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CADERNO DE EXERCÍCIOS – 30 QUESTÕES

ELAINE TEIXEIRA FERNANDES

1) Qual a sua opinião pessoal sobre os MACs (Métodos Adequados de


Solução de Conflitos)?

Os meios alternativos de solução de conflitos estão sendo cada vez


mais procurados e utilizados, seja pela informalidade, rapidez ou sigilo
que oferecem e na minha opinião os MACs tem amplo espaço para
amenizar litígios, sob a ótica da ação voluntária, da autocomposição,
autotutela, e até mesmo direcionando para a arbitragem, que
desempenhará a solução adequada ao caso, de forma a atender ambos
os conflitantes. Os meios de solução de conflitos, principalmente os
alternativos, como a mediação, a arbitragem e a conciliação, depõe a
favor da celeridade processual, bem como da proposta de,
amigavelmente, na maioria das vezes, tornar mais fácil um acordo entre
as partes litigantes. O que de certa forma entende-se priorizar a vertigem
dos interesses em comum dos conflitantes, e através dele, propor uma
solução que atenda ambas as partes.

2) Quem deve participar da mediação? Um parente de uma das partes


pode/deve “assistir à mediação para conhecer melhor o processo?

Quem deve participar de uma sessão de mediação são as partes


em conflito. Se estiverem envolvidos uma ou mais pessoas
coletivas, as mesmas devem fazer-se representar por quem tenha
poderes para o efeito de modo a que possa intervir num acordo que
obrigue a sua representada. Somente as partes, mediador,
advogado se for o caso e o observador. Não serão permitido outras
pessoas estranhas, mesmo que parentes.
3) Quem pode/deve observar a mediação judicial? Como o observador
deve se portar durante a mediação? Quem não deve ser autorizado
a observar uma mediação judicial? Por que?

Uma pessoa adulta que não possui interesse nas partes e que seja
apresentadas as partes no início da sessão. Durante as sessões
de mediação os observadores devem evitar toda e qualquer
comunicação com as partes, advogados e mediadores. Os
observadores devem anotar as dúvidas e informações que poderão
ser tratadas como os mediadores ao final da sessão de mediação.
É solicitado que os observadores evitem todo e qualquer
movimento que possa causar interrupções dos trabalhos. Menor de
idade é proibido por lei de participar

4) Por que a confiabilidade mostra-se fundamental ao adequado


andamento da mediação? Indique também quando se deve
comentar pela primeira vez sobre a confidencialidade.

A mediação e a conciliação são amparado pelo o princípio da


confidencialidade. A exigência da confidencialidade é essencial
para a garantia de que as sessões de mediação e conciliação
possam ter maior chance de sucesso. Isso porque garantindo que
as informações utilizadas nessas sessões não possam ser
utilizadas no referido processo judicial e em outros, isso permite
que as partes se sintam mais à vontade para estabelecer um
diálogo aberto. A principal função da confidencialidade é a de
proteger os seus participantes no caso de ausência de acordo,
impedindo que possam ser utilizados em seu desfavor do processo
judicial. A regra acerca da confidencialidade é dada no início da
primeira reunião de mediação, e nos demais momentos em que
julgue necessário, e tem como objetivo informar às partes que as
informações produzidas não podem ser divulgadas, tentando
promover o diálogo aberto.
5) No que consiste o empoderamento na mediação? Por que este
conceito mostra-se importante nesse processo de resolução de
disputas?

Empoderamento é uma tradução do inglês “empowermente” e


significa a busca pela saturação do senso de valor e poder da parte
para que esteja apta a melhor dirimir futuros conflitos. Empoderar
é fazer com que uma parte adquira consciência das suas próprias
capacidades e qualidades. Isso é útil dentro do próprio processo e
ais final. O empoderamento tornar-se importante porque consiste
em fazer com que uma das partes descubra a partir das técnicas
de mediação aplicada no processo, que ela tem a capacidade ou
poder de administrar seus próprios conflitos.

6) Descreva resumidamente as fases da mediação?

O processo de mediação é formado por 9 (nove) fases:

1. Identificação do problema: incialmente as partes devem


reconhecer que há um conflito e que se desejam resolvê-lo.
2. Escolha do método: as pessoas necessitam decidir sobre o
método mais adequado para o resolver o problema.
3. Seleção do mediador: a seleção é baseada na reputação e na
experiência do mediador.
4. Reunião de dados: O (a) mediador (a) coleta informações sobre
a natureza da disputa, a percepção dos envolvidos no conflito e
qualquer outro dado importante.
5. Definição do problema: a partir da informação compartilhada o
mediador ajuda as partes a definirem o problema, de forma
mútua, não beneficiando uma pessoa em detrimento da outra.
6. Desenvolvimento de opções: após definido mutuamente o
problema, o mediador auxilia as pessoas a elaborarem opções
para resolvê-lo. As opções individuais devem ser descartados
favorecendo-se as opções mútuas que podem ser criadas
através de técnicas de brainstorming. Se o processo de gerar
ideias não resultar em uma variedade de opções, o mediador
pode auxiliar as partes, sugerindo opções, o mediador pode
auxiliar as partes, sugerindo opções provenientes de casos
similares.
7. Redefinição das posições: o mediador ignora as posições
iniciais cristalizadas, auxiliando as pessoas a identificarem seus
reais interesses que embasarão as negociações.
8. Barganhamento: nessa fase há uma negociação sobre a
escolha de soluções para que o acordo seja aceitável por todos
os envolvidos.
9. Redigir o acordo: o mediador redige um termo de entendimento
com linguagem clara e compreensível no qual detalha o acordo
realizado, distribuindo uma cópia para cada participante.

7) Qual a importância da declaração de abertura? Aproximadamente


quanto tempo deve demorar essa fase? Quais as consequências de
se fazer uma declaração de abertura sem a lista de verificação?

A Mediação é uma forma de solução de conflitos na qual uma


terceira pessoa, neutra e imparcial, facilita o diálogo entre as
partes, para que elas construam, com autonomia e solidariedade,
a melhor solução para o problema. Em regra, é utilizada em
conflitos multidimensionais, ou complexos. A Mediação é um
procedimento estruturado, não tem um prazo definido, e pode
terminar ou não em acordo, pois as partes têm autonomia para
buscar soluções que compatibilizem seus interesses e
necessidades. Antes de iniciarmos uma sessão de mediação é
importante que se realize uma declaração de abertura, pois é
através dela que as partes compreendem e percebam no que
consiste a sessão e qual será o papel do mediador, evitando assim
possíveis imprecisões e dúvidas sobre a atuação e conduta do
mediador na sessão a ser realizada. A declaração de abertura deve
ser breve, clara e demonstrar segurança. Se a declaração for longa
pode demonstrar insegurança do mediador e refletir negativamente
as partes.

8) Como se administram as interrupções entre as partes na fase da


reunião de informações? O mediador deve permitir que a parte que
estiver interrompendo a outra conclua sua ideia? Por que?

O mediador deve de imediato mesmo que seja por gesto pedir para
que a outra parte não interrompa a parte que está falando, por que
atrapalha o raciocínio da outra fazendo com se perca em suas
explanações. Não, pois ela está descumprindo o acordo feito no
início da declaração de abertura, e essa interrupção prejudicará a
outra parte pois a mesma se perderá em suas palavras e no foco.

9) Ao final de cada apresentação das partes o mediador deve perguntar


se ele (a) ainda gostaria de acrescentar algo. Por que? Qual a
impressão a parte pode ter do mediador se assim proceder? E se
não proceder dessa forma?

Para que o mediador não corra o risco de reprimir algo e para com
isso evitar intepretações erradas. Com essa conduta os mediados
entendem que o mediador entendeu o que foi explanado para ele
e que foi compreendido. Caso isso não ocorra gerará desconfia e
incredibilidade entre as partes na mediação.
10) Por que o resumo deve ser feito com uma perspectiva construtiva
do conflito? Por que se indica haver o erro de condução quando o
mediador usa as mesmas palavras das partes para fazer o resumo?

O resumo deve ser feito no momento da sessão com a participação


das partes, pois o objetivo dos processos construtivistas é
estimularem as partes a desenvolverem soluções criativas que
permitam a compatibilização dos interesses aparentemente
contrapostos, permitindo com isso a resolução das questões. Se o
processo for conduzido construtivamente, o conflito pode
proporcionar crescimento pessoal, profissional e organizacional.
Porque isso gerará a perda de percepção de imparcialidade que o
mediador começou a adquirir com a declaração de abertura.

11) Por que o mediador deve confirmar se o seu resumo está correto?

Para que seja redigido o termo de acordo celebrado sem erro.

12) Qual o propósito de se indicarem as questões ao final de um


resumo?

De esclarecer e facilitar a elaboração do texto do acordo. O resumo


é de extrema importância pois dará um norte ao processo de mediação,
estabelecendo um versão imparcial, neutra e prospectiva dos fatos
identificando quais as questões a serem debatidas na mediação e quais os
reais interesses e necessidades que as partes possuem. O resumo faz com
que as partes percebam o modo e o interesse com que o mediador tem
focalizado a controvérsia, como também possibilita ao mediador testar sua
compreensão sobre o que foi indicado. O mediador, no entanto, deverá ter
a cautela ao relatar às partes o resumo, uma vez que qualquer incoerência
ou exposição que não seja neutra poderá gerar a perda de percepção de
imparcialidade que o mediador começou a adquirir com a declaração de
abertura. Desse modo, recomenda-se que mediadores anotem os
principais aspectos que cada uma das partes expressou – identificando
questões, interesses, necessidades e sentimentos – e, ao relatar
sumariamente tais aspectos, busquem apresentar organizadamente e de
modo neutro e imparcial tais informações às partes

13) Quando se deve realizar sessões individuais?

As sessões individuais são um recurso que o mediador deve


empregar, sobretudo, quando as partes não estiverem se comunicando de
modo eficiente. As sessões individuais são utilizadas em diversas hipóteses,
tais como um elevado grau de animosidade entre as partes, uma dificuldade
de uma ou outra parte de se comunicar ou expressar adequadamente seus
interesses e as questões presentes no conflito, a percepção de que existem
particularidades importantes do conflito que somente serão obtidas por meio
de uma comunicação reservada, a necessidade de uma conversa com as
partes acerca das suas expectativas quanto ao resultado de uma sentença
judicial. Enfim, há diversas causas nas quais as sessões individuais se fazem
recomendáveis

14) Por que antes de iniciar a sessão privada com qualquer das partes
o mediador deve indicar que tudo o que ela desejar que seja mantido
confidencial receberá esse tratamento? Por que deve-se consultar a
parte, ao final da sessão, quais são os pontos que não poderão ser
compartilhados com os outros interessados?
Para atender o princípio da confidencialidade. Segundo esse
princípio tudo o que for dito nas sessões individuais será mantido
em segredo não será revelado posteriormente a ninguém, salvo
aquilo que a parte permitir que seja discutido. Para ficar ciente do
que deve ou não ser falado, pois a confidencialidade existirá
sempre que a parte a desejar.

15) O que é uma questão? Como o mediador pode escolher por qual
questão iniciará a fase de resolução de questões?

Uma questão é um tópico para discussão passível de ser resolvida


na mediação. Em outras palavras, a questão é um ponto controvertido.
Assim, questões não se relacionam com a personalidade, valores e
crenças religiosas das partes, tem portanto, cunho objetivo. As questões
devem ser passíveis de serem resolvidas na mediação. O papel do
mediador está em enquadrar uma questão, no intuito de confirmar com as
partes a sua compreensão daquilo que deseja discutir. O mediador deve
seguir determinados critérios que definirão qual ordem de questões e
interesses que deverá ser trabalhada em conjunto com as partes. Em
regra, a definição da ordem das questões a serem abordadas na
mediação fazem parte da orientação individual de cada mediador e sua
estratégia de resolução de disputas. Frequentemente opta-se por se
iniciar por uma questão que seja de fácil solução para estimular as partes
a perceberem o conflito como “solucionável”. Outra opção comum
consiste na escolha de questões que auxiliarão a resolver outras questões
(e.g. iniciar-se pela questão de comunicação para que as partes estejam
mais aptas a dirimir outros temas controvertidos)
16) Por que se mostra tão importante a identificação de questões? E
dos interesses?

Com o resumo o mediador apresenta a forma com que identificou


as questões, os interesses e os sentimentos comuns a todos os
envolvidos. O esclarecimento de interesses, questões e
sentimentos consiste em uma etapa essencial e preliminar que
auxiliará as parte a avançar no processo de mediação em direção
a um eventual entendimento recíproco, uma vez que, ao menos
tacitarmente, as partes começam a perceber as perspectivas e
necessidade da outra parte.
Trata-se de uma fase em que as partes terão a oportunidade,
portanto, para falar abertamente naturalmente, fazendo uso de
linguagem apropriada e expressar seus sentimentos crenças, como
também fazer perguntas. Para o mediador, é uma fase rica na
captação de informações sensíveis para as partes e fundamentais
para a mediação. Com base em tais constatações, as partes são
capazes, portanto, de tentar solucionar questões particulares
quando da elaboração do acordo.

17) O que é validação de sentimentos? Qual o seu propósito na


mediação? Qual o prejuízo de se desvalidarem sentimentos? Ainda,
qual o prejuízo de ignorarem os sentimentos das partes?

A validação de sentimentos consiste inicialmente aceitar que


alguém tenha determinado sentimento. Em seguida, busca-se
compreender a causa do sentimento, em regra, os interesses reais.
Validar significa reconhecer a individualidade das partes e indicar
que estas são apreciadas na mediação. Por outro lado, a
invalidação consiste na rejeição ou desprezo dos sentimentos da
parte ou daqueles com quem se interage. Vale destacar que a
invalidação em regra decorre da falta de técnica autocompositiva
do conciliador ou até do mediador. Essa orientação provoca na
parte invalidada a necessidade de justificar quanto à legitimidade
de seus sentimentos, o que naturalmente apenas tende a
prejudicar o rapport e a própria legitimidade da mediação.

18) O que é escuta ativa? Quando ela é mais utilizada na mediação?

O escuta ativa significa escutar e entender o que está sendo dito


se deixar influenciar por pensamentos judicantes ou que
contenham juízos de valor. O ouvinte também deve demonstrar
através de linguagem corporal que está prestando atenção ao que
está sendo dito. O mediador deve apenas deixar claro que a
mensagem que foi passada foi compreendida. O escuta ativa serve
para o mediador compreender as duas pessoas envolvidas no
conflito. Pode e deve ser praticada ao longo de todo o processo de
mediação, embora seja na fase número dois que ela se pode usar
de forma mais ativa. Além disso, ao escutá-las, ajudamos as partes
a aprender a escutar-se mutuamente.

19) O que é o contágio emocional? Como é possível melhorar o


ambiente emocional na mediação?

O contágio emocional ocorre quando o mediador consegue


contagiar o usuário com emoções que promovam entendimento
recíproco ou é contagiado por emoções do próprio usuário.
Deve o mediador a todo momento ajustar a forma como as partes
se envolvem no processo através de suas próprias atitudes.
O mediador deve se preocupar não apenas com a forma como ele
fala mas também com os outros elementos da comunicação que
podem infundir nas partes sentimentos que alterarão seu
comportamento. O modo como o mediador se apresenta, o
ambiente propiciado por sua atuação, sua linguagem corporal, os
gestos, se bem utilizados, podem evitar situações desagradáveis
ou repetições desnecessárias. Devem ser evitados gestos bruscos,
hostis ou excessivamente enérgicos. O mediador deve ter uma
linguagem neutra, e ao utilizá-la, entretanto, não se pode perder a
informação que se pretende transmitir. É importante que o
mediador não deixe de abordar nenhum aspecto importante da
controvérsia, deve apenas apresentar a mesma informação de
modo mais ameno e eficiente. Deve sempre manter a calma,
interrompendo e fazendo pausas nas participações das partes,
quando necessário. Uma boa solução é fazer uma breve pausa e
resumir o que estava sendo dito, reforçando o que já foi conseguido
na mediação com o objetivo de tranquilizar as partes e de oferecer
uma perspectiva positiva do processo.

20) Dê exemplos de atitudes concretas que aumentam a percepção da


parte de que o mediador sem sendo atencioso e educado.

1. O mediador deve sempre buscar ser atencioso com as partes.


2. Oferecendo-lhes cafezinho ou água ou elogiando a participação
produtiva das partes no processo de mediação.
3. É importante que, ao demonstrar atenção as partes, o mediador
não deixe ser abalada a visão de imparcialidade que eles têm
sobre ele.
4. As partes devem se sentir à vontade, pois é comum as partes
se sentirem intimadas perante o Poder Judiciário e este não
deve ser o caso da mediação.
5. O uso de um tom de conversa informal estima o diálogo entre
as partes e o mediador, facilitando a identificação de questões,
interesses e sentimentos
6. Na mediação, ter empatia significa colocar-se no lugar do outro,
sem, contudo, tomar partido.
7. O mediador deve ser sensível aos sentimentos e às reações
pessoais das partes a cada momento do processo de mediação.
8. Ao desenvolver a empatia, o mediador compreende melhor as
questões, os interesses e os sentimentos das partes,
aumentando as chances da obtenção de um acordo satisfatório
a ambas as partes, aumentando a chances da obtenção do
acordo satisfatório a ambas as partes ao final do processo.

21) O que é recontextualização? Dê um exemplo.

A recontextualização consiste em uma técnica segundo a qual o


mediador estimula as partes a perceberem determinado contexto
fático por outra perspectiva. Dessa maneira, estimula-se a parte a
considerar ou entender uma questão, um interesse, um
comportamento ou uma situação de forma mais positiva – para que
assim as partes possam extrair soluções também positivas. Assim,
em vez de perceber que o Brasil perdeu a copa do mundo de vôlei
na final para a Itália, as partes podem perceber também que o
Brasil foi vice-campeão após excelente campanha na copa do
mundo de vôlei. Em uma mediação comunitária, pode-se citar o
seguinte exemplo:

Mãe para filha: “Minha filha, você ainda é uma criança. Tem só 14
anos de idade. Em hipótese alguma vou permitir que você
permaneça na festa até as três horas da manhã. Eu já havia
estabelecido que o horário limite é até a uma hora da manhã– pode
não parecer, mas nossa cidade fica muito perigosa depois de meia-
noite. Eu já estou te dando uma colher de chá de uma hora!”

Mediador para ambas: “D. Clarisse, a senhora está indicando então


que se preocupa com o bem-estar da sua filha e que, como mãe
zelosa, tem o interesse que sua filha se divirta e gostaria de garantir
que ela esteja em segurança ao sair à noite.

22) O que é audição de proposta implícitas? Dê um exemplo.

A audição de propostas implícitas é o resultado de uma


comunicação ineficiente. Isso ocorre quando as partes de uma
disputa muitas vezes em razão de se encontrarem em um estado
de ânimos alterados têm dificuldades de se comunicar em uma
linguagem neutra e eficiente, levando a uma comunicação
ineficiente, onde as partes propõem soluções sem perceber que,
de fato, estão fazendo isso.

Exemplo: Joana e Antônio se separaram após um relacionamento


de sete anos. Eles conseguiram realizar a partilha de todo o seu
patrimônio, com exceção de uma coleção de discos de ópera e
memorabilia.

Joana diz: Eu deveria ficar com a coleção, pois, afinal fui ei


quem pagou por ela quase toda.

Antônio, por sua vez diz: A coleção é minha. Fui eu que


comprei muitos discos e garimpei em lojas de discos usados toda
vez que eu estava em uma das minhas viagens de negócios. Eu
tenho uma pretensão igualmente legítima de ficar com a coleção.

Proposta Implícita: cada um deve ficar com os discos e a


memorabilia que pagou.

23) Por que o afago se mostra uma importante técnica para a condução
da mediação? Dê um exemplo.

O afago consiste em uma resposta positiva do mediador a um


comportamento produtivo, eficiente ou positivo da parte ou do
próprio advogado. Por intermédio do afago busca-se estimular a
parte ou o advogado a continuar com o comportamento ou postura
positiva para a mediação. O afago quanto ao advogado também
mostra-se muito útil na mediação, pois configura as expectativas
não apenas do advogado mas também do próprio cliente quanto à
conduta que se espera de um advogado em uma mediação. Vale
destacar que muitas vezes um mediador mais experiente fará um
afago simplesmente por meio de uma expressão facial ou com
linguagem corporal. Outro aspecto que merece 230 registro
consiste na forma com que se exercita o afago: o mediador deve
identificar um comportamento eficiente e apresentar a resposta
positiva (afago) especificamente quanto a tal comportamento.

24) O que é a inversão de papéis? Quais as precauções recomendadas


para a aplicação dessa técnica?

A inversão de papéis consiste em técnica voltada a estimular a


empatia entre as partes por intermédio de orientação para que cada
uma perceba o contexto também sob a ótica da outra parte. É
recomendado que esta técnica seja usada prioritariamente em
sessões privadas e que ao se aplicar a técnica o mediador indique:
i) que se trata de uma técnica de mediação e ii) que esta técnica
também será utilizada com a outra parte. Assim, o mediador terá
mais facilidade para manter sua imparcialidade e, sobretudo, as
partes também o verão como um autocompositor imparcial.

25) O que é geração de opções? Dê exemplos de discursos que geram


opções?

A geração de opções consiste em estimular as partes a pensarem


em novas opções para a composição da disputa. Essa é uma das
ferramentas mais eficientes para superação de eventuais
impasses. Para a geração de novas ideias e opções de solução é
necessário o estímulo à elaboração de sugestões. A ideia é que as
partes ofereçam o maior número de sugestões possíveis, não se
discutindo, em um primeiro momento, o mérito das sugestões.
Ainda que uma grande ideia já tenha sido lançada, é importante
pedir mais sugestões, fazendo com que todas sejam ouvidas. A
prática da mediação tem demonstrado que a primeira solução
apresentada nem sempre é a melhor. O mediador deve também
estimular o maior detalhamento possível das informações acerca
do problema. Perguntas sobre as particularidades da situação
podem fazer o problema parecer menos complicado e levar as
pessoas a pensar as soluções de maneira específica e prática. É
de suma importância que o mediador estimule a criatividade das
partes. A imaginação dos participantes deve ser incentivada, e eles
devem ser estimulados a tentar algo novo, tornando-se menos
presos a perspectivas preestabelecidas.

Exemplos de perguntas voltadas para soluções:

“Na sua opinião, o que poderia funcionar?”

“O que você pode fazer para ajudar a resolver esta questão?”


“Que outras coisas você poderia tentar?”

“Para você, o que faria com que esta ideia lhe parecesse mais
razoável?”

26) O que é normalização? Da perspectiva da teoria do conflito, por que


esta técnica se mostra importante para a mediação?

A normalização é o meio utilizado pelo mediador para demonstrar


às partes que o fato de estar em juízo é normal e não há culpado
ou perdedor. Tendo em vista que os conflitos sociais são
fenômenos naturais da sociedade, o diálogo entre as partes é
interessante por ser um meio das próprias partes buscarem
soluções positivas sobre os fatos. Assim, recomenda-se ao
mediador um discurso voltado a normalizar o conflito e estimular as
partes a entenderem o conflito como uma melhoria da relação entre
elas e também com terceiros.

Segundo a Teoria do Conflito existem dois tipos de lide, a lide


processual e a lide sociológica, esta envolve os aspectos
psicológicos, os interesses subjacentes das partes e é o que torna
os conflitos mais complexos. Na maioria dos processos judicial o
juiz tentar resolver a lide processual, mas na quase totalidade dos
casos não resolve a lide sociológica, ou seja, os pedidos são
julgados mas as suas mágoas, suas dúvidas, suas pendências
emocionais, não. Como a normalização tem como espoco
demonstrar as partes o que é realmente o conflito e, que não há
culpado ou um perdedor, e nesse fundamento da normalização que
se encaixa a teoria do conflito.

27) O que é o enfoque prospectivo? Por que esta técnica aplica-se mais
em processos autocompositivos do que em processos
heterocompositivos?
O enfoque prospectivo é uma perspectiva na qual o mediador deve
ouvir para identificar quais são os interesses das partes, quais são
as questões a serem dirimidas e como estimular as partes a
encontrar tais soluções. Para tanto, enfaticamente se recomenda
que se adote um enfoque voltado ao futuro. Esse enfoque
prospectivo permite que o mediador estabeleça não mais um
discurso de “de quem é a culpa” mas de “diante desse contexto
concreto em que nos encontramos quais são as soluções que
melhor atendam às suas necessidades e interesses reais.
Exemplificativamente, em vez de um mediador perguntar para a
parte “o que o senhor acredita ter feito equivocadamente nessa
situação?” ou “o senhor acha correto proceder a consertos sem
apresentar orçamento prévio?” recomenda-se que se faça a
mesma pergunta de forma prospectiva: “caso essa situação volte a
se repetir no futuro com outro cliente, que procedimento o senhor
alteraria para que essa situação não venha a se repetir? No
entanto, são nos processos autocompositivos que melhor se
encaixe o enfoque prospectivo, pois é na mediação que as
soluções se voltam plenamente aos interesses das partes.

28) Por que o teste de realidade é muitas vezes confundido com falta
de imparcialidade do mediador? O que pode ser feito para evitar que
o teste de realidade afete o rapport entre o mediador e as partes?

29) O que são perguntas abertas, fechadas e restritas? Dê exemplos?

Abertas: é ampla; permite amplas possibilidades.

 Para conhecer os mediadores e as suas realidades


 Para investigar o conflito e a inter-relação
 Para conhecer os interesses, motivações e necessidades
 Para descobrir as emoções.
Ex: Fale dessa situação

Vocês já conversaram sobre esse assunto antes?

Para vocês, qual seria uma boa solução para este assunto?

Fechadas: é restrita, permite a resposta em uma única palavras.

EX: Qual é a marca do seu carro?"

Você falou com o Bob?"

30) Com base na lista de verificação contida no Manual de Mediação


Judicial escreva abaixo uma declaração de abertura com suas
próprias palavras.

Exemplo de declaração de abertura

Bom dia
Meu nome é Elaine Teixeira Fernandes ... e aqui ao meu lado está o meu
colega Aloísio Francisco do Prado.
Nós somos mediadores judiciais e fomos designados para esta sessão
de mediação em função de uma parceria institucional entre o TRT e a
instituição à qual somos vinculados. O nosso objetivo nesta sessão de
mediação é colaborar para que se encontre uma solução de consenso
para o processo. Existem duas formas de resolver esta ou qualquer outra
ação. Pela forma tradicional são apresentadas as alegações de cada
parte, produzidas as provas e o juiz analisa estas alegações e as provas,
para, a partir desta análise, impor uma decisão. Assim, neste caso
prevalece a opinião do juiz, a qual é impostas. Já pela segunda forma de
solução o que importa não é a vontade do juiz, mas a vontade das partes,
ou seja, do Sr. e da Sra. Existem duas grandes vantagens nesta segunda
forma de solução. A primeira consiste no tempo, pois neste caso o pro
cesso pode ser resolvido agora. Seguindo o primeiro caminho será
marcada uma nova audiência para a produção das provas orais, num
prazo não inferior a 6 meses, para que depois o juiz julgue o processo,
podendo haver vários recursos, o que pode fazer o processo se arrastar
por anos. Caso se chegue a um consenso, os senhores(as) saem hoje e
agora desta sala com a situação resolvida definitivamente. Portanto, esta
forma de resolver pela mediação poupa tempo e evita desgastes. Outra
vantagem é que não há riscos. Ou seja, na forma tradicional nunca se
sabe o resultado do processo, nunca se sabe o que o juiz vai decidir. E
com isto temos o risco de que o que esperamos não seja alcançado. Já
na mediação o que for ajustado é o decidido, resolvido e será cumprido,
de modo que não há riscos. Devo ainda destacar que o papel da Justiça
é buscar a paz na sociedade e decisões impostas nem sempre
conseguem chegar neste objetivo. Mas para isto é muito importante que
haja boa vontade, esforço e colaboração, tanto das partes, como os
advogados. Como estão acompanhados de advogados, o papel deles é
de auxiliar nestas reflexões, de modo que é muito importante a
participação e a opinião dos seus advogados. Eu gostaria de dizer que
todos terão oportunidade de se manifestar e colaborar com esta
audiência. Mas gostaria de pedir que enquanto uma pessoa falar a outra
preste atenção e aguarde a sua vez de se manifestar, para que possamos
desenvolver esta audiência de forma produtiva e respeitosa. Caso não
seja alcançada a solução de consenso será marcada
uma nova audiência. Tudo compreendido? Alguma dúvida sobre como
vamos proceder? Ok, agradeço a atenção e vamos começar!

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