SENSORES AMPEROMÉTRICOS PARA DETERMINAÇÃO DE OXIGÊNIO DISSOLVIDO EM BIORREATORES

Alanna A. Barbosa, Alex P. Silva, Priscilla M. Magri, Tamara L. Silva, Thamires F. A. Durso

Universidade Federal de São João del-Rei, Brasil, alannabarbosa@hotmail.com, alexps_07@hotmail.com,

priscilla.magri@hotmail.com, tah._@hotmail.com, thamires.durso@gmail.com

Palavras-chave: Sensores, biorreator, oxigênio
dissolvido, sensor polarográfico.
Resumo
Os sensores mais utilizados para a medida de
oxigênio dissolvido em bioprocessos baseiam-se na
determinação indireta da concentração de oxigênio
no meio fermentativo. Os sensores amperométricos
são capazes de produzir corrente elétrica a partir da
redução do oxigênio na superfície de seus eletrodos,
podendo-se relacionar o valor da corrente à
concentração de oxigênio dissolvido. Nos sensores
polarográficos, os eletrodos são polarizados por
fonte externa de tensão, e a corrente gerada é
proporcional à concentração de oxigênio. A
temperatura influencia diretamente a permeabilidade
da membrana e, consequentemente, o valor da
corrente de saída, por isso, seu efeito deve ser
compensado para maior acurácia da medida.
1. Introdução
prévia por fonte externa de tensão denominam-se
sensores polarográficos [1]. Este trabalho tem como
objetivo estudar a variação da corrente em função da
concentração de oxigênio dissolvido e da
temperatura em sensores amperométricos
polarográficos.
2. Sensores amperométricos polarográficos
Um desenho esquemático de um célula polarográfica
é apresentado na Figura 1. O interior deste sistema é
preenchido por uma solução eletrolítica, comumente
de cloreto de cálcio (CaCl2), e é separada da solução
externa por uma membrana seletiva à difusão de
oxigênio. Dois eletrodos imersos na solução salina
de cloreto de cálcio são polarizados por uma fonte
externa de tensão. O catodo é constituído por um
metal nobre, geralmente ouro ou platina, enquanto o
anodo é formado de prata. A corrente gerada no
circuito é medida por um amperímetro e usada no
cálculo da concentração de oxigênio [2].

Aos dispositivos sensíveis a variações de energia do

ambiente dá-se o nome de sensor. Dentre os
sensores existentes empregados no setor
biotecnológico, destacam-se os sensores de
oxigênio, pois é essencial o monitoramento da
concentração de oxigênio dissolvido (OD) em um
meio fermentativo. Estes sensores são classificados
em eletroquímicos e ópticos [1].

Os sensores eletroquímicos, que estimam a

concentração de oxigênio dissolvido indiretamente
através da medição de corrente, são chamados
amperométricos. Estes sensores são constituídos
por eletrodos imersos em solução eletrolítica
separados do meio externo por membrana sensível
ao oxigênio. O funcionamento destes sensores
baseia-se na medida dessa corrente, a qual é
produzida por reações químicas entre espécies
eletroativas dos eletrodos [1].
Existem dois tipos de sensores amperométricos
disponíveis, o galvânico e o polarográfico. O sistema
é chamado galvânico quando o potencial de
oxirredução entre os metais que constituem os
eletrodos é igual ou superior a 500 mV, não
requerendo potencial externo para reduzir o oxigênio.
Os sensores cujos eletrodos requerem polarização
Figura 1 – Desenho esquemático do circuito de um sensor
polarográfico de oxigênio.
O oxigênio dissolvido na solução externa permeia a
membrana e sofre redução na superfície do catodo,
o que requer uma diferença de potencial de 600 a
800 mV entre o catodo e eletrodo de referência. A
fonte externa fornece essa tensão e, mesmo na
ausência de oxigênio, gera um sinal de corrente.
Esse sinal deve ser descontado do valor de corrente
medido [2].
A reação eletroquímica entre os eletrodos libera
quatro mols de elétrons por mol de O2 reduzido,
alterando-se, assim, o sinal de corrente que flui do
catodo para o anodo no circuito [2].
Como o consumo de oxigênio no interior do sensor
acontece muito rapidamente, a geração da corrente
de saída é limitada pela difusão do oxigênio através
da membrana. Essa difusão é proporcional à pressão
parcial deste gás no meio (‫݌‬௢ଶ ), que pode ser
facilmente convertida em concentração de O2 de
acordo com a lei de Henry [3]. A relação entre a
corrente e a pressão parcial do gás é, então, o
princípio da medição indireta da concentração de
oxigênio dissolvido pelo sensor.
A corrente gerada é descrita pela Equação 1, na qual
F é a constante de Faraday (9,64 x 104 C/mol); Pm(T)
é a permeabilidade da membrana em função da
temperatura (ng.s-1,m-2.Pa-1); A é a área do catodo
(m2) e d a espessura da membrana (m) [2].
ସ.ி.௉೘ ሺ்ሻ.஺.
݅ௗ = . ‫݌‬ைଶ (1)
ௗ façam correlações acuradas, os sensores de O2
Como mostrado na Equação 1, os valores de
corrente são afetados por variações de temperatura.
A permeabilidade da membrana acompanha o
aumento desse parâmetro e resulta em maiores
taxas de difusão, gerando leituras superestimadas. O
aumento de 1° C na temperatura ocasiona um
acréscimo de 1 a 6% no sinal do sensor [4,5], o que
requer que o mesmo seja capaz de compensar
esses efeitos da variação da temperatura.
O gráfico apresentado na Figura 2 mostra o
comportamento da corrente em função da
concentração de oxigênio dissolvido (OD) para
valores fixos de temperatura iguais a 20, 25, 30 e 35
°C.
Figura 2 – Curvas padrão de correntes geradas em
sensores polarográficos em função da pressão parcial de
OD para temperaturas de 20 °C, 25 °C, 30 °C e 35 °C.
A Figura 2 mostra que, à temperatura constante, a
corrente id se comporta linearmente em relação à
concentração de OD, e que a inclinação dessa curva
é proporcional à temperatura. Os valores de corrente
em tais sensores variam de 0,5 μA à 2,5 μA
dependendo da concentração de oxigênio dissolvido
e da temperatura, e acoplado a um sensor estão
outros dispositivos que convertem esse sinal em
tensão e o amplificam, levando-o à entrada de um
conversor analógico-digital. A compensação da
temperatura será realizada por esse conversor ou,
ainda, corrigida numericamente por software [4].
4. Considerações Finais
Os eletrodos de oxigênio dissolvido operam de forma
indireta, indicando a concentração de O2 através da
corrente gerada. O comportamento da corrente é
linear em relação à pressão parcial de oxigênio na
amostra monitorada, mas a permeabilidade da
membrana é dependente da temperatura, que altera
esses valores mesmo mantendo-se concentrações
constantes de oxigênio dissolvido. Para que se
devem ser capazes de descontar o efeito da
temperatura nas variações de corrente.
Referências Bibliográficas
[1] FONDRIEST ENVIRONMENTAL, INC. Measuring
Dissolved Oxygen. Fundamentals of Environmental
Measurements. Disponível em: <
http://www.fondriest.com/environmental-
measurements/equipment/measuring-water-
quality/dissolved-oxygen-sensors-and-methods/>.
Acesso em: 18 de Junho, 2016.
[2] FINESSE SOLUTIONS, LLC. Improved Process
Measurement & Control: Dissolved Oxygen Sensor
Primer. Disponível em:
<http://finesse.com/media/121732/Finesse.TruDO.pri
mer.ApNote.pdf>. Acesso em: 19 de Maio, 2016.
[3] HENRY'S LAW. Disponível em:
<https://chemengineering.wikispaces.com/Henry's+L
aw?responseToken=0ad5a263ce7227932b05cafa9c
1fedc7c>. Acesso em: 18 de Junho, 2016.
[4] FERREIRA, M. A. C. Desenvolvimento de
sensores de oxigênio dissolvido utilizando métodos
eletroquímicos e ópticos para monitoramento em
tempo real da qualidade da água. Tese de
Doutorado. São Paulo, 2007.
[5] YSI INCORPORATED. The Dissolved Oxygen
Handbook: A practical guide to dissolved oxygen
measurements. Disponível em:
<https://www.fondriest.com/pdf/ysi_do_handbook.pdf
>. Acesso em: 19 de Maio, 2016.