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VALOR FENOTÍPICO
1. Introdução
O fenótipo, ou valor fenotípico, para a maioria das pessoas está limitado ao que é observável
externamente. Ou seja, o fenótipo é, geralmente, confundido com características de exterior. Sem
retirar a importância das características de exterior, que servem de guia para um padrão das raças, é
importante destacar que são as características funcionais de importância econômica as mais
importantes. O foco da Zootecnia está, principalmente, nas características ligadas à eficiência de
produção de alimentos como produção de leite, produção de carne, produção de ovos. São
características cujas expressões estão, normalmente, sujeitas à ação de vários pares de genes. De
modo geral, é mais interessante denominar valor fenotípico, pois isso já ajuda na mentalização do seu
real significado.
Por exemplo, se uma vaca produz 2.650 Kg de leite na primeira lactação, o valor fenotípico
é 2.650 Kg. A característica é produção de leite na primeira lactação. Podemos utilizar vários
exemplos de características de interesse zootécnico, seja em ruminantes ou não ruminantes. Se
alguém comenta que um determinado leite é “muito gordo” isso leva ao pensamento de que o teor de
gordura é elevado. Digamos que a análise do leite mostre um resultado de 5,4 % de gordura. Esse é,
então, o fenótipo, ou valor fenotípico da característica teor de gordura no leite. Para ser um valor que
traduza melhor o seu significado precisaria haver referência da população de onde a amostra foi
obtida. Supondo que esse leite veio de um rebanho de vacas Guzerá criadas no semiárido, diríamos
que o valor fenotípico da característica teor de gordura de um rebanho Guzerá criado no semiárido é
de 5,4 %. Agora, está definido o fenótipo e o indivíduo ou a população à qual está associado o valor.
Podemos fornecer inúmeros exemplos, mas é interessante que cada um imagine o maior número
possível de casos buscados nas experiências com todas as espécies domésticas em suas variadas
formas de exploração.
O valor fenotípico é determinado pelo genótipo do indivíduo em dadas condições de
ambiente. O conjunto de condições de ambiente, simplesmente denominado de ambiente, reúne todos
os efeitos que não são de origem genética.
2. Composição Causal do Fenótipo
O Fenótipo, de modo geral, pode ser demonstrado ser determinado pelo Genótipo e pelo
Ambiente. Uma equação pode, então, ser gerada: F = G + M, onde F representa o Fenótipo, ou valor
fenotípico; G representa o genótipo, ou valor genotípico; e M representa o efeito do ambiente.
O genótipo é formado no momento da concepção, em que o material genético conduzido
pelos cromossomos do gameta masculino é combinado com o material genético conduzido pelos
cromossomos do gameta feminino. Cada genótipo é único, como é único cada gameta. A segregação
independente dos cromossomos na meiose (divisão celular que origina os gametas) e a permuta
cromossômica garantem essa espetacular variabilidade genética nos gametas e a consequente
variabilidade nos genótipos. Reside aí, o cuidado do plano Divino com o princípio da individualidade.
O genótipo pode ser entendido, então, como o conjunto dos genes herdados a partir dos
progenitores. Visto dessa forma, poderia ser a soma dos efeitos médios dos genes presentes nesse
genótipo. Este somatório é denominado valor genético aditivo, simbolizado pela letra A.
No entanto, existem as interações entre alelos do mesmo loco e interações entre alelos de
diferentes locos. As interações intra-alélicas são denominadas desvios de dominância (simbolizada
por D) e as interações inter-alélicas são denominadas desvios de epistasia (simbolizada por I). Essas
interações gênicas fazem, então, que o valor genotípico não seja determinado pelo valor genético
aditivo simplesmente e sim pela contribuição desse valor e pela contribuição dos desvios de
dominância e de epistasia.
O Genótipo pode ser escrito então como: G = A + D + I.
Resulta disso que o Fenótipo passa a ser expresso como: F = A + D + I + M.
1. Introdução
A variação entre os indivíduos é fundamental para que seja possível fazer seleção numa
determinada característica. Quando existir pouca variação genética na característica – mais
especificamente, se existe pouca variação nos valores genéticos para uma característica – a seleção
será difícil uma vez que não existirão animais muito melhores que os outros, isto é, melhores como
pais. Do ponto de vista genético é importante que a população seja variável. Ao mesmo tempo,
normalmente a produção de animais fenotipicamente mais uniformes pode ser de importância
econômica. O desafio para os produtores é manter a variabilidade genética nos animais para que seja
possível fazer seleção ao mesmo tempo procurando uma população fenotipicamente mais uniforme.
É importante que haja variação na população e que seja possível medi-la. Medidas de variação
podem ser usadas para comparar a importância dos diferentes componentes do modelo fenotípico. O
modelo fenotípico apresentado anteriormente foi:
F=G+M
2. Variância
Considerando o modelo genético acima, a variância fenotípica pode ser decomposta como:
onde:
Nesta decomposição estamos assumindo que não existem: correlação entre o genótipo e o
ambiente ou interação entre o genótipo e o ambiente.
Para a maioria das situações, a correlação entre o genótipo e o ambiente não é importante e
pode ser ignorada. Entretanto, existem situações nas quais esta correlação existe. Um exemplo é a
produção de leite em bovinos leiteiros, onde os produtores alimentam suas vacas de acordo com sua
produção, isto é, os melhores fenótipos recebem maior quantidade de alimento. Isto introduz uma
correlação entre os valores fenotípicos e os desvios de ambiente e, como os valores genotípicos e
fenotípicos são correlacionados, existe também uma correlação entre valores genotípicos e desvios
de ambiente. Neste caso, a decomposição da variância dos valores fenotípicos seria:
1 2
COVOP
2 A
1 2A
Progênie e um dos pais ½ σ2A b
2 2P
A
2
Progênie e a média dos pais ½ σ2A b
P
2
1 2A
Meio-irmãos ¼ σ2A t
4 2P
1 2 2 2
A D EC
Irmãos germanos ½ σ2A + ¼ σ2D + σ2EC t 2
P
2
3. Herdabilidade
G2
2
2
h
A
P
Os dois últimos termos da expressão, COV(A,D) e COV(A,E) são iguais a zero e COV(A,A)
= σ2A.
Então:
A h 2
2
b A.P
P
2
b=h2
Neste sentido a herdabilidade indica a proporção da superioridade dos pais selecionados que
espera-se que seja transmitida (realizada) à sua progênie.
O valor genético de um animal, com base em seu próprio desempenho, será o produto do seu
valor fenotípico pela herdabilidade:
A(esperado) = h2 . (P-P)
Sendo que, tanto o valor genético como os valores fenotípicos são expressos como desvios
da média da população (ou grupos contemporâneos).
A herdabilidade indica ainda o grau e correspondência entre os valores fenotípicos e os
valores genéticos. Ela corresponde ao quadrado da correlação entre o valor fenotípico e o valor
genético. Ou, colocando de outra forma, a correlação entre os valores fenotípicos e os valores
genéticos (rAP) é igual a raiz quadrada do coeficiente de herdabilidade.
COV(A, P)
rAP
A P
Já demonstramos que COV(A,P) = σ2A , então
A A h
2
rAP
A P P
4. Repetibilidade
M = MP + MT
e a variância ambiental é:
G EP t
2 2
r Pi Pj
P
2
1. Estabelece o limite máximo para o grau de determinação genética de uma característica (σ2G
/ σ2P) e para a herdabilidade (σ2A / σ2P). A repetibilidade é mais fácil de ser estimada que qualquer
destas duas razões. A h2 pode ser menor que a repetibilidade mas nunca pode ser maior, e este
conhecimento é melhor que nenhum.
2. Indica o ganho em acurácia pelo uso de medidas múltiplas. Pode-se mostrar que quando a
repetibilidade é alta, pouco se ganha por observar mais de uma medida e ao contrário quando a
repetibilidade é baixa. O componente que diminui com o aumento do número de medidas é a variância
de ambiente temporário. Supondo que cada animal seja medido n vezes e que a média dessas n
medidas seja tomada como sendo a média dos valores fenotípicos, a variância da média será:
1
P ( n ) G PE TE
2 2 2 2
n
Desta forma, com n medidas irá reduzir a variância de ambiente temporário e esta redução na
variância fenotípica representa o ganho em acurácia.
A variância da média de n medidas como uma proporção da variância de uma medida pode
ser expressa em termos de repetibilidade da seguinte forma:
1
G PE TE
2 2 2
P ( n )
2
TE 1 t
2
n
P P P
2 2 2
P ( n )
2
1 = 1 t (n 1)
t (1 t )
P
2 n n
3.Permite a predição de desempenho futuro do animal. Para isto os desempenhos devem ser
representados em termos de desvios das médias da população. Um determinado desempenho no
passado é parcialmente devido a efeitos temporários do ambiente sobre a produção do animal e não
estarão presentes no próximo desempenho.
A repetibilidade, que é a correlação entre os dois desempenhos, vai nos indicar quão
acuradamente nós podemos predizer o segundo desempenho com base no primeiro. A predição é feita
usando-se o coeficiente de regressão do segundo sobre o primeiro desempenho.
Assim se P1 e P2 são o primeiro e o segundo desempenhos temos:
P2 P2 b P2P1 (P1 P1 )
G EP t
2 2
COV(P1 , P2 )
b P2P1
P1 P
2 2
A produção futura assim predita é conhecida como “capacidade mais provável de produção”
ou “habilidade de produção” e é importante para se proceder ao descarte de animais do rebanho. Por
exemplo, descartar fêmeas com base em sua produção de leite, mantendo as mais produtivas. Com
esta informação é possível comparar animais com números diferentes de informações.