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Resumo
O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados de uma pesquisa realizada com
gerentes e suas equipes que participaram de um programa de educação no
trabalho, cujo conteúdo programático teve como referencial teórico a Análise
Transacional (AT).
A (AT) é uma Teoria da Personalidade com abordagem sistemática para o
crescimento e mudança pessoal. A familiarização com essa teoria, contribuir para
um “fazer” em sala de aula que promove comunicação efetiva e autonomia entre
educador e educando, o que resulta em conhecimento com alta probabilidade de
fazer a diferença no trabalho de gestores de pessoas, nas organizações.
A aplicação dos métodos próprios da AT na educação para o trabalho, assegura o
desenvolvimento da autonomia do ser humano para descobrir seu potencial inerente
conforme defendido por Eric Berne, autor da teoria. Nos programas de educação
para gestores e suas equipes, os objetivos e conteúdos são voltados para facilitar a
transformação do paradigma do autoritarismo para outro que considera o potencial
inerente de cada pessoa, bem como sua capacidade de aprender, pois as
dificuldades no trabalho, recaem sobre a cristalização de comportamentos e hábitos
vinculados à imagem tradicional de poder e autoridade versus submissão e
acomodação. Tais conceitos precisam passar por revisão pessoal e intransferível de
cada um dos participantes em seu pensar, sentir e agir. Sendo assim, impõe-se a
necessidade de buscar formas alternativas para incrementar os resultados no
processo educativo para o trabalho e pretende-se apresentar a contribuição da
Análise Transacional como um recurso possível para sustentar nossa ação
educacional em Valores Humanos básicos e universais. Na conclusão são
fornecidos alguns depoimentos dos participantes que responderam ao questionário,
revelando a surpresa diante do resultado e a possibilidade de uso dessa ferramenta
em seu dia a dia pela utilização de acordos mútuos de convivência.
Palavras-chave:
co-responsabilidade, convivência, respeito, autonomia, auto-conhecimento.
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empregado como proprietário e investidor de seu capital humano. Metáfora esta que
enfatiza o valor do trabalhador enquanto ser humano. (DAVENPORT, 2001)
Partindo da premissa que uma pessoa ou uma organização só muda
quando muda sua compreensão de si própria, dos fatos e das situações, é
inestimável a ajuda que o conhecimento da Análise Transacional proporciona. Nos
programas de desenvolvimento destinados a gestores de pessoas proporcionar a
aprendizagem dos instrumentos da Análise Transacional estimula o uso do Adulto
propiciando que aconteça a aprendizagem pela ação e reflexão, encoraja os
participantes a pensar e expressar suas idéias e opiniões, valorizando suas
experiências de vida e a dos demais. A meta é proporcionar elementos que facilitem
o auto-conhecimento e assim manter os canais de comunicação abertos para que
haja transparência, clareza e tato, que é a condição para cada pessoa na
organização sentir-se parte do processo de melhoria contínua da qualidade de
produtos e serviços. Surgem nos participantes questões relativas a dois pontos
importantes: Primeiro, à adequação e inadequação de estilos de gestão praticados
por eles mesmos, por seus pares e seus superiores; Segundo, aceitação da
responsabilidade de mudar; necessidade de aprofundar o conhecimento sobre
relacionamento e suas implicações.
A fundamentação básica vem de Eric Berne que abordou a amplitude
extraordinária da comunicação humana. Afirma que parte da complexidade desta,
deve-se ao fato que todas as pessoas são criadas em núcleos familiares ou lares
substitutos, dos quais, nos primeiros anos de vida são completamente dependentes,
onde adquire a maior parte do comportamento que apresentam no decorrer da vida.
(BERNE, 1988). De forma simples e eficaz, Berne utilizou os papéis que as pessoas
vivem na vida para compreendermos as relações entre as pessoas: Pai, Adulto e
Criança, são os Estados de Ego, fontes do comportamento humano. Na essência, o
papel de Pai enfatiza relações onde é exercida autoridade sobre o outro. O papel de
Criança enfatiza a subserviência à autoridade. O papel de Adulto enfatiza a
igualdade e o poder cooperativo nas relações com os outros, de forma lógica e
racional. Assim, se a pessoa tem sentimentos não resolvidos quanto a autoridade,
esses aparecerão no trabalho quando a pessoa adota o papel de Pai ou de Criança
em vez do papel de Adulto, nas relações com os outros. E, como ressalta
SCHECHTER (1995)
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estar sendo um bom chefe...” (fala de um gerente de loja de uma grande rede
de varejo).
- “Que alívio, não preciso mais esconder o meu jeito de chefiar! Sempre
acreditei que confiar nos meus colaboradores, dar estímulo era a chave do
meu sucesso, mas nas reuniões com meus colegas nunca pude falar sobre
isto. Mesmo quando um diretor visitava minha loja, me cuidava para parecer
‘durona’. Meus funcionários até brincavam que eu fazia ‘teatrinho’. Isto porque
na verdade todos somos cúmplices das metas que a loja tem que alcançar.
Sempre recebi elogios pela apresentação da loja e quase sempre ela é
considerada a melhor da rede na região...” (fala de uma gerente que ‘lutava’
para não destoar da cultura autoritária e impositiva da organização, porém
seguia sua própria filosofia baseada na participação).
Os principais resultados da pesquisa com participantes que fizeram o
programa, no mínimo há dois anos atrás, evidencia que mais de 80% considera úteis
no dia a dia de um gestor de pessoas o conhecimento sobre Estados de Ego e
Transações; mais de 50% considera Toques ou Carícias, Posição Existência,
Estruturação do Tempo, Jogos Psicológicos e Autonomia.
Uma das perguntas do questionário inquiria quanto a oportunidades de
praticar os conceitos. Em primeiro lugar vem a família com 93%, em segundo a
equipe com 80% e em terceiro lugar os pares e superiores com 33%. Ressalta-se
que para cada questão, as pessoas podiam marcar mais de uma alternativa.
Na questão do questionário: “que mudanças percebeu em si próprio
após conhecer os instrumentos da Análise Transacional?”. Dos respondentes, 80%
afirmaram que hoje tem mais domínio sobre suas próprias ações e reações e maior
compreensão sobre o comportamento dos outros; 50% sentiram o clima
organizacional mais leve.
Para a questão que indagava sobre o que mais apreciaram na Análise
Transacional, as respostas foram:
A simplicidade e aplicabilidade da AT, uma forma prática e sistemática
de compreender o comportamento humano as relações de trabalho e
na família;
A importância dos instrumentos como ferramenta para o gestor de
pessoas;
Auto-conhecimento – usar e controlar melhor meus recursos internos.
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Referências Bibliográficas
ALVES, Rubem. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir.
Campinas: Papirus, 2001.
BERNE, Eric. Análise Transacional em Psicoterapia. São Paulo: Summus, s/d.
_____. O que você diz depois de dizer olá? São Paulo: Nobel, 1988.
BOHM, David. On dialogue. Ojai California: David Bohm Seminars, 1990. Trans. e
ed. por Phildea Fleming, James Brodsky.
DAVENPORT, T.O. Capital Humano. Tradução: Rosa R. Krausz. São Paulo: Nobel,
2001.
KRAUSZ, R. R. Trabalhabilidade. São Paulo: Nobel, 1999.
MORGAN, Gareth. Imagens da Organização. São Paulo: Atlas, 1996.
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SCHECHTER, Howard. Rekindling the spirit in work – how to be yourself on the job.
New York: Barrytown, 1995.
STEINER, Claude. Os papéis que vivemos na vida. A Análise Transacional de
nossas interpretações cotidianas. Rio de Janeiro : Artenova, 1976.