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O teatro e a peste 9
A encenação e a metafísica 31
O teatro alquímico 49
Sobre o teatro de Bali 55
Teatro oriental e teatro ocidental 75
Acabar com as obras-primas 83
O teatro e a crueldade 95
O teatro da crueldade (Primeiro Manifesto) 101
Cartas sobre a crueldade 117
Cartas sobre a linguagem 123
O teatro da crueldade (Segundo Manifesto) 143
Um atletismo afetivo 151
Duas notas 161
O teatro de Séraphin 167
PREFÁCIO
O TEATRO E A CULTURA
*
* *
pelo teatro que está por trás dos Mitos contados pelos
grandes trágicos da antigüidade, e capazes mais uma vez
de suportar uma idéia religiosa do teatro, isto é, sem me-
diação, sem contemplação inútil, sem sonhos esparsos, de
chegar a uma tomada de consciência e também de posse
de certas forças dominantes, de certas noções que tudo
dirigem; e, como as noções, quando efetivas, trazem con-
sigo suas energias, capazes de reencontrar em nós essas
energias que afinal criam a ordem e fazem aumentar os
índices da vida, ou só nos resta nos abandonarmos sem
reação e imediatamente, e reconhecer que só servimos
mesmo para a desordem, a fome, o sangue, a guerra e as
epidemias.
Ou trazemos todas as artes de volta a uma atitude e
a uma necessidade centrais, encontrando uma analogia
entre um gesto feito na pintura ou no teatro e um gesto
feito pela lava no desastre de um vulcão, ou devemos
parar de pintar, de vociferar, de escrever e de fazer seja lá
o que for.
No teatro, proponho a volta à idéia elementar mági-
ca, retomada pela psicanálise moderna, que consiste, para
conseguir a cura de um doente, em fazê-lo tomar a atitu-
de exterior do estado ao qual o queremos conduzir.
Proponho a renúncia ao empirismo das imagens que
o inconsciente carrega ao acaso e que também lançamos
ao acaso chamando-as de imagens poéticas, portanto her-
méticas, como se essa espécie de transe que a poesia sus-
cita não repercutisse em toda a sensibilidade, em todos
os nervos, e como se a poesia fosse uma força vaga e que
não varia seus movimentos.
ACABAR COM AS OBRAS-PRIMAS 91
Por mais vasto que seja esse programa, ele não ultra-
passa o próprio teatro, que nos parece identificar-se, em
suma, com as forças da antiga magia.
Praticamente, queremos ressuscitar uma idéia do es-
petáculo total, em que o teatro saiba retomar ao cinema,
ao espetáculo de variedades, ao circo e à própria vida
aquilo que sempre lhe pertenceu. Esta separação entre o
teatro de análise e o mundo plástico parece-nos uma estu-
pidez. Não se separa o corpo do espírito, nem os sentidos
da inteligência, sobretudo num domínio em que a fadiga
incessantemente renovada dos órgãos precisa ser brusca-
mente sacudida para reanimar nosso entendimento.
Portanto, por um lado, a massa e a extensão de um
espetáculo que se dirige a todo o organismo; por outro,
uma mobilização intensiva de objetos, gestos, signos,
utilizados dentro de um espírito novo. A participação re-
duzida do entendimento leva a uma compressão enérgica
do texto; a participação ativa da emoção poética obscura
obriga a signos concretos. As palavras pouco falam ao
espírito; a extensão e os objetos falam; as imagens novas
falam, mesmo que feitas com palavras. Mas o espaço
atroador de imagens, repleto de sons, também fala, se sou-
bermos de vez em quando arrumar extensões suficientes
de espaço mobiliadas de silêncio e imobilidade.
A partir desse princípio, pensamos fazer um espetá-
culo em que esses meios de ação direta sejam utilizados
em sua totalidade; portanto, um espetáculo que não receie
ir tão longe quanto necessário na exploração de nossa
sensibilidade nervosa, com ritmos, sons, palavras, resso-
nâncias e trinados, cuja qualidade e surpreendentes mesclas
fazem parte de uma técnica que não deve ser divulgada.
O TEATRO EA CRUELDADE 99
Maio de 1933
O TEATRO DA CRUELDADE
(Primeiro Manifesto)
TÉCNICA
OS TEMAS
*
* *
O ESPETÁCULO:
A ENCENAÇÃO:
A LINGUAGEM DA CENA:
OS INSTRUMENTOS MUSICAIS:
A LUZ - AS ILUMINAÇÕES:
A ROUPA:
A CENA - A SALA:
O CENÁRIO:
A ATUALIDADE:
AS OBRAS:
ESPETÁCULO:
O ATOR:
A INTERPRETAÇÃO:
O CINEMA:
A CRUELDADE:
O PUBLICO:
O PROGRAMA:
Primeira carta
AJ.P.
Caro amigo,
Segunda carta
A IP
Caro amigo,
Terceira carta
A M.R. de R.
Caro amigo,
Primeira carta
AM.B.C.
Senhor,
Segunda carta
A IP
Caro amigo,
Terceira carta
A IP
Caro amigo,
Quarta carta
AJ.P.
Caro amigo,
*
* *
A conquista do México
* *
160 O TEA TRO E SEU DUPLO
I - Os Irmãos Marx
a Jean Paulhan
NEUTRO
FEMININO
MASCULINO
O TEATRO DE SÊRAPHIN: