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Prémio Leaders & Achievers-Flecha Diamante 2016 PMR Africa

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Mariano Matsinha ao SAVANA:

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Debate sobre dívidas no Parlamento Pág. 10


Di
2 Savana 10-06-2016
TEMA DA SEMANA

Mariano Matsinha ao SAVANA:

“Há pessoas que sobrevivem por

o
falar mal do governo e da Frelimo”

log
Por Raul Senda (textos) e Ilec Vilanculos (fotos)

I
gual a si próprio e, aparente- a ninguém. Apenas age em legí-
mente, alinhado com o pen- tima defesa porque é provocada.
samento daqueles que tentam Aponta como exemplo os aten-
parar o vento com as mãos, tados contra o seu presidente em
Mariano Matsinha, veterano da Setembro de 2015, bem como do
luta armada de libertação nacional seu secretário-geral na Beira. Isso

ció
e General na reserva, diz, em en- para dizer que as forças governa-
mentais também estão por detrás
trevista ao SAVANA, que há pes-
da violência.
soas que sobrevivem por falar mal
Uma coisa deve ficar clara. O go-
do governo e do partido Frelimo. verno da Frelimo nunca atacou a
Sem apontar nomes, o General re- ninguém. A Frelimo nunca envere-
feriu que essas correntes procuram dou pelos assassinatos. Sempre que
a todo o custo, através das suas má- a Frelimo acha que há necessidade
quinas de propaganda, incutir no de recorrer à pena capital para re-
seio da sociedade que tudo o que

so
por certa ordem publicita, informa
acontece de mal neste país é culpa o povo que vai fuzilar este ou aque-
do governo da Frelimo. Matsinha, le por esta ou aquela razão. Não há
que abandonou a engenharia civil fuzilamentos clandestinos. Todos
(cursava o segundo ano) em Por- os nossos fuzilamentos foram pú-
tugal para se juntar à Frelimo em blicos. Ademais, na altura em que
1962, culpa a Renamo e o seu lí- a Frelimo ordenou fuzilamentos é
der, Afonso Dhlakama, pela actual porque a lei permitia. Hoje a nossa
tensão político-militar que se vive Constituição já não admite pena de
no país. Associado aos sectores ra- “A Renamo não representa nenhum grupo de marginalizados pelo Governo da Frelimo, porque este nunca marginalizou a morte.
um
dicais que defendem uma solução ninguém. As oportunidades disponíveis são para todos os moçambicanos” No dia em que houver ordens para
angolana em Moçambique, Mat- assassinar as lideranças da Rena-
sinha defende que era necessário A atitude deste partido é estranha relacionados com a detenção de tensão política e militar que o país mo serão anunciadas?
que o país contraísse empréstimos porque as últimas eleições foram fiscais e membros de mesa de voto vive? Porquê se vai esconder isso? De cer-
para a defesa da soberania. Con- conduzidas juntamente com a Re- da oposição em Gaza e de trocas Não restam dúvidas. Primeiro re- teza que será do domínio público,
traria o seu camarada Jorge Re- namo, quer na organização, bem de cadernos eleitorais nas regiões cusaram reconhecer os resultados que há uma operação para a captura
belo e nega que a pobreza esteja como na fiscalização. Nessa altura centro e norte do país... das eleições em que eles mesmos ou abate do presidente da Renamo.
a aumentar. No seu entender, só em nenhum momento a oposição Isso não é verdade. É falacia. Ape- participaram directamente, depois A Frelimo não precisa de esconder
um imperialista é que não vê que reclamou. nas querem justificar as suas fragi- foram para a manipulação popular isso. Basta declarar uma situação de
Moçambique está a crescer. Sobre Mas a oposição diz que apresen- lidades e as atrocidades que estão a e, por fim, partiram para a violência, guerra, persegue-se os bandi-
tou queixas em tempo oportuno pov
cometer contra o povo. que é o que está a acontecer neste dos até serem eliminados.
a governação, Matsinha diz que
e as entidades competentes ig- O General está a dizer que a Re- momento. O cenário vivido nas pro-
Nyusi herdou um país turbulento.
noraram. Estou a falar de casos namo é a principal culpada pela A Renamo diz que nunca atacou víncias de Sofala, Mani-
de

“Tomou posse numa altura em


que o país estava a ser assolado por
cheias na região centro e norte e
seca no sul. O mesmo cenário pre-
valece até ao momento. Depois a
Renamo iniciou as suas incursões
“Só um imperialista não vê o crescimento do país”
A
assassinas e limitou a movimenta- pós vários anos conse- pendência, cerca de 93% dos mo- nável, sobretudo, nas escolas movida pela Renamo. Como aca-
ção de pessoas e bens, o que está a cutivos de crescimento çambicanos eram analfabetos. 40 públicas onde estudam filhos da bar com a pobreza assim.
encarecer o custo de vida”. forte, o desempenho anos depois cerca da metade da população carente já que os fi- Desde a Independência nacional
económico de Moçam- população sabe ler e escrever. Isso lhos das elites vão para colégios que o poder está entregue à ge-
Moçambique está numa encru- é retrocesso? privilegiados. Isso não será uma ração de 25 de Setembro. Porém,
io

bique está a registar sinais queda


bique
zilhada crítica, caracterizada por nos últimos tempos. Como é que Mas a pobreza ainda é visível... forma de discriminação e conti- do ano passado a esta parte, o
uma tensão político-militar (guer- É bom recordar que Moçambique nuar a perpetuar o poder dessas poder foi transferido para outra
o general olha para este cenário?
ra) e as chamadas dívidas escondi- teve o azar de ser colonizado por elites? geração. Que avaliação faz dessa
Só um imperialista é que não vê um país pobre e atrasado. Como O governo da Frelimo nunca dis-
das, que arrastaram o país para um que Moçambique está a crescer. transição? Está a corresponder
descrédito nacional e internacio- consequência não deixaram ne- criminou a ninguém. A questão às expectativas? Os jovens estão
Você não tinha nascido, mas eu nhum legado para nós. Muitas da qualidade preocupa a todos.
ár

nal. Como histórico da Frelimo, vivi num contexto em que era im- a conseguir tomar conta do re-
o que estará por detrás desta triste coisas tivemos de começar de Estou fora do governo, mas como cado?
pensável um preto ter uma casa de zero. O colonialista português é cidadão sinto a preocupação do
ão? Quando é que o país se
situação? alvenaria e uma viatura. Aliás, isso A geração de 25 de Setembro
vai libertar completamente desta pobre na ideia e sob ponto de vis- executivo no sentido de melhorar cumpriu com o seu papel e já está
até é exagero. Nem motorizada ta material. a situação.
incerteza? tinha. a transferir o poder para os mais
Sou da opinião de que em Moçam- Se visitarmos alguns países vizi- Estas coisas de qualidade também novos. Trata-se duma transição,
Nos meus tempos de jovem, em nhos colonizados pela Inglaterra, dependem de vários factores. Do
bique não há tensão política, porque mas que não é levada de forma
Di

Lourenço Marques havia apenas como Zimbabwe por exemplo, professor, aluno, do meio ambien-
as instituições do Estado estão a uma prostituta com um carro. brusca porque pode ser mal su-
funcionar normalmente. Em Mo- encontrámos muita gente forma- te até dos pais e encarregados.
Hoje quantas têm carros? Várias. cedida. Estamos a trabalhar e a
çambique vivemos uma situação da no período de colonização de Pelo que o problema tem de ser
Essa prostituta teve carro porque tal forma que não há analfabetos atacado nessa vertente e não ape- ensinar os mais jovens para tomar
de tensão militar provocada pela caiu nas graças de um branco que conta dos destinos do país, porque
Renamo. naquele país. Da parte de infra- nas na relação aluno-professor.
lhe ofereceu uma viatura velha. -estruturas, o colonialista inglês Jorge Rebelo disse ao SAVANA a maioria de nós já está a sair da
O que aconteceu é que a Renamo Era única negra que tinha viatura. vida activa e é preciso deixar o
deixou muita coisa que facilitou que a pobreza aumentou devido
não concordou com as eleições, o Hoje toda a gente tem viatura. poder com o jovens, mas bem ins-
o desenvolvimento desses países às falhas na governação. Alinha
que é estranho porque nós fizemos Temos escolas em todos os can- truídos. A experiência mostra que
após a independência. Nós não na mesma opinião?
todas as concessões possíveis. tos do país, temos universidades estamos a ser bem sucedidos.
tivemos essa sorte. É opinião dele. Eu acho que o
Em nome da paz, engolimos sapos em todas as províncias e até nos Quando é que vão deixar a polí-
O inglês dizia que não se juntem governo está a fazer tudo o que
e estabelecemos parcerias com a distritos. Exceptuando a situação tica activa e irem definitivamen-
a mim, mas estudem. O português está ao seu alcance com muita se-
Renamo. Formamos uma Comissão provocada pelos ataques da Rena- te à reforma?
dizia que não se juntem a mim e riedade para garantir o bem-estar
Nacional de Eleições (CNE) e um mo, a ligação entre o sul e o norte nem podem estudar. da população. Nós até superamos Estamos a reformar de forma gra-
Secretariado Técnico de Adminis- por estrada é feita em menos de O governo vangloria-se por pro- muitos países da região. dual. Eu estou na reforma, Chis-
tração Eleitoral (STAE) de pari- quatro dias. videnciar educação para todos. O colonialista português deixou- sano, Guebuza e tantos outros.
dade. Isso foi a todos os níveis. Do Quando conquistamos a inde- Porém, a qualidade é questio- -nos na miséria, depois foi guerra Tudo está a ser de forma gradual.
topo até à base.
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DA SEMANA
4 Savana 10-06-2016
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DASEMANA
SEMANA

ca, Tete e Zambézia não é de Plano Quinquenal a paz é priorida- seu governo. hoje. Deixe o diálogo terminar. Aí limo, mas que estão bem na vida?
guerra? de. É por isso que o nosso presiden- Até as valas comuns foram criadas poderei falar. Quantas famílias no nosso país têm
Não. A guerra tem de ser de- te e o seu governo estão a investir pelo governo. Isso é brincadeira de No seu entender qual é o problema acesso à televisão, água, luz e têm
clarada. O que está a acontecer no diálogo para dar paz ao povo. mau gosto. da Renamo. É o seu líder ou algu- viatura pessoal sem ser da Frelimo?
é que as Forças de Defesa e Segu- Porém, há interesses estranhos que Mas os tempos são outros. O nível mas alas dentro do partido? Portanto, tudo isso é falácia para
rança (FDS) estão no terreno para aparecem a manipular a nossa luta e de consciência e de cidadania cres- Sei que queres tirar o que penso, justific
justificar as matanças da Renamo
defender a população das acções da todo o esforço vai para água abaixo. ceu muito em Moçambique. Não mas não vou dizer. Porém, posso lhe que nunca quis conviver com a paz.
Renamo. Que interesses são esses? acha que as pessoas já têm uma adiantar que não culpo os membros Veja que a Renamo iniciou a guer-
O general diz que as FDS estão a Todos aqueles que culpam o go- outra visão das coisas? da Renamo,, nem algumas das suas ra dos 16 anos, que levou o país ao
defender o povo, porém, há situ- verno por todos males, incluindo É bom saber que na altura os ban- lideranças porque sei que há um abismo total. Assinámos os Acordos

o
ações, como é o caso de Moatize, os assassinatos protagonizados pela didos só usavam guerra de armas. grupo de pessoas dentro da Rena- de Roma em 1992, fizemos eleições
em que a população queixa-se das Renamo. Hoje usam guerra de armas, de mo que está a ser instrumentaliza- e eles nunca aceitaram os resulta-
acções violentas das FDS... Disse que a Frelimo nunca escon- propaganda e psicológica. Os ban- do. dos. Em 2012 voltaram à guerra,
Infelizmente estamos a viver um deu fuzilamentos. Porém, todos os didos actuais estão a investir nas Garanto-te que mesmo que per- negociámos em 2014 e assinamos o

log
cenário muito interessante, mas pe- dias há casos de assassinatos e ba- matanças e na propaganda através gunte às pessoas que estãoo no mato acordo de cessação das hostilidades.
noso. Trata-se duma situação que leamentos de opositores e críticos de meios informáticos e de alguma com as armas a matar pessoas o que Realizamos eleições e voltaram de
é alimentada por algumas esferas do regime. São crimes que nunca comunicação social e daí baralham está por detrás das suas acções, não novo às matas para continuar com
contrárias ao desenvolvimento do são esclarecidos. Este não será o a população. vão dizer porque não sabem. os actos de terr
terrorismo.
país. Essas correntes procuram a novo modelo de silenciar os que Está claro que a Renamo está a O general foi ministro do Interior. O governo apela para que o líder
todo o custo, através das suas má- incomodam? matar. Não são apenas as FDS que Na sua experiência, como é que da Renamo saia das matas. Com
quinas de propaganda, não sei com Fui ministro de Interior no gover- estão a ser atacadas. Estão a matar se explica que num país que tem os atentados de que foi vítima, o
que intuito, incutir no seio da socie- no de Samora Machel. Nessa altura civis. Em todo o mundo matar ci- um Estado responsável pela ad- que garante que desta vez não será
dade moçambicana que tudo o que vivíamos numa situação de calma. vis é terrorismo. Em Moçambique ministração territorial apareçam perseguido?
acontece de mal neste país é culpa Porém, tínhamos o registo de sete temos um partido político que usa situações em que se criam bases A governo nunca perseguiu o líder

ció
do governo da Frelimo. assassinatos por semana só na cida- fundos de Estado para cometer o que alojam certos interesses sem o da Renamo e sempre esteve dis-
A Renamo que está escondida no de de Maputo. Imagine agora que terrorismo. Para matar pessoas. Estado estar a par da situação. Isso posto para dialogar, criar condições
mato, queima viaturas nas estradas, os índices de criminalidade aumen- Moçambique parece um país mal- não será fragilidade dos serviços para fazer política e garantir sua
rouba e atormenta a população não taram. O número de assassinatos diçoado. Na óptica do general, o de inteligência? segurança pessoal e da família. As
é culpada. Esse grupo não vê isso. deve ter duplicado. A diferença que que se pode fazer para acabar de- Moçambique é um país muito FDS não estão a perseguir Dhlaka-
Só consegue ver os males do gover- se verifica entre os assassinatos que finitivamente com estes climas de grande. ma e seus membros, estão a defen-
no. se verificaram no passado e nos dias instabilidade? É o mesmo que dizer que o Estado der a população e os seus bens.
Mas são as próprias vítimas que de hoje é que agora todo o crime Tenho ideias claras sobre isso. Mas não está a conseguir ter o controlo Quando há cenários de apareci-
sempre apelam ao governo para cometido é a mando da Frelimo. como recomeçou o diálogo não do seu território? mento de mortes em massa, raptos
tirar o país da violência... Procura-se dar a entender à socie- izar o meu pensa-
posso exteriorizar O governo que suporta o Estado e baleamentos de opositores, o Es-

so
Na campanha eleitoral a Frelimo dade que todo o crime violento que mento sob o risco de interferir nas tem muitas obrigações. Tem de pro- tado, através da Polícia e da Pro-
apresentou um manifesto que foi se verifica no país tem como princi- negociações. videnciar educação, saúde, estradas, curadoria, abstém-se de investigar
votado e transformou-se em Plano pal responsável a Frelimo. Até nas É uma simples opinião general. pontes, água, segurança e justiça e esclarecer os factos, não estará a
Quinquenal. É lá onde está traça- zonas onde a Renamo está a matar Acho que pode expor. social a todos os moçambicanos e contribuir para estas suspeitas de
da toda a estratégia do governo. No pessoas a culpa é da Frelimo e do Não me vou referir a essas ideias em todo o país. Isso não é fácil num que o governo da Frelimo estará
país tão pobre como o nosso. Ain- por detrás das atrocidades?
da não há capacidade humana nem Eu sou da Frelimo desde o princípio
material para responder a todas as
mater e nós nunca matámos a população.

Nyusi herdou um país turbulento exigências do país. Daí aparecem


estas fragilidades.
Fuzilámos quando alguém trai-nos,
mas também foi num contexto. Isso
um
As limitações não se limitam ape- nunca escondemos e tudo era feito

C
omo avalia os primeiros sumo está a fazer um bom trabalho. sociedade que infelizmente trans- nas ao controlo territorial. Temos dentro das normas.
17 meses de governação Por exemplo, Filipe Nyusi anun- portam a mentalidade do colono, problemas também na educação, Pelo que não há espaço para suspei-
de Filipe Nyusi? ciou a abertura da linha de diálogo segundo a qual, se um preto corre é saúde e nas infra-estruturas. As tar o governo da Frelimo pelas mor-
Ele herdou um país bas- com a Renamo para a paz. Porém, porque
que é ladrão e o branco está a fa- nossas instituições ainda são muito tes. Isso é manipulação de pessoas
tante turbulento. Tomou posse há indicações de que as FDS rece- zer exercícios físicos ou é atleta. Se fracas. Não nos podemos comparar de má-fé, de inimigos do sucesso de
numa altura em que o país estava beram ordens para apertar o cerco o preto é rico é porque é corrupto e com os países da Europa cujos Es- Moçambique.
a ser assolado por cheias na re- na zona onde se localiza a base de o branco é honesto. A nossa socie-
tados têm mais de 200 a
gião centro e norte e secas no sul. Dhlakama. Não será isso falta de dade vive na teoria de ccaranguejo.
300 anos.
O mesmo cenário prevalece até ao controlo dos centros decisórios?
Uma coisa é diálogo para a paz e a Numa das entrevistas
momento. Depois a Renamo ini- Dívidas escondidas ao SAVANA, o padre
ciou as suas incursões assassinas e outra é as FDS protegerem a po- Uma das coisas que está a agitar
pulação que está a ser assassinada o país nos últimos anos são as Filipe Couto disse que
limitou a movimentação de pessoas
e bens, o que está a encarecer o cus- pelos bandidos. As FDS vão con- dívidas contraídas por empresas a força da Renamo não
de

to de vida. tinuar a fazer o seu trabalho e até privadas, mas com garantias do vem nem de capacidade
A economia internacional também capturar ou abater os bandidos. Isso Estado. Como é que vê esse fardo de persuasão, nem das
está a ser desfavorável para Mo- não pode ser conotado como fragi- que o Estado está a ser obrigado a armas. Surge de cada vez
çambique com as suas riquezas a lidade do nosso Presidente. É papel suportar? mais crescente grupo de
ficar sem valor no mercado e a li- de Estado proteger seus cidadãos. Isso é propaganda daqueles que moçambicanos que dia
mitar a entrada de divisas no país. Enquanto o Presidente da Renamo sempre não gostaram de ver Mo- após dia são marginali-
Temos alguns problemas que estão estiver escondido e a mandar matar çambique a ser dirigido por mo- zados pelo poder. O que
a ser resolvidos, mas sem paz não pessoas, as FDS estarão lá a actuar çambicanos. Qual é o país que não tem a comentar sobre
podemos fazer nada e o país con- de forma a proteger a população e tem dívida no mundo? Eu apenas isso?
tinuará nesta situação de incerteza. perseguir os assassinos. conheço Botswana. Mesmo os Es- Respeito, mas não con-
Certa opinião pública entende Como é que avalia a Frelimo de tados Unidos da América, que são cordo com a ideia. A
io

que Filipe Nyusi ainda não se con- hoje? Alguns camaradas seus, a maior potência económica do Renamo não representa
seguiu impor no partido. Há sec- como é o caso de Jorge Rebelo, mundo, estão endividados inter- nenhum grupo de margi-
tores muito fortes que continuam entendem que o partido se des- namente. A África do Sul, que é a nalizados pelo Governo
a ditar orientações no partido e o viou da sua linha. Outros enten- maior economia da África, tem dí- da Frelimo, porque este
general é conotado como fazendo dem que as suas elites estão mais vidas. Porquê tanto barulho quando nunca marginalizou a
parte desse sector radical.
al. Qual é o concentradas na acumulação de é Moçambique? Isso é má-fé. ninguém. As oportunida-
ár

seu comentário? riqueza, ignorando os anseios da O problema é que no processo da des disponíveis são para
São pessoas que nem fazem parte população. contracção das dívidas violou-se a todos os moçambicanos.
da Frelimo e nada sabem sobre o Isso é o que a oposição e pessoas de Constituição e que há espaço para Os hospitais, as esco-
partido.. Neste país há pessoas que má-fé dizem. Mas não é verdade. a responsabilização criminal. Co-
las, as universidades, os
sobrevivem
evivem por falar mal do gover- É um facto que, tal como em qual- munga o mesmo espírito?
quer organização, há pessoas mais Isso foi por razões estratégicas.
transportes públicos, os
no e da Frelimo. O nosso partido
tem órgãos que aprovam directi- ricas que outras. Isso acontece na Foram razões de soberania que terrenos, a energia, água
são para todos os mo-
Di

vas. É na base dessas normas que a Frelimo, talvez na Renamo ou no exigiram que se procedesse daque-
organização funciona. Na Frelimo MDM. Até nas empresas entre co- la forma. Sabe, estas coisas de se- çambicanos.
não se trabalha à margem dos es- legas há quem é mais abastado que gurança são muito complexas. Até General, estou a falar da
tatutos. Por isso o presidente Nyusi o outro. os americanos têm muita coisa es- distribuição da riqueza,
está, na base dos estatutos do parti- Por exemplo, eu não sou rico, levo condida por aí e ninguém diz nada. onde há pessoas, que são
do, a desempenhar as suas funções uma vida humilde, mas sou da Isso tudo não tem sentido nenhum. a minoria, que estão a
como presidente da organização e Frelimo, o presidente Samora não É tudo propagada. ficar cada vez mais ricas
na base da Constituição desempe- morreu rico. Para dizer que isso é Jorge Rebelo é da opinião de que e a maioria a ficar pobre.
nhar as suas funções de Presiden- mentira. a responsabilização criminal de É tua opinião. Eu recuso
te da República. Ninguém manda Temos camaradas ricos e outros Armando Guebuza pode provo- completamente isso. As
nele. Aliás, tal como ele disse, o pobres. Isso é a dinâmica duma or- car ruptura na Frelimo, mas se for oportunidades são para
povo é que é o seu patrão. ganização. para a descoberta da verdade sobre todos. Quantos bairros
Como organização que agrega vá- Pode indicar-nos os nomes de al- o real destino do dinheiro da dívi- surgem nas nossas cida-
rias pessoas não faltam diferenças, guns camaradas ricos próximos do da que venha a ruptura. Como é des todos os anos habi-
divergências ou confrontos de opi- senhor general? que analisa isso. tados por jovens forma-
niões, mas isso depois é ultrapassa- A Frelimo tem muitos membros. Não tenho nada a comentar. Obri- dos e a levar uma vida
do em nome dos interesses supre- Não posso responder a pergun- gado. próspera? Quantas pes-
mos do partido e do Estado. Em re- ta. Contudo, há certas pessoas na soas falam mal da Fre-
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DA SEMANA
6 Savana 10-06-2016
SOCIEDADE

Tribunais e Parlamento são as formas modernas de responsabilizar Governos

Os recados da madame Joanna


Por Armando Nhantumbo

o
D
epois de ter afirmado, se- das experiências do Reino Unido e, continuam relevantes para o Reino
mana passada, que, em por isso, não enveredar pelo cerce- Unido, Moçambique e o mundo in-
meio à corrupção, os mais amento de opiniões, a interlocutora teiro.

log
pobres e vulneráveis é que disse que “hoje em dia, a Fundação Sobre o 90ª aniversário oficial de
acabam por pagar pelo enriqueci- WorldWide Web coloca o Reino Sua Majestade a Rainha Elisabe-
mento de alguns poucos indivídu- Unido no topo do ranking do seu th, a Alta Comissário recordou que
os, esta semana, a Alta Comissária Barómetro dos dados abertos. O o mesmo acontece depois de a Sua
britânica em Moçambique voltou à nosso governo
erno reconhece que as li- Majestade se tornar na monarca que
carga com mais recados para Mapu- berdades de expressão e de imprensa por mais tempo serviu a Coroa Bri-
to, embora disfarçados por detrás de são factores essenciais para uma so- tânica.
tânic
uma linguagem diplomática. ciedade dinâmica”. Recuou para 1952, quando Elisabe-
Citou “Macbeth”, uma outra peça a th se tornou Rainha, para dizer que,
desde lá, a Inglaterra se transformou,

ció
Numa altura em que a economia propósito da qual disse que a “ambi-
ção desmedida” e assassinatos eleva- imensamente, por isso que a cele-
moçambicana atravessa um dos seus
ram o rei ao poder, mas ele e outros bração é mesmo para prestar home-
piores momentos, com dívidas con-
reis corruptos acabaram de forma nagem à dedicação que ela prestou
traídas pelo executivo à revelia do
violenta. durante seis décadas na Coroa.
Parlamento e em violação da Lei
Igual a si mesma, a mulher de fibra “Igualdade para as mulheres e pro-
Orçamental, Joanna Kuenssberg não tecção das minorias; uma economia
cita nomes como Armando Gue- mencionou igualmente a peça “Ha-
mlet” sobre os direitos da terra e da liberalizada; a descolonização; a
buza ou Manuel Chang, que rei- desconcentração de poderes para a
herança e “Romeu por Julieta” que
teradamente são associados ao que Escócia, País de Gales e Irlanda do
inclui referências sobre o casamento
sugere esquemas de corrupção, como

so
prematuro e forçado, que também Norte; a Lei sobre o acesso à infor-
admitiu, há dias, a directora-geral são desafios no Moçambique do mação”, citou como alguns exemplos
do FMI, Christine Lagarde, nem se momento. conseguidos na era de Elisabeth,
refere directamente a Moçambique. “Os juízes podem forçar o governo a reconsiderar determinadas decisões”, Só foi depois destes e outros reca- acrescentando que alguns aspectos
Pelo contrário, a diplomata que fa- Joanna Kuenssberg. dos que Joanna Kuenssberg, sempre como o Estado de Direito e a pri-
lava por ocasião das celebrações, na com sorriso
sorr simpático, disse, perante mazia do Parlamento permanecem
capital moçambicana, do 90ª ani- próximo mês para uma conferência passado recente, Joanna Kuenssberg representantes do Governo e convi- na sociedade britânica.
versário oficial da Rainha Elisabeth sobre o papel parlamentar na garan- disse, esta semana que, no passado, dados, maioritariamente, membros Sobre os quatro séculos da morte de
da Inglaterra, num ano que coincide tia da transparência fiscal”. governos britânicos tentaram su- do corpo diplomático, que o Reino William Shakespeare, a fonte dis-
com 400 anos da morte do poeta, Depois de semana finda ter ho- primir opiniões que considerassem Unido é um Estado antigo ainda em se que os temas daquele que é tido
um
dramaturgo e actor inglês William menageado o Professor José Jaime inconvenientes, até porque mesmo progresso cuja cultura ajuda a par- como o  maior  escritor  do  idioma
Shakespeare, foi exactamente à terra Macuane, que classificou como lu- as peças de Shakespeare foram cen- tilha das lições aprendidas durante inglês e o mais influente dramatur-
de Sua Majestade buscar exemplos tador pela transparência e que foi suradas. séculos. go do mundo conservam uma resso-
que, mesmo assim, remetem à cor- vítima de um ataque cobarde, num Desafiando Moçambique a aprender Para ela, os temas de Shakespeare nância para o mundo moderno.
rupção e impunidade que dilaceram
Moçambique.
Por exemplo, evocou a “Medida por
Medida” de Shakespeare, avançando Alta Comissária defende auditoria forense para recuperar o dinheiro que ainda existe
que a peça explora os riscos de um
sistema de justiça corrupto. Men-
cionou “o Rei Ricardo II”, também
de Shakespeare, para recordar que o
“A situação é muito grave”
de

Rei gastava, generosamente, para si

M
omentos antes do Kuenssberg disse: “estamos ansiosos frer, as empresas estão a sofrer. Então, vel entre o presidente da Repúbli-
e seus amigos, praticamente, levando
evento simbólico, em ouvir as ideias ao lado do Go- há uma urgência em tomar decisões” ca, Filipe Nyusi, e o presidente da
a Inglaterra medieval à bancarrota, disparou.
Joanna Kuenssberg verno de Moçambique sobre como Renamo, Afonso Dhlakama.
mas no fim foi deposto pelo Parla- Questionada se concorda ou com a
manteve um breve o Governo vai restabelecer a con- Disse que que o seu país está an-
mento. realização de uma auditoria forense
contacto com jornalistas, tendo fiança dos moçambicanos e também sioso em ouvir notícias sobre a
“No Reino Unido, os Tribunais e o abordado o estágio actual das re- ou então com o “onde está o dinhei-
dos amigos internacionais do país e cessação das hostilidades militares
Parlamento são as formas modernas lações entre Moçambique e Rei- ro?”, Kuenssberg respondeu: “é uma
o Reino Unido, como amigo de mui- que matam e destroem no Centro
de responsabilizar o governo”, disse. no Unido. questão importante porque o Gover-
to longa data, pode acompanhar nos
Numa altura em que em Moçambi- no de Moçambique deve reduzir o de Moçambique, contrariando os
Destacou a boa governação e o esforços neste sentido”.
que cresce o tom das exigências de peso desta dívidas e só encontrando, discursos dos políticos que todos
ambiente democrático
democrático, o apoio A uma pergunta do SAVANA sobre
io

responsabilização daqueles que en- porque uma parte do dinheiro ainda os dias repetem que querem a paz.
ao desenvolvimento económi- de quê vai depender o restabeleci- existe, pode fazer isto. Então, uma
dividaram o país em bancos interna- co, o desenvolvimento humano mento do apoio do Reino Unido a “Os próximos passos devem ser
cionais, Joanna Kuenssberg vincou auditoria forense seria um meio mui-
como a luta contra casamentos Moçambique e até quando, a diplo- to prático de ter esta clareza completa substanciais, até porque o Reino
que os juízes podem forçarçar o go- prematuros, empoderamento das mata respondeu: “as dívidas ocul- Unido também está muito sensí-
sobre a situação e é um passo mui-
verno a reconsiderar determinadas mulheres e das raparigas, bem tas representam uma quebra muito vel à protecção dos direitos hu-
to importante especificamente para
decisões, no âmbito do que chamou
ár

como tornar Moçambique mais grande na confiança entre o Gover- recriar a confiança”, numa altura em manos, à liberdade de expressão e
por “revisão judicial” resiliente às mudanças climáti- no de Moçambique e o Governo do que se exige, a cada dia que passa, a de Imprensa porque só com a pro-
Segundo Kuenssberg, no Reino cas, como áreas mais prioritárias Reino Unido”, acrescentando: “os responsabilização criminal dos arqui-
Unido,, os Tribunais condenaram a tecção destes direitos pode ficar o
do seu país. nossos ministros estão muito sensí- tectos da dívida mal parada.
penas de prisão membros do par- Intervindo na ocasião, o ministro da núcleo de um Estado moderno,
Mas como era inevitável falar do veis a esta situação. Estamos à espera
lamento que tivessem desviado di- Terra, Ambiente e Desenvolvimento para a reconciliação duradoura”,
endividamento, Joanna Kuenss-
endividamento das propostas ao lado do Governo
nheiros públicos, acções de que, em berg começou por recordar que e Rural, Celso Correia, que falava em avançou, acrescentando que o seu
de Moçambique e vamos avaliar em
Di

Moçambique,, apesar do desfalque “face às dívidas públicas ocultas, representação do Governo moçambi- país tem muitas lições de violência
conjunto com os outros parceiros de
quase diário das contas públicas, não cano, reconheceu que a parceria entre política, lições aprendidas durante
e como o resto dos parceiros de cooperação com Moçambique”.
se tem registo. os dois países atravessa o que chamou muito tempo e que ensinaram que
apoio ao Orçamento de Estado, Aquela representante, que falava no por desafios, mas disse acreditar na
Diferentemente
erentemente de Moçambique, o Reino Unido suspendeu todos dia em que o governo moçambicano a negociação é a única solução
onde a Assembleia da República, sua manutenção.
os fundos que nós canalizávamos foi à plenária da Assembleia da Re- para uma saída duradoura.
dominada pelos camaradas, trans- pelos sistemas governamentais”, pública para esclarecimentos sobre a Cadê cessação das hostili- “No Reino Unido moderno, nós
formou-se num simples cartório garantindo, contudo, que o seu dívida pública, defendeu que um es- dades militares aprendemos, ao longo das décadas
para aprovar tudo o que é iniciativa país está a trabalhar arduamente clarecimento completo da situação e Sobre a tensão político-militar , outro
da Frelimo e, por outro lado, chum- do processo de paz na Irlanda do
para minimizar uma interrupção das consequências é muito necessário. tema na ordem do dia em Moçambi-
bar tudo que vem da oposição, a di- Norte, que negociações e institui-
das suas actividades nas áreas Insistiu que só com uma clareza com- que, a fonte disse que o Reino Unido
plomata disse que “no Reino Unido, ções são a única solução à violên-
relevantes como água e sanea- pleta sobre os números, os prazos, congratula-se com a nova plataforma
a Comissão Parlamentar sobre as mento, sector social, pois o foco que permita tomar conhecimento cia política” referiu, repetindo que
para o diálogo rumo à paz, recente-
Contas Públicas é um órgão po- é apoiar aos moçambicanos mais completo da gravidade da situação, é mente, estabelecida, nomeadamen- “ansiamos pelo fim rápido das
deroso e sempre presidida por um vulneráveis. que o Estado pode progredir. te, a constituição de uma Comissão hostilidades assim como passos
membro da oposição. Estou conten- Sendo Maputo quem tem o mar- “A situação é muito grave, a econo- Mista pelo Governo e Renamo para para uma reconciliação duradou-
te que uma delegação da Assembleia telo para retirar o país da lama, mia está a sofrer, os bancos estão a so- preparar o encontro ao mais alto ní- ra”.
da República viaje para Londres no
Savana 10-06-2016 7
SOCIEDADE

Procurador do GCCC dirigindo a Polícia de Trânsito:

“Combater corrupção usando o direito


penal é uma atitude reducionista”

o
log
Por Abílio Maolela

O
Procurador Cristóvão está integrado”. envolvimento no crime organizado. resistência dos polícias em relatar gundo, deve-se introduzir disciplinas
Mondlane, afecto ao Ga- O facto, segundo aquele procurador, No ano passado, 12 cornos de rinoce- actividades corruptas de seus colegas que respondam às necessidades de
binete Central de Comba- é que as acções contra a corrupção ronte desapareceram, na Matola, nas (código do silêncio); a relutância dos uma sociedade livre da corrupção: di-
te à Corrupção (GCCC), policial são adoptadas de forma reac- mãos da corporação, num universo de administradores policiais em admitir reitos humanos e cidadania, relações
critica o discurso de “purificação de tiva ao que é publicado nos media e o 65. Entretanto, a Polícia de Trânsito a existência da corrupção sistémica; e polícia-comunidade e prevenção po-
fileiras”, proferido por comandantes contexto social ou organizacional não é a cara mais visível, devido às suas o facto da mesma beneficiar as partes licial”, avançou.
da Polícia da República de Moçam- é tomado em conta, sendo os polícias cobranças ilícitas na via pública. envolvidas. “Tenho dificuldades de processar
bique (PRM), considerando que a envolvidos tratados pelos dirigentes Cristóvão Mondlane afirma ainda “Há muito silêncio na PRM. Isto um polícia porque, de antemão, sei

ció
expulsão dos agentes, por prática de como “casos isolados” ou “situação de que “pensar em combater a corrup- acontece por receio de que, se fazer que não sabe disso. Por exemplo, no
corrupção, não é a solução para o purificar as fileiras”. ção de uma forma reactiva, tendo isso será o próprio superior a virar o caso da expulsão da cidadã espanhola,
combate deste mal, visto que estes “Dizer que vamos purificar as filei- em mente apenas a racionalização cano contra você”, sublinha. aquele colega agiu daquela maneira
fazem parte de uma organização e ras, expulsando um e outro, estamos do direito penal é uma atitude redu- Por isso, para solucionar o problema, porque não sabia e também ninguém
também de uma sociedade. a escapar do problema real. Temos cionista, pois não há dúvida de que a Mondlane aponta o estabelecimento lhe disse que não estava correcto”,
de fazer um trabalho de fundo, por- corrupção interna depende da relação de mecanismos destinados a dificultar constata.
Falando esta quarta-feira, em Mapu- que mesmo que seja expulso ele vai entre as autoridades e os cidadãos”. a prática da corrupção, concentrando Em jeito de comentário, os agentes
to, no Comando da PRM da capital a sociedade, onde não estará isento “A corrupção no nosso país só nos focos nas estruturas que favorecem da PT agradeceram a aula e Júlio Issá
do país, a uma plateia de Polícias de de corromper e ser corrompido. É aí preocupa na parte penal. Aquilo que a corrupção; estabelecimento de um afirmou que “não pedimos dinheiro,

so
Trânsito, numa palestra sobre “o pa- onde devemos atacar o problema”, vem a partir do artigo 501 do Códi- código de conduta, tendo como ob- às vezes somos obrigados a levar”,
pel do polícia na prevenção e comba- disse. go Penal. Até ficamos felizes por isso jectivo principal substituir o “código pelo que é preciso esta acção ser alar-
te à corrupção”, Mondlane explicou De acordo com um estudo publicado porque exibimos que condenamos de silêncio”; a motivação dos polícias gada à sociedade.
que a corrupção policial é um em- pelo Centro de Integridade Pública, tantos polícias ou servidoreses públi- de forma “positiva”, com enfâse na De referir que a palestra tinha como
preendimento que deve ser discutido semana finda, de 2002 a 2014, a cor- cos. O CP é um instrumento formal, importância do seu papel social; e a
impor objectivo sensibilizar aquele grupo
em duas perspectivas, onde primeiro rupção custou, por ano, 500 milhões tipificando condutas individuais em reformulação dos curricula das aca- profissional a abrir a consciência para
é necessário avaliar o nível de corrup- de dólares à economia de Moçambi- abstracto, enquanto estamos a falar demias e escolas da polícia. a verificação de que a corrupção não
ção existente na sociedade; e segun- que, devido às fragilidades das insti- de relações concretas”, explica. “Primeiro, é preciso privilegiar os va- é algo que apenas diz respeito aos
do, se na própria corporação, o que tuições do Estado. Mondlane sustenta a sua posição lores morais na formação dos agen- outros, mas a todos e, segundo Mon-
um
pesa mais são “os desvios isolados de Nos últimos anos, a PRM tem sido afirmando que a corrupção poli- tes da polícia, pois a actual privilegia dlane, a PT deve ser exemplo, porque
polícias com fraqueza de carácter ou apontada como uma das instituições cial apresenta
esenta características que a questões técnicas e de disciplina pe- são os primeiros guardiões da lei e
ao sistema (PRM) em que o polícia mais frágeis do país, devido ao seu tornam difícil de controlar, como a rante os superiores hierárquicos. Se- ordem.
de
io
ár
Di
8 Savana 10-06-2016
SOCIEDADE

o
ADESÃO DE NOVOS MEMBROS

log
O Instituto Fanelo Ya Mina, consti- domínios da vida política e pública,
tuído em Março de 2011, visa, entre que embora estruturantes de uma

ció
outros, assegurar a igualdade entre cidadania activa e responsável, ainda
Mulheres e Homens, garantindo não têm diminuta expressividade.
só o princípio inserto na Constituição
da República de Moçambique, mas, É, neste quadro, que tendo em conta
também, assumindo a sua promoção.

Neste quadro, a visão, missão e va-


lores por que o Fanelo Ya Mina se
so
a sua sensibilidade, perfil e activismo
empenhado nesta matéria, vimos
convidá-lo(a) a juntar-se ao Fanelo
Ya Mina e com ele levar por diante
um
move concorrem para a consolidação e o mais longe possível a bandeira e
da política nacional no domínio da os valores da Igualdade em Moçam-
Igualdade de Género e dos Direitos bique.
das Mulheres, Raparigas e Crianças.
Contamos consigo para a constru-
de

Efectivamente, as Políticas de Igual- ção e valorização de uma verdadeira


dade entre Mulheres e Homens tor- Cultura da Igualdade de Género no
naram-se cada vez mais fundamentais País.
para uma vivência plena de uma ci-
io

dadania que integra os Direitos Hu- A Direcção


manos e contribui para o aprofunda- Celma Elizabeth de Menezes
mentoo da democracia. Maputo, 7 de Junho de 2016
ár

Urge, assim, desenvolver um esforço N. B. Os interessados poderão manifestar


a sua adesão ao Fanelo Ya Mina contac-
Di

concertado de combate aos estereóti- tando-nos por e-mail (menezes.ce@gmail.


pos de género em todas as áreas e, em com), por telefone (+258 84 2753752) ou
particular, na educação e formação, através dos nossos escritórios sitos na
Av. 25 de Setembro, n.º 270, edifício
na saúde, no mercado de trabalho, Timesquare, Bloco II, 2º Andar na Cidade
no desporto e na cultura, na comuni- de Maputo, onde poderão obter o formu-
cação social, bem como em todos os lário de adesão.
Savana 10-06-2016 9
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10 Savana 10-06-2016
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Debate sobre dívidas no Parlamento

Chang obrigado a abandonar plenária


- oposição quer os responsáveis das “dívidas escondidas” na prisão

o
Por Argunaldo Nhampossa

N
ão venceu a tentativa da USD 178 milhões, sendo que a na) e o escritório SCAN (Silva,

log
presidente do Parlamen- próxima está marcada para mesma Centeio, Avillez, Advogados) de
to, Verónica Macamo, em data de 2017, assegurando, contu- Maputo (lei moç
moçambicana).
proteger o seu camarada do, que decorrem negociações com
de partido, passando por cima da o banco russo VTB para reestru- Na Holanda, a nível parlamentar,
exigência do MDM para que o turação da dívida. A Ematum, ao está em desenvolvimento a inicia-
deputado Manuel Chang aban- contrário
io do que disse Maleiane tiva de se investigar a EMATUM
donasse a sala para dar lugar ao na sua deslocação anterior ao Par- Finance 2020 BV, o veículo finan-
debate sobre as dívidas públicas, lamento, tem a sua frota pesqueira ceiro criado no âmbito da emissão
onde ele é um dos suspeitos e par- apetrechada
echada para pescar de acordo dos “títulos do atum” e a empresa

ció
te interessada. O antigo homem com os “standards” da União Eu- de consultoria financeira associa-
de mão de Armando Guebuza ropeia. O desmentido é da própria da, a TMF Group Hold Co BV.
acabou por ceder ao incómodo empresa
esa e do ministro das Pescas, Em termos internacionais, os jor-
requerimento da oposição, sain- Mar e Águas Interiores, Agos- nalistas familiares com o processo
do da sala de forma sorrateira, tinho Mondlane. Mas Maleiane estão a ser contactados por Stuart
uma vitória da oposição, comple- argumenta que fez tais declarações Leasor, que se apresenta como
mentar ao ter forçado a Frelimo na base de informações fornecidas responsável para a comunicação
a agendar o debate da dívida com pela própr
própria Ematum. da Privinvest, a empresa ligada ao
carácter de urgência.

so
Maleiane disse que, como resul- libanês Iskander Safa, a peça cha-
tado da presente situação, será em ve em todas as transacções para as
Isso mesmo. Manuel Chang, que breve apresentado um “plano de empresas criadas. Leasor alega que
nos dois mandatos de Arman- emergência”, uma fórmula equiva- pode esclarecer todos os detalhes
do Guebuza ocupou a pasta das lente a um Orçamento rectificativo relacionados com a Ematum, a
Finanças, facto que o liga à con- para 2016, no qual estão previstos Proíndicus, a MAM e a Privinvest.
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'HYLGRDFRQÁLWRGHLQWHUHVVHV&KDQJWHYHGHDEDQGRQDURSDUODP HQWR
tracção das dívidas escondidas cortes representando 10% do do-
com garantias governamentais, foi blica, numa sessão que, se tivesse trabalho conjunto para lidar com cumento inicial, uma soma acima Comissão de inquérito
quarta-feira obrigado a abandonar sido feita em Abril último, quando as questões da dívida. Os doado- dos USD 400 milhões. Na sessão parlamentar, o PM soli-
a sala de sessões da Assembleia da citou à AR para inscrever as garan-
um
a Renamo solicitou, teria evitado a res, em resposta a 26 de Maio, re- Em Maio, a inflacção acumulada
República (AR) por conflito de in- despesa de 14 milhões de meticais. cusaram a proposta sugerindo que atingiu os 18,3%, o dólar nas co- tias emitidas a favor das empresas
teresse em relação ao assunto em Durante dois dias, o Primeiro- o Governo deve primeiro discutir tações oficiais atingiu os 60 meti- Proíndicus e MAM na Conta Ge-
debate, que era o esclarecimento -Ministro foi à chamada “casa do com “as instituições nacionais” as cais (65 Mt no paralelo), o rand, ral do Estado de 2015 para permi-
do governo sobre a dívida pública. povo” e voltou a reconhecer que medidas que se propõe tomar para os quatro meticais (4,5 Mt. no pa- tir o seu julgamento pelo Tribunal
Mal começou a II sessão extraordi- deveria ter partilhado em tem- assegurar o máximo de transpa- ralelo). Maleiane reconheceu que Administrativo (TA).
nária, o deputado da bancada par- po útil as informações relativas rência para restaurar a confiança será impossível conseguir-se um Apelou de seguida ao TA para, na
lamentar do Movimento Demo- às garantias soberanas emitidas nos mecanismos nacionais. crescimento do PIB (Produto In- qualidade de auditor das contas
crático de Moçambique (MDM) pelo Estado, a favor das empresas Sem entrar em detalhes sobre os terno Bruto) em 7%, moderando públicas, verificar as irregularida-
e presidente da Comissão de Ética Proíndicus no valor de USD 622 doadores, Rosário assegurou que as suas expectativas para o interva- des ocorridas no processo de emis-
Parlamentar, Silvério Ronguane, milhões e MAM no valor de USD o governo vai honrar os compro- lo entre os 5 e os 6%. são das garantias e da contracção
pediu palavra para solicitar a reti- 535 milhões, mas não o fez, alega- missos sobre os pagamentos da de dívidas sem se esquecer de fixar
de

rada do antigo Primeiro-Ministro, Desenvolvimentos interna- as medidas apropriadas.


damente porque que em 2015 entrou dívida da EMATUM, nos termos cionais
Alberto Vaquina e todos os minis- um executivo novo, que foi to- e condições da reestruturação con- Tranquilizador, o PM disse que a
Há uma corrente de opinião entre Procuradoria-Geral da Repúbli-
tros do anterior governo agora de- mando conhecimento do dossier, cluídos em Abril e reiterou que, no os economistas moçambicanos que ca (PGR) e os Tribunais estão a
putados, evocando a existência de apesar dos titulares
es serem todos do toca à Proíndicus e MAM, o
que toc a dívida contraída junto dos bancos trabalhar no sentido de esclarecer
conflito de interesse. mesmo partido, para além de que governo assumirá somente a com- comerciais não deve ser paga, en-
Evocando o número 1 do artigo alguns governantes transitaram do ponente que ficar comprovada que as dúvidas sobre a legalidade da
quanto não forem escrutinadas as
163 do Estatuto de Segurança e governo anterior. Esta postura su- efectivamente foi aplicada para emissão das garantias soberanas e
condições em que os empréstimos
Previdência do Deputado, Silvé- gere que o “dossier das dívidas” não fins de interesse público. A dívida a aplicação dos recursos mobiliza-
foram concedidos. Durante o fim
rio Ronguane disse: “os deputados, era do conhecimento de todos no moçambicana está calculada em dos.
de semana, o “Wall Street Jour-
io

quando apresentam projectos de anterior governo e que não houve USD11,6 mil milhões. “Para se poder falar com proprie-
nal”, a publicação que despoletou o
Lei ou intervenham em quaisquer uma “transmissão de pastas” plena Rosário garantiu que o executivo dade sobre estas matérias de res-
escândalo das “dívidas escondidas”,
trabalhos parlamentares, em Co- para o novo Executivo. Agostinho fará de tudo para que as empresas ponsabilização em face de even-
noticiou que o Governo contratou
missão ou Plenário, devem, pre- absteve-se de invocar motivos de assumam as suas responsabilidades tuais irregularidades no processo
o famoso advogado, Lee Buchheit,
viamente, declarar a existência de segurança para ocultar as dívidas, sem com isso sobrecarregarem o de contracção da dívida, temos de
um especialista em reestrutura-
ár

conflito de interesse,, se for o caso, como o fez na conferência de im- Orçamento do Estado. aguardar, serenamente e sem pres-
ção da dívida no escritório Cleary
na matéria em causa”. prensa de 28 de Abril corrente. De acordo com o ministro da Eco- sões nem interferências pelo fim
Gottlieb Steen & Hamilton LLP.
Dito isto,, a presidente da Assem- Do Rosário reconheceu que o fac- nomia e Finanças, Adriano Ma- do trabalho em curso da PGR e
As entidades reguladoras da Suíça
bleia da República, a, Verónica Ma- to das duas dívidas não constarem leiane, que também falou perante a Tribunais”, disse.
e da Grã-Bretanha também en-
camo, a quem cabia a decisão final, estatísticas oficias sobre a dívi-
nas estatístic plenária da AR, até ao momento as cetaram contactos com o Credit Notando que os esclarecimentos
tentou minimizar o assunto, ale- da pública constitui uma omissão três empresas ainda não assinaram Suisse e o VTB para saber em que do governo não corresponderam
Di

gando que ainda estava apresen- que pode ter implicações na ava- qualquer contrato para viabilizar circunstâncias os empréstimos fo- às expectativas, as três bancadas
tando novos deputados, mas não liação e análise da situação macro- ram feitos. parlamentares foram unânimes
os respectivos negócios. O Gover-
assunto
mais tocou no assunto. económica do país. O prospecto de reestruturação da em solicitar a criação de uma co-
no é a favor da reestruturação do
O que é certo é que, enquanto o As “dívidas escondidas” levaram dívida da Ematum, onde vem lis- missão de inquérito para averiguar
sector económico público, incluin-
Primeiro-Ministro, Carlos Agos- à suspensão dos programas como tado o total da dívida contraída o caso, mesmo com argumenta-
do as três empresas problemáticas.
tinho do Rosário, se dirigia ao o FMI e a Banco Mundial, assim (Proíndicus e MAM), teve como ções diferentes. A Renamo quer
Terça-feira foi anunciada a venda
pódio para apresentar a versão como os auxílios ao Orçamento e a consultores legais do Governo a uma auditoria forense às dívidas e
das acções dos CFM (Caminhos
do Governo sobre o controverso programas bilaterais por parte dos firma Latham & Watkins (Lon- uma comissão de inquérito mista
de Ferro) na concessão do porto de
dossier da dívida, Manuel Chang doadores agrupados no chamado don) LLP(para a lei britânica e que envolva outras entidades para
Nacala e na linha férrea entre Mo-
abandonava a sala, de forma sor- “G-14”. Os doadores enviaram americana) e o escritório de Ma- além dos parlamentares. Geraldo
atize e Nacala, incluindo os cami-
rateira. uma carta em Maio ao governo re- puto (para a lei moçambicana), de Carvalho, em nome do MDM,
nhos de ferro do Malawi (Central
ferindo que as “dívidas escondidas” and East African Railways). Paulo Pimenta e Associados. Os defendeu a responsabilização dos
Discurso obsoleto do eram uma séria quebra de con- Confirmou Maleiane que a MAM bancos responsáveis pela operação envolvidos nos escândalo, incluin-
Governo fiança, má governação e falta de falhou o pagamento da primeira (Crédite Suisse e VTB) foram as- do o envio à prisão dos cúmplices
O Governo foi ao Parlamento para responsabilidade fiscal. O governo tranche da dívida em 23 de Maio sessorados legalmente pela Linkla- do que considerou os “agiotas in-
esclarecimentos sobre a dívida pú- respondeu propondo um grupo de do presente ano, estimada em ters LLP (lei britânica e america- ternacionais”.
Savana 10-06-2016 11
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12 Savana 10-06-2016
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Dívida secreta moçambicana: impacto sobre a


estrutura da dívida e consequências económicas*

o
Por Carlos Castel-Branco e Fernanda Massarongo**

E
ste IDeIAS, parte da série terna poderá ser maior em 2016 do nha com as dinâmicas do investimen-

log
sobre dívida pública, discute que foi em 2015, quando representou to privado, compra de equipamento
o impacto dos empréstimos cerca de 25% das exportações e 10% de defesa e segurança e construção
secretos no stock, na estru- eceitas públicas.
das receitas de edifícios públicos. Estes projectos
tura e nas consequências económi- Em resumo, entre 2006 e 2014, o ser- servem o grande capital que explora
cas da dívida pública moçambicana. viço da dívida pública total triplicou, os recursos naturais, sem ligação com
Informação sobre a dívida pública devido ao aumento do serviço da dí- o desenvolvimento de uma base pro-
ou não está disponível, ou é incon- vida interna (que passou de US$ 62 dutiva mais ampla: a Proindicus, a
sistente entre diferentes documentos milhões para US$ 171 milhões) e da EMATUM e a MAM, ligados ao gás
oficiais, é excessivamente agregada dívida externa (que passou de US$ e à defesa costeira, totalizam US$2,2
e é vaga sobre termos e estágios do 63 milhões para US$ 176 milhões).

ció
mil milhões; o aeroporto de Nacala, a
desembolso. Os dados aqui utiliza- Entre 2014 e 2015, o serviço da dí- zona económica especial de Nacala, o
dos estão disponíveis nos Relatórios vida pública externa quase duplicou, terminal de carga do porto da Beira,
Anuais da Dívida, na Conta Geral aumentando para cerca de US$ 335 os projectos de transporte de energia
do Estado e no Relatório e Pare- milhões, devido à inclusão da EMA- Chimuara-Nacala e a linha de trans-
cer da Conta Geral do Estado, bem TUM. A inclusão da Proindicus e do missão Caia-Nacala, que totalizam
como em discursos oficiais. MAM poderá fazer subir o serviço US$ 1,2 mil milhões, estão ligados à
da dívida externa para mais de US$ exploração e exportação de carvão; a
Stock e estrutura da dívida 500 milhões, equivalente a 30% das ponte Maputo KaTembe e a circular
pública exportações e 17% das receitas pú- de Maputo, que totalizam US$ mil

so
Antes das recentes revelações sobre a as. O valor do serviço da dívida
blicas.
dívida secreta, a dívida pública mo- milhões, visam melhorar a circulação
interna de 2015 ainda não está dis- de viaturas e o descongestionamen-
çambicana já vinha crescendo expo- ponível, mas é provável que aumente
nencialmente. Excluindo a dívida to da cidade Maputo, que não tem
pelo efeito do aumento das taxas de um sistema funcional de transporte
secreta, entre 2006 e 2015 a dívida referência do Banco Central.
pública total triplicou, passando de público. A maioria destes projectos
Para além disto, o stock de dívida não enfrenta os principais problemas
US$ 3,5 mil milhões para mais de
oficialmente declarado poderá ser in- da economia, como o afunilamento
US$ 10 mil milhões. A dívida comer-
ferior ao stock de dívida efectivo. O da base produtiva e a incapacidade
cial aumentou oito vezes, de US$ 300
stock de dívida reportado, pela Direc- de substituir importações e de gerar
milhões para US$ 2,4 mil milhões.
um
ção Nacional do Tesouro e nas contas empregos decentes em grande esca-
O motor do crescimento da dívida
do Estado, é calculado com base nos la, mas alimenta o carácter extractivo
pública foi a dívida comercial (mais
desembolsos feitos e não nos emprés- da economia, concentrando-a à volta
cara, de mais curto prazo e mais di-
timos contraídos pelo governo no ano do seu núcleo extractivo (o complexo
fícil de renegociar), que cresceu 13
em causa. Por exemplo, o empréstimo
vezes mais depressa que o PIB e mineral-energético e outras merca-
da circular de Maputo foi contraído
chegou a 34% da dívida pública total. dorias primárias para exportação), e
em 2012, mas a dívida foi sendo re-
Em 2015, a dívida não secreta já era exacerbando as suas tendências para
gistada, nos anos seguintes, à medida
67% do PIB (contra 39% em 2008), a especulação financeira e imobiliária.
que os desembolsos ocorriam. Há
claramente para além dos limites de as importações tendem a crescer mais Entre 2015 e 2023, o Estado vai pa- Estas questões mostram que as dinâ-
grandes projectos em curso, como
sustentabilidade macroeconómica. rapidamente que as exportações. O gar US$ 1,4 mil milhões, de juros micas da dívida pública reproduzem
a ponte Maputo-KaTembe, cujos
Os empréstimos secretos amplifica- endividamento rápido resulta desta e capital, pelo empréstimo de US$ e são o resultado das vulnerabilidades
empréstimos ainda não foram total-
ram um problema que já era preocu- dinâmica de dependência e consoli- 850 milhões que a EMATUM não da economia e tendem a gerar novo
mente desembolsados. Logo o actual
de

pante. Os empréstimos à Proindicus da-a. A par do aumento significativo conseguirá pagar (excluindo o défice endividamento, além de revelarem os
stock de dívida pública efectivo pode
(US$ 622 milhões), à Mozambique do défice da conta de rendimentos, operacional da empresa que, em 2015, limites que o endividamento impõe
Asset Managment (US$ 535 mi- íodo o valor das expor-
no mesmo período chegar a US$ 14 mil milhões.
foi de cerca de US$ 20 milhões). Este sobre as possibilidades de transição
lhões) e ao Ministério do Interior, tações contraiu por causa da queda Onde irá o governo buscar recursos
poder aumentar pois a taxa de
valor poderá para uma base produtiva diversificada
MINT, (US$ 221 milhões), todos dos preços dos produtos primários, e para fazer face ao serviço da dívida?
juro dos títulos de dívida da EMA- e articulada, orientada para a melho-
comerciais, aumentaram o stock total tações aumentaram em linha
as importações Num contexto em que o investimen-
TUM subiu em 177 pontos base, ria das condições de vida da maioria
de dívida pública para, pelo menos, com a expansão da economia. A crise to em diferentes sectores sociais é
como resultado da situação financeira inferior às necessidades básicas, quais dos moçambicanos. A dívida eleva-
US$ 11,6 mil milhões, 78% do PIB, da balança de pagamentos é mascara- do país. O Estado terá que mobilizar, da e cara limita as possibilidades de
o nível mais alto desde 2005. A com- da pela entrada de capitais externos, serão as possibilidades, os limites e o
até 2021, mais de US$ 1,4 mil mi- impacto de cortes na despesa pública intervenção do Estado em sectores
ponente comercial da dívida pública numa primeira fase, mas revela-se lhões para pagar os empréstimos da sociais fundamentais, coloca pressões
para fazer face à dívida? A experi-
io

total aumentou para 49%, 70% da quando a economia começa a servir a Proindicus e da MAM. Há outros sobre a economia e, dentro do quadro
qual é dívida externa. dívida. Por outro lado, a dívida públi- ência europeia revela como a dívida
empréstimos que vencem até 2023, pública, contraída para salvar capital de gestão macroeconómica utilizado,
ca interna, financiada sobretudo pela conduz a políticas monetárias res-
cujo capital, excluindo juros, totaliza financeiro privado, acaba pesando so-
Porque é que este cenário venda de títulos de dívida com altas
US$ 4 mil milhões. Destes cálculos, tritivas que encarecem e dificultam
é preocupante? taxas de juro, contribui para tornar bre a segurança social, a educação e
excluímos parte dos juros sobre US$ a saúde: o governo português cortou ainda mais o acesso a financiamento
Se o crescimento exponencial da dí- o sistema financeiro doméstico mais
4 mil milhões (por não serem conhe- para as pequenas e médias empresas
ár

vida constituiu, ou não, um problema especulativo. O facto de a dívida ser 40% das despesas do sector nacional
cidos os termos dessa dívida), o servi- de Saúde, entre 2010 e 2014, para nacionais. Os elevados encargos da
depende do tamanho e estrutura da crescentemente comercial adiciona
ço da dívida pública interna (cerca de conseguir financiar os encargos da dívida obrigam ao endividamento
economia, da estrutura e das causas dois problemas: é mais cara e com
US$ 300 milhões, a serem pagos até dívida do sector financeiro sem entrar doméstico como forma de financia-
da dívida, da sua aplicação, dos ter- prazos de pagamento mais curtos, e é
2019) e a dívida concessional. em crise de dívida; o governo britâ- mento do Estado, o que aumenta o
mos de reembolso e das consequên- mais difícil de renegociar e reestrutu-
cias macroeconómicas. Há países com Os empréstimos secretos anulam o nico, por seu turno, cortou £150 mil custo do capital, limitando o finan-
rar sem custos adicionais. Finalmente,
stocks de dívida mais elevados que os o grosso da dívida foi aplicado em ar- alívio momentâneo do serviço da milhões na saúde, educação e segu- ciamento e tornando a dívida mais
Di

de Moçambique e que continuam a mamento ou em grandes projectos de dívida, a curto e médio prazos, que rança social nos últimos 5 anos, pelas cara. As potenciais receitas futuras
contrair dívida, porque as suas econo- investimento, de retorno e prioridade havia resultado da reestruturação da mesmas razões. No caso de Moçam- dos recursos estratégicos nacionais já
mias acomodam o endividamento e a duvidosos, e de muito longo prazo, dívida da EMATUM. Enquanto o bique, o governo já anunciou cortes estão hipotecadas com a dívida e com
sua capacidade produtiva expande de não gerando capacidade de servir a adiamento da amortização do capi- em despesas não essenciais, algumas o investimento nesses sectores, o que
modo a sustentar o serviço de dívida dívida a curto e médio prazo. A com- tal da EMATUM até 2023 reduziu privatizações de activos públicos e limita as possibilidades de aproveitar
sem incorrer em crises. No caso de binação destes factores aumenta os os encargos anuais da dívida daquela outras medidas. Um dos próximos tais recursos para construir uma eco-
Moçambique, a economia nacional riscos para os investidores e os cus- empresa de US$ 200 milhões para IDeIAS, desta série, discute estas nomia não dependente, de base alar-
é muito vulnerável, sobretudo quan- tos do capital, bem como as taxas de US$ 78 milhões anuais, os emprés- questões com mais profundidade. gada, diversificada e articulada, que
do exposta tão abruptamente aos juro da dívida, tornando-a mais cara, timos secretos adicionam mais de A dívida pública tornou-se a segun- possa substituir importações, criar
mercados financeiros internacionais, mais difícil de servir e, portanto, mais US$ 253 milhões por ano ao serviço da maior fonte de investimento na empregos decentes e melhorar as
pela sua dependência de importações, capaz de se autorreproduzir, e dificul- da dívida externa (US$ 119 milhões economia, o que faz dela um indi- condições de vida dos trabalhadores.
para o consumo e para investimento, tando a mobilização de recursos, den- da Proindicus e US$ 134 milhões da cador das principais direcções que a
e de um pequeno número de produ- tro e fora da economia, para servir a MAM). Ainda não foram divulgadas economia vai seguir no futuro. Em * IDeIAS Nº 86 do Instituto de Estudos
tos primários para exportação, para dívida e para desenvolvimento. as condições de reembolso da dívida Moçambique, mais de 60% do cresci- Sociais e Económicos (IESE)
mercados voláteis e com elevadas ta- A reestruturação da dívida da EMA- de US$ 221 milhões contraída pelo mento da dívida pública está ligada ao **(com a colaboração de Rosimina Ali,
xas de substituição de produtos. Por- TUM adiou, para 2023, o reembolso MINT. Logo, se o Estado assumir financiamento de grandes projectos Oksana Mandlate, Nelsa Massingue e
tanto, quando a economia expande, do capital, mas aumentou os juros. estas dívidas, o serviço da dívida ex- de infraestruturas e serviços, em li- Carlos Muianga)
Savana 10-06-2016 13
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SOCIEDADE

ANÚNCIO DE BOLSAS

o
DOUTORAMENTO EM ENERGIA NO ÂMBITO DA INICIATIVA DO REINO DOS PAÍSES BAIXOS

log
SOBRE O ENSINO SUPERIOR-NICHE

No âmbito da cooperação entre Moçambique e o Reino das instituições de ensino superior acima referidas,
dos Países Baixos, através da Agência de Desenvolvi- desde que reúnam integralmente as condições indica-
mento dos Países Baixos EP-NUFFIC, quatro institui- das. Mas também, poderão candidatar-se a estas bolsas
ções de ensino superior moçambicanas, nomeadamente; pessoas que não façam parte destas instituições, desde
a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a Universi- que aceitem integrar estas instituições caso venham a

ció
dade Lúrio (Unilúrio), a Universidade Católica de Mo- VHUDSXUDGRV DV (PTXDOTXHUGRVFDVRVRVEHQHÀFLi
VHUDSXUDGRV DV (PTXDOTXHUGRVFDVRVRVEHQHÀFLi-
çambique (UCM) e o Instituto Superior Politécnico do rios das bolsas deverão assinar cartas de compromisso
Songo (ISPSONGO), estão envolvidas num programa com a instituição onde estão integrados ou pretendem
GHFRRSHUDomRFRPLQVWLWXLo}HVFLHQWtÀFDVGR5HLQRGRV LQWHJUDUVHHDFDQGLGDWXUDGHYHUiVHUIHLWDDWUDYpVGH
Países Baixos, dentre as quais, a Universidade de Gro- uma carta dirigida ao Director de Cooperação da Uni-
ningen. Mas também, instituições sul-africanas, como a versidade Eduardo Mondlane, anexando a seguinte

so
Universidade de Stellenbosch. documentação de base:
O programa em referência visa a formação de quadros ‡&9DFWXDOL]DGRHGHWDOKDGRHVFULWRHPLQJOrV
TXDOLÀFDGRVDRQtYHOGH'RXWRUDPHQWRQDiUHDGHHQHU- ‡'LSORPDGH0HVWUDGRWUDGX]LGRSDUDRLQJOrVFDVR
gia e enquadra-se na iniciativa “Netherlands Initiative não esteja neste idioma;
for Capacity Development in Higher Education - NI- ‡&HUWLÀFDGRGDVFDGHLUDVIHLWDVGXUDQWHR0HVWUDGR
CHE” intitulada “Innovative ways to transfer techno- traduzido para o inglês, caso não esteja neste idioma;
‡&HUWLÀFDGRGHGRPtQLRGDOtQJXDLQJOHVDWUDGX]LGR
um
logy and know-how, developing skills and expertise
for gas, renewable energy and management”. para o inglês, caso não esteja neste idioma;
Ademais, ao abrigo deste programa, serão disponibili- ‡&ySLDGDGLVVHUWDomRGH0HVWUDGRQDOtQJXDRULJL
‡&ySLDGDGLVVHUWDomRGH0HVWUDGRQDOtQJXDRULJL-
zadasas para cada uma das quatro instituições de ensino nal;
superior moçambicanas supramencionadas participan- $FDUWDGHFDQGLGDWXUDGHYHUiLQGLFDURQRPHGDLQV
$FDUWDGHFDQGLGDWXUDGHYHUiLQGLFDURQRPHGDLQV-
tes do programa, 4 bolsas de estudo ao nível de Douto- tituição moçambicana de ensino superior na qual o
UDPHQWRHPDVVXQWRVOLJDGRVD L SHWUyOHRHJiVQDWX-
UDPHQWRHPDVVXQWRVOLJDGRVD L SHWUyOHRHJiVQDWX candidato pretende ser integrado. Adicionalmente, os
UDO LL HQHUJLDVUHQRYiYHLVH LLL DVVXQWRVWUDQVYHUVDLV
concorrentes deverão apresentar a seguinte documen-
GDV iUHDV DFLPD UHIHULGDV$VVLP VHQGR VHUmR DFHLWHV
de

tação técnica, escrita em inglês:


FDQGLGDWXUDV GH GLIHUHQWHV iUHDV FLHQWtÀFDV GHQWUH DV
‡&DUWDGHPRWLYDomRGHWDOKDQGRRVPRWLYRVTXHR D 
quais as da engenharia, física, economia, direito, ciên- levam a concorrer para a bolsa;
FLDVVRFLDLVPDWHPiWLFDFLrQFLDVDPELHQWDLVFLrQFLDVH
‡3URSRVWDGHSURMHFWRGH'RXWRUDPHQWRFRPLQWUR-
espaciais. dução, objectivos, fundamentação, metodologia, e
Destaca-se também que, os estudos serão realizados a UHVXOWDGRVHVSHUDGRV HPDSUR[LPDGDPHQWHSiJL-
tempo inteiro, repartindo-se o período de frequência nas);
io

por dois, com a primeira metade do tempo passada na ‡5HIHUrQFLDVDFDGpPLFDVGHSHORPHQRVGXDVSHVVRDV


instituição de ensino superior de Moçambique e a ou- TXHWHQKDPDFRPSDQKDGRSDUWHGRSHUÀODFDGpPLFR
tra metade numa das universidades parceiras, nomea- do candidato.
damente a Universidade de Groningen ou a Universi- Nota: Encoraja-se particularmente a participação de
ár

dade de Stellenbosch. candidatos do sexo feminino neste programa!


O prazo limite para a submissão de candidaturas é de
1RWRFDQWHDRVUHTXLVLWRVHVSHFtÀFRVSDUDDDWULEXLomR 1 de Julho de 2016, sendo que, as mesmas deverão ser
destas bolsas, os candidatos deverão ter nível de Mes- enviadas, sob forma electrónica, ao Director de Coo-
Di

WUDGRUHOHYDQWHSDUDDiUHDHPTXHVHSURS}HPDUHDOL
WUDGRUHOHYDQWHSDUDDiUHDHPTXHVHSURS}HPDUHDOL- peração da Universidade Eduardo Mondlane, Doutor
zar os seus estudos de Doutoramento, com uma classi- Carlos Lucas, através dos endereços electrónicos car-
ÀFDomRÀQDOGH%RPD([FHOHQWHHFRPXPDH[SHULrQFLD los.lucas@uem.mz e clucas33@yahoo.com .
relevante de trabalho. Atendendo e considerando que o Para mais informações sobre o projecto e tópicos pos-
SURJUDPDGH'RXWRUDPHQWRVHUiPLQLVWUDGRQDOtQJXD síveis para a investigação, por favor contacte o Prof.
inglesa, recomenda-se que os candidatos tenham um Doutor Carlos Lucas, pelos endereços acima indicados
domínio deste idioma nas dimensões de escrita, leitura ou visitando o Gabinete de Cooperação, 2o andar do
e fala. (GLItFLR GD 5HLWRULD GD 8(0 &DPSXV 8QLYHUVLWiULR
Poderão candidatar-se a estas bolsas docentes, inves- Principal, Av. Julius Nyerere, número 3453, Maputo.
tigadores e membros do corpo técnico administrativo Maputo, 25 de Maio de 2016
14 Savana 10-06-2014 Savana 10-06-2014 15
NO CENTRO DO FURACÃO

A hegemonia da Frelimo é uma ameaça à democracia


– historiador Michel Cahen*
problema em Moçambique classe camponesa tinha de ser mo- ner takes all” que está firmemente en- República, se submeteria a Guebuza, Nyusi deve assumir responsabilida- sobre o Governo. Os contactos entre
é a política do “the winner- dernizada à força, vivendo nas aldeias raizado na cultura política da Frelimo o presidente do partido, significando des, porque as três tentativas de ma- Dhlakama e a Igreja Católica não
-takes-all”, ou o “vencedor comunais. A consequência da cons- que mais ameaça o desenvolvimento que o funcionamento da República tar Dhlakama, a tentativa de matar conseguiram nenhum resultado. A
O leva tudo”, considera o his- trução das aldeias comunais foi uma da democracia em Moçambique. Por- dependeria dos estatutos de uma en- o secretário-geral da Renamo, o as- Frelimo não está interessada nas ne-
toriador francês Michel Cahen, em catástrofe agrícola, cultural e política que o voto parece não gerar nenhuma tidade privada, que é o partido. sassinato do membro da Renamo no gociações, porque acredita que pode
entrevista concedida à Rosa Luxem- e dividiu profundamente a população mudança, temos uma situação em que Entretanto, a remoção de Guebuza da Conselho Nacional de Defesa foram aniquilar a Renamo, como aconteceu
burg Foundation, uma das maiores moçambicana. uma larga maioria se abstém do pro- presidência da Frelimo por Nyusi foi todas orquestradas pelas forças de de- com a UNITA em Angola, que, acre-
instituições sobre educação política A guerra civil em Moçambique não cesso eleitoral. Isto aconteceu alguns uma vitória apertada, tendo em conta fesa e segurança sob controlo de Nyu- dito, foi um grande erro. A Renamo
da Alemanha, com uma vasta rede foi uma revolução camponesa, mas anos depois da fraude massiva de que efectivamente fundiu o Estado e si. Se se lerem, as últimas declarações não quer negociar, porque precisa que
de associados pelo mundo. os camponeses usaram as estruturas 1999, quando territórios dominados o partido. Com o derrube de Guebuza do Comité Central, é claro que não o equilíbrio do poder lhe seja favorá-
Conhecedor profundo da realidade da guerrilha imposta do exterior para pela Renamo pararam de votar e ficou da presidência do partido, a Frelimo haverá negociações sem um desarma- vel. (NdR: declarações antes da pre-
política moçambicana, que acom- se protegerem contra a modernização evidente que pelos resultados eleito- confirmou efectivamente que o Presi- mento completo da Renamo. sente ronda de contactos indirectos)              
panha desde os primórdios da luta autoritária a que foram forçados. rais dos processos subsequentes, em dente da República
Repúblic também deve ser Hoje, nem a Frelimo nem a Renamo RLS: O desarmamento da Rena-
de libertação nacional, Cahen afir-
ma que, se fosse possível imaginar-
-se o Presidente da República de
Há uma intensa cultura política ins-
tilada pela Frelimo de que a fraude
eleitoral é uma responsabilidade de
que a Frelimo ganhou com uma per-
centagem de 62% em 2004, enquanto
o número de votos desceu. Simulta-
go presidente do partido. Isto foi muito
infeliz, uma vez que foi exactamente
este sistema que criou
cr “os Guebuzas”.
querem negociar. É bom recordar que
Dhlakama prometeu tomar o contro-
lo de seis províncias em Março, mas
mo parece ser visto por muitos em
Moçambique como factor determi-
nante para uma paz efectiva. Este
Moçambique ser da Frelimo e os nível local. Um membro do partido ao neamente, o eleitorado da Renamo Agora que a influência de Guebuza até agora nada transpareceu. Acredi- argumento sugere que a turbulência
governadores provinciais de outros nível local não precisa de uma orien- desapareceu paulatinamente. As pes- dentro do partido enfraqueceu, Nyusi to que Dhlakama sabe que não tem política em Moçambique está rela-
partidos e vice-versa; se fosse aceite tação do Comité Central para organi- soas começaram novamente a votar, começou a impor uma solução militar o necessário poder militar para tomar cionada com a posse de armas pela
que a unidade nacional não é neces-
sariamente o mesmo que homoge-
zar uma fraude eleitoral. O membro
do partido envolve-se neste tipo de
depois da crise militar de 2013-2014
que permitiu a Dhlakama projectar-
lo para os problemas políticos do país.
Também ninguém se deve esquecer
grandes cidades como a Beira e Que-
limane, mas vai investir numa guer-
Renamo. Que cenário possível se
pode esperar para Moçambique se o
neidade nacional; se a base social da actividade, porque parte da premissa -se novamente como um líder forte. que Nyusi foi ministro da Defesa de ra de guerrilha, porque ele dispõe de objectivo do desarmamento da Re-
oposição armada Renamo recebesse de que nunca se deve permitir que a O eleitorado decidiu votar de novo, meios para tal. No sul, os confrontos namo não for alcançado? O desar-
uma quota dos recursos naturais a
que se julga com direito e a situação
Renamo ganhe. Um meu estudan-
te de doutoramento da região sul de
porque pensaram que estavam a votar
pela mudança, mas nada mudou de
ió Guebuza. Foi Nyusi que dirigiu a
guerra contra a Renamo entre 2013
e 2014. Podemos também colocar
não se têm registado como no centro
e norte do país. Provavelmente, isto se
mamento da Renamo representará
a eliminação de todas as formas de
da maioria da população melhoras- Moçambique explicou-me como um novo, ao nível local e regional, mesmo questões como: É possível Nyusi pre- deve a ordens directas de Dhlakama violência política em Moçambique?  
se, o conflito no país seria resolvido.
A entrevista que aqui publicamos
foi conduzida por Fredson Guilen-
familiar seu, que era parte de uma
assembleia de voto, destruiu boletins
de voto para impedir que a oposição
onde a oposição ganhou.
É óbvio que o partido que amealha
a maioria dos votos a nível nacional
c tender negociar a paz com a Rena-
mo, mas estar limitado pela falta de
controlo sobre o exército? Ou estará
para a não expansão das actividades de
guerrilha. Penso que Afonso Dhlaka-
ma vai tentar aumentar a escalada
MC: É verdade que a Renamo
possui armas, mas não acredito
que tenha artilharia pesada. Não
gue, gestor de programas na Rosa ganhasse. Por isso, para mim, a verda- deve formar governo, mas a nível local “A Frelimo entende que tem de manter o poder em todo o lado e por todos os meios” apenas a fazer jogo duplo? Contudo, do conflito, para aumentar a pressão tem tanques, tem morteiros de
Luxemburg Stiftung Southern Afri- deira questão a colocar seria, até que deve haver espaço para os membros da durante as eleições municipais de Recentemente,, contudo, parece que
ca (RLS).    ponto a fraude afecta os resultados oposição e líderes locais. Este cenário

RLS: Os processos eleitorais em


eleitorais em Moçambique? É tam-
bém muito difícil debater a questão,
não existe actualmente. Não há repre-
sentação política e este modelo amea-
2013, um ano antes das eleições ge-
rais, em 2014, o MDM conseguiu
45% dos resultados em Maputo e
assumiu uma postura mais dura em
relação ao projecto da Renamo de
criação de províncias autónomas.
so
Moçambique foram sempre alta- porque a Frelimo detém quadros mais ça seriamente a democracia. Com este Matola, e é muito provável que possa Isto dá a impressão de que a Fre-
mente contestados, devido a alega- qualificados e controla todo o apare- entendimento, não quero sugerir que
Matar Dhlakama seria um erro
ter ganho as eleições. Surpreenden- limo está a rejeitar uma mudança
ções de fraude supostamente prati- lho do Estado. a Renamo é o farol da democracia. temente, houve um corte de energia estrutural do Estado. Por exemplo,
cada pela Frente de Libertação de
Moçambique (Frelimo), e também
pela percepção de que o poder polí-
Apesar de o Movimento Democrá-
tico de Moçambique (MDM) tam-
bém ter quadros qualificados, é um
m
É outro partido autoritário com um
conceito pobre de democracia.              
RLS: Muitas pessoas associam a ac-
u durante duas horas, no exacto mo-
mento em que os votos estavam a ser
a Frelimo teve a iniciativa de apro-
var o estatuto do líder da oposição,
LS: Os desentendimen-
tos no chamado “diálogo
político” (2013 -2015)
Temos de resolver a crise da repre-
sentação política para permitir maior
democracia e maior expressão da von-
convencional com batalhões, etc. A
Renamo é um movimento de guer-
rilha mais flexível, o que torna mais
completamente a questão. No último
encontro do Comité Central da Freli-
mo mais um vigoroso plano anti-cor-
nadamente todos que são considera-
dos subversivos.
Porque Moçambique é um país pre-
contados. oferecendo-lhe alguns benefícios.
tico deve ser alternado entre os par- pequeno partido. A RENAMO é um tual instabilidade política em Mo- entre a Renamo e o Go- tade popular. Moçambique precisa de difícil vencê-la. Mesmo a morte de rupção foi acordado, como forma de dominantemente rural, esta atitude
Para um partido da oposição, obter Mas, por outro lado, recusou mu- criar um sentido de unidade nacional Afonso Dhlakama pode não resolver convencer o público de que a corrup- vai fragilizar a Renamo, mas em-
tidos como forma de alcançar uma
democracia madura. Até que ponto
partido poderoso, mas sofre de uma
severa falta de pessoal qualificado. Por
çambique, em parte, à descoberta
de recursos naturais, com base na
R 45% de votos no coração da base so-
cial da Frelimo foi um grande resul-
danças que pudessem acomodar a
Renamo no processo de governação.
verno moçambicano começaram
na implementação do acordo so- que permita a todos viverem a experi-
ência do progresso social e económico.
o problema, até tendo em conta que ção está a ser tratada mais seriamente, purrará o movimento para o mato.
as vitórias da Frelimo são uma ame- isso, em muitas assembleias de voto, teoria económica da “maldição dos bre a despartidarização do Esta- o debate da sucessão já começou den- quando, de facto, nada está a ser feito. O resultado será mais guerra civil. É
tado. Fiquei também impressionado É esta atitude nova ou tem sido sem-
aça ao desenvolvimento da demo-
cracia em Moçambique?
MC: Esta é uma questão complexa,
os fiscais da RENAMO ou do MDM
não estavam devidamente preparados,
porque foram recrutados faltando
e
recursos”. Contudo, não há uma re-
lação directa entre a abundância dos
recursos naturais e a crise política.
d com o resultado obtido pela Renamo
nas eleições gerais de 2014, nas quais
pre parte da estratégia da Frelimo na
construção do Estado?      
constr
do e resvalaram para as questões
militares. Há alguma possibilida-
de de uma solução negocial para
RLS: Em linha com a questão ante-
rior, acredita que a eliminação física
do líder da Renamo podia resultar
tro do partido. Há actualmente, uma
grande crise de representação política
em Moçambique. A única coisa boa
Por exemplo, casos como a Ematum
e Proindicus, a primeira acção seria a
detenção do ex-presidente Armando
importante não ignorar que a Frelimo
pode estar a seguir esta estratégia, de
modo a eliminar o líder da Renamo,
o partido obteve 20% em Maputo. MC: Penso que temos todos os ele-
M no fim da guerra civil em Moçam- que podia ajudar Moçambique seria Guebuza e o do ex-ministro das Fi- como forma de parar ou evitar as
uma vez que tem de ser vista em di- poucos dias para o escrutínio, ou fo- Julga que há factores que podem in- Moçambique ou é definitivamen- bique e enfraquecer a Renamo a um
Esta percentagem não pode ser atri- mentos para poder responder a esta uma revolução social nas cidades. nanças, Manuel Chang. Ambos estão negociações. Vemos isto no conflito
ferentes contextos históricos. Apesar ram mesmo recrutados secretamente fluenciar esta relação?     te necessário que um dos actores nível idêntico ao da UNITA em An-
buída apenas aos fluxos migratórios questão. Esta atitude é parte da he- seja completamente eliminado, As cidades são importantes bases de por detrás da actual crise ao autoriza- entre Israel e a Palestina. Sempre que
da guerra de libertação colonial ter pela Frelimo. MC: Penso que essa análise deve gola? 
do centro e norte de Moçambique rança da cultura política da Frelimo. de modo a que o outro reivindi- apoio à Frelimo e se a população exi- rem e beneficiarem financeiramente há uma tentativa de negociar, Israel
sido travada em não mais de 15% do Entretanto, é o conceito de partido- estabelecer uma diferença entre as MC: Tentaram e ainda tentam fazer
para Maputo. Os pobres votaram Como disse, a Frelimo vê-se a si pró- que hegemonia sobre a política do gir paz, a situação poderia potencial- dos títulos.    expande os colonatos ou, a seguir a
território nacional (um aspecto que -nação que representa uma séria ame- circunstâncias nacionais e as locais. isso. Isso seria mau. O que a maioria
pela Renamo para exprimir a sua in- pria como um partido-nação, consi- país?     mente mudar… RLS: O Departamento de Estado assassinatos selectivos, há uma óbvia
em termos de guerra de guerrilha é aça ao avanço democrático em Mo- A nível local, a população de Cabo das pessoas ainda não entendeu é que
satisfação com a Frelimo. Isto é po- dera inconcebível ceder parte do po- MC: Acho que a solução angolana, na RLS: Moçambique enfrenta um norte-americano sobre os direitos retaliação por parte dos palestinos.
já muito significativo), não deve ha- çambique. Este ideal compreende a Delgado, no extremo norte de Mo- dentro da Renamo, Afonso Dhlakama
ver dúvidas de que por alturas da in- regra de que “the winner takes all”(o
ir o
çambique, onde o gás foi descoberto,
liticamente impor
importante. Um aumento der, uma vez que se vê como a própria qual a morte de Jonas Savimbi signi- é um moderado. Há muitos dentro da
grave risco de bancarrota, devido humanos de 2015 aponta inúmeras Isto demonstra, contudo, um lado si-
iminente de preços no transporte, em nação. A Frelimo entende que tem de ficou a paz para o país não se aplica à aos chamados “títulos de atum” e às violações dos direitos humanos em nistro dos serviços de segurança em
dependência em 1975, se o país não vencedor leva tudo). Como resultado está a testemunhar grandes investi- Renamo que estão ansiosos em pegar
paralelo com a desvalorização do me- manter o poder em todo o lado e por situação de Moçambique. Apesar de chamadas dívidas ocultas no valor Moçambique, incluindo repressão Moçambique – assassinatos visando
tivesse optado pelo sistema de um Es- deste sistema, vemos que em pro- mentos, mas sem benefícios sociais. em armas. Dhlakama é que tem evita-
tado de partido único, a Frelimo teria
tido 80% de hipóteses de vitória em
víncias como Zambézia e Nampula,
onde a população votou sempre pela
á
Numa perspectiva nacional, o nível de
i
pobreza em Moçambique hoje não é
tical face ao rand e ao dólar, vai cer-
tamente gerar distúrbios e provocar
algumas consequências políticas, algo
todos os meios. Como a Renamo exi-
ge reconhecimento como vencedor de
seis das onze províncias, sou da opi-
Angola ser também geograficamente
e etnicamente heterogênea, a rique-
za da elite política angolana submete
do este caminho. Se Dhlakama morrer,
quem é que vai assumir o poder? O fi-
lho de André Matsangaissa, que se diz
de 1, 4 mil milhões de dólares. Até
que ponto Nyusi tem capacidade
para resolver o problema ou a solu-
de vozes dissonantes com o Gover-
no da Frelimo. O mesmo relatório
refere que a morte do Professor Cis-
ganhos políticos. Há a crença de que
se a Renamo expandir as suas acções
militares, a guerra estará acabada em
eleições. A Frelimo tinha a necessária oposição, todas as posições de poder pior que há 20 anos. Contudo, depois literalmente todas as pessoas. Mes- ção passará mais pela intervenção da tac foi politicamente motivada. Este 15 dias, porque o Governo iria soço-
completamente diferente do que se nião de que uma revisão constitucio- ter voltado do Quénia e parece ser um
legitimidade das armas; saiu vitoriosa são ocupadas por membros da Freli- de 20 anos, os pobres vêm que uma mo com o advento da exploração de Frelimo?  ano, assassinatos e tentativas de ho- brar facilmente, porque, apesar de ex-
passou nos tumultos de 2008 e 2010. nal permitiria que as assembleias pro- bom militar? Será Ivone Soares? Em
contra os portugueses e era um movi-
mento pela independência.
Contudo, o sistema de partido único
mo, por exemplo, governadores, todos
os administradores distritais, todos os
gestores dos serviços públicos, todos
D
minoria está a abocanhar tudo e a en-
riquecer sozinha. A insatisfação não
tem sido politicamente manifestada.
Diria que hoje há diferentes facetas
na relação entre a abundância de re-
vinciais elegessem os governadores
provinciais. Estes governadores iriam
imensos recursos naturais em Mo-
çambique, a elite política nunca terá
dinheiro suficiente para subjugar a
qualquer cenário, se Dhlakama morre,
uma ala mais radical da Renamo pode
assumir o controlo.  Talvez seja o que
MC: Sou um historiador e não eco-
nomista, mas não acredito que Nyusi
possa resolver o desafio com eficácia.
micídios selectivos de vozes da opo-
sição estão a ocorrer, de acordo com
a imprensa moçambicana. Até que
tremamente violento, é internamente
muito corrupto.
Não posso negar inteiramente que há
dividiu severamente a população de os gestores bancários e todos os líde- Nos tumultos de 2008/2010 em Ma- cursos naturais e a turbulência políti- supervisionar as estruturas distritais Para tal precisaria de obrigar as mul- ponto estes acontecimentos podem uma atitude histórica de a Frelimo
todos. De facto, há em Luanda uma o Governo pretende, uma confron-
Moçambique. Com a fusão do parti- res locais reconhecidos pelo Governo puto, quando os preços de combustível ca. As pessoas estão bem informadas e locais. Contudo, a Frelimo recusou tinacionais a pagarem impostos. Elas ser associados a um legado político olhar para ela própria como se fosse a
piada que diz que “para ficares rico tação militar que a Frelimo acredita
do com o Estado, não havia nenhuma são apoiantes da Frelimo. Esta situ- e o custo de vida se agravaram, foram sobre os novos recursos minerais e fazer qualquer emenda constitucio- entraram no pais favorecidas por re- da guerra pela independência?     nação, e, neste contexto, a oposição é
rapidamente, cria um partido político que pode ganhar. A Frelimo acredita
estrutura para corrigir erros. Apenas ação provoca desespero e raiva, não levantamentos sociais que pretendiam não há uma guerra civil em larga es- nal. De facto, mesmo sem uma revi- da oposição, que possa mais tarde ser gimes fiscais generosos, ao ponto de MC: Acho que a actual situação em vista como ilegítima e deve ser elimi-
que irá eliminar fisicamente Dhlaka-
às estruturas mais altas dentro da apenas nos membros da oposição, mas “pedir um favor ao chefe”. Ainda me cala. Por outro lado, as pessoas vêem são constitucional, o Presidente Nyusi comprado pelo regime”. É difícil ver ma e vencer militarmente a Renamo, os trabalhadores moçambicanos pa- que os serviços de segurança tentam nada. Contudo, esta postura é contra
Frelimo era permitida a crítica ao também nas populações locais. Neste lembro de um jovem a queimar um a burguesia do país a ficar mais rica. podia nomear alguns governadores da essa máxima a aplicar-se ao caso mo- porque ainda considera a existência garem mais impostos que estas em- eliminar fisicamente quadros da Re- a Frelimo e contra a própria nação.
Governo. Um exemplo disto foi a fa- contexto, o princípio do “the winner pneu durante os tumultos a dizer, “es- Todos sabem que Guebuza está por Renamo, mas preferiu não fazê-lo. çambicano. da Renamo como resultado do apoio presas capitalistas. É certo que é uma namo é comparável com as ditaduras Nessa perspectiva, você torna-se um
mosa ofensiva presidencial de Samora takes all” anula o voto. tamos a chorar para o nosso pai”. Isto detrás da Ematum e provavelmente No início, Nyusi tentou parecer mais Hegemonia e homogeneidade são que recebeu do regime do “apartheid”. situação clássica a nível mundial, mas militares da América Latina dos anos inimigo e um alvo a abater. Há uma
Machel em 1983. Esta era a entidade É uma situação diferente das zonas significa que estavam a pedir a Gue- da Proindicus, etc. acessível e aberto que Guebuza, duas coisas diferentes. Num país tão Uma vez que o regime do “apartheid” é muito danoso para um país como de 1960 e 1970. Não é um legado continuidade histórica, mas é impor-
máxima a colocar pressão sobre as es- urbanas consideradas municipaliza- buza, que era na altura o Presidente, opondo-se, dessa forma, a Guebuza. heterogéneo como Moçambique, em já não existe, a Frelimo acredita que a Moçambique. Por outro lado, é pre- histórico. Como historiador tenho tante sublinhar que, porque está a
É também importante sublinhar que termos geográficos e históricos, a he- Renamo está fraca. É um grande erro, ciso enfatizar que foi a burguesia da de aplicar os conceitos muito bem e acontecer agora e não há cinco anos,
truturas intermédias da hierarquia do das, porque lá são realizadas eleições que os tratasse bem. Ainda era uma A Frelimo acha inaceitável
gemonia é menos provável e é inde- pensar assim. Contudo, a Frelimo não Frelimo que mais beneficiou destas não posso ainda classificar o regime indica que os serviços de segurança
Estado. Seguia um paradigma da mo- municipais. Há apenas 58 municípios, questão a ser resolvida pelo chefe. Era ceder parte do poder Guebuza ainda era presidente da Fre-
sejável. Apesar de que poderia trazer está a pensar na crise económica que dívidas, que criaram a crise económi- moçambicano como fascista, mas este estão a empreender certos compor-
dernização autoritária sem nenhum pelo que não há eleições municipais um pedido de um favor e não de um RLS: O Presidente Nyusi come- limo e, de acordo com os estatutos,
paz, aparentemente, seria o que cha- está a conduzir o país para a recessão. ca. Sob pressão do FMI, Nyusi precisa comportamento é similar a uma di- tamentos similares aos usados histo-
ganho social para o sector da popu- no resto do território, não há descen- direito na República. Estes tumultos çou o seu mandato demonstrando todo o militante está inclinado a obe-
maria “paz armada” e não uma demo- A Renamo é muito diferente da definitivamente de empreender algu- tadura militar de extrema-direita nos ricamente pelos regimes de extrema-
lação defendida pela Frelimo. Este tralização, apenas desconcentração. não tiveram um impacto político. uma aparente sensibilidade para as decer ao presidente do partido. Isto
cracia. UNITA. A UNITA era um exército ma acção, mas isto não irá resolver anos de 1960 e 70. Matar indiscrimi- -direita da América do Sul.
paradigma exprimia a ideia de que a De novo, é este princípio do “the win- Contudo, é importante lembrar que questões levantadas pela Renamo. implicaria que Nyusi, o Presidente da
16 Savana 10-06-2016
NO CENTRO
INTERNACIONAL
DO FURACÃO

60 e 88 mm, RPG-7 e Kalash- que se imaginasse que o Presidente zador; que não é uma nação e há 25 tratado, mesmo quando a legislação completamente o Estado. Não há
nikovs. A maioria do seu arse- da República pudesse ser da Freli- diferentes grupos étnicos, dos quais eleitoral foi revista por insistência um problema conceptual no facto
nal foi roubada de quartéis da mo e os governadores provinciais 23 continuam fora das frontei- da Renamo. Enquanto a CNE é de os funcionários públicos parti-
Frelimo. Há também o rumor de outros partidos e vice-versa; se ras geográficas existentes. A única uma instituição pública, o STAE, ciparem em reuniões da Frelimo,
de que em 2014, um camião cheio fosse aceite que a unidade nacional possibilidade de alcançar a unidade que literalmente executa todas as durante o horário de trabalho. Os
de equipamento militar moderno não é necessariamente o mesmo nacional é construir uma Repúbli- principais tarefas do processo elei- funcionários públicos, a todos os
proveniente do Zimbabwe foi in- que homogeneidade nacional; se a ca que possa providenciar o avanço toral, está sob tutela do Ministério níveis, são convidados a participar
terceptado pela Renamo. Penso que base social da Renamo tivesse uma económico e social para toda a na- da Administração Estatal. Pelo que nestes encontros e espera-se que

o
a Renamo não tem problemas nem parte dos recursos a que se diz com ção. O progresso vai trazer primei- todo o seu quadro de topo é consti- eles tomem parte. A nenhum outro
em capturar equipamento militar direito, principalmente em relação ro, uma identidade política, e mais tuído por membros da Frelimo. Es- partido é permitida tal coisa. Ac-
ou em comprar material militar. aos recursos recentemente des- tarde a identidade cultural à nação. tas pessoas ficarão sempre do lado tualmente, houve um acordo entre
Mas isso não significa que tenha cobertos e se a situação social da O actual comportamento da Freli- da Frelimo e irão produzir o que o Governo e a Renamo sobre “a

log
equipamento suficiente para abas- maioria da população moçambica- mo impulsiona o sentimento anti- posso chamar “fraude estrutural”. despartidarização do Estado”, que
tecer toda a sua guerrilha, incluindo na melhorasse, aí, o problema seria -Estado, na medida em que a po- A fraude estrutural começa no re- é uma das exigências da Renamo,
jovens que se juntaram ao movi- facilmente resolvido. A força da pulação se tenta proteger contra o censeamento eleitoral, um processo mas um dia depois, esse acordo foi
mento recentemente. Renamo deseja ser socialmente in- Estado, ao invés de se integrar no que não é uniformemente estru- rejeitado pela bancada maioritária
Independente de a Renamo ter ou tegrada, ou no exército ou nas forças mesmo. turado por todo o país. Todos em da Frelimo na Assembleia da Re-
não capacidade militar, não repre- policiais. O país precisa de reformas Em resposta à segunda questão, Moçambique estão conscientes de pública.
públic
senta um obstáculo à paz, porque políticas para acabar com a visão teria sido vantajoso, se ONG mo- que os agentes eleitorais são da Fre- A “partidarização” do aparelho do
o país tem um problema político e hegemónica da nação moçambica- çambicanas progressistas tivessem limo e que alguém só pode aspirar a Estado moçambicano pela Frelimo
Esta
não militar. Os confrontos são ape- na. É importante compreender que formado um partido político civil uma vida melhor se for simpatizan- é uma convicção muito profunda.

ció
nas a expressão militar de um pro- Moçambique não é mais do que um e pacifista, promovendo manifes- te da Frelimo. Isto é uma forma de Uma vez que o partido governou
blema político. Se fosse permitido espaço colonial, criado pelo coloni- tações, etc. Contudo, na ausência neopatrimonialismo diário, em que o país desde a independência dessa
de um partido com este perfil ou uma pressão permanente é exercida forma, a população tende a acredi-
forma de protesto, assumindo hipo- para forçar as pessoas a aliarem-se tar que a Frelimo é o pai do Estado.
teticamente o fim da Renamo, não ao poder. A consequência da partidarização
penso que irá haver outra rebelião A pobreza, de per si, não provoca do aparelho de Estado é que a mes-
militar em Moçambique.. Mas ten- revolta, apenas empurra as pessoas ma nunca foi questionada, porque
do sempree presente a ideia de uma para a necessidade de protecção. As está fortemente engrenada na com-
Renamo acabada, o que duvido que pessoas olham para os seus fami- preensão que a população tem com

so
vá acontecer. liares para receberem ajuda no que o seu Estado.
RLS: É possível ligar a partidari- elas precisam.
zação do Estado à falta confiança É uma absoluta necessidade despar- * Michel Cahen é uma autoridade
nas estruturas responsáveis pela tidarizar o Estado moçambicano. sobre a colonização portuguesa de
administração do processo eleito- Durante os dois mandatos de Gue- África e analista sobre assuntos polí-
ral?    buza, ele “repartidarizou” o Estado, ticos dos Países Africanos de Língua
MC: Suponho que se esteja a re- enquanto durante a era Chissano, Oficial Portuguesa (PALOP). É
ferir aos problemas que envolvem após o fim do sistema de partido director de pesquisa do Centro Nacio-
a Comissão Nacional de Eleições único, de 1994 a 2004, o Estado era nal de Pesquisa Científica (CNRS)
(CNE) e o Secretariado Técnico de mais importante que o partido. no Instituto de Estudos Políticos em
um
Administração Eleitoral (STAE). Com Guebuza, o partido voltou a Bordéus, França. Cahen escreve com
“Temos de resolver a crise da representação política para permitir maior Há um problema muito sério a este ser mais importante que o Estado. frequência sobre temas da política
democracia e maior expressão da vontade popular” respeito, que nunca foi devidamente Actualmente, o partido controla moçambicana.
de
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o
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OPINIÃO

EDITORIAL Cartoon
Como dispersar o risco Não há homem
vivo que me
possa derrubar..
de se expor ao ridículo Sou bem

o
rápido.
Sou bem

U
ma pequena, mas não de todo menos significativa vitória
no processo de construção do Estado democrático em Mo-
esperto.

log
çambique foi o que aconteceu esta semana, quando contra a Sou bem
vontade do partido que o sustenta, o governo foi obrigado a bonito.
ir à Assembleia da República e prestar esclarecimentos sobre o que Devia ser um
entre nós já se convencionou chamar de dívida oculta. selo de correio.
Pena que tenha sido mais tarde do que poderia ter sido se os apelos É a única forma
da oposição tivessem sido levados a sério, mas de qualquer modo de alguma vez
importante que o governo se tenha disponibilizado, mesmo que isso eu ser lambido.
tenha custado ao Estado mais 14 milhões de Meticais que neste Muhammed Ali (Cassius

ció
período de dificuldades económicas poderiam ter sido poupados. O Clay) - 1942-2016
custo adicional é resultante do facto de a Assembleia da República
ter sido obrigada a convocar uma sessão extraordinária para analisar
uma questão que poderia ter sido tratada durante a última sessão
ordinária.
A ida do governo ao parlamento terá, em certa medida, ajudado
a estabelecer o ambiente de confiança que deve caracterizar as re-
lações entre o executivo e o público e, por outro lado, resgatado o
papel dos legisladores como verdadeiros fiscalizadores do executivo. O incentivo negativo
so
Mas logo depois do governo ter apresentado o seu caso através do
Primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário e do Ministro da
Economia e Finanças Adriano Maleiane, que os discursos dos de- Por João Carlos Barradas*
putados, pelo menos os da bancada maioritária, denunciaram algu-

C
ondicionar acordos comerciais e ajudar ao Comissão pretende agregar compromissos para rea-
mas nuances sobre a delicadeza do assunto em debate. desenvolvimento para refrear emigração dmissão de emigrantes ilegais expulsos de países da
É que ao mesmo tempo que justificavam as razões que levaram o
clandestina da África e Médio Oriente é UE e, sobretudo, condicionar a política comercial e
governo a não solicitar autorização parlamentar para a contracção
o derradeiro expediente da Comissão Eu- de ajuda ao desenvolvimento à urgência de conter
das dívidas, o que se ficou a saber por razões de segurança, iam
ropeia. fluxos de emigrantes e refugiados.
um
também dizendo que o assunto estava a ser investigado ao nível
A estratégia da cenoura e chicote foi testada numa A proposta levaria a negociar num único pacote
da Procuradoria Geral da República (PGR). E à semelhança dos
cimeira com líderes africanos em La Valletta, em quotas de vistos para emigrantes qualificados, faci-
seus pares da oposição, defendiam a necessidade de criação de uma
Novembro de 2015, e claudicou, juntando-se ao lidades às exportações para o mercado comunitário,
comissão parlamentar de inquérito.
fracasso na imposição de quotas para refugiados financiamentos a projectos criadores de emprego,
Aliás, a questão da necessidade de se criar uma comissão parlamen-
tar de inquérito foi o único ponto em que as três bancadas demons-
na UE e ao desmantelamento parcial do acordo de combate à desertificação ou gestão de recursos es-
traram certa unanimidade. Mesmo que seja por razões diferentes; Schengen. cassos de água potável.
para uns, como parte de uma estratégia genuína de se chegar ao A Comissão propõe parcerias, suportadas por fun- As punições em vantagens comerciais e cortes de
âmago da questão, mas para outros, apenas para ganhar tempo. dos públicos e privados, para negociação prioritária ajuda são definidas como “incentivos negativos”.
Esta é a conclusão a que se chega quando alguém tenta explicar o de acordos bilaterais com Jordânia, Líbano, Mali, Os resultados de 750 milhões de euros investidos
que terá sido feito com o dinheiro das dívidas, mas ao mesmo su- Níger, Senegal, Nigéria e Etiópia. em projectos financiados por 1,8 mil milhões do
de

gerir que se constitua uma comissão de inquérito para se explicar o Entre os Estados considerados na proposta apre- Fundo para África, aprovado na cimeira de Malta,
que se supõe que já tenha sido explicado. Ou quando sugere que a sentada terça-feira ao Parlamento Europeu, refere- estão ainda por avaliar, mas ficou clara a renitência
PGR está a trabalhar no assunto. -se como parceiro potencial a Tunísia, enquanto se dos Estados da UE em avançarem com dinheiro:
O mais bizarro de todos foi o deputado Damião José, da Frelimo. aguarda por autorização para intervir militarmente apenas 81,8 milhões de euros, tendo Portugal con-
Não devemos ter vergonha da dívida, disse ele. Contrair dívidas é o em águas territoriais da Líbia, mas não constam tribuído com 250 mil euros.
que fazem todos os países. A dívida não mata. Eritreia, Sudão, Sudão do Sul ou Somália por au- Por aqui nada a esperar de bom para a nova estra-
O ponto de que ele se esqueceu é que este debate todo não teria sência de entidades credíveis no poder ou pruridos tégia e, a partir do momento em que o acordo com
lugar se a própria instituição que ele representa, o parlamento, ti- à negociação com ditaduras militares.      a Turquia foi apresentado como modelo (asilo a re-
vesse tido a oportunidade de se pronunciar para que a dívida fosse Até 2020 seriam realocados cerca de 8 mil milhões fugiado sírio por cidadão sírio recambiado a troco
io

contraída. de euros, sobretudo de programas para o desenvol- de 3 mil milhões de euros e isenção de vistos para
E mais. A dívida não mata, é verdade, mas quando um país se torna vimento, para um Fundo Europeu de Investimento turcos), a margem de manobra estreitou-se.
sufocado pela dívida significa que esse mesmo país fica com uma no Exterior no montante de 31 mil milhões, até um O autoritarismo de Recip Erdogan, a recusa de
capacidade reduzida de investir em outras áreas importantes como máximo de 62 mil milhões mediante contribuições Estados como a Áustria ou a Hungria a aceita-
a saúde.. E aí sim, a dívida mata. de Estados da UE e “outros parceiros”, designada- rem refugiados, as agruras das guerras do Levante
ár

O problema da dívida não é se a temos ou não. Reside na nossa mente privados. e Afeganistão condenam ao fracasso o acordo com
capacidade de pagar aos credores dentro do período prévia e mutua-  A versão final a apresentar no Outono calibrará os Ancara.
mente acordado. Ou seja, se um país deve 17 triliões de dólares, que termos das participações públicas e privadas na base  De resto, quando Bruxelas tenta evitar que o Qué-
é de longe muito mais do que a dívida de Moçambique, a questão das garantias de risco a financiamentos previstas no nia encerre em Novembro o campo de Dadaab que
que se coloca é se o governo desse país foi autorizado a contrair tal
Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos alberga cerca de 340 mil somalis, a proposta da UE
dívida, e se a consegue pagar. A melhor forma de um deputado evi-
Di

lançado por iniciativa de Jean-Claude Juncker em parece, essencialmente, um “incentivo negativo” à


tar expor-se ao ridículo é ficar calado. De resto, com 144 deputados,
Abril de 2015. inteligência política. 
a sua bancada tem melhores condições de dispersar o risco.
Além do quadro consagrado de respeito por direi- *Jornalista
tos humanos, laborais e crescimento sustentável, a

KOk NAM Editor Executivo: Ivone Soares, Luis Guevane, João Distribuição:
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OPINIÃO

Depoimento 0

o
O
zero e um número louco. ter sido um homem cuja loucura passarem despercebidos. Então foram Em Nacala estava atracado um navio massalas, as mangas e as melancias em

log
Tremendamente louco. Tão atingia extremos de lucidez quase ao cemitério dos antepassados, reti- da marinha mercante chinesa que es- cima da mesa feita de um bloco de gelo
louco que, frequentemente, tangíveis. Ele nasceu em 1900. Mil raram duas pontas de marfim e com tava a carregar toros de madeira – de e começaram a conversar. Disseram
é vilipendiado. Diz-se, na e novecentos, como se pode ver fa- elas subornaram o chefe dos guardas umbila, jambirre, pau-ferro, sândalo que vinham de um continente chama-
verdade, de alguém que não tem ex- cilmente, leva dois zeros. Era dupla- do parque, convenceram-no a ir a – para Xangai e, excepcionalmente, do África, onde havia macacos, javalis,
mente louco, tinha uma capacidade Lichinga comprar dois pares de óculos aceitava passageiros. O casal de ele- leões, mas, acima de tudo e o que era
pressão, não tem vontade própria e
de imaginação incrível, e é essa parte de sol, a elefanta pediu óculos de cor fantes embarcou, desceu em Xangai e extraordinário, havia um animal cha-
nem opinião, enfim, de um amorfo, da memória que eu tenho dele que azul, azul do céu, o elefante pediu um mado Homem, que andava sobre duas
lá pagou passagens numa carruagem-
que é um “zero à esquerda“. quero aqui recordar. Agora que eu par de lentes verdes, um verde-esme- -cama da Transiberiana. Desceram na pernas e era excepcionalmente cruel.
É certo que um zero à esquerda não próprio estou a caminhar para os ralda. Mandaram também comprar Sibéria, apanharam um trenó puxado Matava só pelo prazer de matar, não
tem expressão, mas até pode ter um setenta anos, gosto de números que duas mochilas grandes, de viagem, e o por quatro renas e foram desembarcar só o seu semelhante, como também a nós

ció
efeito decorativo muito engraçado. levam zeros. guarda foi e trouxe. O par de elefantes no Pólo Norte, de facto. e aos outros animais; pelo puro prazer
Mas é aí que a porca torce o rabo: Ele – tinha eu os meus verdes cinco abanou meia centena de massaleiras Paisagem maravilhosa, deslumbrante, de matar ou para fazer dinheiro.
se interpusermos uma vírgula ou um ou seis anos – sentava-se à cabeceira e caíram várias massalas, toneladas, mas também assustadora. «Vocês acreditam nisso?» – pergunta-
ponto entre esse zero à esquerda e da minha cama e contava-me histó- quase. Acomodaram-nas nas mochilas, O casal de elefantes tirou os óculos e ram.
o número que está à direita, a coi- rias incríveis de ninar até eu fechar acomodaram mangas, puseram os ócu- viu-se perante uma paisagem incrível, Os pinguins disseram – «Não, nunca
sa muda de figura. E, mais ainda, se os olhos pesados de sono. A história los de sol, apanharam uma camioneta e gelo, gelo, gelo, tudo branco, lá em cima, ouvimos falar disso. Mas nós também
pusermos um zero à direita de uma mais incrível, de entre as muitas que foram a Lichinga. encavalitado
avalitado no céu, um sol minúscu- temos os nossos problemas. Epa, temos
unidade, tudo muda completamen- ele me contou, é esta que te vou re- De óculos encavalitados nas trombas, lo, do tamanho da gema de um ovo, à coisas excepcionais: gostamos de caçar
te. O 1 com um zero à direita passa produzir agora: entraram e passaram despercebidos volta tudo branco. O silêncio era tão focas, gostamos de abrir buracos no gelo
de unidade para dezena, com dois “Uma vez, um casal de elefantes da num supermercado, fizeram uma pro- profundo, que até se ouvia o som do para pescar nas águas quentes que es-

so
zeros para centena, com três zeros Reserva Natural do Niassa resolveu ir visão de água mineral, apanharam a próprio silêncio. tão debaixo destas coisas, porque duma
para milhar, com seis para milhão, e passar férias ao Pólo Norte, mas tinha camioneta do Mussagy a caminho de A elefanta disse – «Estou com medo». forma ou doutra precisamos de comer.»
por aí em diante. de ultrapassar uns pequenos obstáculos Cuamba e lá esperaram dois dias até O elefante disse – «Eu também, mas O elefante disse – «Sim, vocês matam
Atribuo a isso o facto de o meu avô até chegar lá, o principal dos quais era apanharem o comboio para Nacala. porque precisam de comer, mas esse
não podemos recuar, estamos a realizar
animal de quem estamos a falar, o
o nosso sonho e, aliás, todo o ser vivo
Homem, não mata por necessidade de
tem medo, o que importa é saber vencê-
comer apenas, mata por simples estu-

Cassius Clay: no início da lenda -lo. Vamos andando com calma.»


Foram andando sempre com a inquie-
tação de saber se aquela camada de gelo
não iria ceder ao seu peso, quando, de
pidez.»
Então, o casal de elefantes convidou os
pinguins a conhecerem a sua zona, em
um
África, e disse – «É melhor virem nos

H
á 52 anos, o homem que fi- va. Todas as suas intervenções pré- tarde, Cassius Clay renunciava ao que repente, lá ao fundo, viram dois seres meses de Maio e Junho, porque é a al-
caria para a história como -combate eram insolentes, desafiado- entendia ser o seu “nome de escravo” vivos a caminharem na sua direcção. tura do ano mais fresca, vão sentir-se
Muhammad Ali conquistou ras, desrespeitosas para o adversário. e abraçava um nome “com significado Estavam emparelhados, vestidos de mais à vontade.»
o seu primeiro título de pe- O jovem pugilista não conseguia ficar espiritual” pelo qual iria ficar na histó- branco, com smokings pretos e laços. O casal de pinguins aceitou o convite.”
sados. calado, tudo o que ele dizia era um ria do desporto: Muhammad Ali. Eram dois pinguins. Senti o peso de uma mão quente no
A 25 de Fevereiro de 1964, ninguém soundbyte. “Estou pronto para a guer- Mas a história de Ali/Clay e Liston Aproximaram-se e o par de elefantes meu ombro e abri os olhos. Era o
acreditava que Cassius Marcellus Clay ra. Se vir o Sonny na rua, dou-lhe uma ainda não tinha acabado. Estava con- parou exactamente quando os pinguins meu avô.
Jr. tivesse alguma hipótese no combate tareia, como se fosse o pai dele. Ele é tratualizado que os dois ainda teriam fizeram o mesmo, assim a uma distân- – “Ainda a dormir Guilherme?”
pelo título mundial de pesados contra muito feio para ser campeão. O cam- de se voltar a defrontar. A primeira cia de um metro e meio. – “Sim, vovô.”
o “monstro” Sonny Liston. Era um peão devia ser bonito, como eu”, foi data marcada era 16 de Novembro «Haja sol.» – disse o pinguim-fêmea. – “É melhor acordares. Vai lavar a
pugilista promissor, campeão olímpi- uma das muitas frases pré-combate de de 1964, mas Ali teve de ser operado «Haja lua.» – disse o pinguim-macho. boca, a cara e muda de roupa, por-
co nos Jogos de Roma, com um regis- Clay, que recebia os Beatles no ginásio de urgência a uma hérnia e o comba- O elefante disse – «Que as massaleiras que estou a preparar uma papinha
não sequem e nunca deixem de nos dar
de

to interessante como profissional, mas onde treinava e invadia o local de trei- te foi adiado para 25 de Maio do ano de farinha de milho com leite fres-
Clay era, sobretudo, visto como um nos de Liston para o provocar. seguinte, em Lewinston, uma peque- massalas.» co. Gostaste da história que te con-
fala-barato que seria derrubado facil- No dia do combate estavam 8297 na cidade do Maine. Liston ainda era A elefanta disse – «Que os rios nun- tei ontem?”
mente por Liston. Por isso, o Conven- pessoas no recinto. “100 por cento das dado como favorito pelos apostadores. ca sequem e nunca deixem de nos dar – “Ah, sim! Aquela dos elefantes...
tion Hall, em Miami, não estava cheio. pessoas vão lá para me ver, 99,9 por O desfecho seria o mesmo num com- água doce e fresca.» Sim, gostei. Mas não me lembro
Era um combate para o qual não valia cento vão lá para me ver levar uma ta- bate mais curto que o primeiro, mas a O casal de pinguins convidou o casal como é que acabou.”
a pena comprar bilhete. Sete assaltos reia”, dizia Clay. Começa o primeiro polémica seria grande e nunca total- de elefantes a conhecer a sua casa. Era – “Não te podes lembrar, adorme-
depois, não voltariam a subestimá-lo assalto. Clay “voava como uma borbo- mente rresolvida até hoje. um iglu, lá dentro o ambiente era tão ceste antes de eu acabar de a contar.
desta maneira. leta”” no ringue, nunca estava parado, Nunca tão pouca gente tinha assistido ameno, morno e acolhedor, que os ele- Mas não te preocupes: as histórias
Naquele dia em Miami, iria começar a aos saltos e em movimento, Liston era a um combate pelo título de pesados. fantes tiraram os óculos, dispuseram as são como os sonhos, nunca têm fim.”
lenda do homem que ficaria conheci- mais estático, reactivo, à espera do mo- Apenas 2434 pessoas estavam no pe-
io

do na história como Muhammad Ali, mento certo. Ao terceiro assalto, Clay queno recinto e ainda nem todas se
o melhor pugilista de todos os tempos. intensifica os seus ataques começa a tinham sentado quando Ali era dado
Mas ainda como Cassius Clay, o jo- deixar marcas no rosto do campeão. vencedor por KO ao primeiro assalto.
vem desbocado de 22 anos que dizia No assalto seguinte, Clay resguarda- Liston não demora muito a ir ao tape-
que voava como uma borboleta. Nos -se, mas, quando volta para o seu can- te e Ali não vai para o seu canto. Fica
anos seguintes, seriam os outros a ter to, queixa-se de que não consegue ver no meio do ringue a gritar com o seu Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
ár

medo dele, antes daquele combate era e está disposto a desistir. Angelo Dun- adversário para que este se levantasse. Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
Clay quem estava assustado. “Não vou dee, o “manager”, limpa-lhe os olhos, Liston ainda se levanta, mas o comba- 480
mentir. Estava cheio de medo. Ele mas Clay regressa ao combate quase te acaba pouco depois.
batia com muita força e estava empe- cego – há quem diga que Liston tinha Parecia demasiado fácil, Liston não
nhado em matar-me. Mas eu estava ali
e não tinha escolha senão combater”,
colocado uma susbstância nas luvas
para limitar a visão do seu adversário.
parecia suficientemente massacrado
para uma derrota tão estrondosa. Na
Outrem e armadilhas
Di

C
contou mais tarde Ali/Clay. Quando volta a ver com clareza ao verdade, a direita de Ali que provoca ompreender outrem não é assimilá-lo ao que somos, aos
A questão seria quantos assaltos é que sexto “round”, Clay reassume o con- a queda de Liston parece não atingir valores de que somos portadores, à nossa identidade. É
seria precisos para a inevitável vitó- trolo do combate e, quando Liston, o alvo. O golpe ficaria conhecido na “metermo-nos” nele, é tentarmos “ser” ele. A diferença não
ria de Liston, por quantos minutos é lesionado no ombro esquerdo, já não história do boxe como o “soco fantas-
é a máscara de uma semelhança, a sua ideologia, a sua ima-
que Ali iria conseguir esquivar-se da se consegue levantar para o sétimo, ma” e levantou muitas suspeitas sobre
poderosa esquerda de Liston, um ho- Clay é declarado vencedor por KO por se o combate tinha sido combinado, se
gem invertida de câmara escura. A alteridade não é uma barreira,
mem que tinha aprendido a lutar na abandono do adversário. E grita, pela Liston teria perdido de propósito para mas uma relação. Mas pode tornar-se numa barreira se formos as-
prisão e cuja carreira era gerida por primeira vez com propriedade: “Sou o poder apostar em Ali e pagar dívidas à similacionistas.
um “capo” da máfia. Nos 17 meses maior!” máfia (há outras teorias). O que acon- Esse primeiro parágrafo é, talvez, formalmente muito confortante e
anteriores ao combate de Miami, Lis- Acabava de nascer a lenda. No dia se- teceu naquele combate no Maine ain- muito humano. Mas contém armadilhas.
ton tinha conquistado o título a Floyd guinte ao combate, Clay anunciou pu- da hoje é discutido, e Liston, o homem Na verdade, é muito frequente encontrarmos pessoas de boa-fé a
Patterson, num combate que durou blicamente que já não era cristão. Dois que aprendeu a ser pugilista na prisão, esgrimir posições do género: é preciso respeitar o outro. Por outras
apenas 2m05s, e tinha confirmado o dias depois, fazia nova declaração pú- nunca mais voltou à ribalta. Quanto palavras, é necessário respeitar as diferenças. Porém, essas posturas
seu estatuto num “rematch” com Pat- blica apresentando-se como membro a Cassius Clay, o fala-barato de Lou- estão cheias de armadilhas. Na verdade, seria preocupante defen-
terson em 2m09s em Julho de 1963 da Nação do Islão, um grupo religioso isville, já era Ali. E assim continuaria der-se que devem ser respeitadas as opiniões e os actos, entre outros,
– levou Patterson três vezes ao tapete fundado em Detroit, nos EUA, na al- até à sua morte, esta semana. dos terroristas, dos assassinos, dos torcionários, dos genocidas, dos
antes da vitória por KO. tura considerado um grupo que pro-
estupradores e dos racistas.
Clay tinha medo, mas não o mostra- movia o ódio racial. Alguns dias mais *Público/SAVANA
20 Savana 10-06-2016
OPINIÃO

Isabel dos Santos : A raposa no galinheiro da Sonangol


A TALHE DE FOICE Por Rafael Marques*
P Machado da Graça
Por

I
sabel dos Santos é presidente do Conselho de Adminis- dos Santos, colocou-a ali para esse efeito. A Sonangol, ou
tração da Sonangol. Muito pródiga, a filha do presidente. melhor, o controlo das receitas produzidas com a venda de
Está, justamente, a caminho da presidência. Depois da petróleo, é o verdadeiro poder do presidente, que este agora
Sonangol, estagiará alguns meses como ministra, e pron- transfere para a filha.

o
to: sucede ao pai na monarquia em que Angola tem vindo a Angola passou efectivamente a ser uma monarquia, e o ver-
ser transformada pelo clã Dos Santos. dadeiro partido no poder é a Sonangol. O MPLA é apenas
Isabel dos Santos foi a raposa nomeada para cuidar do gali- um símbolo,, a história de que a família Dos Santos precisa

Bla, bla, bla...


nheiro que é a Sonangol. Vão-se as galinhas, vão-se os ovos, para legitimar a monarquia que entretanto instituiu.

log
e ficam as penas e as cascas. Isabel dos Santos adora ovos. Como prova, o presidente praticamente ofereceu o segundo
Aliás, começou a sua carreira empresarial a vender ovos. canal da TPA aos filhos José Paulino “Coréon Dú” e Welwi-
Agora já não precisa de pedir empréstimos à Sonangol, de tchia “Tchizé” dos Santos. Houve algum burburinho, é certo,
pedir para pagar as suas contas e receber acções como oferta,

N
o momento em que escrevo terminou o primei- mas passou depressa.
ro dia da presença do Governo na Assembleia por exemplo, as da GALP, que usa para ser a mulher mais Tchizé foi para o parlamento, como deputada, cargo que
rica de África. Isabel dos Santos já não precisa assaltar o acumulava com as funções de direcção na TPA. Falou-se
da República para esclarecer a questão da dívida
galinheiro, porque se tornou dona do galinheiro. disso, mas passou depressa. A primeira-dama também foi
externa. E, ao fim deste primeiro dia, nada foi José Eduardo dos Santos é um bom pai. É tirano e ladrão “eleita” deputada, mas suspendeu o mandato.
esclarecido. para o povo, mas é um bom pai. Angola é para os seus filhos. Veio então a grande nomeação. O presidente colocou o seu
A Presidente da A.R., o Governo e os deputados da O que é de Angola é para os seus filhos. O que sobrar é para filho Filomeno José dos Santos a presidir o Fundo Soberano

ció
Frelimo fizeram o que lhes competia: gastar tempo sem o MPLA e para os filhos dos tipos do MPLA. Sim, são de Angola. Calaram-se as vozes. Os dirigentes do MPLA
tipos. Apenas celebram a corrupção, o poder da repressão. ficam à espera de oportunidades também para os seus filhos:
dizer nada. A oposição desperdiçou a maior parte do O MPLA é hoje apenas uma comissão de oportunistas ao estão unidos pelos votos da corrupção e do nepotismo. Os
tempo que já gastou em discursos políticos, com base nos serviço da família Dos Santos. O povo é o estrume que usam da oposição e os jovens como José Hata, Nelson Dibango
factos já conhecidos, sem exigir os factos ainda escondi- para fertilizar os seus esquemas de enriquecimento ilícito,
ou Fernando Tomás (do Processo dos 17) levam porrada se
dos, que deveria ser o objectivo principal do encontro. de estatuto social, de esquemas mil. O MPLA é o partido
refilarem.
que sustenta as raposas. Ou seja, o MPLA é um partido que
Eduardo Namburete foi, de alguma maneira a excepção. Os filhos do povo vão para a cadeia se criticarem José Edu-
apenas serve para atirar areia aos olhos do povo, para pedir
Algum entusiasmo surgiu à volta da ideia da criação de ardo dos Santos. Os filhos do ditador têm direito a apossar-
o seu voto e para dar no povo quando este se manifesta des-

so
-se do país. Esta é a realidade.
uma Comissão Parlamentar de Inquérito, parecendo os contente.
Qual é então a solução?
senhores deputados esquecer-se de que essa comissão Anos atrás, um colega sul-africano,
ano, tendo tomado contacto
A solução é clara. José Eduardo dos Santos tem de ser pres-
com a realidade do interior de Angola, perguntou-me por-
terá um número de membros proporcional aos deputa- que é que o país, com tantos recursos naturais e tanto po-
sionado a devolver o poder ao povo angolano. A sua família
dos de cada bancada, isto é, com clara maioria do partido tem de largar o poder juntamente com JES. Mas remover
tencial humano e de investimento estrangeiro, era tão mal
apenas o líder é somente o início de um processo complexo.
Frelimo. gerido e tinha uma população tão pobre. Perguntou-me por
que razão
ão os dirigentes não faziam o mínimo esforço pela O modelo de gestão corrupta e venal de José Eduardo dos
Por parte dos deputados frelimistas as intervenções Santos congrega um extraordinário apoio no seio do MPLA
população.
foram desde o generalizante, com que Mateus Katupa Respondi com o seguinte exemplo: Um grupo de bandidos e da sociedade. É um modelo de vida fácil, de lotaria, de es-
cumpriu a inglória missão, até ao grotesco do último ora- quemas a que muitos angolanos se foram habituando e que
um
torna-se bastante bem-sucedido em assaltar sempre o mes-
dor, de quem não recordo o nome, que declarou que ter mo banco durante muitos anos. Os accionistas do banco de- os beneficiários e aspirantes a beneficiários querem manter.
cidem, para pôr cobro aos assaltos, nomear o líder do gangue Esse é o problema maior. Como mudar as consciências dos
dívidas é normal, não é vergonha nem crime, passando militantes do MPLA que se habituaram a apoiar o seu líder
como gestor do banco. Perguntei ao colega quais eram as
completamente por cima da forma como estas dívidas probabilidades de o líder do gangue gerir bem o dinheiro em troca de comida, de emprego, de estatuto social? Como
foram contraídas. A descoberta, por este deputado, de dos clientes que toda a vida roubara. Entregar a gestão per- convencer os militantes do MPLA, a força de choque de
que a grave crise económica que o país atravessa tem manente do cofre aos ladrões seria uma solução funcional José Eduardo dos Santos, que há muito se perderam no ca-
para se acabar com os roubos? Qual seria a motivação dos minho que os deveria conduzir à defesa dos interesses da
como causa exclusiva os ataques da Renamo no centro
ladrões para deixarem de roubar e empreenderem uma boa pátria, da cidadania e de uma Angola melhor para todos?
do país é de uma sagacidade que até dói. gestão? Como convencê-los de que continuam a viver no mundo
Se as coisas não se alterarem muito amanhã vai ser des- É isto que acontece actualmente: o presidente é ladrão e da propaganda da TPA, da RNA, do Jornal de Angola, en-
perdiçada uma oportunidade que poderia ser da maior nomeia a sua filha ladra para gerir o maior cofre de Ango- quanto a maioria deles também vive no meio do lixo, com
de

importância. Mas isso já o leitor saberá no momento em la, a Sonangol. E nós, o povo, somos obrigados a acreditar um sistema de saúde desumano e uma educação que aliena
que é para o bem da Sonangol, de Angola e dos angolanos. os seus filhos?
que estiver a ler estas linhas. Mas ninguém acredita. Ainda assim, já há quem se prepare A culpa principal do estabelecimento da monarquia em
E por aqui me fico esperando ter, na próxima semana, para enviar o currículo a Isabel dos Santos, procurando uma Angola é do MPLA, dos seus militantes que protegem os
temática mais suculenta e menos frustrante. oportunidade de emprego e/ou de negócios. É a Sonangol abusos do presidente.
que conferirá poder político a Isabel. O pai, José Eduardo *In Maka de Angola

Por Luís Guevane


SACO AZUL
io

Saídas pendentes
ár

O
consenso sobre a agenda e os litar continua a impor-se como que a ques- menos de refrear. Uma das partes alega a re- recuperação económica, para não falar num
termos de referência produzidos tionar o passo positivo dado na constituição posição ou manutenção da segurança das po- constrangimento geométrico no pagamen-
pela comissão composta por ele- da referida comissão que prepara o encontro pulações nas zonas afectadas e, a outra, alega to das dívidas como País. Uma economia
mentos do Governo/Frelimo e ao mais alto nível. autodefesa na perspectiva de que a “melhor de rastos dá sempre lugar a convulsões so-
da Renamo, e que aguarda homologação Esta luz no fundo do túnel, que a todos, aliás, defesa é o ataque”. Aliás, esta serve para as ciais. Estas não esperam de aprovação por
do Presidente da República e do Presi- que a quase todos alegra, pode provavelmen- duas partes. parte de quem de direito. Aumentando a
Di

dente da Renamo, não está a ser acom- te ter duas saídas. A primeira seria a seguin- Como sair desta situação se cada uma das pobreza aprofundar-se-ia, em simultâneo,
panhado pelo desejável refrear de ânimos te: apagar-se. Por outras palavras, o evoluir partes almeja que o encontro ao mais alto ní- o défice de democracia. Como vimos, a luz,
no campo militar. Era desejável, sim, que, da tensão militar, no terreno, pode chegar a vel ocorra enquanto ela já estiver numa clara de facto, se apaga.
uma vez constituída a comissão mista que um ponto em que não se descortine alguma posição de força ou de vantagem militar? Se A segunda saída seria a mais desejável: a
prepara o encontro entre as duas lideran- razoabilidade relativamente a um encontro a homologação da agenda e dos termos de luz a vencer a escuridão. Ou seja, atenden-
ças, o nervosismo político-militar, ou por entre as lideranças. Numa situação de dete- referência começarem a marcar passos, co- do à compreensão de ambos os lados, de
outra, a guerra não declarada, iniciasse rioração do ambiente militar a intolerância meçarem a dar sinais de demora proposita- que a estabilidade político-militar é um
um compasso que traduzisse essa tenta- política torna-se imediatamente reforçada e da, dilatória, reeditando o que se passou no “imperativo” urgente, não tardará que se
tiva de entendimento. esfumam-se as possibilidades de um supos- Centro de Conferências “Joaquim Chissano”, façam as esperadas homologações. Até po-
Enquanto em Maputo ouvimos da co- to diálogo a curto ou médio prazos. Neste aí estaremos a ter a resposta a esse questiona- dem ser acertados um e/ou outro detalhe,
missão mista que os trabalhos decorreram momento, desde a constituição e produção mento sobre dialogar em posição avantajada. mas sempre no espírito de urgência e den-
num “ambiente cordial, de abertura e de da agenda e dos termos de referência que A acontecer isto, serão mais mortes, maior tro da filosofia de que “correr não é che-
troca de ideias”, lá para a região centro o esperam “homologação”, o conflito militar aumento potencial da dosagem de politiqui- gar”. Esperamos que, desta vez, as lideran-
ambiente é de hostilidade, de fechamento entre as forças comandadas por estas mesmas ces, destruição dos vários tipos de infra-es- ças estejam, de facto, iluminadas. Estamos
e de troca de tiros. A tensão político-mi- lideranças não dá mostras de parar e nem ao truturas, reforço do atraso e da dificuldade de saturados da escuridão em que vivemos.
Savana 10-06-2016 21
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22 Savana 10-06-2016
DESPORTO

Situação sombria no Maxaquene Em homenagem


Por Paulo Mubalo
a Cassius Clay
A
aproximadamente quatro
anos de comemorar o seu

o
centenário, o Maxaquene, Por José Craveirinha*
um dos clubes históricos

P
do país, continua mergulhado num rimeiro o jornal Notícias saiu contente e disse
Max Schmmeling bateu o negro Joe Louis e já não tem

log
mar de dificuldades, uma situação
que tem repercutido no desempe- adversário.
nho das várias equipas que corpo- Isto foi uma cacetada inesperada no meu coração e
rizam a colectividade. Estamos a estendeu-me
falar de uma colectividade que, na no centro das miseráveis lonas do ringue humilhante
área futebolística, já conquistou eu pobre Joe groggy de luvas no chão
cinco campeonatos nacionais, con- palavra d’honra eu Joe groggy
tra nove do Costa do Sol e 10 do mais groggy de solidão
Ferroviário de Maputo, que estão mais groggy de amargura
na liderança; nove Taças de Mo- Conseguirá o Maxaquene dar volta à crise? mais groggy de fel

ció
çambique, contra 11 do Costa do Um dia o jornal Notícias teve
te que dizer tristemente: – Joe
Sol e mais de 10 títulos em basque- res há a percepção de que Ernesto ceptuando os 10 anos retromen- Louis na desforra pôs Max Schmmeling K.O no 1 round.
tebol. Júnior foi um presidente bastante cionados, o Maxaquene vive de E então pulei das velhas lonas da tristeza
simpático na tomada de algumas aparências, pois se o mandato de ágil gato a saltitar dançarino
danç de samba
Para já, a crítica situação financeira decisões, o que nalguns casos trou- Rafindine Mahomed foi turbulen- a sambar no Max Schmmeling
S nas ruas
que parece ser cíclica, exceptuando xe efeitos contraproducentes. Aliás, to, os de Solomone Cossa e Ernes- embandeiradas da cidade de Berlim
alguns anos de relativa estabilidade, mesmo a sua eleição ao cargo foi to Júnior foram mais conturbados o queixo de Max Schmmeling
entre 1982 a 1992, num contexto vista como uma imposição das em- ainda, o que sugere falta de união o cinismo do ministro
ministr
em que os directores-gerais da em- presas patrocinadoras, no caso ver- da informação
informaç Goebels

so
na família maxaca. Aliás, Solomo-
presa Linhas Aéreas de Moçam- tente, a LAM e ADM. da propaganda
ne Cossa chegou a abdicar-se do
bique (LAM) nomeadamente, o Quanto a Imtiaz Amuji, é um dado para eu negro
negr Joe Louis bater mais forte
mandato como forma de deixar o
comandante José Baceler e o Eng. adquirido que, apesar do seu ca- meu felino jogo maravilhoso de pés estrategicamente
seu nome e reputação impolutos.
José Viegas eram, igualmente, pre- rácter algo intempestivo, goza de desnorteando os repórteres com ordens para falar mal de mim
muito apoio junto de muitos sócios O dossier negócio de campo, que meus punhos mil marretas certeiras nas fuças dos informadores
sidentes do clube, parece ter sido a
gota de água que fez o copo trans- tendo em conta a contribuição que teve como um dos protagonistas o eu suando moer Goebels seco no pilão até ouvir
bordar. fez em prol da estabilidade finan- Grupo Afrin, foi o que mais celeu- desmoronar a soco o Reichstag nos maxilares
Na verdade, os sócios encostaram, ceira do clube, arcando com várias ma criou e, felizmente, tudo acabou do Max Schmmeling em chamas.
no último sábado, durante a As- despesas a título individual, como em família, ainda que depois de ……………………………………………………..
um
sembleia Geral, o presidente Er- foi o caso de alguns prémios de jogo uma verdadeira
erdadeira batalha campal. Uma coisa:
nesto Júnior (Madoda), este que ao longo da edição do Moçambo- Enquanto isto, muito recentemen- A desforra do nosso Joe Louis frente ao Max Schmmeling
quando assumiu o cargo prometeu la-2012 e as excursões dos adeptos te os jogadores da equipa principal veio no telégrafo e saiu no jornal Notícias
resgatar a mística do clube e, quiçá, que acompanhavam a equipa. de futebol reclamavam dois meses mas quanto ao resto em Lourenço Marques…
enterrar o machado de guerra por Mas, independentemente da falan- de salários, os quais só esta sema- Nada !
forma a ter-se um Maxaquene mais ge de apoio de que goza por par- na podem ter recebido os salários O resto não saiu no jornal Notícias
ambicioso. te dos adeptos, o facto de o clube Não saiu na Rádio Clube de Moçambique.
que vinham reivindicando. Aliás,
Dito de outra forma, os sócios ter como patrocinadores oficiais a Só o Brado Africano é que está a dizer.
como que preocupados e constran-
não querem mais Ernesto Júnior e LAM e a ADM pode fazer com Portanto guarda bem guardado este Brado
gidos com a situação do clube, al- e treina muito bem
próximo mês vão eleger uma nova que essa sua pretensão seja obs-
direcção e, ao que o SAVANA guns sócios chegaram a mobilizar, este boxe!
taculizada, pois, regra geral, salvo via facebook, aos adeptos para que
de

confirmou, Imtiaz Amuji, que já foi raras excepções, como com Rafin-
vice-presidente e director de depar- aderissem à onda de solidariedade e *Título da responsabilidade do SAVANA
dine Mahomed, os presidentes do
tamento de futebol tricolor é, para apoio aos jogadores.
clube estão ligados a essas empre-
já, o único candidato que vai con- De referir que Ernesto Júnior suce-
sas. Aliás, esta é uma das situações
correr à presidência do clube. “Vou, que torna o Maxaquene um clube deu ao cargo José Solomone Cossa,
sim, candidatar-me à presidência que mesmo depois de ter levado a
em permanente tensão: o facto de
do Maxaquene, tudo o que quero equipa a sagrar-se campeã nacional,
as empresas patrocinadoras não só
é o bem para o clube”, afirmou ao
SAVANA.
quererem impor a sua hegemonia,
como ditarem as regras do jogo, por
em 2012 quebrando um prolonga-
do jejum de nove anos, decidiu
Morgado imortalizado
um lado, e os interesses da massa atirar a tolha ao chão como forma
io

Pecados de Madoda Vs trunfo

A
de Imtiaz Amuji associativa, por outro. de evitar que sua reputação fosse Taça eng. Carlos Morga- este organismo.
No seio de alguns sócios tricolo- Posto isto, pode se dizer que ex- manchada. do, em Xadrez, uma com- Entretanto, a Academia de Xadrez
petição organizada pela da Matola foi admitida, recente-
Academia da modalidade, mente, como membro número 45
na Matola, já mexe. O evento, que da FIDE. Desta forma, segundo
ár

Tenistas moçambicanos disputam Future vai iniciar este mês, juntará a nata
de xadrezistas do país, com a parti-
cularidade de ser o primeiro desde
apurámos, a academia em alusão
vai tomar parte na assembleia-geral
daquele organismo, marcada para
que Carlos Morgado perdeu a vida,

T
rês tenistas moçambicanos, Nhamitambo, enquanto que a jo- cipar mais uma vez no Standard Setembro em lugar ainda por in-
nomeadamente Hercílio vem tenista Lindalva Franque ven- Bank Open, por ser a principal em 15 de Fevereiro de 2007. dicar.
Seda, Feliciano dos Santos ceu a final de sub-10. De acordo com os organizadores,
competição de ténis do País.
Di

e Jossefa Simão, disputam a A prova, que decorre desde o pas- o evento é uma
Ainda no âmbito da realização da
onente de alta-competição,
componente sado dia 28 de Maio até dia 19 de homenagem me-
6ª edição do Standard Bank Open, recida, tendo em
Futures, da 6ª edição do Standard Junho, tem já apurados os finalistas
Junho decorreu, entre os dias 2 e 3 de Ju-
Bank Open, que arrancou esta conta a dedicação e
em singulares rapazes sub-14 (Ma- nho, em Maputo, a formação de ár-
segunda-feira, 6 de Junho, nos entrega que Mor-
zino Tivane vs Ricardo Jorge), em bitros ministrada pelo instrutor da gado demonstrou
Courts do Jardim Tunduro, na ca- femininos sub-12 (Ana Vassilis vs Federação Internacional de Ténis, em prol da moda-
pital do País, competição em que se Kiana Gomes) e em masculinos
Ian Smith. lidade.
pontua para o ranking internacio- sub-12 (Ricardo Jorge vs Nélio
A propósito do curso, o presiden- Com efeito, no
nal (ATP Ranking) e que se insere Maposse).
te da Federação Moçambicana de âmbito desportivo,
no Circuito Internacional de Ténis Hercílio Seda, um dos tenistas que Carlos Morgado
(ITF Men`s Circuit. Ténis, Valige Tauabo, disse que a
vai disputar o primeiro Futuro, dis- foi presidente da
se que espera obter um bom resul- iniciativa tem por objectivo dotar
mesa de Assem-
Entretanto, a tenista Cláudia Su- tado. os árbitros nacionais de qualidade
bleia geral da Fe-
maia sagrou-se vencedora de sub- Por sua vez, Cláudia Sumaia, ven- técnica necessária para poderem re- deração Moçam-
18, em singulares raparigas, após cedora em singulares raparigas sub- presentar o País em eventos inter- bicana de Xadrez
derrotar, na final, a tenista Marieta 18, afirmou ter gostado de parti- nacionais de alta-competição. e apoiou bastante Carlos Morgado
Savana 10-06-2016 23
DESPORTO

Manutenção do ENZ custa mais de um milhão de meticais por mês e produz menos que a metade do valor

Monstro do Zimpeto continua elefante branco


Por Abílio Maolela

o
O
Estádio Nacional do Zim- )LVVXUDVLQÀOWUDomRH semana finda visitou aquele com- e explica que “houve problemas na avançado”.
peto (ENZ), construído degradação da vedação plexo, porém garantiu que aquela especificação do material utiliza- O Estádio Nacional do Zimpeto
no âmbito dos X Jogos caracterizam o ENZ infra-estrutura não apresenta pro- do”. foi inaugurado em 2011 pelo ex-
Africanos, realizados em blemas de maior vulto, consideran- Acrescenta ainda que, neste capítu- -Presidente da República, Arman-

log
Apesar dos valores que gasta e com
Maputo, em 2011, continua ele- cinco anos de existência, o ENZ do que a fissuração é resultante “da lo, o empreiteiro (de origem chine- do Guebuza, num jogo em que
fante branco e sem nenhuma so- apresenta fissuras nas paredes, nas qualidade dos acabamentos”, que se sa) será responsabilizado, o mesmo Moçambique venceu Tanzânia por
lução à vista. O maior estádio de lajes e no tecto falso; balneários devia ter acautelado na altura. que irá acontecer com a vedação do inaugural.
2-0 na partida inaugur
futebol nacional, com capacidade entupidos; sistema eléctrico e de “Verifica-se também que há alguns Aeroporto Internacional de Mapu- custaram 57 milhões de
As obras custar
para acolher 42 mil espectadores, combate ao incêndio obsoletos; e a pontos, onde há infiltração do cir- to que também está degradada. dólares e foram financiados pelo
consome, mensalmente, um mi- vedação altamente danificada. cuito principal das águas e requer Adamo Bacar revela que o emprei- governo da China, o mesmo que
lhão e duzentos mil meticais para Este cenário foi testemunhado cuidados”, disse. teiroo foi notificado e este mostrou- financiou a construção da Estrada
a sua manutenção e, em contrapar- pelo responsável das obras públi- Quanto à vedação, Boneti reconhe- -se aberto a colaborar e garante Circular de Maputo, a ponte Ma-
tida, produz entre 30 a 40% desse cas, Carlos Boneti Martinho, que ce que “está num estado obsoleto” que “o processo de negociação está puto-Katembe, entre outras infra-

ció
valor. -estruturas sociais.

Esta informação foi revelada pelo


Director do Fundo de Promoção
Desportiva (FPD), Adamo Bacar,
à margem de um debate sobre a
construção e manutenção de infra-
-estruturas desportivas, organiza-
da pelo RM Desporto, há dias, na

so
Universidade Pedagógica.
Bacar, que não quis especificar o
valor que aquela infra-estrutura
gera, disse que as receitas (corres-
pondentes entre 360 a 480 mil me-
ticais) são resultantes do aluguer de
espaços comerciais e do campo de
futebol.
Entretanto, apesar dos jogos serem
um
uma fonte de receita do ENZ, o
SAVANA sabe que os clubes que
recorrem àquele empreendimento
(Maxaquene e Desportivo de Ma-
puto) nunca tiraram dinheiro para
o efeito, devido à indisponibilidade
dos fundos.
Questionado sobre este assunto,
Bacar não se quis pronunciar e
acerca do tempo que os moçambi-
canos precisam esperar para ver o
de

resultado financeiro do empreendi-


mento, aquele gestor disse que a sua
instituição está a envidar esforços
para que este seja auto-sustentável.
“O plano de fundo que temos é
de abrir cada vez mais espaços co-
merciais, disponibilizarmos mais
espaços publicitários para serem
explorados. O plano secundário é
de construção de outras infra-es-
io

truturas desportivas para a prática


desportiva que poderão atrair mais
pessoas àquele complexo”, disse,
mas sem revelar o horizonte tem-
poral para esse feito.
ár

O ENZ recebe, por semana, uma


partida do Moçambola (Desporti-
vo de Maputo e Maxaquene parti-
lham o espaço), facto que contrasta
com o recomendado, que é receber
uma partida
tida em 15 dias.
Questionado se o relvado não corria
Di

risco de se degradar precocemente


e necessitar de uma substituição, tal
como aconteceu no ano passado, o
Director do FPD respondeu que
“ele não é eterno” e que “pode ser
substituído a qualquer momento,
dependendo das condições”.
Aliás, o projecto do ENZ prevê a
construção de um campo de treino
que, entretanto, ainda não acon-
teceu. Adamo Bacar afirma que o
projecto não foi esquecido e que
ainda constitui sonho do FPD,
porém não sabe quando é que será
realizado.
24 Savana 10-06-2016
CULTURA

Malangatana homenageado 95

O
programa “Malangatana 80 anos”, viragem nos temas que passava à tela, suas Por Luís Carlos Patraquim
que consiste na celebração do oc- preocupações relacionavam-se com a guerra,
togésimo aniversário natalício a paz e com particular destaque às crianças,
do Mestre Malangatana Valente com que se envolveu profundamente em tra-

o
Ngwenya, nascido a 6 de Junho, vai apre- balho conjunto pelo mundo, reflectindo si-
sentar o programa intitulado “Réquiem para multaneamente as dificuldades da vida e seus
Malangatana”, na sua localidade natal, Ma-
talana.
aspectos heróicos. Uma das suas fases mais
destacadas foi a dos anos 80 período em que Epístola

log
a sensualidade e o amor foram marcantes nos
seus temas. Ao Zetho, entre as nossas lontras
O Museu Nacional de Arte e os artistas pres-
Ao longo dos anos realizou várias exposições
taram o seu tributo ao Mestre, no dia 6 de Ju-
individuais em Moçambique, Angola, Ale- Cansam os cavalos que não há
nho. A Câmara Municipal da Amadora ho-
manha, Áustria, Brasil, Bulgária, Chile, Co- os que se perderam na montanha
menageia-o, no mesmo dia, descerrando uma
lômbia, Cuba, Dinamarca, Estados Unidos,
placa toponímica Malangatana Ngwenya, na e o cê das casas circunvulsionadas
Espanha, Finlândia, França, Índia, Inglaterra,
freguesia da Mina de Água. consonantes com o vazio
Islândia, Macau, Madagáscar, Mali, Nigéria,
No dia 9 de Junho, a Escola Básica Nº3 de letra sem freio
Noruega, Paquistão, Portugal, Rússia, Suécia,
Alcoitão, homenageou o Mestre Malanga- Suíça, Turquia, Zimbabwe, entre outros. ao desvario

ció
tana com atribuição do novo nome “Escola Foi condecorado e homenageado com o
Básica Malangatana”. Malangatana: Como Diploma e Medalha de Prata, como Mem- Cansa o seu desenho em lua
um “rio de seiva do seu povo”, seu “matalanis- bro «Honoris Causa» da Academia Tomase não obstante plana a curva exterior
mo” se espelha em museus e galerias públicas Campanella de Artes e Ciências, membro o círculo interrompido
de todo o mundo, como no Museu Nacional honorário da mesma Academia, 1970; Di-
de Artes, Smithsonian National Museum ploma de Mérito pela «Universitá della Arti» Se te pariu
of African Art, Fundação Calouleste Gul- (Itália), 1981; Academia de Artes da ex- desembesta
bekian, bem como em numerosas colecções -RDA, 1983; medalha de Nachingwea pela
privadas.

so
sua contribuição à cultura moçambicana, Apresta
Malangatana Valente Ngwenya nasceu a 6 de 1984; Condecorado com a Medalha “Cirilo os nomes aos arreios do sonho
Junho de 1936 em Matalana, no distrito de e Metódio” 1º. Grau, Bulgária, 1987; Gran- e não esqueças que estóico rima com heróico
Marracuene. Artista multi-facetado e poeta de Oficial da Ordem Nacional do Cruzeiro − Ó medonho!
moçambicano reconhecido internacional- do Sul (Brasil), 1990; Prémio da Associação
mente, produziu e trabalhou em várias áreas, Nacional dos Críticos de Arte de Portugal, Gizas países e são mamilos
desde pintura, escultura, cerâmica, murais, 1992; Artista para a Paz, UNESCO; Grande ao menos degusta
poesia, teatro, cinema e música. Oficial da Ordem do Infante D. Henrique,
lírico os mirtilos
As suas obras de intervenção social, bas- Portugal, 1995; Prémio Príncipe Claus, 1997;
tante críticas das injustiças do sistema e da atribuído o galardão «África Hoje» - Artes
um
Que não?
guerra colonial, levaram-no a dois períodos Plásticas, 2002. Condecorado com a «Ordem
Eduardo Mondlane»lane» de 1º Grau, 2006. A.S Marmela-os
de prisão. Após a independência, houve uma
De importação
Vermelhos que são
Por condição.

Relincha
se o latir te apouca
e o uivo cava o parvo olvido
a terra é oca
e o som perdido
de

Dias há em que se ninfa


a louca
e a devora
o plasma das entranhas
morrem-lhe
os cascos em fogo
e renasce exacto
o logro
io

Revista Charrua comemora três décadas


ár

N
o âmbito das celebrações das três ser orientada por Juvenal Bucuane e Tomás
décadas de criação da emblemática Vieira Mário. A edição comemorativa dos 30
Revista Literária Charrua, da qual anos da Revista será lançada brevemente em
surgiram no panorama literário mo- Maputo, reunindo num único volume todas
çambicano escritores como Juvenal Bucuane, as Edições, publicadas entre Junho de 1984 a
Di

Pedro Chissano, Ungulani Ba Ka Khosa, To- Dezembro de 1986.


más Vieira Mário, Marcelo Panguana, Nelson Com este tipo de iniciativa, a AEMO e a Al-
Saúte, Suleimane Cassamo, Hélder Muteia, cance Editores pretendem sublinhar a impor-
Aldino Muianga, Filimone Meigos, entre tância desta revista, que sem dúvidas foi um
outros, a Associação dos Escritores Moçam- dos maiores veículos literários de Moçambi-
que da década 80, como meio de comunicação
bicanos, em parceria com a Alcance Edito-
intercultural, servindo ainda como um núcleo
res, realiza este sábado, 11 de Junho, junto
aglutinador de criadores e pensadores da épo-
dos alunos da Escola Secundária Francisco
ca, actuados na produção literária e a recepção
Manyanga uma palestra, orientada pelos es- crítica de obras literárias.
critores Juvenal Bucuane e Pedro Chissano, A importância da Charrua aprofunda-se até
sobre a relevância da Revista Charrua para o aos dias de hoje, na medida em que quase todo
surgimento de uma nova geração de escritores o grande movimento em torno de revistas li-
no Moçambique pós-independência. terárias publicadas no período depois da in-
Ainda no âmbito comemorações do 30˚ ani- dependência, ganhou inspiração e sustento da
versário, está agendada uma segunda palestra, revista Charrua, casos das revistas, Forja, Eco,
para a Escola Secundária Josina Machel, a Protagonistas da revista Charrua promovem debates nas escolas da capital Xiphefo, Oásis, Literatas, entre outras. A.S
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1170 ‡ DE JUNHO DE 2016

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2 Savana 10-06-2016 Savana 10-06-2016 3
SUPLEMENTO
Savana 10-06-2016 27
OPINIÃO

Abdul Sulemane (Texto)


Ilec Vilanculo (Fotos)

o
log
Organizar para FMI
D
epois da notícia sobre a ocultação dos empréstimos protagoniza-
dos pelo governo aos doadores internacionais, chegou a hora de
organizar a casa, na sequência da visita dos homens do FMI, para
avaliar a real situação da dívida pública moçambicana.

ció
Agora toda a gente está à espera de saber qual é o real cenário da dívida
pública do país. O que vai acontecer daqui em diante? Que cenário nos
reservam os próximos tempos? Ainda não sabemos como vamos encarar a
questão da dívida pública do país.
Quem de direito para fornecer estas e outras várias questões sobre o futuro
dos moçambicanos não demonstra sinais disso. Ainda não sabemos até
que nível o estado moçambicano se encontra perante a situação da dívida
pública.

so
São muitos que, quando falam sobre este assunto, por serem mais abaliza-
dos, perspectivam um cenário sombrio na vida dos moçambicanos. Repa-
rem como o jornalista e PCA da mediaCoop, Fernando Lima, interage com
o director do CIP, Adriano Nuvunga. É bem visível o cenário sombrio que
se avizinha.
Reparem agora como está a decorrer a conversa entre os economistas João
Mosca e António Francisco. O primeiro fixa o seu olhar num ponto, en-
quanto António Francisco preferiu um outro. Nisso parece que o António
Francisco apresenta alguma peripécia desta novela chamada “Dívida Pú-
um
blica”. Analisando pelos olhares, o cenário no seio do governo para dar fim
à novela deixa muito a desejar. Vislumbra-se um panorama caótico?
Várias vozes afirmam que se devia responsabilizar criminalmente os men-
tores da dívida pública. O que iria acarretar para o país? Quem não sabe
sobree alguma coisa ligada a uma determinada área procura quem entende.
Não é por acaso que Yacubi Sibindy recebe explicações, quem sabe sob
ponto de vista jurídico, os dizeres do Bastonário da Ordem dos Advoga-
dos, Flávio Menete.
Visitas bem-vindas são sempre agradáveis. Pelo reconhecimento do traba-
lho que o jornal SAVANA tem vindo a realizar, recebemos uma visita do
de

Presidente da Associação de Juízes de Moçambique, Carlos Mondlane.


A singela comitiva foi recebida pelo PCA da mediaCoop, Fernando Lima.
Em situações adversas temos de procurar unir as forças em prol da supera-
ção. Nesta última imagem, vemos no diálogo entre Marcelino dos Santos
e a Ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Vitória Diogo.
Sinais de demonstração de afectividade, para além de camaradagem. Ao
ver esta imagem veio-me em mente uma frase que dizia algo como: “cho-
remos a juventude e a velhice. Porque a primeira foge-nos e a segunda
alcança-nos.
io
ár
Di
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF+VOIPEFt"/099***t/o 1170
se
Diz-
IMAGEM DA SEMANA Foto: Naíta Ussene
Diz-
s e. . .

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Comissões parlamentares optam pela táctica do rato
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GHVFDOoR"
Da desdramatização ao difícil

so
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(P)HYHUHLURSDVVDGRIRLSDUDOLVDGRRSDtVSDUDXPFRQ-
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reconhecimento da dívida pública LUUHJXODULGDGHV 0DV TXDLV LUUHJXODULGDGHV" 'HSRLV GRV
FRQYHQLHQWHVJDVWRVDRVFRIUHVGR(VWDGRQXPSDtVRQGH
Por Armando Nhantumbo D UHODomR SDUWLGR(VWDGR p FXOWXUD DWp KRMH RV WLSRV TXH
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epois da aguardada, mas de- HSBUVMBSPFYFDVUJWPQFMBTSFTQPTUBTËT 'PJBUFSNJOBSRVFBT$PNJTTÜFTSF
'PJBUFSNJOBSRVFBT$PNJTTÜFTSF- ³HVFROLQKDGREDUXOKR´6DHPRXQmRVDHP"
cepcionante audição parla- RVFTUÜFTDPMPDBEBTFNTFEFEFBVEJ- DPOIFDFN OPEPDVNFOUP PQFTPSFBM
mentar do ministro Adriano ÎÍPQBSMBNFOUBS DPNPUBNCÏNDPO- EBEÓWJEBQÞCMJDB PQUBOEPQPSMBOÎBS
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Maleiane, da Economia e TJEFSBN RVF B "3 EFWF DPOUJOVBS B QSVEFOUFTSFDBEPT
Finanças, sobre os contornos da dí- BDPNQBOIBSPBTTVOUP i0 (PWFSOP  EPSBWBOUF  TF BDBVUFMF RVHXHVFODUHFLPHQWRDXQLGDGHDQWLFRUUXSomRHVWiFRP
vida pública, a 18 de Maio último, /BNFTNBMJOIBDPNP(PWFSOPRVF OB BUSJCVJÎÍP EF BWBMFT F HBSBOUJBT  RVGHYLGRVFXVWRVFODURQXPDIUHQWHGHHYDQJHOL]DomRGH
na Assembleia da República (AR), a JOTJTUF RVF BT EÓWJEBT OÍP UÐN JN- DVNQSJOEP FTDSVQVMPTBNFOUF B MF MF- VHUYLGRUHVS~EOLFRVFRPGHVWDTXHSDUDRVKRPHQVGD/HL
Comissão do Plano e Orçamento e a QBDUPOBWJEBEPTNPÎBNCJDBOPT BT HJTMBÎÍP FN WJHPS F FN QBSUJDVMBS B H GHV RUGHPVREUHDFRUUXSomR(VTXHFHPVHTXHRFRP-
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BDSFT-
de Defesa, Segurança e Ordem Pú- $PNJTTÜFT EJ[FN RVF DPOTUBUBSBN  EDWHjFRUUXSomRQmRUHTXHUSDVWRUHVQHPLJUHMDVpXPD
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blica, elaboraram um Relatório tan- OVNB BWBMJBÎÍP QSFMJNJOBS  RVF OÍP TXHVWmRGHLPSOHPHQWDUDVYiULDV/HLVTXHWHPRV$¿QDO
BDUVBM DPOKVOUVSB NBDSPFDPOØNJDB
NBDSPFDPOØNJDB
to quanto patético, no qual as duas IÈ SJTDP EF QBSBMJTBÎÍP EBT BDUJWJEB- NVOEJBM  UPSOBTF GVOEBNFOUBM RVF HVVHVFRUUXSWRVQmRVmRFULDQoDVVmRDGXOWRVDOJXQVFRP
Comissões dominadas pela Frelimo EFTEP&TUBEPOPRVFEJ[SFTQFJUPBP P(PWFSOPTFUPNFNFEJEBTDPOEV
P(PWFSOPTFUPNFNFEJEBTDPOEV- FDEHOR EUDQFR H FRP DV PHOKRUHV IRUPDo}HV DFDGpPLFDV
optam pela táctica do rato que con- GVODJPOBNFOUP CÈTJDP EPT TFDUPSFT DFOUFT Ë EJOBNJ[BÎÍP EB FDPOPNJB GRPXQGR
siste em morder e soprar, ao mesmo TPDJBJT DPNPFEVDBÎÍP TBÞEF KVTUJÎB  FNJOJNJ[BSPFMFWBEPDVTUPEFWJEB
tempo. TFHVSBOÎBFPSEFNQÞCMJDB EBTQPQVMBÎÜFTw
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Savana 10-06-2016 1

0DSXWRGH-XQKRGH‡$12;;,,,‡1o 1170

o
Museu dos CFM celebra 1º aniversário

log
ció
so
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de

O
Museu dos Caminhos -Xai-Chicomo-Maholele. fias e assistir vídeos de valor de vários actores da história dos num artigo editado pelo site da
io

de Ferro de Moçambi- A locomotiva irá enriquecer o histórico que retratam a vida da Caminhos de Ferro. A recolha revista americana Time, a esta-
que (CFM) celebra no valioso espólio do Museu, que empresa CFM desde o século de testemunhos orais, que tem cão dos CFM foi eleita a tercei-
próximo sábado, 11 de é composto por variado mate- XIX até aos dias de hoje. vindo a ser efectuada, consta na ra estação ferroviária mais bela
Junho, o seu primeiro aniver- rial que ao longo dos tempos O programa da celebração do exposição permanente do Mu- do Mundo.
sário. No âmbito destas come- foi usado durante a actividade seu primeiro ano de activida- seu, em suporte vídeo.
ár

Aberto ao público desde o dia


morações,
ações, o Museu apresenta ferroviária: locotrator, carrua- des incluirá, para além de visitas Refira-se que, durante o primei-
11 de Junho de 2015, o Museu
na sua exposição permanente a gens, furgão, telégrafos, telefo- guiadas ao Museu, a apresenta- ro ano de actividades, o Museu
dos CFM já recebeu mais de
primeira locomotiva a vapor to- nes magnéticos, máquinas de ção do Projecto “Vozes Ferrovi- dos CFM inaugurou a sua pri-
árias”. O objetivo do projecto é meira exposição temporária so- 11.320 visitantes, número que
talmente recuperada pela equi- escrever e de calcular, lanternas
prestar serviços à memória his- bre “As 10 mais belas estacões deve aumentar através da diver-
pa de restauro e conservação do e lanternins, zorras, marcadores
sificação de programas, nome-
Di

Museu dos CFM. Esta locomo- de bilhetes, entre outros. Os vi- tórica dos CFM, tendo como ferroviárias do Mundo”, entre as
tiva da série 082 foi construída sitantes deste Museu poderão base a história oral - que está a quais faz parte a estação central adamente exposições tempo-
em 1916, tendo circulado na Li- também consultar documentos, ser feita através de entrevistas, de Maputo, edifício que aloja rárias e actividades dirigidas a
nha de Xai-Xai, no troço Xai- revistas, monografias, fotogra- com ênfase nas histórias de vida o Museu. Em Março de 2016, diferentes públicos.
2 Savana 10-06-2016

ISCISA coloca novos profissionais da saúde no mercado


O
Instituto Superior de cos, com os técnicos de medicina, de com grau de Doutoramento),
Ciências e Saúde (ISCI- socorristas e outros profissionais, o ISCISA vai introduzir, a partir
SA) graduou, na última porque na união e conjugação de de Agosto próximo, três cursos de
sexta-feira, na cidade de esforços reside a eficácia e a me- mestrado.

o
Maputo, 200 novos profissionais lhoria do vosso desempenho e do De referir que o ISCISA foi cria-
das áreas de Enfermagem Geral, sector da saúde.” do em 2004, tendo graduado nos
Enfermagem de Profissionais de Por sua vez, o Director do ISCI- últimos oito anos, pouco mais
Saúde, Enfermagem Pediátrica, SA, Alexandre Manguele, afirmou de 1300 técnicos superiores. A

log
Serviço Social, Nutrição e Ra- que o sucesso dos profissionais da graduação da última sexta-feira
diologia. Destes, 134 são do sexo Saúde é estarem sempre presentes e mostrando a evolução da ins-
feminino e 66 do sexo masculino. na vida da população. tituição inclui o primeiro grupo
Manguele acrescentou que com de graduados do curso de Serviço
A cerimónia de graduação contou vista a responder uma das exigên- Social, uma parceria entre o IS-
com a participação do Presidente cias do governo na melhoria da CISA e o Ministério do Género,
da República (PR), Filipe Jacinto qualidade do ensino superior e se- Criança e Acção.
Nyusi que, durante a sua inter- guindo as orientações do Ministé- O ISCISA é a principal instituição
venção, destacou a importância do rio da Ciência e Tecnologia, Ensi- de nível superior vocacionada espe-

ció
sector da saúde para o desenvolvi- no Superior e Técnico Profissional cialmente para a formação de pro-
mento do país. De seguida, Nyusi (existência de metade de docentes fissionais da Saúde em diferentes
disse aos recém-graduados que com grau de Mestre, e um terço áreas e especialidades. Elisa Comé
deviam pautar pelo carácter altru-
ísta dos profissionais de saúde, o profissionais. Nisto, de tudo os
que lhes obriga a estarem junto da profissionais da saúde devem fa-
população, a todos os níveis, con- zer no sentido de assegurar que os
trariando, desta feita, o elitismo. doentes se sintam bem atendidos
“Quem procura os serviços de

so
e tratados nas unidades sanitárias
saúde são todos, independente- para que não precisem de reclamar,
mente das diferenças que possam reportando o mau atendimento de
transportar. Os utentes não têm que terão, em algum momento,
religião, filiação política e sexo. sido vítimas.
Vocês vão tratar e educar os do- “Vocês vão ao Moçambique real e
entes sobre as medidas profiláticas retribuam ao nosso povo o amor e
que afastem as doenças do nosso respeito que nutrem pelos agentes
povo”, disse o PR. de saúde. O respeito que nutrem
Ainda na sua intervenção, Filipe
um
pelos bons profissionais e por fim
Nyusi repudiou o comportamento sentir-se-ão em casa, em cada
desviante de alguns profissionais ponto do território nacional, onde
da saúde, considerando que as re- se encontrarem”, referiu o PR.
clamações reportadas pela popula- O presidente apelou aos gradua-
ção, em quase todos os cantos do dos para que pautem pelo trabalho
país, relativamente ao mau aten- colectivo por forma a garantir a
dimento dos agentes sanitários, melhoria do sector.. “Privilegiem o
deviam ser acolhidas pelos novos trabalho de equipa, com os médi-
de

Projecto de requalificação do
Chamanculo “C” em marcha

O
histórico Bairro de Cha- ro de Chamanculo C”, sob con-
manculo “C”, localizado sultoria da AMDEC (Associação
no município de Maputo, Moçambicana para o Desenvolvi-
io

deverá beneficiar de uma mento Concertado). Os projectos


reformulação, no quadro de projec- escolhidos obedecem as seguintes
to de requalificação, levado a cabo temáticas:
pelo Conselho Municipal, sob con- Educar para ser educado, Saúde em
sultoria da AMDEC (Associação acção, Estufaria Moderna, Bair-
ár

Moçambicana para o Desenvolvi- ro sem águas nas ruas, Educação


mento Concertado). alimentar e o Projecto “Hambi”.
Nomeadamente, os preponentes
Com efeito,, decorreu semana pas- dos projectos contemplados foram:
sada, no Bairro do Chamanculo Telma Elias José Fontes, Sebastião
“C”, a assinatura dos contratos en- Amílcar Inguane, Lúcia Carvalho
Di

tre o Conselho Municipal de Ma- Mateus, Albertina Bernardo Gui-


puto, no acto representado pelo Ve- laze, Aniceto Manjate, Associação
reador Municipal de planeamento Para o Desenvolvimento Juvenil
Urbano e Ambiente, Luís Nhaca, e Khandlelo e Associação Comuni-
os proponentes de iniciativas locais tária para o Desenvolvimento de
de desenvolvimento no âmbito do Chamanculo.
Projecto “Apoio à Requalificação Os projectos terão a duração de
do Bairro de Chamanculo C”. quatro meses. O foco do projecto
Foram contemplados sete projectos “Apoio à requalificação do Bairro
submetidos por cinco preponen- do Chamanculo C” é promover o
tes individuais e duas associações. bem-estar e desenvolvimento do
O financiamento está a cargo do bairro, através da sensibilização
CMCM (Conselho Municipal para causas emergentes como é o
da Cidade de Maputo) através da caso da educação e meio ambiente,
Unidade de Gestão do Projecto assim como o financiamento de pe-
“Apoio à Requalificação do Bair- quenos negócios.
Savana 10-06-2016 3
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4 Savana 10-06-2016
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CONVITE PARA MANIFESTAÇÃO DE REQUEST FOR EXPRESSION


INTERESSE PARA OF INTEREST

o
SERVIÇOS MARÍTIMOS DE TPM PARA TPM MARINE SERVICES IN
ENI EAST AFRICA S.p.A. THE REPUBLIC OF MOZAMBIQUE

log
NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE (CORRECÇÃO) (CORRECTION)
A Eni East Africa S.p.A. vem por este meio informar Eni East Africa S.p.A. hereby informs all the
a todas empresas interessadas em responder ao con- FRPSDQLHV LQWHUHVWHG LQ UHVSRQGLQJ WR WKH 5H-
5H
vite para Manifestação de Interesse com o título acima DER
TXHVW IRU ([SUHVVLRQ RI ,QWHUHVW ZLWK WKH DER-
LQGLFDGRSXEOLFDGRQRSDVVDGRGLDGH-XQKRQRV YHWLWOHSXEOLVKHGRQWKHRI-XQHLQWKH
VHJXLQWHVMRUQDLV23DtV6DYDQDH'LiULRGH0RoDP- IROORZLQJQHZVSDSHUV23DtV6DYDQDDQG'L
IROORZLQJQHZVSDSHUV23DtV6DYDQDDQG'L-

ció
bique, que a data limite para a submissão da referida ário de Moçambique, that the deadline date for
PDQLIHVWDomR p  GH -XQKR H QmR  GH -XOKR FRPR VXEPLWWLQJWKHDERYHPHQWLRQHGH[SUHVVLRQRI
vem referido no anúncio publicado na versão inglesa. LQWHUHVWLVWKRI-XQHDQGQRWRI-XO\DVVWD-
LQWHUHVWLVWKRI-XQHDQGQRWRI-XO\DVVWD
Informamos também que para qualquer esclareci- ted in the English version announcement.
mento adicional relativamente a esta manifestação de Moreover please be informed that the email
address HPHSURF730VHUYLFHV#HQLFRP is

so
interesse, temos disponível o seguinte endereço elec-
WUyQLFRHPHSURF730VHUYLFHV#HQLFRP DYDLODEOH LQ RUGHU WR VXEPLW FODULÀFDWLRQV RQ
Desde já agradecemos pela compreensão e pedimos as WKLVUHTXHVWIRUH[SUHVVLRQRILQWHUHVW
nossas sinceras desculpas pelos transtornos causados. We thank you for your understanding and we
really apologise for any inconvenience caused.
um

Anúncio de Vagas
SC/UNFPA/2016/003 – Coordenador Provincial Nampula
SC/UNFPA/2016/004 – Coordenador Provincial Zambézia
de

UNFPA, Fundo das Nações Unidas para População, é uma agência in- planos e/ou orçamentos; promover e organizar encontros periódicos de
ternacional de desenvolvimento que trabalha em prol de um mundo coordenação e prestação de contas e resultados do programa ao nível da
onde cada gravidez é desejada, cada parto é seguro e o potencial de província; prestar apoio na colecta e monitoria de dados e na análise de
cada jovem é realizado. O UNFPA solicita candidaturas de cidadãos HVWDWtVWLFDVFKDYHVHUHODWyULRVGDVD~GHVH[XDOHUHSURGXWLYD
PRoDPELFDQRVTXDOLÀFDGRVHH[SHULHQWHVSDUDDVHJXLQWHYDJD
Requisitos gerais: 0tQLPRGHTXDOLÀFDomRGHQtYHO0HVWUDGRHPVD~GH
3RVWRHWtWXOR SC/UNFPA/2016/003
SC/UNFPA/2016/003 – Coordenador S~EOLFDFLrQFLDVVRFLDLVDGPLQLVWUDomRRXiUHDVDÀQVPtQLPRGHDQRV
rovincial Nampula
Provincial GHH[SHULrQFLDFRPSURYDGDHPPRQLWRULDHDYDOLDomRGHSURMHWRVH[SH-
io

C/UNFPA/2016/004 – Coordenador
SC/UNFPA/2016/004 ULrQFLDFRPSURYDGDHPSHVTXLVDRSHUDFLRQDOH[SHULrQFLDHPJHVWmRGH
rovincial Zambézia
Provincial SURMHWRV PXOWLVVHWRULDLV RX SURJUDPDV QD iUHD GD 6D~GH 6H[XDO 5HSUR-
7LSRGHFRQWUDWRQtYHOService
Service Contract, nível SB-4 GXWLYDpXPDYDQWDJHPH[FHOHQWHFDSDFLGDGHGHSODQHDPHQWRDQiOLVH
/RFDOGH7UDEDOKR Nampula, Nampula
Nampula, DYDOLDomRHJHVWmROLWHUDFLDLQIRUPiWLFDFRPSOHWDHH[FHOHQWHÁXrQFLDHP
(Posto # SC/UNFPA/2016/003) 3RUWXJXrVH,QJOrVSURÀFLrQFLDHPJHVWmRGHEDVHVGHGDGRVHSDFRWHV
ár

Quelimane, Zambézia (Posto # estatísticos.


SC/UNFPA/2016/004)
'XUDomR Um ano com possibilidade de renovação
Um Como se candidatar: A Descrição do Trabalho detalhado para a vaga estão
dependendo da avaliação do desempenho disponíveis na recepção do escritório do UNFPA em Maputo no endereço
e da disponibilidade de fundos HVSHFLÀFDGRDEDL[RGDVDWpKRUDVGHVHJXQGDDTXLQWDIHLUD
3UD]RGDFDQGLGDWXUD20
3UD]RGDFDQGLGDWXUD 20 de JJunho de 2016 também pode se encontrar no website mozambique.unfpa.org ou soli-
Di

FLWDGRDWUDYpVGRFRUUHLRHOHFWUyQLFRUHFUXLWPHQW#XQISDRUJP]Os in-
Principais tarefas e responsabilidades: Em coordenação com o pessoal teressados devem submeter as suas candidaturas acompanhados pela
FKDYHGR81)3$HGRSURMHFWRHOHHODLUiDUWLFXODUFRPRVSDUFHLURV
FKDYHGR81)3$HGRSURMHFWRHOHHODLUiDUWLFXODUFRPRVSDU carta de motivação indicando a referência e o nome do posto, CV actua-
de implementação e o ponto focal das diferentes agências das Nações lizado, formulário P11 (disponível no website acima mencionado), en-
Unidas na província, para obter actualizações regulares sobre o proces- dereço completo, detalhes de contacto e, pelo menos, três referências.
so do programa; apoiar a implementação das intervenções basea- 1mRKiQHQKXPDFREUDQoDGHWD[DGHFDQGLGDWXUDSURFHVVDPHQWRRXGH
das na comunidade, com enfoque na abordagem dos espaços seguros outra natureza. O UNFPA não solicita ou procura obter informações dos
baseada na comunidade; monitorar a implementação das actividades candidatos quanto ao seu estado de HIV ou SIDA e não discrimina com
apoiadas pelo UNFPA conforme o plano de trabalho aprovado, crono- base na situação de HIV e SIDA. As candidaturas devem ser submetidas
gramas e orçamentos aprovados e as respectivas responsabilidades de QRHQGHUHoRDEDL[RDWpRGLDGH-XQKRGH
FDGDSDUFHLURLGHQWLÀFDUODFXQDVQDTXDOLGDGHGDH[HFXomRGRSURJUD-
ma e propor soluções; proporcionar liderança na avaliação do estado de UNFPA, Fundo das Nações Unidas para População
implementação do programa, ao analisar os constrangimentos e atrasos Av. Julius Nyerere, 1419, PO Box 4595,
QDLPSOHPHQWDomRHQDLGHQWLÀFDomRGHQHFHVVLGDGHVGHPXGDQoDVQRV Maputo, Mozambique
Savana 10-06-2016 95
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610 Savana 10-06-2016
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8 Savana 10-06-2016
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Projecto Gigawatt premiado Banco Mais


expande Serviços
O
projecto Gigawatt, (MGC) a partir de uma derivação para implantação de um em-
implementado em do gasoduto de Pande para a Áfri- preendimento que visa a pro-
Ressano Garcia, na ca do Sul, sendo 100 megawatts dução de ferro e alumínio.

O
A habilidade do Standard Banco Moçambicano ano de negócio, a cidade de Maputo passa

o
província de Mapu- da energia produzida fornecida à
to, com assessoria financeira empresa pública Electricidade de Bank neste tipo de operações, Apoio aos Investimentos a contar com mais uma instituição
do Standard Bank Moçam- Moçambique (EDM). que engloba a execução de (MAIS) inaugurouou recen- de crédito onde os agentes econó-
bique, foi premiado na Africa Para além deste projecto, o Stan- estudos de viabilidade, prepa- temente mais uma unidade micos e a população em geral po-
ração de materiais para apre-

log
Investor Conference, reali- dard Bank Moçambique tem esta- de negócios na cidade de Maputo. derão canalizar as suas poupanças
zada em Maio, na África do do a assessorar outros empreendi- sentação a potenciais investi- Esta iniciativa insere-se no pro- e beneficiar de variados produtos e
Sul. mentos que consistem na geração dores e mobilização de fundos grama de Lançamento do Banco serviços financeir
financeiros.
de energia eléctrica quer a partir é, também, comprovada com MAIS,, que procura responder, em A Unidade de Negócio ora inau-
A central térmica alimentada do carvão mineral, na província de o sucesso de projectos imple- contexto adverso da economia, e gurada encontra-se localizada num
mentados noutros países onde ponto estratégico e foi devidamente
a gás natural, inaugurada em Tete, bem como a partir das águas de modo distintivo, às necessidades
o banco opera. equipada de forma a obter um me-
Fevereiro último e que cus- do rio Zambeze, também em Tete, financeiras dos clientes dos seg- lhor posicionamento no mercado e
Neste contexto, importa refe-
tou USD200 milhões, tem onde se pretende instalar uma ou- mentos Corporate e Private que com condições para dar respostas
rir que, recentemente, a presti-
uma capacidade de produção tra barragem hidroeléctrica, que valorizam
izam o atendimento mais per- seguras a todas as transacções e
giada revista EMEA Finance
instalada de 120 megawatts deverá produzir 1.500 megawatts operações bancárias realizadas pe-

ció
atribuiu ao Grupo Standard sonalizado.
de energia eléctrica, quanti- de energia para consumo interno e Na sua intervenção, o Represen- los clientes.
Bank o prémio de Melhor
dade que representa 24% das para alimentar os países da região A abertura desta agência eleva para
Assessor Financeiro de Pro- tante do Governador do Banco sete as Unidades de Negócios do
necessidades energéticas de austral de África. jectos (Best Project Finance de Moçambique, Henrique Eu- Banco MAIS, estando já presente
Moçambique em período de A estes projectos de geração de Adviser) de África, em 2015, génio Matsinhe, referiu que com em Maputo, Matola, Xai-Xai, Chi-
pico, excluindo a fábrica de energia que, para além de ajuda- o que demonstra a habilida- a inauguração daquela unidade de moio e Tete.
produção de alumínio Mozal. rem na captação de receitas, têm de do banco para estabelecer
O gás usado neste empreen- um forte impacto sócio-económico parcerias com e entre os seus
dimento é fornecido pela em- através da geração de emprego, clientes de forma a ajudá-los a

so
presa Matola Gas Company acresce-se uma operação recente seguir em frente.
um

Fátima Langa lança


de

mais um livro infantil


A
escritora moçambicana Fáti- -se como uma escritora infanto-
ma Langa lançou, na semana -juvenil e tem preenchido muito essa
passada, em Maputo, a sua lacuna que temos aqui no país. Pro-
mais recente obra denomi- duzimos muito pouco para as nossas
nada “Ndinema e as Festas do Final crianças. Não escrevemos para elas.
do Ano”. Esta obra, de carácter in- Há necessidade de revermos as nos-
fantil, enquadra-se nas celebrações da
io

sas referências da literatura infantil.


quinzena da criança. Muitas das histórias não interessam
No lançamento diante de uma plateia aos nossos meninos.”
de meninos da Escola Primária 16 de A última intervenção coube à escri-
Junho, em Maputo, o Presidente da
tora Fátima Langa, que classificou a
Comissão Executiva do BCI foi o
obra como “mais um bebé”. “Sinto-
ár

primeiro a tomar a palavra, dizendo


-me muito feliz e valorizada pela pre-
que aquele era “um dia particular-
sença do Senhor Ministro”. Depois
mente feliz, dedicado às crianças de
todo o mundo e a escritora Fátima acrescentou: “Tenho muito trabalho
Langa deu-nos a oportunidade de dentro do meu computador para pu-
celebrá-lo condignamente e na pre- blicar.”
sença de muitos meninos e meninas, Refira-se que ‘Ndinema e as Festas
Di

com o lançamento da obra”. do Final do Ano’ é o terceiro livro


Já o Ministro da Educação e Desen- infantil da escritora Fátima Langa
volvimento Humano, Jorge Ferrão, que o BCI patrocina, após os livros
também presente, após contar várias “O Leão, a Mulher e a Criança” e “O
histórias, disse: “a Fátima identifica- Coelho e o Galo”.

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