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ESPIGANDO NA HISTÓRIA DA IGREJA

David Martyn Lloyd-Jones,


o último grande mestre de Westminster

O mestre
de Westminster
G
ales é um lugar único no grandes avivamentos, seguidos mui-
mundo. Mesmo fazendo par- tas vezes de profundas depressões
te da Grã-Bretanha, os gale- espirituais.
ses se apressam em deixar claro que A história registra alguns galeses
eles não são ingleses, e o enfatizam notáveis, como Christmas Evans,
falando em seu próprio idioma em Daniel Rowland, William Williams,
lugar de dizê-lo em inglês. Howell Harris, Evan Roberts… e
Gales tem uma grande e especial David Martyn Lloyd-Jones, o nosso
historia espiritual, pois experimentou biografado.

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Os primeiros passos fervoroso de coração, Lloyd-Jones
David Martyn Lloyd-Jones nasceu sempre levaria com ele uma reputa-
em 20 de dezembro de 1899, quando ção de austeridade e severidade.
terminava o século XIX. Deus tinha Lloyd-Jones foi criado no
um plano para este filho de Henry e metodismo calvinista galês. O termo
Magdalene Lloyd-Jones, para trazer «metodismo calvinista» pode parecer
de novo as chamas do avivamento contraditório, porque os metodistas
que Evans, Roberts e outros tinham são arminianos – que enfatizam o li-
experimentado antes. Alguns têm vre-arbítrio do homem – e os calvi-
dito que Charles Spurgeon foi o últi- nistas dão ênfase à soberania de Deus
mo puritano, mas o tempo demons- em relação à salvação. De alguma
traria que deveriam ter esperado ou- forma, o metodismo calvinista de Ga-
vir o «Doutor» antes de fazer tal afir- les procurou o melhor de ambas as
mação. posturas.
A vida do jovem Martyn foi bas- Entre 1914 e 1916, Lloyd-Jones foi
tante tranqüila até janeiro de 1910, para uma escola primária de Lon-
quando tinha 11 anos. Até então o dres, e em seguida estudou medicina.
seu pai tinha sido um homem de ne- Realizou a sua prática no influente
gócios muito bem-sucedido em sua Hospital de St. Bartholomew, e foi
cidade natal de Llangeitho. Mas brilhantemente bem-sucedido. Foi
aquele ano ocorreu algo que mudaria aprovado em seus exames tão cedo
muitas coisas. que teve que esperar para graduar-
Na escuridão da noite rompeu se.
um fogo que quase custou as vidas Em 1921 começou a trabalhar
de Martyn e dos seus irmãos, que como assistente principal de Sir
dormiam no piso superior. Ainda que Thomas Horder, um dos melhores
a família fosse salva, a maior parte médicos dessa época.
dos bens familiares se perdeu. Henry
nunca se recuperou totalmente do re-
verso financeiro. Quase por acidente,
Quando se sentava no
Martyn averiguou pouco depois quão
desesperada se tornou verdadeira-
consultório, escutando os
mente a sua situação. sintomas dos seus pacien-
tes, compreendeu que
Durante os seus primeiros anos
de escola, ele levou esta carga em seu
coração. Como resultado, tornou-se
muito sério para a sua idade, e muito aquilo que muitos deles
decidido em ter êxito em sua educa-
ção e em sua vida. «Foi como se ele se necessitavam não era a
apartasse muito do que é comum à
juventude, e isto lhe fez dizer uma
medicina ordinária, mas o
vez: ‘Eu nunca tive uma adolescên-
cia’», afirma Ian Murray. Ainda que
evangelho.
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Com a idade de 26 anos, Martyn Torquay, instalaram-se em seu pri-
obteve o seu diploma de membro do meiro lar, uma pequena casa paro-
Colégio Médico e tinha uma carreira quial da igreja de Sansfield, em
brilhante e lucrativa diante dele. No Aberavon, Gales, decididos a servir
entanto, Deus tinha planos para que naquilo a que se sentiam chamados.
fosse médico de almas em lugar de O surpreendente movimento do
corpos. jovem especialista e sua esposa não
podiam deixar de atrair a atenção, e a
Conversão e chamada para o ministé- imprensa veio até eles. A senhora
rio Lloyd-Jones respondeu a um jornalis-
Pouco a pouco, através da leitura, ta na porta de sua casa com a frase:
a sua mente foi atraída pelo evange- ‘Sem comentários’ e no dia seguinte
lho de Cristo. Não teve nenhuma cri- ficou horrorizada ao ler o titular: ‘«O
se dramática de conversão, mas che- meu marido é um homem maravilho-
gou a um ponto em que se compro- so», diz a senhora Lloyd-Jones’. Des-
meteu completamente com o evange- te matrimônio nasceram duas filhas,
lho. Elizabeth e Ana.
Depois disso, quando se sentava Os médicos locais não estavam
no consultório, escutando os sinto- muito contentes com o recém-chega-
mas dos seus pacientes, compreen- do. Pensavam que ele tinha vindo
deu que aquilo que muitos deles ne- para mostrar a sua superioridade e
cessitavam não era a medicina ordi- lhes tomar os seus pacientes.
nária, mas o evangelho que ele tinha Contrário ao esperado, Martyn
descoberto para si mesmo. Ele pode- não pôde abandonar completamente a
ria ocupar-se dos sintomas, mas a sua carreira médica. No sul de Gales,
preocupação, a tensão, as obsessões, a sua brilhante habilidade de diagnós-
só poderiam ser tratadas pelo poder tico escasseava. Depois de uns anos
da conversão. Ele sentia cada vez durante os quais foi deliberadamente
mais que a melhor forma de usar a ignorado pelos médicos locais, foi cha-
sua vida e talentos era pregando esse mado para um caso difícil. Ele soube
evangelho. exatamente a natureza da obscura en-
Martyn se envolveu rapidamente fermidade da que o paciente aparente-
na igreja da Capela da Charing mente se recuperaria, e em seguida
Cross. Entre outras coisas, ali conhe- morreria. O seu prognóstico se confir-
ceu a Bethan Philips. Bethan frequen- mou exatamente, e o médico geral dis-
tava ali com seus pais e dois irmãos. se: ‘Devo me ajoelhar para pedir o seu
O seu pai era um oftalmologista mui- perdão pelo que eu tenho dito sobre
to conhecido e Bethan estava a ponto você’. Depois disso foi difícil controlar
de se formar como médico no Uni- as chamadas médicas.
versity College Hospital. Um escritor descreveu assim o
Depois de vários anos de noiva- bairro de Sansfield: «Contém pelo
do, Martyn e Bethan se casaram, em menos uns 5.000 homens, mulheres e
1927. Depois da sua lua de mel em crianças que vivem na maior parte na

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sordidez e na aglomeração». Ou bados se fizeram cristãos gloriosos, e
como alguém disse, era um lugar operários e mulheres vieram para as
para «os jogadores, as prostitutas e os classes de Bíblia que ele e a sua espo-
publicanos». sa dirigiam.
Lloyd-Jones não era um ministro Para aqueles que estão habitua-
recém saído de uma universidade te- dos a pregação bíblica pode ser difícil
ológica liberal, que acomodasse a sua entender a comoção que causava este
mensagem à opinião contemporânea jovem pregador. Primeiro, ele não es-
e às manias da sua congregação. As tava treinado teológicamente (pelo
palavras do seu primeiro sermão ins- menos não das formas reconhecidas).
piradas a partir de 2ª Timóteo 1:7 Em lugar de pregar de uma cartilha
ilustram quais eram as suas convic- ou alguma outra forma pré-elabora-
ções: «As nossas ... igrejas estão da, Lloyd-Jones era acima de tudo
lotadas com pessoas, as quais na um pregador da Bíblia. Desde o co-
grande maioria tomam a Ceia de Se- meço, ele procurou dar uma compre-
nhor sem duvidar um momento, ensão verso por verso da Palavra de
mas... você por um instante pode Deus. Talvez isto refletisse a sua pró-
imaginar que todas essas pessoas crê- pria vida pessoal que incluía ler a Bí-
em que Cristo morreu por elas? Bem, blia completa cada ano. Basta ler as
então, você dirá: por que são mem- suas mensagens sobre Romanos ou
bros da igreja; por que eles fingem sobre Efésios para entender quão
crer? A resposta é que eles têm medo profundo era o seu afeto pela Palavra
de serem honestos consigo mesmos... e a sua obediência a ela própria.
Eu me sentirei muito mais envergo- Tampouco há dúvida de que a sua
nhado por toda a eternidade pelas leitura dos Puritanos teve também
ocasiões nas que disse que eu cria em uma profunda influência sobre ele.
Cristo quando na realidade não era Os Puritanos freqüentemente foram
assim...». caricaturados, mas Lloyd-Jones os leu
Isso foi muito para alguns, que realmente. Leu todo o Diretório Cris-
abandonaram a congregação. Mas em tão de Richard Baxter e os vários vo-
lugar disso –lentamente no princí- lumes de John Owen. Do seu ponto
pio– foi crescendo o número dos que de vista, os Puritanos diferiam de ou-
eram cativados pela verdade, a classe tras correntes organizadas em vários
operária de Gales do Sul. A mensa- pontos importantes.
gem os trouxe, e o poder do Espírito Primeiro, acentuavam a natureza
Santo os converteu. Não havia súpli- espiritual do culto por sobre as for-
cas dramáticas, só um ministro jovem mas e rituais externos. Segundo,
com a mensagem clara da justiça de enfatizavam o corpo reunido de Cris-
Deus e o seu amor, que conduziam to por sobre o indivíduo, fazendo as-
para um tema duro atrás de outro ao sim a disciplina da igreja necessária e
arrependimento e à conversão. saudável para a causa de Cristo. Fi-
A igreja cresceu com a constante nalmente, cria na aplicação direta da
corrente de conversões. Notórios bê- Palavra para a alma de cada pessoa.

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O espírito do Puritanismo, cria o crescimento para Ele. Eles estavam
Lloyd-Jones, podia ser delineado de interessados, sobretudo em que as
William Tyndale a John Owen e a pessoas fossem postas face a face com
Charles Spurgeon. Era este espírito a própria verdade».
da centralidade da Palavra de Deus o
que conduzia o novo pregador no Chegada a Westminster
país de Gales. Um dos ouvintes naquela noite
À medida que as suas pregações era um ancião de 72 anos, G.
eram conhecidas, a presença de Campbell Morgan, pastor da Capela
Lloyd-Jones era mais e mais solicita- de Westminster, possivelmente o pre-
da. Muitos outros pregadores come- gador com mais renome na época.
çaram a encontrar nele um modelo Dizem que o ancião pastor disse a
do que devia ser o ministério do púl- Lloyd-Jones: ‘Ninguém a não ser
pito. Foi pregar no Canadá e América você poderia ter me tirado em seme-
e freqüentemente era convidado para lhante noite!’. Depois de ouvir a
falar perante várias assembléias na Lloyd-Jones, Campbell Morgan quis
Grã-Bretanha. tê-lo como seu colega e sucessor em
Foi na noite fria e nebulosa de 28 1938. Mas não era tão fácil, porque
de novembro de 1935 que Lloyd- ele conduzia outras opções tão atrati-
Jones pregou para uma assembléia vas como aquela. No final, prevale-
em Albert Hall, em Londres. Durante ceu o chamado da Capela de
a sua mensagem, ‘o Doutor’ explicou Westminster, e a família Lloyd-Jones
os problemas bíblicos que ele via em com as suas filhas, Elizabeth e Ana
muitas das mais usadas formas de estabeleceram-se definitivamente em
evangelização e crescimento da igre- Londres em abril de 1939.
ja. Disse: «Podem muitos dos méto- A associação de Morgan e Lloyd-
dos de evangelismo que se introduzi- Jones foi um digno exemplo de como
ram faz uns quarenta ou cinqüenta os cristãos podem trabalhar juntos,
anos realmente justificar-se pela Pala- mesmo que difiram em aspectos se-
vra de Deus? Quando leio sobre a cundários. G. Campbell Morgan era
obra dos grandes evangelistas na Bí- um arminiano, e a sua exposição da
blia, vejo que eles não estavam pri- Bíblia, ainda que famosa, não se ocu-
meiro preocupados com os resulta- pou das grandes doutrinas da Refor-
dos; eles se ocupavam em proclamar ma. Martyn Lloyd-Jones, ao contrá-
a palavra da verdade. Eles deixaram rio, estava na mesma tradição de

Ele se punha a si mesmo em um segundo plano, e


tentava mostrar para a sua congregação a Palavra de
Deus, permitindo que a mensagem da Bíblia falasse
por si mesma.
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Spurgeon, Whitefield, os Puritanos e nalmente prosperou. Depois da guer-
os Reformadores. Mas ambos os ho- ra, a congregação cresceu rapidamen-
mens respeitaram cada um as posi- te. Em 1947 as galerias foram abertas
ções e talentos do outro, e a sua asso- e de 1948 até 1968 quando ele se reti-
ciação, até que Campbell Morgan rou, havia uma média de 1.500 espec-
morreu, foi pacífica e promoveu mui- tadores aos domingos pela manhã e
to a obra de Cristo em Londres. 2.000 à noite.
Quando as nuvens de tormenta No início de 1953, o estudo da Bí-
da Segunda guerra mundial já amea- blia das sextas-feiras a noite começou
çavam, Lloyd-Jones assumiu o pas- na Capela principal. Foi ali quando
torado pleno da Capela de West- Lloyd-Jones iniciou o seu monumen-
minster. tal discurso sobre o livro de Roma-
Durante os anos de guerra, os ha- nos. Assim como a obra de Martin
bitantes de Londres suportaram por Lutero sobre Romanos e Gálatas in-
meses as intermináveis incursões no- fluenciou os Puritanos posteriormen-
turnas dos bombardeiros alemães. te, este grande trabalho sobre Roma-
Por causa da Capela de Westminster nos influenciou a atual geração de
estar situada muito próxima ao Palá- crentes. Assim como ele começou, ele
cio de Buckingham e outros edifícios continuaria, ministrando a sua pes-
importantes do governo, permanecia soa com a Palavra de Deus em lugar
em perigo constante de ser destruída. de sua própria personalidade.
A congregação esteve em um estado Em seu enfoque ao trabalho de
constante de crise financeira e emoci- púlpito, Lloyd-Jones trabalhava fir-
onal. No entanto, os trabalhos segui- memente através de um livro da Bí-
ram quase com normalidade. Em blia, tomando um versículo ou parte
1944, uma bomba voadora explodiu de um versículo de uma vez, mos-
na Capela dos Guardas, a uns poucos trando o que ensinava, como isso se
metros dali, cobrindo o pregador e a ajustava ao ensino sobre o assunto
congregação de um pó branco. Um em outra parte da Bíblia, como o en-
membro da congregação abriu os sino inteiro era pertinente aos proble-
seus olhos depois do estampido, viu mas do nosso próprio dia e como a
todos cobertos de branco e creu que posição cristã contrastava com as
devia estar no céu! idéias atualmente em voga.
Westminster também estava apro- Ele se punha a si mesmo em um
ximando-se rapidamente da sua pró- segundo plano, e tentava mostrar
pria crise interior. Alguns da «velha para a sua congregação a Palavra de
guarda» não queriam muito ao jovem Deus, permitindo que a mensagem
calvinista que tinha compartilhado o da Bíblia falasse por si mesma. As
púlpito com o seu venerado Dr. suas pregações explicativas tinham o
Morgan. É um testemunho do poder propósito de permitir a Deus falar
da Palavra de Deus e do espírito hu- tão diretamente como era possível
milde de Lloyd-Jones que a igreja aos seus ouvintes com o pleno peso
não só sobreviveu, mas também fi- da autoridade divina.

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Outras atividades riência, a sua profunda sabedoria e o
Apesar das dificuldades da guer- seu sentido comum ajudaram a mui-
ra, Lloyd-Jones esteve comprometido tos ministros jovens com dificuldades
na fundação de três instituições im- aparentemente únicas e insolúveis.
portantes. A primeira foi a criação de No verão de 1947 o doutor fez ou-
uma Biblioteca Evangélica de gran- tra visita aos Estados Unidos e foi re-
des obra cristãs, que logo superou os cebido calorosamente. A pedido de
20.000 volumes. Desta forma, uma Carl F. H. Henry, ele falou na Univer-
nova geração de crentes se aproxi- sidade de Wheaton. Foram publica-
mou dos escritos de Bunyan, Baxter, das as cinco mensagens que ele deu.
Owens e outros. A segunda institui- Neles Lloyd-Jones compartilhou a
ção que Lloyd-Jones ajudou a criar sua idéia sobre o tipo de pregação
foi a Confraternidade de Westmins- que o mundo realmente necessita.
ter. O livro Os Puritanos, é uma reco-
pilação das mensagens anuais de Controvérsias
Lloyd-Jones para a venturosa congre- Um caráter forte e uma liderança
gação. forte não podem evitar as controvér-
E o terceiro, foi o apoio à sias. Crendo, como ele fez, no poder
Confraternidade Inter-universitária do Espírito Santo para convencer e
(IVF), e que era a organizadora da converter, ele se opôs profundamente
Conferência Puritana realizada a à tradição com a que tinha crescido à
cada mês de dezembro. Havia um partir de Moody, de reuniões públi-
forte sentimento pela necessidade de cas com música suave e apelações
retornar aos fundamentos teológicos emocionais para a conversão. Tam-
da tradição protestante, ao período bém se opôs às uniões arbitrárias en-
de cem anos depois da Reforma, tre denominações apoiadas no
quando as suas implicações teológi- pragmatismo em lugar da doutrina.
cas tinham funcionado. Foram lidos e Nada causaria mais problemas a
discutidos documentos e Lloyd-Jones Lloyd-Jones que a sua firme crença
dirigiu as reuniões com habilidade e na necessidade de uma adesão a cer-
autoridade. tas doutrinas fundamentais.
A casa editorial Banner of Truth e a No final da Guerra, enquanto
revista Evangelical Magazine nasce- muitos se reuniam para ouvir o dou-
ram, com a ajuda e estímulo de tor, outros líderes religiosos estavam
Martyn Lloyd-Jones, que também começando a ignorá-lo. Quando em
apoiou poderosamente o trabalho da 1946 uma publicação reuniu os no-
Biblioteca Evangélica. A nível pasto- mes dos «Gigantes do Púlpito», in-
ral, ele conduziu reuniões fraternais cluindo homens como Weatherhead,
mensais de ministros desde o início o nome de Martyn Lloyd-Jones foi ig-
dos anos 40, onde os pastores discuti- norado.
am todos os problemas que enfrenta- No princípio dos anos de 1950,
vam dentro das igrejas e em seu en- muita coisa havia mudado no cenário
torno. Aqui a sua sempre vasta expe- espiritual da Inglaterra. Em 1952,

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Arturo W. Pink morreu em relativa Uma das grandes paixões de
obscuridade em uma ilha da Escócia. Martyn Lloyd-Jones era o retorno à
Nesse momento poucos teriam ima- combinação da doutrina dos
ginado que os seus escritos seriam Calvinistas e o entusiasmo dos
um dia publicados e lidos por crentes Metodistas. Nos anos 60, ele estava
em todo mundo. ansioso porque a ênfase na sã doutri-
Em torno de 1959, Lloyd-Jones na recentemente recuperada não se
observou que havia um ressurgimen- convertesse em uma árida dureza do
to do interesse nas doutrinas da gra- doutrinário. Para neutralizar este pe-
ça e os ensinos dos puritanos na igre- rigo, ele começou a dar ênfase à im-
ja. No entanto, aqueles nos quais se portância da experiência. Ele falou
produzia este retorno não eram da muito da necessidade do conheci-
sua própria geração. O interesse real mento experimental do Espírito San-
estava entre os ministros e crentes to, da convicção plena pelo Espírito, e
mais jovens. Esta nova geração de lí- da verdade que Deus trata imediata-
deres do púlpito viu as imutáveis mente e diretamente com os seus fi-
verdades da palavra de Deus em lhos – freqüentemente ilustrando es-
uma forma que a sua geração anteri- tas coisas com a história da igreja.
or não fez. Alguns acusaram a Lloyd- Ao contrário de grande parte do
Jones de ignorância teológica no me- ensino que se levantaria durante a
lhor dos casos, e no pior, de arrogân- Renovação Carismática dos anos 60,
cia espiritual. A verdade é que ele re- Lloyd-Jones enfatizou várias caracte-
preendia freqüentemente os seus jo- rísticas do verdadeiro avivamento.
vens aprendizes por transformar a Primeiro, ele proclamou que Deus é
discussão sobre Calvinismo e soberano e não há, portanto, nenhu-
Arminianismo em um ponto de con- ma fórmula para o avivamento. Deus
trovérsia. De fato, ele expressava pu- se move de formas diferentes em
blicamente a sua crença de que A. W. tempos diferentes. Em segundo lu-
Pink deveria ter tido um espírito gar, insistiu em que a igreja necessi-
mais a longo prazo e conciliatório em tava do avivamento, não para que
seu esforço para retornar as pessoas mais pessoas entrassem na igreja,
para a verdade. mas para que Deus fosse devolvido
A controvérsia mais séria veio em para o Seu lugar justo nas vidas e
suas relações com a Igreja da Inglater- pensamentos das pessoas.
ra. Lloyd-Jones era um firme crente na Tal como no problema de unidade
unidade evangélica. Ele não cria que da igreja, as suas idéias sobre o que
as barreiras sectárias deviam separar agora se conhece como ‘psicologia
a aqueles que tinham uma verdadeira cristã’ provaram ser profundas e pro-
fé em comum. Mas quando o movi- féticas. Ele não estava absolutamente
mento ecumênico liberal fez mais e impressionado com o matrimônio en-
mais concessões para as correntes de tre a pregação bíblica e a psicologia
opinião mundana, ele apoiou o êxodo secular.
daquelas denominações. Há uma coleção de sermões sobre

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o assunto em «Depressão Espiritual:
Causas e Curas», publicada pela pri-
meira vez em 1965. A obra aponta para Ele não cria que as barrei-
ras sectárias deviam sepa-
a suficiência de Cristo na vida do crente e
conclui com estas palavras: «Eu faço o
máximo que posso, mas Ele controla
a provisão e o poder, Ele o infunde. rar a aqueles que tinham
Ele é o médico celestial e Ele conhece
cada variação em minha condição. uma verdadeira fé em co-
Ele vê a minha estrutura. Ele sente o
meu pulso. Ele conhece... tudo. ‘As-
mum.
sim é’, diz Paulo, ‘e, por conseguinte
tudo posso através daquele que cons- restaurantes do oeste, enfermeiras
tantemente está me infundindo for- dos grandes hospitais, atores e atri-
ça’… Ele nos conhece melhor do que zes de teatros do oeste-extremo, ser-
nós mesmos nos conhecemos, e se- ventes civis menores e maiores de
gundo a nossa necessidade, assim Whitehall, e desempregados crônicos
será a sua provisão». provenientes da hospedaria do Exér-
No início dos anos 60, o doutor cito da Salvação.
iniciou uma série de mensagens so- A Capela sempre estava cheia de
bre o evangelho de João. A sua inten- estudantes, especialmente estrangei-
ção neles não foi uma exposição ver- ros, entre os quais estava o agora Pre-
so a verso como era habitual, mas sidente Moi do Quênia. A Igreja chi-
uma busca do significado essencial nesa assistia de manhã e muitos Ir-
da certeza e a plenitude do Espírito mãos de Plymouth pela tarde. Quan-
Santo. do os Irmãos Exclusivos se dividi-
No início de 1968, em seu 68° ano, ram, muitos dos que viviam em Lon-
Lloyd-Jones teve uma operação im- dres vieram para a Capela de
portante e, ainda que se recuperasse Westminster. E havia, é obvio, muitos
por completo, decidiu que depois de profissionais, mestres, advogados,
30 anos em Westminster tinha chega- contadores e possivelmente alguns
do o tempo de retirar-se como minis- daqueles que tinham alguma defici-
tro. ência mental.
O seu ministério tinha sido muito Gente de todo tipo e condição vi-
abençoado por Deus. Tinha havido nha para vê-lo depois na sacristia,
um ribeiro constante de conversões, onde ele passaria horas pacientemen-
muito notáveis e, sobretudo, para te escutando e sabiamente aconse-
uma ampla variedade de pessoas de lhando. Um deles escreveu: ‘Eu tenho
toda classe social tinha lhes ensinado uma lembrança encantadora de ir
a largura e a profundidade da doutri- para ele em uma necessidade pessoal
na cristã. Na Capela tinha soldados profunda, ainda muito assustado por
dos quartéis próximos da Wellington causa da sua maneira pública formi-
Barracks, trabalhadores dos hotéis e dável. A sua tranqüilidade e atrativa

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bondade, unidas a um conselho sim- feliz que estava aberto a cada Natal
ples e reto, ganharam o meu coração. para os membros da igreja que não
A sua inteligência e brilhantismo tinham outro lugar para onde ir. Em
como pregador lhe fazem digno de sua aposentadoria ele estava acostu-
respeito e admiração; esse outro lado mado a incitar os seus netos maiores
mais manso, que conheci em privado, com algum argumento. Eles eram
faz alguém lhe amar’. como cachorrinhos jovens indo para
Em 1977 ele falou sobre a dife- um leão velho, atrevendo-se onde
rença no método de Paulo de ajudar ninguém mais se atreveria, voltando
os cristãos e aquilo que se estava po- para trás por um grunhido, mas tor-
pularizando com o nome de nando a saltar em seguida.
aconselhamento. A sua convicção era Em 1979, a enfermidade retornou,
de que muito do que acontecia com o e teve que cancelar todos os seus com-
psicológico era realmente espiritual. promissos. Ele ainda desejava pregar
Lloyd-Jones viu o púlpito como o novamente. Ele tinha visto muitos ho-
enfoque do verdadeiro ‘Cristian mens seguir depois de que eles deve-
counselling’. Isso não significa que riam ter parado. Na primavera de
ele estivesse desinteressado de sua 1980 pôde começar de novo, mas uma
gente e dos seus problemas. Nada visita ao Hospital em maio revelou
poderia estar mais longe daquilo. Ele que a sua enfermidade exigia um tra-
ocupava muitas horas no conselho tamento mais austero que lhe impedi-
pessoal e na direção bíblica. ria de pregar. Entre as exaustivas ses-
sões no hospital, que ele enfrentou
Atividades finais com valentia e dignidade, continuou
Nos 12 anos posteriores da sua trabalhando em seus manuscritos e
aposentadoria ele continuou com a dando conselho para ministros, mas
Conferência de Westminster e dedi- no Natal ele estava muito fraco para
cou muito tempo para dar conselhos isto. No final, no entanto, pôde passar
a outros ministros, responder cartas e tempo com o seu biógrafo (o seu aju-
falar longamente por telefone. Livre dante anterior, Ian Murray).
da rígida rotina dos domingos em No final de fevereiro de 1981, com
Westminster, ele pôde então dedicar- grande paz e confiada esperança, ele
se aos compromissos externos que ele creu que a sua obra terrestre estava
tinha tomado como ministro, sobretu- completada. Disse para a sua família
do ocupando os finais de semana em imediata: ‘Não orem por cura, não
causas pequenas e remotas que ele procurem me reter de ir para a glória’.
amava reanimar. Ele viajou nova- Em 1 de março, o Dia do Senhor,
mente para a Europa e os Estados ele passou para a glória da qual tão
Unidos, mas recusou novos e reitera- freqüentemente tinha pregado, para
dos convites para outros países. encontrar-se com O Salvador ao qual
Lloyd-Jones tinha um lar muito tinha proclamado tão fielmente.

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