Você está na página 1de 21

Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017

Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas


Felipe Candido Veloso Costa–felipecvcosta@gmail.com
MBA em Projeto, Execução e Controle de Estruturas e Fundações
Instituto de Pós-Graduação e Graduação - IPOG
Brasília, DF, 07 de Novembro de 2016.

Resumo
No dimensionamento de fundações profundas, além das condições financeiras, a definição da
estaca mais adequada está em função de diferentes fatores, como por exemplo, as cargas
atuantes, resistência do solo, vizinhança, etc. Entretanto, posteriormente a sua escolha,
existem outros aspectos que ao serem avaliados podem ser decisivos para atingir o melhor
“custo x benefício”. Diante disso, este trabalho irá analisar, para duas modalidades de
estacas, pré-moldadas de concreto e hélice contínua, a relação entre as quantidades de
estacas em decorrência da variação do seu diâmetro no dimensionamento dos blocos de
fundação, com objetivo de identificar as soluções mais econômicas e os elementos que
oneram a obra. O trabalho se desenvolveu através de pesquisa bibliográfica, em seguida
foram demonstrados os métodos utilizados e os parâmetros adotados nos cálculos, para
finalmente apresentar e comparar as soluções. Os resultados apontam que a opção por
blocos com números reduzidos de estacas, porém com maiores capacidades de carga, tendem
a reduzir as despesas da construção. Deste modo, conclui-se que expandir a análise das
alternativas na fase de elaboração de projetos, simultaneamente a verificação dos custos, é
um recurso que encaminha para qualidade e economia.

Palavras-chave: Fundações. Estacas. Blocos de Fundações. Orçamento.

1. Introdução
Na elaboração do projeto de fundações, assim como em outras modalidades, o engenheiro
precisa dispor de uma série de informações para desenvolver o seu trabalho. No
dimensionamento de fundações em estacas, mais especificamente, pode-se citar os seguintes
elementos como necessários para a escolha da solução mais adequada: esforços atuantes,
características do subsolo, particularidades do local da obra, condições da vizinhança, prazose
custos de execução.O custo de execução é somente um dos aspectos a serem avaliados na
escolha do tipo de estaqueamento mais apropriado para a obra, contudo esse fator é muito
importante, pois o preço final da construção pode ser decisivo na viabilidade do
empreendimento. Sendo assim, é esperado que os engenheiros além de buscarem os produtos
mais econômicos, também procurem potencializar a redução das despesas a começar na
elaboração dos projetos.
Este artigo visa analisar, em projeto de fundações profundas, a fase posterior à escolha do tipo
de estaca mais viável. Para isso, será verificada a relação existente entre as quantidades de
estacas em decorrência da variação do seu diâmetro, no dimensionamento dos blocos de
fundação, com objetivo de identificar as soluções mais econômicas e os elementos que
oneram a obra. Deste modo, serão calculados diferentes conjuntos de blocos de coroamento e

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
2

estacas, com capacidade de suportarem o mesmo nível de carregamento, e posteriormente


seus custos serão detalhados para a devida comparação.
O trabalho se desenvolveu através de pesquisas em livros de diferentes autores renomados e
referências sobre o assunto, além de publicações e artigos acadêmicos especializados. Os
métodos adotados nos cálculos das capacidades de carga das estacas, em solo, foram os semi-
empíricos de Aoki-Velloso (1975) e Décourt-Quaresma (1978), no dimensionamento dos
blocos de coroamento utilizou-se o método das bielas, de Blévot (1967), e no levantamento
dos custos buscou-se a referência do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil - SINAPI. Nodecorrer dos capítulos serão apresentados esclarecimentos
sobre a importância do estudo comparativo de custos durante a elaboração dos projetos de
engenharia, introdução a fundações, critérios para escolha do tipo de estaca, caracterizações
das estacas pré-moldadas e hélice contínua, métodos para determinação da capacidade de
carga e dimensionamento dos blocos, orçamento e, por fim, a apresentação dos resultados e a
conclusão.

2. A importância do estudo comparativo de custos durante a elaboração dos


projetos de engenharia
A construção civil vem buscando incessantemente por reduções de custos, devido a atual
realidade da economia brasileira e também pela concorrência existente no mercado, sendo o
custo final de uma obra um dos principais fatores que decidem pela realização ou não do
empreendimento.No livro de metodologia e conceitos, do Sistema Nacional de Pesquisa de
Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI, o custo está definido como “[...] tudo aquilo
que onera o construtor; representa todo o gasto envolvido na produção, ou seja, todos os
insumos da obra, assim como toda a infraestrutura necessária para a produção”. (CAIXA,
2016, p. 4)
Para que uma empresa viabilize um empreendimento, mantenha sua competitividade e
obtenha lucros é importante que reduza os custos da execução da obra, para isso é necessário
um bom planejamento em todas as suas etapas, principalmente na fase de elaboração dos
projetos da obra. Segundo a lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que institui normas para
licitações e contratos da Administração Pública, o projeto executivo é definido como o
conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra e devemestar
consoante com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Assim sendo, no projeto ficam definidos todos os detalhes, especificações, procedimentos,
etc. que serão executados pelo construtor. Faz-se importante que o engenheiro projetista tenha
atenção para os diversos recursos existentes como solução para a obra e estude os custos
envolvidos, de modo a obter o melhor custo x benefício, antes da conclusão do projeto que
será encaminhado para a execução.
Neste estudo serão analisadas determinadas soluções em projetos de fundações, com o
objetivo de apresentar os resultados que podem gerar economia para uma obra e identificar os
pontos que provocam maior custo na execução.

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
3

3. Fundações
A fundação é o elemento estrutural responsável por receber as cargas da superestrutura e
transmiti-la para o solo, além disso, ela possui grande importância na estabilidade da
construção.
De acordo com Velloso e Lopes (2011), as fundações são convencionalmente separadas em
dois grandes grupos: as fundações superficiais (rasas ou diretas) e fundações profundas.A
norma NBR 6122/2010 define as fundações superficiais (rasa ou direta) como o elemento em
que a carga é transmitida ao terreno pelas tensões distribuídas sob a base da fundação, e a
profundidade de assentamento em relação ao terreno adjacente à fundação é inferior a duas
vezes a menor dimensão da fundação. As fundações profundas correspondem ao elemento da
fundação que transmite a carga ao terreno ou pela base (resistência de ponta) ou por sua
superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas, devendo sua ponta
ou base estar assente em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e
no mínimo 3,0 m. Neste tipo de fundação incluem-se as estacas e tubulões.
A escolha do tipo adequado de fundação, além das características da superestrutura, envolve
também estudos relativos às propriedades do solo, tais como sua deformidade e resistência.
As estacas, um dos objetos deste trabalho, estão classificadas dentro das fundações profundas
e são adotadas quando o solo em suas camadas superficiais não é capaz de suportar ações
originadas da superestrutura, sendo necessário, portanto, buscar resistência em camadas mais
profundas. As estacas são peças alongadas, com formatos cilíndricos ou prismáticos, que
podem ser classificadas, quanto ao processo executivo, como pré-moldadas ou moldadas in
loco. Conforme se pode notar na definição a seguir:
estaca
elemento de fundação profunda executado inteiramente por equipamentos ou
ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua execução, haja descida de pessoas.
Os materiais empregados podem ser: madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto
moldado in loco ou pela combinação dos anteriores. (NBR 6122, 2010, p. 3)
Existe hoje uma variedade muito grande de estacas para fundações, as pré-moldadas podem
ser constituídas de madeira, aço ou concreto, sendo que este último é o mais empregado. Já as
moldadas in loco são, em maior parte, compostas de concreto armado e são diferenciadas pelo
seu método construtivo, como por exemplo, as estacas escavadas, tipo broca, strauss, raiz,
hélice contínua, etc.Quando as estacas são adotadas, como solução nas fundações, faz-se
necessário a construção de outro elemento estrutural: o bloco de coroamento (bloco sobre
estacas). Grande parte dos autores definem os blocos como elementos maciços de concreto
armado que solidarizam uma ou um grupo de estacas, distribuindo para elas as cargas
provenientes da superestrutura. A NBR 6122/2010 conceitua os blocos em “[...] estruturas de
volume usadas para transmitir às estacas e aos tubulões as cargas de fundação [...]”.
As quantidades de estacas, em um bloco de coroamento, dependem basicamente das suas
capacidades de carga e das ações provenientes da superestrutura. Deste modo, para um
determinado carregamento, após a definição do tipo mais adequado para a fundação, o
projetista poderá optar por poucas estacas de maior capacidade de carga ou um maior número
dessas com menores resistências. Existindo essa possibilidade de escolha é conveniente
estudar a opção que poderá gerar economia para a obra.

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
4

4. Critérios para a escolha do tipo de estacas


As variáveis para escolha da fundação são diversas e a solução pode ser obtida por
eliminação, excluindo-se as alternativas que não satisfaçam aos critérios do caso em
estudo.Segundo Velloso e Lopes (1998), na escolha do tipo de estacas é preciso levar em
conta os seguintes aspectos:
 Esforços nas fundações: disposição, grandeza e natureza das cargas a serem transferidas ao
subsolo;
 Características do subsolo: identificar a presença de argilas muito moles, solos muito
resistentes, com matacões, nível do lençol d’água, aterros recentes, etc.;
 Característica do local da obra: terrenos acidentados, local com obstrução na altura,
ocorrência de lamina d’água, etc.;
 Características das edificações vizinhas: tipo e profundidade das fundações, existência de
subsolos, sensibilidade a vibrações, danos existentes, etc.;
 Custo e Prazo de execução: Algumas obras podem permitir uma variedade de soluções.
Nesse caso é interessante proceder-se a um estudo de alternativas e fazer a escolha com
base no menor custo e menor prazo de execução.
Além dos critérios técnicos, acima mencionados, é importante observar também a
experiencial local e a disponibilidade de mão de obra e equipamentos próximos à região de
implantação da obra, uma vez que, o custo de mobilização pode ser determinante na escolha
da alternativa.Dentre as opções existentes nas duas categorias de estacas, pré-moldadas e
moldadas in loco, foram escolhidos dois tipos para serem estudadas neste trabalho: pré-
moldada de concreto e escavada tipo hélice continua. A seguir serão apresentadas suas
definições, processos executivos, vantagens e desvantagens, assimpoderá ser possível
observar em quais situações elas podem ser aplicadas.

4.1. Estacas pré-moldadas de concreto


As estacas pré-moldadas de concreto podem ser simplesmente armadas ou protendidas e
também se diferenciam pelo processo de produção, por vibração ou centrifugação. As seções
transversais mais comumente empregadas são a circular, a quadrada, a hexagonal e a
octogonal, podendo ser maciças ou vazadas.A fabricação das estacas é realizada em
segmentos e o seu comprimento é limitado devido às dificuldades no transporte e ao seu
manuseio. Dessa forma, caso haja necessidade de estacas com grandes tamanhos, as peças
devem ser emendadas, seja através de solda, de luvas soldadas ou luvas de simples encaixe,
desde que a seção da emenda possa resistir a todas as solicitações que a estaca estará
submetida.
A armação das estacas deve atender aos esforços de manuseio, como: cravação, transporte,
carga, descarga e utilização. Para tanto, em decorrência dos esforços de cravação, em suas
duas extremidades, deve haver reforço da armação transversal.As peças pré-moldadas de
concretosão indicadas para terrenos onde a camada resistente do solo encontra-se muito
profunda, sob uma camada espessa de solo mole ou com nível de lençol d’água elevado.
ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
5

Essas estacas não são recomendadas para solos muito resistentes ou com a presença de
matacões, pois dificultam, ou até mesmo impedem, a sua cravação.
Conforme as indicações da NBR 6122/2010, a cravação pode ser feita por percussão,
prensagem ou vibração. A escolha do equipamento deve ser feita de acordo com o tipo e
dimensão da estaca, as características do solo, as condições da vizinhança, as características
do projeto e as peculiaridades do local. O sistema de cravação dever estar sempre bem
ajustado e com todas as suas partes constituintesem perfeito estado, tanto estruturais quanto
acessórias, a fim de evitar quaisquer danos às estacas durante a cravação. Além disso, o
sistema deve ser dimensionado de modo que a estaca atinja a profundidade prevista sem
danificá-la.
O processo de cravação normalmente utilizado é a percussão com martelos acoplados ao bate-
estaca. Nesse procedimento o bate-estaca é direcionado ao piquete indicador do centro da
estaca a ser cravada, a torre do equipamento é aprumada e, com auxílio de cabos, a estaca nela
é posicionada com a base assentada sobre o local adequado no solo. Em seguida, o martelo,
juntamente com o capacete, é descido até seu encaixe na cabeça da estaca. Então, inicia-se a
cravação até a profundidade que atinja a capacidade de carga desejada.
Dentre as vantagens na utilização das estacas pré-moldadas de concreto, podemos citar:
 Um maior controle de qualidade durante a fabricação da estaca;
 O material da estaca pode ser inspecionado antes da cravação;
 O procedimento de construção não é afetado pelo lençol freático;
 O diâmetro e comprimentos são precisos;
 Podem ser cravadas em grandes comprimentos;
 Menor geração de resíduos em obras, em comparação com as escavadas.
A grande vantagem das estacas pré-moldadas sobre as moldadas no terreno está na
boa qualidade do concreto que se pode obter e no fato de que os agentes agressivos,
eventualmente encontrados no solo, nenhuma ação terão na pega e cura do concreto.
Outra vantagem é a segurança que oferecem na passagem através de camadas muito
moles, onde a concretagem in loco pode apresentar problemas. (VELLOSO E
LOPES, 2002, p.21)
As desvantagens são:
 Dificuldade de cravação em solos compactos;
 Vibrações e ruídos em excesso, gerando transtornos para vizinhança;
 Podem sofrer danos durante a cravação;
 Sobra ou quebras que geram perdas significativas;
 Limitação de pé-direito em função da elevada altura do equipamento de cravação;
 Possíveis dificuldades de transporte dentro da obra.
Conforme averígua-se nos estudo realizados por Velloso e Lopes (2002):
Como desvantagem principal das estacas pré-moldadas pode ser apontada a
dificuldade de adaptação às variações do terreno. Se a profundidade em que se
encontra a camada resistente não for relativamente constante e se a previsão de
comprimento não for feita cuidadosamente, ter-se-á que enfrentar o problema do
corte ou emenda de estacas com sérios prejuízos para a economia da obra.

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
6

(VELLOSO E LOPES, 2002, p. 21)

4.2. Estacas hélice contínua


A estaca hélice contínua é uma estaca de concreto moldada in loco, que pode ser executada
com diâmetro, da seção transversal, de 25 cm a 150 cm, o que permite possuir variadas
capacidades de carga estrutural com valor máximo acima de 1.000 tf e sua profundidade
limite alcança até 38 m.
É uma estaca de concreto moldada in loco, executada mediante a introdução no
terreno, por rotação, de um trado helicoidal contínuo. A injeção de concreto é feita
pela haste central do trado simultaneamente à sua retirada. A armadura é sempre
colocada após a concretagem da estaca. (NBR 6122,2010, p. 52)
O sistema pode ser empregado na maioria dos tipos de solos, exceto em locais onde há a
presença de matacões e rochas. Segundo Tarozzo e Antunes (1998), as estacas hélice contínua
oferecem uma solução técnica e economicamente interessante quando aplicadas em centros
urbanos, próximo a estruturas existentes, escolas, hospitais e edifícios históricos, por não
produzir distúrbios ou vibrações e por não causar descompressão do solo. Igualmente, podem
ser uma boa solução em obras industriais e em conjuntos habitacionais, onde, em geral, há um
grande número de estacas sem variações de diâmetros, devido à produtividade alcançada.
O equipamento normalmente utilizado para execução das estacas é uma perfuratriz hidráulica
sobre esteira, a qual é constituída por uma torre metálica com um trado helicoidal contínuo. O
seu trabalho consiste na cravação dessa hélice no terreno por rotação, com um torque
apropriado para que vença a resistência do solo, alcançando a profundidade determinada em
projeto. A perfuração deve ocorrer de forma contínua e ininterrupta sem que em nenhum
momento a hélice seja retirada do furo, ao atingir a profundidade desejada, inicia-se a
concretagem da estaca por bombeamento do concreto pelo interior da haste tubular. Neste
mesmo período a hélice passa a ser extraída pelo equipamento e o concreto injetado sob
pressão positiva, preenchendo simultaneamente a cavidade da extração. A pressão positiva
visa garantir continuidade e a integridade do fuste da estaca, e os resíduos de solos, oriundos
da escavação, são extraídos de uma escavadeira.
Após a concretagem e retirada da haste do terreno, a armadura é colocada na estaca por
gravidade ou com auxílio de um pilão de pequena carga que aumentará o peso da gaiola,
facilitando a penetração da mesma na estaca concretada.A colocação da armadura deve ser
feita imediatamente após a concretagem. A armação, em forma de gaiola, é descida por
gravidade ou com auxílio de um pilão de pequena carga ou vibrador, para facilitar sua
colocação é importante que ela seja enrijecida.
Destacam-se como vantagens da utilização da estaca hélice contínua:
 Elevada produtividade, promovida pela versatilidade do equipamento, que por sua vez leva
à economia devido à redução dos cronogramas de obra;
 Pode ser executada na maior parte dos maciços de solo;
 Os equipamentos permitem atravessar camada de solos resistentes;
 Não há desconfinamento lateral do solo;

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
7

 Não produz distúrbios e vibrações típicos dos equipamentos a percussão;


 Controle de qualidade dos serviços executados.
Já as principais desvantagens são:
 O equipamento possui grande porte e necessita de áreas planas, com maior capacidade de
suporte e de fácil movimentação;
 Pela sua alta produtividade exige central de concreto no canteiro de obras;
 Devido ao custo elevado é necessário um número mínimo de estacas a se executar para
compensar o gasto com a mobilização do equipamento;
 Utilização cuidadosa na execução em camadas de solos moles em relação a um elevado
sobreconsumo de concreto.

5. Parâmetros para análise


A análise comparativa de custos partirá, previamente, do dimensionamento de diferentes
blocos de coroamento, com quantidades variadas de estacas, submetidas aos mesmos
parâmetros de cálculos. Deste modo, serão obtidas variadas soluções com capacidade de
suportarem o mesmo nível de carregamento, estassoluções serão o objeto deste estudo, através
do detalhamento dos seus custos para a devida avaliação.
Para odimensionamento será adotado o carregamento vertical de 100 tf, proveniente de um
pilar de seção quadrada de 30 cm de lado e as características do solo estão ilustradas através
do relatório de sondagem abaixo:

Figura 1 – Relatório de Sondagem


Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2016)

A figura acima corresponde ao relatório de uma sondagem SPT (Standart Penetration Test),
que é um processo de exploração do subsolo, o qual obtém os subsídios necessários na
definição do tipo e dimensionamento das fundações. O seu procedimento executivo está

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
8

normalizado na NBR 6484/2001 e tem a finalidade de constatar as características do solo em


suas respectivas profundidades de ocorrência, a posição do nível d’água e os índices de
resistência à penetração (N) a cada metro.

6. Capacidade de carga em estacas


A capacidade de carga de uma estaca é obtida com o menor entre os valores da resistência
estrutural da estaca e a resistência do solo que lhe dá suporte.

6.1. Resistência estrutural da estaca


O dimensionamento estrutural das estacas pré-moldadas de concreto deve seguir as diretrizes
das NBR 6118/2014 e NBR 9062/2006, limitando o fck a 40,0 MPa, conforme está prescrito
na NBR 6122/2010. Os cálculos deverão considerar os esforços atuantes pela ação da
estrutura e os provenientes da execução, manipulação e cravação; a carga máxima estrutural
das estacas pré-moldadas, para projetos, é comumente indicada nos catálogos técnicos das
firmas fabricantes, para este trabalho, os dados utilizados serão os extraídos do catálogo da
empresa INCOPRE – Pré-Fabricados de Concreto (os dados estão apresentados na Tabela 4).
Segundo a NBR 6122/2010, as estacas moldadas in locoquando solicitadas a cargas de
compressão e tensões limitadas aos valores da Tabela 4, da própria norma, podem ser
executadas em concreto não armado, exceto quanto à armadura de ligação com o bloco. Deste
modo, para a carga máxima estrutural das estacas hélice contínua foi considerado uma tensão
de 6 MPa e consequentemente, para sua armação, observou-se os parâmetros mínimos de
0,5% com relação a área de seção transversal e 4,00 metros ao comprimento.

Figura 2 - Estacas moldadas in loco: parâmetros para dimensionamento


Fonte: ABNT NBR 6122 (2010)

6.2. Resistência da estaca com relação ao solo


Segundo Décourt (1998), uma estaca submetida a um carregamento vertical irá resistir a essa
solicitação parcialmente pela resistência ao cisalhamento gerada ao longo de seu fuste e
parcialmente pelas tensões normais geradas ao nível de sua ponta. A soma dessas duas
parcelas corresponde à capacidade de carga da estaca e pode ser obtida a partir da utilização e

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
9

interpretação de um ou mais procedimentos, tais como, provas de carga, métodos estáticos


(teóricos ou semi-empíricos) e métodos dinâmicos.
A figura abaixo esquematiza o equilíbrio entre a carga aplicada e as resistências oferecidas
pelo solo.

Figura 3 – Parcelas de resistência que constituem a capacidade de carga


Fonte: Adaptado de Cintra e Aoki (2010)
Realizando o equacionamento matemático, por equilíbrio de forças, a capacidade de carga da
estaca, ou carga de ruptura, é obtida pela seguinte expressão:
PR = PL + PP
No Brasil, dois métodos semi-empíricossão amplamente utilizados para o dimensionamento
de fundações em estacas: Aoki e Velloso (1975) e Décourt e Quaresma (1978). Ambos
apresentaram um processo de avaliação da capacidade de carga com base nos resultados do
ensaio SPT.

6.2.1. Método Aoki e Velloso (1975)


a) A parcela da resistênciaporatrito lateral (PL) é dada por:

PL = U (∆l ∙ r )

 r : Resistência unitária lateral, desenvolvida no contato do fuste com solo;


 U: Perímetro da estaca;
 ∆l: Trecho do fuste onde se admite r constante.
b) A parcela da resistência de ponta (PP) é dada por:
PP = A ∙ r

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
10

 A : Área de ponta da estaca;


 r : Resistência unitária da ponta.
c) As equações para determinação dos valores de r e r são:
α∙K∙N K ∙ N′
r = e r =
F F
 K, α: Coeficientes tabelados que dependem do tipo de solo;
 N: Média dos valores de N obtidos do ensaio SPT;
 N′: Valor de N na camada de apoio da estaca;
 F , F : Coeficientes tabelados de correção das resistências de ponta e lateral.
Tipo de Estaca F1 F2
Franki 2,50 5,00
Cravadas (Pré-moldadas ou metálicas) 1,75 3,50
Hélice-contínua ou raiz 2,00 4,00
Escavas 3,00 6,00
Tabela 1 – Coeficientes de transformação F1 e F2
Fonte: Adaptado de Velloso e Lopes (2002)

Tipo de Solo K (kgf/cm²) K (MPa) α (%)


Areia 10,00 1,00 1,40
Areia siltosa 8,00 0,80 2,00
Areia siltosa-argilosa 7,00 0,70 2,40
Areia argilosa 6,00 0,60 3,00
Areia argilo-siltosa 5,00 0,50 2,80
Silte 4,00 0,40 3,00
Silte arenoso 5,50 0,55 2,20
Silte areno-argiloso 4,50 0,45 2,80
Silte argiloso 2,30 0,23 3,40
Silte argilo-arenoso 2,50 0,25 3,00
Argila 2,00 0,20 6,00
Argila arenosa 3,50 0,35 2,40
Argila areno-siltosa 3,00 0,30 2,80
Argila siltosa 2,20 0,22 4,00
Argila silto-arenosa 3,30 0,33 3,00
Tabela 2 – Coeficientes K e α
Fonte: Adaptado de Velloso e Lopes (2002)
6.2.2. Método Décourt e Quaresma (1978)
a) A parcela da resistênciaporatrito lateral (PL) é dada por:
PL = U ∙ ∆l ∙ q
 U: Perímetro da estaca;
 ∆l: Espessura da camada de solo;

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
11

 q : Resistência unitária lateral.


b) A parcela da resistência de ponta (PP) é dada por:
PL = A ∙ q
 A : Área de ponta da estaca;
 q : Resistência unitária da ponta.
c) As equações para determinação dos valores de q e q são:
N tf
q = +1 e q = K′ ∙ N′
3 m
 N: Média dos valores de N ao longo do fuste, não considerando o último metro de
estaca;
 K′: Coeficiente tabelado em função do tipo de solo;
 N′: Média dos três valores de N correspondentes à camada de apoio da estaca e
imediatamente acima e abaixo.

Tipo de Solo K' (kPa) K' (tf/m²)


Argila 120 12
Silte argiloso 200 20
Silte arenoso 250 25
Areia 400 40
Tabela 3 – Valores de K’
Fonte: Adaptado de Velloso e Lopes (2002)

6.3. Resultados
Os valores adotados foram os menores obtidos entre os resultados dos métodos semi-
empíricos e a capacidade de carga estrutural da estaca.
Comprimento Carga máxima Aoki e Velloso Decourt e Valores
Diâmetro
(m) estrutural (tf) (tf) Quaresma (tf) adotados
23 10 55 34 31 31
26 10 70 42 38 38
33 10 90 62 56 56
38 10 105 79 71 71
42 10 130 94 84 84
50 10 165 128 113 113
60 10 220 178 156 156
Tabela 4 – Resultados da capacidade de carga para estacas pré-moldadas de concreto
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

Comprimento Carga máxima Aoki e Velloso Decourt e Valores


Diâmetro
(m) estrutural (tf) (tf) Quaresma (tf) adotados

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
12

25 10 29 35 35 29
30 10 42 47 48 42
35 10 58 60 61 58
40 10 75 76 77 75
50 10 118 112 113 112
60 10 170 155 156 155
Tabela 5 – Resultados da capacidade de carga para estacas hélice contínua
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
Cabe ressaltar que nos resultados dos métodos semi-empíricos foram aplicados o coeficiente
de segurança global igual 2 (dois), conforme a NBR 6122/2010.

7. Blocos sobre estacas


A NBR 6118/2014 conceitua os blocos como estruturas de volume usadas para transmitir às
estacas e aos tubulões as cargas de fundação, podendo ser classificados como rígidos ou
flexíveis. Por critério análogo ao definido para as sapatas, quando se verifica a expressão a
seguir, nas duas direções, o bloco é considerado rígido. Caso contrário, o bloco é considerado
flexível:
h ≥ (a − a )⁄3
 hé a altura do bloco;
 aé a dimensão do bloco em uma determinada direção;
 a é a dimensão do pilar na mesma direção.
Para o cálculo e dimensionamento dos blocos rígidos a NBR 6118/2014 aceita modelos
tridimensionais, lineares ou não, e modelos de bielas e tirantes tridimensionais. Para os blocos
flexíveis é valida a teoria geral de flexão para lajes e vigas, podendo ser dimensionados
segundo critérios apresentados na mesma norma. No Brasil, o método das bielas(Blévot,
1967) é largamente utilizado no dimensionamento de blocos rígidos sobre estacas, por definir
bem a distribuição dos esforços pelos tirantes e ter um amplo suporte experimental, devido a
esse motivo foi o recurso adotado para este trabalho.
O método consiste em admitir no interior do bloco uma treliça espacial composta por barras
tracionadas e comprimidas, as quais são ligadas por meio de nós: as barras tracionadas da
treliça ficam situadas no plano médio das armaduras, que é horizontal e se localiza logo acima
do plano de arrasamento das estacas; as barras comprimidas, chamadas de bielas, são
inclinadas e definidas a partir da interseção do eixo das estacas com o plano médio das
armaduras até um ponto definido na região nodal do pilar. O dimensionamento é dado no
cálculo da força de tração, que define a área necessária da armadura, e na verificação das
tensões de compressão nas bielas, calculadas nas seções situadas junto ao pilar e à estaca.
Quanto ao número de estacas por blocos, ele pode ser obtido pelo número inteiro igual ou
imediatamente superior ao resultado fracionado da divisão entre a carga do pilar e a carga
admissível da peça. Esse cálculo é valido quando o centro de carga coincidir com o centro do
estaqueamento e se no bloco forem usadas estacas do mesmo tipo e do mesmo diâmetro. A

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
13

disposição das estacas deve ser feita sempre que possível de modo a conduzir blocos de
menor volume. Na pesquisa realizada, ficou observado que grande parte dos autores adotam
espaçamentos entre os eixos das estacas de dois e meio (2,5) vezes o diâmetro para pré-
moldadas e três (3) vezes se forem moldadas in loco.
Na figura 4 é possível observar a dimensão mínima contada do centro da estaca à face externa
do bloco:

Figura 4 – Dimensão mínima da estaca à face


Fonte: Alonso (2010)

7.1. Bloco sobre uma estaca


Alonso (2010) afirma que para blocos sobre uma estaca a armadura não precisa ser calculada,
uma vez que a transmissão de carga é direta para a estaca. A armadura consiste em estribos
horizontais e verticais. De um modo geral, é recomendado que os blocos sobre uma estaca
sejam ligados por cintas aos blocos vizinhos em, pelo menos, duas direções aproximadamente
ortogonais.
7.2. Bloco sobre duas estacas
Para o projeto de blocos sobre duas estacas considera-se o esquema de forças internas,
conforme representado na Figura 5:

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
14

Figura 5 – Modelo de cálculo para bloco sobre duas estacas


Fonte: Adaptado de Oliveira (2009)

a) Determinação da força de tração


P ∙ (2 ∙ e − a)
T=
8∙d
Segundo Blévot (1967,apud OLIVEIRA, 2009), o valor da força T calculado pela expressão
acima deve ser majorado em 15%, pois concluiu que a expressão determinada pelo polígono
de forças não era a favor da segurança.
b) Recomendações para a alturaútil do bloco:
O ângulo de inclinação entre o tirante e as bielas deve estar compreendido entre os ângulos
abaixo:
45º ≤ φ ≤ 55º
logo,
a a
0,5 ∙ e − ≤ d ≤ 0,714 ∙ e −
2 2
Blévot (1967, apud OLIVEIRA, 2009) assegura que ao utilizar esse intervalo para o ângulo
de inclinação das bielas, os blocos adquirem o comportamento adequado para a formulação
sugerida.
c) Verificações
Tensão máxima de compressão no concreto, na biela junto ao pilar:
P
≤ 0,85 ∙ f
A ∙ sen φ
Onde, A é a área do pilar.
Tensão máxima de compressão no concreto, na biela junto à estaca:
P
≤ 0,85 ∙ f
2 ∙ A ∙ sen φ
Onde, A é a área da estaca.
d) Cálculo da área de aço
T
A = 1,61 ∙
f
7.3. Bloco sobre três estacas
Para o projeto de blocos sobre três estacas considera-se o esquema de forças internas
mostrado na Figura 6:

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
15

Figura 6 – Modelo de cálculo para bloco sobre três estacas


Fonte: Adaptado de Oliveira (2009)

a) Determinação da força de tração

P ∙ e ∙ √3 − 0,9 ∙ a
T =
9∙d
b) Recomendações para a alturaútil do bloco
0,577 ∙ (e − 0,52 ∙ a) ≤ d ≤ 0,825 ∙ (e − 0,52 ∙ a)
c) Verificações
Tensão máxima de compressão no concreto, na biela junto ao pilar:
P
≤ 1,06 ∙ f
A ∙ sen φ
Tensão máxima de compressão no concreto, na biela junto à estaca:
P
≤ 1,06 ∙ f
3 ∙ A ∙ sen φ
d) Cálculo da área de aço e esquema de armadura
No caso do bloco sobre três estacas pode-se ter arranjos de armadura segundo as medianas, os
lados ou em malhas. Os blocos com distribuição de barras, segundo os lados, apresentam
menor número de fissuras e menor área de armadura, este modo é a opção escolhida neste
estudo. Sua área de aço é calculada pela expressão abaixo:

A = 1,61 ∙ , ondeT′ = ∙T

7.4. Bloco sobre quatro estacas


O bloco sobre quatro estacas pode ser armado segundo as diagonais, os lados e em malha, a
ultima opção foi a adotada neste estudo por apresentar bom desempenho com relação à
fissuração.
O funcionamento estrutural do bloco com quatro estacas está representado na Figura 7:

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
16

Figura 7 – Modelo de cálculo para bloco sobre quatro estacas


Fonte: Adaptado de Oliveira (2009)

a) Determinação da força de tração


P ∙ (2 ∙ e − a)
T=
8∙d

b) Recomendações para a alturaútil do bloco


a a
0,707 ∙ e − ≤ d ≤ 1,00 ∙ e −
2 2
c) Verificações
Tensão máxima de compressão no concreto, na biela junto ao pilar:
P
≤ 1,275 ∙ f
A ∙ sen φ
Tensão máxima de compressão no concreto, na biela junto à estaca:
P
≤ 1,275 ∙ f
4 ∙ A ∙ sen φ
d) Cálculo da área de aço
T
A = 1,61 ∙
f
7.5. Armaduras complementares
Para os estribos horizontais será considerado = 1⁄8 ∙ em cada face, conforme
indicações de Alonso (2010). Alguns autores não utilizam armaduras de estribos verticais,
porém para garantir um melhor confinamento do bloco será adotada com diâmetro de 8 mm,
aço CA50, espaçados de 10cm.
7.6. Resultados

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
17

A seguir, conforme Tabela 6 e 7, serão apresentados os resultados do dimensionamento dos


blocos, que são necessários para o levantamento de custos.
Bloco sobre Bloco sobre Bloco sobre Bloco sobre
Descrição
uma estaca duas estacas três estacas quatro estacas
Diâmetro da estaca (cm) 50 33 26 23
Volume de escavação (m³) 1,62 2,06 1,88 2,42
Área de formas (m²) 1,60 2,15 2,04 2,40
Quantidade de aço (kg) 26,75 47,60 28,85 40,30
Volume de concreto (m³) 0,32 0,49 0,54 0,72
Tabela 6 – Resultados do dimensionamento dos blocos com estacas pré-moldadas de concreto
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

Bloco sobre Bloco sobre Bloco sobre Bloco sobre


Descrição
uma estaca duas estacas três estacas quatro estacas
Diâmetro da estaca (cm) 50 35 30 25
Volume de escavação (m³) 1,62 2,23 2,25 2,65
Área de formas (m²) 1,60 2,35 2,39 2,60
Quantidade de aço (kg) 26,75 58,73 32,66 42,31
Volume de concreto (m³) 0,32 0,55 0,74 0,85
Tabela 7 – Resultados do dimensionamento dos blocos com estacas hélice contínua
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
8. Orçamento
Usualmente, o orçamento é conhecido como a previsão do custo ou do preço de uma obra. O
custo é o valor correspondente à soma de todos os gastos necessários para a execução física
da obra. O preço, por sua vez, representa o valor final pago ao contratado pelo contratante, ou
seja, é o custo acrescido do lucro e das despesas indiretas.
O custo de execução, de um determinado serviço, pode ser obtido através da composição de
custos unitários, que é constituída em uma planilha contento a descrição, quantidades,
produções e os custos unitários da mão de obra, dos materiais e dos equipamentos necessários
à execução de uma unidade de serviço. Em outras palavras, essa composição é a relação de
insumos e seus respectivos custos e consumos para uma unidade de produção.
O lucro é a parcela destinada à remuneração da empresa pelo desenvolvimento de sua
atividade econômica. As despesas indiretas é todo dispêndio necessário para a obtenção do
produto, englobando os gastos com o pagamento de tributos, administração central, seguros,
risco, etc. Em conjunto, esses dois itens formam o denominado BDI – Bonificação e Despesas
Indiretas, o qual corresponde a um valor percentual aplicado diretamente sobre o custo direto.
Com a finalidade de comparar o custo x benefício, das despesas da execução dos serviços do
conjunto dos blocos de coroamento e estacas, não haverá a necessidade de considerar a
parcela do BDI, uma vez que essa não representa os gastos envolvidos diretamente na
produção (materiais, equipamentos e mão de obra). Deste modo, os orçamentos para cada
solução, do conjunto blocos de coroamento e estacas, foram elaborados com a descrição de

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
18

todos os serviços necessários, devidamente quantificados e multiplicados pelos seus


respectivos custos unitários, cujo somatório caracteriza o custo total.
Na Tabela 8 será possível observar cada um dos serviços considerados para os orçamentos,
com suas respectivas unidades de medidas e os custos adotados. Cabe ressaltar que, os custos
unitários de execução foram obtidos tomando como referência as tabelas de insumos e
composições do SINAPI, para o Distrito Federal, com data-base de agosto/2016.
Unidade de Custo unitário
Descrição do serviço
medida (R$)
Execução de estaca hélice contínua diâmetro de 25 cm m 43,48
Execução de estaca hélice contínua diâmetro de 30 cm m 55,66
Execução de estaca hélice contínua diâmetro de 35 cm m 70,29
Execução de estaca hélice contínua diâmetro de 50 cm m 115,54
Aquisição e execução de estaca pré-moldada de concreto, diâmetro de 23 cm m 119,08
Aquisição e execução de estaca pré-moldada de concreto, diâmetro de 26 cm m 136,48
Aquisição e execução de estaca pré-moldada de concreto, diâmetro de 33 cm m 153,58
Aquisição e execução de estaca pré-moldada de concreto, diâmetro de 50 cm m 234,08
Escavação manual para blocos de fundações m³ 31,81
Arrasamento de estaca m³ 255,86
Lastro para blocos de fundação com concreto magro m³ 253,94
Forma de madeira para blocos incluindo desforma m² 62,97
Armação de fundações com Aço CA-50 de 6,3 mm kg 10,90
Armação de fundações com Aço CA-50 de 8,0 mm kg 10,37
Armação de fundações com Aço CA-50 de 10,0 mm kg 8,41
Armação de fundações com Aço CA-50 de 12,5 mm kg 6,95
Armação de fundações com Aço CA-50 de 16,0 mm kg 5,44
Lançamento e aplicação do concreto m³ 89,93
Concreto Fck = 25 MPa m³ 310,54
Reaterro e compactação manual m³ 39,76
Carga do material de bota-fora no caminhão basculante m³ 1,53
Transporte local para bota-fora (distância de 1.000m) m³ 2,68
Tabela 8 – Custos unitários de execução dos serviços
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
9. Resultados
Após o dimensionamento das estacas, dos blocos de coroamento e do levantamento dos custos
unitários foi possível identificar as soluções mais econômicas e os elementos que produzem
as maiores despesas para o construtor durante a execução das fundações. Os resultados dos
custos para cada serviço e os valores totais de cada solução encontram-se detalhados nas
Tabelas 9 e 10:
Bloco Bloco Bloco Bloco sobre
Descrição sobre uma sobre duas sobre três quatro
estaca estacas estacas estacas
Aquisição e execução de estaca pré-moldada de concreto 2.340,80 3.071,60 4.094,40 4.763,20

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
19

Escavação manual para blocos de fundações 51,53 65,53 59,80 76,98


Arrasamento de estaca 25,59 23,03 20,47 20,47
Lastro para blocos de fundação com concreto magro 7,62 12,70 15,24 20,32
Forma de madeira para blocos incluindo desforma 100,75 135,39 128,46 151,13
Armação de fundações com Aço CA-50 207,54 344,23 216,17 301,97
Lançamento e aplicação do concreto 28,78 44,07 48,56 64,75
Concreto Fck = 25 MPa 99,37 152,16 167,69 223,59
Reaterro e compactação manual 51,69 62,42 53,28 67,59
Carga do material de bota-fora no caminhão basculante 0,64 0,89 0,95 1,22
Transporte local para bota-fora (distância de 1.000m) 1,13 1,55 1,66 2,14
Custo total (R$) 2.915,44 3.913,56 4.806,68 5.693,36
Tabela 9 – Resultados dos custos de execução para blocos com estacas pré-moldadas de concreto
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

Bloco Bloco Bloco Bloco sobre


Descrição sobre uma sobre duas sobre três quatro
estaca estacas estacas estacas
Execução de estaca hélice contínua 1.369,57 1.696,38 2.063,03 2.081,02
Escavação manual para blocos de fundações 51,53 70,94 71,57 84,30
Arrasamento de estaca 25,59 25,59 28,14 25,59
Lastro para blocos de fundação com concreto magro 7,62 15,24 20,32 22,85
Forma de madeira para blocos incluindo desforma 100,75 147,98 150,50 163,72
Armação de fundações com Aço CA-50 207,54 406,75 247,80 317,55
Lançamento e aplicação do concreto 28,78 49,46 66,55 76,44
Concreto Fck = 25 MPa 99,37 170,80 229,80 263,96
Reaterro e compactação manual 51,69 66,80 60,04 71,57
Carga do material de bota-fora no caminhão basculante 0,64 0,99 1,30 1,45
Transporte local para bota-fora (distância de 1.000m) 1,13 1,74 2,28 2,55
Custo total (R$) 1.944,20 2.652,66 2.941,33 3.111,00
Tabela 10 – Resultados dos custos de execução para blocos com estacas hélice contínua
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

Como se pode observar, a opção por blocos com menor quantidade de estacas tende a ser a
opção mais vantajosa financeiramente, tanto para a modalidade da estaca pré-moldada de
concreto quanto para a hélice contínua. Nota-se que o custo de execução por metro de estaca,
independentemente do seu diâmetro, foi o fator determinante para esse resultado. Para o
dimensionamento com as estacas pré-moldadas de concreto, o custo total do orçamento da
solução mais vantajosa com relação à de maior valor foi aproximadamente a metade, ou seja,
95,28 % a menos. Já para as soluções com estacas hélice contínua, essa mesma correlação
resultou em 60,01 %.
O serviço de execução das estacas, visivelmente, foi o item de maior relevância nos
orçamentos representando em até 85,18 % e 70,44 % do custo total, para as estacas pré-
moldadas e hélice contínua, respectivamente. Em seguida, as maiores despesas identificadas

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
20

foram a armação e a concretagem dos blocos, contudo esses dois itens não possuíram
importância superior a 15% em nenhuma das soluções estudadas.

10. Conclusão
Neste artigo foi realizado um estudo de custos para as fundações profundas com estacas, no
qual foram apresentados os critérios para a escolha do seu tipo; métodos para o cálculo da
capacidade de carga; método para o dimensionamento dos blocos; e o orçamento.
Na determinação do tipo de estaca mais adequada para uma obra são avaliadas os esforços
atuantes, as características do solo, do local, da vizinhança, os custos e os prazos de execução.
Contudo, os aspectos financeiros devem ser levados em consideração não apenas nessa fase,
pois ficou demonstrado que na realização do dimensionamento também acontecem algumas
escolhas que podem gerar soluções mais econômicas.
Este trabalho foi desenvolvido com base nas estacas pré-moldadas de concreto e hélice
contínua, de modo que os resultados apontaram que a opção por blocos de coroamento com
menor quantidade de estacas tende a ser a alternativa mais vantajosa financeiramente nas duas
modalidades. Isso acontece devido o custo de execução por metro de estaca possuir uma
relevância elevada com relação aos demais itens do orçamento e, no caso deste estudo, as
soluções com quantidades superiores de estacas também possuíam o maior quantitativo para
essas em metro linear.
Deste modo, conclui-se que expandir a análise das alternativas na fase de elaboração de
projetos, simultaneamente a verificação dos custos, é um recurso que encaminha para
soluções mais econômicas. Sendo assim, é interessante para os projetistas levarem esse
desfecho em consideração durante o desenvolvimento dos seus trabalhos, seja com relação às
fundações ou nas demais áreas.

11. Referências
ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014: Projeto
de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122:2010. Projeto


e Execução de Fundações. Rio de Janeiro, 2010.

ALONSO, Urbano Rodriguez. Exercícios de Fundações. São Paulo: Blucher, 2010.

CAIXA. SINAPI: Metodologia e Conceitos. Disponível em:


<http://www.caixa.gov.br/site/paginas/downloads.aspx#categoria_754>. Acessado em 06 de
julho de 2016.

CINTRA, José Carlos; AOKI, Nelson. Fundações por Estacas: Projeto Geotécnico. São
Paulo: Oficina de Textos, 2010.

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017
Estudo de Custos em Projetos de Fundações com Estacas Julho/2017
21

GEOFIX. Hélice Contínua Monitorada. Disponível em:


<http://www.estacas.com.br/catalogo_helice_continua.pdf>. Acessado em 12 de julho de
2016.

INCOPRE. Estacas Pré-fabricadas de Concreto. Disponível em:


<http://sete.eng.br/media/downloads/359299.pdf>. Acessado em 26 de julho de 2016.

OLIVEIRA, Letícia Marchiori. Diretrizes para Projeto de Blocos de Concreto Armado sobre
Estacas. (Dissertação de Mestrado) Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São
Paulo: 2009.

HACHICH, W.; et al. (Editor). Fundações: Teoria e Prática. São Paulo: Pini, 1998.

VELLOSO, Dirceu de Alencar; LOPES, Francisco de Resende. Fundações. Volume 2. São


Paulo: Oficina de Textos, 2002.

VELLOSO, Dirceu de Alencar; LOPES, Francisco de Resende. Fundações. São Paulo:


Oficina de Textos, 2011.

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 012 Vol.01/2017 Julho/2017

Você também pode gostar