A morte no taoísmo

Para responder a esta questão é preciso considerar que existe um taoísmo popular e
uma vertente dedicada ao cultivo e aprofundamento da tradição de sabedoria taoísta.

A crença popular pode lidar com a morte de varias maneiras, inclusive com inúmeras
superstições.

Para o taoísta cultivador e que se aprofunda na sabedoria filosófica do taoísmo é

preciso observar estas orientações.

Existe o principio de I (mutação) que é a realidade da manifestação de tudo o que

há.

Este principio é a visão consciente da mutação.

O taoísta observa o principio de que todas as formas e condições são matáveis, ou

seja, existe um movimento continuo de renovação e expansão da energia universal.

Não existe a morte porque a vida é imortal.

Imortal significa o continuo fluxo infinito do Tao e das manifestações. Todas as

manifestações são a essência primordial pura. Energia vivída perene.

Imortal não significa não mais morrer e sim que a vida nunca nasceu não possui um
inicio e por isso um meio e fim.

A vida é uma totalidade infinita de luminosidade e presença sempre nova,

atemporal.

O taoísta compreende o principio da imortalidade e a partir daí seu coração e eu

descansam na segurança e aceitação da impermanência e mutabilidade das formas
e aparências.

O corpo físico passa para a fase yin quando a consciência o deixa. Nesta fase yin ele
muda e transforma se em átomos de energia e depois em partículas. Parecendo
gotas de orvalho no oceano.

Pode o corpo passar para esta mutação a longo prazo quando é enterrado ou a
curto prazo quando é cremado.Cremar o corpo é mais benéfico para a terra e para
a mente que o deixou.

Quando o taoísta compreende o principio da imortalidade e aceita a

impermanência e mutação percebe claramente a naturalidade destes fenômenos. E
para ele as formas não possuem um término e sim uma continuidade mutável
sempre nova.
Ao aprofundar nesta reflexão o taoísta sente a vida com alegria e permite a
mudança de yang para yin do corpo de seus familiares, amigos e de si mesmo com
muita paz e tranqüilidade.

No taoísmo popular sem muito aprofundamento a morte pode ser vista como uma
interrupção, algo não auspicioso. Isso se dá devido a que estas pessoas adotam
apenas rituais e interpretações errôneas dos ensinamentos de sabedoria dos textos
antigos.

Ao contemplar a imortalidade o taoísta percebe o principio Tian Li (principio do

céu).

A interpretação mais adequada deste princípio é que no universo ou manifestação

existe um equilíbrio harmônico. Tudo acontece por meio desta dinâmica. O
movimento natural que é vida e potencia ilimitada seque manifestando e
recolhendo a forma para o centro do coração (consciência).

Quando o vento bate forte em um fruto maduro este naturalmente e com

espontaneidade queda se ao chão. Isso é Tian Li.

Todos estes acontecimentos são a paz.

Ao deixar a vida física a consciência pode habitar mundos celestes (dimensões mais
elevadas e unificadas no amor) ou realidades parecidas com a que estava antes.

Ao atingir a realização de Xiaren ou Zhenren o ser humano fica consciente da

imortalidade (ou seja, sem inicio ou fim) e unifica se com o T’ai Chi, passando
depois a unidade com Wuchi e prossegue até o Tao.

Monge Tian Xin Shan (monge Xin Shan)