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que determinou constantes flutuações do nível liberais, e encerrada com a crise derradeira,
de atividade da economia brasileira, inviabilizar a âncora cambial e sobrevalorizar o
circunscrevendo-lhe a trajetória em quatro Real. A política econômica então adotada
fases: a $B<'#/,!', caracterizada pela queda apenas promovia uma espécie de /0-%' 1% %' %'
da inflação, aceleração do ritmo de crescimento / !+"!, com efeitos perversos sobre a renda, o
das atividades produtivas e elevação do mercado de trabalho, as condições sociais e a
consumo; a C$)$//,!"D$/E'F#'),"#,/E', situação financeira do Estado, exigindo-lhe
marcada pelo impacto da crise do México e a reiterados e sucessivos ajustes fiscais que
desaceleração da economia, a de !"#$%&%'&#' podiam saciar, momentaneamente, o !"""#$
( !)(*$!+"#, no período de 1996 a junho de %&'()('$ *+,$ -.'/0%*+,1 mas apenas para
1997, período em que ocorreram as eleições recolocar, mais à frente, os mesmos problemas
municipais e elevação de gastos públicos e e as mesmas contradições.2
aumento da demanda interna. Nessa fase, Conclui o autor pela necessidade de um
sublinha Filgueiras, o governo, numa ofensiva projeto de desenvolvimento que apontasse um
de $% ,!"*+-. afirmava que havia chegado a caminho para outra forma de integração à nova
hora da retomada do crescimento, do início de ordem internacional, o que exigia um projeto
um novo ciclo de desenvolvimento nacional calcado na noção de um país
autossustentado, apoiado na definitiva soberano e voltado para o principal problema
estabilização dos preços. da sociedade brasileira: a exclusão econômico-
Ressalva, porém, o autor, os elementos social de grande parte da população. Aliás, há,
fundamentais do Plano que mantinham a na segunda edição (2003) do livro, um
inflação em níveis muito baixos continuavam posfácio, em que o autor procura atualizar a
colocando o país numa armadilha que análise, fundamentada no aprofundamento da
contrapunha, de um lado, inflação reduzida crise (elevado grau de vulnerabilidade externa
com estagnação econômica ou crescimento e de fragilidade financeira do setor público) e
medíocre e elevados níveis de desemprego e, nas mudanças na política econômica
de outro, crescimento mais elevado com risco promovidas no segundo governo de Fernando
de crise cambial. Tais fragilidades da economia Henrique Cardoso (1999-2003), e seus
brasileira se evidenciaram com uma nova impactos na economia, além dos
inflexão do ritmo das atividades econômicas a desdobramentos nos três primeiros meses do
partir de julho de 1997, inaugurando outro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-
momento recessivo da economia, associado às 2011).
crises dos países asiáticos e da Rússia e a Revisitar, portanto, o livro de Filgueiras é
novas medidas de ajuste fiscal impostas por um imperativo para os que se preocupam com
acordo com o FMI. os problemas reais do país, pois o texto ilumina
Os impactos e efeitos negativos do o passado recente e conduz a uma reflexão
Plano Real sobre a economia, o Estado e a profunda sobre os dilemas com que se depara,
sociedade são esquadrinhados nos capítulos atualmente, a sociedade brasileira.
finais do livro resenhado, momento em que
aponta os erros da estratégia adotada para Antônia Jesuíta de Lima
alcançar a estabilidade dos preços, que Assistente Social
resultou no aumento dos desequilíbrios Doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia
estruturais já existentes e na criação de outros Universidade Católica de São Paulo (PCU-SP)
que agravaram a instabilidade Professora Associada da Universidade Federal do Piauí
(UFPI)
macroeconômica. Analisa, com efeito, o
desfecho de uma história iniciada a partir de Universidade Federal do Piauí - UFPI
escolhas erradas, como colocar o país numa Campus Universitário Ministro Petrônio Portella - Bairro
total dependência do capital externo, Ininga 3 Teresina/PI
subordinar a política econômica à lógica do CEP: 64049-550
capital financeiro, aprofundar as reformas