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ESTABILIDADE DE TALUDES

MECÂNICA
Profª Desireé Alves DOS
Engenharia Civil – UFERSA SOLOS 2
TALUDES
 Superfície inclinada que delimita um maciço terroso,
rochoso ou misto.
 Tipos de taludes quanto à origem:
- Taludes Naturais: encostas
- Taludes Artificiais (feitos pelo homem): (cortes, aterros,
rodovias, barragens)
TALUDES

 Terreno inclinado – submetido a forças gravitacionais


 Forças de percolação
 Massa estável e instável do solo
 Resistência do solo insuficiente para conter forças
instabilizantes ruptura
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 A análise de estabilidade de taludes é um tema com


relevante importância na área de geotecnia, por um
lado, dada a crescente necessidade de ocupar novos
espaços e criar novas infraestruturas, resultantes do
aumento populacional, em locais cuja estabilidade é
desconhecida, por outro, pelos riscos (materiais e
humanos) a eles associados no caso de ruptura.
REGIÃO SERRANA – RIO DE JANEIRO (2011)
REGIÃO SERRANA – RIO DE JANEIRO (2011)
REGIÃO SERRANA – RIO DE JANEIRO (2011)
REGIÃO SERRANA – RIO DE JANEIRO (2011)
MORRO DO BUMBA – NITERÓI (2010)
ATERRO PAJOAN EM ITAQUAQUECETUBA
27/04/2011

Fonte: http://www.dattv.com.br/tv/default.aspx?id=1980
POR QUE OCORREM?

 A presença dos diversos fatores que agem no talude resulta


num aumento das solicitações atuantes e/ou numa diminuição
da resistência do solo de tal forma que poderá levar a casos de
instabilidade e consequente ocorrência de deslizamentos.
CAUSAS DE ESCORREGAMENTOS

 O aumento de solicitação é o resultado entre a diferença


da resistência mobilizável e a resistência mobilizada.

 resistência mobilizável, é a força que se opõe ao


movimento, a resistência ao corte máxima que aquele
solo específico consegue oferecer quando atuado.
 resistência mobilizada é a força que dá origem ao
movimento, a resistência que seria necessária “gastar”
para equilibrar o conjunto de cargas atuantes.
CAUSAS DE ESCORREGAMENTOS
CAUSAS DE ESCORREGAMENTOS

 Assim sendo, o fator de segurança do talude define-se

 Nesta equação ζ f é a resistência mobilizável e ζ mob a


resistência mobilizada.
 sendo este o parâmetro que permite perceber qual a situação
de estabilidade em que o talude se encontra. Porque
representa a estabilidade ou o colapso de uma determinada
massa de solo.
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 Em outras palavras, a segurança de um maciço dada pelo


seu Fator de Segurança (FS) é obtida através da relação
entre a resistência ao cisalhamento disponível (as forças
resistentes ao movimento de ruptura) e esforços atuantes
tangencialmente à superfície de ruptura (as forças a favor
do movimento de ruptura).
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 Mais à frente se verá que o cálculo do fator de segurança


também pode ser feito via equilíbrio de forças ou de
momentos. Contudo a sua definição mantém-se como sendo o
valor pelo qual se deve dividir a resistência do maciço para
obter a resistência mobilizada.
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 O problema de análise da estabilidade de taludes (AET)


envolve a obtenção do fator de segurança (FS), que
representa o quão distante da ruptura encontra-se a massa de
solo.

 Valores de fator de segurança próximos de 1 ,0 indicam que a


massa de solo se aproxima de uma condição de colapso, ou
seja, as forças cisalhantes atuantes aproximam-se das
resistentes. Se o fator de segurança for igual à unidade, tem-
se um estado de Equilíbrio Limite, onde o talude encontra-se
na eminência do colapso. Valores maiores que 1 ,0 indicam
que o talude encontra-se estável.
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 Portanto, o principal problema que envolve essas estruturas


geotécnicas refere-se à análise de sua estabilidade, relacionada
a movimentações de massas de solo.

 Quando se efetua uma análise de estabilidade de um talude,


deve-se avaliar qual é a sua resistência máxima, ou seja, qual o
aumento de solicitação que suporta antes de se transformar
num mecanismo. Tal acontece quando forem ultrapassadas as
tensões de corte máximas mobilizáveis pelo solo ao longo de
uma superfície (sendo esta definida pela maior ou menor
resistência mobilizável entre partículas).
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 A análise de estabilidade de taludes é um assunto vasto e


complexo uma vez que envolve grandes massas de terras que
têm a si associadas uma grande heterogeneidade e uma longa
história de tensões que influenciam e condicionam o seu
comportamento.

 Os taludes naturais, isto é, os que existem na Natureza sem a


intervenção da mão humana, são os que levantam mais reservas
em termos de estabilidade.

 Na natureza, os taludes naturais e as escavações têm um grau


de estabilidade superior a 1 , pretendendo-se, por isso, avaliar se
existe ou não necessidade de aplicar medidas de estabilização
para evitar que o grau baixe e se dê o colapso. A figura seguinte
mostra um exemplo de um talude onde foi necessário aplicar
medidas de estabilização para evitar o colapso.
ESTABILIZAÇÃO

Processos de estabilização dependendo


das causas:

 Eliminação da água
 Atenuação do dessecamento
 Atenuação da pressão da água
 Atenuação dos efeitos da gravidade
 Atenuação dos efeitos da erosão
 Combate a ação do gelo
 Diversos
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

Medida de estabilização de um talude (Gerscovich, 2009)


ESTABILIZAÇÃO

Métodos de estabilidade de taludes rochosos:

 Mudança na geometria do talude


 Drenagem da água subterrânea
 Reforço do maciço
 Controle do desmonte
ESTABILIZAÇÃO

Dependendo das causas

 Retaludamento (com ou sem bermas)


 Obras de drenagem e/ou impermeabilização
 Estruturas de contenção (muros de arrimo,
ancoragem, etc.)
 Reforço do terreno (solo pregado, estacas, etc.)
 Soluções mais simples muitas vezes são
convenientes
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 No caso de problemas de origem artificial, como são


exemplos os aterros, o objetivo desta análise é encontrar a
chamada solução ótima, ou seja, a inclinação adequada para
os taludes de forma a que o fator de segurança seja superior
a 1, e tendo em conta a segurança e os custos que estão
associados a este tipo de obras.

 Quando se trata de taludes naturais, este tipo de análise


torna-se mais complexa uma vez que, dados os variados tipos
de ruptura, torna-se difícil encontrar um procedimento que
avalie a segurança de uma forma geral (Matos Fernandes,
2006).
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 A análise da estabilidade de taludes (AET) pode ser feita


segundo três técnicas principais.
 A primeira é a análise elasto-plástica, usando métodos
numéricos, como o Método dos Elementos Finitos (MEF) em sua
formulação não linear. Nesse caso trabalha-se com análise
incremental iterativa, o que geralmente envolve grande esforço
computacional (WHEELER; SIVAKUMAR, 1995, entre outros).

As tensões unitárias são calculadas em todos os pontos do


meio empregando as teorias da elasticidade e da plasticidade.
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 A segunda técnica é composta pelos métodos de equilíbrio


limite. Esses métodos podem ser utilizados em sua abordagem
clássica de análise de tensões segundo a teoria da elasticidade
(BICALHO, 1991, entre outros) ou associados a técnicas
numéricas, como o MEF, para essa análise (STIANSON, 2008 e
ADRIANO, 2009, entre outros). No segundo caso, a abordagem
une a generalidade da técnica numérica (MEF) com a
simplicidade de formulação dos métodos de equilíbrio limite.
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 Destaca-se ainda que, mesmo usando a análise de tensões


em regime elástico-linear os métodos de equilíbrio limites
aperfeiçoados têm apresentado bons resultados. Finalmente,
têm-se as técnicas de análise limite, que se baseiam nos
teoremas limites para corpos rígido-plásticos, atualmente
usadas em associação com o MEF (FARFÁN, 2000 e PACHÁS,
2009).
Embora de custo computacional menor que o da análise elasto-
plástica, essa técnica ainda sofre com problemas de
estabilidade dos algoritmos de otimização. Além disso, só é
indicada se a fase elástica puder ser desconsiderada em relação
à fase plástica.
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 As sistemáticas tradicionais de AET via métodos de equilíbrio


limite envolvem um processo de tentativa e erro, onde a
obtenção do fator de segurança mínimo é feita para uma
superfície de colapso estimada com base na experiência do
projetista.
O procedimento tradicional consiste em alterar sucessivamente
os parâmetros da superfície e refazer a análise para obtenção
do menor fator de segurança e sua correspondente superfície
crítica.
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 Trata-se, portanto, de um processo iterativo limitado pela


habilidade do projetista em estabelecer as situações de teste e
pela velocidade em que cada análise é executada.
São problemas característicos dessa sistemática a incerteza de
que o fator de segurança mínimo foi obtido e o tempo entre as
sucessivas análises decorrentes do reprocessamento de
informações.
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES

 TEORIA DO EQUILÍBRIO LIMITE

É utilizada de forma a estimar o equilíbrio de uma massa


de solo, cuja ruptura ocorre ao longo de uma superfície plana,
poligonal, circular ou mista, podendo ocorrer acima ou abaixo do
pé do talude.
A massa de solo que se encontra acima da superfície de
deslizamento é considerada como sendo um corpo livre, em que
todas as partículas que se encontram ao longo da linha de
ruptura atingiram a condição de FS=1. Assim sendo, admite-se
que o fator de segurança é o mesmo em todos os pontos,
embora não seja o que realmente ocorre.
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE

No método de equilíbrio limite calcula-se as tensões de


cisalhamento ao longo de uma possível superfície de ruptura e
compara-se com as máximas tensões cisalhantes que o solo
suporta ao longo desta superfície.
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE

 A forma da linha de ruptura pode variar ao longo da extensão


do talude, levando a que o valor do fator de segurança seja
diferente de secção para secção

Diferentes superfícies de deslizamento ao longo do talude (Gerscovich, 2009)


MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE

 Uma vez que a análise se faz a duas dimensões, admite-se


para o estudo a secção mais crítica do talude, que pode ser,
por exemplo, a secção de maior altura. Assim sendo os
efeitos de confinamento lateral são desprezados.
 O cálculo do fator de segurança pode ser feito de três formas:
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE

 A resistência mobilizável é calculada através do critério de


ruptura de Mohr-Coulomb:

 onde c’ é a coesão, σ’ a tensão efetiva e φ’ o ângulo de atrito.


A avaliação da resistência mobilizada é feita pela seguinte
equação:

 a resistência mobilizada resulta do quociente entre a


resistência mobilizável pelo fator de segurança.
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE

 As equações anteriores são válidas para uma análise em


tensões efetivas. Este tipo de análise pode ser realizada em
tensões totais se na equação da resistência mobilizável
entrarmos com a resistência não drenada (c u ), desta forma a
resistência mobilizável é calculada como sendo:

 A opção entre efetuar uma análise em tensões totais ou em


tensões efetivas dependerá sempre daquela que for
considerada mais gravosa em termos de instabilidade .
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE

 Segundo Gomes (2011) existem vários tipos de análise de


estabilidade onde a Teoria de Equilíbrio Limite é aplicada.
Essas análises são resolvidas através da aplicação de um dos
seguintes métodos:
 Métodos das Cunhas – a massa de solo potencialmente
instável, dada a sua configuração e características
resistentes, é dividida em cunhas, e as condições de
equilíbrio são aplicadas a cada zona isoladamente;
 Método das Fatias – a massa de solo potencialmente instável
é dividida em fatias, normalmente verticais, e as condições
de equilíbrio são aplicadas a cada fatia isoladamente;
 Método Geral – a toda a massa de solo potencialmente
instável, são aplicadas as condições de equilíbrio, cujo
comportamento se considera o de um corpo rígido.
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE

 Importa salientar também, algumas características e


limitações associadas aos três métodos referidos (Duncan,
1996). A primeira prende-se com o fato do comportamento do
solo ser do tipo rígido plástico.
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE

 A ruptura dá-se bruscamente sem que antes haja sinais de


deformação. Assim sendo, não existe nenhuma informação no
que diz respeito às tensões no interior do talude nem quanto
às suas variações ao longo da superfície de deslizamento.
 Outra questão prende-se com o fato da possibilidade da
ocorrência de ruptura progressiva. Não é de todo correto
considerar que a ruptura se dê ao mesmo tempo em todos os
pontos da superfície de deslizamento. Na realidade, inicia-se
em alguns pontos (pontos em que ),
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE

 À medida que a deformação vai aumentando, outros pontos


vão plastificando atingindo por isso a ruptura. Assim sendo, a
ruptura será progressiva e não abrupta, fazendo com que,
uma vez mobilizada toda a resistência numa pequena zona da
superfície de deslizamento, a mobilizável noutras zonas da
mesma superfície será menor que a resistência máxima
calculada. Desta forma, não há garantias que a máxima força
possa ser mobilizada simultaneamente em todos os pontos da
superfície.
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE

 Assim sendo concluímos que o fator de segurança varia ao


longo da superfície de deslizamento, no entanto os métodos
assumem-no como sendo constante ao longo de toda a
superfície.
 Por outro lado, uma vez que a ruptura é progressiva, isto
coloca em causa um aspeto comum a todos os métodos, a
validade das equações da estática até ao momento que
ocorre a ruptura. Uma vez que a ruptura é progressiva, trata-
se de um processo dinâmico e não estático, pelo que a
aplicação de equações da estática em processos dinâmicos
não é de todo correta.
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE

 Um último aspeto que importa salientar está relacionado com


as simplificações adotadas para a resolução do problema da
hiperestaticidade. No caso das variantes do método das
fatias, verifica-se que aquelas que apenas satisfazem o
equilíbrio de forças (e não de momentos) dão origem a
fatores de segurança menos confiáveis do que aquelas que
satisfazem as três equações de equilíbrio.
REFERÊNCIAS

 Caputo, H.P. Mecânica dos Solos e suas aplicações. 6 ed. Rio


de Janeiro: LTC, 1987.
 Dyminski, A.S. Noções de estabilidade de taludes e
contenções: Notas de aula. UFPR, 2007.
 Machado, S.L.; Machado, M.F.C. Mecânica dos Solos II:
Conceitos Introdutórios. Setor de Geotecnia, UFBA, 2001 .
 Massad, F. Obras de terra: Curso básico de geotecnia. São
Paulo: Oficina de textos, 2003.
 Pinto, C.S. Curso básico de mecânica dos solos. São Paulo:
Oficina de textos, 2000.
 Silva, D.F.M. Contenção de taludes com pneus: uma
alternativa ecológica e de baixo custo. Trabalho de conclusão
de curso (Engenharia Civil), Universidade Anhembi Morumbi,
São Paulo, 2006.

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