A
Elaboração: Karma Ch'özang Yeshe
(k k0!8-0Wv+-/,-0+{-W-13~-&}=-Qm$-k k
Centro Budista Tibetano Kagyü Pende Gyamtso
Brasília, 2012
Sumário
Introdução......................................................................................................................... 1
Lição 1 - O Alfabeto e as Vogais ..................................................................................... 3
Lição 2 - Os sufixos primários e secundários .............................................................. 11
Lição 3 - Os sobrescritos................................................................................................ 15
Lição 4 - Os subscritos ................................................................................................... 18
Lição 5 - Os prefixos ...................................................................................................... 22
Lição 6 - Observações diversas ..................................................................................... 25
Lição 7 - Prática: alguns textos básicos ....................................................................... 28
APÊNDICE I - Alfabeto: ordem dos traços .................................................................... 30
APÊNDICE II - Estilos de caligrafia ................................................................................ 31
Bibliografia ..................................................................................................................... 36
1
Introdução
Para ilustrar alguns princípios, consideremos o seguinte trecho em tibetano, retirado
do Puja de Tchenrezig:
(k k=$=-W=-&}=-+$-3~#=-<m-1&}#-M1=-;k kA$-&u0-0:-`o-0+#-,m-[0=-=v-
1&mg k0+#-#m=-^m,-=}#=-0>m=-.8m-0=}+-,1=-<m=k k8E}-;-/,-@m:-=$=-W=-8Es0-
.:-<}#k ;,-#=v1k [-0[{+-,mk 0+#-=}#=-1"8-=0-={1=-%,->mk ]m-#2t#-.+-+!:-
O primeiro sinal que chama a atenção é o sinal ondulado logo no começo do texto.
Ele se chama yig go, e não tem nenhum sentido em si. Ele é colocado sempre no anverso
de uma página para poder distingui-lo do verso (lembrem-se: as páginas tibetanas, pela
tradição, não são encadernadas, mas deixadas soltas – daí a importância do yig go). Esse
sinal também é usado para indicar o começo de um texto ou de um capítulo.
Percebemos, ainda, um grupo de letras escritas em um tamanho menor. Em tibetano,
não existem artifícios tipográficos como itálico ou negrito. Para alguns usos – p.ex. para
escrever títulos e para fazer comentários fora do texto principal – o tibetano exige que
escrevamos em uma letra menor. No exemplo acima, o primeiro grupo de letras pequenas
é um comentário sobre o texto precedente ("repita 3 vezes"); o segundo grupo é, por outro
lado, a explicação da seção seguinte ("criação da divindade").
Outra coisa que nos chama a atenção é que, a cada certo número de letras, vemos
alguns espaços, delimitados (de um ou ambos os lados) por linhas verticais. Essas linhas,
chamadas de she, servem mais para mostrar uma pausa na recitação do que como uma
pontuação formal. Nesse texto, escrito em poesia, ele delimita os versos. Há vários tipos
de she (como, por exemplo, o que vemos no começo da segunda linha), mas essa diferença
não influi no sentido. Oportunamente, essa variedade será estudada.
Vemos também alguns pontos entre determinadas letras. Chamamo-los de ts'eg, e
eles são muito importantes na língua tibetana: eles delimitam as sílabas, a unidade
primordial da língua. De fato, o nome tibetano para “sílaba” ou mesmo “palavra” (em
certos contextos) é ts'eg bar, literalmente “entre [dois] ts'eg”.
O tibetano é uma língua de base silábica. Ou seja, cada sílaba pode ser uma palavra
independente, pode carregar um sentido completo. Todos nossos estudos nesse módulo,
portanto, se concentrarão na estrutura das sílabas e em como as diversas estruturas podem
influir na pronúncia.
A sílaba tibetana – ou seja, o conjunto de letras entra dois ts'eg (pontos) – pode ser
bem simples (formada apenas de uma letra) até bem complexa (com diversos elementos
anexados à letra principal).
2
① prefixo ⑤ vogal
② sobrescrito ⑥ sufixo (primário)
③ letra-raiz ⑦ sufixo (secundário)
④ subscrito
a) VOGAL vs. CONSOANTE: Uma vogal é um som em uma língua falada que é
caracterizado por uma configuração aberta e desimpedida do trato vocal.
Pronuncie algumas vogais como /a/, /e/ ou /i/ e note que o fluxo de ar,
"energizado" pela vibração das cordas vocais, passa livremente pela glote,
garganta, boca e lábios, sem encontrar nenhum obstáculo maior (lábios fechados,
língua nos dentes, etc.). As diferenças entre as várias vogais são um fator do
posicionamento das diversas partes móveis do trato vocal (lábios, mandíbula,
língua, úvula...) que, apesar de não constringir significativamente o fluxo de ar,
dão-lhe forma.
4
Já uma consoante é um som que é produzido por uma constrição, parcial ou total,
do trato vocal e um ou mais pontos. O som consonantal /p/ depende de um corte
no fluxo de ar através do fechamento dos dois lábios (daí a classificação
bilabial), por exemplo.
d) CONSOANTES SURDAS vs. SONORAS: esses termos descrevem o papel das pregas
vocais (ou cordas vocais) na produção do som. Consoantes surdas (ou não-
vozeadas) são produzidas com um fluxo de ar que vem direto dos pulmões
através das pregas vocais na posição aberta que, por isso, não vibram. Já
5
1 - traquéia
2 - laringe
3 - pregas vocais (glote)
4 - faringe
5 - cavidade bucal
6 - cavidade nasal
7 - véu palatino
8 - dentes
9 - língua
10 - lábios
11 - palato duro
12 - alvéolos
3) As 30 letras
4) Os sinais de vogal
5.1. 1ª linha
!-"-#-$- ka k'a ga nga
Essa linha reúne as consoantes com o ponto de articulação gutural, ou seja,
consoantes que são pronunciadas na garganta, elevando o fundo da língua de forma a tocar
o véu palatino ("campainha").
Conforme a regra exposta acima, a primeira consoante é surda. Ora, a surda gutural
nada mais é que ka.
A segunda é surda e aspirada. Então, devemos pronunciá-la como k'a, isto é, como
a anterior, seguida de uma forte aspiração.
A terceira é sonora. Daí, sabemos que ela representa o som ga. Esse som é sempre
"duro", mesmo, por exemplo, antes das vogais /e/ e /i/ - pronuncia-se /gue/ e /gui/.
1
Na verdade, trata-se de uma consoante de tom baixo, levemente sonora e levemente aspirada, dependendo do contexto. Isso
será explicado melhor nas aulas.
8
A quarta é nasal. A nasal desse ponto de articulação gutural é nga. Esse som não
existe em português. Pronuncia-se da seguinte forma: como nas palavras inglesas long e
singer, o /g/ não é pronunciado, somente "sugerido". Tomemos a palavra ming (nome)
como exemplo: primeiro, pronuncie-a como se o /g/ fosse pronunciado - algo como
/mingue/. Então, pronuncie novamente a palavra, mas pare no exato momento que sua
garganta se prepara para emitir o /g/ e não o deixe "explodir". Dessa forma você terá
pronunciado uma espécie de /n/ gutural ("na garganta"). Esse som não é difícil de ser
pronunciado em final de sílaba, mas é bom saber que, em tibetano, ele ocorre também no
começo de sílaba, como em nga (eu, ego).
5.2. 2ª linha
%-&-'-(- tcha tch'a dja nya
Essa linha reúne as consoantes africadas palatais. São, portanto, pronunciadas com
o dorso da língua em contato com o céu da boca. Como são africadas, elas são a junção de
uma plosiva /t/ ou /d/ com uma fricativa, no caso, palatal - /sh/ ou /j/.
A primeira é a surda - tcha (como em português).
A segunda é a aspirada - tch'a. Esta é pronunciada como a anterior, mas seguida de
uma forte aspiração.
A terceira é a sonora - dja.
Finalmente, a quarta é a nasal - nya, pronunciada exatamente como é transliterada,
ou seja, bem semelhante ao dígrafo nh em português.
5.3. 3ª linha
)-*-+-,- ta t'a da na
Essa linha é dedicada às consoantes dentais (ou alveolares) - a ponta da língua
encosta na protuberância do palato duro logo atrás dos dentes.
A primeira é a surda - ta.
A segunda é a aspirada - t'a.
A terceira é a sonora - da.
A terceira é a nasal - na.
A pronúncia das letras dessa linha é bem simples, e bem semelhante ao português. É
importante ressaltar, no entanto, que ti e di são bem pronunciados (à maneira nordestina),
e não são pronunciados /tchi/ e /dji/, como ocorre em muitos dialetos brasileiros.
5.4. 4ª linha
.-/-0-1- pa p'a ba ma
Essa é a linha das bilabiais. Como o nome bem obviamente ilustra, são
pronunciadas com o fechamento dos dois lábios.
A primeira, surda, é pa.
A segunda, aspirada, é p'a.
A terceira, sonora, é ba.
A quarta, nasal, é ma.
9
5.5. 5ª linha
2-3-4-5- tsa ts'a dza wa
Essa linha reúne as consoantes africadas dentais (compare com a segunda linha,
cujas letras são bem parecidas). Como africadas, são realizadas com a junção de uma
plosiva dental - /t/ ou /d/ - com uma fricativa dental - /s/ ou /z/, de acordo com o caso.
A surda é tsa.
A aspirada é ts'a. Sem nenhum mistério, basta adicionar uma forte aspiração ao
primeiro som da linha.
A sonora é dza.
A partir da última letra dessa linha, toda a lógica que nos serviu bem até agora é
quebrada. A quarta letra é pronunciada wa.
5.6. 6ª linha
6-7-8-9- sha sa a ya
Nessa linha e nas seguintes, como dito acima, não há mais "lógica".
A primeira letra é pronunciada sha. O encontro consonantal sh é pronunciado como
no inglês (sharp, shot), como o ch em português.
A segunda letra é pronunciada simplesmente sa. Alguns livros, no entanto, podem
trazê-la como sendo pronunciada za.
A consoante representada pela terceira letra é muda - ela assume o som da vogal que
ela carrega. Sem vogal nenhuma, ela é simplesmente a.2
A última é uma semivogal, pronunciada ya. É chamada de semivogal pois se parece
com uma vogal - no caso, /i/ - mas é pronunciada mais rapidamente e com mais
constrição, como uma consoante. O y é o mesmo do inglês, em yes ou yard.
5.7. 7ª linha
:-;-<-=- ra la sha sa
A primeira letra é ra, pronunciada como a consoante r no meio de palavras em
português, como em caro, não como em carro ou rato.
A segunda letra é la.
A terceira letra é sha. Ela é pronunciada exatamente como a sha da linha acima. Na
verdade, há uma sutil diferença - referente ao tom (baixo ou alto) - da letra, mas isso não
será objeto desse curso.
A quarta é sa. A mesma observação acima se aplica.
5.7. 8ª linha
>-?- ha a
A penúltima letra do alfabeto é a aspiração propriamente dita, ha. O h aqui nunca é
mudo, mas é pronunciado como o h do inglês em hospital ou hot.
2
No tibetano coloquial, essa letra, em certas palavras, soa como “w”, como em ལ o’la ou wo’la (embaixo)
10
6) Como soletrar
No tibetano, é muito importante saber soletrar as palavras, uma vez que é grande o
número de vocábulos homófonos (de pronúncia semelhante), cuja única diferença está no
ordenamento das letras (muitas delas mudas, como veremos depois).
Como aprendemos apenas as letras e as vogais até agora, nos ateremos, por ora, a
sílabas bem simples. Conforme formos estudando os demais elementos da sílaba tibetana,
voltaremos ao assunto da soletração. É importante aprender esse ponto muito bem!
Por enquanto, devemos internalizar a seguinte regra:
Primeiro, nomeia-se a letra raiz, depois a vogal, e por último a combinação.
Exemplos:
,}- na naro no 0{- ba drengbu be
"m- k'a guigu k'i bo- sha shabkyu shu
,-:}-9m- na; ra naro ro; ya guigu yi; na ro yi
7) Exercício
2) Sufixos Primários
#-$-+-,-0-1-8-:-;-=-
Dez letras (listadas acima) podem assumir a função de sufixos. Dividamo-las em
grupos e vejamos como elas influenciam a pronúncia da sílaba.
3
O sufixo ga nem sempre é pronunciado claramente. Especialmente no final de palavras (em contraposição a uma posição em
meio de palavra dissilábica, como "og ma"), esse som de g tende a desaparecer, deixando apenas uma "parada glotal" (escutada
no meio da interjeição inglesa "uh-oh"). Pela uniformidade, manteremos, no entanto, a transliteração com g.
12
${:- nga drengbu nge ra nger
.}8- pa naro po a po
#}$-`o-=}$-6m$- ga naro go nga gong; da shabkyu du; sa naro so nga
song; sha guigu shi nga shing; gong du song shing
Como pode ser visto no penúltimo exemplo acima, no caso do sufixo a, como seu
som consonantal é mudo, sua adição à sílaba na posição de sufixo não altera a pronúncia
do conjunto.
2.2.2. Sufixos que alteram a vogal, mas não adicionam seu som
+-=-
Essas letras, da e sa, apenas ocasionam o umlaut vocálico, sem adicionar seu som
consonantal. Exemplos deixarão esse processo mais claro:
2+- tsa da tse
;=- la sa le
=m+- sa guigu si da si
<m=- sha guigu shi sa shi
`o+- da shabkyu du da dü
;v=- la shabkyu lu sa lü
1{+- ma drengbu me da me
7{=- sa drengbu se sa se
#}+- ga naro go da gö
&}=- tch'a naro tch'o sa tch'ö
3) Sufixos Secundários
=-+-
Apenas duas letras podem ocupar essa posição. É importante saber que só há sufixo
secundário quando também há um sufixo primário! Os sufixos secundários não
influenciam a pronúncia de forma alguma – são "mudos". Estão lá apenas por razões
etimológicas.
Dos dois sufixos secundários possíveis, apenas o primeiro, sa, é comum. O segundo,
da, aparece muito raramente em algumas formas verbais, e é freqüentemente omitido em
edições mais modernas: nós não o estudaremos aqui, pois. Alguns exemplos:
;#=- la ga sa lag
=$=- sa nga sa sang
14
:m#=- ra guigu ri ga sa rig
={1=- sa drengbu se ma sa sem
;}$=- la naro lo nga sa long
/m0=- p'a guigu p'i ba sa p'ib
4) Exercício
Lição 3 - Os sobrescritos
1) Introdução
2) Ra sobrescrito (ra-go)
:-1#}-
A letra ra, de uma forma truncada (exceto sobre uma letra), pode aparecer como
sobrescrito de doze letras das trinta no alfabeto tibetano. Conforme explicado acima, o
sobrescrito não influencia a pronúncia do resto da sílaba. Vejamos:
: ! F-
+ = + =
: # G- + =
: $ H-
: + ' = I- : + ( = J- : + ) = K-
: + + = L- : + , = M- : + 0 = N-
: + 1 = O- : + 2 = P- : + 4 = Q-
Para soletrar esse e outros sobrescritos, há duas formas. A primeira consiste em:
a) nomear o sobrescrito;
b) nomear a letra-raiz;
c) juntar a conjunção dang ("e");
d) recitar o conjunto completo.
Ex.:
G-
ra ga dang ga
H}-
ra nga dang nga naro ngo
O segundo método, mais comum (e o que utilizaremos aqui), é semelhante ao usado
com os subscritos (lição 4):
a) nomear o sobrescrito;
b) nomear a letra-raiz;
c) juntar a palavra tag5 ("pendurado, ligado");
d) recitar o conjunto completo.
Ex.:
J{+-
ra nya tag nya drengbu nye da nye ra tsa tag tsa
P-
4
Para sermos mais precisos, os sobrescritos fazem com que as consoantes que chamamos de “sonoras” aqui (ga, dza, da, etc)
se tornem realmente sonoras e percam qualquer aspiração que possam ter. O mesmo ocorre com os prefixos (lição 5).
5
lembre-se que o sufixo g de tag é quase mudo. V. nota à página 11.
16
3) La sobrescrito (la-go)
;-1#}-
A letra la pode se ligar como sobrescrito a dez letras. Ao contrário do que acontece
com o ra-go, o la nessa posição não sofre nenhuma mudança de forma.
; ! R-
+ =
; # S-
+ =
; $ T-
+ =
; + % = U- ; + ' = V- ; + ) = W-
; + + = X- ; + . = Y- ; + 0 = Z-
Na última combinação, temos a única exceção dos sobrescritos. A combinação de
la-go e a letra-raiz ha não é pronunciada ha, mas hla (com o som aspirado do h
pronunciado ao mesmo tempo do l):
+
; > [-
=
Exemplos de como soletrar:
V$-]o- la ja tag dja nga djang; ga shabkyu gu; djang gu
X}#-&}=- la da tag da naro do ga dog; tch'a naro tch'o sa tch'ö; dog tch'ö
Jm$-1- ra nya tag nya guigu nyi nga nying; ma; nying ma
4) Sa sobrescrito (sa-go)
=-1#}-
Onze letras podem se ligar ao sa sobrescrito. Aqui não há nenhuma exceção:
= ! !-
+ =
= # "-
+ = +
= $ #-
=
= + ( = $- = + ) = %- = + + = &-
= + , = '- = + . = (- = + 0 = )-
= + 1 = *- = + 2 = +-
Exemplos:
+};-/}+- sa tsa tag tsa naro tso la tsöl; p'a naro p'o da p'ö; tsöl p'ö
$m$-.}- sa nya tag nya guigu nyi nga nying; pa naro po; nying po
#-I{=- sa nga tag nga; ra dja tag dja drengbu dje sa dje; nga dje
17
5) Observação
6) Exercício
Lição 4 - Os subscritos
1) Introdução
Os subscritos, como seu nome sugere, são letras que se ligam à letra-raiz por sua
base. Seu estudo é muito importante, principalmente porque sua presença altera muitas
vezes profundamente a pronúncia da sílaba.
Três letras podem assumir essa posição: ya, ra e la. Quando nessa posição, são
conhecidas como ya-tag, ra-tag e la-tag; esse tag é o mesmo a que nos referimos na lição
anterior: ele significa algo como "pendurado, ligado". Conforme visto na introdução, há
casos em que há tanto subscritos quanto sobrescritos numa mesma sílaba.
2) Ya subscrito (ya-tag)
A letra ya pode aparecer subscrita a sete letras, e modifica o som de todas elas. Ela
assume uma forma truncada especial nessa posição, representada no título dessa seção.
Nós estudaremos ao mesmo tempo os sons resultantes dessa combinação especial e
a forma de soletrá-los. Como notarão, usa-se a mesma regra de soletração dos sobrescritos:
lê-se a letra que está acima (no caso, a letra-raiz), depois a letra de baixo (o subscrito),
junta-se a sílaba tag e recita-se o som final. Vejamos, então:
! + 9 = <- ka ya tag = KYA
" + 9 = =- k'a ya tag = K'YA
# + 9 = >- ga ya tag = GYA
. + 9 = ?- pa ya tag = TCHA (=
%-)
/ + 9 = @- p'a ya tag = TCH'A
&-
(= )
0 + 9 = A- ba ya tag = DJA
'-
(= )
1 + 9 = B- ma ya tag = NYA
(-
(= )
3) Ra subscrito (ra-tag)
1 + : = L- = MA (ou NA)
, + : = *- = NA
< + : = M- = SHA
= + : = N- = SA
> + : = O- = HRA (ou HA)
Alguns exemplos com ra-tag:
J-+}#- p'a ra tag t'ra; da naro do ga dog; t'ra dog
20
E{$=- ga ra tag dra drengbu dre nga sa dreng
N}#=- sa ra tag sa naro so ga sa sog
c=-.- sa pa tag pa ra tag tra sa tre; pa; tre pa
D1-7};- k'a ra tag t'ra ma t'ram; sa naro so la söl; t'ram söl
Om;-0v- ha ra tag hra guigu hri la hril; ba shabkyu bu; hril bu
@#-Hs#-.- p'a ya tag tch'a ga tch'ag; da ra tag dra shabkyu dru ga drug; pa;
tch'ag drug pa
4) La subscrito (la-tag)
;-
A letra la, por último, pode atuar como subscrito de seis letras. Em todos os casos,
exceto um, a combinação resultante será lida simplesmente la.
A única exceção é a letra sa (sexta linha do alfabeto) – em conjunção com o la-tag,
ela passa a ser lida não la, mas da. Vejamos a tabela do la-tag:
! ; P-
+ = LA
# ; Q-
+ = LA
0 + ; = R- LA
: + ; = T- LA
= + ; = U- LA
7 + ; = S- DA
5) Exercício
Lição 5 - Os prefixos
1) Introdução
Essa lição se concentra sobre o último dos elementos estruturais da sílaba tibetana
de acordo com a ordem adotada neste método: os prefixos. Como seu nome sugere, os
prefixos são letras que podem aparecer na posição que existe antes da letra-raiz (v. fig. 1,
p. 02).
Conforme será exposto abaixo, cinco letras podem assumir o papel de prefixos.
Como regra geral, prefixos não alteram a pronúncia da sílaba6. Há exceções, que serão
discutidas no momento apropriado.
6
Como os sobrescritos, no entanto, reforçam o caráter sonoro e eliminam qualquer aspiração que as consoantes da terceira
coluna das primeiras linhas (ga, dza, da, etc) possam ter. Esse efeito não existe com os subscritos.
7
8}#- - lembre-se que o sufixo g de og é quase mudo. V. nota à página 11.
23
Há uma exceção à regra ditada acima, de que os prefixos não alteram a pronúncia da
sílaba de que fazem parte. Quando uma sílaba cuja letra-raiz é ba tem a letra da como
prefixo, pode acontecer um de dois fenômenos:
a) Se não houver nenhuma vogal (exceto o a inerente) ou subscrito, a combinação
da og ba é pronunciada não como ba, mas WA. Exemplos:
+0$- da og ba nga WANG
+0+- da og ba da WE
b) Se houver uma vogal ou subscrito (ou ambos), tanto o prefixo quanto a letra-
raiz se tornam mudos – ou seja, só se pronunciará a partir da vogal ou do
subscrito. Exemplos:
+0{,- da og ba drengbu E na EN
+0v-
da og ba shabkyu U
+A$=- da og ba ya tag YA nga sa YANG
+Am0=- da og ba ya tag YA guigu YI ba sa YIB
+K;- da og ba ra tag RA la REL
+K#- da og ba ra tag RA ga RAG
4) Prefixos e eufonia
Há mais uma observação importante a ser feita em relação aos prefixos. Essas letras,
mudas atualmente, existem por uma razão: quando o alfabeto foi criado (e mesmo
atualmente em algumas regiões do Tibet como Amdo), muitas dessas letras eram
pronunciadas. Mesmo agora, em alguns contextos específicos, alguns desses prefixos
podem ser pronunciados.
Existe uma situação em que isso ocorre de forma mais consistente (embora ainda
opcional). Embora cada sílaba tibetana seja por si só uma unidade independente e plena de
sentido, são bem comuns palavras de duas ou mais sílabas. No interior de uma palavra
dessas, quando uma sílaba termina em vogal (i.e. sem nenhum prefixo), e a seguinte
começa em prefixos como ma ou a, esses prefixos passam a ser pronunciados como uma
nasal, por um fenômeno conhecido como eufonia ("melhor sonoridade"):
W-13~- gya + ts'o = gyamts'o
+#{-8`o,- gue + dün = guendün
24
É bom sempre lembrar que essa transformação não é obrigatória – alguns falantes a
usam enquanto outros preferem usar a forma mais "regular". Tanto faz, então, falar gyats'o
ou gyamts'o, assim como guedün ou guendün.
Esse fenômeno pode ocorrer, embora menos freqüentemente, com outros sufixos (e
até mesmo, bem raramente, com sobrescritos). Precisa, para ocorrer, como acima, que uma
sílaba seja aberta (ou seja, termine em vogal) e a sílaba seguinte – na mesma palavra –
tenha um prefixo.
Por exemplo, na língua falada, esse fenômeno ocorre consistentemente em algumas
palavras, como alguns nomes, números, etc.:
06m-0%t- shi + tchu = shibtchu (quarenta)
0%t-0`o,- tchu + dün = tchubdün (dezessete)
0%t-#=v1- tchu + sum = tchugsum (treze)
R}-07$- lo + sang = lobsang (prenome)
Como mencionado acima, existem algumas palavras – muito raras – em que mesmo
um sobrescrito é pronunciado. O exemplo mais conhecido é a palavra dorje (equivalente
ao sânscrito vajra, "diamante, raio"), em que essa transformação por eufonia é obrigatória
(não existe a palavra dodje):
L}-I{- do + dje = dor dje
5) Exercício
Existe, de fato, mais uma letra que pode aparecer como subscrito – a letra wa. Ao
contrário dos outros subscritos, ele não altera de forma alguma a pronúncia. Essa forma
alterada da letra é chamada de wasur8 (algo como "ângulo, canto do wa").
Ele pode aparecer com dezesseis letras:
,-ka
.-
k'a ga
/- 0- tcha
1- nya
2- ta
3- da
4- tsa
5- ts'a
6- sha
7- sa
8- ra
L- la
9- sha
:- sa
;- ha
Para soletrar, é fácil:
3$=- da wasur da nga sa dang
Esse wasur é bem pouco comum – ele costuma aparecer para desfazer
ambigüidades: tanto quando essas surgem em razão de ortografias coincidentes (1), quanto
nas situações em que surge a necessidade de marcar a letra raiz para desfazer uma
dubiedade na pronúncia (2):
3-
ts'a = "quente" vs.
5-
ts'a = "sal" (1)
+#=- dag ou gue??
3#=- dag (2)
Por final, esse é o único subscrito que pode aparecer junto de um outro subscrito
(ra-tag), como na palavra:
U}0-f-lob dra "escola"
9
.-.}-1-1}-0-0}-
27
mas:
8E}-0- dro wa
1*}$-0- t'ong wa
$}-0}- ngo wo
[{-0}- kye wo
Nesses casos, mesmo que se adicione terminações gramaticais como os sufixos sa e
ra (respectivamente, contrações das partículas agentiva e de direção), ou as contrações
gramaticais estudadas no item anterior, a pronuncia em wa e wo permanecem inalteradas.
Exemplos:
$}-0}:- ngo wor
[{-0}=- kye wö
8E}-08m- dro we(i)
1*}$-08$- t'ong waang
28
༄༅། ། ལ། །
། །
།།
ལ །
༄༅། ། ། །
། །
། །
ལ ལ། །
29
ལ ལ
༄༅། །
ལ ། ། ལ ལ
། ། ལ ། །
ལ ། ། ལ
༑ ། ལ ། །
6) Dedicação de mérito
༄༅། ། ། །
། །
། །
ལ ལ །
30
ཀ ཁ ག ང ཅ ཆ ཇ
ཀ་ ཁ་ ག་ ང་ ཅ་ ཆ་ ཇ་ ་
ཎ ཏ ཐ དྷ ན པ ཕ བྷ
ཎ་ ཏ་ ཐ་ དྷ་ ན་ པ་ ཕ་ བྷ་
མ ཙ ཚ ཛྷ ཝ ཞ ཟ འ
མ་ ཙ་ ཚ་ ཛྷ་ ཝ་ ཞ་ ཟ་ འ་
ཡ ར ལ ཥ ས ཧ
ཡ་ ར་ ལ་ ཥ་ ས་ ཧ་
10
ཐ ཅདྷ “com cabeça” 11
ཐ བྷཐ “sem cabeça”
32
As quatro vogais ཐ ངཥ ཕཝ
ཧ ཧ ཧ
ཧ་ ་ ཧ་ ཧ་
Exemplos de consoantes com sinais vocálicos
ཀ ག ང ཅ ཇ ཎ ཐ དྷ
ཀ་ ་ ག་ ང་ ཅ་ ་ ཇ ་ ་ ཎ་ ་ ཐ་ དྷ་
ན ཕ བྷ མ ཚ ཛྷ ཝ ཟ འ
ན་ ་ ཕ ་ བྷ་ མ་ ་ ཚ ་ ཛྷ་ ཝ་ ་ ཟ ་ འ་
ཡ ལ ཥ ས ཧ
ཡ་ ་ ལ་ ཥ་ ས་ ཧ་
Combinações consonantais
Yatag (ya subscrito) འ ཕཎགཥ
་ ་ ་ ་ ་ ་ ་
Ratag (ra subscrito) ཡ ཕཎགཥ
་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་
33
་ ་ ་ ་ ་
་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་
་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་
་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་
34
Combinações consonantais + u
་ ་ ་ ་ ་ ་ ་
་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་
་ ་ ་ ་ ་
ཉ་ ཊ་ ཋ་ ཌྷ་ ཤ་
གྷ་ བ་ ཌ་ ད་ ཛ་ ཨ་
Números ༡ ༢ ༣ ༤ ༥ ༦ ༧ ༨ ༩ ༠
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0
35
༄༅། ། ལ། །
༑ ། ། ། ལ
༄༅། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། །
། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། །
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༄༅། ། ། །། ། ། ། །། ། ། །། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། །
། ། །། ། ། ། ། ། །
༄༄ ། །སངས ས ང ས ས ། །ང
ས ། ། ས ས ས ས། །
ས ས །
36
Bibliografia