACIONAL

1 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO – EVENTOS PRINCIPAIS

2 A COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

3 ÉTICA E DEONTOLOGIA POLICIAL MILITAR

2017
HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO

1 Introdução

1.1 A Origem das Polícias Militares

Em toda época da história e em todos os povos sempre existiu um responsável


pela manutenção da ordem social, bastando lembrar que, no episódio do Bezerro de
Ouro, para restabelecer a ordem entre o povo de Israel no caminho da Terra Prometida,
Moisés mandou passar a fio de espada três mil dos seus que persistiam na rebelião
(Êxodo 32). (ROCHA, 2014, p. 1)

Desde a antiguidade clássica até a França medieval existiam grupos sociais


com funções policiais, mas a origem de todas as polícias, civis e militares, está na
França medieval e é de natureza militar:

No curso do tempo, essa polícia uniformizada de natureza militar deixou de ser


uma força policial do exército francês para tornar-se uma polícia de preservação da
ordem pública, com sua competência ampliada para além dos crimes praticados por
militares nas estradas, passando a garantir a paz pública no reino através do
policiamento preventivo, da investigação e do julgamento dos salteadores, ladrões e
assassinos que aterrorizaram a zona rural e escapavam dos tribunais das cidades.
(ROCHA, 2014, p. 2)

Esse ponto histórico é corroborado pelo historiador Francis Albert Cotta (2014),
que também afirma sobre a origem da polícia na França do século XVIII, demonstrando
a separação entre o exército e a polícia ostensiva de manutenção da ordem:

A ideia de polícia como força pública seria uma concepção resultante das
mudanças ocorridas na França a partir da Revolução de 1789. Nesse mesmo ano, a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em seu artigo 12º, prescrevia: “a
garantia dos Direitos Humanos e dos cidadãos requer uma força pública; esta é,
portanto, instituída em benefício de todos, e não para a utilidade particular daqueles a
quem ela é confiada”. (COTTA, 2014, p. 30)

1.2 Fundamentos da História da PMMG – origens da corporação.

Quando pela Carta Régia, de 09 de novembro de 1709, foi criada a Capitania


de Minas Gerais e de São Paulo, separada do Rio de Janeiro, a organização militar no
Brasil era embrionária. Dividia-se em Ordenanças, Milícias e Tropas de Linha. (...)
Em consequência da descoberta do ouro, vários levantes se verificaram em
Minas Gerais. Para reprimi-lo e garantir a arrecadação do “Quinto” do ouro devido à
Coroa, o Rei de Portugal, D. João V, fez partir para a Colônia – Brasil – um Contingente
de Dragões constituído de 02 Companhias.

Em fins de 1719, esses Dragões já estavam agindo em Minas Gerais.

Em 1720, Minas Gerais se tornou Capitania separada de São Paulo.

Em 1729, chegou à Colônia uma terceira Companhia

Como não havia Quartel, os soldados, em grupos de até cinco, foram alojados
nas residências particulares, em Vila Rica.

Distantes da Pátria, saudades no coração, e em ambiente diferente da Península


Ibérica (Portugal), os Dragões se tornaram inoperantes para as missões a eles
confiadas, e como consequência, no ano de 1775, as três companhias foram
dissolvidas.

Para substituí-las, em 09 de junho de 1775, o Governador D. Antônio de


Noronha, autorizado por D. José I, criou o Regimento Regular de Cavalaria de Minas, a
primeira TROPA PAGA pela Capitania de Minas e integrada por mineiros, sendo, pois,
o dia 09 de junho de 1775, a data da criação da Polícia Militar do Estado de Minas
Gerais.

Ao Regimento Regular de Cavalaria de Minas se atribuíam missões de natureza


militar e de natureza policial.

Natureza Policial – impedir o contrabando de ouro e escoltar o seu transporte até


o Rio de Janeiro

Natureza Militar – por várias vezes esteve mobilizado para o Rio de Janeiro e
outras regiões do país.

(DE MARCO FILHO, Pe. Tem Cel Cpl QOR Luiz, História Militar da PMMG,
2005,p.9)

1.3 O surgimento da Polícia Militar em Minas Gerais

Nas terras de Minas do século XVIII deparamos com características especiais


devido a situações geopolíticas sui generis. Por isso, os corpos militares tinham por
garantir a arrecadação dos tributos da coroa portuguesa; reprimirem o contrabando do
ouro e do diamante; vigilância das estradas, caminhos e rios; além de combater
a violência entre as pessoas.

Devido a essas peculiaridades, foram enviados os Dragões Del Rey (corpo


militar português), para as recentes terras descobertas de extração de riquezas
minerais, que mais tarde seria conhecida como Minas Gerais. Por solicitação do Conde
Assumar, governador das Minas, os Dragões deslocaram para as terras mineiras com
a missão de “guarda aos governadores, ao comboio da Fazenda de sua Majestade e ao
socorro contra os poderosos, que se faziam fortes com seus escravos”. (COTTA, 2014,
p. 69)

Os Dragões Del Rey, por terem um contingente pequeno diante da demanda


daquela época e, principalmente, pela eclosão de diversas revoltas, somando-se a isso
o envolvimento dos dragões com o contrabando do ouro e diamantes, tornaram-se uma
força incapaz de defender os interesses da coroa naquela região.

Diante dessa situação, como parte da reestruturação militar das Minas sob
administração do governador Dom Antônio de Noronha, surgiu no ano de 1775 o
Regimento Regular de Cavalaria de Minas, sendo seu corpo policial formado por
pessoas com fortes ligações com as Minas. “Os oficiais e soldados do RRCM¹ teriam
fortes laços com as Minas. Eles estariam inseridos em redes de parentesco, amizade e
compadrio.” (COTTA, 2014, p. 93)

Os seus participantes, ainda no século XVIII, envolveram-se nos principais


eventos de interesses locais, em muitas vezes contrários aos interesses da coroa
portuguesa, demonstrando ser uma polícia com ambições mineiras, ou seja, com
assuntos das minas e seu desenvolvimento. Neste sentido, Francis Albert Cotta retrata
que:

A ideia do mito fundacional da Polícia de


Minas aparece na narrativa da criação do Regimento Regular da
Cavalaria de Minas (1775), e em especial no destaque dado à
presença do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes,
em seus quadros.(COTTA, 2014, p. 13)

O historiador COTTA (2014) também cita os interesses do Regimento Regular


de Cavalaria de Minas em contraposição aos interesses de Portugal, fazendo que este
interviesse no regimento militar mineiro.

...nada mais representativo do que o Regimento de


Cavalaria. Ele atrela-se diretamente à história da Inconfidência
Mineira, uma vez que seu comandante e diversos oficiais e
praças participaram do movimento conspiratório contra a Coroa
portuguesa no século XVIII. À época dos acontecimentos, o
regimento foi colocado sob suspeita, sendo as Minas Gerais
policiadas pelos regimentos portugueses de infantaria de Moura
e Bragança, que estavam estacionados no Rio de Janeiro em
função das guerras contra os espanhóis no sul do Brasil.
(COTTA, 2014, p. 14)

A recém formada força militar das Minas tinha por natureza a proteção do
território e da pátria. Também, tinha a natureza policial de prevenção e repressão de
crimes, mantendo a população em ordem para que o ouro fosse extraído e exportado
em favor do Reino de Portugal. Fatos que podem ser percebidos no texto sobre a história
da Polícia Militar de Minas exposto do site da PMMG, onde existe o relato da seguinte
passagem histórica:

Assim, com a finalidade de impedir a sonegação de


impostos e a institucionalização da violência, bem como
erradicar o clima de agitação ora instalado na Capitania, o
Governador Pedro Miguel de Almeida - o Conde de Assumar -
recorre ao Rei de Portugal, que envia a Minas Gerais duas
Companhias de Dragões, constituídas somente de portugueses,
que tão logo aqui chegaram foram contaminados pelo sonho da
riqueza fácil, trocando suas armas pelas bateias e
almocafre. Diante do enfraquecimento das Companhias de
Dragões e de seu desempenho insatisfatório, o Governador de
Minas Gerais - Dom Antônio de Noronha - extinguiu-a, criando,
no dia 09 de junho de 1775, o Regimento Regular de Cavalaria
de Minas, em cujas fileiras foram alistados somente mineiros,
que receberiam seus vencimentos dos cofres da
Capitania. (www.policiamilitar.mg.gov.br)

Já no século XIX, deparamos com a Polícia Mineira com a denominação de


Corpo Policial de Minas. O grande marco desta época transpassa com a participação
da tropa de Minas, ao lado de outras do Império, na Guerra do Paraguai, como bem
citou o historiador Francis Albert Cota:

Em 1865, a tropa de Minas, ao lado das suas co-irmãs


do Império Brasileiro, tomou parte na Guerra do Paraguai, com
a denominação de Brigada Mineira; partiu no dia 10 de maio de
1865. Enfrentando a Retirada da laguna, os mineiros, com
minguado remanescente, sobreviveram à dramática travessia de
Chaco e ainda se recompuseram e tomaram parte na queda de
Assunção. (COTTA, 2014, p. 116)

1.4 A Polícia Militar de Minas após a Proclamação da República

Depois da Proclamação da República deparamos com a Polícia Militar


de Minas Gerais intitulada de Força Pública dividida em corpos alocados nas principais
cidades mineiras (Ouro Preto, Uberaba, Juiz de Fora e Diamantina). “A força foi
denominada Corpos Militares de Polícia de Minas, tendo comandos independentes,
ficaria sob as ordens imediatas do Presidente do Estado e subordinada ao Chefe de
Polícia.” (COTTA, 2014, p. 122)

Sendo assim, Rocha (2014) relata a seguinte situação das polícias com o
surgimento da República:

Com a Proclamação da República, as antigas


Províncias, agora Estados, passaram a dispor de maior
autonomia política, inclusive para organizar as suas polícias, até
porque era deles, nos termos do Decreto nº 1, de 15 de
novembro de 1889, a responsabilidade primeira para reprimir as
desordens e assegurar a paz e a tranquilidade públicas, pelos
seus próprios meios, podendo, inclusive, criar Guardas Cívicas,
de natureza militar. (ROCHA, 2014, p. 9)

Nesse ínterim, ocorreram os movimentos armados das décadas de


1920 e 1930 em que tiveram a participação da Força Pública de Minas em combate aos
revolucionários. A título de exemplo tivemos a Polícia Mineira combatendo o movimento
tenentista de 1924 e lutando na Revolução Constitucionalista de 1932.

Da proclamação da República até meados da década de 1940, tem-se uma


Polícia Militar com características de aquartelamento como força reserva do exército.
Na década de 1940 surge a força policial militar com a finalidade de auxiliar o serviço
da polícia civil, conforme explica o historiador Francis Albert Cotta:

A Força Policial, sob a chefia do Comandante-geral,


auxiliava a Polícia Civil em suas missões, além de como reserva
do Exército Brasileiro, auxiliar a este na “defesa da honra, da
integridade e da soberania da Nação contra agressões externas,
bem como garantir as instituições, a ordem e a segurança
interna”. (COTTA, 2014, p. 175)

Finalmente, em 22 de julho de 1955 cria-se a Companhia de Policiamento


Ostensivo, que marca a saída dos quartéis e o surgimento do policiamento ostensivo
em Belo Horizonte e posteriormente estende para outras cidades de Minas. “No
policiamento ostensivo, eram observadas as leis, regulamentos e instruções que regiam
os serviços policiais no Estado.” (COTTA, 2014, p.186)

O modelo escolhido para o policiamento dos logradouros públicos das


principais cidades mineiras foram as duplas de policiais, semelhante ao modelo adotado
na capital do Brasil, Rio de Janeiro, a qual tinha o policiamento ostensivo das duplas de
policiais denominados “Cosme e Damião”.

Dando continuidade ao processo de institucionalização


do policiamento ostensivo, foi aberto um concurso para que a
comunidade escolhesse um nome para a dupla de policiais,
modelo eleito para dinâmica de policiamento. Na então Capital
do Brasil, Rio de Janeiro, a dupla era conhecida como “Cosme e
Damião”. Os belorizontinos fizeram várias sugestões, sendo
escolhida a denominação: “Castor e Pólux”. (COTTA, 2014, p.
190)

Neste momento a história da Polícia Militar de Minas é marcado por uma


transformação nas ações policiais, pois, ao sair dos quartéis, a Polícia Militar iniciaria o
serviço policial com respeito aos direitos dos cidadãos, influenciada pela Declaração
Universal dos Direitos Humanos e pelos efeitos trágicos da 2º Guerra Mundial e do fim
da Ditadura Varguista.

Assim, Francis Albert Cotta faz o seguinte comentário sobre a década de 1950:

Partindo-se da premissa de que a década de 1950


representou aos brasileiros um momento de redemocratização,
com o fim da ditadura do Estado Novo (1937-1945) e a morte
daquele que personificou tal situação – Getúlio Vargas (1883-
1954) – torna-se mais fácil entender como a sociedade interferiu
na reconstituição de sua força pública. Não lhe interessava mais
ter um exército estadual, uma força guerreira a serviço do
Estado; novas demandas se colocavam para uma sociedade
que respirava ares de democracia. Nota-se uma verdadeira
metamorfose, certamente incompleta em virtude da eclosão do
Movimento de 1964, dos batalhões de infantaria para unidades
policiais, que ocorreria logo nos primeiros anos do período
seguinte à década de polícia redemocratizada. (COTTA, 2014,
p. 203)

Nota-se que a Polícia Militar, no policiamento ostensivo, atendia aos


anseios da sociedade, sendo fruto do desejo dos próprios cidadãos, os quais visavam
uma força policial treinada para o controle da violência e manutenção da tranquilidade
pública; designada para respeitar e proteger os direitos da pessoa humana. A força
policial existente respondia as necessidades da sociedade recém redemocratizadas,
como bem expressou o autor acima.

A Polícia Militar mineira, nessa época, era formada por membros da


sociedade, destacados para o policiamento ostensivo, para garantir os direitos das
pessoas, agindo com urbanidade e humanidade. “A Polícia Militar é formada por
parcelas do próprio povo destacadas para o policiamento ostensivo fardado e armado,
mantendo a ordem pública, preservando a segurança dos seus moradores e
defendendo o território.” (ROCHA, 2014, p. 40)

1.5 A Polícia Militar Mineira durante a Ditadura Militar

Com a chegada dos militares das forças armadas ao poder político no país em
1964, deparamo-nos com a Polícia Militar de Minas Gerais com a responsabilidade de
manutenção da ordem pública e exclusividade no planejamento e execução do
policiamento ostensivo, conforme previa o decreto-lei 667 de 1969.

Nesse sentido, “a Polícia Militar seria responsável, com exclusividade, pelo


policiamento ostensivo fardado e realizaria ações preventivas e repressivas. A Polícia
Civil ficaria com atribuições relativas a investigações, atividades cartoriais e
burocráticas.” (COTTA, 2014, p. 212)

O historiador Francis Albert Cotta (2014) cita também que durante o governo
dos militares, as polícias militares foram atreladas a Ideologia de Segurança Nacional e
controladas pela Inspetoria Geral das Polícias Militares. Era necessário controlar não
somente a população, mas também as polícias militares.

Em nome da segurança nacional, a Polícia Militar de Minas Gerais foi à primeira


força policial dos Estados a combater as guerrilhas, as quais se tornariam frequentes
nas décadas que se seguem ao golpe. A resistência armada contra a tomada do poder
pelos militares foi iniciada nas terras de Minas, mais precisamente na Serra do Caparaó,
onde teve a efetiva participação da Polícia Militar de Minas Gerais junto com o Exército
Brasileiro, os quais derrotaram os guerrilheiros.

A região, cujas escarpas de difícil acesso seriam palco


das ações entre guerrilheiros e forças policiais e militares,
abrangia as cidades de Caparaó Velho, Caparaó novo e Espera
Feliz, no estado de Minas Gerais, e Santa Marta, São José,
Cruzeiro e Pequiá no estado do Espírito Santo. (COTTA, 2014,
p. 207)

Posteriormente, outras guerrilhas surgiram pelo país, a exemplo da Guerrilha


do Araguaia; em seguida as guerrilhas se tornaram urbanas como o Movimento 8 de
Outubro e outras organizações. A Polícia Militar mineira, assim como as demais polícias
militares de outros Estados, combateu os movimentos contrários ao golpe militar
conforme a Ideologia da Segurança Nacional determinava. Neste sentido as instruções
das policias militares eram impostas pelo Exército, através da Inspetoria Geral das
Polícias Militares.

Na operacionalidade do seu projeto de controle das


forças policiais dos estados, o Exército instituiu a Inspetoria
Geral das Polícias Militares (IGPM), órgão do Estado-Maior do
Exército com competência para dirigir diretamente as polícias
militares. Todavia, até início da década de 1980, o treinamento
dos policiais militares era baseado em manuais do Exército, não
possuindo especificidades policiais. (COTTA, 2014, p. 212)

Um marco significante da Polícia Militar de Minas neste período da ditadura


militar vem do decreto 21.336/1981, o qual instituiu a Companhia de Polícia Feminina,
criada com a finalidade de policiamento ostensivo para atendimento a mulheres,
crianças e idosos.

Nas atividades cotidianas do policiamento ostensivo,


verificavam-se acentuadas dificuldades no trato com menores
em conflito com a lei ou abandonados e com mulheres
envolvidas em ilícitos penais. Para atender a esse campo de
atividade policial, seria possível dotar as polícias militares de
Polícia Feminina. (COTTA, 2014, p. 216)

Igualmente importante foi a distribuição de radiopatrulhas por toda a capital a


partir do ano de 1972, contribuindo de forma significante para a diminuição dos índices
criminais. Teve também o surgimento da grande inovação tecnológica da época, o
centro de operações policiais militares (COPOM), sistema de comunicação que passou
a operar no ano de 1974, recebendo chamadas via telefone 190, e repassando para as
viaturas de radiopatrulha, atendendo as solicitações dos cidadãos e diminuindo o tempo
de resposta contra a criminalidade.

O período de ditadura militar foi marcado pela confirmação do serviço de


policiamento ostensivo atribuído exclusivamente a Polícia Militar de Minas, contudo,
também teve enorme interferência do Exército na força Polícia mineira, consubstanciada
pela ideologia da segurança nacional. Neste diapasão, Rocha (2014) afirma que o
período em questão ficou marcado, até certo ponto, por uma relativa desmilitarização
no sentido de fixar a atividade das policias militares no policiamento ostensivo:

Não é verdade que as Polícias Militares foram criadas


ou militarizadas pelos governos militares, pois foram estes que
as tiraram dos seus quartéis, ou seja, do seu caráter
exclusivamente castrense, desmilitarizando-as, até certo ponto,
ao atribuir-lhes missões de natureza civil no policiamento
ostensivo. (ROCHA, 2014, p. 16)

1.6 A Polícia Militar e a Constituição de 1988


A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88) foi à
primeira das Constituições brasileiras a se preocupar com a atividade das polícias
militares e definir suas funções dentro de um novo cenário de redemocratização da
sociedade. Nas Constituições anteriores não havia intenção de determinar funções para
as polícias militares dos Estados, ficando atribuídas as leis infraconstitucionais definirem
as atribuições das policiais militares.

Destarte, o artigo 42 CRFB/88, disciplina que “os membros das polícias


militares e corpos de bombeiros militares, instituições organizadas com base na
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados do Distrito Federal e dos Territórios.”

O parágrafo 5º do artigo 144 da Constituição afirma que “às polícias militares


cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública”. Já o parágrafo 6º do
mesmo artigo constitucional cita que as polícias militares e bombeiros militares são
subordinados aos governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Fica
evidenciado que cabem as polícias militares a responsabilidade de policiamento
ostensivo e preventivo, zelando pela manutenção da ordem pública no âmbito dos
Estados e do Distrito Federal.

Já o artigo 142 da Constituição conceitua os militares das Forças


Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), disciplinando que elas “são instituições
nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina,
sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se a defesa da
pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei
e da ordem.” Observa-se que as Forças Armadas cabem proteger a pátria e os poderes
da república, ou seja, as funções destas são bem diversas do policiamento preventivo
e ostensivo das Polícias Militares.

As Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares exercem a


função de segurança pública e atividade de defesa civil respectivamente, mas por força
do parágrafo 6º do artigo 144 da Constituição, estas instituições são forças auxiliares e
reservas do Exército. Em caso de estado de emergência, de estado de sítio ou de
guerra, os militares dessas corporações podem ser convocados para incorporarem ao
Exército e exercerem funções diferentes das atividades de segurança pública e de
defesa civil, respectivamente.

Deve-se citar também que o § 1º do artigo 42 da CRFB/88 afirma que


se aplicam a todos os militares as normas constitucionais expostas no artigo 14, § 8º,
que se refere à elegibilidade dos militares; no artigo 40 § 9º, referindo-se a contagem de
tempo previdenciário; e no artigo 142 § 2º e 3º, que disciplina as questões da proibição
de habeas corpus para punições disciplinares militares, do uso das patentes e
uniformes, da proibição da sindicalização e da greve, entre outras disposições aplicadas
tanto aos militares das Forças Armadas quanto aos Policiais Militares e Corpos
Bombeiros Militares dos Estados e do Distrito Federal.

1.7 A Segurança Pública

Na visão do autor António Francisco de Souza (2009), segurança significa o


estado daquilo que é seguro e seguro é aquilo que está livre de perigo, ou seja, protegido
do perigo. Para a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a segurança
pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos. Com este
pensamento, António Francisco de Souza explica que: “A segurança pública
corresponde, pois, a um estado que possibilita (viabiliza) o livre exercício dos direitos,
liberdades e garantias consagrados na Constituição e na lei.” Portanto, o autor conclui
que “a segurança é, simultaneamente, um bem individual e coletivo, tal como a
sociedade pertence a todos e a cada um.”

A Polícia Militar de Minas Gerais dentro do cenário da nova


democratização do país tem se adequado ao modelo constitucional de polícia cidadã,
conforme princípios constitucionais. Assim Francis Albert Cotta (2014) comenta esse
novo modelo de policiamento estabelecido pela Polícia Militar de Minas após CRFB/88:

A PMMG procurou melhorar os seus processos e a


estratégia institucional de policiamento, saindo de uma atitude
mais reativa para outra proativa na execução de suas atividades.
Desenvolveu e buscou implantar a chamada Polícia de
Resultados, implementando o sistema de geoprocessamento e
os Conselhos Comunitários de Segurança Pública. Na polícia
orientada para solução de problemas, os policiais utilizam as
informações coletadas durante os atendimentos dos incidentes
e as informações obtidas através de outras pesquisas para obter
uma definição clara do problema, passando a lidar, então, com
as condições até então ocultas. (COTTA, 2014, p. 233)

Com essa linha de raciocínio que o historiador define a evolução


histórica da PMMG e suas transformações diante da CRFB/88:

A síntese do processo histórico e da construção das


várias identidades assumidas pelos militares responsáveis pela
polícia em Minas Gerais no longo período que vai do século XVIII
ao XXI poderia ser resumido na expressão: de soldado a técnico
em segurança pública ou, numa perspectiva alinhada com as
novas perspectivas institucionais e constitucionais, a técnico de
segurança do cidadão. (COTTA, 2014, p. 235)

Nesta vertente, o historiador COTTA (2014, p. 233) afirma que “dentro da


concepção do policiamento comunitário a polícia passaria a colaborar para a qualidade
de vida e seu papel se caracterizaria por uma abordagem ampla de solução de
problemas”. Portanto, a Polícia Militar de Minas Gerais passava para uma nova fase nas
relações internas (nos processos de formação) e externas (nas relações com o cidadão,
que agora é o alvo da proteção da polícia).

Por fim, pode-se afirmar que a Polícia Militar de Minas Gerais é uma
instituição que acompanhou toda a história do Estado de Minas Gerais, participando
efetivamente dos principais eventos sociais e políticos do Estado.

A PMMG, sem perder o caráter militar, introduziu no seu cotidiano o trabalho


junto à sociedade de modo que a segurança pública não seja apenas centralizada na
estrutura militar armada de manutenção de ordem pública nem de polícia ostensiva de
prevenção criminal, como requer o parágrafo 5º do artigo 144 da CRFB/88. Todavia a
instituição militar de Minas tem uma base sólida, fundada na hierarquia e disciplinas,
tendo uma visão de polícia pedagoga da sociedade. Sendo assim, as atividades
educacionais de prevenção a criminalidade é o objetivo almejado pela instituição nas
últimas décadas, trazendo para o centro do serviço do policial militar projetos sociais de
interação polícia e sociedade civil, como pode ser observado no programa de
erradicação às drogas e a violência (PROERD) e nos conselhos de segurança pública
(CONSEP), já muito difundido nas escolas e nos bairros das cidades mineiras,
respectivamente.

No âmbito interno da corporação militar mineira são visíveis nos seus


diversos cursos de formação, as mudanças pedagógicas ocorridas na formação do
militar. Claro que as transformações ocorrem paulatinamente, sendo aperfeiçoada a
cada ano. Desde a promulgação da CRFB/88, a PMMG adotou para o policial militar o
espírito de promotor dos direitos humanos, tanto dentro da corporação como diante do
cidadão.

A Polícia Militar de Minas Gerais completou 242 anos no dia 09 de junho


de 2017. A sua origem como Força Policial Pública vem do ano de 1775 com a criação
do Regimento Regular de Cavalaria de Minas, o qual teve com membro ilustre o alferes
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

Sua história começa na época do Brasil colônia e chega até nossos dias,
envolvendo significativamente em diversos acontecimentos sociais e políticos do Estado
e do País. A Polícia Militar de Minas Gerais é uma instituição militar bicentenária que
tem seus pilares na hierarquia e na disciplina, sempre com intuito de policiar o Estado
de Minas. Adaptando seus militares para a realidade de cada tempo histórico e
trabalhando para a prevenção e manutenção da ordem pública.

2 A COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL NA PMMG

2.1 Contextualização

A Comunicação Organizacional, anteriormente tratada como comunicação social, foi


inserida na Polícia Militar com a criação da Assessoria de Assuntos Civis, em dezembro
de 1974, através da publicação do R. 102 (Regulamento do Estado-Maior). Atualmente,
essa estrutura se transformou na Seção Estratégica de Marketing – EMPM5.

No ano de 1989 ocorreu a criação definitiva dos Núcleos de Comunicação Social nos
batalhões operacionais e nos grupamentos de incêndio da PMMG. Em 1990, foi
publicado o Manual de Comunicação Social, que apresentou novos conceitos sobre o
relacionamento dos policiais militares da Instituição com a sociedade. No ano de 1998,
foi editada a Diretriz 08/98-CG. O destaque da nova norma foi a ênfase dada ao
atendimento das demandas do destinatário final dos serviços da Instituição: o cidadão.
Incluiu, também, a atividade de cerimonial na área de responsabilidade da Assessoria
de Comunicação Social (EMPM5).

Em março de 2002, através da Resolução nº 3654, a Assessoria de Comunicação


Social passou a ser denominada Assessoria de Comunicação Organizacional. A Seção
de Relações Públicas foi dividida em Assessoria de Comunicação Externa e Assessoria
de Comunicação Interna. A Seção de Publicidade e Propaganda foi denominada
Assessoria de Comunicação Visual. Mantiveram-se as Assessorias de Cerimonial e de
Imprensa. Foram criadas, ainda, a Assessoria de Atividades Musicais e a Assessoria de
Relacionamento com o Cidadão. Em dezembro de 2006, foi publicada a Diretriz para a
Produção de Serviços de Segurança Pública nº 11 (DPSSP 11/06), que trouxe como
escopo um sistema de gestão compartilhada.

A partir de então, a Seção de Comunicação Organizacional da Unidade (P5), de forma


harmônica, passou a estabelecer parcerias internas com as áreas de recursos humanos,
inteligência, emprego operacional, logística, coordenação administrativa e atividades
especializadas. Em 2010, com a criação da Diretoria de Apoio Operacional, a
Assessoria de Comunicação Visual e a Sala de Imprensa da Polícia Militar foram
transferidas àquela Diretoria.

Em 2012, após uma reavaliação do sistema de comunicação, a Sala de Imprensa


retornou seus trabalhos à responsabilidade da Assessoria de Comunicação
Organizacional (EMPM5).

Em 2014, por força da Resolução nº 4312, foi criada a Diretoria de Comunicação


Organizacional (DCO), tornando claro o interesse do Comando no investimento
estratégico e tático da Instituição. Dessa forma, setores executivos como imprensa,
cerimonial, comunicação externa, interna e musical passaram a integrar aquela
Diretoria.

O EMPM5 passou a se denominar Seção Estratégica de Marketing (atualmente


Assessoria Estratégica 5 – AE5), assumindo as responsabilidades de captação de
recursos, atualização de doutrinas, elaboração de estratégias de marketing, entre
outras. Assim, a Comunicação Organizacional amolda-se constantemente à evolução,
e nessas quatro décadas, a PMMG busca renovar o relacionamento com os públicos
interno e externo, demonstrando que suas atividades se baseiam no interesse de
promover ambientes seguros em todo Estado.

2.2 PRESSUPOSTOS BÁSICOS

2.2.1 Elementos da Comunicação

Emissor ou destinador: o responsável pela emissão da mensagem. Pode ser uma


pessoa, um grupo, uma empresa, uma instituição. Receptor ou destinatário: a quem se
destina a mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo, uma instituição, um animal.

Código: O código é formado por um conjunto de sinais em que cada um dos elementos
tem significado em relação com os demais. Pode ser a língua oral ou escrita, gestos,
entre outros, e deve ser de conhecimento do emissor e do destinatário.

Canal de comunicação: meio físico ou virtual, que assegura a circulação da mensagem.


Mensagem: é o conteúdo das informações transmitidas.

2.2.2 Marketing

O marketing foi definido pela Associação Americana de Marketing (AMA) como sendo
uma função organizacional e um conjunto de processos para a criação, comunicação e
entrega de valores aos clientes, bem como para a administração de relacionamentos
com os clientes, de modo que beneficie a organização e todos que com ela tenham
relação.

O marketing é uma ramificação da comunicação que estuda o mercado, o cliente, e o


produto ou serviço. Com esses insumos, ele define as estratégias necessárias para a
publicidade do serviço, a realização do serviço e a análise da qualidade do atendimento.

Por definir as ações estratégicas para atingir um objetivo final em relação ao cliente, o
marketing utiliza de todas as atividades da comunicação, como a publicidade, a
propaganda, o cerimonial, a música, as redes virtuais, a marca, entre outros.

2.2.3 Marketing de serviços

Para a PMMG é uma das mais importantes ramificações do marketing. Como a


Organização oferece à sociedade um serviço de segurança pública, torna-se relevante
o conhecimento do conceito de marketing de serviços.

O marketing de serviços mantém o mesmo conceito do marketing tradicional, contudo


enfatiza seus objetivos no cliente. O entendimento de que o serviço é intangível, ou seja,
não há como armazenar, comprar uma quantidade, obriga o gestor desse modelo de
marketing a se preocupar com a execução do trabalho.

Na Instituição, o atendimento de uma ocorrência, de uma ligação telefônica na


administração, o atendimento ao cidadão no policiamento a pé, no tele atendimento do
190, dentre outros, são preocupações da comunicação. Em todos esses pontos de
contato, o marketing de serviços deve se preocupar com o cliente e com o processo de
atendimento.

2.2.4 Propaganda e Publicidade

O fluxo de mercadorias e serviços, partindo do produtor até os consumidores finais,


perpassa muitas vezes, por uma dinâmica de informação, que é conhecida nos dias
atuais, como anúncios publicitários ou propaganda. A propaganda efetiva faz com que
as marcas sejam vistas com mais prestígio.

Por fim, o último aspecto trata de “auxiliar outros esforços da empresa”. Consiste na
conscientização de que a propaganda é uma vertente da atividade de comunicação e
de marketing e deve, por isso, auxiliar os demais setores. É preciso que seja
consolidada a ideia de que a propaganda é um serviço de apoio operacional na PMMG,
pois realiza a “pré-venda” do serviço policial, antecedendo o contato pessoal.

2.2.5 Merchandising

Merchandising é toda forma de atividade que, envolvendo as facilidades comerciais,


maximiza as vendas de determinado produto e serviço, objetivando aumentar o
consumo de determinada marca, através da compra sem palavras, isto é, usando de
oportunidades, como as próprias embalagens, expositores, equipamentos, espaço de
vendas das lojas, de maneira a criar impulso de compra na mente dos consumidores.

O merchandising na PMMG consolida-se, dessa forma, como um conjunto de ações


planejadas que visa criar na comunidade os impulsos de aceitação e da boa impressão
formada a respeito da Instituição, através da presença frequente da marca institucional,
aliada a conceitos positivos no cotidiano das pessoas.
Consiste em um conjunto de ações voltadas a dar visibilidade à PMMG em sua situação
normal de atuação. Como exemplo, pode-se citar a agregação da marca ao conteúdo
de matérias e notícias positivas exibidas nos meios de comunicação; entrevista
realizada por policial militar, com a marca sendo identificada ao fundo; e até mesmo a
utilização da marca em equipamentos distribuídos ao longo da área de atuação, como
banners, faixas, cavaletes, totens, prismas, dentre outros. Ou seja, é a presença da
marca, slogan, símbolo ou cores heráldicas da PMMG no ambiente de maneira indireta,
através de material promocional, decoração, objetos, veículos, fardamentos etc.

A PMMG deve se preocupar em mostrar que está presente em todos os eventos e


atividades que realiza, ou que, de alguma forma, está envolvida, participando e
apoiando. Esta é uma técnica fundamental para a promoção do marketing da Instituição.

Dessa forma, são alguns exemplos de merchandising: uma viatura bem localizada, a
logomarca institucional como fundo da apresentação de resultados de operações à
imprensa, prisões de cidadãos infratores, drogas ou materiais apreendidos. No mesmo
viés, a inscrição da logomarca da PMMG em faixas, sua citação em spots para rádio ou
VT para televisão, colocação de placas com o objetivo de informar e orientar o público
alvo, representam outros exemplos de merchandising. Essas ações, como se pode
concluir, não são ações de publicidade e propaganda, ou seja, ações de divulgação
direta de uma mensagem ao público alvo, mas sim, um posicionamento padronizado e
de reafirmação na mente das pessoas quanto à marca, e o reconhecimento imediato da
PMMG pela sociedade.

2.2.6 Marketing Promocional

Atividade do marketing aplicada a produtos, serviços ou marcas, visando, por meio da


interação junto ao seu público-alvo, alcançar os objetivos estratégicos de construção de
marca, vendas e fidelização. Trata-se de ações específicas para atrair a atenção do
público em geral. No caso de empresas, servem também para divulgação ou venda de
produtos, lançamentos e outras atividades que possam associar os atributos de imagem
à sua marca. Na PMMG, o marketing promocional é desencadeado por meio da
realização de eventos e cerimonial.

2.2.7 Endomarketing

Palavra criada e patenteada em 1995, por Saul Faingaus Bekin. Pode ser definida pelas
ações de marketing voltadas aos funcionários buscando tornar comum entre o público
interno as metas da Instituição e os resultados alcançados e esperados. Tem como
veículos os instrumentos de comunicação interna. É o mesmo que marketing interno.

Também, são objetivos do endomarketing manter um bom clima organizacional;


valorizar e reconhecer a dedicação e o trabalho das pessoas; obter maior produtividade
e melhoria da qualidade na prestação de serviço; estabelecer canais apropriados de
comunicação interpessoal; melhorar o relacionamento interpessoal e estabelecer uma
maior participação do público interno no cotidiano da organização.

As ações de endomarketing a serem implementadas, devem incutir nos funcionários e


em seus familiares uma imagem positiva da organização. Assim denota-se a relevância
do endomarketing como ferramenta de comunicação interna que amplia a visão do
funcionário, permitindo que tenha um conhecimento amplo da atividade que exerce.
Na PMMG, as atividades de endomarketing são desencadeadas por meio de
ferramentas que buscam informar e interagir com o público interno, como por exemplo,
a intranetpm, o Jornal Eletrônico Cinco Ponto Cinco, dentre outras iniciativas voltadas
para a valorização do público interno.

2.2.8 Atividade Musical

A atividade musical constitui relevante instrumento de Comunicação Organizacional


para o fortalecimento da imagem institucional, destacando-se como elemento de
integração social, valorização e motivação para o público interno. A diversidade de
eventos que requer o emprego das agremiações musicais proporciona excelente
interação entre a PMMG e a sociedade.

A presença policial militar em eventos culturais, institucionais, religiosos e sociais,


favorece o estabelecimento de um ambiente seguro. A atividade musical atuará em
apoio aos projetos institucionais dentro da premissa de que “segurança também se faz
com música”.

2.3 SERVIÇOS COMUNICACIONAIS

Os serviços comunicacionais na PMMG podem ser oferecidos nas áreas de


Comunicação Interna, Relacionamento com o Cidadão, Eventos e Cerimonial, Atividade
Musical e Relacionamento com a Imprensa.

2.3.1Comunicação Interna

A Comunicação Interna constitui-se de uma “via de mão dupla”, que deve ser
estruturada, proativa e dinâmica, com capacidade de difundir as informações que sejam
de interesse da Instituição e de seu público interno direto e indireto.

Na PMMG, entende-se como público interno direto, os policiais militares da ativa e


funcionários civis, e como público interno indireto, os policiais militares da reserva e
reformados, pensionistas, os alunos do Colégio Tiradentes e os familiares do policial
militar.

Entende-se, por Comunicação Interna o esforço de comunicação desenvolvido por uma


empresa, órgão ou entidade para estabelecer canais que possibilitem o relacionamento,
ágil e transparente, da direção com o público interno (na verdade, sabe-se que há vários
públicos internos em uma organização) e entre os próprios elementos que integram este
público.

Uma de suas principais funções é divulgar internamente a visão, a missão e os valores


da Instituição. Ressalta-se, também, a ampliação e harmonização do diálogo entre o
Comando e o público interno, a padronização de interesses, a integração das equipes
de trabalho, a valorização do conhecimento e da qualidade na prestação de serviços.

Para que o público interno se sinta parte integrante da Instituição, e busque em conjunto
a consecução dos objetivos estratégicos, é necessário estabelecer canais e ações de
comunicação e integração, para divulgação de informações que estejam ao alcance de
todos. Assim, alinhando o entendimento, todos compreenderão o quê e porquê fazer.
A comunicação deve ser clara e transparente, o que é vital para o estabelecimento e
para a solidez das relações, que serão baseadas na confiança entre a Instituição e o
público interno. O voltar as atenções para o público interno da Instituição se mostra
essencial nesta Era do Conhecimento, pois este constitui recurso importante, já que
materializa, por meio da inovação e da criatividade, a produção do conhecimento.

2.3.2 Relacionamento com o Cidadão

O Relacionamento com o Cidadão terá como essência, a comunicação e a


educação para a prevenção, voltadas, principalmente, para o desenvolvimento das
atividades de polícia ostensiva de manutenção da ordem pública; o estabelecimento de
um canal direto de informações e trocas de experiências da Instituição com a
comunidade e o desenvolvimento de técnicas e métodos, sustentados pela sistemática
resolução de problemas, para minimizar ou solucionar questões na área de segurança
pública.

2.3.3 Eventos e Cerimonial

A atividade de produção de eventos e cerimonial na PMMG deve ser utilizada


como ferramenta de marketing promocional. Seu principal objetivo é o fortalecimento da
marca e da valorização da imagem da Instituição, por meio da realização de diversas
solenidades.

Sua implementação dar-se-á em eventos de qualquer natureza, cuja gestão


esteja diretamente relacionada ao planejamento e realização de feiras, exposições,
convenções, seminários, cerimônias cívicas e/ou militares (transmissão e assunção de
comandos e chefias / entrega de medalhas / instalação, inauguração ou reinauguração
de aquartelamentos / apresentação da Bandeira Nacional / Juramentos e compromissos
ao 1º Posto / formaturas de cursos, aniversário de Unidades etc.), reuniões, encontros,
fóruns, simpósios, congressos, cursos, festivais, gincanas, desfiles, estandes, dentre
outros, incluindo os eventos de lançamento de serviços destinados à comunidade,
eventos corporativos, sociais, culturais, esportivos e religiosos.

2.3.4 Relacionamento com a Imprensa

A PMMG tem, nos órgãos de mídia (escrita/falada/televisionada) formal


(possuidoras de concessão para o funcionamento) e/ou informal (redes sociais), uma
possibilidade infinita de veicular o conteúdo de uma mensagem que poderá afetar
positiva ou negativamente a imagem e credibilidade perante a população mineira.

Dessa forma, enxergar a mídia como rival ou adversário não é um caminho de


sucesso a ser seguido. O ideal comunicacional é o de se estabelecer uma relação
profissional harmoniosa.

O profissional que trabalha na mídia precisa das valiosas informações,


entrevistas e respostas por parte da PMMG, e a Instituição ganhará com a divulgação
gratuita da imagem, ações, programas e resultados operacionais, além da consolidação
e fortalecimento da imagem perante a população local, regional, nacional e até mesmo
a internacional.

2.3.5 Atividade Musical


A Atividade Musical, como instrumento de apoio às atividades de Comunicação
Organizacional, exerce importante papel no fortalecimento da imagem institucional da
Polícia Militar na promoção da Paz Social.

Fazer segurança através da música, torna-se, portanto, um grande desafio, pois essa
atividade também deve facilitar a aproximação da comunidade com a Instituição. Mais
que fazer música para alegrar um ambiente, a Atividade Musical deve ser utilizada como
instrumento de integração social.

Deve facilitar o acesso às instituições e pessoas formadoras de opinião, entidades de


classes, conselhos comunitários, estabelecimentos de ensino e outros. Nesse sentido,
os Comandantes, em todos os níveis, deverão incluir a Atividade Musical nas ações
preventivas desenvolvidas pela Unidade, de modo a potencializá-las.

2.4 ESTRUTURA DO SISTEMA DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

O Sistema de Comunicação Organizacional (SISCOM) possui uma estrutura clássica


funcional e se divide conceitualmente em níveis: ESTRATÉGICO (Comandante-Geral,
Sub Comandante Geral e Assessoria Estratégica 5 – AE5); TÁTICO (Diretoria de
Comunicação Organizacional e demais UDI’s); e EXECUTIVO (Unidades de Execução
Operacional e de Apoio).

2.5 EMPREGO OPERACIONAL

2.5.1 Comunicação Interna

2.5.1.1 Atividades informativas e canais de comunicação

O sistema comunicacional é fundamental para o relacionamento com o meio externo e


para o processo das funções administrativas internas. O elemento básico da atitude
favorável do público interno está na maneira como esse público identifica e percebe as
situações e mudanças a serem implementadas.

Não basta que o policial militar receba a informação. Ele deve entendê-la de fato,
perceber seu significado e suas implicações, a fim de que possa lhe ser despertada uma
disposição afetiva.

É importante, portanto, que a informação se torne um instrumento estratégico de


aproximação do público interno com a Instituição. Ao se trabalhar as informações, é
importante que as mensagens tenham bom conteúdo, sejam objetivas, corretas e,
principalmente, fidedignas. A inteligência e a capacidade de percepção do público
interno jamais podem ser desconsideradas.

Outro fator a se considerar é a dimensão da PMMG, o que torna o estabelecimento de


canais eficientes de comunicação um verdadeiro desafio. A tecnologia é um fator crítico
de sucesso e de agilidade e velocidade das informações.
Dentre os vários instrumentos e veículos existentes, podem ser considerados
essenciais:

a) INTRANETPM - rede interna de comunicação da Instituição, é uma poderosa


ferramenta utilizada para o estabelecimento de canal de comunicação entre o Comando
da Instituição e o público interno, permitindo a circulação rápida de informações e
facilitando os processos burocráticos.

b) Jornal Eletrônico Cinco Ponto Cinco É o instrumento institucional através do qual são
publicadas matérias acerca de ações desenvolvidas pelas unidades, datas festivas,
comemorações diversas, poesias de autoria dos integrantes da Instituição, fotos, etc.

Seu objetivo é evidenciar as ações das unidades da PMMG e valorizar o policial militar
e os funcionários civis que se destaquem em suas funções; abordar assuntos gerais da
Instituição e tudo o que for notícia, como forma de estimular, manter informado e
incentivar o público interno.

c) Jornal mural Espécie de jornal interno com maior visibilidade, por se tratar de um
painel afixado em local de destaque na Fração. Entre os instrumentos de
endomarketing, constitui uma das formas mais rápidas e eficientes de comunicação com
o público interno. Deve ter periodicidade pré-definida, e contar com recursos gráficos,
fotos e ilustrações, sendo organizado em editorias ou seções. Diferencia-se do quadro
de avisos (ou celotex), pois este é utilizado para divulgar escalas de trabalho,
indicadores, produtividade etc.

d) Jornal interno e informativos das Unidades Instrumento local de comunicação interna,


através do qual são publicadas matérias de interesse da Unidade. Seu objetivo é
evidenciar as ações da Unidade da PMMG e valorizar o público interno.

A elaboração desse instrumento será de responsabilidade do Agente de Comunicação


Organizacional respectivo, devendo priorizar-se a publicação por meio digital.

e) Vídeos: o uso de vídeos mostra-se bastante eficaz em grandes organizações, já que


é capaz de transmitir ao público interno, de forma dinâmica e confiável, a informação
para suas diversas frações.

f) Cartilha: pode ser utilizada para informar o público-alvo sobre assuntos de seu
interesse ou assuntos normativos que envolvam a Instituição. Deve reunir informações
qualitativas e quantitativas, e ser elaborada em linguagem simples e coloquial.

2.5.1.2 Ações de integração e relacionamento

Dentro do processo de comunicação interna, as atividades de integração devem


merecer especial atenção, já que permitem o contato pessoal entre o público interno,
em seus diversos níveis, estreitando, assim, suas relações, e colaborando para uma
melhor produtividade.

Existem atividades que são verdadeiros instrumentos de apoio ao marketing interno, a


saber:

a) Valorização da família do policial militar Toda organização interessada em evoluir em


qualidade deve valorizar seus recursos humanos, lembrando-se que os servidores
possuem famílias. O desenvolvimento de atividades específicas para este segmento de
público é bastante eficiente no processo de clima organizacional positivo.
b) Comemorações e datas significativas

Compete à Comunicação Interna realizar atividades comemorativas que visem a


valorização do servidor. Nessas ocasiões, é importante contar com a participação e o
envolvimento de todos, para que se possa construir um clima de satisfação e
confiabilidade junto ao público interno. Natal, Ano Novo, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos
Pais, Dia das Crianças, aniversários, dentre outras ocasiões significativas e que
merecem ser comemoradas, provocando maior aproximação do policial militar e sua
família com a Instituição a que serve.

Importantes, também, são as homenagens aos policiais militares que se destacaram no


exercício de suas atividades.

c) Lazer: criar oportunidades de lazer para o público interno contribui para uma melhoria
do convívio social. Salas de jogos, de leitura, de televisão, de convivência, são exemplos
do que pode ser feito para estreitar os relacionamentos.

d) Marketing de Benefícios Tão importante quanto comunicar a existência dos benefícios


que a Instituição oferece ao público interno é informar a sua disponibilidade, sua
abrangência e, principalmente, seus custos. Na Polícia Militar, várias são as ações
desenvolvidas neste setor que merecem ser amplamente divulgadas para o público
interno, tais como:

- Acesso ao ensino do Colégio Tiradentes.

- Serviços prestados pelo Sistema de Saúde.

- Prestadores de serviço de saúde da rede conveniada.

- Benefícios proporcionados pelo IPSM.

- Concursos e cursos promovidos pela Instituição para ascensão na carreira. -


Assessoria jurídica.

- Oportunidades de lazer.

- Direitos contidos no Estatuto.

- Atendimentos realizados pela Diretoria de Educação Escolar e Assistência Social


(DEEAS) e Associação Feminina de Assistência Social e Cultura (AFAS).

- Direitos contidos em outras legislações em vigor. - Outras políticas de pessoal.

e) Gestão Participativa

A gestão participativa tem efeito altamente positivo, já que objetiva distribuir “poder” a
todos os integrantes da Instituição em seus diferentes níveis de decisão e competência.
Uma vez estabelecida, quando todos os servidores participam de um processo criativo,
deixam de ser apenas “pessoas recebendo e cumprindo ordens”, para serem
participantes da construção da decisão.
2.5.2 Relacionamento com o cidadão

Para desenvolvimento das atividades de relacionamento com o cidadão, o Agente de


Comunicação Organizacional da Unidade deverá atuar como consultor, voltando seu
foco de atuação para as atividades produção de segurança.

Deve utilizar para tanto, as ferramentas de comunicação organizacional disponíveis,


pautadas nas relações públicas, marketing e merchandising.

Na área de comunicação para a prevenção, o Agente de Comunicação Organizacional


deverá, com o apoio dos diversos veículos de mídia, redes sociais e da comunidade,
adotar medidas preventivas para redução do crime e do medo do crime, proporcionando
sensação de “ambiente seguro”.

Essas medidas podem ser exemplificadas com a produção de vídeos educativos,


inserções de “posts” diversos em redes sociais, participações jornalísticas em mídia
local, mensagens audiovisuais com orientações preventivas, produção de spots com
dicas de segurança, realização de seminários, dentre outros, que possibilitem o
fortalecimento da marca e reforce positivamente a imagem da Instituição.

Finalmente, na área de Relacionamento com o Cidadão, o Agente de Comunicação


Organizacional deverá monitorar e avaliar a percepção social da imagem da Instituição,
bem como providenciar para que os serviços realizados pela sua Unidade sejam
disponibilizados de forma satisfatória.

- Atividades Relacionadas - Relacionamento com o Cidadão

Marketing de Relacionamento é a expressão comumente utilizada para caracterizar o


esforço de uma organização em relacionar-se bem com seu público alvo. É um conjunto
de ações, de responsabilidade dos profissionais que atendem, direta ou indiretamente,
os clientes, capaz de agregar valor aos produtos ou serviços oferecidos. Desta forma,
estaremos produzindo segurança e aumentando a sensação de ambiente seguro.

Na PMMG as atividades de Relacionamento com o Cidadão serão norteadas pelas


seguintes premissas:

a) Capacidade de proporcionar ao cidadão o que foi solicitado ou prometido, com


presteza e agilidade.

b) Os conhecimentos e a cortesia do público interno servirão como base para que a


Instituição possa transmitir confiança e segurança à comunidade.

c) A padronização das instalações físicas, equipamentos adequados e a boa aparência


dos servidores, civis ou militares, tanto da área operacional quanto administrativa, são
aspectos que contribuem para melhor interação com a comunidade. Todos os
integrantes da PMMG são responsáveis por criar referências positivas junto aos nossos
públicos-alvo, sendo o Marketing de Relacionamento a ferramenta ideal.

- Comunicação e Redes Sociais

A utilização da internet e redes sociais no processo de interatividade com a sociedade


é estratégia de aproximação e potencialização das ações de comunicação externa
desenvolvidas pelas Unidades.
O Portal Institucional, a TV PMMG (Canal Youtube), os programas de rádio e as Redes
Sociais são exemplos de produtos disponíveis na Instituição para que se estabeleça um
canal direto com nosso cliente. Através dessas ferramentas, é possível fazer com que
as informações necessárias para a construção de ambientes seguros possam ser
transmitidas de forma ágil e eficiente, proporcionando interação franca e transparente
entre a PMMG e a sociedade.

a) Portal Institucional: o endereço eletrônico do portal institucional da PMMG é


www.pmmg.mg.gov.br. A gestão da página compete à Diretoria de Comunicação
Organizacional.

b) TV PMMG : disponível no endereço www.youtube.com/tvpmmg e no portal


institucional, é o veículo de informações à sociedade, através da cobertura jornalística
de ocorrências de destaque, operações policiais, programas de rádio, debates sobre
segurança, cobertura de eventos institucionais, dentre outros.

O canal de vídeo tem o objetivo de enriquecer o portal com mais dinamismo e


informação. Todas as Unidades devem participar da TV PMMG, enviando seus vídeos
para o Centro de Jornalismo Policial, responsável pela gestão, coordenação e produção
dos conteúdos.

c) Redes Sociais : as redes sociais se tornaram fundamentais no processo de interação


entre as Organizações e seu público-alvo. Neste sentido, a criação de páginas e perfis
nas diversas redes de relacionamento passou a ser parte da estratégia de comunicação
de qualquer organização. As Unidades da PMMG devem criar páginas e perfis nas
redes sociais, devendo atentar-se para a padronização do uso da marca e insígnias, em
conformidade com as normas vigentes e orientação e aprovação por parte da DCO.

- Produção Audiovisual : o principal objetivo da atividade de comunicação audiovisual é


promover o fortalecimento da identidade da PMMG, através da realização do marketing
institucional e da padronização visual, com a produção de ambiente seguro.

A comunicação audiovisual é de fundamental importância para a Instituição, pois, na


maioria dos casos, a produção de nossos serviços depende diretamente da identificação
da Polícia Militar. Vale lembrar que o desenvolvimento e a produção de serviços
policiais ocorrem, de forma imediata, com a presença identificada da PM, seja através
da farda, viaturas, placas de sinalização, fachadas, peças publicitárias, equipamentos,
instalações físicas, postos policiais militares, e outros instrumentos de comunicação e
identificação. A sinergia de todos esses elementos facilita a fixação da marca e
potencializa a presença ostensiva da PMMG, permitindo que fortaleçamos nossa
identidade e que comuniquemos isso aos nossos públicos.

- Padronização visual: na PMMG, pelo caráter constitucional de sua atividade, a


necessidade de visibilidade e identificação passa a ser de fundamental importância. Na
área de comunicação visual, ocorreu um processo de padronização, que levou em conta
o uso de elementos como a marca e as cores heráldicas na confecção de peças gráficas,
identificação de veículos, Unidades de Polícia Militar e outros. Todos os elementos que
compõem a identidade visual devem estar em perfeita sinergia e coerentemente
relacionados. Isso, certamente, resultará numa identidade e comunicação institucional
unificadas, possibilitando o atendimento das necessidades de identificação geral, a
melhoria das relações com os públicos e a projeção positiva da Instituição.

No que tange as instalações físicas das Unidades da PMMG, a padronização será


centralizada na DCO que, por sua vez, se encarregará de elaborar o projeto de
identificação quando ocorrer a reforma, pintura, colocação de placas, totens, ampliação
ou construção de qualquer aquartelamento, até o nível de subdestacamento. As
soluções de comunicação visual estão previstas no Manual da Marca da PMMG.

- Produção de Áudio : compete a DCO a coordenação da produção de áudio para as


peças e campanhas de caráter institucional. A responsabilidade para produção local de
áudios é das Agências de Comunicação Organizacional de cada Unidade, devendo ser
respeitadas as normas de padronização do uso do slogan.

2.5.3 Publicidade e Propaganda

A publicidade e a propaganda na PMMG concentram-se em ações voltadas à


valorização da marca e da imagem geral da Instituição. Visam posicionar
cuidadosamente, e de forma diferenciada, a Instituição no ambiente em que atua, com
foco em fixar o máximo de imagens favoráveis no público-alvo. Dentro das
organizações, a propaganda também desempenha o papel de dissipar falsas
impressões ou corrigir concepções errôneas.

Esta vertente representa uma de suas principais finalidades, a de poder esclarecer e


formar opinião. A propaganda assume então, quanto aos resultados, objetivos bastante
abrangentes, que ilustram as inúmeras possibilidades de seu uso como instrumento de
promoção do marketing institucional.

Os resultados das ações de publicidade são representados nas organizações pela sua
aceitação junto ao público-alvo. As informações divulgadas com respeito à organização,
seus recursos e políticas, bem como sua identidade, permitem que as pessoas se
predisponham a uma atitude mais favorável perante a organização e seus produtos.
Uma boa imagem institucional não se impõe, conquista-se.

Na maioria das vezes, consiste no resultado de ações direcionadas a satisfazer os


anseios da sociedade, como um reflexo da propaganda institucional. A nossa imagem
depende de como somos percebidos. Esta percepção, por sua vez, depende de como
nos comunicamos.

A publicidade e propaganda institucional atuam como fator de reforço em todo processo


de comunicação organizacional. Não se deve esquecer que a imagem institucional, em
geral, não é criada pela propaganda. É o resultado da qualidade do serviço que a
Instituição oferece aos seus clientes. O que a propaganda faz é contribuir com essa
imagem ou corrigi-la. Compete a DCO, através do Centro de Jornalismo Policial a
coordenação e produção de mídias para as campanhas de caráter institucional.

2.5.4 Eventos e Cerimonial

Na Polícia Militar, compete à DCO, por meio da Seção de Eventos, emanar as diretrizes
e doutrinas para a realização dos eventos e do cerimonial, em consonância com as
políticas de comando e normas em vigor.
A execução dos eventos de caráter institucional e representando toda a PMMG,
mormente, os detalhados por força de Resolução, aprovada anualmente pelo Comando-
Geral, serão de responsabilidade exclusiva da DCO.

A execução dos eventos que ocorrerem na área de uma Unidade de Direção


Intermediária (UDI), considerados de relevância institucional, será de responsabilidade
da Agência de Comunicação Organizacional da Região ou Diretoria, com apoio e
suporte da DCO.

O planejamento e a execução das atividades de produção de eventos e cerimonial,


quando envolver mais de uma Unidade, em nível de execução, serão de
responsabilidade do Agente de Comunicação Organizacional da RPM ou outra UDI à
qual as Unidades envolvidas subordinam-se, e será esta UDI a responsável pela
coordenação do evento.

O planejamento e a execução das atividades de produção de eventos e cerimonial,


quando envolver apenas uma Unidade, ficarão a cargo do respectivo Agente de
Comunicação Organizacional daquela Unidade.

Cabe à P/5 requerer, caso haja necessidade, orientações e suporte técnicos à P/5 da
RPM ou UDI subordinada.

Para todas as situações de produção de eventos e cerimonial, deverão ser observadas


para o planejamento e execução, naquilo que couber e for pertinente, as orientações e
legislações referenciadas na Diretriz Geral de Comunicação Organizacional – DGCOM
e no Caderno Doutrinário de Eventos e Cerimonial.

2.5.5 Relacionamento com a Imprensa

A PMMG, por meio de seus representantes, é uma fonte em potencial de pautas e


informações de segurança pública. A imprensa deve ser considerada parceira que pode,
se envolvida adequadamente no processo, projetar positivamente a imagem da
Instituição.

- Entrevistas: como o sistema de comunicação organizacional da PMMG é


descentralizado, todo policial militar pode conceder entrevistas, nos limites de suas
competências e área de atuação.

Para assuntos operacionais locais, o policial militar que atender a ocorrência poderá
conceder entrevistas, desde que ciente o comando da UEOp, atendidas as orientações
específicas constantes dos boletins técnicos.

Para assuntos administrativos, o Agente de Comunicação Organizacional poderá


conceder entrevistas, observando as recomendações dos boletins técnicos.

Para assuntos de repercussão regional, em situações de anormalidade, quando o fato


se revestir de característica técnica específica, as entrevistas serão concedidas pelos
Comandos Regionais ou Diretorias.

Para casos de repercussão institucional, ou em situações especiais, definidas pelo


Estado Maior da PMMG, a DCO será o órgão gestor, e a interlocução com a mídia se
dará através de um porta voz institucional.
O porta voz também poderá ser utilizado em casos de ocorrências de alta complexidade
ou eventos especiais, por determinação do Comandante Geral ou Chefe do EMPM.

Na concessão de entrevistas, estão vedadas as seguintes condutas por parte do policial


militar entrevistado:

I) emissão de opinião pessoal acerca do caso;


II) uso de gestos, palavras ou comportamento que não sejam compatíveis com
os valores apregoados pela Instituição ou que, pelas circunstâncias, sejam
exagerados, desproporcionais, jocosos ou descabidos;
III) tecer comentário acerca de assuntos político-partidários, religiosos, raciais
ou que denotem preconceito acerca de orientação sexual;
IV) explanar acerca de assuntos de competência do escalão superior da PMMG;
V) criticar a atuação de órgão de mídia, organização ou entidade estranha à
PMMG;
VI) falar sobre assunto de competência de outro órgão integrante do Sistema de
Defesa Social. Para a concessão de entrevistas, o militar deve estar com o
uniforme completo, inclusive utilizando a cobertura em todas as situações,
como forma de reforçar a imagem institucional. A técnica, forma, contexto,
linguagem e variáveis de uma entrevista (escrita/falada/televisionada) serão
detalhados através de boletim técnico ou caderno doutrinário expedido pela
DCO, e observados pelo militar entrevistado.

- Notas à Imprensa e Releases

Quando o assunto for complexo e, por suas características, impacto e repercussão, for
institucional, a competência para elaboração de notas à imprensa e releases será da
DCO, através do Centro de Jornalismo Policial.

Quando o fato for de característica técnica específica ou de repercussão limitada à UDI


em que ocorreu, eles serão abordados e distribuídos pelas Diretorias e Comandos
Regionais, que poderão, conforme o caso, determinar que o comando subordinado dê
a resposta.

Em se tratando de rotina das Unidades, estas deverão responder as demandas locais.


Toda nota à imprensa produzida por Unidade deverá ser remetida à respectiva UDI para
acompanhamento, coordenação, controle e correição.

- Direito de Resposta

As circunstâncias atinentes ao direito de resposta deverão ser analisadas pela


Assessoria Jurídica da Unidade que solicitará este direito ao órgão de imprensa. Caso
seja negado o direito de resposta pelo veículo de comunicação, a Unidade irá acionar a
Advocacia Geral do Estado para as providências cabíveis. Todo pedido de resposta
formulado deverá ser cientificado à UDI e à DCO. A DCO poderá prestar assessoria
técnica quando o direito de resposta for concedido e o militar tiver que gravar na mídia
falada ou televisionada.

2.5.6 Centro de Jornalismo Policial

O Centro de Jornalismo Policial (CJP), pertencente à DCO, é responsável pela gestão


do relacionamento com a mídia (escrita, falada e televisionada) em todo o Estado, além
de ser responsável pela produção de matérias jornalísticas de interesse institucional,
atinentes à seara da comunicação externa. O CJP é formado pela Seção de
Relacionamento com a Imprensa e pela Seção de Publicidade e Propaganda.

- Seção de Relacionamento com a Imprensa

A Seção de Relacionamento com a Imprensa (Sala de Imprensa), através do Programa


de Gestão de Informação de Mídia (PROGEIMI), é responsável pelo acompanhamento
do indicador estratégico de posicionamento da Instituição na mídia. A DCO deverá
capacitar os Agentes Regionais e Locais de Comunicação Organizacional para
operarem o PROGEIMI.

Qualquer Unidade poderá pedir apoio técnico ao CJP no tocante a concessão de


entrevistas, participação em programas jornalísticos, de entretenimento ou respostas
através de nota ou produção de releases. O CJP manterá plantão 24 horas para atender
as demandas da mídia e as solicitações de apoio de qualquer Unidade da PMMG.

Salvo determinação expressa, indicando outro nome, por parte do Comandante Geral
ou Chefe do EMPM, o porta voz da PMMG será o Chefe da Seção de Relacionamento
com a Imprensa.

- Seção de Publicidade e Propaganda

O Jornalismo Policial na PMMG consiste na produção de notícias dentro da técnica e


dos padrões jornalísticos nacionais, com o objetivo de alcançar uma comunicação
efetiva das ações institucionais de destaque e contribuir para o aumento da sensação
de segurança.

As atividades devem ser acompanhadas por profissionais qualificados nesta formação


profissional. A responsabilidade para produção de mídias como spots, vídeos, peças
gráficas, dentre outras, é das Agências de Comunicação Organizacional de cada
Unidade, devendo ser respeitadas as normas previstas no Manual da Marca.

2.5.7 Atividades Musicais

O emprego das agremiações musicais obedecerá o interesse institucional, através de


atendimento a demandas, e por iniciativa, por meio da elaboração de projetos culturais
voltados para a atividade musical. As apresentações dos grupos musicais poderão
ocorrer em casas destinadas a eventos artístico-culturais, clubes sociais e esportivos,
educandários, hospitais, igrejas ou locais de culto, praças públicas, repartições públicas,
salas de concertos, sedes de entidades de classe dos policiais militares, teatros,
Unidades militares, dentre outros.

O emprego dos militares integrantes das agremiações musicais na atividade fim se


dará, exclusivamente, quando em circunstâncias especiais ou extraordinárias, sendo
vedado o seu emprego ordinário.

- Centro de Atividades Musicais (CAM) : tem como função principal definir critérios e
procedimentos para o planejamento e execução da atividade musical na Polícia Militar.
Tem, ainda, a função de assessorar o Diretor de Comunicação Organizacional nas
questões relacionadas a essa atividade.
As agremiações musicais sediadas na Capital subordinam-se, hierárquica e
administrativamente, ao CAM. As agremiações musicais sediadas no interior
subordinam-se hierárquica e administrativamente às respectivas UDI, responsáveis pela
coordenação operacional da atividade musical, sendo subordinadas tecnicamente ao
CAM.

- Academia Musical Orquestra Show (AMOS) é uma orquestra de baile, constituída por
instrumentistas de sopro, eletrônicos, cordas, percussão e por vozes. O emprego da
AMOS se dará, por exemplo, pela participação em bailes e shows que atendam a
natureza pública. Nos eventos, a AMOS participará fardada, salvo determinação da
DCO em contrário.

- Banda de Música : é uma agremiação musical formada por instrumentistas de sopros


e de percussão. O emprego da Banda se dará, por exemplo, através da participação em
solenidades cívico-militares, tocatas e outras apresentações de caráter público.

- Orquestra Sinfônica da Polícia Militar (OSPM) : é uma agremiação musical formada


por instrumentistas de cordas friccionadas, sopro e percussão. O emprego da OSPM se
dará, por exemplo, através de apresentações e concertos sinfônicos.

2.6 Identidade Organizacional

A Identidade Organizacional corresponde ao conjunto de características,


valores e crenças com que a instituição se auto identifica e se diferencia das outras
existentes na sociedade. Representa, por outras palavras, a própria personalidade da
organização, isto é, a sua forma de ser e de fazer, na sua existência e atuação, o que
deve ser partilhado por todos os seus integrantes.
A identidade é a forma com que a organização se identifica e também como
é identificada por seus públicos, valendo-se desse conceito e a partir da correlação
estabelecida entre a identidade e sua influência na formação da imagem corporativa[...]
Construir a identidade organizacional é encontrar o equilíbrio entre aquilo
que se é e o que os clientes esperam que a instituição seja; os objetivos que pretende
alcançar e os serviços que prestará à comunidade, buscando a excelência.
A Identidade Organizacional é traduzida em três elementos principais:
a) Declaração da missão;
b) Visão de futuro;
c) Valores Institucionais.
Esses preceitos respondem às questões:
a) O que a instituição faz?
b) O que a Instituição deseja ser?
c) Em que a instituição acredita e valoriza?
- Missão

"Promover segurança pública por intermédio da polícia


ostensiva, com respeito aos direitos humanos e participação
social em Minas Gerais."

A missão da organização está ligada diretamente aos seus objetivos e aos


motivos pelos quais foi criada, pois representa uma declaração concisa do propósito e
das responsabilidades da Instituição perante seus clientes.

- Visão

"Sermos reconhecidos como referência na produção de


segurança pública, contribuindo para a construção de um
ambiente seguro em Minas Gerais."

A visão apoia a Instituição na construção do futuro, promove a inovação,


levanta uma “bandeira”, funciona como bússola para a equipe, motiva, inspira e tira a
Instituição da zona de conforto.

- Valores

"Representatividade, respeito, lealdade, disciplina, ética, justiça e hierarquia".


É a prática diária de princípios e regras observada pelo policial militar. São
preceitos cultuados e praticados no dia a dia pela Instituição e seus integrantes.
Os valores da polícia militar são como um credo que devemos cultuar,
diariamente, através de nossas atitudes como cidadãos e como agentes na promoção
da paz.
Os nossos valores institucionais constituem o coração de nossa cultura, pois
estabelecem os padrões que devem ser seguidos por todos na Polícia Militar. Eles
representam a essência da filosofia organizacional, ao fornecerem um senso de direção
para todos os policiais militares, quanto ao seu comportamento.
Os valores institucionais compreendem:
a) Representatividade: A representatividade relaciona-se à internalização e prática dos
valores institucionais pelos servidores, que os tornam capazes de demonstrar,
positivamente, a imagem da PMMG, tanto na condição policial militar como em
situações da vida cotidiana;
b) Respeito: são deveres em relação a quem serve na PMMG e a quem servimos - o
cidadão e a sociedade. A PMMG esforça-se para dar aos seus servidores condições
para que expressem o seu potencial de inteligência e suas capacidades no respeito e
garantia dos direitos fundamentais das pessoas;
c) Lealdade: deve expressar, além do comportamento, uma resposta atitudinal
constituída por componentes cognitivos e afetivos, considerados importantes nos
relacionamentos da organização policial e entre os seus integrantes;
d) Disciplina: é a exteriorização da ética profissional dos policiais militares e manifesta-
se pelo exato cumprimento de deveres. Integra o hábito interno que correlaciona o
cumprimento das atribuições, regras e deveres. “Inclui a disciplina tática no regramento
de atitudes e ações”;
e) Ética: deve permear ações e relações internas e externas do policial militar. A ética é
orientada por um conjunto de regras, princípios ou maneiras de pensar que guiam, ou
chamam a si, a autoridade de guiar as ações em grupo;
f) Justiça: A justiça regula nossa convivência, possibilita o bem comum, defende a
dignidade humana, respeita os direitos humanos. A justiça trata de nossos direitos e
nossos deveres e diz respeito ao outro, à comunidade e à sociedade;
g) Hierarquia: entendida como a ordenação da autoridade em níveis diferentes, dentro
das estruturas das instituições militares estaduais. Deve servir como fator facilitador do
controle, de forma a permitir a coesão do funcionamento das atividades da PMMG.
Por fim, os valores não apenas guiam o comportamento operacional diário,
como também estruturam o desenvolvimento da organização a longo prazo,
manifestando-se na linguagem usada e também no pensamento, postura e compostura
e têm efeito profundo na energia das pessoas e na eficiência com que ela está sendo
empregada.
3 ÉTICA E DEONTOLOGIA POLICIAL MILITAR

3.1 Introdução

Moral, ética, direito e deontologia guardam entre si relações internas de


significado, mas não chegam a ser vocábulos sinônimos. O entendimento de cada uma
dessas palavras nasce no campo da etimologia (estudo da origem e da evolução das
palavras).
Moral, como substantivo ou adjetivo, tem origem no Latim (mos, moris) e
corresponde a uso, porte, caráter, estado, modo, maneira, vontade, regra, jeito.
Ética, substantivação feminina do adjetivo ético vem do Grego ethilós,
através do Latim ethicu. Sua base real está em éthos, étheous, éthôus, substantivo
grego semelhante a costume, comportamento, compostura, conduta.
Direito vem do latim directus, "que segue regras pré-determinadas ou um
dado preceito”.
Deontologia, substantivo proveniente do Grego [déonthos, déontheous,
déonthôus = dever, necessidade + - log (o) = tratado, estudo + ia (sufixo nominal com
ideia de qualidade, propriedade, referência)], designa o estudo das necessidades, o
tratado dos deveres morais e éticos.

3.2 Moral

Segundo o Dicionário de Filosofia Japiassu, a moral diz respeito aos


costumes, valores e normas de conduta específicos de urna sociedade ou cultura.
Moral é o conjunto de regras adquiridas através da cultura, da educação,
da tradição e do cotidiano, e que orientam o comportamento humano dentro de uma
sociedade.
As regras definidas pela moral regulam o modo de agir das pessoas, sendo
uma palavra relacionada com a moralidade e com os bons costumes.
Está associada aos valores e convenções estabelecidos coletivamente em cultura ou
em sociedade, a partir da consciência individual, que distingue o bem do mal, ou a
violência dos atos de paz e harmonia. Trata-se de regras não jurídicas, absolutamente
convencionais, mas respeitadas pelos que se acham subordinados aos direitos das
pessoas.
Como bem soberano do homem, a Moral determina o fim supremo do
indivíduo no mundo. Esse fim, na concepção de Epicuro (filósofo grego do período
helenístico) e Aristóteles (filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o
Grande), é a felicidade ou beatitude (estado permanente de perfeita satisfação e
plenitude somente alcançado pelo sábio), mas, para Immanuel Kant (filósofo prussiano,
geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna),
equivale à felicidade atrelada à virtude.
Normativa e não descritiva, a Moral é o ponto alto da educação, ensina o
homem o que ele pode fazer, não deve fazer e deve não fazer. Funciona, assim, como
teoria da ação na vida humana.
Considerada casuística (exame de casos particulares e cotidianos, em que
se apresentam dilemas morais, nascidos da contraposição entre regras e leis universais
prescritas por doutrinas filosóficas ou religiosas e as inúmeras circunstâncias concretas
que cercam a aplicação prática destes princípios), a Moral consiste na aplicação dos
bons costumes às particularidades da vida.

3.3 Ética

A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão,
é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso
ético, uma espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando e
julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou
injustas.
Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do
certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas
classificações sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em
determinadas sociedades e contextos históricos.
A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo
com os outros relações justas e aceitáveis. Via de regra, está fundamentada nas ideias
de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se
traduz numa existência plena e feliz.
A ética é um conjunto de valores morais e de princípios que norteiam a
conduta humana na sociedade.
A importância da ética hoje se dá pela necessidade, por uma questão de
sobrevivência; considerando que a humanidade passa por um momento de anseio por
uma vida melhor e, acima de tudo, digna e feliz. Podemos dizer que o tema mais
ecumênico que existe atualmente é o da dignidade humana, vida com qualidade e por
fim, a felicidade. No entanto, percebemos que o mundo se tornou um caos, e o homem
como um todo se encontra perdido em meio a tanta confusão; é o verdadeiro “jogo dos
interesses”. O comportamento ético não consiste exclusivamente em fazer o bem a
outrem, mas em exemplificar em si mesmo o aprendizado recebido. É o exercício da
paciência em todos os momentos da vida, a tolerância para com as faltas alheias, a
obediência aos superiores em uma hierarquia, o silêncio ante uma ofensa recebida.
“Ética diz respeito às nossas escolhas, quando estamos diante de um
problema”. Quando optamos por um caminho para solucionar o problema, somos éticos
se a escolha que fazemos é condizente com o conjunto axiológico (moral) da sociedade
em que estamos inseridos, ou com a própria ética do indivíduo. Quem age eticamente
se preocupa com os reflexos da sua ação no outro, mas também na sua própria vida.

Segundo Kant: Para sabermos se nossas escolhas estão certas ou


erradas, basta verificarmos se “a máxima de nossas vontades pode ser universalizada”
que quer dizer: agir com o outro, assim como gostaria que agissem comigo.

3.4 Níveis de Ética:

a) ética pessoal – Refere-se à moral, valores e crenças do indivíduo. Conduta própria


do indivíduo acerca de suas convicções sobre o bem e o mal. Pode ser positiva ou
negativamente influenciada por experiências, educação e treinamento;

b) ética de grupo – Resposta do indivíduo diante de seu grupo de trabalho, referente


ao conceito do bem e do mal. Trabalhar com colegas em situações às vezes difíceis
e/ou perigosas pode facilmente levar ao surgimento de comportamentos de grupo,
padrões subculturais (linguagem grupal, rituais, nós contra eles, etc.) e a consequente
pressão sobre membros do grupo (especialmente os novos) para que se conformem à
cultura do grupo;

c) ética profissional – Conduta correta no exercício profissional. Cumprimento de


regras e normas estatutárias/regulamentos/leis. Conjunto de valores da profissão.
A Organização Policial existe para zelar pelo cumprimento das leis que
foram instituídas, a fim de efetivar a garantia dos direitos fundamentais do ser humano,
possibilitando a ele condições básicas de sobrevivência e convivência harmônica e
pacífica, imprescindíveis ao desenvolvimento do cidadão em relação a seu semelhante.
Os policiais devem conhecer os poderes a eles delegados e compreender
seus efeitos potencialmente prejudiciais na vida das pessoas, se usados de forma ilegal,
tornando-se necessário compreender e atuar no limite de sua profissão.
No campo do trabalho, a ética tem sido cada vez mais exigida,
provavelmente porque a humanidade evoluiu em tecnologia, mas não conseguiu se
desenvolver na mesma proporção na elevação espiritual. A atitude ética vai determinar
como um profissional trata os outros profissionais no ambiente de trabalho e os
consumidores de seus serviços: clientes internos e externos, entre outros membros da
comunidade em geral.
A ética é indispensável ao profissional, porque na ação humana “o fazer” e
“o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo
profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir se refere à conduta
do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua
profissão.

ÉTICA
CERTO ERRADO
RAZÃO EMOÇÃO
A força da lei A lei da força
Legalidade Abuso de autoridade
Técnica policial Violência policial
Transmitir confiança Gerar insegurança
Instituição preservada Imagem denegrida

- Formação Ética

É importante estabelecer parâmetros na formação policial: além da formação


técnica e legal, deve haver a formação ética.

Qual a importância da formação ética para policiais?

a) o policial deve ser sujeito e parceiro - Solidarizar-se com as pessoas que têm seus
direitos negados e exercer as práticas de respeito aos direitos e à cidadania .
b) reafirmar a existência das pessoas e torná-las importantes e legítimas como qualquer
outra;
c) criar no policial o respeito, a dignidade e a proteção da lei;
d) mudanças comportamentais e compreensão da complexidade dos problemas
sociais/diferenças culturais, agindo sempre sob o manto da ação ética.
Porque a formação ética para policiais?

a) conscientizar seu significado e relevância na atuação policial, agindo sob sólidos


princípios morais, evitando o desvio de conduta e fomentando o respeito às normas
legais;
b) trazer em discussão situações cotidianas que tratem da violação da Lei de Tortura,
numa perspectiva reflexiva, visando uma mudança de atitude.
c) promover o estudo de textos, que abordem o tratamento do preso, criando uma
postura ética condizente com o perfil do policial cidadão;
d) conhecer os princípios básicos sobre o uso da força e de arma de fogo;
e) construir o perfil do profissional cidadão ideal, desmistificando padrões de conduta e
estereótipos.

3.5 Deontologia

Segundo o Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano, termo criado por


Jeremy Bentham (Deontologia ou Ciência da Moralidade, publicação póstuma de 1834)
para designar uma ciência do "conveniente", ou seja, uma moral fundada na tendência
a perseguir o prazer e fugir da dor.

"A tarefa do deontólogo", diz Bentham, "é ensinar ao homem como dirigir
suas emoções de tal modo que as subordine, na medida do possível, a seu próprio bem-
estar".
. Nessa filosofia, a Deontologia corresponde à soma da "teoria da virtude"
ao "tratado da prática da virtude" (Jeremy Bentham).
Considera a Deontologia engajada na "aritmética dos prazeres", numa forma
de congraçamento entre a Moral e a Ética. Passou a significar, posteriormente, o código
moral das regras e procedimentos próprios a determinada categoria profissional.
A Deontologia estuda as necessidades do grupo e as responsabilidades dos
órgãos públicos e das categorias profissionais ou institucionais, para definir e codificar
os deveres imanentes ou atribuíveis a cada um de tais segmentos, conforme a
hierarquia de valores e às relações entre meios e fins.
Sob a óptica da ciranda popular, Deontologia tem feição de mero código da
ética, limitado na singela nomenclatura dos deveres de um estrato social.
A Polícia Militar, preservadora constitucional da ordem pública e promotora
da defesa social, pratica sólidos preceitos ético-morais e observa, em seu dia-a-dia, um
código de ética ajustado a seus deveres profissionais e ao cenário sociocultural.

- Código de Ética

É um acordo explícito entre membros de um grupo social, uma categoria


profissional, um partido político, uma associação civil, etc.

a) Objetivo
Explicar como um determinado grupo pensa e define sua própria identidade,
política e social, que o constitui; e como estes grupos se comprometem a realizar seus
objetivos, de acordo com os princípios universais da ética.

b) Código de Ética e Disciplina dos Militares (CEDM)


Art. 1º - O CEDM tem por finalidade definir, especificar e classificar as transgressões
disciplinares e estabelecer normas relativas a sanções disciplinares, conceitos,
recursos, recompensas, bem como regulamentar o Processo Administrativo-Disciplinar
e o funcionamento do Conselho de Ética e Disciplina Militares da Unidade – CEDMU.
Art. 6º - § 1º A hierarquia é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da
estrutura das IMEs.
§ 2º A disciplina militar é a exteriorização da ética profissional dos militares do Estado e
manifesta-se pelo exato cumprimento de deveres, em todos os escalões e em todos os
graus da hierarquia, quanto aos seguintes aspectos:
I – pronta obediência às ordens legais;
II – observância às prescrições regulamentares;
III – emprego de toda a capacidade em benefício do serviço;
IV – correção de atitudes;
V – colaboração espontânea com a disciplina coletiva e com a efetividade dos resultado
pretendidos pelas IMEs.
Art. 9º - A honra, o sentimento do dever militar e a correção de atitudes impõem conduta
moral e profissional irrepreensíveis a todo integrante das IMEs, o qual deve observar os
seguintes princípios de ética militar:
I – amar a verdade e a responsabilidade como fundamentos da dignidade profissional;
II – observar os princípios da Administração Pública, no exercício das atribuições que
lhe couberem em decorrência do cargo;
III – respeitar a dignidade da pessoa humana;
IV – cumprir e fazer cumprir as leis, códigos, resoluções, instruções e ordens das
autoridades competentes;
V – ser justo e imparcial na apreciação e avaliação dos atos praticados por integrantes
das IMEs;
VI – zelar pelo seu próprio preparo profissional e incentivar a mesma prática nos
companheiros, em prol do cumprimento da missão comum;
VII – praticar a camaradagem e desenvolver o espírito de cooperação;
VIII – ser discreto e cortês em suas atitudes, maneiras e linguagem e observar as
normas da boa educação;
IX – abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de assuntos internos das IMEs ou
de matéria sigilosa;
X – cumprir seus deveres de cidadão;
XI – respeitar as autoridades civis e militares;
XII – garantir assistência moral e material à família ou contribuir para ela;
XIII – preservar e praticar, mesmo fora do serviço ou quando já na reserva remunerada,
os preceitos da ética militar;
XIV – exercitar a proatividade no desempenho profissional;
XV – abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para obter facilidade pessoal de
qualquer natureza ou encaminhar negócios particulares ou de terceiros.

- CONDUTA ÉTICA E LEGAL DO POLICIAL (ANEXO “B”) DA DPSSP Nº


3.01.05/2010-CG

a) Introdução
A Organização Policial existe para zelar pelo cumprimento das leis. Estas
foram instituídas com o objetivo de efetivar a garantia dos Direitos Fundamentais do ser
humano, possibilitando a todos condições básicas de sobrevivência e convivência
harmônica e pacífica, imprescindíveis ao desenvolvimento do homem na sua vida em
sociedade.
A polícia tem a obrigação de obedecer à lei, inclusive às leis promulgadas
para a promoção e proteção dos Direitos Humanos. Agindo assim, o policial estará não
somente cumprindo o seu dever legal, como também respeitando e protegendo a
dignidade da pessoa humana, mesmo que para isso tenha que fazer uso da coerção e
da força, nos casos estritamente necessários e na medida exata.
O uso da força policial não deve ser indiscriminado, pois, ao contrário, pode
abalar as bases da conduta ética e legal do policial, as quais são: a obediência às leis,
o respeito à dignidade humana e a proteção dos Direitos Humanos.

b) Policial defensor da dignidade humana


Os Direitos Humanos estão protegidos por leis internacionais e nacionais.
Esses instrumentos interagem com a atividade policial, fornecendo-lhe direcionamentos
para o desenvolvimento de um policiamento ético e legal.
Os Direitos Humanos são fundamentos do respeito à dignidade da pessoa
humana e esses direitos são inalienáveis, ou seja, ninguém pode transferi-los nem
tampouco barganhá-los.
Quando o policial comete qualquer ato contra a dignidade da pessoa
humana, responde por sanções nas esferas administrativa, civil e penal.
Individualmente, o policial é o responsável pelo dano causado, porém, toda a instituição
fica maculada perante a sociedade, refletindo negativamente no trabalho dos demais
policiais.
A importância da atuação do policial não se restringe somente ao cumprimento do dever
legal, mas também à conduta ética de aplicação da lei, na construção da paz social e à
defesa dos Direitos Humanos de todas as pessoas, independentemente da
nacionalidade, sexo, orientação sexual, raça, credo, convicção política, religiosa ou
filosófica.

c) Policial mantenedor de sigilo em assuntos confidenciais


Os assuntos de natureza confidencial em poder do policial devem ser
mantidos em sigilo, a menos que, em razão do dever legal ou necessidade de justiça,
exijam atitude contrária.

d) Policial contra a tortura e o tratamento cruel, desumano ou degradante


A sociedade reconhece como inteiramente legítimo o uso da força pela
polícia, para manter e defender o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Quando as pessoas têm sua liberdade cerceada, elas creem que sua
integridade física será preservada. A mesma sociedade que reconhece a necessidade
do uso da força pelo policial, espera que não haja abuso praticado por ele. As pessoas
capturadas, detidas ou presas beneficiam-se de formas específicas de proteção, com
base nos seguintes princípios:
a) ninguém será submetido à tortura ou a quaisquer outros maus-tratos;
b) todos os presos fazem jus ao respeito à sua dignidade humana;
c) todas as pessoas são presumidas inocentes, até prova contrária, de acordo com a
lei.

Policial inibidor da tortura: Não existe nenhuma situação em que a tortura possa ser
infligida legalmente. Nenhum policial, seja qual for seu posto ou graduação, tem
justificativa ou defesa por ter cometido tortura. A tortura foi obviamente tornada ilegal
pela comunidade internacional e é definida na Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos e Punições Cruéis, Desumanos e Degradantes - ONU (1984), como:
“qualquer ato pelo qual uma violenta dor ou sofrimento, físico ou mental, é infligido
intencionalmente a uma pessoa, com o fim de se obter dela ou de uma terceira pessoa
informações ou confissão; de puni-la por um ato que ela ou uma terceira pessoa tenha
cometido, ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir ela ou uma terceira
pessoa; ou por qualquer razão, baseada em discriminação de qualquer espécie, quando
tal dor ou sofrimento é imposto por um funcionário público ou por outra pessoa atuando
no exercício de funções públicas, ou ainda por instigação dele ou com o seu
consentimento ou aquiescência.”
A responsabilidade do policial contra a tortura: A convenção contra a tortura estipula
que uma ordem de um policial na função de comando não pode ser invocada como
justificativa para a tortura. Tal situação é ratificada no Código de Conduta dos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, no qual se afirma que “nenhum
policial poderá invocar ordens superiores como justificativa para praticar tortura”. A
obediência a ordens superiores não constituirá defesa eficaz para o policial que sabia
ser ilegal uma ordem para emprego de força ou arma de fogo, causadora de morte ou
sério dano à pessoa, tendo possibilidade razoável de desobedecer a tal ordem. Tal
responsabilidade recai também no superior que emitiu a ordem ilegal. Os princípios para
uso da força e arma de fogo afirmam que “nenhuma sanção criminal ou disciplinar será
imposta àqueles policiais que, seguindo o Código de Conduta dos Policiais, se recusem
a cumprir uma ordem para usar abusivamente força ou arma de fogo, ou relatem que
há esse costume por outros policiais”.

e) Policial protetor da saúde das pessoas privadas da liberdade


O cuidado e a custódia de pessoas capturadas, detidas ou presas, é aspecto
extremamente importante para o policial. Apesar de o tratamento dessas pessoas estar
regulamentado, tanto por leis internacionais quanto por leis nacionais, continuam a
ocorrer abusos.
A maneira como uma instituição policial trata as pessoas privadas de liberdade
é um índice do profissionalismo de seus integrantes, dos padrões éticos que ela é capaz
de manter e demonstra até que ponto ela pode ser vista como um serviço para a
comunidade, mais do que como um instrumento de repressão.
f) Policial inibidor da corrupção

Policial inibidor dos atos de corrupção na busca de informações: Nenhuma polícia


trabalha com êxito sem o mapeamento de informações por sua equipe de inteligência.
A busca de informações é extremamente importante e tem de contar com informantes
confidenciais, e, às vezes, são os únicos meios pelos quais alguns criminosos podem
ser trazidos perante a Justiça. A busca de tais informações acarreta sérios perigos à
instituição e ao policial, pelos seguintes motivos:
- os próprios informantes confidenciais são, muitas vezes, criminosos estreitamente
associados a outros criminosos;
- as informações são geralmente trocadas por dinheiro ou favores;
- os entendimentos entre os policiais e os informantes são necessariamente conduzidos
de maneira secreta.
É imprescindível a adoção de medidas que visem a:
- formular política clara para a fundamentação de procedimentos e orientações, e
maximização de benefícios com o recebimento de informações confidenciais sobre
crimes e criminosos;
- estabelecer procedimentos rígidos e orientações explícitas para os policiais
subordinados entenderem exatamente a forma de conduzir o relacionamento com
informantes confidenciais, e a extensão em que esse relacionamento é monitorado.

Policial inibidor da corrupção no desempenho da atividade operacional: No


desempenho da construção da paz social, o policial deparar-se-á com situações em que
estará do lado oposto ao do cidadão. Nesse caso, ele será obrigado a atuar contra
aquele que infringir a lei. Para isso, atuará sempre respaldado pela lei, sem abusos nem
arbitrariedades. Quando o policial recorre a práticas contrárias à lei ou atua além do
poder e autoridade concedidos por lei, a distinção entre o suspeito e o policial já não
pode ser feita. O desenvolvimento de atitudes e comportamentos pessoais pelo policial
fazem com que ele desempenhe sua atividade de forma correta. Cada cidadão coloca
seu bem-estar nas mãos de outros seres humanos, necessitando de garantia e proteção
para fazê-lo com confiança. Escândalos de corrupção, envolvimento em grande escala
com o crime organizado e outros desvios de conduta relacionados com policiais, abalam
profundamente as fundações da instituição, a qual almeja níveis de ética prontos para
efetivamente erradicar esse tipo de comportamento indesejável.

g) O reflexo da violação dos Direitos Humanos pelo policial


A atividade policial é um componente visível da prática do Estado na
construção da paz social. As ações dos policiais não são vistas nem avaliadas pela
sociedade como individuais. Pelo contrário, são vistas como indicador do
comportamento da Instituição Policial como um todo. O policial age sob a autoridade
direta do Estado que lhe conferiu poderes especiais. Por esse motivo, as ações
individuais do Policial, como o abuso de autoridade, o uso excessivo da força, a
corrupção e a tortura, podem ter um efeito devastador na imagem de toda a Instituição,
gerando traumas, que nem sempre o tempo poderá superar.
As práticas do policial militar devem estar fundamentadas no respeito e
obediência às leis do Estado. Consequentemente, o que se espera do Policial é que ele
respeite, proteja e promova os Direitos Humanos de todas as pessoas, sem nenhuma
distinção.

3.6 Valores, deveres e virtudes

3.6.1 Conceitos de valor e dever

A palavra valor pode ser definida sob vários aspectos. De acordo com Weil
(1994, p. 46-47) "valor é uma variável da mente que faz com que um ser humano decida
ou escolha se comportar numa determinada direção e dentro de determinada
importância." Assim, o homem poderá escolher se comportar entre os mais variados
valores. Os valores e as virtudes estão diretamente ligados aos atos, ao comportamento
humano.
De forma genérica, valores podem ser entendidos como princípios, normas
ou padrões aceitos socialmente ou mantidos por pessoas, classe, sociedade ou
organização. Na Polícia Militar, os valores devem ser estimulados e mantidos
independentemente de posto ou graduação.
Se o homem, em seu cotidiano não conferir uma proporção valorativa de
justiça, respeito, decência, ordem, dentre outros, consequentemente, isto refletirá em
seu comportamento, evidenciando-se a violência, indisciplina, insubordinação,
desonestidade e outros não menos desejados.
Todo profissional deve ser compromissado com os deveres para com a
carreira que abraçou e com a instituição a que serve. O policial-militar, em particular,
tem deveres para com o cidadão, com a sociedade, com o Estado e com a Pátria.

3.6.2 Relação entre valor e dever


Conforme já discutido, os deveres emanam dos valores. O dever é
fundamentado em um valor. Como exemplo, cita-se que a disciplina é um valor
profissional, pela qual se tem o exato cumprimento do dever; por consequência, o
policial-militar tem o dever de obedecer, observando os regulamentos e dedicando-se
de forma exemplar ao serviço.
Os valores, vistos como vínculos racionais e morais, ligam o policial militar
ao serviço, ao cidadão, à sociedade e à Pátria. Assim, tem-se um fundamento
deontológico que institui obrigações aos policiais militares.
Pode-se concluir que o conceito ético central é a noção de valor. A grande
questão é que, atualmente, as atitudes de alguns profissionais não tem se pautado por
este conceito. Ao se afastar dos princípios e valores, perde-se o interesse por eles e,
consequentemente, pelos deveres a ele relacionados. (VALLA, 2000, p. 34).

3.6.3 Virtudes

A prática das virtudes sedimentam e estimulam os valores. Considerando


que o exercício da atividade policial militar é árduo, os riscos e as exigências a que os
policiais são submetidos e que estes devem possuir virtudes que evitem ou
impossibilitem a propensão para o mal ou para valores subalternos, subjetivos ou
relativos (VALLA, 2000, p. 19).
Virtude significa a disposição firme para o aprimoramento das atitudes
humanas e para a prática do bem. Perdem-se com os atos contrários, exigindo uma luta
contínua contra as más inclinações, vícios e defeitos do ser humano.
As virtudes militares caracterizam a vida militar e devem acompanhar o
policial militar como instrumentos e como suporte para atividade profissional.

01. SENTIMENTO DO DEVER: é a capacidade de realizar, com seriedade e dedicação,


todas as tarefas que lhe estão afetas. É satisfazer, na presença ou fora das vistas do
superior, as exigências do serviço, por mais dolorosos ou difíceis que se apresentem,
de maneira fiel e com a nítida consciência do dever profissional, da qual jamais deve
fugir o indivíduo honesto.
02. FORÇA DE VONTADE: querer é poder. É a virtude, por excelência, do policial militar
que enfrenta os crimes e os criminosos, arriscando a vida, em favor do cidadão e da
sociedade. Para isso, deverá ser possuidor de uma força de vontade invejável para bem
servir ao indivíduo, à sociedade, à Corporação e, sobretudo à Pátria.
03. AMOR À ORDEM: ser ordeiro e obedecer a todas as disposições regulamentares,
aí incluídas as ordens de superiores hierárquicos. Não deve tomar parte em rixas,
conflitos e desordens de rua ou em manifestações políticas. Até por uma questão de
coerência, pois, preservar a ordem pública é, também, a missão síntese das polícias
militares.
04. MORALIDADE: todos os atos devem ser inspirados em princípios morais elevados,
incluindo o modo como o policial militar se comporta na vida particular. A moralidade
está sustentada na honestidade como valor supremo. O policial militar, por natureza,
deve ser incorruptível e não estar ligado aos vícios, particularmente aos jogos de azar
e às drogas. É sinônimo de integridade.
05. ABNEGAÇÃO: é o desprendimento de si próprio em proveito de outrem. É a força
moral que mantém o homem nas adversidades. Implica no sacrifício voluntário das
opiniões pessoais, em face das disposições regulamentares e das ordens superiores,
assim como suportar resignado contrariedades de ordem material, financeira e moral.
Aliás, estes aspectos são os testemunhos incontestes de abnegação.
06. CORAGEM E BRAVURA: é a capacidade de enfrentar, com energia e destemor,
situações difíceis ou perigosas. É o domínio sobre o medo. A bravura consiste no
predomínio da vontade sobre o instinto de conservação. É, também, o desprezo aos
perigos. O policial militar tem a obrigação de ser corajoso e de chegar mesmo até a
bravura, quando o interesse da Pátria, da sociedade e do cidadão o exigir. Ao contrário,
o medo induz à covardia, aliás, a mancha mais torpe para a honra do militar. As provas
de coragem devem constar da vida diária de um miliciano, considerado o guardião da
sociedade.
07. DECORO MILITAR: é traduzido pelo modo digno e correto de apresentar-se em
público, procurando enaltecer e honrar a farda que ostenta. Frequentar locais dignos,
manter amizades com pessoas de boa reputação moral, conservar com esmero seus
uniformes, respeitar o público e o cidadão, mesmo que delinquente, é dever do policial
militar. Assim, a atitude irrepreensível deve ser a constante em seu cotidiano profissional
e privado.
08. PONTUALIDADE E PRESTEZA: a pontualidade é a execução dos deveres sem
atraso, enquanto a presteza é a sua execução no menor tempo possível. Tudo na vida
militar deve ser feito rapidamente e no momento marcado. Não deve ser confundido
com precipitação. E mais, o bom policial-militar não deve deixar para o dia seguinte o
que poderá fazer hoje.
09. CAMARADAGEM: é a capacidade de relacionamento cordial e desinteressado, de
colaboração e amizade, mantido com superiores, pares e subordinados. É a afeição que
deve ligar todos os milicianos, transformando a Corporação numa família, onde
prevaleça, acima de tudo, a disciplina espontânea e a subordinação entre seus
integrantes com confiança e respeito mútuos. Em qualquer parte, onde um policial militar
encontre outro policial, civil ou militar, mesmo que de outro Estado, ainda que
estrangeiro, deve tratá-lo como um irmão de idealismo e profissão.
10. HONRA MILITAR: é o sentimento da honradez e da honestidade que repelem a
prática de qualquer ato difamante. É o mais sublime atributo do militar, em razão de
tratar-se de um sentimento cujo exercício exige uma superioridade de energia moral,
um inabalável espírito de dedicação e um inquebrantável amor à honradez.
11. INICIATIVA: consiste em resolver prontamente as situações, por mais difíceis que
sejam e que não estejam inseridas nas ordens recebidas, porém, dentro de uma ação
consciente e refletida. É uma das qualidades mais preciosas do policial militar no embate
diuturno de prestação de socorro e de combate ao crime, às contravenções e infrações
administrativas. Esta disposição moral está, acima de tudo, aliada à competência.
12. RESPEITO: é um dos primeiros deveres impostos ao militar pelo seu compromisso
de honra. É à base da moral e da ética militar e é demonstrado pelo acatamento dos
subordinados para com os superiores. As provas de respeito militar são os indícios de
uma boa educação civil e da compreensão dos deveres de subordinação. O policial
militar deve aos seus superiores obediência e respeito, como tributo natural à autoridade
de que se acham investidos por lei. Este respeito deve, também, ser demonstrado em
relação ao cidadão, na preservação de seus direitos fundamentais e exercício da
cidadania.

Quadro 1: Virtudes militares


Fonte: Valla, (2000, p. 21)

3.6.4 Prevenção e repressão na missão policial militar – aspectos axiológicos


militares e policiais.

A Deontologia Policial-Militar que se pretende atingir não deve restringir-se


apenas à relação profissional-cidadão. Precisa contextualizar, também:
comunidade, Estado e a Pátria, a fim de que se mantenha o real sentido da Ética
Profissional.
Em todas estas instâncias, necessita-se pautar as ações em critérios éticos
explícitos, garantindo o estímulo da ética da qualidade de vida, da disciplina
elevada, do respeito aos direitos humanos, à cidadania e à concepção
contemporânea e atual da democracia.
Nesta maneira de ser, a honradez e a integridade, embora importantes, não
devem se constituir em virtudes excepcionais ou valores transcendentais, mas em
características indispensáveis ou, valores lógicos ao desenvolvimento das
obrigações policiais militares.

O real objetivo da Deontologia Policial-Militar é mostrar o verdadeiro sentido


de sua profissão, sob o ponto de vista de uma postura ética. Essa postura ética
não visa apenas condenar os desvios morais, mas, antes evitá-los. Objetiva
construir organizações em que as tentações à indisciplina, aos abusos, aos vícios
e às desconsiderações com o outro sejam menores. Recomenda-se, em certos
casos, que se apliquem severas punições. O objetivo é dar exemplo, ao
contrário de demonstrar autoridade ou instrumentar a prepotência diante
dos subordinados. Apesar disso, não corrige a indisciplina com a
condescendência e a cumplicidade. Estas, associadas à permissividade, têm a
capacidade de produzir um profissional viciado e despreparado, passando pela
violência e a truculência cujo final já é conhecido.

REFERÊNCIAS

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