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FARINHAS

FARINHAS: DE TRIGO,
DE OUTROS CEREAIS E
DE OUTRAS ORIGENS

A farinha é o ingrediente
principal e fundamental para o pão, sem ela
não é possível produzir-se pães. A qualidade, leveza,
aspecto e sabor do pão irão depender fundamentalmente
do tipo de farinha a ser utilizado.Também vai depender dela
o valor nutricional do produto. A farinha mais comumente
empregada é a de trigo branca. A farinha de trigo possui
um sabor agradável e contém uma grande quantidade de
uma proteína elástica chamada glúten que, devido a suas
propriedades de elasticidade, consegue aprisionar o gás formado
na massa do pão durante a fermentação. O glúten auxilia na
ADITIVOS & INGREDIENTES

produção uniforme de pães brancos, que crescem adequadamente.


Outras farinhas utilizadas são feitas de cevada,centeio,milho,arroz,aveia,
soja ou batatas. Estas farinhas, particularmente a de soja, podem igualar-
se nutricionalmente a farinha de trigo, mas nenhuma consegue igualá-la na
produção de pães fofos e de textura uniforme. Farinhas de trigo duro produzem
um pão mais leve do que as de trigo mole, por serem mais ricas em glúten. Pães de
centeio e trigo integral são suavizados com a adição de farinha de trigo branca.
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FARINHAS

Introdução ponentes e reduzir o endosperma que ela seja uma adição comum em
para partículas pequenas, a chama­ artigos como snacks  e torradas.
Arqueólogos descobriram na Ásia
da farinha. Denomina-se integral se A farinha de milho ou farinha
utensílios de pedra que eram usados
na sua elaboração o grão inteiro for grossa de milho é usada na produção
para moer grão há mais de 75.000
moído: a parte interna (endosper­ de pães de milho crocantes e broas.
anos atrás. Desenhos egípcios de
ma), as cascas (farelo) e o germe. O milho não tem nenhum glúten,
milhares de anos descrevem ope­
Será refinada caso sejam retiradas mas tem um sabor característico e
rações combinadas de  moagem e
as cascas dos grãos. O endosperma uma cor amarela agradável que são
assado de pão que usavam métodos
produtor de farinha normalmente desejáveis em muitos produtos. A
de produção em massa.
perfaz aproximadamente 75% a 80% farinha de milho é extensamente
Por muitos séculos, a moagem
do peso do núcleo. A porção de fa­ utilizada no México, sendo um dos
do grão era uma tediosa operação
relo é vendida como ração animal. principais artigos da alimentação
manual. Moinhos rotativos, chama­
A quantidade de germe em cereais popular.
dos de pedras de moinhos, foram
varia de menos de 2% no trigo para A farinha de aveia e os flocos de
desenvolvidos no século 7 a.C., e
mais que 10% no milho. aveia são principalmente usados em
pela primeira vez puderam ser usa­
A farinha produzida é o in­ cereais matinais e produtos tipo
dos animais para produzir a energia
grediente básico em centenas de granola. A farinha de aveia é a mais
necessária. Inovações trouxeram
produtos alimentícios, como pães, nutricionalmente completa de todas
a força dos ventos e da água aos
biscoitos, bolachas, bolos, cereais de as farinhas.
moinhos, que aumentaram muito
café da manhã, pudins, comidas de Pode encontrar-se farinha de
a quantia de grão que poderia ser
bebê, sopas, macarrões, e snacks. cevada em comidas de bebê e leites
processada por um único moinho.
Como já mencionado, podem exis­ maltados. Em alguns países, grandes
Um moinho movido a água, com
tir farinhas de diferente ­cereais. quantidades de farinha de cevada
engrenagens e outras característi­
A farinha de trigo é consumida são usadas para a fabricação de pão.
cas avançadas, foi restaurado  em
em quantidades muito maiores que O arroz foi por muito tempo o prin­
­Pompéia, na Itália.
qualquer outra farinha de cereal. cipal alimento da Ásia. Normalmen­
O primeiro processo industrial
Isto se deve ao fato do trigo poder te, é consumido como grão inteiro,
automático foi um moinho de fa­
ser cultivado sob condições climá­ assim moinhos de arroz ou removem
rinha patenteado por Oliver Evans,
ticas amplamente variáveis e por apenas a casca para produzir arroz
nos Estados Unidos, em 1785. Pe­
sua aceitação ser quase universal integral ou a casca e o farelo para
dras de moinho ainda são usadas
como um artigo de alimentação a produção de arroz branco. Uma
em várias partes do mundo, mas nos
básico. A farinha de trigo contém pequena porcentagem de arroz é
últimos 100 anos elas foram ampla­
uma proteína sem igual chamada convertida em farinha e utilizada em
mente suplantadas pelos moinhos
glúten. Quando a farinha de trigo comidas de bebê e para molhos.
de rolos de aço.
é misturada com água, o glúten
forma uma massa elástica. Quando Farinha de trigo
A farinha a massa é assada em forno quente, O trigo é o cereal mais colhido
A farinha é um pó desidratado se expande em várias vezes seu volu­ no mundo; cresce na maior parte
rico em amido, utilizado na alimen­ me original. Farinhas feitas de trigo das regiões, com exceção das re­
tação. É obtida, geralmente, de suave, que contêm menos que 12% giões árticas. Para se ter uma idéia,
cereais moídos, como o trigo, ou de proteína de glúten, são utilizadas 33% de todos os cereais semeados
de outras partes vegetais ricas em para fazer produtos macios, como são trigo, 26% são milho e arroz e
amido, como a raiz da mandioca. bolos e bolachas. Farinhas de trigo aproximadamente 13% é cevada. De
Os cereais como trigo, milho, duro, que contêm mais de 12% de  todos os cereais cultivados, a farinha
aveia, arroz, cevada,  sorgo e centeio proteínas, são usadas para a fabrica­ derivada do trigo não tem similar;
são melhor utilizados para consumo ção de pão. O moinho pode produzir sua proteína forma uma massa
humano quando preparados na for­ uma grande variedade de tipos de borrachuda pegajosa quando hidra­
ma de farinha. Cereais são sementes farinha de trigo, de acordo com as tada e misturada, conhecida como
ADITIVOS & INGREDIENTES

que se reproduzem quando plan­ especificações do padeiro. glúten. Além do trigo, o único outro
tadas. A semente consiste em três A farinha de centeio contém uma tipo de farinha onde isso acontece, e
partes: o embrião ou germe; a fonte quantia pequena de proteína de glú­ não com a mesma extensão, é o cen­
de alimento para o crescimento ten e pode ser usada para produzir teio. O glúten permite a retenção
inicial da planta jovem chamada en­ pães escuros. Ela é freqüentemente de bolhas de gás durante o processo
dosperma; e uma coberta protetora misturada com farinha de trigo para de assar da massa, proporcionando
que origina o farelo. produzir pães de centeio claros com textura e produzindo produtos ali­
A moagem da farinha é o proces­ uma melhor textura. O sabor espe­ mentícios agradáveis ao paladar.
so de separar, ou não, estes três com­ cial da farinha de centeio faz com A farinha de trigo é um compo­

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FARINHAS

nente importante de muitos alimen­ a partir do cereal limpo, des­ importantes, como a força da massa,
tos. A indústria de trigo e moagem germinado, com teor de cinzas a tolerância à mistura e as caracte­
de farinha se desenvolveu mais entre 0,56% e 1,35% na base rísticas de absorção de líquido (veja
rapidamente na Inglaterra do que seca. 98% do produto deverá Figuras 1 e 2).
em qualquer outro lugar do mun­ passar através de peneira com
do. Antes da invenção do ­moinho abertura de malha de 250μm
As farinhas de trigo de uso indus­
Composição da
de farinha, o trigo era moído entre
pedras, o que tornava difícil separar trial dividem-se em: farinha de trigo
o farelo de trigo, deixando a fari­ • Farinha de trigo integral: obtida A farinha é composta basica­
nha escura e grossa em qualidade. a partir do cereal limpo e com mente por cinco componentes
O primeiro moinho de farinha foi teor máximo de cinzas de 2,5% primários: água, amido, minerais,
construído nos anos de 1840, em na base seca, devendo obedecer gordura e proteína. Durante sua for­
Budapeste. Na Inglaterra, o primei­ aos requisitos específicos para mação e proces­samento, a planta do
ro moinho foi construído por Henry cada segmento de aplicação. trigo absorve uma percentagem de
Simon, em 1875. Com a introdução • Farinha de trigo obtida a partir água, podendo ser maior em casos
dos moinhos, foi possível separar o do cereal limpo, desgerminado de plantações em regiões úmidas,
farelo do endosperma, resultando e com teor máximo de cinzas sujeitas a mais chu­va, ou até mesmo
em uma farinha muito mais branca. de 1,35% na base seca, deven­ à beira de reservatórios de água,
O germe, que é o embrião do trigo, do obedecer aos requisitos por exemplo. O amido perfaz quase
é rico em óleo; sua moagem libera específicos para cada segmento 75% da farinha. Os minerais, quase
enzimas que quebram a gordura, de aplicação. 98% do produto em sua totalidade, são extraídos
responsável por torná-lo rançoso. O deverá passar através de penei­ do grão durante o processamento,
uso do moinho facultou uma ­melhor ra com abertura de malha de restando em torno apenas de 2% no
separação do germe, evitando as­ 250mn. volume total. O conteúdo de gordu­
sim o processo de rançosidade, e a A farinha de trigo deve apresen­ ra é pequeno e também sofre perdas
farinha passou a apresentar maior tar cor branca, com tons leves de durante o processamento do grão;
vida útil. amarelo, marrom ou cinza, confor­ há maior concentração nas fari­nhas
A legislação brasileira define me o trigo de origem, ter cheiro integrais.
como farinha de trigo o produto e sabor próprios. A qualidade da Ainda na composição da farinha
obtido a partir da espécie Triticum farinha pode ser atestada indireta­ há que observar a presença de uma
sativum, ou de outras espécies do mente por instrumen­tos, como o cadeia de enzimas chamada diásta­
gênero Triticum (exceto Triticum farinográfo, que mede a resistência se, que quebra algum amido em açú­
durum), através do processo de da mistura de água/farinha durante car, e este pode ativar o fermento.
moa­gem do grão de trigo benefi­ a ação mecânica. Essa resistência O amido ajuda na produção de gás
ciado. A farinha obtida poderá ser é gravada com uma curva gráfica, por meio do fornecimento de açúcar
acrescida a outros componentes, de que oferece ao moinho informações para o fermento. O amido ajuda
acordo com a norma legal vigente.
No caso das farinhas aditivadas,
deverá fazer do nome expressões
tais como: “Farinha de Trigo com
fermento” e “Farinha de trigo com
aditivo”. O produto é designado de
Farinha de Trigo, seguida de sua
classificação:
• Farinha de trigo integral: obtida
a partir do cereal limpo e com
teor máximo de cinzas de 2,0%
na base seca;
ADITIVOS & INGREDIENTES

• Farinha de trigo especial ou


de primeira: obtida a partir do
cereal limpo, desgerminado,
com teor máximo de cinzas
de 0,65% na base seca; 98% do
produto deverá passar através
de peneira com abertura de
malha de 250μm.
• Farinha de trigo comum: obtida

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FARINHAS

farinha de trigo especial para pães


é levemente mais granulosa e cai
quando pressionada entre os dedos,
não se mantendo compactada por
muito tempo. A farinha comum
apresenta-se mais macia e fina ao
toque e, se pressionada entre os de­
dos, tende a se manter compacta­da
por tempo mais longo. Assim, para
se ter um parâmetro, a farinha que
se mantiver compactada tem me­
nos teor de proteína, é mais fina e
clara em coloração (amido) e mais
adequada à produção de confeita­ria
ou de pães rápidos, em que pouca
formação de glúten é desejada.
tam­bém na formação da estrutura estruturada. Farinha para produtos Na verdade, não só os grãos de
da massa, que ocorre quando suas de confeitaria tem cerca de 7,5% trigo são indicadores da qualidade
partícu­las entram em contato com de proteína. O baixo conteúdo de da farinha. O tipo de processamen­
a água da fórmula. Esse amido vai se glúten é ideal para a pâtisserie, pois to a que é submetido o grão no
gelatinizar durante a cocção, o que resulta em produtos macios, de tex­ ­moinho terá efeito na performan­
faz o glúten se firmar. A quantidade tura mais leve. ce da farinha, no seu sabor e em
de enzimas (amilases) contida na As chamadas farinhas domés­ suas características nutricionais.
farinha determina a proporção em ticas misturam grãos das duas Por exemplo, quando a farinha
que o amido é convertido em açúcar espécies (dura e fraca) durante a é processada com o emprego de
e transformado em alimento para moagem, para compor um grau de temperaturas altas, existe perda de
o fermento. Assim, quanto maior proteína em torno de 10,5%, que nutrientes, fator muito importante
o conteúdo de amilase, maiores os forma uma farinha para uso médio, se considerarmos que a farinha de
valores de fermenta­ção por açúcar que não compromete ne­nhum tipo trigo branca comum ou especial já
na massa. de produto que será elaborado. perde naturalmente cerca de 90%
Os diferentes tipos de farinha Para elaboração de artigos de de seu conteúdo de fibras ao ser
contêm quantidades variáveis de confeitaria, o ideal é uma farinha refinada; perde ainda quase toda
proteí­nas formadoras de glúten. A fraca, com teor de proteína entre a vitamina E; perde cerca de 50%
quantidade de proteínas é influen­ 75% a 9%, com mais presença de do ácido linoléico (um ácido graxo
ciada prima­riamente por aspectos amido, elabo­rada com grãos mais essencial para a dieta humana);
ambientais, enquanto a qualidade fracos, moles. Essa farinha deve ser a maior parte dos minerais e das
das proteínas é geneticamente de­ submetida a um processo de bran­ vitaminas é reduzida a pouco mais
terminada. Apesar do amido ser o queamento rigoroso, que a torna de 20% do conteúdo original.
componente de maior volume, é a hábil a carregar mais açúcar e gor­ As propriedades da farinha de
proteína que dará a característica dura, bem como líquidos, durante trigo variam não apenas de acordo
principal à farinha: a capaci­dade de a mistura. O pH da farinha pouco com o tipo de trigo, mas também de
formação de glúten. proteinada deve estar em torno de estação para estação. A diferença na
As proteínas solúveis e as proteí­ 5,2%, o que a torna levemente ácida. semeadura é importante, porque va­
nas insolúveis presentes na farinha Esta acidez auxilia no amaciamento riedades de trigo de inverno tendem
são as responsáveis pela habilidade do glúten. a ter grãos mais macios com conteú­
da farinha em juntar-se e formar No processo de refino, o amido é do de proteína inferior do que as
uma estrutura coesa. As proteínas processado em um pó fino, enquanto variedades de trigo primaveril.
insolúveis gliadina e glutelina agem as partículas de proteína permane­ O trigo moído pode ser descrito
ADITIVOS & INGREDIENTES

diretamente nas ca­racterísticas de cem maiores, mais grossas, mais como duro, médio ou macio, baseado
elasticidade (gliadina) e flexibilidade granulosas ao toque. As proteínas na característica física do seu grão.
para segurar carbo­dióxido, formado determinam a quantidade de glúten. Tipos duros tendem a ter conteúdos
durante a fermentação (glutelina). A textura e o tamanho dos grãos de proteína mais altos (10% a 14%);
Uma farinha especial ideal para pães da farinha também desempenham são trigos provavelmente primaveris
e produtos fermentados contém em papel importante no processo de e possuem endospermas vítreos (a
torno de 12% de pro­teína e é utili­ mistura e sova da massa e são ainda parte branca amilácea central da
zada exatamente pela sua grande determinantes da velocida­de com qual a farinha é derivada). Quando
capacidade em produzir uma massa que a massa crescerá. Em geral, a moído, o grão quebra, e os grãos

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FARINHAS

de amido são afetados, resultando Produção da em dois cilindros de aço que giram em
em características de alta absorção direções opostas. Um cilindro gira a
de água (i.e. a quantidade de água farinha de trigo uma velocidade mais lenta que o outro.
necessária para dar uma consistência Em uma moagem típica, o grão é O grão passa por um espaço entre os
padrão à massa). Em contrapartida, limpo em uma série de máquinas para cilindros. O espaço pode ser ajustado
os trigos macios produzem um tipo remover todo o material es­tranho. O para remover mais ou menos material.
mais fofo de farinha, com a parte grão limpo é condicionado pela adi­ Corrugações ou ranhura na superfície
amilácea menos atingida e menor ção de 4% a 8 % de água e deixado em do cilindro permitem o moinho agir
taxa de absorção de água. Os níveis descanso em silos por  12 a 24 horas. como torquesas gigantes, ou tesouras,
de proteína são tipicamente baixos ou O germe, às vezes, é removido neste cortando a camada de farelo de trigo
muito baixos (8% a 11%) e a proteína momento através de máquinas espe­ exterior do endosperma. O endosper­
gera um glúten menos resistente a ciais chamadas desgerminadores. ma também está cortado em pedaços
deformação e mais extensível antes O grão limpo e molhado é  moí­ grosseiros nestes rolos corrugados. O
da quebra; as massas são menos “bor­ do primeiramente em uma série de grão tem que passar por cinco ou mais
rachentas”. O trigo médio apresenta ­moinhos de rolos para remover o destes moinhos antes do farelo de trigo
comportamento intermediário. farelo. Um moinho de rolos consiste ser completamente removido. Se des­
germinadores não são usados, o germe
é separado pelos rolos quebradores.
ESTRUTURA DO GRÃO DE TRIGO Entre cada passagem no moinho de
rolos, o grão moído é peneirado em
O grão de trigo, botanicamente conhecido como cariopse porque a parede da semente um separador. Um separador é uma
é fundida com a parede do ovário, têm tamanho e cor variáveis e um formato oval, com caixa retangular grande que gira em
as extremidades arredondadas. Mede entre 5 e 9mm de comprimento e pesa entre 35 e um círculo horizontal a altas velo­
50mg. Em uma das extremidades, encontra-se o germe, e na outra, cabelos finos. Ao longo cidades. O grão moído é separado
do lado ventral nota-se uma reentrância, conhecida como crease. A presença deste sulco em vários produtos de acordo com o
é um fator que dificulta e particulariza o processo de moagem do trigo, uma vez que um seu tamanho. O material de grande
processo simples de abrasão para a retirada da casca não seria possível. tamanho é enviado ao próximo jogo
O grão se divide praticamente em duas partes: o pericarpo e a semente. A parte para remoção do farelo adicional. O
mais externa é o pericarpo, que recobre toda a semente e é composto por seis camadas material de tamanho intermediário,
(epiderme, hipoderme, remanescentes da parede celular ou células finas, células inter- chamado de semolina, é enviado para
mediárias, células cruzadas e células tubulares). os purificadores. A farinha é o produto
A semente é formada pelo endosperma e o germe, que são recobertos por três ca- mais fino que é removido. O purificador
madas: testa (onde estão os pigmentos que dão cor ao grão), camada hialina e aleurona. é outro separador com um movimento
Do ponto de vista botânico, a aleurona é parte do endosperma, mas no processo de vibratório e grandes quantidades de
moagem ela faz a parte do farelo. Os constituintes químicos não se distribuem unifor- ar passam pela semolina para separar
memente pelo grão. as partículas de farelo mais leves. A
O pericarpo (cerca de 5% do peso do grão) é rico em pentosanas,celulose,cinzas e proteína. semolina purificada passa, então, para
A aleurona (7%) é uma camada rica em cinza (fósforo, fitato), proteína, lipídios, vitaminas o moinho de redução.
(niacina, tiamina, riboflavina) e enzimas. O germe (3%) tem alto conteúdo de proteína, O moinho de redução é se­melhante
lipídios, açucares redutores e cinzas. Necessita ser removido durante a moagem porque ao moinho de rolos de  quebra, mas
seu teor de gordura o torna extremamente exposto à rancidez durante a estocagem tem superfícies lisas nos cilindros.
da farinha. Os moinhos de rolos de redução são
O endosperma (82%) é composto basicamente de amido, mas sua parte mais externa ajustados para reduzir a semolina
(subaleurona) contém mais proteína que a porção interna. granular gradualmente até a farinha
Apenas o endosperma é útil para a fabricação de farinha. Uma das finalidades da branca. Após cada moinho de rolos
moagem, para produção de farinha branca, é separar estes componentes da forma mais de redução, o material moído vai até
completa quanto possível; um separador que remove a farinha
1- CREASE
porém, devido à crease, a sepa- 2- ENDOSPERMA produzida por aquele moinho de rolos
ADITIVOS & INGREDIENTES

ração completa é sumamente 3- FARELO e envia a semolina de grande tamanho


difícil. Outros grãos, como 4- GERME a outro jogo de moinho de rolos de re­
5- ENDOSPERMA
arroz e cevada, não possuem 6- ALEURONA
dução. São necessárias 13 ou mais ope­
essa crease, tornando possível 7- HIALINA
rações de redução e separação antes
o emprego do processo conhe- 8- TESTA
da semolina ser reduzida até farinha.
cido como pearling (descascar 9- CÉLULAS TUBULARES
10- CÉLULAS CRUZADAS Cada uma das farinhas produzidas no
o farelo de trigo); essa técnica 11- HIPODERME
processo de quebra e redução tem
não é usada para o trigo. 12- EPIDERME
13- GERME
uma qualidade sem igual, específica.
O moinho pode misturar estas farinhas

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FARINHAS

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ADITIVOS & INGREDIENTES
FARINHAS

em muitas combinações. Também é o rendimento (taxa de extração) de modo, o conteúdo de cinza pode ser
possível produzir vários tipos de fari­ farinha será de 85%, mas isto nunca usado para definir tipos de farinhas.
nhas misturadas simultaneamente de foi possível. Inclusões minuciosas de No continente europeu, as farinhas
um tipo de cereal. Mais versatilidade partículas de farelo de trigo na fa­ são classificadas em conteúdo de cinza
é ganha moendo grãos com variados rinha branca a tornam mais cinzenta relacionado à taxa de extração (veja
conteú­dos de proteína. e deterioram alguns dos atributos Tabela 2). O método para avaliação
Dependendo da quantidade de da farinha para fabricação de mas­ do conteúdo de cinza foi desenvolvido
grãos moídos a cada dia, cada uma das sa. Por exemplo, o glúten se torna por um dos papas da panificação, o
operações descritas pode exigir diver­ menos elástico e mais “opaco”. Na químico inglês Dr. Douglas William
sas máquinas múltiplas para sua execu­ prática, as farinhas utilizadas para Kent-Jones (1891-1978).
ção. Por isso, o moinho de farinha pode fabricação de biscoito, por exemplo, A classificação baseada no conte­
consistir em mais de 100 moinhos de têm taxas de extração entre 72% e údo de cinza não abrange o desempe­
rolos, separadores e purificadores. O 76%. As farinhas mais brancas têm nho da farinha, o qual é relacionado à
prédio de um moinho é normalmente apenas 70% da taxa de extração. A quantidade e qualidade de seu conte­
construído em vários níveis. Os vários farinha integral tem, por definição, údo protéico. Como os componentes
materiais são erguidos do chão ao topo quase 100% de taxa de extração. de cinza do trigo são derivados dos
por tubos pneumáticos. Depois de minerais da terra, é evidente que o
atingir o topo, os materiais caem por conteúdo mineral total, bem como
Classificação da mais especificamente do farelo de
gravidade por uma série de separado­
res, purificadores e moinhos de rolos, farinha de trigo trigo, dependerá, até certo ponto, do
sendo, então, novamente levantados via A classificação primária da farinha solo e das condições climáticas durante
pneumática. Não é incomum para um se baseia na quantidade de farelo de tri­ o seu crescimento.
moinho ter 30 a 40 elevadores. go presente. O farelo de trigo contém Quando a determinação do conteú­
O farelo de trigo contém aproxi­ mais mineral do que as outras frações, do de cinza natural não é possível, uma
madamente 12% de grão, 85,5% de assim a farinha com alto teor de farelo alternativa consiste na realização de
endosperma e 2,5% de germe. Se a de trigo tem um conteúdo de cinza re­ um teste simples para medir o brilho
extração do endosperma for perfeita, lativamente alto (veja Tabela 1). Desse ou a refletância de uma mistura de
água e farinha, utilizando-se para tanto
TABELA 1 - COMPOSIÇÃO DO ENDOSPERMA, GÉRMEN E FARELO DE TRIGO um graduador de cor. O graduador de
(AMOSTRAS COMERCIAIS) Kent-Jones disponibiliza valores que
Endosperma Gérmen Farelo de trigo
variam de menos 0, para as farinhas
com maior brilho (luminosidade), até
Umidade 14,0 11,7 13,3 aproximadamente 8 ou 9, para as fari­
Proteína 9,6 28,5 14,4 nhas com taxa de extração de 85%. Na
Gordura 1,4 10,4 4,7 Figura 3, a relação aproximada entre
Cinza 0,7 4,5 6,3
conteúdo de cinza e valor de grau de
cor da farinha é mostrado graficamen­
Diferença de carboidrato 74,3 44,9 61,4 te. Valores de grau de 1 até 2,5 são
Goma 72,0 14,0 8,6 típicos para farinhas usadas em pães,
Hemicelulose 1,8 6,8 26,2 e de 2 a 6 para farinhas mais brancas,
Açúcares 1,1 16,2 4,6
usadas em biscoitos.
O valor de cinza é determinado por
Celulose 0,2 7,5 21,4 um teste de combustão que dura várias
Carboidrato total 74,1 44,5 60,8 horas, enquanto que a do grau de cor é
Recuperação da fração 99,8 99,6 99,4 determinado medindo a refletância de
uma massa de água de farinha, e dura
TABELA 2 - CLASSIFICAÇÃO DA FARINHA NO CONTINENTE EUROPEU apenas alguns minutos.
Tipo de
Outro meio de medir a qualidade é
Tipo de farinha % de cinzas em Taxa aproximada utilizando os analisadores de imagens
farinha - União
ADITIVOS & INGREDIENTES

alemã base seca de extração, %


Européia Branscan. O conceito Branscan foi
1 405 abaixo de 0,50 até 55/60 concebido e desenvolvido por cientistas
2 550 0,51 - 0,63 até 65/70
de uma associação inglesa chamada
FMBRA (Flour Milling and Baking
3 812 0,64 - 0,90 até 75/80 Research Association), hoje conheci­
4 1050 0,91 - 1,20 até 80/85 da como Camden and Chorleywood
5 1600 1,21 - 1,80 até 90/95 Research Association, em resposta à
indústria moageira inglesa que tinha a
6 trigo inteiro aprox. 2,0 100
necessidade de medir o grau de pureza

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FARINHAS

da farinha de trigo para relacionar esta Branscan foi desenvolvido para traba­
pureza com o desempenho do produto lhar com instrumentos “on-line” e de
final. A adoção da análise de imagem laboratório, que permitem respectiva­
como o princípio de medida permi­ mente, controle em linha de produção
te o acesso instantâneo e direto da e análises de amostras de farinhas. A
proporção e número de partículas de versão “on-line” pode ser usada como a
farelo de trigo presentes em uma base de melhoria de qualidade e otimi­
farinha branca ou semolina. O ins­ zação de extração de farinha de trigo, é
trumento mede o número e a gama usada através de controle automático
do tamanho de pontos escuros em ou de resposta manual. A versão de
uma amostra de farinha seca. O al­ laboratório permite análises para uma
goritmo empregado no software do larga faixa de amostras experimentais
instrumento possibilita uma estabili­ e de produção.
dade confiável que conduz à uma boa O quadro abaixo apresenta uma
reprodutibilidade de resultados sem a comparação de técnicas para medi­
necessidade de uma forte calibração. ção de cor da farinha.

COMPARAÇÃO DE TÉCNICAS PARA MEDIÇÃO DE COR DE FARINHA


Branscan Grau de cor Valor de cinza
Análise de
Técnica de medição Reflexão clara Combustão
imagem
Farelo de trigo Conteúdo
Entidade detectada Cor opaca
colorido mineral
Relação de pureza Direto Indireta Indireto
Exigência de
Complexidade do teste Simples Envolvido
treinamento
Velocidade do teste Secundário Minutos Horas
ADITIVOS & INGREDIENTES

Não-destrutivo sim Não Não


Estimativa de erro padrão sim Não Não
Detecção visual de pintas sim Não Não
Satisfatório para uso on-line sim Não Não
Contínuo sim Não Não
Automático sim Não Não
Versões de linha on e off sim Não Não

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FARINHAS

As farinhas de desnaturação; do mundo, apenas ultrapassado


• Redução das atividades enzimáti­ pelo milho e trigo. É o cereal que,
de trigo cas até o ponto de inativação; de longe, apresenta o maior núme­
modificadas • Gelatinização parcial do amido; ro de variedades. As diferenças de
Além das mudanças obtidas • Redução da contagem de germes condições climatológicas, natureza
do ponto de vista de conteúdo de e bactérias. dos solos e tipo de cultura levam a
proteína e dureza dos grãos pela comercialização de mais de 1.000
mistura do trigo e mistura de fa­ Houve um aumento no uso de variedades diferentes.
rinhas, existem aditivos e processos farinha tratada termicamente como Para poder ser cultivado com
que podem ser usados no moinho uma alternativa à farinha clorada sucesso, o arroz necessita de água
para modificar a farinha ou para para bolos e em determinados ti­ em abundância para manter a
atender as exigências especificas pos de biscoitos. A farinha tratada temperatura ambiente dentro de
dos clientes. termicamente pode ser chamada de intervalos adequados e, nos sistemas
O tratamento com gás de clo­ “farinha inativada”. O tratamento tradicionais, de mão-de-obra inten­
ro é um processo de modificação pode ser severo, desnaturando toda siva. Desenvolve-se bem em terrenos
aplicado a farinhas de trigo para a proteína ou modificando suave­ muito inclinados e é costume, nos
utilização na produção de bolos mente as propriedades da farinha. países do sudeste asiático, ser culti­
com altas quantidades de açúcar e As farinhas tratadas termicamente vado em socalcos. Em qualquer dos
têm amplo espectro de aplicações, casos, a água mantém-se em cons­
líquidos (bolo high ratio, tipo pão de
tais como em empanados, batter, tante movimento, embora circule a
ló), melhorando consideravelmente
coberturas, sopas, molhos, alimen­ velocidade muito reduzida.
suas propriedades de panificação e
tos para bebê, biscoitos, wafer e Um dos processos utilizados no
características sensoriais. Esse tipo
farinhas para bolo, massas frescas, arroz para manter as suas caracte­
de farinha é extensamente usada
produtos congelados, “ligantes” rísticas originais por mais tempo é a
nos Estados Unidos, onde a técnica
(por exemplo, para embutidos e bar­ parboilização, processo hidrotérmi­
é aplicada para controlar o fator de
ras de cereais), “veículo” para pré- co no qual o arroz em casca é imerso
expansão da farinha para massas
mixes, comprimidos, etc., reposição em água potável a uma temperatura
pequenas. A farinha tratada com
parcial do amido para indústrias acima de 58ºC, seguidos de gelati­
gás de cloro tem a proteína des­
alimentícias e não alimentícias, nização parcial ou total do amido e
naturada e o amido modificado. O
farinhas combinadas para receitas secagem. Isso significa que o arroz,
uso de cloro aumenta efetivamente
especiais e misturas prontas, etc. durante o processo de parboilização,
as características de absorção de
São, de fato, as farinhas mais utili­ sofre um pré-cozimento em que os
água e reduz a expansão da massa
zadas nos processos industriais de nutrientes da casca são passados
durante o processo de assar. Porém,
produção de alimentos. integralmente para o grão. O arroz
em vários países, o uso do gás cloro
Além do tratamento muito espe­
para o tratamento da farinha não é parboilizado é naturalmente mais
cial com gás de cloro para produção
considerado seguro; a farinha clo­ nutritivo, pois nenhum composto
de farinha para bolos e do tratamen­
rada não é permitida em países da químico é adicionado ao proces­
to térmico, ainda existe a opção de
Comunidade Européia. so. Seu sabor característico e seu
incorporar outros aditivos, princi­
Outras formas de modificação tom amarelado são decorrentes da
palmente vitaminas e minerais, por
têm sido testadas para a substi­ mudança da estrutura do amido e
razões nutricionais.   Nos Estados
tuição da cloração, sendo que o fixação dos nutrientes, o que indica
Unidos, por exemplo, as farinhas
processo mais avaliado tem sido o que o arroz parboilizado tem preser­
de trigo e milho, e o macarrão são
tratamento térmico da farinha de vadas suas propriedades nutritivas
enriquecidos com vitaminas B1 e
trigo. naturais.
B2, niacina  e ferro. Vitamina D e
O tratamento térmico de farinha O arroz é um alimento energé­
cálcio são adicionados nas farinhas
é um processo economicamente tico particularmente digeste, rico
para uso em áreas onde a farinha é
eficiente, projetado para a modi­ em carboidratos (cerca de 78%), em
uma fonte nutricional primária.
ficação seletiva das propriedades proteínas (7%) e pobre em gordura
ADITIVOS & INGREDIENTES

qualitativas da farinha de trigo (ou (0,4 a 0,8%). As proteínas do arroz


outras). Através da aplicação do Farinha de arroz se caracterizam pelo teor em ami­
processo de tratamento térmico é A cada ano, mais de 500 milhões noácidos essenciais extremamente
possível modificar as propriedades de toneladas de arroz são cultivadas variado. O perfil do teor em aminoá­
físicas e reológicas de uma farinha, em todos os continentes. É uma cidos é bastante próximo ao do leite
bem como as bacteriológicas, com planta da família das gramíneas materno. O teor em lisina é bastante
os seguintes objetivos:  que alimenta mais da metade da reduzido (4,95%), situando-se entre
• Encurtamento do glúten em fa­ população humana do mundo. É a o trigo (3,1%) e a soja (7,8%).
rinhas de panificação até o ponto terceira maior cultura cerealífera A farinha de arroz é fina e sedosa;

50
FARINHAS

contém entre 6% e 7% de proteína, tes, massas, pães e demais receitas;


mas não forma glúten. A farinha de trabalhos científicos têm mostrado
arroz é conhecida por sua fácil e bons resultados de sua aplicação,
rápida digestão no organismo, mui­ sobretudo, para biscoitos, bolos,
to superior a do amido de milho, o sopas e snacks.
que a torna especialmente indicada Do ponto de vista nutricional,
para alimentos infantis, de idosos e uma das principais vantagens no
pessoas com necessidades especiais consumo da farinha de arroz é a
de alimentação. ausência de glúten, presente nos
O arroz, e também sua farinha, demais cereais, como trigo, aveia
por sua elevada capacidade de e centeio. O glúten, além de ser
retenção de água no intestino e intolerado por pessoas portadoras
fácil assimilação, é um tradicional da doença celíaca, ultimamente vem
auxiliar no tratamento de casos de sendo associado a sintomas como
desidratação. desconforto pós-prandial, inchaço
A farinha de arroz, quando usa­ abdominal, gases e prisão de ventre,
da para substituir a gordura dos resultando na contra-indicação de
alimentos, ajuda indiretamente no seu consumo excessivo por parte de
controle da dieta e, conseqüente­ nutricionistas e especialistas em nu­
mente, na prevenção de problemas trição funcional. Outro ponto positi­
cardíacos. vo é a menor velocidade com que os
Durante o tratamento do Mal de carboidratos são metabolizados até
Parkinson, o consumo de carboidra­ se tornarem glicose circulante na
tos e gorduras de arroz ou de cereais corrente sangüínea (índice glicêmi­
isentos de glúten auxilia no trans­ co), em comparação aos derivados
porte da L-dopa (um medicamento de farinha de trigo.
similar à dopamina), do interior do Segundo os nutricionistas, a úni­
duodeno para a circulação sangüí­ ca desvantagem da farinha de arroz
nea. A dopamina é uma substância é que, justamente por não conter
neurotransmissora cerebral que glúten, não confere a elasticidade
regula tremores, rigidez e lentidão desejável às massas e oferece pro­
de movimentos, característicos da blemas na fermentação biológica de
doença. Como os movimentos invo­ pães. Porém, essa desvantagem vem
luntários provocados pela doença sendo suprimida com pesquisas,
aumentam o consumo de calorias, é como é o caso do macarrão, onde
importante que a energia fornecida já se consegue massas de excelente
pelos alimentos seja adequada, a fim qualidade, e para biscoitos e bolos,
de evitar o emagrecimento e man­ que podem ser feitos com fermento
ter o organismo funcionando bem. químico, evitando esse problema.
Segundo estudos feitos a partir de
1980, o amido é absorvido no intes­ PROCESSAMENTO
tino delgado, mas uma percentagem INDUSTRIAL DA
de 0% a 10% pode penetrar no cólon
e ser fermentada, gerando o butira­ FARINHA DE ARROZ
to, uma substância que atua como A farinha de arroz é obtida pela
fornecedor de energia para as célu­ moagem do cereal, seguida pela
las da mucosa, o que pode ajudar na classificação granulométrica e
prevenção do câncer de cólon. embalagem. Uma operação opcio­
ADITIVOS & INGREDIENTES

Apesar de todos os benefícios nal no caso do arroz polido, mas


sócio-econômicos e nutricionais obrigatória para o arroz integral
que pode proporcionar, a farinha como matéria-prima, é o tratamento
de arroz está inserida no mercado térmico para inativação enzimática,
em quantidades modestas. A maior que tem por finalidade assegurar
parte do produto é destinada às um tempo de prateleira maior para
indústrias processadoras de alimen­ a farinha.
tos para a fabricação de alimentos Geralmente, a matéria-prima
infantis, barras de cereais, chocola­ utilizada é o arroz polido, podendo

51
FARINHAS

ser aproveitados os grãos partidos. te para a África, onde constitui, seleção da matéria-prima adequada,
Quando usado o arroz parboilizado, em muitos casos, a base da dieta a higiene e os cuidados durante
este sai completamente esterilizado ­alimentar. todo o processo de fabricação são
do processo, devido ao tratamento Existem diversas variedades da fatores fundamentais para garantir
com água e calor, que termina planta, que se dividem em man­ um produto de qualidade.
com a carga microbiológica. Outra dioca-doce e mandioca-brava (ou O rendimento médio é de 25% a
vantagem é que a farinha de arroz mandioca-amarga), de acordo com 30%, dependendo da variedade da
parboilizado, misturada à de trigo, a presença de ácido cianídrico (que mandioca e da eficiência dos equi­
permite a obtenção de produtos fri­ é venenoso se não for destruído pamentos utilizados.
tos classificáveis como light, devido pelo calor do cozimento ou do sol). O fluxo de processamento para
à diminuição da gordura absorvida Algumas regiões usam o nome fabricação da farinha de mandioca
e do valor calórico total. ­aipim ou macaxeira para designar obedece as seguintes etapas:
Caso a matéria-prima seja arroz a mandioca-doce. As variações não Colheita. A mandioca pode
orgânico, deve-se ter atenção à ras­ se restringem apenas a quantidade ser colhida com l ou 2 ciclos. O
treabilidade, com o intuito de evitar de ácido cianídrico. Variam também pedúnculo, ou pequenos caules
fraudes. O processo produtivo deve as cores das partes de folhas, caules remanescentes, devem ser elimina­
ser desenvolvido completamente e raíz, bem como sua forma. dos, pois sua presença dificulta o
separado de outras matérias-primas, No Brasil, a raiz tuberosa da descascamento e aumenta o teor de
permitindo a apresentação da fa­ mandioca é consumida na forma de fibra no material. O processamento
rinha como “isenta de glúten”. farinhas, da qual se faz a farinha de deve acontecer logo após a colheita
Tendo em conta que a carga mi­ mandioca e tapioca ou, em pedaços ou no prazo máximo de 36 horas,
crobiológica de um alimento está cozidos ou fritos. Está presente para evitar perdas e escurecimento,
diretamente relacionada à superfí­ também no preparo de receitas tí­ resultando em produto de qualidade
cie específica, toda a produção de picas da Amazônia como o tacacá, inferior, pois logo após a colheita,
farinha exige cuidados adicionais. o ­molho tucupí, e com suas folhas inicia-se o processo de fermentação
Assim, o controle geral da higiene cozidas prepara-se a maniçoba. das raízes. Devem ser evitados atri­
deve fazer parte da concepção do Da mandioca também se faz tos e esfolamentos das raízes, o que
projeto, não dispensando o controle outra farinha, o polvilho (fécula de provocaria o início da fermentação,
de matérias-primas, produtos inter­ mandioca), doce ou azedo, que serve também resultando em produto de
mediários e produtos finais. para a preparação de diversas comi­ qualidade inferior.
A possibilidade do uso da farinha das típicas, como o pão de queijo. Recepção e pesagem. O proces­
de arroz na produção de pães, ou de Apesar de freqüente em países da samento se inicia com a recepção
qualquer outro produto, aumenta o África e da Ásia, para onde foram e pesagem das cargas de raízes de
valor agregado desta matéria-prima levadas pelos colonizadores ibéri­ mandioca. Após a identificação dos
considerada subproduto do benefi­ cos, o hábito de utilizar as folhas da caminhões, os mesmos seguem
ciamento, uma vez que, na prática, planta para alimentação, no Brasil, para as rampas de descarga, ge­
a farinha de arroz é obtida a partir só ocorre na região Norte. ralmente de concreto, que condu­
dos grãos quebrados, os quais têm Na África, é comum consumir- zem a um depósito recebedor que
pouca utilização industrial. se, além da raiz, também as folhas destinará o produto ao segmento
jovens em forma de esparregado. industrial para produção de de­
Em Moçambique, estas são piladas rivados amiláceos ou farináceos.
Farinha de Lavagem e descascamento. Do
(moídas no pilão), juntamente com
mandioca alho e a própria farinha seca da depósito, as raízes de mandioca são
A mandioca, aipim ou macaxeira, raiz e depois cozida normalmente conduzidas aos lavadores através de
de nome científico Manihot escu- com um marisco (caranguejo ou roscas sem fim ou correias trans­
lenta, é um arbusto que teria tido camarão); esta comida, chamada de portadoras. Equipamentos especial­
sua origem mais remota no Oeste “matapa”, é uma das mais populares mente projetados possibilitam a la­
do Brasil e que, antes da chegada da culinária moçambicana. vagem e o descascamento das raízes
ADITIVOS & INGREDIENTES

dos europeus à América, já estaria A farinha constitui um dos prin­ simultaneamente. Sob esguichos de
disseminado como cultivo alimentar cipais produtos da mandioca. É um água, as pás raspadoras arrastam as
até à Mesoamérica (Guatemala, alimento rico em carboidratos e raízes pela extensão do lavador, em
México). fibras e, quando integral, contém velocidade regulável, efetuando o
A mandioca foi cultivada por proteína, cálcio, fósforo, sódio e descascamento através da raspagem
várias nações indígenas da América potássio. sobre grade. No processo, é retirado
Latina que consumiam suas raízes, A tecnologia de fabricação da somente o tênue, que constitui a
tendo sido exportada para outros farinha é simples, mas exige alguns pele (casca marrom), evitando per­
pontos do mundo, principalmen­ cuidados no seu desenvolvimento. A das de teor de amido. Compreende

52
FARINHAS

53
ADITIVOS & INGREDIENTES
FARINHAS

também a etapa de classificação e do e seco por uma corrente de ar mais antigos do uso doméstico do
inspeção, através de esteiras, que quente. A separação do ar e amido centeio foram encontrados em Tel
alimentam os trituradores e catador é feita em ciclones. O ar quente Abu Hureyra, no Norte da Síria, no
de pedras. atinge 150°C e apresenta, na saída vale do Eufrates, datado do fim do
Trituração. Os trituradores tem da tubulação, um produto final com Epipaleolítico.
função de padronizar o tamanho das umidade entre 12% a 13%, em forma O centeio é pouco exigente em
raízes em 2 a 3cm. de pó e com temperatura média de disponibilidade hídrica durante o
Desintegração. É feita através do 58°C, seguindo para um silo que irá desenvolvimento e altamente sensí­
contato entre as raízes trituradas e resfriá-lo, estocá-lo temporariamen­ vel a excesso de chuva, justificando
um cilindro rotativo, com lâminas te e conduzi-lo posteriormente para assim as maiores áreas de cultivo
dentadas na superfície que ralam a o ensacamento. em regiões de solos arenosos e com
mandioca, causando rompimento Ensacamento. O amido final­ déficit hídrico, como na Polônia e na
celular e conseqüente liberação do mente é transportado por alimen­ Argentina. A água é requerida com
amido. O material ralado (massa) é tadores helicoidais a uma ensaca­ maior intensidade durante as fases
bombeado para as peneiras cônicas deira automática. O ensacamento de florescimento e de enchimento
rotativas, constituindo-se numa é efetua­do sem contato manual, em de grãos.
mistura mandioca-água. sacos de papel Kraft multifolhado de A colheita e trilha devem ser rea­
Extração. Tem como finalidade 10, 25 e 50 kg. lizadas quando os grãos apresenta­
separar o amido das fibras da man­ rem umidade em torno de 20%, logo
dioca. A extração é feita em peneiras É possível adicionar até 20% de após a maturação plena, para evitar
cônicas rotativas, onde a água entra fécula de mandioca no preparo do perdas por debulha natural, que
em contracorrente para melhor se­ pão francês e de até 25% na massa de podem ocasionar prejuízos consi­
parar o amido. Este líquido que vem pães para hambúrguer e cachorro- deráveis. Recomenda-se armazenar
da extração segue para a purificação. quente. Teoricamente, o amido de centeio com umidade inferior a 13%
A polpa resultante é canalizada para mandioca (fécula) é parecido com o no grão. Durante a armazenagem,
a rede de tratamento de efluentes da do trigo, com pequenas alterações, os grãos devem ser ventilados para
fábrica, ou opcionalmente poderá como o fato de este último possuir controlar a temperatura, prevenin­
seguir processo de secagem para glúten, responsável pela retenção do danos decorrentes de possíveis
mudanças de temperatura e de umi­
fabricação de rações. de gases durante a fermentação da
dade do ambiente externo. Como
Purificação. O “leite” de amido massa, o que provoca o crescimento.
em outros cereais, deve-se efetuar o
obtido após a extração é purificado Nos percentuais acima mencionados
monitoramento freqüente da massa
com a adição de água e centrifugado não ocorre mudança de sabor signi­
de grãos para constatar eventual
para a retirada dos amidos solúveis ficativa; os pães fabricados com
presença de insetos e de outras pra­
e partículas estranhas. parte de mandioca dobram o tempo
gas comuns em grãos armazenados
Peneiração. Processo usado para de armazenamento em prateleira
e efetuar o devido controle.
eliminar a polpa fina, servindo como de três para seis horas, em relação
A farinha de centeio é usada
melhorador na qualidade do produ­ à produção com 100% de farinha
na fabricação de pães e biscoitos,
to. São usadas peneiras vibratórias de trigo.
diretamente ou em pré-misturas.
(planas) com tela de náilon com
É indicada para diabéticos, hiper­
malha de 220 Mesh. Farinha de tensos e pessoas preocupadas em
Concentração. Tem como finali­
centeio manter a forma física e para dietas
dade concentrar o amido até 20-22 alimentares. A adição de pequenas
graus Baumé (ºBé). O centeio (Secale cereale) é uma
quantidades de farinha de centeio
Desidratação. O amido con­ gramínea cultivada em grande esca­
em produtos produzidos com fa­
centrado é bombeado do tanque la para colheita de grãos e forragem.
rinha de trigo auxilia a absorção de
especial para um desidratador a Tem parentesco com o trigo e a ce­ água, promove o volume e prolonga
vácuo, conhecido por filtro a vácuo vada. O grão de centeio é utilizado a vida de prateleira. Por conter glú­
que, na prática, trata-se de uma tela para fazer farinha, ração, cerveja, ten, alimentos produzidos com esse
ADITIVOS & INGREDIENTES

cilíndrica, perfurada e coberta por alguns tipos de whisky e vodkas. cereal não devem ser usados por
tecidos, removível a cada oito horas O centeio é plantado, sozinho ou celíacos (pessoas com intolerância
em média. O desidratador leva o misturado, para forragem do gado ao glúten). A porcentagem de car­
amido a uma umidade de 45%, para ou para ser colhido como feno. É boidratos, proteínas, lipídeos, fibras
que seja posteriormente seco. muito tolerante com a acidez do e cinzas dos grãos de centeio não
Secagem. O amido desidratado terreno e mais ambientado a con­ difere muito da de outros cereais de
a vácuo segue para uma válvula ro­ dições de seca e frio do que o trigo, inverno. Entretanto, trata-se de um
tativa que o dosa para um secador embora não seja tão tolerante com cereal de alto valor dietético, rico em
pneumático. O produto é conduzi­ o frio quanto a cevada. Os indícios fibras, sais minerais e aminoácidos

54
FARINHAS

essenciais, pobre em calorias e que nozes. O amaranto também é rico


se diferencia dos demais, por conter em fibras e pode ser utilizado como
maior concentração de pentosanas fonte de zinco, fósforo e cálcio,
(hemiceluloses ou glicoprotídeos), elemento pouco encontrado em ve­
as quais, além de conferirem alta getais. Experiências realizadas com
viscosidade e serem responsáveis coelhos de laboratório na FSP, que
pela estrutura de pães de centeio, tiveram seu colesterol aumentado
dificultam ou retardam a digestão, por uma dieta, demonstraram a
atrasando a absorção de nutrientes capacidade do amaranto em reduzir
e reduzindo a conversão alimentar. os níveis plasmáticos de colesterol.
Os grãos podem também ser usados O amaranto é um arbusto que pode
na mistura de cereais matinais e em atingir até 2 metros de altura, com
outros produtos dietéticos. folhas grandes e panículas (tufos
Os grãos de centeio possuem semelhantes às espigas) que concen­
valor energético semelhante ao de tram as sementes. Para a produção
outros cereais de inverno e valor de farinha, é necessário extrair das
nutritivo em torno de 85% a 90% sementes o óleo, que tem altos
do de grãos de milho e contêm mais níveis de ácidos graxos insaturados
proteína e nutrientes digeríveis do e também poderia ser usado na
que os encontrados em aveia ou em alimentação.
cevada. A farinha pode ser utilizada na
fabricação de massas. Por causa de
seu sabor acentuado e sua habili­
Outras farinhas dade em reter a umidade, deve ser
Todos os grãos inteiros podem usada como farinha secundária em
ser moídos para fazer farinha, po­ elaborações de biscoitos, panque­
rém não são intercambiáveis com a cas e wafer. Não deve ser utilizada
farinha de trigo. Cada grão tem sua em receitas que peçam fermento
própria personalidade. Apresentam biológico.
texturas diferentes, paladares dife­ Por conter fibra e ferro é bastan­
rentes, pro­priedades físico-químicas te utilizada em barras de granola e
diferentes quando introduzidos em produ­tos energéticos.
uma mas­sa. O trigo é certamente o Quando aquecida, torna-se ge­
mais versátil e o mais utilizado por latinosa e viscosa em virtude do
conter glúten. elevado teor de amido presente no
Assim, farinhas extraídas de grão. Por isso, é utilizada também
outros cereais que não o trigo tam­ como espessante em geléias em
bém são utilizadas na panificação. substituição à pectina, e em con­
Contêm algumas proteínas, mas servas que assim dispensam adição
não as essenciais para a formação maior de açúcar.
do glúten (gliadina e a glutelina). A farinha de amaranto não con­
Por essa razão, na maioria das tém glúten.
vezes que aparecem em receitas,
devem ser incrementadas por certa Farinha de cevada. Quinto cereal
quantidade de farinha de trigo, o mais importante do mundo, a ceva­
que impede que o produto se torne da foi, provavelmente, o primeiro
muito denso. a ser cultivado no Oriente Médio e
na Europa. Na Antigüidade, ocupou
Amaranto (glúten free, mas durante um longo período o posto
ADITIVOS & INGREDIENTES

com glicogênio). O amaranto de grão mais consumido, mas hoje é


possui grande potencial nutritivo. utilizado principalmente como ração
A semente possui cerca de 15% de para animais e como matéria-prima
proteínas, que tem uma qualidade para o malte usado na produção de
biológica comparável à do leite e cerveja. Em Roma, foi perdendo
superior a de outros vegetais, como popularidade nos séculos anteriores
a soja e o feijão. As sementes são à Era Cristã, possivelmente, devido
pequenas e pálidas, se assemelham ao aperfeiçoamento das técnicas de
à lentilha, com sabor adocicado e de fabricação de pão.

55
FARINHAS

Por conter muito menos glúten (67%), fibra (3,3%), vitaminas utilizado na preparação de bolos
que o trigo, a cevada dá origem a do grupo B e minerais. Seu valor e polentas. O fubá propriamente
um pão denso, de textura áspera e energético fica em torno de 390 dito tem espessura média. A sêmo­
cor escura. Acelera o crescimento calorias em cada 100g, o mesmo la ou semolina é uma farinha de
das células de fermento. Quando valor da farinha de trigo comum milho mais grossa, indicada para a
adicionado ao pão, oferece um e da maisena. preparação de broas. O fubá é usa­
efeito levemente adocicado. Para Pode ser usada para preparar do para engrossar sopas, molhos e
ser usado na elaboração de pães pratos como faina, típico da Ar­ mingaus e fazer bolos e broas. É
deve estar balanceado com fari­ gentina e Uruguai, as pakoras e ingrediente básico da polenta.
nhas protéicas formadoras de glú­ tantos outros pratos de origem O milho surgiu na Europa
ten. É usado como espessante em hindu, as panizas gaditanas e graças a Cristóvão Colombo que
molhos por ter sabor adocicado. outros. É uma ótima substituição o trouxe de uma viagem à Amé­
Esta farinha maltada é auxi­l iar no para ovo, principalmente na pre­ rica. Ainda que contra todas as
amaciamento e condicionamento paração de tortas. Faina é uma ­e vidências, foi cha­m ado grão
de massas; suplementa a massa massa em forma de disco feita com turco, baseado na teoria de que
com enzimas naturais, auxiliando farinha de grão de bico com azeite tão estranho artigo só poderia
no crescimento, e por esse moti­ assada ao forno. vir de um local exótico como a
vo é considera­da muito mais um Pakora é um empanado de Turquia. O milho se tornou o grão
aditivo do que propriamente um legumes ou verduras, que se faz dos pobres na Europa, onde, por
ingrediente estruturador. É rica passando-os por uma massa crua exemplo, a polenta ainda hoje
em proteína e potássio. pastosa temperada com especia­ substitui o pão em várias áreas
rias. menos favorecidas.
A malteação é o principal uso
econômico da cevada. Os grãos Panizas gaditanas é uma mas­
sa que se faz com água fervendo Farinha de soja (glúten free).
utilizados na fabricação de cer­
e sal que se vai adicionando a A farinha de soja é produzida a
veja precisam ter boa capacidade
farinha de grão de bico até que partir da moagem de flocos de soja
germinativa e tamanho não muito
descascada e desengordurada. A fari­
pequeno. Depois de colhido, o ce­ fique bem firme. Depois de fria,
nha de soja possui aproximadamente
real é submetido a um processo de corta-se em pedaços e se frita no
50% de proteína em peso seco. Apre­
malteação, ou seja, de germinação azeite de oliva. Se desejar como
senta conteúdo zero de colesterol
controlada, para induzir o grão a sobremesa, acrescenta-se açúcar
e é rica em vitaminas e minerais.
formar enzimas, que depois serão e canela em pó.
Por tais características, é usada
usadas na cervejaria. A cevada é a Na Itália, essa farinha se cha­
primaria­mente para complementar
fonte primária do álcool: o amido ma farinnata e se usa para fazer
o conteúdo protéico dos alimentos.
se transforma em açúcar, e este, panelle ou focaccia genovesa. Na
Não contém glúten ou amido. Em
em álcool. Além disso, ela trans­ França, se usa para preparar soca
panificação, é utilizada apenas como
fere nutrientes para o fermento e ou panisses. Os árabes usam no suplemento dietético, sem funções
contribui para o corpo da cerveja. hummus. estruturadoras significantes. Inibe
A cevada é sempre a mesma, mas o Bastante utilizada nas produções a absorção de gor­dura e, por isso, é
processo de malteação pode gerar de pães na Índia, como pitta, naan utilizada em massas de fritura.
maltes diferentes, que interferem e dosas. É utilizada misturada a outras
na cor, no aroma e no paladar da farinhas não apenas pela sua baixa
bebida. Farinha de milho ou fubá. habili­d ade em produzir glúten,
Rico em fibras, em carboidra­ Processada a partir do milho seco mas também pelo fato de que,
tos e em minerais, o ingrediente consiste basicamente de amido; mesmo cuidadosa­mente desodori­
deve ser evitado por portadores é exce­l ente fonte de vitamina A. zada durante seu processamento,
de doença celíaca (intolerância Apresenta-se em diferentes granu­ apresenta odor característico.
ao glúten). lações, dependen­do do fabricante. As farinhas de soja integral
Contém entre 7% e 8% de proteína, contêm cerca de 22% de óleo, rico
ADITIVOS & INGREDIENTES

Farinha de grão-de-bico. A fa­ mas não forma glúten. A farinha em calorias, e aproximadamente
rinha de grão de bico é consumida de milho ou fubá processado na 44% de proteína de boa qualidade
diariamente pelos muçulmanos, América Latina em geral conserva nutricional.
judeus e hindus. A farinha é obtida a semente por inteiro, elemento
a partir da moenda do grão inteiro que pode torná-la râncida mais Ainda existem a fécula de bata­
do grão de bico. É um alimento rapidamente. Os demais países em ta, a farinha de linhaça, farinha de
vegetal, que do ponto de vista nu­ geral removem o germe durante o triticale, farinha de araruta e ou­
tricional é muito rico em proteí- refinamento. tras, cujo uso é menos difundido,
nas (13%), hidratos de carbonos O fubá mimoso é o mais fino, pelo menos em nosso País.

56
FARINHAS

57
ADITIVOS & INGREDIENTES

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