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Sistema Auburniano

Segundo Damásio Evangelista de Jesus, “sua origem prende-se a construção da penitenciária


na cidade de Auburn, do Estado de New York, em 1818, sendo seu diretor Elam Lynds”.[4]

Tratando sobre esta matéria, Cezar R. Bitencourt explica que este sistema deixou de lado o
confinamento absoluto do preso por volta do ano de 1824, “a partir de então se estendeu a
política de permitir o trabalho em comum dos reclusos, sob absoluto silêncio e confinamento
solitário durante a noite”.[5]

Não era permitido, sequer, a comunicação entre os presos, com o objetivo de primar pelo
silêncio absoluto.

A diferença mais nítida entre o sistema pensilvânico e o sistema auburniano, diz respeito à
segregação; naquele, a segregação era durante todo o dia; neste, era possível o trabalho
coletivo por algumas horas. Ambos, porém, pregavam a necessidade de separação dos
detentos, para impedir a comunicação e o isolamento noturno acontecia em celas individuais.

O sistema pensilvaniano era mais dispendioso do que o auburniano. O trabalho em celas


individuais era inadequado à produção industrial, através de máquinas, que se tornava
comum. Conseqüentemente, o retorno econômico proveniente do trabalho prisional, através
do sistema pensilvaniano, era escasso. Quando o “separate or solitary system” foi
desenvolvido, o objetivo da reclusão penitenciária era, preferencialmente, evitar a
contaminação moral entre presos e promover a reflexão e o arrependimento, ficando em
segundo plano obter rendimentos do trabalho prisional.

Já o sistema auburniano, embora mantivesse a preocupação com a emenda dos condenados e


procurasse evitar a contaminação moral através da imposição da disciplina do silêncio,
aparentemente colocava em primeiro lugar a necessidade de auferir ganhos com o trabalho
dos presos. De fato, pode-se afirmar que a preocupação em fazer a prisão fornecer recursos
para a sua própria manutenção parece ter sido o principal objetivo das penitenciárias que
seguiram o modelo de Auburn.

O mesmo Bittencourt ainda esclarece os motivos que levaram ao fracasso do sistema


auburniano:

“Uma das causas desse fracasso foi a pressão das associações sindicais que se opuseram ao
desenvolvimento de um trabalho penitenciário. A produção nas prisões representava menores
custos ou podia significar uma competição ao trabalho livre. Outro aspecto negativo do
sistema auburniano – uma de suas características – foi o rigoroso regime disciplinar aplicado. A
importância dada à disciplina deve-se, em parte ao fato de que o silent system acolhe, em seus
pontos, estilo de vida militar. [..] se criticou, no sistema auburniano, a aplicação de castigos
cruéis e excessivos. [...] No entanto, considerava-se justificável esse castigo porque se
acreditava que propiciaria a recuperação do delinqüente.”[6]

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