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Superintendente
Pe. Sergio José de Souza
Direção Geral
Prof. Arivonil Matoske Junior
Escola de Educação, Sociedade e Ambiente
Profª. Elsa Maria Vieira de Souza (Serviço Social)
Profª. Rúbia de Cássia Cavali (Pedagogia)
Prof. Carlos Gomes (Tecnologia em Gestão Ambiental e Saneamento Ambiental)
Editor
Prof. Humberto Silvano Herrera Contreras
Revisão
Sandra Braga
Bibliotecária
Íris Labonde
Ilustração da capa
Priory Comunicação
1
E24 Educação e Pedagogia (E-book) : Educação e formação de professores
Humberto Silvano Herrera Contreras (org.). Curitiba : Editora
Faculdade Padre João Bagozzi, 2016.
Série Educação e Pedagogia.
Vários Autores
CDD 370
Todos os direitos dessa edição são reservados à Faculdade Padre João Bagozzi.
SUMÁRIO
Apresentação ......................................................................................................... 4
Rúbia de Cássia Cavali
Transtorno do Espectro Autista: estratégias para auxiliar na inclusão escolar ..... 132
Tailet de Mello Bandeira e Alexandre Becker
APRESENTAÇÃO
Boa leitura!
Adriana Franck
Bruna Nichele
Humberto Silvano Herrera Contreras
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Meier & Garcia (2008), no início de sua carreira profissional
Feuerstein teve como grande interlocutor Jean Piaget. Autores como Ausubel e
Vygotsky também influenciaram a sua construção teórica, que por sua vez aprofunda-se
nas relações sociais, culturais, e nas produções coletivas de conhecimento.
O termo mediação segundo dicionário, quer dizer: “Ato ou efeito de mediar,
intervenção” (BUENO, 2007, p, 502). A ideia de mediação também pode ser
compreendida na concepção de Vygostsky, quando diz que:
O que a criança pode fazer hoje com o auxílio dos adultos poderá fazê-lo
amanhã por si só. A área de desenvolvimento potencial permite-nos, pois,
determinar os futuros passos da criança e a dinâmica do seu desenvolvimento
e examinar não só o que o desenvolvimento já reproduziu, mas também o que
produzirá no processo de maturação. (BRASIL/MEC, 2010, p. 96).
A partir desta concepção é possível perceber que a criança necessita passar por
experiências de convívio com adultos para adquirir conhecimento e posteriormente
autonomia, é um caminhar do coletivo para o individual no qual a criança também
amadurece.
Meier & Garcia (2008) afirmam que Feuerstein fundamenta sua teoria tendo
em vista que todo ser humano é modificável, e jamais se pode estabelecer limites e
diagnósticos para o desenvolvimento cognitivo, nem rotular pessoas sem um
conhecimento prévio da sua situação de vida. A experiência com a aprendizagem
mediada é eficaz justamente porque são nas interações sociais que o homem começa a
atribuir significados que posteriormente evoluem para os processos de aprendizagem.
Em relação ao anterior, Da Ross (2002, p. 28) destaca que:
universais, pois sem eles não existe mediação. E os demais potencializam a mediação, e
devem ser usados dependendo da situação e do contexto de vida do aluno (BUDEL &
MEIER, 2012).
A essas informações vão se somando aquelas originarias das ações, das nossas
habilidades e características pessoais. Vão formando, na nossa estrutura
cognitiva, uma área de conhecimento acerca de nós próprios. Aquilo que
achamos que somos, tanto do ponto de vista físico quanto do social e
psicológico, vai assim ganhando corpo. (MOYSÉS, 2007, p.18).
entre a mãe e o pai. Há três tipos de fatores que podem servir como anteparo ou
minorar os efeitos das dificuldades econômicas sobre o desenvolvimento das
crianças: a) Os fatores externos (apoio social, dado pela família extensa, por
amigos que não fazem parte da família e pela comunidade; b) as características
das crianças (temperamento, aparência física); c) as características dos pais
(personalidade, capacidade de avaliar a situação na qual se encontram e nível
de recursos).
do jovem, marcada pela raiva e pela hostilidade e se transforma, resultando, não raro,
em violência.
Contudo, a autoestima se mostra um fator determinante para uma saúde mental
do indivíduo, possibilitando enfrentar os problemas e desafios do mundo. Portanto, faz-
se necessário para um fortalecimento efetivo da autoestima da criança, que contraponha
os conceitos negativos advindos das situações externas de pobreza, um desenvolvimento
do autoconceito que seja construído a partir dos preceitos da autonomia, do aprender a
aprender, pois desta forma as crianças tornam-se autoras do seu próprio
desenvolvimento.
Como a autoestima e o autoconceito, apesar de serem aspectos subjetivos da
personalidade humana, são construídos cognitivamente, eles são passiveis de uma
reconstrução, desde que mediados em atividades planejadas e organizadas com este
objetivo.
Segundo Moysés (2007, p.29)
A criança pobre sofre pressões que são mais fortes ainda na medida que a
sociedade é dual, isto é, particularmente desigual, quando o tamanho da
pobreza e sua profundidade e desigualdade são particularmente elevadas, o
determinismo social é quase absoluto, a criança deve trabalhar para ajudar a
sua família a sobreviver, e o trabalho se faz em detrimento a sua ida à escola.
1- Identidade Cultural
Portanto crianças em situação de pobreza são mais vulneráveis, pois, uma vez
que famílias encontram-se em condições precárias a sua interação e possibilidade de
proporcionar estímulos ao desenvolvimento dos filhos é fragilizado, tornando-se um
empecilho ao normal desenvolvimento cognitivo da criança. A autoestima da criança
está quase sempre vinculada a fatores de saúde e higiene, econômicos, familiares e
socioculturais (ROYO & URQUÍZAR, 2012).
Esses fatores ficam evidentes no ambiente escolar, pois afetam tanto no social,
quanto nas determinadas habilidades cognitivas necessárias para o desenvolvimento do
aprendizado. Feuerstein em sua teoria descreve que a mediação pode ser realizada a
qualquer momento da vida do sujeito, embora quanto antes esse processo puder ocorrer
melhor, pois as deficiências estarão menos consolidadas e a Modificabilidade Estrutural
Cognitiva terá melhores resultados. (FEUERSTEIN, 2014)
2- Cognição
Sendo assim todo ser humano merece estar integrado e participar como cidadão
no grupo em que está inserido, se a capacidade de mediar provoca mudanças na
cognição, esta criança em situação de pobreza e com baixa autoestima pode começar a
ter diferentes percepções da sua realidade atual. A mediação deve estabelecer
parâmetros realistas e adequados a faixa etária da criança, dentro de sua realidade e do
ritmo de desenvolvimento de aprendizagem do mesmo, fazendo-se necessário que o
mediador interprete para a criança o significado de seus sucessos. (MEIER & GARCIA,
2008).
3-Autonomia
Segundo Moysés (2007, p.19) "Em termos práticos, a autoestima revela como a
disposição que temos para nos ver como pessoas merecedoras de respeito e capazes de
enfrentar os desafios básicos da vida". Mas, é necessário que a criança tenha alicerces
para conseguir enfrentar os desafios da vida, ela precisa de oportunidades, que nem
sempre lhes são oferecidas.
O papel da mediação é recuperar as bases que as crianças não tiveram,
estimulando-as de forma que consigam desenvolver a autonomia, e alterar sua
capacidade cognitiva, onde com passos lentos ela vai desenvolvendo a capacidade de
aprender a aprender, e a tomar decisões próprias. Para Da Ross (2002, p.31) "O papel da
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No entanto percebemos que a pesquisa pode alçar voos mais longos, pois sem
dúvida, muito se tem a conhecer sobre a Teoria da Modificabilidade Cognitiva
Estrutural. Há algo maior que nos move, o desejo de superação e a vontade de chegar ao
destino almejado, de não deixar esta pesquisa apenas no papel, mas evoluir
profundamente nos conceitos teóricos e posteriormente colocar em prática os
conhecimentos adquiridos.
O que nos faz avançar sempre, é acreditar na modificabilidade das pessoas, e é
essa ousadia que faz o caminho ter sentido, e que nos dá coragem para enfrentar o que
ainda não conhecemos.
REFERÊNCIAS
GRACIANI, Maria Stela Santos. Pedagogia social. São Paulo: Cortez, 2001.
Resumo
1
Associação Amigos do Projeto Guri (Amigos do Guri) foi fundada em 1997
1 INTRODUÇÃO
escolar, e por fim buscamos apresentar estratégias e práticas musicais do projeto social
de Mauri Toniolo ‘Viva a Música em Você’, já implantado em comunidade’.
Entretanto procurou-se responder a cada um destes objetivos específicos, com
base em grandes teóricos, deixando claro o interesse em nossa contribuição com o
objetivo geral proposto, partindo de uma reflexão que também contribua para a
sociedade, fazendo levantamento de hipóteses e questionamentos para uma pesquisa
continuada.
Pode-se concluir a parte final que é dedicada à exposição da pesquisa empírica
propriamente dita, descrevendo-se o delineamento da investigação e considerando seus
instrumentais, resultados e discussão é que reafirmamos o resultado positivo e a
relevância deste projeto.
2
A pesquisa foi publicada na folha de São Paulo, C4,24 de março de 2001
3
Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, é um escritor e religioso dominicano brasileiro/Nascimento: 25 de
agosto de 1944 (71 anos), Belo Horizonte, Minas Gerais-artigo- ‘A praga da pobreza’.
Ainda segundo o autor, estamos nos acostumando quanto à exclusão. Ele afirma
que existem “várias formas de excluir, uma é a supressão completa de uma comunidade
mediante a prática de expulsão ou extermínio” que foi o caso Holocausto4 perpetrado
pelos Nazistas, ou mecanismo de confinamento ou reclusão que foi o caso dos leprosos,
aos “loucos” confinados em asilos... e em segregar incluindo, como é o caso dos sem-
teto, dos abandonados nas ruas, dos negros imigrantes que hoje estão sendo vistos como 20
de aceitação “normal” de convívio e indivíduos aceitáveis, que são o tempo todo
abandonados pela sociedade.
4
O Holocausto foi uma prática de perseguição política, étnica, religiosa e sexual estabelecida durante os anos de
governo nazista de Adolf Hitler. Segundo a ideologia nazista, a Alemanha deveria superar todos os entraves que
impediam a formação de uma nação composta por seres superiores.
adolescentes brasileiros vivem em famílias com renda per capita inferior a meio salário
mínimo e sem acesso a programas sociais que contribuam para a inclusão social.
Gentili e Alencar (2007, p.33) afirmam que, “trata-se de uma construção
histórica, ideológica, discursiva e moral”.
Todos têm os mesmos direitos, aos estudos, à saúde de qualidade, à moradia,
condições dignas de vida, e não nos fazermos indiferentes às reais situações que nos
rodeiam.
Ainda segundo os autores é de responsabilidade de todos a preocupação em lutar
pelos direitos dos menos favorecidos. Pois, o que tem se visto hoje é uma “inclusão
excludente”, onde todos podem ter acesso a tudo, porém continuam sendo
discriminados, sendo tratados com indiferença, sendo apontados a todo tempo pelas
suas roupas, por terem benefícios filantrópicos em escolas e universidades, e continuam
sendo excluídos por isso.
É preciso oportunidades para todos, pois segundo Gentili e Alencar (2007, p.41)
no processo de exclusão é preciso verificar e resolver onde estão as causas dos
problemas, “as políticas parecem estar preocupadas aparentemente com as pessoas,
desenvolvem programas destinados a atender aos “pobres”, continua-se gerando cada
vez mais a produção de exclusão”. Para o objetivo do trabalho em foco, podemos
indicar a combater a exclusão social, possibilitando oportunidades de acesso em
sociedade sem nenhum tipo de preconceito ou discriminação. Faz-se necessário
também, incluir projetos sociais utilizando a música como facilitadora nesse processo
de forma que auxilie no processo de inclusão social.
21
3 A MÚSICA COMO FACILITADORA DA INCLUSÃO SOCIAL
Construir uma vida diferenciada, feliz, na esperança de uma vida melhor para
todos é tão importante quanto a arte e a cultura e suas diversas formas de manifestação,
pois tem o poder de transformar o ser humano e a sociedade como um todo.
O papel da música é ser um eixo condutor em políticas de inclusão social
procurando buscar e estudar sobre o resgate da autovalorização, do respeito às crianças
e adolescentes que se sintam de alguma maneira exclusos do convívio social ou algum
tipo de situação de abandono ou de risco. Estudos específicos apontam o impacto no
processo de recuperação da identidade e da autoestima dos envolvidos nos projetos de
inclusão que utilizam a música como eixo condutor. (SALLES, 2004 apud OLIVEIRA,
2006, p.19).
Segundo o autor Oliveira (2006), a música como facilitadora, pode-se dizer que
ela aproxima as pessoas, estabelece grandes relações de amizade, de companheirismo,
do valor das pessoas, das responsabilidades atribuídas interpessoais e em geral. Estas
relações interpessoais, sob o incentivo do professor, levam os envolvidos com
atividades musicais coletivas a se tornarem mais conscientes de seu papel no respeito ao
outro (OLIVEIRA, 2006, p.19).
Percebe-se que a atividade cultural é vista como um importante meio de
motivação para um melhor convívio sociocultural, onde a música pode estar inserida em
grandes projetos e em várias atividades relacionados ao bem-estar, a inclusão e a
igualdade social, justamente por ela estar presente na escola, em casa, ou em qualquer
outro lugar e facilitar todo esse processo.
No foco de crianças e adolescentes que estavam se sentindo incapazes de superar
seus preconceitos ou sentimentos de exclusão, a música preenche este vazio dando
prazer, uma vez que podemos sentir essas boas sensações, somente ao ouvirmos uma
boa música. Ela tem o poder de nos tocar, de cantarmos juntos, de interpretar suas letras
e de criar novas melodias (canções), incentivando à busca de mais disciplina e de um
melhor convívio com outras pessoas.
Portanto, “a música torna-se uma linguagem capaz de exprimir com
fidedignidade a crua realidade dos cotidianos de exclusão” (SALLES, 2004 apud
OLIVEIRA, 2006, p. 20).
Segundo o autor Oliveira (2006), a participação de crianças, adolescentes e
jovens em “aulas de música não deixa de ser uma forma de afastá-los do crime, das
drogas e da violência, contribuindo para a participação na sociedade de uma maneira
positiva” trazendo além da integração de todos, um sentimento de paz e respeito ao
próximo.
Ainda segundo o autor, além da possível formação musical, que não é o foco a
música tem proporcionado desenvolvimento pessoal e a chance de poder se especializar,
e contribuir para novos projetos sociais independentes. O ensinar música também
permite desenvolver o raciocínio, trabalhar em equipe e interagir socialmente.
O presente artigo tem por finalidade apresentar as contribuições que o trabalho
com a música pode proporcionar na vida das crianças e jovens com baixa renda em
contraturno escolar e contribuir para reverter o quadro das estatísticas que não são
animadoras no que diz respeito a integração social, da baixa autoestima, da não
aceitação de si mesmo. E com esta pesquisa nossa proposta é poder levar a música nesse
contexto social, mostrando como ela pode modificar o ser humano e do quanto é
importante em todos os aspectos da vida.
5
ONG Cidade Refúgio – Bairro Vila Verde em Curitiba-Pr
6
‘Mauri Toniolo’ Pianista e autodidata, iniciou em 1980 seus estudos em piano clássico. Em 1986, como autodidata,
iniciou os estudos em violão e guitarra e em 1991 foi estudar com músicos renomados. Além da prática com o
instrumento, outros cursos específicos foram os de teoria musical, harmonia funcional e improvisação que somam à
sua experiência musical.
23
Goes (2009, p. 04) afirma que: “tais estruturas desempenham um papel crucial
no desenvolvimento linguístico e cognitivo”. Com “efeito, a representação de êxitos que
derivam de representações perceptivas”.
7
Lev Semenovich Vygotsky foi um psicólogo bielo-russo, descoberto nos meios acadêmicos ocidentais depois da sua
morte, aos 38 anos. Pensador importante foi pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças
ocorre em função das interações sociais e condições de vida.
8
Projeto Social ‘Guri’- www.projetoguri.org.br
“Eu faço parte de uma igreja que apoia a ONG Cidade Refúgio, a qual oferece 27
atendimento para crianças e adolescentes no período de contraturno escolar onde não
havia atividades que envolvesse o instrumento música. Então entendendo a realidade e
as necessidades que essa comunidade tinha para manter as crianças afastadas de
situações de risco e exclusão social, me propus a desenvolver um projeto que fosse
atrativo para elas, proporcionando então uma oficina de música”.
“As oficinas de música acontecem uma vez por semana, na sexta-feira, onde eu estou
ministrando aulas de flauta-doce, teclado, violão e também temos um coral. As crianças
são divididas em grupos de 3 (três) a 5 (cinco) alunos para facilitar a aprendizagem e
assim terem um maior aproveitamento das aulas, trabalhando com um repertório,
focando os elementos da música e em datas comemorativas, onde é o momento em que
os pais e familiares vêm até o projeto e então apresentamos as músicas com o coral,
com a flauta, violão e o teclado. Além disso, criamos repertórios para apresentações e 2
(duas) vezes por ano fazemos apresentações no teatro onde nós também chamamos os
familiares e pessoas que não fazem parte da comunidade”.
9
Disponível em: <http://www.mauritoniolo.com.br>. R. Pará, 186 - Água Verde, Curitiba - PR, 80610-020 (41)
3016-4156
Qual o objetivo principal a ser alcançado através do projeto “Viva a Música em Você”
em desenvolvimento na ONG Cidade Refúgio?
“O objetivo não é formar músicos, mas sim oferecer uma oficina de música para que as
crianças tenham uma ocupação prazerosa no período de contraturno escolar,
despertando nelas um interesse maior em relação às artes, afastando-as de situações
que possam gerar algum risco para elas”.
Alguns autores como Loureiro (2003) e Correia (2010), afirmam que a música é um
recurso pedagógico enriquecedor no desenvolvimento cognitivo e social de crianças e
jovens. Você concorda com essa afirmação? Sim ou não? Explique:
O aluno P1 relatou que participa das aulas há 2 anos (dois) e o aluno P2 há poucas
semanas.
Diante das respostas obtidas tanto da parte do educador social como por parte
dos alunos participantes do projeto, contemplamos o quanto a música pode ser utilizada
como instrumento de socialização e aprendizagem entre crianças, adolescentes e jovens.
E que o trabalho realizado pelo músico “Mauri Toniolo” realmente redireciona, inclui,
desperta a valorização individual, a importância do outro e contribui para a ocupação do
tempo ocioso vivido no contraturno da escola. Diante do que foi apresentado
anteriormente, pudemos observar na prática o quanto a música transforma e enriquece o
aprendizado, seja qual área for e pudemos perceber que facilita a aproximação das
crianças e adolescentes. Mauri Toniolo respondeu nossos questionamentos e
demonstrou a importância da sua utilização na prática, nos despertando interesse em
continuar pesquisas em nossos futuros projetos. 29
Como demonstramos na figura 1 do objetivo 4, a música atinge todas as áreas do
cérebro, é possível aproveitar de uma maneira positiva e construtiva os seus benefícios.
Autores como Bastian (2009) reforça o aprofundamento de suas pesquisas em relação
da imensidão de benefícios que a música nos traz, principalmente quando iniciada
“desde cedo” em crianças e adolescentes. Apresentamos também como exemplo de
práticas sociais o “Projeto Guri”, que também reafirma de como é importante
desenvolver e implantar cada vez mais projetos sociais como esses que auxiliam na
formação do ser humano como um todo.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No entanto, percebemos que a exclusão existe sim, que é invisível aos olhos de
muitos, mas que utilizando projetos sociais como demonstramos, podem contribuir no
processo de desenvolvimento, na aprendizagem, na socialização e valorização das
crianças e adolescentes no meio em que estão inseridas.
Observou-se, ainda, que utilizando a música como um recurso pedagógico
incentiva-se as crianças e adolescentes a se sentirem confiantes, valorizados, a não se
sentirem excluídos ou sozinhos.
Sobre a continuidade do projeto, é fundamental reforçar que o reconhecimento
dos benefícios deste trabalho para as comunidades carentes é de grande importância e o
quanto se faz necessário dar continuidade nesse processo, não somente em ONG’s, mas
em todo meio onde se quer contribuir em áreas de desenvolvimento tanto físico,
intelectual, cognitivo ou motor.
Observamos que, a intenção da música como recurso pedagógico, não é formar
grandes músicos, mas sim utilizá-la como uma ferramenta, uma porta de entrada para a
inclusão social. Entendemos que é preciso expandir projetos como esses, com
responsabilidade, com metodologias que façam sentido para o aprendizado e estratégias
de avaliação para avançar com a contribuição. Sendo que o desenvolvimento social é
muito importante para o desenvolvimento do ser humano em sua plena formação.
REFERÊNCIAS
<http://www.spell.org.br/documentos/ver/4662/inclusao-social--cidadania-e-turismo>.
Acesso em: 03/11/2015.
TONIOLO, Mauri – Projeto Social ‘Viva a Música em Você’ – ONG Cidade Refúgio /
Bairro; Vila Verde. Curitiba - PR, 2012. Disponível em:
<http://www.mauritoniolo.com.br/projeto_social_mauri_toniolo.php>. Acesso em:
03/11/2015.
Resumo
1 INTRODUÇÃO
10
Geriátrica, termo relativo à gerontologia e geriatria. A Gerontologia já foi conceituada neste artigo como o estudo
do processo de envelhecimento. Já a geriatria é a especialidade médica que se integra na área da Gerontologia para
atender os objetivos de promoção da saúde, da prevenção e tratamento das doenças, da reabilitação funcional e dos
cuidados paliativos (SBGG, s/d).
DIVISÕES DO ENVELHECIMENTO
Envelhecimento primário Envelhecimento normal ou senescência, que atinge todos os seres
humanos pós-reprodutivos. Atinge de forma gradual e progressiva o
organismo, possuindo um efeito cumulativo.
35
Envelhecimento secundário Também conhecido como patológico, é caracterizado por doenças que
aceleram o envelhecimento normal.
Envelhecimento terciário Período onde ocorrem profunda perdas físicas e cognitivas, ocasionados
pelos efeitos cumulativos do envelhecimento primário e secundário.
Fonte: Elaboração própria.
doenças típicas da idade. Com isto, há uma dificuldade de adaptação a novos papeis
sociais, agravando ainda mais os quadros psicológicos do idoso.
É possível observar uma diminuição da produtividade da pessoa idosa, que
encontra-se aposentada e na maioria das vezes, afastada do mercado de trabalho
concomitante com um declínio do poder físico e econômico, sendo esta alteração mais
evidente em países de economia capitalista. Com isto, faz-se necessário uma reflexão
por parte da sociedade e das entidades governamentais, que precisam desenvolver
políticas específicas que atendam e garantam os direitos desta população (BRASIL,
2006).
Nos últimos trinta anos, foram estruturados por diferentes países, instrumentos
legais que garantem a expansão e custódia dos direitos das pessoas idosas, visando
atender suas necessidades de “autonomia, mobilidade, acesso a informações, serviços,
segurança e saúde preventiva” (BRASIL, 2012).
No Brasil, pela Secretaria de Direitos Humanos (2014), identificam-se marcos
legais nacionais que favorecem o percurso de amadurecimento sobre a questão do
envelhecimento:
O Brasil busca revigorar a Proteção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa por
meio dos seguintes programas sociais: Bolsa Família, Brasil sem Miséria, Minha Casa
Minha Vida, entre outros (BRASIL, 2012).
a maneira como se brinca é que vai mudando, de acordo com o interesse correspondente
às diferentes fases do desenvolvimento (PIAGET, 1973).
Ainda, segundo Piaget, no início da vida, o bebê brinca conhecendo seu
próprio corpo, por meio de movimentos e dos cinco sentidos. Por volta de um ano de
idade, quando começa a andar, o bebê brinca com objetos, buscando seu poder sobre
eles. Entre os dois e seis anos de idade, tem-se o período pré-operatório, onde a criança
começa a simbolizar. A criança projeta no brinquedo experiências vividas por ela,
generalizando um esquema seu. Já dos quatro aos sete anos, a criança brinca com uma
reprodução detalhada da realidade. Por volta dos sete anos, a brincadeira se socializa e
passa-se a respeitar regras, com o período denominado operatório concreto. O
pensamento operatório concreto persiste durante toda a vida, sendo, portanto, os jogos
de regras interessantes também para adolescentes, adultos e idosos (PIGET, 1973).
Segundo Vygotsky (1984), a brincadeira age na zona de desenvolvimento
proximal do indivíduo, pois ao brincar a criança se projeta no mundo do adulto,
imaginando e representando papeis de regras e condutas. Esta interação entre o
imaginário e o efetivo faz com que a criança desenvolva as noções de realidade, que
levará pelo resto de sua vida.
Já Wallon cita a importância do jogo e da brincadeira para a formação da
personalidade do indivíduo e de seu futuro no meio social. Ele relaciona a motricidade
do brincar com a afetividade, capazes de construir e modificar o desenvolvimento
psicológico da criança (NOGUEIRA, 2014).
Como já citado anteriormente, o sistema nervoso declina com o
envelhecimento, havendo declínio dos aspectos cognitivos. Segundo Ultramari (2011),
existem três princípios capazes de reabilitar os aspectos cognitivos da velhice: “o uso de 38
compensações para contornar o déficit, o uso de substituições por meios alternativos
para resolver problemas e o retreino das funções cognitivas lesadas” (ULTRAMARI,
2011, p. 99)
Para que ocorra esta compensação e treino cognitivo, a autora cita a brincadeira
como uma estratégia interessante, pois preserva as funções psíquicas, orientação,
consciência, atenção, memória, pensamento, percepção e inteligência do idoso.
Apresenta ainda a brincadeira como sendo capaz de “integrar as pessoas idosas, relaxar
tensões, diminuir o nível de ansiedade e angústia, [...], desenvolver a criatividade,
estimular a memória remota e recente, a atenção, o raciocínio, as emoções e frustrações”
(ULTRAMARI, 2011, p. 100).
Cunha, 1988, diz que:
A história das brinquedotecas surgiu nos EUA, no final dos anos 20, quando o
dono de uma loja de brinquedos, queixando-se de roubos em sua loja cria um serviço de
empréstimos de brinquedos a crianças impossibilitadas de comprá-los. Em 1960, na
Suécia, a ideia se desenvolveu e criaram-se as ludotecas, onde brinquedos eram
emprestados a famílias de crianças excepcionais a fim de estimulá-las (AZEVEDO,
2011).
No Brasil, a história da brinquedoteca começa em 1973, com a implantação de
uma ludoteca na APAE. Posteriormente, foi criada a primeira brinquedoteca em uma
escola de Indianópolis para favorecer o brincar entre os alunos e em 1984, foi criada a
Associação Brasileira de Brinquedotecas, que impulsionou o surgimento de demais
brinquedoteca pelo país (ABBRI, s/d).
Atualmente, existem diferentes tipos de brinquedotecas, entre eles: escolares,
comunitárias, para crianças portadoras de necessidades especiais, em clínicas 39
psiquiátricas, universitárias, hospitalares, circulantes e as geriátricas (ABBRI, s/d).
A primeira brinquedoteca instalada em Lares de Longa Permanência para
idosos se deu em junho de 2003, no Abrigo Maria de Nazareth, em Lorena, SP. Em uma
instituição como esta, a brinquedoteca desempenha um papel importante no
desenvolvimento de aspectos sociais, motores, linguísticos e cognitivos dos idosos
institucionalizados. A certeza da existência de um lugar específico para brincar gera
segurança, além de possibilitar bem-estar e aconchego às pessoas presentes neste espaço
físico (ULTRAMARI, 2011).
Uma brinquedoteca para idosos é um espaço com o intuito de promover uma
melhoria na saúde mental dos mesmos. Deve possuir um conjunto de atividades que
possam favorecer o desenvolvimento do idoso de acordo com os limites e características
de cada um, desde a perda de identidade social, memória falha e até mesmo a falta de
ressignificação de vida (SANTOS, 2011).
O lar Vovó Maria é uma instituição particular de Longa Permanência para
Idosas, localizado no bairro do Capão Raso, em Curitiba. Atualmente, residem na casa
doze idosas, com idade entre 65 e 94 anos.
Após visitas de observação e conhecimento da instituição, percebeu-se que as
idosas ocupavam a maior parte do tempo com atividades de alimentação, higiene e
sono. O entretenimento disponível na instituição limita-se à televisão (programas,
novelas e filmes) e leitura de revistas e alguns livros.
Formulou-se então, um questionário com sete perguntas para além de conhecer
a história de cada idosa, investigar o costume de brincar, a frequência do brincar na
instituição, os sentimentos que a brincadeira desperta, o que gosta e não gosta de
brincar, outros tipos de entretenimento oferecidos pela instituição e finalmente, o que
elas gostariam que estivesse disponível para elas brincarem.
que o brincar estimula sua memória, sua imaginação e não deixa com que ela fique
depressiva e angustiada.
10% Alegria
Tristeza
Saudade
50%
Disposição
40%
Cansaço
0%
Quando questionadas com o que gostam de brincar, cinco disseram que gostam
de brincadeiras que envolvem pinturas com diferentes materiais (giz, lápis, canetinha, 41
tinta), duas que gostam de brincar com bola e três que gostam de jogos, como dominó e
baralho (figura 4). Apesar de gostarem destas atividades, as mesmas não são oferecidas
rotineiramente.
42
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
no idoso, sendo a ludicidade uma ferramenta pedagógica de grande valia para se atingir
este objetivo.
REFERÊNCIAS
CEPAL. Comunidade Econômica para América Latina e Caribe. Carta de São José
sobre os direitos dos idosos de América Latina e Caribe. 2012. Disponível em:
<http://www.sdh.gov.br/assuntos/pessoaidosa/legislacao/pdf/carta-de-sao-jose>. Acesso
em: 02/10/2015.
HUIZINGA, J. Homo ludens – O jogo como elemento da cultura. 5 ed. São Paulo:
Perspectiva, 2004.
Elizabeth Zanchet
Humberto Silvano Herrera Contreras
Resumo
1 INTRODUÇÃO
[...] A EJA das classes pobres sempre fora vista pela classe dominante como
desnecessária e até “prejudicial”, sendo que o trabalho na agricultura ou
mesmo na indústria era braçal e dependia de um treinamento mínimo, sendo
um desperdício gastar energia e dinheiro com alfabetização.
Segundo Cunha (1999, s/p), na década de 1940 a ideia que se tinha era de que o
analfabetismo gerava pobreza e marginalização. O adulto analfabeto era incapaz política
e juridicamente; não podia votar ou ser votado. Cunha (1999, s/p) salienta ainda que “o
fim do Estado Novo trouxe ao país um processo de redemocratização e a necessidade de
aumento da quantidade de eleitores”.
Cruz et al. (2013, s/p) citam que o primeiro projeto lançado pelo governo
federal foi a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos, dirigida principalmente
ao meio rural. Essa campanha previa a alfabetização do educando em três meses, além
da conclusão do curso primário num prazo bem menor que o convencional. A educação
era considerada unilateral e tinha o professor como transmissor de conhecimento. O
educador, que era voluntário ou mal remunerado, seria o único sujeito deste processo.
Com o desenvolvimento industrial e a reorganização do processo do trabalho,
iniciou-se uma mudança de postura e interesses da elite em relação à formação do
trabalhador. A partir daí, houve a valorização da educação de adultos, buscando a
capacitação profissional dos mesmos visando o mercado de trabalho e
48
consequentemente novas iniciativas foram surgindo a fim de garantir uma metodologia
adequada aos discentes com esse perfil.
Entretanto, segundo Cruz et al. (2013, s/p) “o desprezo pela classe trabalhadora
persistia na década de 1990” quando o então ministro da Educação, José Goldemberg,
afirmou:
[...] que a tentativa de alfabetização de adultos não diminuiria o índice de
analfabetos; ao contrário, perturbaria a ordem social, sendo necessária a
qualificação dos professores e a adequação do programa, do material didático
e dos métodos de ensino à clientela atendida (CRUZ et al., 2013, s/p).
fábricas e indústrias gerando lucro ao próprio governo, entretanto não teriam voz ativa
perante a sociedade.
Já a década de 1980 foi marcada pelo desenvolvimento de projetos e pesquisas
na área da alfabetização de adultos. Em 1988, a Constituição passou a garantir o Ensino
Fundamental gratuito e obrigatório para todos e diante disso a importância da EJA
passou a ser reconhecida em vários países, devido às conferências organizadas pela
Organização das Nações Unidas para a educação, à ciência e a cultura (UNESCO).
No artigo 208 da Constituição da República Federal a EJA passa a ser
reconhecida como educação básica, o que exige políticas e ações que lhe assegurem a
participação democrática das unidades escolares, bem como acesso a recursos
financeiros e físicos adequados, a programas complementares de merenda, livros
didáticos, saúde, transporte escolar, esporte e lazer com o intuito de chamar alunos para
esta modalidade de ensino e consequentemente mantê-los motivados ao processo de
ensino/aprendizagem. (BRASIL, 1988).
Diante desse reconhecimento o sujeito passa a ser visto como membro
integrante e participante da comunidade na qual habita, um sujeito capaz de refletir,
analisar, questionar e colocar sua opinião perante fatos.
Já na década de 1990, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), passa a considerar a EJA como uma modalidade da Educação Básica nas etapas
do Ensino Fundamental e Médio e com especificidade própria. E contempla a mesma,
considerando a educação como direito social à cidadania, nesse sentido, a lei cita:
Ressalta-se que a LDB (9394/96) foi um marco histórico para a EJA, pois
possibilitou pela primeira vez, a elaboração da proposta pedagógica para essa
modalidade de ensino e a mesma foi reconhecida em suas especificidades relacionadas à
frequência, carga horária, avaliação, registros, encaminhamento metodológico
específico, visando o respeito ao adulto.
A partir de então, surgiu no Brasil uma mobilização nacional no sentido de
diagnosticar metas e ações para a EJA. A LDB garante igualdade de acesso e
permanência na escola e ensino de qualidade, além da valorização da experiência
extraescolar. Fato este que determina a necessidade de currículo adequado e
metodologias que atendam as necessidades desses sujeitos, com o intuito de gerar
motivação e aprendizagem adequadas. (BRASIL, 1996).
Nesse sentindo passa a ser relevante a utilização de metodologias que visem o
conhecimento trazido pelo educando de sua vivência cotidiana, a fim de que as mesmas
possam ser utilizadas no contexto de sala de aula fazendo com que o sujeito reflita e
coloque sua própria interpretação.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN nº 9.394/96), em
seu artigo 37, indica que “A Educação de Jovens e Adultos será destinada aqueles que
11
O PROEJA pretende contribuir para a superação do quadro da educação brasileira explicitado pelos dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios-; PNAD, divulgados em 2003, que 68 milhões de Jovens e Adultos
trabalhadores brasileiros com 15 anos e mais não concluíram o ensino fundamental e, apenas 0,6 milhões (8,8%)
estão matriculados em EJA. A partir desses dados e tendo em vista a urgência de ações para ampliação das vagas no
sistema público de ensino ao sujeito jovem e adulto, o Governo Federal instituiu, em 2005, no âmbito federal o
primeiro Decreto do PROEJA nº 5.478, de 24 de junho de 2005, em seguida substituído pelo Decreto nº 5.840, de 13
de julho de 2006, que introduz novas diretrizes que ampliam a abrangência do primeiro com a inclusão da oferta de
cursos PROEJA para o público do ensino fundamental da EJA.
12
Segundo as professoras Luci Beatriz Zelada Duartes e Vera Lúcia Baptista de Lucena (2005), evasão nada mais é
do que uma forma de fracasso escolar, no qual por vários motivos um sujeito não conclui o ano letivo, levando
consequentemente a fracassar sua vida escolar, já Selma Souza Carneiro sustenta que evasão escolar, não é um
problema restrito apenas a algumas unidades escolares, mas é uma questão nacional que vem ocupando relevante
papel nas discussões e pesquisas educacionais no cenário brasileiro, assim como as questões do analfabetismo e da
não valorização dos profissionais da educação expressa na baixa remuneração e nas precárias condições de trabalho.
DUARTES Luci Beatriz Zelada e LUCENA Vera Lúcia Baptista de. O Lado Oculto da Evasão Escolar. 2005.
Disponível em: <http://www.univar.edu.br/revista/downloads/praticasescolares.pdf>. Acesso em 12/07/15.
entorpecentes, dentre outros. Já no que tange aos fatores internos, ressalta-se a não
valorização pela escola, as precárias condições de trabalho proporcionadas aos docentes,
falta de metodologias adequadas às várias faixas de idade e despreparo do profissional,
bem como os elementos afetivos na relação professor/aluno. (DUARTE, 2005)
Para Marun (2008, s/p.) a evasão é um fracasso escolar, que pode ser entendido
pela perspectiva de que as práticas avaliativas existentes criam uma lacuna entre as
classes sociais. Já Campos (2003, s/p.) estabelece a evasão escolar na EJA como um
abandono por tempo determinado ou não, abandono este causado por diversas razões de
ordem social e, principalmente, econômica.
Hoje é possível ressaltar que a evasão se define pelos inúmeros fatores acima
mencionados que consequentemente geram o abandono dos bancos escolares e
incentivam ao sujeito a caminhar para a marginalização, para a falta de interação com a
sociedade e a não integração no mercado de trabalho. Tal fato fica evidente nos dados
do Censo Escolar 2008, que apresenta uma evasão de 27% na EJA, segundo a análise do
analfabetismo no Estado do Paraná discutida no Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
Neste sentido cabe ao educando adaptar-se as condições oferecidas para o seu
reconhecimento como um ser integrante da sociedade de modo tal a escolher a maneira
mais condizente com as suas necessidades, cursando as disciplinas organizadas
coletivamente ou individualmente a fim de se tornar-se um ser reflexivo e reconhecido
como tal no meio no qual habita.
Na organização coletiva as disciplinas seguem um cronograma que estipula o
período, dias e horário das aulas, garantindo desta forma a integralidade do currículo. Já
a organização individual destina-se àqueles sujeitos que não têm possibilidade de 51
frequentar com regularidade as aulas. Segundo Klein e Freitas (2011, s/p) “são
oferecidas por meio de um cronograma que estipula o período, dias e horários das aulas,
contemplando o ritmo próprio do educando, respeitando os saberes já apropriados”.
Mesmo proporcionando tais maneiras de adequação ao sujeito a evasão ainda é
fator significativo, cabendo aqui ressaltar que a evasão escolar está presente em
qualquer lugar sendo um fenômeno crítico no Brasil.
Neste sentido Gaioso (2005, s/p) define a evasão como a compreensão de um
fenômeno social complexo, definido como interrupção no ciclo de estudos, ou seja, um
problema que vem preocupando os agentes de ensino em geral, visto que a saída de
alunos provoca graves consequências sociais, acadêmicas e econômicas. Afinal, é
necessidade de qualquer nação possuir sujeitos capacitados a exercerem sua função
social na vida pessoal e profissional.
Diante de tal afirmativa, cabe ressaltar que a alfabetização de jovens e adultos
não é só um processo que leva ao aprendizado das habilidades de leitura, escrita entre
outras, mas sim a uma contribuição para a liberdade de expressão do homem em seu
pleno desenvolvimento. Nesse sentido, Freire (1989, p.30) afirma:
Mediante tal perspectiva é fato que hoje o sujeito tem que se fazer parte do
conhecimento e não somente ser um mero receptor de conteúdos, deve trazer para o
enfoque de sala de aula sua vivência a fim de se tornar parte integrante da comunidade
na qual habita, emitindo opiniões acerca de fatos do seu cotidiano.
Portanto, Rodrigues (2008, s/p) cita que a evasão na EJA preocupa a escola e
seus representantes, ao perceber alunos com pouca vontade de estudar, ou com
importantes atrasos na sua aprendizagem.
Diante disso, entender o processo da evasão é um desafio que exige uma
postura ativa da comunidade pedagógica e dos dirigentes do país. Para tanto, vale
destacar que essa situação é semelhante ao ato de conhecer, citado por Freire (1982)
como um desafio, uma atitude conjunta que implica na intimidade de desvendar os
desafios e as novas perspectivas para a alfabetização dessa classe que busca ser crítica e
reflexiva e principalmente atuante no mundo em que vive.
Nesse intuito, a coleção trabalhando com a EJA (BRASIL, 2006) justifica que
compreender a abrangência do tema evasão, envolve acima de tudo compreender
questões cognitivas e psicoemocionais, fatores socioculturais, institucionais e aqueles
ligados à economia e a política do sujeito e da sociedade.
Dantas (2012) sustenta que a evasão é caracterizada pelo ensino mal aplicado
por meio de metodologias inadequadas, professores mal preparados, problemas sociais,
descaso por parte do governo.
Sendo que tal situação fica evidente em Curitiba, na qual a evasão segundo
Cláudia Bruno (2013, s/p), “é tida como um problema endêmico, comum entre os
profissionais da educação, que no início do ano letivo não se preocupam em lotar as
salas de aulas, já que sabem que muitos dos alunos desaparecerão da escola”. Os
mesmos não se preocupam em aplicar metodologias que motivem o sujeito, devido a
sua falta de formação específica e não fazem com que o aluno coloque seus 52
conhecimentos como fontes de aprendizado, promovendo o desinteresse dos discentes
em frequentarem a escola. (BRUNO, 2013).
Percebe-se que as dificuldades com a educação em massa são acompanhadas
de propostas técnicas pedagógicas que não suprem as necessidades daqueles que as
procuram, não motivam sua permanência nos bancos escolares.
De acordo com Veiga, (2000, p. 18), “O Brasil e o mundo atravessam uma
transformação social que implantou um novo modelo para a economia, que passou a
exigir trabalhadores mais qualificados e preparados, para compreender e atuar nesse
processo”. E em Curitiba tal afirmação fica clara quando se denota a importância em
qualificar o sujeito para os diversos ramos da indústria.
Diante disso a dificuldade está em desenvolver uma aprendizagem conjunta,
visto que o professor não trabalha conteúdos diversificados e sim enfoca assuntos de
cunho tecnicista e muitas vezes de interesse dos grandes empresários ou do grupo
elitizado, desta forma ocasionando a desmotivação dos menos abastados.
Nesse sentido a responsabilidade também é de quem administra essa
modalidade de ensino, visto que são formadas turmas sem se preocupar que um é
diferente do outro, que possuem seu tempo e sua maneira de aprender e principalmente
possuem interesses diversificados.
Os professores em sua grande maioria já em fase de aposentadoria, mostram
certo desânimo em transmitir/mediar conhecimentos, possuem necessidades de
capacitação e os conteúdos que ministram não levam em conta a bagagem que o aluno
traz de seu cotidiano, a fim de que fortaleçam os valores éticos e a cidadania.
Vislumbrando tais preceitos cabe aqui salientar que à escola é responsável em
ampliar horizontes culturais. Para Gadotti, (2000, p. 18). “Cabe ao professor estimular o
aluno a fim de que o mesmo possa participar de todas as atividades propostas e que
possa se sentir bem com o seu grupo de estudo”.
Neste sentido cabe salientar que a educação deve ser vista como uma
necessidade básica, uma premissa fundamental para a construção da cidadania, neste
sentido Freire (2005) sustenta que o cidadão é um sujeito consciente da realidade, um
ator social que por virtude da consciência, enfrenta as coisas objetivando-as.
Faz-se necessário reconhecer o discente como um sujeito crítico e reflexivo e
consequentemente participante da sociedade na qual habita, capaz de interpretar, refletir
e questionar.
A partir dessa perspectiva, vislumbra-se a necessidade de políticas
educacionais que vão além da ideia de “fábrica de eleitores”, ou de “formadora de
trabalhadores” e sim a formação de cidadãos para o mundo, dotados de opiniões e
reflexões. Sendo que para que este processo se realize o Estado não é o único
responsável é apenas um elemento necessário, tendo como alicerces a comunidade e o
sujeito.
Diante de tais reflexões denota-se que as políticas públicas em uma democracia
são questões de ação coletiva, capazes de promover grandes mudanças no cenário
educativo.
Diante deste cenário a educação de jovens e adultos fora discutida em várias
esferas e etapas que preconizaram ajustes e mudanças com o intuito de diminuir a
evasão e suprir os problemas que cercam tal modalidade de ensino.
Sem dúvidas, a EJA deve ser entendida como modalidade de educação que
ultrapassa a transmissão de conteúdos científicos e refere-se aos processos educativos
mais amplos voltados para a formação humana de seus sujeitos, levando-se em conta o
conhecimento do indivíduo para o sucesso de sua formação. Nesta perspectiva, os
sujeitos devem ser observados no que tange as suas experiências, conceitos e valores,
sendo tais aspectos levados em consideração na formulação de políticas públicas
específicas a este público.
12 11
10 58
8
8
6
6 Homens
4
4 mulheres
2
2
0
0
[- de 1 salário] [ 1 à 2 salários] [ 3 à 5 salários]
59
GRÁFICO 2 – Motivo pelo abandono escolar.
FONTE: Autoria própria.
No que tange à motivação a volta aos bancos escolares observa-se que a busca
por melhores colocações no mercado de trabalho foi a principal causa do retorno dos
sujeitos à escola. Situação que fica evidente na análise do gráfico 03.
12
10
10
8
8
6 5 Homens
4
4 3 Mulheres
2 1
0
Mercado de Crescimento pessoal Outros
trabalho
Nesse sentido, denota-se que ainda existem muitas barreiras na EJA a serem
vencidas e também no comportamento do ser humano enquanto participante da
sociedade. Na atual concepção é necessário que o educando se entenda como parte do
mundo em que vive e que como tal se vislumbre como responsável pelas mudanças que
ocorrem em sua vida individual e social, sendo capaz de construir e reconstruir sua
história da melhor forma e quando quiser. Dessa forma a aprendizagem deve ser vista
como um instrumento motivador e como expressão da autenticidade do indivíduo
enquanto agente ativo em seu meio social.
Na questão: “Se conhecem alguém que deixou de estudar por causas
diversas?”, novamente o trabalho aparece como foco elementar da pesquisa na
concepção de homens e mulheres (Gráfico 04).
60
Nesse sentido esclarece-se que muitos dos sujeitos não tiveram a oportunidade
de frequentar uma escola e outros a abandonaram pela força do destino. É necessário
ressaltar que muitos ainda em tenra idade ao terem contato com a escola, sentem
vergonha ou não conseguem conciliar o horário para realizar o ingresso na modalidade
de ensino regular, optando pela inclusão na EJA.
No que tange à necessidade do trabalho Souza e Alberto (2008, p. 714)
sustentam: “o trabalho é um fato que remonta às civilizações antigas”. Entretanto, na
atualidade mesmo com toda uma legislação que protege a educação de adultos e jovens
a exploração destes ainda alcança números significativos. Para os autores:
12
10
10
8 7
6 5 Homens
4 Mulheres
4
2 2
2 1
0 0 0
0
Trabalho Família financeiro Horário das Outros
aulas
GRÁFICO 5 - O motivo de deixar de frequentar a escola.
FONTE: Autoria própria.
61
Mais uma vez o fator primordial que desencadeia ao não comparecimento às
aulas é a rotina de trabalho que exige do sujeito o cumprimento de escalas e dedicação
para a consolidação do mesmo.
A falta com frequência é analisada da seguinte forma: os educandos são
bastante assíduos apesar do cansaço “como eles afirmam”, pois tanto homens como
mulheres frequentam de 3 a 4 vezes por semana as aulas, haja vista que na EJA as aulas
são de segunda a quinta. Dessa forma uma pequena parcela frequenta de 1 a 2 vezes por
semana. (Gráfico 06).
14
12
12 11
10
8
Homens
6 5
Mulheres
4 3
0
[0 à 2 vezes] [3 à 4 vezes por
semana]
GRÁFICO 6 – Sobre a frequência nas aulas da EJA.
FONTE: Autoria própria.
Na questão que motiva a presença dos sujeitos na EJA é clara a posição de que
os sujeitos buscam tal forma de ensino com intuito de adquirir novas inserções no
mundo do trabalho e na vida social.
18 17
16
14
12
12
10
Homens
8 Mulheres
6
4
2
2
0
0
Sim Não
GRÁFICO 7 - Você se sente motivado.
FONTE: Autoria própria.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CURY, Carlos Roberto Jamil. Por uma nova Educação de Jovens e Adultos s. In: TV
Escola, Salto para o Futuro. Educação de Jovens e Adultos.
________. Por uma nova Educação de Jovens e Adultos s. In: TV Escola, Salto para
o Futuro. Educação de Jovens e Adultos
Declaração Mundial sobre Educação para Todos e plano de Ação para Satisfazer as
Necessidades Básicas de Aprendizagem, Conferência Mundial sobre Educação para
NOVA ESCOLA. No meio do caminho havia (muitas) pedras. Edição 244, Agosto
2011.
Plano decenal de educação para todos: 1993-2003. Brasília (DF), 1993. Disponível
em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0326.html>. Acesso
em: 20 nov.2010.
Resumo
1 INTRODUÇÃO
2 A FORMAÇÃO CONTINUADA
13
Este artigo também afirma que o professor pode obter um licenciamento periódico remunerado para este fim.
(BRASIL, 1996).
Com base nos dados analisados, percebeu-se que todas as instituições de ensino
oferecem algum tipo de formação continuada para seus profissionais. Entre os
resultados, consta que apenas 1 professor, o que corresponde a 5% do total de
entrevistados, participa da formação continuada diariamente ou em dias de
permanência. A mesma porcentagem também se aplica aos professores que participam
14
No texto desta pesquisa preferiu-se por utilizar o vocábulo professor, embora a maioria dos entrevistados (95%)
seja do sexo feminino.
15
É importante ressaltar que a qualidade do professor não pode ser avaliada através de sua formação inicial, no
entanto, esta se configura como ponto fundamental para a atribuição de ser professor.
deste tipo de formação semanalmente, enquanto que dois professores (10%) participam
dos momentos de formação quinzenalmente. Os encontros bimestrais e semestrais
somam 30% dos professores questionados. A maior porcentagem dos professores (50%)
recebe sua formação continuada mensalmente, enquanto que nenhuma das instituições
representadas realiza os encontros anualmente.
Ao levantar as opiniões sobre a frequência, constatou-se que, em sua grande
maioria (50%), os professores prefeririam que os momentos de formação continuada
acontecessem quinzenalmente, enquanto oito professores (40%) gostariam que
ocorressem mensalmente e dois professores (10%) gostariam que ocorressem
bimestralmente. Alguns professores comentaram a respeito de suas preferências:
Ao analisarmos tais dizeres, fica claro que o caráter reflexivo e com vistas para o
desenvolvimento profissional na formação continuada não é corriqueiro nas escolas.
Sob a última denominação, expressam-se heterogêneos conceitos do que realmente vem
a ser a formação permanente do professor. Alguns professores, no entanto,
demonstraram perceber a importância deste tipo de formação:
Desta forma, como nos indica Marcelo Garcia (2009, apud ENS e BEHRENS,
2010, p.62), o desenvolvimento profissional dos professores é um processo individual e
coletivo e se concretiza no local do trabalho docente. Este desenvolvimento também
ajuda professores a construir novas teorias e novas práticas pedagógicas. Ao serem
questionados a respeito da contribuição da formação continuada, obtivemos os seguintes
dados: 60% dos professores não consideram que este tipo de formação contribui para
seu desenvolvimento profissional, como transcrito abaixo:
Enquanto isso, 40% expressam que a formação continuada contribui para seu
desenvolvimento profissional. Entre os comentários acerca desta questão, lê-se:
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
com as formações que recebem, tanto nas escolas públicas quanto privadas. Muitas
foram as frustrações e reclamações, muitas incabíveis para serem transcritas neste
estudo. Deduziu-se, a partir das perspectivas dos professores que, a formação
continuada, processo que deve ser pautado na articulação teoria-prática, concernentes à
realidade desses professores e à “resolução de situações problema e na reflexão sobre a
atuação profissional” (BRASIL, 2002, p.18), não tem sido realizado pela maioria das
escolas.
Na análise de dados também constatou-se que o tipo de formação continuada
oferecido pela maioria das escolas é baseado no estudo dirigido, mediante textos e
questionários, além de palestras e cursos, ou seja, é realizada em eventos pontuais, que
de modo geral, acabam por não satisfazer as necessidades imediatas dos professores e
nem sempre se constituem como um processo articulado e planejado (BRASIL, 2002).
Uma grande parte dos profissionais questionados não demonstrou compreender a
relação entre a formação continuada e o desenvolvimento profissional, processo
conjunto que auxilia o professorado na construção diária de sua prática pedagógica.
Concluiu-se, portanto, que, a formação continuada como processo formativo e
parcela importante concernente ao desenvolvimento profissional dos professores, pelo
menos no que diz respeito aos sujeitos respondentes desta pesquisa, encontra-se ainda
em um estágio de desenvolvimento. É necessário que gestores, pedagogos e
coordenadores escolares – ou quaisquer que sejam as pessoas responsáveis por este tipo
de formação na escola – busquem a excelência e o desenvolvimento de seus
profissionais através de formações continuadas que visem a promoção da reflexão
crítica e diária mediante acompanhamento pedagógico frequente, levando em conta o
histórico biopsicossocial dos professores, sua realidade em sala de aula e no ambiente 74
escolar.
REFERÊNCIAS
Resumo
1 INTRODUÇÃO
Ao indagarem pela constituição dessa phisis, a arché (ou “início”) passa a ser
objeto de estudo desses pensadores, sendo que cada filósofo dessa fase faz uma
investigação tendo como princípio uma arché diferente. Entretanto, como não convém a
esta pesquisa esses pormenores, passemos adiante.
Parece que o que de fato incomoda Sócrates nessa forma de refletir o mundo é o
desligamento do objeto com o ser, isto é, o aspecto material da realidade é escolhido e
teorizado em detrimento do aspecto espiritual. Mesmo estudando essa filosofia “jônica”,
com todas suas características racionais, Sócrates desanima com as divergências de
posicionamento entre os físicos dessa corrente, e com o fato de não buscarem as razões
mesmas, mas afirmarem dogmaticamente seus princípios como sendo verdadeiros:
Logo, o filósofo ateniense passa a rejeitar essa forma de explicação e tenta fazer
sua reflexão invertendo esse viés e trazendo a filosofia para as coisas da ordem humana,
como a ação, a alma, o conhecimento em si, entre outros assuntos, abraçando a injunção
de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”.
Nesse novo modelo de sociedade, onde quem é detentor da palavra pode ser
mais bem ouvido e decidir os rumos que a cidade pode tomar, surge um grupo de
pessoas denominadas de sofistas. Entre os mais famosos sofistas destacavam-se as
figuras de Protágoras, Górgias e Hípias, a maioria deles participou como personagens
Para os sofistas, interessa cultivar o espírito da disputa até que alguém vença
o debate, cujo resultado se confirma na opção política feita pela assembleia.
O justo, o verdadeiro, o bom se definem pela escolha dos participantes e não
propriamente pela confluência de argumentos que, expurgados até as últimas
consequências, vislumbrariam, depois de muitos esforços, a verdade, nos
termos propostos por Sócrates. (PAGNI, P.; SILVA, D., 2007, p. 24)
É importante deixar claro nesse momento, que o método socrático é descrito nas
obras do seu discípulo, Platão. Esse autor nos mostra em seus escritos - com Sócrates
como personagem principal da maioria deles, debates acalorados com jovens, políticos,
poetas, médicos, sofistas, entre outros, sobre inúmeros assuntos pertencentes à natureza
da alma humana e da vida em comunidade.
A primeira forma ou momento do caminho socrático na busca do conhecimento
caracteriza-se por ser negativo. A princípio, não há qualquer pretensão a verdade, mas
simplesmente uma negação das opiniões e ideias que, ao serem tomadas por incessantes
perguntas feitas por Sócrates, tornam tão contraditórias que é impossível continuar a
afirmá-las.
Com isso, as técnicas sofistas mostram-se insuficientes e aparecem como
discursos falsos, carregados de ideias que se excluem entre si:
Essa parte do método socrático, mesmo não buscando afirmar nada, mostra a
seus interlocutores que antes de buscarem ter qualquer pretensão ao conhecimento,
Tudo o que não expressa o saber de si, tudo que não se voltou sobre si
mesmo, é algo que não possui razão de si mesmo, e aquele que não possui o
saber de si é similar aos olhos que jamais se contemplaram em outros olhos,
ou às almas que jamais dialogaram verdadeiramente com outras almas. Todos
que não se conhecem assim a si mesmos são seres inessenciais e, exatamente
por isso, devem ser negados, devem ser dissolvidos em sua inessencialidade e
mostrados como não-ser, como nada. O saber de si assume características de
imperativo moral, transforma-se em saber dogmático. (BENOIT, 1996, p. 55)
O que Sócrates deseja mostrar, é que seu método busca alcançar sempre uma
unidade, aquilo que não se confunde com outras coisas e que, portanto, está acima delas.
A filosofia socrática buscava o saber do conceito, que só pode ser buscado eliminando
os discursos utilizados e fundamentados com a experiência dos sentidos humanos. O
saber invariável é o objeto de desejo do filósofo.
Todavia, após alcançar um saber uno e distinto, ou seja, fazer a síntese de todo o
pensamento, Sócrates chama a atenção para o movimento de descenso, onde da ideia
única e universal é dividida de acordo com suas articulações naturais, que não pode ser
feita de maneira arbitrária, mas apoiando-se na análise para superar e ultrapassar as
próprias diferenças:
Sócrates diz não dominar qualquer sabedoria, porém, afirma conseguir “extrair”
ela das outras pessoas, assim como a deusa Ártémis, que mesmo não gerando nada
auxiliou sua mãe no parto do irmão. Mostrando-se incapaz de gerar qualquer coisa, o
pensador possui a percepção do não saber, indicando isso aos seus interlocutores ao
examinar suas ideias e argumentos:
Neste particular, sou igualzinho às parteiras: estéril em matéria de sabedoria,
tendo grande fundo de verdade e censura que muitos me assacam, de só interrogar os
outros, sem nunca apresentar opinião pessoal sobre nenhum assunto, por carecer,
justamente, de sabedoria. E a razão é a seguinte: é a divindade que me incita a partejar
os outros, porém me impede de conceber (PLATÃO, 1979).
Sócrates fez exatamente isso com o jovem Teeteto. Ao perceber que era um
rapaz que tinha uma inquietação e aspirava ao saber, o filósofo buscou interrogá-lo,
aplicando seu método maiêutico:
Se te expus tudo isso, meu caro Teeteto, com tantas minúcias, foi por
suspeitar que algo em tua alma está no ponto de vir à luz, como tu mesmo
desconfias. Entrega-te, pois, a mim, como o filho de uma parteira que
também é parteiro, e quando eu te formular alguma questão, procura
responder a ela do melhor modo possível. E se no exame de alguma coisa que
disseres, depois de eu verificar que não se trata de um produto legítimo, mas
de algum fantasma sem consistência, que logo arrancarei e jogarei fora, não
te aborreças como o fazem as mulheres com seu primeiro filho. (PLATÃO,
1979).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
86
Resumo
1 INTRODUÇÃO
ensino com a vida do aluno. Chegar a ele por todos os caminhos possíveis: pela
experiência, pela imagem, pelo som, pela representação, pela multimídia, ...”
O docente além de ter um papel fundamental na aprendizagem escolar, também
representa uma forte referência de postura perante a vida de seus alunos. A maneira
como o educador se apresenta em sala, como ele organiza a sua rotina escolar e de como
se relaciona com os alunos, influenciará no projeto de vida que esses criarão para si
mesmos (FRAIMAN, 2010). Este deve preocupar-se com a imagem que representa aos
seus alunos e atualizar-se constantemente, para alcançar este objetivo pode aproveitar
recursos, tecnologias e principalmente estratégias que visam o preparo de aulas
significativas e motivadoras a seus discentes.
De acordo com Meier (2010), é na formação continuada que os professores
poderão se atualizar e aprender a otimizar o uso das tecnologias em sala de aula, pois a
falta de conhecimento no manuseio desses equipamentos e softwares limitam a
transformação da educação.
3 RECURSOS DIGITAIS
São vários os recursos que podem ser explorados para enriquecer o processo de
alfabetização dos alunos: computadores, datashow, laptops, lousa digital, dentre outros.
Atualmente temos também como “amigos” as redes sociais como o famoso Facebook,
este pode ser utilizado pelos próprios profissionais da educação como fonte de busca de
novos recursos e projetos de aula, bem como acesso a grupos de outros profissionais
que compartilham suas experiências. São usados também sites como Youtube e 90
programas de educação que visam contribuir para uma aula bem planejada aos
educadores das séries iniciais, dentre eles destacam-se os sites:
www.educarparacrescer.com.br
www.professoressolidarios.com.br
www.portaldoprofessor.mec.gov.br
www.e-proinfo.mec.gov.br
www.museudapessoa.net
www.guiageo-mapas.com
Vale ressaltar, que estas são apenas dicas para facilitar o uso inicial de
tecnologias digitais em sala de aula, cada profissional no decorrer do processo de
utilização destes recursos pode desenvolver suas próprias técnicas e ideias conforme a
necessidade educacional para cada momento. O objetivo se torna exatamente este, que
cada professor possa visualizar as necessidades do uso deste recurso em dado conteúdo
e possa potencializar este com as tecnologias, complementando este processo de ensino
aprendizagem e o último item da citação, “a parceria”, retrata bem o que se pretende
alcançar neste artigo. Acredita-se que a simplicidade de se recorrer aos próprios alunos
92
em busca de novas informações é uma das maneiras mais rápidas e fáceis de se
aprender.
5 EXPERIÊNCIAS BEM-SUCEDIDAS
16
Fontes: Adriano Canabarro Teixeira, especialista de Educação e tecnologia da UFRGS, Maria de Los Dolores
Jimenez Peña, professora de Novas Tecnologias Aplicadas à Educação da Universidade Mackenzie, e Roberta Bento,
diretora da Planeta Educação.
Disciplina
Língua Portuguesa
Encaminhamento
- Apresentar cartazes explicativos sobre o uso dos sinais de pontuação.
- Levar diversos tipos de gibis para que o aluno possa manusear e observar as histórias
em quadrinhos e os respectivos sinais de pontuação.
- No computador: apresentar as histórias em quadrinhos iniciando pelas mais simples.
O aluno deverá observar as imagens e criar um diálogo para os personagens. Conforme
suas produções, deixar o aluno criar outras histórias mais longas. Sugestão: salvar em
pen drive todas as produções realizadas pelos alunos.
- Escolher a melhor produção de cada aluno, imprimir os trabalhos e deixar expostos na
sala.
- Registrar no caderno as produções individuais, transformando os diálogos em forma
de textos.
94
Conclui-se com este trabalho descrito acima, que é desse tipo de atividade que
os alunos nativos digitais de hoje querem. Segundo Marc Prensky, qualquer conteúdo,
desde o mais sério, deve ser ensinado através da criação de jogos no computador. É
assim que os alunos desejam que sejam suas aulas, ou seja, o professor deve aprender a
se comunicar da maneira e estilo como os seus estudantes se comunicam. E para isso o
autor denomina os profissionais de hoje como sendo imigrantes digitais.
O ambiente educacional tradicional não tem nada a ver com a avalanche que a
tecnologia nos presenteia diariamente. São tantas as mudanças e novidades que surgem
no dia a dia, que os profissionais imigrantes digitais devem ter humildade e
simplicidade com seus educandos para aprenderem com eles. Cabe a todos, de maneira
muito simples, buscar novos conhecimentos e interagir com este mundo que está em
constantes mudanças, e só assim, conseguiremos transmitir as informações necessárias e
relevantes de que alunos precisam aprender em cada nível de ensino.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
17
Tradução do artigo "Digital natives, digital immigrants", de Marc Prensky.
Diante desta inovação em uma rápida constante, é preciso que o uso das
tecnologias no ambiente escolar caminhe em passos largos, trabalhando com o que já
tem ficado defasado e buscando sempre novas atualizações, infelizmente não podemos
baixar a atualização do momento como nos aparelhos chamados “Androides”, mas
podemos nos conscientizar que é preciso mudar e incorporar novas práticas na
educação.
Assim coloca-se de forma sintética, mas objetiva, como pode ser prazeroso,
divertido e produtivo o uso dos trabalhos escolares com o auxílio das tecnologias
educacionais. Para satisfazer este objetivo, optou-se por uma demonstração de aula com
encaminhamento metodológico utilizando os “nets” em sala de aula (citado
anteriormente no item “experiências bem-sucedidas”). O resultado obtido satisfez e
comprovou os requisitos de objetividade e dimensão pretendida. Ele também se
constitui em um auxiliar útil, de referência para o educador que pretenda construir a sua
competência num fazer pedagógico diferenciado e atualizado com as novas tecnologias.
96
Faz-se notar, todavia, que ninguém pode se considerar perfeito neste tipo de tarefa, pois
a arte de educar se diferencia e constrói-se no dia a dia, por meio das experiências e dos
resultados das aprendizagens significativas.
REFERÊNCIAS
MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá.
3 ed. Campinas: Papirus, 2007.
97
Resumo
Este artigo tem por objetivo ressaltar a importância do uso do jornal impresso como
recurso pedagógico no processo de alfabetização, visando a sua contribuição no
incentivo à leitura e aprimoramento da escrita, bem como na formação de cidadãos
críticos, que saibam atuar conscientemente na sociedade em que vivem. Para isso,
buscou-se na teoria de alguns autores a evidência da importância desse instrumento
como apoio didático nas salas de aula. Partiu-se das ideias inovadoras de Célestin
Freinet, até a verificação da relevância dos professores participarem de projetos de
incentivo à leitura, como o “Ler e Pensar” da Gazeta do Povo, que traz como estímulo
práticas para a formação de novos leitores, com a finalidade de os tornarem capazes de
interpretar e opinar criticamente sobre a realidade. Também procurou-se destacar 98
alguns métodos possíveis de se trabalhar nas séries iniciais, bem como duas práticas
reais fornecidas por professoras da rede municipal de ensino de Curitiba. Com base nas
informações levantadas, pode-se verificar que o uso do jornal contribui de maneira
significativa no processo de alfabetização e, projetos que incentivam essa prática, se
bem trabalhados, podem ser enriquecedores no trabalho pedagógico e permitir que o
professor crie estratégias significativas e prazerosas, que possibilitem a formação de
leitores, criativos, críticos e participativos dentro do contexto social em que vivem.
1 INTRODUÇÃO
A utilização do jornal como recurso pedagógico não é uma prática atual. Na década
de 20 o francês Célestin Freinet19 inovou o ensino com um método próprio de trabalho.
18
Na pesquisa qualitativa a preocupação do pesquisador não é com a representatividade numérica do grupo
pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, de uma
instituição, de uma trajetória etc. (GOLDENBERG, 1999, p.14)
19
Célestin Freinet nasceu em 15 de outubro de 1896, no vilarejo de Gars, sul da França. Estudou na Escola Normal
de Nice, mas, com o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, teve que interromper seus estudos para servir ao
Nele buscou atividades que priorizavam a livre expressão dos alunos, entre as principais
estão: aula-passeio; texto livre; jornal escolar; jornal mural; correspondência escolar;
imprensa na escola; assembleia cooperativa; livro de vida; fichário escolar; fichas
autocorretivas; exposições; ateliês; cinemateca cooperativa; biblioteca e museu da sala;
biblioteca de trabalho; caixas de trabalhos; planos de trabalho; roda da conversa; e
tateamento experimental.
Todas essas atividades tinham como foco principal a criança. Assim, Freinet
“elaborou uma pedagogia com ênfase em sua concepção de infância em que valoriza os
aspectos afetivos, sociais e de conhecimento da criança.” (PIEKARZEWICZ, 2008,
p.46).
O método do autor trazia atividades dinâmicas, nas quais as crianças eram
motivadas a agir e sentiam vontade de participar, pois era respeitado e valorizado o
conhecimento vindo do cotidiano delas. Freinet sentiu necessidade de reformular um
ensino, que, para ele, era inadequado e retrógrado. Dessa maneira, em seu livro “As
técnicas Freinet da escola moderna” o autor menciona que sentia necessidade de
melhorar as condições de trabalho.
Foi a partir dessas investigações que Freinet (1974, p. 39) traz o jornal como um 100
método pedagógico e renova uma prática, que, segundo ele, existia, mas não tinha nada
de escolar.
Em seu livro “Técnicas de Educação – O jornal escolar” Freinet (1974, p. 39),
afirma que:
[...] aquilo que define este método é tomar como ponto de partida não os
desejos, o pensamento ou a ordem dos adultos, mas o interesse, os
verdadeiros interesses das crianças, tal como são expressos nos textos livres.
(FREINET, 1974, p.39).
exército, de onde voltou ferido e com os pulmões comprometidos pelas ações dos gases tóxicos. Em 1920, iniciou sua
carreira como docente em uma pequena escola adaptada, multisseriada, com alunos de 6 a 8 anos, na pequena vila de
Bar-Sur-Loup. (PIEKARZEWICZ, 2008, p 40)
seus próprios textos, nos quais refletiam os seus interesses, as suas vidas, os seus
sentimentos e não simplesmente textos escritos por adultos. Pois para Freinet (1996, p.
38) “a escrita só tem sentido se somos obrigados a recorrer a ela para comunicar nosso
pensamento além do alcance da nossa voz, além das barreiras de nossa escola”.
E foi nesse sentido que o autor construiu a sua pedagogia. Ele defendia a ideia
de que a escola e os professores deveriam proporcionar situações em que os alunos se
dedicassem em algo que realmente era do interesse deles, para que fosse um ambiente
agradável, onde os educandos aprendessem sem serem massacrados com matérias e
conteúdos, que não tinham significados em suas vidas. Percebe-se em sua teoria uma
renovação do ensino em relação às práticas tradicionais, pois ao respeitar o
conhecimento vindo do cotidiano das crianças, Freinet as coloca como o centro da
escola e não mais a figura do professor. Na verdade, ele valoriza a interação de todos os
envolvidos nesse processo: pais, escola e sociedade.
Segundo Paulo Freire (1996, p.25)
E é com esse ideal de interação que o educador viu nos jornais produzidos pelos
alunos uma oportunidade de socializar a leitura para além dos muros escolares. Assim, o 101
material era distribuído aos pais, amigos da escola e também intercambiado para outra
escola, que ficava localizada no outro extremo da França. Nascia, dessa troca, uma
experiência nova, que segundo Freinet era um “método natural de leitura que suprimia o
b-a ba” (FREINET, 1975, p.39), pois as crianças construíam o conhecimento criando e
refletindo a partir de elementos significativos em suas vidas e o jornal passou a ser o
mediador entre a escola e o mundo social desses alunos.
Atualmente, segundo Rodrigues (2006, p.49) “usar o jornal como suporte para o
trabalho em sala de aula é uma prática de relativa assiduidade na escola brasileira”.
Assim como Costa (1997), em seu livro Jornal na Educação, mostra-nos que
muitos professores comprometidos com a educação, há algum tempo, desenvolviam
atividades com o jornal, porém de maneira isolada, pois não havia o acesso fácil ao
material impresso. Assim, empresas jornalísticas, por meio do Programa Jornal na
Educação, perceberam essa necessidade e facilitaram o acesso a esse material. Essa
parceria, segundo a mesma autora, beneficia ambas as partes: a empresa porque forma
novos leitores, a escola porque contribui para a otimização da educação e também na
questão social, pois permite o acesso do jornal a alunos de níveis sociais menos
favorecidos.
Alguns programas surgiram no Brasil como: “do jornal “Zero Hora” (RS); “O
Globo” (RJ), “NH” (Novo Hamburgo- RS); “Correio Popular” (Campinas –SP”.), “A
tribuna” (Santos- SP); “O popular” (GO); Folha de São Paulo “(SP); “Diário de
Sorocaba” (SP)” (COSTA, 1997, p.13). Também destacamos o projeto “Ler e Pensar”
promovido pela empresa Gazeta do Povo, que é direcionado a alunos do Ensino
Fundamental e Médio de escolas e instituições públicas e particulares do estado do
Paraná e o qual abordaremos no decorrer deste artigo.
É importante ressaltarmos que cada programa traçara seus próprios objetivos,
mas que, no geral, as metas principais são permitir aos alunos o acesso ao jornal;
desenvolvendo a leitura; o senso crítico, bem como o debate sobre a realidade que os
cercam.
[...] o jornal na sala de aula visa assim oferecer ao professor um certo número
de atividades que lhe permita de forma empírica levar o aluno a praticar a
língua, através da leitura e da escrita, com um material linguístico
independente daquele dos manuais escolares e atualizado, pois que
acompanha as informações veiculadas pela imprensa no dia a dia. Enfim, um
trabalho voltado para melhorar o domínio da língua viva. ( FARIA, 1989,
p.16).
102
Por ser um recurso rico em informações e instrumento que representa o
cotidiano dos nossos alunos, o jornal é uma ferramenta pedagógica que incentiva de
maneira criativa, prazerosa e desafiadora o exercício da leitura e da escrita. Não de
maneira mecânica, mas contextualizada em que os educandos possam desenvolver o
senso crítico e noções de cidadania e, assim, participarem da sociedade como seres
pensantes, que além do domínio da leitura e da escrita possam interpretar o mundo a sua
volta.
Segundo Ogawa e Lima (2009, p.4) destacam que:
Por ser um veículo que traz sempre conteúdos renovados e atualizados, o jornal
em sala de aula passa a ser um instrumento atrativo, pois faz com que os alunos
participem do mundo presente e opinem criticamente sobre ele. Dessa maneira, os
educandos partem de conhecimentos ligados ao dia a dia, para que, assim, possam
formular novos conhecimentos, a partir das informações trazidas pelo jornal impresso.
Como menciona Costa (1997, p.13), “antes, se dizia que a escola preparava o aluno para
a vida futura. O Jornal na Educação possibilita à criança e ao jovem viver e participar
do MOMENTO PRESENTE”.
De acordo com Faria (1999, p.12), permitir aos alunos o contato direto com
textos autênticos e não apenas aqueles preparados exclusivamente para serem usados na
escola “desenvolve e firma a capacidade leitora dos alunos, estimula a expressão escrita
dos estudantes, que aprendem com o jornal a linguagem da comunicação para
transmitirem suas próprias mensagens e informações” (FARIA, 1999, p.12).
Assim, ao criar estratégias significativas para o aluno e oportunizá-lo a entrar em
contato com diferentes informações, o professor estará formando pessoas críticas e com
opiniões. O simples fato de manusear o jornal faz com que o aluno, segundo Bahia
(2005, p.79), aprenda a fazer escolhas críticas em relação ao que quer e quando quer ler.
Por isso, esse veículo se torna significativo no processo de aprendizagem dos
educandos, pois desenvolve “as capacidades de atenção, observação, síntese,
associação, comparação e análise, aprimorando o poder de argumentação e estimulando
o gosto pela pesquisa” (BAHIA, 2005, p.80).
Por isso, o professor deve buscar diferentes táticas em sua prática para que os
alunos, já no processo de alfabetização, tenham contato com este veículo de informação,
que possam manipular esse material, conhecer a sua estrutura, os diferentes gêneros ali
presentes e, dessa maneira, se apropriarem dos conhecimentos de maneira prazerosa.
Segundo Rodrigues (2006, p.48) para tornar a escola um lugar prazeroso,
[...] jornal não é livro didático e, portanto, antes de ser introduzido em sala de
aula requer professores preparados a trabalhar com este novo e versátil
instrumento de auxilio pedagógico. Será preciso que eles compreendam a
efetiva dimensão do jornal enquanto veículo processador e divulgador de
informação.
Dessa maneira, não seria simplesmente levar o jornal e fazer com que o aluno
manuseie sem qualquer objetivo. É necessário conhecer a ideologia do jornal, comparar
informações, para que isso se reflita no aluno, como sujeito participativo e crítico e,
principalmente, que ele sinta vontade em aprender.
O projeto “Ler e Pensar” é desenvolvido pelo jornal Gazeta do Povo desde 1999
e atende tanto o ensino fundamental quanto o médio de escolas públicas e privadas do
estado do Paraná. Essa iniciativa tem como foco principal incentivar a leitura e a
formação crítica dos estudantes, para que ajam como cidadãos conscientes.
Segundo o site do Instituto GRPCOM20, em sala de aula o projeto defende que a
utilização do jornal, como recurso pedagógico, pode ser desenvolvida sob três aspectos:
apoio aos conteúdos didáticos e disciplinas escolares; objeto de estudo (os alunos
entendem qual a função da mídia e como o jornalismo é estruturado por diferentes
opiniões) e possibilidade de autoria (quando os alunos criam jornais nas escolas e se
expressam por meio da mídia).
O trabalho com o jornal direcionado para esses três objetivos contribui para a
formação de cidadãos esclarecidos, pois ao utilizar esse material como apoio aos
conteúdos e disciplinas escolares, o professor estará aproximando o aluno da atualidade,
preparando-o para conhecer e interpretar a realidade, ou seja, desenvolvendo-o
pessoalmente, socialmente e politicamente para que ele seja capaz de se posicionar
criticamente diante de uma sociedade tão diversificada.
É importante, também, os educandos identificarem, visto o segundo aspecto,
cada componente de um jornal, o papel que exerce na sociedade, bem como saber
comparar diferentes publicações, percebendo as estratégias e ideologias ali implícitas,
para que não seja alvo de manipulação. Isso refletirá em um aluno reflexivo, que saberá
emitir uma escrita de opinião.
De acordo com Ogawa e Lima (2009, p. 2)
Um fator importante nesse projeto é que ao levar o jornal para a sala de aula, o
professor disponibilizará para os educandos uma pluralidade de gêneros textuais, o que
permitirá um trabalho que favorecerá a oralidade, a leitura e escrita dos alunos, pois
entrarão em contato com textos autênticos, que tem função comunicativa e está disposto
em um suporte de comunicação social. De acordo com Antunes (2003, p.79)
20
Disponível em: <http://www.institutogrpcom.org.br/projetos/ler-e-pensar>. Acesso em: 29/01/2015.
que queiram utilizá-lo. Além disso, oferece assessoria pedagógica aos professores
participantes, por meio do programa de formação continuada com certificação,
atividades pedagógicas, eventos culturais e materiais didáticos 21 . Segundo dados do
Instituto GRPCOM, participam do projeto 60 cidades do Paraná, 2.790 professores
parceiros, 497 instituições, o que resulta em 97.650 alunos beneficiados22.
O “Ler e Pensar” já recebeu prêmios como: “Prêmio Mundial de Jovens
Leitores”23 e “Prêmio VIVALEITURA”24, além de ser reconhecido pela Organização
das Nações Unidas (ONU) desde 2010.
Vale ressaltar que esse projeto revive a experiência de Célestin Freinet, porém
com uma diferença. Freinet partia do cotidiano e das experiências dos alunos para
construir o jornal impresso, já o projeto parte do jornal como base para aproximar os
alunos da própria realidade. Mas o objetivo primordial é comum, formar leitores
críticos, reflexivos e que saibam opinar sobre o meio em que vivem.
21
Disponível em: <http:// www.institutogrpcom.org.br/projetos/ler-e-pensar>. Acesso em: 29/01/2015
22
Disponível em: <http: //www.institutogrpcom.org.br/projetos/ler-e-pensar>. Acesso em: 29/01/2015
23
Promovido pela Associação Mundial de Jornais (WAN).
24
Promovido pelo Ministério da Cultura, Ministério da Educação e pela Biblioteca Nacional.
25
Disponível em: <http:// www.ceale.fae.ufmg.br>. Acesso em: 07/02/2015.
Este projeto foi desenvolvido pela professora Janisse Cordova da Costa26 que
atua na Prefeitura Municipal de Curitiba. A educadora relatou que há oito anos deixou o
livro didático de lado e adotou como recurso didático o jornal impresso.
A professora ressaltou, ainda, que as suas estratégias são lúdicas o que desperta
no aluno o interesse em aprender e superar-se.
Por meio das notícias do jornal, a criança atribui sentido a seu mundo,
adquire experiências e também tem oportunidade de reproduzir situações que
presenciou no seu cotidiano e antecipar circunstâncias que ainda vai viver.
Sem contar que ajuda a formar bons leitores, amplia o universo do aluno
tornando-o mais crítico e sem dúvida as aulas ficam muito mais interessantes.
107
O projeto que será aqui relatado partiu de uma roda de conversa da professora
com os alunos. A notícia discutida entre eles abordava os maus tratos em animais.
Como o assunto rendeu uma boa discussão, a educadora percebeu que aquele tema seria
interessante para desenvolver um projeto.
Percebi então, que aquele assunto seria muito interessante e a partir daí dei
início ao projeto: ‘Selvagens ou não, os animais merecem proteção’! O
propósito deste projeto foi estimular o debate e a reflexão entre os alunos
sobre a situação atual dos animais (domésticos e selvagens) que são alvos
de maus tratos pelo homem. Bem como o espírito de solidariedade e
responsabilidade de cada um. Como tenho uma classe multisseriada, eu
trabalhava o mesmo tema nas discussões orais, provocava novas
argumentações, ou seja, instigava-os a pensar. Quando o momento era de
registro, procurava adequar as atividades de acordo com o nível alfabético
em que o aluno se encontra, utilizando o texto jornalístico. Os alunos
aprendem a ler e interpretar imagens. Trabalham em grupo e respeitam a
opinião dos colegas de classe. Tornam-se desinibidos ao falar em público e
demonstram mais autonomia e motivação na realização das atividades
propostas. O que percebo nas aulas com o uso do jornal, é que o aluno tem
mais interesse em realizar as atividades, porque ele está participando
ativamente e efetivamente de todo o processo da aprendizagem. Sem contar
a presença da interdisciplinaridade. Uma simples notícia trabalha-se
português, matemática, ciências, etc.
26
Em entrevista, via e-mail, com esta pesquisadora.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
27
Em entrevista, via e-mail, com esta pesquisadora.
REFERÊNCIAS
FARIA, Maria Alice de Oliveira. Como usar o jornal na sala de aula. 4 ed. São Paulo:
Contexto, 1999.
FREINET, Célestin. Para uma escola do povo. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
<http://www.ufjf.br/labesc/files/2012/03/A-Arte-de-Pesquisar-Mirian-Goldenberg.pdf>.
Acesso em: abril/2014.
OGAWA, Mary Natsue e LIMA, Kátia Santos. Projeto ler e pensar: o jornal em sala
de aula e suas contribuições para o aprendizado da leitura e da escrita. IN: 17 °
Congresso Brasileiro de Leitura (COLE), Campinas, 2009. Disponível em:
<http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais17/txtcompletos/sem16>.
Acesso em: abril/2014.
ANEXO- Relato de uma atividade, realizado pela professora Janisse Cordova da Costa.
O cãozinho da foto foi vítima de uma crueldade terrível: machucou a pata (não
se sabe se foi mordida de outro cão ou atropelamento) e o dono simplesmente ignorou o
machucado. Por passar meses ferido, encheu de bicho e, claro, ficou super infeccionada.
Mas, felizmente, uma protetora de animais o resgatou, levou ao veterinário e Chico foi
tratado, só que teve de amputar a pata. O problema é que ele está precisando de um lar 111
urgente, pois o local onde está (um abrigo) é muito abarrotado e os outros cachorros
estão judiando dele.
Roda de conversa:
112
113
COMPORTAMENTO
Nessa disputa animal, optar por um bichinho de estimação diferente exige alguns
cuidados prévios, como estrutura adequada para recebê-lo e orientação quanto à
alimentação, mas o principal é entender o temperamento do animal e ter certeza de que
ele é a companhia ideal para o seu estilo de vida.
115
Fiz um resumo da notícia sobre a jiboia com intuito de pesquisar a ficha técnica
deste animal e trabalhar com todos os números mencionados no texto:
116
“O texto diz que a cobra mede 3 metros de comprimento. Qual será então o
tamanho desta cobra?” Pedi que viessem um a um no quadro e fizessem um risco com o
tamanho que achavam que era. Em seguida pedi que utilizando as mãos medissem
novamente o traçado feito por eles. Depois solicitei que utilizando os pés medissem o 117
comprimento do quadro e posteriormente da sala. Para finalizar eles deveriam conferir
com seus colegas se o número de palmos ou de pés foi exatamente igual aos dos
colegas.
Em seguida todos confeccionaram seu metro:
118
119
120
MEIO AMBIENTE
Roda de conversa:
Foi um papo bem interessante, após a leitura do texto, pois os alunos já estavam
com suas opiniões bem formadas a respeito do tráfico de aves. Dias antes eles assistiram
o filme Rio. Então aproveitei para contar uma história:
122
123
Resumo
1 INTRODUÇÃO
2 DEPENDÊNCIA QUÍMICA
3 CODEPENDÊNCIA
O conflito que a família sofre com o uso de drogas por um de seus componentes
é correlativo às reações que vão ocorrendo com o sujeito que as utiliza. Assim sendo,
Prochaska e DiClemente (1982) relatam que esta família progressivamente passará por
quatro estágios:
Por ter um grande impacto sobre a família, quanto mais distorcidas ficam as
emoções dessas pessoas, mais dificultada fica a ajuda e a tendência é que os mais
próximos sejam responsabilizados pela dependência.
Segundo Jaber (2011):
4 PSICOTERAPIA
127
5 TERAPIA COGNITIVA
6 TERAPIA COMPORTAMENTAL
9 MATERIAIS E MÉTODOS
Para elaboração desta pesquisa foi utilizado relatos de dois grupos distintos,
sendo os dois primeiros relatos de pacientes de Grupo de Psicoterapia para Familiares e
do segundo grupo, três relatos de pacientes de Grupo Psicoterapêutico para Dependentes
em Abstinência.
1. Relato - S.E.E. 39 anos - Paciente de Grupo Terapêutico Familiar
(codependente).
“Durante esse tempo de terapia eu vi que precisava ser mais firme com meu
filho. Eu vi que não sou só eu que tenho esse problema e que fazendo como os
colegas fizeram, deu certo também”.
2. Relato – F.F.D. 47 anos
“Quando participei do grupo com pessoas muito mais novas, achava que não ia
aprender nada, mas quando eu escutei aquela mocinha falando dos seus
problemas, eu sentia que ela contava a minha história, mas do seu jeito. E a
maneira simples e humilde que ela usou para resolver a coisa, nunca eu tinha
pensado. É, aprendi muito de mim mesmo com essa menininha”.
3. Relato – H.M.H. 46 anos – Paciente do Grupo Terapêutico de Dependentes
Químico e Abstinência.
“Às vezes as conversas no grupo eram muito chatas, mas me surpreendi quando
aquele velhinho chato passou a partilhar com uma sinceridade tão grande, passei
a querer ser igual a ele, ter a mesma coragem e a mesma sinceridade”.
4. Relato – F.F.C. 28 anos.
“Ao comparecer nessas reuniões do grupo onde eu via pessoas em abstinência, 130
me sentia como se eu estivesse em uma pista de patinação, com patins nos pés,
mas caindo o tempo todo. Eu vi essas pessoas do grupo como grandes
patinadores, ouvindo elas, aprendi a usar os patins”.
5. Relato – N.V.J. 34 anos.
“Em um grupo de familiares, onde os pais estavam presentes dentro da
Instituição, eu tentei manipular o grupo, tentei falar para não ouvir. O psicólogo
logo percebeu e começou a falar alto comigo. Eu senti muita raiva dele, mas ele
cumpriu seu papel brilhantemente, só depois percebi que a raiva que sentia era
que meus pais não estavam presentes na reunião”.
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CORDIOLI, A. V (Org.) & cols. Psicoterapias: abordagens atuais. 3 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2008.
RIZZOLATTI, G. The mirror neuron system and imitation. In: HURLEY, S. &
CHATER, N. (Eds.), Perspectives on imitation: From Neuroscience to Social Science
(Vol. 1: Mechanisms of imitation and imitation in animals - Social Neuroscience).
Cambridge, MA: MIT Press, 2005.
Resumo
1 INTRODUÇÃO
2 AUTISMO
Autísticos do Contato Afetivo. Neste artigo Kanner descreve onze casos de crianças
com características em comum, sendo a principal a dificuldade em estabelecer relação
com outras pessoas de maneira normal. Em 1944, praticamente junto com Kanner, Hans
Asperger escreve o artigo Psicopatologia Autística da Infância, descrevendo crianças
com características parecidas às citadas por Kanner, mas aparentemente mais
inteligentes e sem atraso significativo no desenvolvimento da linguagem, o que mais
tarde foi denominado como Síndrome de Asperger.
A identificação do autismo, hoje em dia é atribuída aos dois, sendo que por
vezes podem-se encontrar estudos de um ou outro tratando de distúrbios ligeiramente
diferentes. (MELLO, 2005).
Até a década de 60 o Autismo era considerado um transtorno emocional,
causado pela incapacidade da mãe e/ou pai de oferecer o afeto necessário para o filho,
essa teoria era baseada apenas na descrição de casos, não havendo comprovação.
Posteriormente, através de pesquisas, o autismo passa a ser entendido como um
transtorno no desenvolvimento. (FILHO e CUNHA, 2010).
Desde sua descrição original, pelos estudos citados acima, o conceito de autismo
sofreu várias modificações. Hoje não entende-se mais o autismo como uma doença
específica, mas sim como uma síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas. Segundo
Silva e Mulick (2009) o diagnóstico de autismo em vários países tem sido realizado
entre os 3 e 4 anos, mas alguns pais já notam sintomas antes dos 2 anos de idade. Já no
Brasil o mais comum é que o diagnóstico seja feito tardiamente, normalmente entre os 6
e 7 anos.
Para o diagnóstico são utilizados principalmente o CID-10 e o DSM (Manual de
Classificação de doenças mentais da Associação Americana de Psiquiatria), que em 134
maio de 2013 teve lançada sua V edição, trazendo alterações referentes ao autismo
quando comparado a IV edição.
desista, pois com o contato diário seu comportamento poderá ir transformando-se. Uma
maneira que se pode utilizar para que ocorra essa antecipação, são os painéis com as
atividades a serem realizadas durante o dia. (SILVA et al., 2012)
Devemos sempre lembrar que o importante na realização dessas atividades é que
o aluno obtenha sucesso, então todas as dicas e os auxílios necessários devem ser
considerados, visando esse objetivo.
O foco de atenção do aluno com TEA normalmente não é muito prolongado,
então as atividades devem ser curtas, e ir aumentando o tempo gradativamente.
Além disso, o autista possui um pensamento mais visual, então deve-se utilizar,
sempre que possível, materiais concretos durante as atividades, como por exemplo, ao
ensinar quantidades, utilizar bolinhas, pecinhas, para que a criança conte, além de
imagens para ilustrar uma explicação teórica. (CUNHA, 2013)
A dificuldade no uso da linguagem pode aparecer na fala propriamente dita, a
criança pode não falar, ou falar com dificuldades, mas também na interpretação do que é
ouvido, e em conseguir expressar o que sente, ou quer, nesse sentido estratégias
concretas podem ser utilizadas, como imagens para se comunicar.
A linguagem utilizada com uma criança autista deve ser clara e objetiva, com
vocabulário simples e frases curtas, além disso, o autista tem um entendimento concreto
da linguagem, em muitos casos interpreta o que é dito de maneira literal, então deve-se
ter o cuidado de não utilizar expressões como “está chovendo canivetes”, pois ele pode
entender literalmente que está chovendo canivetes, o que acarretará um comportamento
de ansiedade. (SILVA et al., 2012)
Para o aluno que não se comunica oralmente, pode-se utilizar um painel de
comunicação, com recursos de apoio visual, com foto, imagens ou até mesmo objetos 138
de acordo com o que poderá ser realizado no ambiente escolar, e de acordo com o
momento do dia. O painel de comunicação é semelhante ao painel de atividades já
citado, mas com diferentes objetivos. (FILHO E CUNHA ,2010)
É comum a criança com autismo tentar se esquivar, fugir e se utilizar de birras
para não seguir o que lhe é pedido, nessas situações é importante que o adulto não
valorize esses comportamentos, pois ao ver que funciona, a tendência é a criança manter
o mesmo em outras situações, o adequado é que o professor redirecione, de maneira
calma, a atenção da criança para a atividade.
Esse tipo de comportamento deve sempre ser investigado, a fim de descobrir o
que gera essa reação, que podem ser inúmeros fatores, como insegurança ao realizar tal
atividade, ansiedade, estímulos sensoriais, entre outros. (CUNHA, 2011)
Outra característica presente em muitas pessoas com TEA é a hipersensibilidade,
inclusive ao barulho, que está extremamente presente em escolas, como o sinal entre as
aulas e o barulho no recreio, procura-se então adaptar maneiras de o aluno conseguir
conviver nesses espaços respeitando sua sensibilidade, como por exemplo a escola
utilizar de outros meios para determinar a troca entre as aulas, disponibilizar ao aluno
um local durante o intervalo, no pátio, onde o barulho seja menor, entre outras
adaptações que a escola pode promover dependendo do grau de sensibilidade do aluno.
Essa sensibilidade por ocorrer também a luminosidade e as adaptações necessárias
devem ser realizadas. (CUNHA, 2011)
O aluno com TEA tem a capacidade de entender e cumprir regras, e isso deve
ser ensinado, pois muitas vezes os pais, cuidadores, professores, têm receio de ensinar,
deixando com que o aluno faça o que quer. Uma outra questão a ser ensinada é o
comportamento de solicitação, ensinar o aluno a pedir ajuda, pois esta é uma dificuldade
muito presente. (KHEURY et al., 2014)
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
MELLO, A. M. Autismo: guia prático. 4 ed. São Paulo: AMA, 2005. Disponível em:
<http://www.ama.org.br/site/images/stories/Voceeaama/downloadsimagens/7guia%20pr
atico.pdf>. Acesso em: 20/01/2015.
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